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carta ao leitor
Nossos filhos ão é querer nos gabar, mas que os nossos filhos são os melhores entre todos, ah, isso são! O curso de Comunicação, a AgexCOM, a Primeira Impressão e o Portal3 são lindos, maravilhosos! Todos já crescidinhos, maduros, autônomos. Só nos dão alegrias. Os outros dizem: "Mas que beleza, são mesmos muito bons...". O Brasil inteiro. Como não deixar de elogiá-los? A Comunicação, com 35 anos, não passa em branco. Quanto mais tempo, melhor fica. Os cursos são estrelados, seus produtos saem para os concursos e voltam pesados, cheios de prêmios. Dia desses o curso de Publicidade e Propaganda recebeu uma carta do Guia do Estudante, da Abril, e lá estava: "Parabéns, vocês são cinco estrelas no país"; as Relações Públicas sorriem à toa com seus produtos igualmente laureados, como a revista Imagem RP e o Paredão da Comunicação. Com o Jornalismo é a mesma coisa: onde tem a chance de mostrar suas qualidades, fica entre os primeiros. FOTO DE São ou não são bons esMARCO ANTÔNIO FILHO ses guris? A AgexCOM e o Portal3, em cinco anos, já dão o que falar. A Agência ajuda a todos. Parece uma mãe. Procura corresponder à confiança. Não dá nada mastigado. Ensina a pescar. Já o Portal3 vem se saindo melhor que a encomenda: é a voz de todas as produções. Tem espaço para quem quer dar visibilidade ao seu produto. Tanto fez que é o melhor site experimental de comunicação do Brasil. E por aí vão os filhos pródigos... Ao revermos os álbuns de fotos, nossa, quanta diferença! Todos, sem exceção, começaram do zero e hoje esbanjam saúde. A Comunicação, com seus 35 anos, começou na Antiga Sede e, aos poucos, se transferiu para o câmpus; juntos cresceram. A Primeira Impressão faz 15 anos. Apesar da idade, já é uma jovem senhora. Visual impecável. Bonita por fora e por dentro. A AgexCOM reuniu forças e hoje, cinco anos depois, é o que é, um exemplo de integração. E o Portal3 segue seu trabalho diário de informar e formar. Quanto mais, melhor. Temos ou não temos o que comemorar?
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Professores editores Miro Bacin Thaís Furtado
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) Endereço: Avenida Unisinos, 950. São Leopoldo, RS. Cep: 93022-000. Telefone: (51) 3591.1122. Internet: www.unisinos.br. ADMINISTRAÇÃO REITOR: Marcelo Fernandes de Aquino VICE-REITOR: Aloysio Bohnen PRÓ-REITOR ACADÊMICO: Pedro Gilberto Gomes PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO: Célio Pedro Wolfarth DIRETORA DA UNIDADE DE GRADUAÇÃO: Paula Caleffi DIRETORA DA UNIDADE DE EDUCAÇÃO CONTINUADA: Cornélia Volkart DIRETOR DA UNIDADE DE RECURSOS HUMANOS: Vanderlei de Souza DIRETOR DA UNIDADE DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS: Marcos Baum DIRETORA DA UNIDADE DE MARKETING: Rogério Delanhesi
Ciências da Comunicação COORDENADOR
DO CURSO DE JORNALISMO:
Edelberto Behs
Especial Comemorações - Curso de Jornalismo Entre em Contato: TELEFONE: (51) 3590.8466 E-MAIL: primeiraimpressao@icaro.unisinos.br. REDAÇÃO Professores Editores TEXTO: Miro Bacin (mbacin@unisinos.br) Thaís Furtado (thaisf@unisinos.br) FOTO: Jacqueline Joner (jjoner@unisinos.br) Reportagem e Edição Alunos Aline Polesso, Ana Paula Santos, Ana Carolina Rodrigues, Claúdio Cunha dos Santos, Cristiane Quadros, Débora Ertel, Gisela Consoni, Halder Ramos, Leandro Souza, Lucas Barroso, Marília Macedo da Rosa, Quelen Silene de Lima, Rachel Fatturi Duarte, Rafael Pfeiffer, Renata Machado, Renata Tissot, Ricardo Duarte, Ricardo Sander, Roberta Emanuela Lampert, Taiana Fernandes Jósê, Tatiana Vasco Souza, Tatiane Wissmann Dias e Vanira Heck PRODUÇÃO GRÁFICA Agência Experimental de Comunicação (AgexCOM) COORDENADORA: Thaís Furtado DIAGRAMAÇÃO: estagiárias da Área de Jornalismo Larissa Oliveira e Katterina Zandonai, sob orientação do jornalista Marcelo Garcia (projeto gráfico). FOTOGRAFIA: aluno Marco Antônio Filho IMPRESSÃO: Maredi Publicidade: Os anúncios publicados nesta edição foram criados pelos alunos André Conti, Caroline Becker, Chaiane Bitelo, Fabiana Pires, Mariléia Picolli da Costa e Michele Wazlawosky, da disciplina de Redação Publicitária II, dos professores Daniela Horta e Sérgio Trein, e finalizados pela publicitária Eunice Teixeira, da AgexCOM.
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ÍNDICE 06 | Cultura 10 | História 14 | Reações 4 | Primeira Impressão | Novembro/2007
18 | Símbolos 22 | Costumes 26 | Comunicação
MARCO ANTÔNIO FILHO
30 | Trabalho 34 | Dèbut 38 | Bodas
42 | Funerais 46 | Unisinos
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cultura
Festa na tribo 6 | Primeira ImpressĂŁo | Novembro/2007
Eventos importantes na vida de pessoas ou grupos são comemorados com festividades, cerimônias ou rituais. Cada cultura tem suas formas de celebrar, com seus próprios significados Primeira Impressão | Novembro/2007 |7
cultura
TEXTO
DE
ALINE POLESSO, CRISTIANE QUADROS
ada pessoa se relaciona de maneira diferente com datas festivas, sejam elas coletivas, como o Ano Novo, Natal e Páscoa, ou pessoais, como aniversário, formatura e o próprio casamento. O professor e doutor em Ciências Sociais da Unisinos e do Departamento de Sociologia da Ufrgs, Almiro Petry, explica que todas as culturas têm suas modalidades comemorativas ou celebrativas de datas pessoais e coletivas, de caráter histórico ou de outras significâncias. Elas têm o sentido sociológico genérico de celebrar a vida, os ritos de passagem, os grandes feitos individuais ou coletivos, as boas colheitas, enfim, os ciclos da vida, com vistas à integração social, à coesão do grupo e da coletividade. "A intensidade e a quantidade variam de cultura para cultura, de tradição para tradição, mesmo no atual mundo globalizado. Podem ser celebrações de um dia, de vários dias, de uma semana ou até de um mês, variando conforme o sentido simbólico do ato comemorativo", explica Petry. O professor diz também que fica claro que a abrangência comemorativa envolve os dois extremos: o da alegria e o da tristeza. O da alegria caracteriza-se pelos sucessos, pelos êxitos, pelos bons resultados conquistados, pelo crescimento, enfim, tudo o que sinaliza com vitórias. O da tristeza está ligado às perdas, cujos ritos, símbolos e hinos apontam para algo que poderá estar para além do fato em si. "É um sentimento quase escatológico, quase utópico do irrealizável e do inalcançável", afirma. No Brasil a celebração popular é o carnaval. Os desfiles das escolas de samba são a grande atração, caracterizados por carros alegóricos, bateria e o casal mestre-sala e porta-bandeira. O servidor público municipal e professor universitário Carlos Alberto do Rio Martins, 45 anos, é "viciado" nessa comemoração. Ele participa do carnaval do Rio de Janeiro há 23 anos. Mesmo morando no Rio Grande do Sul, pare ele, carnaval é no Rio. Já freqüentou carnavais gaúchos e até mesmo na Bahia, mas, segundo
