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Na trilha de Marcel Klemm

ASSOCIADO E GERENTE MUSICAL DA TV GLOBO, O CARIOCA RESPONSÁVEL PELA SELEÇÃO DE MÚSICAS PARA NOVELAS E SÉRIES FALA SOBRE SEU PROCESSO DE TRABALHO E ADVERTE: SHOWS, STREAMING, CDS, TUDO VALE PARA PROMOVER A SUA MÚSICA E IR PARAR NA TELEVISÃO

Do Rio

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O gerente musical da TV Globo, que coordena os trabalhos de seleção de canções para as obras de ficção da casa, tem múltiplos talentos. E um dos mais importantes é saber enxergar o outro. Associado da UBC, o carioca Marcel Klemm, de 37 anos, sete de experiência na Som Livre antes de saltar para o cargo em que elaborou 12 trilhas – “Malhação”, “Velho Chico”, “Justiça” e “Rock Story” entre elas –, prega a necessidade de se despojar de gostos pessoais ou ideias preconcebidas. “Escolho música para os outros, a que melhor se encaixe na história”, esclarece. Com o boom no mercado de produtos audiovisuais nos últimos anos, o segmento de trilhas vive crescimento igualmente exponencial. Mas Klemm não crê que emplacar uma canção numa série, numa novela ou num filme deva ser o objetivo primordial de um compositor ou intérprete: “Deve ser consequência, não objetivo. A adequação artística à história é o mais importante sempre.” Nesta entrevista com a Revista UBC, ele conta um pouco sobre sua carreira e seu processo de produção e sentencia: “Não existe música ruim. Existe a que te emociona ou não.”

Pode nos contar um pouco de sua experiência pregressa? Antes de ser gerente musical, como foi sua passagem pela Som Livre?

Marcel Klemm: Fiquei sete anos na Som Livre, onde passei por diferentes áreas como A&R (artistas e repertório, a divisão responsável pela prospecção de novos talentos), editora e selo, o que me ajudou muito a entender o mercado fonográfico como um todo. Antes disso, trabalhei com produção de CDs e DVDs e também com produção de alguns artistas, prestando serviço para alguns selos independentes e escritórios artísticos.

Em pouco menos de dois anos, sua experiência na produção de trilhas sonoras de diferentes produtos audiovisuais da TV Globo revela um gosto muitíssimo eclético. Certamente, essa é uma das características exigidas para o bom desempenho dessa função. Que outras poderia mencionar?

Na verdade eu não escolho músicas para mim, escolho para os outros. No processo de seleção de repertório, o meu gosto pessoal é o que menos importa. Somos contadores de histórias e queremos sempre encontrar a música que melhor ajude nesse processo. Logo, acredito que essa seja a característica mais importante na função: o bom entendimento da história somado à capacidade de colocar seus gostos pessoais de lado.

Entre as produções de trilhas que assinou até agora, o que inclui novelas para todas as faixas horárias e algumas das séries mais elogiadas dos últimos tempos, qual é mais especial ou o empolgou mais?

Todas são especiais. Não há como comparar e escolher uma específica, pois são trilhas diferentes, que atendem a histórias diferentes. Cada uma tem sua importância, e tenho orgulho de todas elas.

Qual o método/caminho padrão na escolha de uma música para integrar a trilha de uma novela ou programa?

Não existe um método, uma “receita de bolo”. O corte é sempre a adequação artística. Tentamos sempre entender o universo e a personalidade dos personagens e buscamos encontrar a trilha que melhor se encaixe nessas características.

E como é o processo? Você recebe informações específicas de diretores/autores ou tem total liberdade para decidir as músicas?

Há sempre um grande brainstorming entre as áreas envolvidas para a conceituação e o entendimento dos personagens. Após isso, todas as partes trocam ideias, CDs, playlists etc... Isso até chegarmos à trilha ideal. Não existe a “minha trilha”, existe a “trilha da novela”.

No que toca a um compositor musical, o que pode fazer para tentar emplacar uma canção sua num produto audiovisual?

Acredito que emplacar uma canção num produto audiovisual deva ser consequência, não objetivo. A adequação artística à história é o mais importante sempre. Não produzimos clipes musicais, produzimos novelas. E temos nas canções uma ferramenta incrível que nos ajuda a contar melhor a história, a construir melhor um personagem.

Quais são os melhores formatos para a divulgação de projetos musicais para TV atualmente?

Acho que não existe “melhores formatos”. Todos os formatos são válidos para divulgar a sua música e fazê-la chegar ao maior número de pessoas possíveis. Já descobri músicas e artistas através das mais variadas formas: shows, serviços de streaming, CDs etc. Acredito que os formatos não são excludentes, e, quanto maior a capilaridade da divulgação, maior será a chance de esse compositor/intérprete levar a sua arte ao grande público.


O que um jovem interessado em música deve fazer para, um dia, se tornar um gerente musical com tanta responsabilidade sobre produtos valorizados de uma grande emissora de televisão?

Pode parecer clichê, mas acredito que seja amar o que faz e respeitar todas as formas de expressão musical, independentemente de gosto pessoal e/ou juízo de valor. Costumo dizer que não existe música ruim, a música te emociona ou não emociona. Entender que uma música que te emociona pode não emocionar o outro, e vice-versa, talvez seja a questão mais importante para se ter sucesso no mercado musical como um todo.

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