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Pequenas ocupações lutam para existir no mapa

As ocupações vivem realidades difíceis e muitas vezes precárias. As comunidades Vila Verde e Container são exemplos de comunidades pequenas e com poucas oportunidades de melhora na qualidade de vida de seus moradores. Localizadas em São Leopoldo, as duas ocupações são compostas por 60 e 30 famílias, respectivamente, pessoas que vivem à margem da sociedade e que não têm seus direitos como cidadãos garantidos.

Maicon Silva dos Santos, de 30 anos, faz parte da liderança na ocupação Container. Com o apoio do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), ele e mais três representantes buscam melhorias para a pequena comunidade. Uma das principais reivindicações deles, é que os moradores possam transitar com dignidade por uma rua com calçamento e a construção de uma rede de esgoto que seja capaz de atender às necessidades das 30 famílias que residem lá.

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Além disso, a comunidade já recebeu ordens de despejo desde seu início em 2019, Maicon relata que, "se não fosse eles (MNLM), a gente estaria na rua, eles impediram também dois desligamentos de postes". Segundo ele, contar com a participação do Movimento Nacional de Luta pela Moradia é fundamental para saber como agir para o bem da comunidade e exigir seus direitos junto ao poder público.

A Ocupação Vila Verde é liderada por uma dupla, João Alair Passos, de 47 anos, e Jeremias Pinto Rodrigues, de 29, filiados ao MNLM e moradores desde 2016 e 2021, respectivamente. Motivados pela falta de uma liderança local que organizasse os moradores, eles decidiram, através de um conselho que receberam, assumir a tarefa à frente da ocupação, para que o local que existe desde 2004, sem lideranças, pudesse enfim se inserir na vida em sociedade.

A comunidade foi criada no terreno de uma antiga olaria, devido à atividade que é realizada neste tipo de estabelecimento, com a retirada da matéria prima de tijolos, há uma espécie de cratera nos fundos da Vila Verde. Este local, que é o destino de todos os dejetos da ocupação, tornou-se um esgoto a céu aberto, situação que reforça a necessidade de assistência em saneamento básico, são 60 famílias que estão expostas ao mau cheiro e ao risco de infecção.

João e Jeremias reivindicam a legalização da ocupação. Uma das queixas das lideranças é que os que moram na Vila Verde não possuem endereço, “a gente quer existir, não conseguimos abrir uma conta no banco, porque não temos comprovante de residência”, relata João. Jeremias também é atingido por esse problema, “na escola das minhas filhas tive que dar o endereço da minha mãe, mas ela mora a 15 quadras de distância”, relata.

A Ocupação Container e a Vila Verde não possuem iniciativas de empreendedorismo social, apenas moradores que trabalham com a produção de alguns alimentos e artesanatos para complementar sua própria renda. Criar uma fonte de renda para a comunidade pode ser um fator relevante para adquirir algumas melhorias de qualidade de vida, mas em áreas pequenas ou nas quais os moradores conseguem apenas pensar em como vão comer no jantar, é essencial que haja intervenção do poder público promovendo acesso aos projetos sociais.

A Import Ncia Das Lideran As

Cristiano Schumacher, que faz parte da direção nacional do MNLM representando o Rio Grande do Sul, foi quem aconselhou João e Jeremias a se tornarem lideranças na Ocupação Vila Verde. Ele alertou a liderança da comunidade do risco que estavam correndo de perderem suas moradias, ele acredita que quando uma comunidade não possui representantes engajados, todos os moradores podem ser obrigados a desocupar o local. Cristiano conta como trabalha para que as ocupações se aproximem do Movimento e a força que os membros de uma comunidade têm para influenciar as outras, “a Container veio pro Movimento porque conhecia os meninos aqui da Steigleder e viram resultado e descobriram que tinha uma ordem de despejo contra eles”, relata o ativista que luta por direitos desde os anos 90.

É de extrema importância que comunidades independentes e a sociedade em geral conheçam o propósito de movimentos como o MNLM e de Redes de Solidariedade, pois é através de iniciativas de organização que milhares de famílias em todo o Brasil vislumbram a possibilidade de viver com o mínimo de dignidade e com comida na mesa. Além disso, quando há uma liderança na ocupação, os moradores daquele local passam a compreender seus direitos e a saber exigir que sejam cumpridos. n

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