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VANIRA HECK | FOTO
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MARCO ANTÔNIO FILHO
ele, o lugar perfeito é o Sambódromo. Rio Martins conta que, quando foi pela primeira vez para a capital carioca, não tinha intenção de passar o carnaval. Ao chegar lá, seus amigos cariocas o convenceram a ficar, dizendo que seria como uma cachaça, dificilmente iria conseguir se livrar. "Faz 23 anos que eu sou dependente", brinca. Rio Martins afirma que cultua os diversos tipos de comemorações e considera importante festejar tudo. "Aniversário, Natal, Ano Novo, Dia do Professor, Semana Farroupilha. Eu acho que as datas são uma referência para o ser humano, para que ele passe a valorizar e a prestar atenção no fato de estar vivo. É por isso que eu considero importante comemorar sempre e tudo", declara. Do outro lado do mundo, mais precisamente no Japão, onde mora a estudante Christiane Akemi Ono, 24 anos, as festividades são um pouco diferentes. O Natal, segundo ela, não faz parte das datas comemorativas. Christiane conta que até existem enfeites, mas a data não tem comemoração especial. Datas como Dia dos Pais, Mães, Crianças, do Idoso, Ano Novo, Dia dos Namorados são comemorados assim como no Brasil. O carnaval também é lembrado, existem desfiles pequenos, devido à grande quantidade de brasileiros que lá residem, mas mesmo assim não é tão divulgado, explica. "A diferença das festividades do Brasil e do Japão é que os eventos são muito bem organizados, tudo é muito respeitado, coisa que no Brasil muitas vezes é farra", afirma Christiane. RITUAIS INDÍGENAS Os indígenas, um dos primeiros povos a habitar nossas terras, também têm sua maneira de comemorar. Cada tribo indígena tem sua cultura e suas comemorações específicas. A professora e diretora da Unidade de Graduação da Unisinos, Paula Caleffi, que fez doutorado em História da América analisando os rituais de passagens indígenas, afirma que as culturas indígenas são muito diversificadas, ricas
e variadas. Paula diz que as festas são um evento coletivo, que além de reunir toda a aldeia, também são momentos de convidar as comunidades vizinhas para selar novas alianças. "A festa é uma oportunidade de celebração conjunta, comunitária, e ela também tem funções bastante específicas de formação de amigos e de aliança para a proteção conjunta, para a união de forças contra os inimigos e para a escolha dos futuros casamentos", explica. As comemorações indígenas são marcadas pelos chamados rituais de passagem, que são acontecimentos que marcam uma nova etapa na vida. Um ritual comum entre as tribos é a passagem do fim da infância e a entrada na idade adulta. Não existe na sociedade indígena o período da adolescência. O ritual significa a morte para uma determinada etapa e o renascimento para uma nova fase da vida, explica Paula. "Nas comemorações comunitárias, os rituais sempre têm um caráter sagrado, eles estão espelhados nos mitos, na mitologia das diferentes tribos, das diferentes culturas", afirma. A diretora cita o exemplo do ritual da moça nova, que acontece com os índios Ticúna, no qual as moças encenam uma mulher que foi uma figura ancestral e que justamente ensina como essas meninas fazem a passagem de uma idade infantil para uma idade feminina, já capaz de procriar a partir da menarca, que é a primeira menstruação. Paula explica que nesses grandes rituais costuma-se comer muito, em abundância. Há grandes pratos onde as pessoas compartilham o alimento, e isso cria laços. Também ocorrem danças, porque ela é parte da celebração. Além dos rituais de passagem, os indígenas cultuam outros tipos de comemorações que variam de comunidade para comunidade. Os índios Guaranis, por exemplo, quando escolhem os nomes das crianças, também realizam uma grande festa, e esses nomes sempre são inspirados pelos ancestrais míticos, através do Pagé da tribo. Paula explica que a tribo passa uma noite celebrando e
aguardando a revelação desses nomes. Embora cada ser humano tenha sua cultura, a professora enfatiza que a festa é um elemento que está presente em todas elas e que é da essência do ser humano. A psicóloga Maria Celeste da Cruz, de Novo Hamburgo, explica o sentido das comemorações para nós seres humanos. Segundo ela, para cada data e para cada comemoração há uma história a ser contada. Assim, comemorar pode ser entendido como rememorar o valor simbólico de um acontecimento, e isto tem muito significado para o ser humano. Mas Celeste alerta que nem sempre comemorar refere-se a algo alegre, pode estar ligado ao luto, por exemplo. Ela diz ainda que a lembrança de datas significativas do passado busca legitimar a história. "No caso de comemorações individuais, como o aniversário, nada mais é do que atestar a continuidade temporal da própria pessoa. Representa a relação entre presente, passado recente, passado distante, remontando acontecimentos, sem solução de continuidade. Faz parte de um processo de elaboração individual", argumenta. A comemoração de datas comuns ou públicas é o que, para Celeste, reforça e marca a história coletiva. Entre as comemorações de datas comuns a todos, há, por exemplo, o Dia do Trabalho. Essa data foi escolhida para homenagear a união dos trabalhadores em torno de seus direitos e originou-se do massacre dos que lutavam pela redução de sua jornada de trabalho. “Nesse caso, a comemoração garante que não se esqueça que a luta continua e que é necessário, além de lembrar os mortos, renovar a disposição para a luta e para a união", explica Celeste. A psicóloga ressalta que não se deve esquecer de que a celebração de uma data também tem o objetivo de lembrar o acontecimento na sua visão idealizada. Em última análise, Celeste diz que a comemoração de datas busca, nessa rememoração de acontecimentos passados, significações diversas para uso no presente.
