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Tecnologia, política e economia

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Base e contexto

Base e contexto

Corey destaca o impacto do desenvolvimento tecnológico na universalização da informação, especialmente para a Geração Z. “Os jovens vão para o colégio com tablets e celulares em suas mochilas e mãos. Quando íamos ao colégio, não tínhamos nem internet. Íamos às bibliotecas pegar livros ou a lojas. Esta geração pode fazer toda sua pesquisa sem precisar deixar seus quartos - eles podem fazer qualquer coisa sem sair dos quartos.”

Estes estudantes chegam até professores e instituições de ensino com uma experiência de acesso 24/7 (24 horas, sete dias da semana) a qualquer coisa, diferentemente dos horários e limites aos quais profissionais e escolas estão habituados. “Acho OK que professores e instituições não estejam disponíveis 24/7 aos alunos, não espero que seja de outra forma. Mas isso é inconsistente com as experiências que eles têm em outras áreas de suas vidas. É importante que lembremos disso como um contexto.”

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O crescente posicionamento político dos jovens norte-americanos em relação às questões ambientais foi usado por Seemiller como exemplo de como as estruturas políticas e governamentais impactam na forma que esta geração vê e experiencia o mundo. “Em 2014 [quando a pesquisa sobre Geração Z teve início nos EUA] não pareciam existir preferências sobre o meio ambiente. O que vimos em 2017? O meio ambiente estava na cabeça deles. As gerações são fluídas conforme leis e estruturas mudam.”

Em seguida, a pesquisadora apontou os aspectos econômicos que complementam esta conjuntura, onde a busca por uma graduação e um emprego, consequentemente, se relacionam. “Se a economia está indo bem e tem um monte de trabalho, esses jovens têm perspectivas particulares sobre o mundo. A economia pode mudar suas perspectivas sobre construir uma casa, viajar ou construir uma família.”

Lembrando a recessão que atingiu os Estados Unidos entre 2008 e 2009, a Corey Seemiller registrou que estes sinais econômicos chegam às crianças. “O que temos visto em nossos estudos e em muitos outros é que esta é uma geração financeiramente muito conservadora, ao menos nos EUA, e podemos ver isso diretamente relacionado à economia.”

Outro fenômeno financeiro importante é a economia compartilhada, concretizada em aplicativos como Uber e Airbnb. Exemplificando, Corey contou sobre um estudante de Boston que colocou seu dormitório da faculdade no Airbnb. “A universidade não gostou. Vocês podem imaginar as questões legais envolvendo pessoas estranhas no campus. Mas não havia nenhuma política que proibisse isso. Os jovens estão deixando essa economia compartilhada influenciar suas decisões de carreira, e isso é importante porque esse é o espírito que eles têm.”

A facilidade de acesso à informação e de contato direto com pessoas de todo o mundo amplifica a percepção da Geração Z sobre questões como desastres naturais, violência e direitos humanos. “Imaginem o quanto isso está impactando a saúde mental deles e seu sentimento de segurança. Existem implicações sérias para isso.”

Doutora em Educação Superior pela Universidade do Arizona, Seemiller mostra o engajamento destes garotos e garotas nas questões relacionadas à violência. “O tiroteio em uma escola de Parkland, Flórida, acordou estes jovens. Eles criaram marchas, mobilizando muitas pessoas, falaram com políticos, realizaram debates e boicotes. Tínhamos alguma ideia de que isso iria acontecer? Não. Estes eventos em que a sociedade acorda estão dentro desses jovens, que dizem ‘é por isso que vou sair às ruas, isso é importante para mim’.”

Temas como direitos humanos, igualdade racial, de gênero e liberdade de orientação sexual também impactam na forma como a Geração Z espera mudanças da sociedade.

“Como a geração mais diversa nos Estados Unidos, não é surpresa que estes jovens tenham muitos amigos diferentes deles. Eles não querem políticas e leis que façam essas pessoas terem menos direitos. Esses são pontos importantes que influenciam seus pontos de vista.”

A relação com a mídia em geral e a disseminação de fake news nas redes sociais são pontos que complementam o cenário-base para o entendimento dos nascidos entre 1995 e 2010, avança Corey Seemiller. “Algumas vezes as notícias são realmente falsas, algumas são verdadeiras, mas rotuladas como fake news. Isto confunde jovens que não têm experiência para distinguir o que é boa informação daquilo que não é.”

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