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história
A celebração da memória Datas históricas, mesmo sendo trágicas, são motivo de rememoração coletiva
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Imagens marcantes: grandes momentos da história foram eternizados por fotógrafos como Jacques-Henri Lartigue, 1913 (1), Robert Capa, 1936 (2) e 1944 (4) e Nick Ut, 1972 (3)
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TEXTO DE ANA CAROLINA RODRIGUES, RENATA MACHADO E ROBERTA EMANUELA LAMPERT
s ritos de comemoração, além de marcarem uma conquista ou um momento na vida de um indivíduo, são muito mais importantes do que imaginamos, pois retratam a identidade cultural de uma sociedade e revelam muito de seu povo. Acredita-se que as comemorações iniciaram com os povos antigos, que cultivavam o hábito de louvar a chegada da colheita. Também comemoravam a troca das estações, pois as consideram mudanças de ciclos, importantes para uma colheita farta. Desde então, para muitos, celebração é sinônimo de objetivo alcançado. As bruxas também comemoravam os ciclos da lua e festejavam com a natureza o simples fato de viverem. Mas algumas datas históricas, mesmo sendo trágicas, também passaram a ser motivo de comemoração, ou, pelo menos, de rememoração. Segundo a antropóloga e professora de História da Unilasalle, em Canoas, Maria Cristina França, os fatos traumáticos vividos em um ou em outro lugar podem assumir uma dimensão mundial quando toda a humanidade é atingida por esses fatos. "Um exemplo é o 11 de setembro e a bomba de Hiroshima. Cabe, nesse sentido, avaliar as suas permanências no tempo a partir dos conceitos de memória”, diz Maria Cristina. Ela cita o soció-
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logo francês Maurice Halbwachs que percebia a memória como uma forma concreta de unir o homem ao mundo, conferindo-lhe atributos de fenômeno social. O tempo e o espaço, para ele, eram vistos como "instâncias solidárias" para a rememoração do passado, pois lugares e tempos lembrados pelos indivíduos resgatam acontecimentos vividos da memória coletiva. A memória é, então, o ato de restaurar no presente as lembranças do passado, uma vez que lembrar não é reviver algo preservado, mas é refazer, reconstruir, repensar com as idéias de hoje as experiências do passado. Por fim, o estudo da memória na contemporaneidade não coloca o individual a um patamar acima das relações sociais. “Habitar o espaço da memória é conviver com memórias coletivas, individuais e sociais negociadas, e não, simplesmente, domesticar um território vazio e opaco, lugar de reativação de tradições perdidas ou da nostalgia do passado”, diz a historiadora. Nos casos das tragédia vividas pela humanidade, o que se faz é uma rememoração daquelas datascomo forma de resistência, para que elas não se repitam no futuro. RESGATE DA HISTÓRIA O Brasil sempre foi apontado como um povo festeiro. Apesar de suas mazelas, os brasileiros não abrem mão de comemorar e festejar. Prova disso é o carnaval, que mobiliza o país inteiro e transforma todos em foliões. Ao longo da história, o Brasil, assim como o mundo, sofreu grandes modificações. Passou pela monarquia, pela república, encarou uma ditadura, até chegar na atual democracia, porém, nunca deixou-se de comemorar. Fora as tradicionais datas festivas, comemoradas no mundo inteiro, os brasileiros buscam comemorações próprias, que resgatem a história e sentimentos muitas vezes enfraquecidos, como o patriotismo, sempre exaltado na Semana da Pátria e em época de Copa do Mundo. O historiador Marcelo Demétrio, de Canoas, cita a comemoração dos 500 anos do Brasil como um grande fato tanto na área política quanto na cultural, pois foram realizados eventos alusivos à data em todo o Brasil. Segundo ele, o pai das comemorações e dos festejos do país foi Getúlio Vargas. "Provavelmente se não fosse pela influência do governo Vargas não faríamos comemorações em nosso país", declara. Foi no período do governo do presidente Getúlio Vargas que foi instituída a disciplina de Moral e Cívica nas escolas, que tinha como objetivo instruir os alunos a dar um significado para as grandes façanhas da história do país. Seu governo foi um dos mais longos do Brasil. Ele conseguiu fazer com que os alunos do período de 1930 a 1954 fossem educados de uma forma bem diferente dos dias atuais, dando
mais valor para a história", conclui o historiador. As comemorações além de marcarem a história de um país, também servem como marco na vida pessoal dos seres humanos, que sempre procuram dar um sentido especial à vida e eternizar momentos e conquistas. Para o professor de História, de Porto Alegre, Gilson Gruginskie, a existência humana necessita de justificativas que respondam a imprevisibilidade da vida. Gruginskie faz uma comparação com o mito de Ariadne. Conforme a mitologia, Teseu, um jovem herói ateniense, sabendo que a sua cidade deveria pagar a Creta um tributo anual, com sete rapazes e sete moças, para serem entregues ao insaciável Minotauro, que se alimentava de carne humana, solicitou ser incluído entre eles. Em Creta, encontrando-se com Ariadne, a filha do rei Minos recebeu dela um novelo que deveria desenrolar ao entrar no labirinto, onde o Minotauro vivia encerrado, para encontrar a saída. Teseu adentrou o labirinto, matou o Minotauro e, com a ajuda do fio que desenrolara, encontrou o caminho de volta. "O novelo de Ariadne é repleto de expectativas, assim como a vida. Como os fios que serviram para desvendar os caminhos do labirinto, a humanidade desenvolve linhas de questionamentos que denunciam uma trilha de um percurso temporal. Realiza perguntas do presente sobre o passado, virando-se para trás com olhares que já determinam uma leitura de um mundo que nunca houve. Assim, constituímos mitos fundadores de sociedades, etnias e culturas", acredita. Para ele, festejar é um rito que fornece significação, constrói uma memória e sustenta as utopias de cada um. "Mais que uma história oficial, as comemorações de datas ou acontecimentos estabelece os nexos necessários para o fortalecimento de identidade", completa. A professora do curso de Comunicação da Unisinos e psicóloga Susana Gib Azevedo acredita que as pessoas comemoram porque isso envolve prazer, satisfação, sendo que, em geral, uma meta ou objetivo foi alcançado. Em verdade, a necessidade de comemorar é aprendida no social e são feitas associações com esses momentos significativos do indivíduo. O primeiro sorriso, o primeiro aninho, o primeiro dia na escola, o primeiro dez, uma viagem com os amigos, o namoro, o primeiro emprego, a entrada na universidade, a formatura, o primeiro casamento, o aniversário dos filhos... São momentos especiais na vida de qualquer pessoa, que se tornam ainda mais especiais quando festejados com uma comemoração histórica. Comemorações que dão sentido para a história pessoal de qualquer indivíduo e, coletivamente, dão sentido para a história do mundo.
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A linguagem do corpo Seja num aniversário, na hora do gol ou numa homenagem, o corpo também celebra TEXTO
DE
LEANDRO DE SOUZA
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QUELEN LIMA (*) | FOTOS
DE
MARCO ANTÔNIO FILHO
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nome dela é Maria Anny Arnold, mas podem chamá-la de Annynha. Ela tem 12 anos. Acabou de fazer aniversário. A sensação de crescer mais um ano, diz ela "não muda muito não". Não se sente diferente daquela que foi dormir na noite anterior. Claro que acordou toda animada no dia em que celebraria mais uma festa de aniversário. "A gente tem aquela sensação boa, sabendo que vai acontecer uma festa, que vai ganhar presentes, mas no corpo, acho que não muda muito não", explica. Os aniversários de Annynha são parecidos, mas raramente são ordinários. Nesse dia, seu pai, Roberto, também comemora aniversário. Com isso, tem-se o mote para toda a família e amigos se reunirem na casa dos Arnold. Bebida e comida à vontade, música em volume alto e risadas pela casa. Definitivamente, um clima de animação. Na hora do parabéns, Annynha se coloca atrás do bolo, junto às amigas. Quando todos começam a cantar, ela não esconde o sorriso. Não se percebe o estranhamento que ela diz sentir quando vira o centro das atenções da festa. "É legal quando eles cantam, mas dá uma sensação meio estranha, fico um pouco envergonhada", explica. Todas as sensações que Annynha sente podem ser explicadas pela ciência. "No momento da explosão comemorativa, o organismo humano sofre uma descarga neurovegetativa simpática, na qual ocorrem modificações no corpo, como elevação da pressão arterial, da freqüência cardíaca, dilatação da pupila, entre outras. Essa reação de alarme ocorre extravazando a euforia que o organismo sente para fora", explica o doutor em Fisiologia Lino Pinto de Oliveira. Ele explica que o sistema límbico, que fica entre o cérebro e o tronco encefálico, está relacionado com as emoções e a memória. Quando alguém tem uma experiência desastrosa ou boa, o sistema é ativado. Também cita o hipotálamo, parte da estrutura desse sistema, que organiza a expressão física da emoção. Em conexão com o hipotálamo, há três sistemas efetores, que são os somáticos - responsáveis pela contração dos músculos -, o neurovegetativo e o hormonal. "O sistema neurovegetativo dirige as funções involuntárias de nosso organismo, e age em estreita colaboração com nossas emoções e
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psiquismo. Ao explodirmos de emoção no momento da comemoração, o sistema neurovegetativo simpático entra em grande atividade corporal, pois ele lida com situações de fuga ou luta, que é quando estamos em euforia, assim essa descarga extravasa fisicamente as emoções", finaliza a explicação. OSCILAÇÃO DE HUMOR Não há comemoração mais efusiva do que a do torcedor na hora do gol. O Brasil, país do futebol, leva por partida cerca de 15 mil torcedores aos estádios, no tradicional Campeonato Brasileiro, Série A. A expectativa dos torcedores é sempre a vitória. Enquanto os olhos ficam vidrados na bola, o corpo sofre diversas alterações. O torcedor do Internacional de Porto Alegre, Uiliam de Lima, 19 anos, freqüentemente vai ao Beira Rio torcer pelo seu time e diz que o seu humor muda durante o jogo. "Quero que o meu time ganhe a partida, chego lá empolgado, com a adrenalina a milhão, mas se o time não joga bem, ou se perde o jogo, fico muito irritado", relata. Essa oscilação de humor pode estar relacionada ao aumento de cortisol no sangue. O cortisol é um hormônio produzido pela glândula supra-renal, que fica acima dos rins, e é liberado pelo organismo em situações de estresse físico ou emocional. O torcedor torce com o corpo inteiro. Minuto a minuto, a cada lance, a cada chute em direção ao gol, sente sensações de ansiedade, medo, até chegar a sensação de felicidade ao ver a rede do adversário balançar. O momento do gol é inexplicável. É o ápice. "O coração bate mais rápido, a respiração fica curta, me sinto muito bem, muito feliz, dá uma sensação de prazer", comenta Uiliam. Logo após a comemoração do gol, o cérebro produz uma substância natural, a endorfina, que regula as emoções, diminuindo o estresse e a ansiedade, provocando relaxamento e sensação de bem estar. De um lado o cortisol, a adrenalina, o momento de estresse, de ansiedade e angústia; do outro, a endorfina e a sensação de bem estar e de prazer depois da comemoração de um gol ou de uma vitória. Seja em uma festa de aniversário ou em uma partida de futebol, o momento da comemoração é a melhor parte. (*) Colaboração de Luana Enzweiler
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sĂmbolos
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Imagem que diz tudo Ovos de Páscoa, Papai Noel, bolo, vela, alianças. De onde surgiram os símbolos das festas? TEXTO
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DÉBORA ERTEL
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GISELA CONSONI
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símbolos
s pessoas festejam o aniversário, o casamento, a formatura e o dia dos namorados, entre outras datas. Tem também quem comemore as festas religiosas do batismo, primeira eucaristia, confirmação, Corpus Christi, Páscoa e Natal, embora as últimas duas tenham adquirido na sociedade moderna um sentido muito mais comercial. Porém, o que pouca gente pára para pensar é como determinados símbolos se tornaram sinônimo de tais festas. É uma ligação automática! Quer ver? Páscoa: coelho e ovo. Natal: Papai Noel e pinheirinho. Aniversário: bolo e velinhas. Casamento: vestido e alianças. O termo símbolo tem origem no grego súmbolon. A palavra designa um elemento representativo, chamado de realidade visível, que está em lugar de algo, realidade invisível. Ele tanto pode ser um objeto como um conceito ou idéia. Embora existam símbolos que são reconhecidos internacionalmente, outros só são compreendidos dentro de um determinado grupo ou contexto. Conforme a psicóloga Patrícia Isidoro, de Gravataí, o símbolo substitui e compensa uma realidade ausente, mas compreensível dentro de uma determinada cultura. "É próprio do símbolo ter uma multiplicidade de significados e entrar em várias dimensões do social. A sua ritualização acentua a versatilidade dos significados e, porque implica sentimentos e afetos, estabelece espaços de identidade, na medida em que se reveste de significados diferentes conforme o povo, a cultura e as circunstâncias históricas", destaca. Patrícia explica que a origem dos símbolos vem da préhistória, quando os homens tiveram a primeira noção de autoconsciência e esboçaram seus pensamentos abstratos. "A simbolização é uma capacidade essencialmente humana. A memória, a imaginação e as impressões psíquicas empregam essa função", diz. Uma grande parte do conhecimento é transmitida através dos símbolos. Eles são utilizados na Ciência, no misticismo, na mitologia, nos sonhos, nos contos de fadas, nos rituais, bem como nas comemorações. "Um aniversário sem vela e bolo não parece um aniversário, nem nos traz o mesmo sentimento. Os símbolos dão vida, identidade e sentido aos
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acontecimentos. Tornamos-nos totalmente dependentes dessas representações", enfatiza. O costume de comemorar o aniversário com bolo e velas parece ter surgido na Grécia, mas não há consenso sobre isso. Era uma homenagem a Artemis, a deusa da caça, reverenciada no dia 6 de cada mês. As velas representavam o luar. O hábito de apagar as velinhas começou na Alemanha, por volta do século XIII. As famílias camponesas celebravam a passagem dos anos das crianças com uma festa chamada Kinderfest - festa das crianças. De manhã cedo, o aniversariante recebia seu presente e as velas do bolo eram acesas. Durante todo o dia, elas queimavam, até a hora do jantar, momento que o pequeno soprava todas as velinhas. Naquele tempo, o número de velinhas não era igual ao número de anos do aniversariante. O bolo recebia uma vela a mais como sinal de luz da vida. O simbolismo da vela também está ligado ao da chama, onde o fogo e o ar se unem, fazendo uma síntese de todos os elementos da natureza. Vai casar? Já escolheu as alianças? Enlace matrimonial sem alianças não existe, não é mesmo? O anel, além de simbolizar a união entre os esposos, representa uma dialética, onde cada um dos cônjuges se torna amo e escravo um do outro. A aliança também faz referência ao círculo, a curva mais perfeita, sem início e fim, como se o amor fosse perfeito. No matrimônio também não pode faltar o vestido de noiva. Uma das versões para a origem do traje é o mito grego de Himeneu. O deus do casamento era evocado nas núpcias, no momento em que a noiva se dirigia para a casa do marido, vestida de branco, usando uma coroa. O rosto era coberto com véu e a jovem carregava uma tocha. Outra explicação para a veste matrimonial está na história mais recente. A Rainha Victoria, da Inglaterra, usou em seu casamento com o Princípe Albert, em 1840, um vestido branco. A fotografia da soberana fez sucesso e inspirou a escolha de muitas noivas. Antes da majestade usar o novo modelito, as mulheres vestiam trajes de qualquer cor, exceto preto, usado em funerais, e vermelho, uma cor ligada à mulheres de programa. E o buquê? Ele tem sua origem na França (a palavra boquet quer dizer aroma). Na Europa, a
noiva seguia para a igreja a pé. Durante o trajeto, recebia flores e, ao chegar, tinha em suas mãos um lindo buquê. Ainda falando em casório, já passou na quitanda? Pois, é. No Vietnã a fruta é símbolo de fertilidade e, antigamente, era oferecida aos jovens casais. Já na China, quando uma moça recebia fruta, simbolizava um pedido de casamento. Ainda em clima de romance, tem o Dia dos Namorados. No Brasil, 12 de julho, nos Estados Unidos e Europa, 14 de fevereiro, dia de São Valentin, protetor dos apaixonados. Quem, louco de amor, nunca rabiscou um coração atravessado por uma flecha, disparada pelo cupido da paixão? O arco e flecha têm suas origens nas tradições japonesas. Quando associada ao arco, a flecha simboliza o amor. Ao penetrar o centro do coração, a flecha faz menção a relação homem-mulher, o princípio masculino penetrando-se no elemento feminino. OVOS REPRESENTAM O NASCIMENTO Já entre as festas mais tradicionais, estão a Páscoa e o Natal. Na Antigüidade, os egípcios e persas costumavam tingir ovos com cores da primavera e presentear os amigos. Para os povos antigos, o ovo simbolizava o nascimento. Por isso, os persas acreditavam que a Terra surgiu de um ovo gigante. Os cristãos primitivos foram os primeiros a dar ovos coloridos na Páscoa simbolizando a ressurreição, o nascimento para uma nova vida. Nos países da Europa, costumava-se escrever mensagens e datas nos ovos e doálos aos amigos. Em outros, como na Alemanha, o costume era presentear as crianças. Na Armênia, ovos vazios eram decorados com figuras religiosas. Os ovos não eram comestíveis, como se conhece hoje. A origem da árvore de Natal é anterior ao nascimento de Cristo, ficando entre o segundo e terceiro milênio a.C.. Os povos indo-europeus consideravam as árvores uma expressão de fertilidade da natureza, por isso lhes prestavam culto. A árvore natalina moderna (como conhecemos hoje) surgiu na Alemanha, no século XVI. O pinheiro foi o escolhido por ser uma das poucas árvores que não perdem suas folhas durante o inverno. O pinheirinho simboliza a vida que vence a morte. O presépio foi criado por São
Francisco de Assis, no século XIII. O santo desejava retratar a humildade e a pobreza do menino Jesus, nascido numa manjedoura de uma estrebaria. Já o Papai Noel foi inspirado em São Nicolau. Este bispo viveu no século IV, na Turquia. Lendas contam que salvou moças da prostituição, homens injustamente condenados e marinheiros do afogamento. O bispo costumava ajudar as pessoas pobres, deixando saquinhos com moedas próximas às chaminés das casas. A associação da imagem de São Nicolau ao Natal aconteceu na Alemanha e espalhou-se pelo mundo em pouco tempo. Nos Estados Unidos ganhou o nome de Santa Claus, no Brasil, de Papai Noel e em Portugal, de Pai Natal. Até o final do século XIX, o Papai Noel era representado com uma roupa de inverno na cor marrom. Porém, em 1881, uma campanha publicitária da Coca-Cola mostrou o bom velhinho com uma roupa, também de inverno, nas cores vermelha e branca (as cores do refrigerante) e com um gorro vermelho com pompom branco. A campanha publicitária fez um grande sucesso e a nova imagem do Papai Noel espalhou-se rapidamente pelo mundo. O antropólogo Jorge Francisco Santos, de Porto Alegre, salienta que o conhecimento, as crenças, artes e costumes adquiridos pelo homem como membro da sociedade dependem de abstrações que os dê identidade. "O uso da abstração, existente na mente das pessoas, corresponde às formas de organização de um povo. Através dos símbolos, seus hábitos e tradições são transmitidos de geração em geração, a partir de uma vivência comum possibilitada, de certa forma, pela utilização destes elementos culturais", frisa. Os símbolos culturais são, portanto, criados e usados pelos seres humanos para interagir e organizar a sociedade. São conceitos coletivos que passaram por um processo de elaboração e tiveram, ou não, inúmeras transformações, até serem empregados para expressar "verdades eternas" que conduzem a população. Nada precisa ser dito quando um símbolo cultural está presente. Essa representação tornou-se, simplesmente, uma imagem que diz tudo.
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costumes
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Eu não vou Por questões pessoais ou religiosas, algumas pessoas não gostam de comemorações. É o caso de Carine Sobé
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costumes
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DE
ANA PAULA SANTOS, RENATA TISSOT
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ada religião tem seus preceitos, suas crenças e seus dogmas que devem ser respeitados e acatados por aqueles que optaram segui-las. Neste contexto, observam-se algumas semelhanças e diferenças nas comemorações realizadas pelas mais diversas religiões existentes no planeta. Boa parte das datas comemorativas de nosso calendário são festas católicas, como Natal, Páscoa, Corpus Christi, Finados, entre outras. Como conviver com isso quando a religião a qual se pertence não aconselha que sejam realizadas tais comemorações? Andréa Weber, moradora da cidade de Porto Alegre, é testemunha de Jeová, sua religião foi criada nos Estados Unidos da América durante o século XIX e tem como premissa principal basear suas práticas e doutrinas no conteúdo na Bíblia Sagrada. Andréa explica que, se uma data comemorativa não estiver ligada à Bíblia, sua religião não permite a comemoração. "Se essas datas tiverem, de algum modo, relação com outros deuses ou costumes contrários aos princípios bíblicos, as testemunhas de Jeová não participam de suas comemorações, pois não baseiam suas crenças em tradições e costumes humanos", conta. Isso explica por que os testemunhas de Jeová crêem que a Bíblia é a palavra inspirada de Deus e contém os seus pensamentos sobre o que é certo e o que é errado. "É segundo o que está registrado nela que nós baseamos nossas crenças", afirma Andréa. Nem mesmo o Natal - data em que a maioria das pessoas embarca no espírito festivo - é motivo de comemoração para os seguidores dessa religião. As testemunhas de Jeová não comemoram o Natal por um motivo simples: "Em nenhum lugar da Bíblia se afirma que o dia do nascimento de Jesus Cristo foi no dia 25 de dezembro", lembra a religiosa. Na mesma linha está a comemoração da Páscoa, que, segundo Andréa, trata-se de uma comemoração anglo-
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TATIANA VASCO | FOTO
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MARCO ANTÔNIO FILHO
saxã para a deusa da primavera Easter. A religiosa explica que, devido a esta festividade estar associada a outros deuses, não participam dela. "Obedecemos ao princípio bíblico que diz: eu, Jeová, teu Deus, sou um Deus que exige devoção exclusiva". A mesma explicação se segue para outras comemorações, como dia de Finados, Ano Novo, Dia dos Namorados, Dias das Mães, entre outros. Porém, o fato mais curioso é o de as testemunhas de Jeová não comemorarem o próprio aniversário. A prática de oferecer uma festa ou presentes a pessoas queridas não é considerada errada, porém as testemunhas de Jeová não participam deste tipo de celebrações, pois acreditam que se dá importância excessiva à pessoa e julgam a comemoração em si ser uma prática antiga, oriunda de comemorações pagãs. Apesar dessas restrições, as testemunhas de Jeová realizam, sim, suas comemorações, "A Bíblia não proíbe que as pessoas façam reuniões sadias de família e amigos, para comer, beber, divertir-se e trocar presentes", conta Andréa. O casamento é uma das poucas festas consentidas por se tratar de uma instituição divina, autorizada e estabelecida por Jeová (Deus). "O casamento traz existência a unidade familiar, já que o primeiro casamento humano foi realizado por Jeová. Outra festividade realizada pelas testemunhas de Jeová é a "Comemoração da Morte de Cristo", ou "Refeição Noturna do Senhor", em cumprimento à ordem dada pelo próprio Cristo durante a última ceia. "A Refeição Noturna do Senhor foi instituída para nos lembrar que, por meio de sua morte como humano perfeito, Jesus deu sua alma em troca de muitos.” Diferentemente de Andréia, o estudante Guilherme Guimarães, morador da cidade de Porto Alegre, que segue o Espiritismo, convive muito bem com todos os festejos das demais religiões, apesar de os espíritas não celebrarem as mesmas datas do calendário católico. "Nós não come-
moramos os dias santos, por exemplo, não por não acreditarmos que eles existam, mas por concebermos que são espíritos evoluídos que passaram pelas dificuldades da vida, cumpriram sua missão na terra e foram reconhecidos pela Igreja, assim como muitos outros espíritos que viveram na Terra, mas que não tiveram esse mesmo reconhecimento", conta. Algumas datas, como o Natal, por exemplo, são comemoradas. "Nós celebramos o Natal, porque estudamos e praticamos os ensinamentos de Jesus e o vemos como modelo e guia para toda a humanidade, conta. Os aniversários também são festejados, pois são encarados como um momento de amadurecimento do indivíduo. Além disso, os casamentos são realizados por serem eventos extremamente importantes na vida do ser humano, porém não existem maneiras de se fazer um casamento espírita, por não existirem dogmas nessa religião. "Normalmente são festas mais reservadas e aconselha-se que não sejam feitas nos Centros Espíritas, para que não se desenvolva a idéia de que o centro é um local sagrado, já que acreditamos que Deus está presente em todas as partes", afirma. Algumas sociedades espíritas também realizam festejos na data de suas fundações ou nascimento de seus patronos. "Isso não é uma norma e não existe um modelo a ser seguido. Durante essas festas, buscamos a confraternização entre os freqüentadores dos centros e a reflexão sobre temas espíritas", conta o estudante. Apesar de não possuírem alguns festejos em sua religião, os seguidores do Espiritismo participam tranqüilamente de algumas comemorações quando necessário, como afirma Guilherme: "Temos como conduta o respeito pelas demais religiões, logo, se um espírita viver numa família em que o credo é diferente do seu, e para manter a harmonia do lar é necessário comemorar outras datas religiosas, ele as comemorará, por ser uma questão de
respeito, humildade. Não será uma questão religiosa que o fará mudar de pensamento". SENTIMENTOS PESSOAIS Independente de religiões, Carine Sobé, moradora da cidade de Sapucaia do Sul, não gosta de comemorações, principalmente quando essa data é o dia de seu aniversário. "Não gosto de comemorar, mas é difícil dizer isso às pessoas, principalmente quando elas chegam felizes e perguntam: 'Vai fazer o que no seu aniversário? Vai ter festa?'". Elisandra Garcia, moradora de Triunfo, também não consegue ficar feliz durante comemorações, principalmente as de final de ano, como Natal e Ano Novo. "Não sei por que, mas não gosto. Sinto-me deprimida, triste, com um aperto no peito. Me dá uma sensação nostálgica, mesmo com toda a família reunida, trocando presentes e felicitações", desabafa. Esse tipo de atitude é dado por razões múltiplas de acordo com a psicóloga Letícia dos Santos, da cidade de Montenegro. "O ser humano convive com o tempo e a história de modo significantemente diferente. Antropologicamente percebemos que cada civilização cultua mitos e crenças a fim de estabelecer marcos para a sua trajetória. As datas comemorativas provocam sentimentos tão pessoais que por vezes divergem do nosso grande grupo social", afirma a profissional. A psicóloga Gisele Mautone Krummenauer, que integra a Equipe Técnica do Serviço Municipal de Apoio à Educação (Semape), da cidade de Triunfo, salienta que cada caso é um caso. "Depende muito do que essas datas podem suscitar em cada ser humano. A tristeza que muitos sentem nessas datas pode estar associada à morte de uma pessoa querida, à tragédias, à desamores. Isso é muito individual. Para cada pessoa tem uma representação. Não há fórmulas", finaliza. Ligadas ou não a religiões, as datas comemorativas sempre trazem algo para nossas vidas, mesmo para quem não as comemora. Tristezas, alegrias, otimismo, indiferença, sempre irá existir um sentimento relacionado às comemorações.
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comunicação
O espetáculo da mídia A cobertura dos veículos de comunicação transforma comemorações em grandes eventos
comunicação
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DE
RAFAEL PFEIFFER
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RICARDO SANDER | FOTO
que seria do mundo se não fossem os grandes eventos? Desde os primórdios da humanidade o ser humano se acostumou a celebrar festas e reunir amigos para comemorar datas especiais. O motivo poderia ser só reviver a comunidade. Com o passar do tempo, as comemorações, as datas especiais e os grandes eventos foram se tornando cada vez mais comuns e, com isto, ganhando maior notoriedade. Normalmente quando se promove um grande evento se quer visibilidade e repercussão. E para que isto aconteça é fundamental que a mídia faça a divulgação, a cobertura e a repercussão do mesmo. Alguns fatos, por envolverem pessoas importantes, não precisam solicitar a colaboração da mídia. Pelo contrário, personalidades famosas até que gostariam de menos divulgação e maior privacidade. Entretanto, algumas pessoas já nascem famosas e têm que conviver com a exposição desde pequeno. É o caso de quem pertence a famílias reais e com a missão de ser o herdeiro do trono para comandar um país. Imagine 750 milhões de pessoas em mais de 50 países sentadas diante da televisão. Todas estão esperando um único gesto. Um gesto que acabou entrando para a história da humanidade. No dia 29 de julho de 1981, o príncipe Charles casou-se com a jovem Diana Spencer na catedral londrina de Saint Paul e o enlace matrimonial foi assistido por todo o mundo. Na cerimônia, havia cerca de três mil pessoas, entre reis, príncipes, aristocratas e personalidades. Mas o casamento de um membro da família real britânica era algo grandioso demais para ficar apenas ali. Assim, o matrimônio de Charles e Diana tornou-se um grande evento televisivo assistido em lares espalhados pelos quatro cantos do mundo. No último mês de agosto, completou-se dez anos da morte de Lady Di e todos esses assuntos voltaram às pautas. O jornal Folha de S. Paulo do dia 26 de agosto publicou um artigo do sociólogo Anthony Giddens, no qual ele definia a princesa como "alguém que aparecia numa telenovela-realidade precursora da TV-realidade que chegaria mais tarde. Era Bridget Jones, mas traduzida para uma esfera mais elevada".
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DE
MARCO ANTÔNIO FILHO
SANTIDADE Mesmo sem a popularidade conquistada pelo Papa João Paulo II em seus 27 anos como pontífice, Bento XVI também arrasta multidões por onde passa e tudo o que faz acaba repercutindo na mídia. Não se trata de contar a vida da pessoa particular, mas sim da importância do cargo público o qual ocupa. Em qualquer canto do mundo onde estiver, a maior personalidade religiosa que existe irá chamar a atenção e virar notícia. E isto ganha ainda mais força no Brasil, o país com o maior número de católicos do mundo. A visita de Bento XVI à terra do Cristo Redentor em maio deste ano - apenas dois anos após a sua posse -, recebeu uma imensa cobertura jornalística dos meios de comunicação brasileiros. Desde o seu desembarque do avião até a sua volta a Roma, milhares de jornalistas fotografavam, registravam, narravam, escreviam e, acima de tudo, observavam os passos do pontífice para retransmitir ao público. Quando uma missa é capaz de atrair 150 mil pessoas, ela, por si só, já é um grande fato. Mas é inegável que a divulgação dos meios de comunicação contribuiu e muito para que este número fosse tão grande. Isso ocorreu, na despedida de Bento XVI do Brasil, no santuário de Nossa Senhora Aparecida, a 167 quilômetros de São Paulo. Cada passo, cada gesto, cada frase do papa ganhavam as capas de jornais, imagens na televisão e na internet, bem como os relatos nas rádios. Cada grande veículo de comunicação destinou equipes especialmente para fazer a cobertura do Papa ao país. E neste período, muitas vezes até era de se perguntar se não havia mais nada acontecendo tamanha a importância que foi dada para tal visita. Para o professor de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciências da Comunicação e do curso de Jornalismo da Unisinos Ronaldo Henn, esses eventos transformam-se em gigantescos rituais globalizados que já ultrapassaram as fronteiras do acontecimento. O professor, que integra a linha de pesquisa Prática e Linguagem Jornalística, acredita que eles são mega acontecimentos porque em grande medida é a intervenção da mídia que os faz. "Ao
dar amplitude exacerbada para eventos desse porte, o jornalismo atualiza mecanismos arcaicos da cultura, lidando não só com a realidade concreta na qual constrói os fatos, mas com uma realidade de natureza totalmente simbólica", cita Henn. "Com isso, o jornalismo aumenta sua massa de superfluidade, atenuando as agruras da primeira realidade", complementa. O professor entende que, em muitos casos, a proporção da cobertura é exagerada mas inevitável. "É um tipo de acontecimento midiático que funciona como compensação simbólica cujas raízes estão nas matrizes da cultura", afirma. Henn acredita que estes fatos são em boa parte construções midiáticas com grandes doses de exagero. "Acabam também provocando uma exaustão informativa devido aos patamares de redundância que atingem", frisa. A FORÇA DO FUTEBOL O futebol é um esporte que mobiliza multidões pelo mundo. É o principal esporte do Brasil, capaz de mudar a rotina dos cidadãos em dia de grandes jogos. Quando a Seleção Brasileira joga em Copa do Mundo, o país pára por noventa minutos. Todo o noticiário se volta para esse confronto. As emissoras de TV investem pesado no envio de profissionais para a cobertura no país sede e fazem do futebol o maior e mais lucrativo evento do ano. Desta forma, até mesmo quem não está acostumado a acompanhar o futebol torna-se um fervoroso e apaixonado torcedor, refém da agenda esportiva. A imprensa também modifica a sua grade de acordo com a importância do jogo ou do campeonato. Acompanhar o dia-a-dia dos clubes de futebol faz parte da vida de muitos jornalistas. É sempre a mesma rotina. Assiste ao treino e escolhe os atletas para a entrevista. Tudo acontece de forma rotineira. E quando surge um grande evento, como uma final de Libertadores, que é transmitida ao vivo para toda a América Latina? Será que a mídia consegue aumentar ainda mais o espetáculo que é essa decisão? "Uma final de Libertadores é uma coisa tão extraordinária que acaba se impondo naturalmente",
diz o jornalista Luis Henrique Benfica, há 20 anos atuando na imprensa de Porto Alegre e atualmente repórter esportivo da Rádio Gaúcha. Para ele, cobrir o dia-a-dia dos clubes é algo que faz parte do trabalho como setorista, mas tudo muda quando se aproxima um evento, como a final da Libertadores. "Na véspera da final, se percebe a chegada de jornalistas de outros países, de pessoas que não estão acostumadas a cobrir o dia-a-dia dos clubes e o estúdio fica pequeno para tanta gente. Há um aum0-ento no número de pessoas que fazem a cobertura", diz Benfica. A televisão atualmente é tão importante para a realização do futebol no Brasil que os clubes acabam cedendo em questões primordiais de interesse comum, como a tabela do campeonato. Como a TV é quem mais paga aos clubes, sendo muitas vezes a principal fonte de receita, é ela quem decide as datas e horários dos jogos. Os mais importantes, de acordo com o entendimento da Rede Globo, são marcados para as quartas-feiras, após a novela, e para os domingos, às 16h. Os jogos restantes ficam para horários alternativos, como 18h10min de sábados e domingos. Como dependem da televisão para sobreviver, os clubes aceitam a imposição sem nenhum tipo de reclamação. O professor Ronaldo Henn destaca que as grandes corporações organizam uma superprodução, escalando seus melhores profissionais para os quadros mais importantes. Segundo ele, para se fazer este tipo de cobertura da melhor forma possível, o profissional precisa ter talento para construir informação interessante no registro da superfluidade, do simbólico. "As pautas tendem a se tornar muito repetitivas, o que exige boa dose de criatividade dos jornalistas", diz Henn. Um evento pode ocorrer sem a presença da imprensa, mas ele se torna um grande evento após uma cobertura da mídia. Com a atual globalização, a mídia leva os acontecimentos para todos os cantos do mundo. Desta forma, tente imaginar a visita do Papa, um casamento na família real e uma final de campeonato sem a mídia. Isso, com certeza, não existe.
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Pela alegria dos outros Enquanto a grande maioria faz festa, eles arregaçam as mangas para tornar a comemoração inesquecível TEXTO
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HALDER RAMOS
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TAIANA JÓSÊ | FOTO
o altar, o padre oficializa o matrimônio: "Sejam felizes para sempre!" Os noivos saem da igreja sob aplausos. Grãos de arroz são lançados ao vento para trazer prosperidade. A mãe da noiva chora, os recém-casados, ainda trêmulos, embarcam na charrete. Com ansiedade, todos rumam em carreata até o salão para a tão esperada festa. Clichê! Festa de casamento é quase sempre igual. Quase! Pode não ter a charrete, pode não ter o arroz, pode não ter a lágrima! Porém, a emoção do momento com certeza não faltará, e o que ficará para a posteridade é também aquilo que a emoção fez com que passasse despercebido. Por trás de cada festa, existem equipes que trabalham duro para tornar a comemoração inesquecível. Se a lágrima cai, lá está um fotógrafo atento para registrar. "Procuro fotografar a expressão dos noivos e familiares, uma carícia, um beijo. O casamento é um momento muito particular da família", afirma o fotógrafo Sandro Seewald. Morador de Gramado, Seewald ingressou na profissão há 18 anos, quando começou a trabalhar no estúdio do irmão em Novo Hamburgo. Repórter fotográfico, Seewald faz também trabalhos em
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DE
MARCO ANTÔNIO FILHO
festas de aniversário, casamentos, eventos e formaturas. "Nos meus eventos, procuro levar conceitos do fotojornalismo. Tem muita foto posada, mas gosto de fazer a expressão, o choro", revela. Seewald conta que procura não misturar trabalho e diversão. "Quando estou trabalhando, não bebo. Se for convidado para o casamento de um parente, prefiro não ir a trabalho", diz. Apesar de utilizar conceitos do fotojornalismo em eventos, Seewald destaca que, pelo fato de ser contratado pela família, não registra momentos constrangedores. "Fiz um casamento que o noivo retirou o cunhado da festa carregado pelo pescoço. Em outra oportunidade, a noiva atrasou e o padre foi chamado para fazer uma extrema unção e não voltou mais. Se fosse uma cobertura jornalística, eu iria clicar", observa. Na profissão, o fotógrafo tem suas preferências. "Gosto de fotografar aniversário de crianças. Com uma teleobjetiva, o resultado é sensacional. No trabalho, é possível demonstrar expressões de afeto e carinho", afirma. De acordo com ele, a cobertura fotográfica de um casamento com 150 convidados custa R$500,00, com as fotos entregues em CD. Caso os noivos prefiram o tra-
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balho impresso, o preço fica em torno de R1.000,00. No casamento, no aniversário, na formatura e em datas especiais, como Natal e Revellion, onde a maioria está com a família, estão profissionais que trabalham para garantir a tranqüilidade na realização do evento, para que tudo ocorra conforme o planejado. Ou seja, enquanto uns fazem festa, outros trabalham. "Faz três Natais que eu passo trabalhando", conta o garçom Gabriel Machado, 19 anos. Natural de Gramado, o garçom destaca que durante os festejos de final de ano o serviço aumenta. "Na minha profissão, não existe feria do. No Natal e Revellion, é sempre bom ficar com a família, mas a cidade recebe muitos turistas nessa época do ano", observa. Para Machado, que trabalha há três anos na função, o salário é bom se comparado à média nacional. "Pelo que trabalho, poderia ser melhor, mas estou satisfeito", diz o garçom. Outro setor que trabalha duro nas comemorações é o de decoração. Segundo Eliane D'Avila, os clientes exigem beleza e criatividade na escolha dos adereços. "Tem muita noiva que não está preocupada com a felicidade no casamento, mas com o sucesso da festa. Por enquanto, estamos contando com a sorte. Costumamos brincar com os noivos que os nossos serviços têm 25 anos de garantia", conta a decoradora de eventos. Proprietária de uma floricultura, na cidade de Canela, em sociedade com a filha, Carolina Bolfe, Eliane atua no ramo de decoração de festas há oito anos. "Já organizamos casamentos em barcos, praias e casas de veraneio. Fizemos todos os tipos de eventos", brinca. Segundo Eliane, a organização de uma festa de casamento pode variar entre R$800,00 e R$20.000,00, dependendo do número de convidados, do tamanho do salão e do tipo de serviço contratado. "Tem gente que confia plenamente no nosso trabalho e deixa tudo em nossas mãos, mas tem pessoas com as quais precisamos fazer diversas reuniões, o que não é problema. Sempre procuramos deixar a decoração com o perfil do cliente", explica. A decoradora conta, no entanto, que já presenciou algumas situações embaraçosas na carreira. "Uma vez os noivos combinaram uma decoração branca, mas a noiva decidiu sozinha trocar por vermelho. Quando o noivo entrou na igreja, deu para notar a cara de espanto dele", lembra. Conforme Eliane, a empresa oferece aquilo que o cliente exigir. "Alguns querem orquídea no teto e aquário no altar, mas o pior é quando querem uma flor fora de época. Sempre procuramos deixar uma segunda opção para os casais", afirma. Na maioria dos casos, Eliane observa que não participa da solenidade. "Nós montamos a decoração e recolhemos no outro dia, mas quando contratamos iluminação e decoração, por exem-
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plo, ficamos de plantão durante a festa", diz. Na equipe, que conta com outros cinco funcionários em eventos maiores, Eliane destaca que a atualização é constante. "O trabalho exige muita técnica. Para trabalhar com arte floral, é preciso estar sincronizado com as tendências. Apesar de casamento ser tradicional, as pessoas exigem muita criatividade na decoração. Fazemos festas lindas com materiais e tecidos baratos", afirma. Na busca pela prosperidade em família, muitas mulheres têm recorrido a uma profissional capaz de dar dicas para esquentar qualquer casamento, a sex personal trainer Rytah Rosttirola. Sim, sex personal trainer! Com dez anos de experiência na área, Rytah garante que seus segredos sexuais transformam casamentos mornos em relações quentes e saudáveis. "Tenho muitos casos de casamentos transformados", diz. Além de ministrar palestras e cursos para empresas e grupos em todo Brasil, Rytah tem sido contratada com freqüência para trabalhar em festas pré-nupciais, ou seja, ao invés de contratar bailarinos semi-nus para as despedidas de solteira, muitas noivas preferem aprender dicas apimentadas. "Nas despedidas, elas querem conselhos mais picantes, como a Dança do Colo, dicas de sexo oral, truques pra seduzir e como usar fantasias sexuais. Elas adoram e dizem que saem de lá muito mais erotizadas do que vendo um homem dançar", conta a sex personal. Rytah destaca que geralmente os noivos não sabem que as futuras esposas contratam seus serviços para a despedida de solteira. "Quando eles sabem, simplesmente adoram", frisa. Sem datas disponíveis na agenda até o final do ano, a profissional salienta que a felicidade no casamento depende de muitos fatores. "Além do amor, tem que existir muito tesão, respeito, bom humor e paciência. Planos e acordos a longa distância funcionam muito bem também", conclui Ritah. MUNDO DA FANTASIA Além das comemorações para gente grande, o mercado de festas infantis tem crescido nos últimos anos, conforme avalia Lisiane Bazei, que decora aniversários de crianças em Gramado há oito anos. Na busca pela felicidade dos filhos, pais contratam profissionais para montar cenários que mesclam magia, aventura, real e imaginário, onde os heróis ou personagens são os pequenos aniversariantes e seus convidados. Para Lisiane, transformar um local com pouca estrutura num mundo encantado para as crianças é o que mais gratifica na profissão. "Fico satisfeita quando as mães ligam para agradecer pelo trabalho", afirma ela. Lisiane conta que ingressou na profissão após organizar festas para o sobrinho. "Fazia tudo e doava o
material decorativo para escolas", recorda. No entanto, destaca que pensou em desistir logo no primeiro evento como profissional. "Eu amo muito o que faço, mas fiquei assustada com a responsabilidade, com a pressão. Nada podia dar errado. Minha mãe não me deixou desistir", frisa. Quando começou, ela esculpia em isopor todo o material usado na decoração. Porém, o aumento da demanda fez com que dedicasse maior tempo a montagem das festas. "Eu preparava e pintava o isopor. Fazia tudo manualmente", lembra. Atualmente, Lisiane e a mãe, Juraci Bolfe, trabalham em parceria. Em finais de semana de maior movimento, chegam a organizar dez festas infantis. Além de decorar, Lisiane indica garçons, confeitarias e recreacionistas.
"Fazemos também aniversários de 15 anos e eventos", salienta. Conforme elas, a preparação de uma festa pode levar até cinco horas. "Se temos tempo disponível, demoramos mais", afirma Lisiane. Segundo ela, o preço para a decoração de aniversários infantis pode variar entre R$ 230,00 e R$ 1.500,00. "O painel, a mesa e o arco de balões têm o preço mínimo", diz. No catálogo, constam cerca de 60 enredos infantis. "Para quase todos os temas, temos peças diferentes", conta. Comemorar é bom demais! Se uma festa é um sonho, a felicidade deve ser uma busca constante. Seja qual for a comemoração, o importante é ser feliz e, para tanto, o certo é que existem profissionais que trabalham muito pela alegria dos outros. HALDER RAMOS
Sempre atento: Seewald fotografa festas há 18 anos
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dèbut
No centro das atenções Para algumas meninas, a festa de 15 anos ainda é o momento mágico em que elas são apresentadas com muito luxo e glamour, por suas famílias, à sociedade
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DE
CLÁUDIO CUNHA SANTOS
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TATIANE WISSMANN (*) | FOTO
comemoração de aniversário é uma das mais tradicionais que existe. Não importa se são dez, 23, 30 ou 45 anos. O que vale é celebrar mais um ano de vida. Para algumas mulheres, uma data em especial é importante: os 15 anos. Uma festança. Cerimonial, vestido ou mesmo uma viagem. Tem que ser inesquecível. A tradição do Baile de Debutante, do Dèbut, é antiga. Teve início no século XVIII nas cortes européias. Dèbut quer
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MARCO ANTÔNIO FILHO
dizer estréia, começo, é uma comemoração de passagem para a vida jovem, uma forma de dizer: "Não sou mais uma menina". Para a enfermeira aposentada Ema Alves, 66 anos, a festa era uma forma de apresentar a jovem para a sociedade, sinalizando que a mesma não era mais uma menina e que já estava pronta para casar. "Isso era no meu tempo, hoje em dia, com a informação que se tem desde muito cedo, a liberdade com que as crianças são criadas, muitas, aos 15 anos, já estão
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mais do que apresentadas à sociedade", completa. A tradição pode ser antiga, mas nunca deixa de se renovar. É uma idade considerada ideal para o início da participação social responsável da mulher. Muitos clubes ainda mantém a tradição de realizar o baile de debutantes. A Sociedade de Ginástica Porto Alegre, Sogipa, realiza anualmente seu baile de debutantes. É uma noite onde as meninas são o centro das atenções. Elas estão sendo apresentadas com muito luxo e glamour, por suas famílias, à sociedade. Mas existe um ritual de preparativos para àquelas que decidirem pelo baile. Há uma programação "pré-dèbut" que envolve aulas de etiqueta e comportamento; aulas de valsa e passarela; orientações para tratamento da pele, cabelos e maquiagem; dicas de moda; sessão de fotos; atividades socioambientais; passeios; coquetel de apresentação e de encerramento e um ensaio geral. Por tudo isso, a família de cada debutante precisa pagar em torno de R$ 3.000. Gabriela Sarturi, auxiliar de eventos da Sogipa, explica que essa programação faz parte do Curso de Convívio Social para Debutantes. Todas as terças e quintas-feiras, dois meses antes do baile, as meninas se encontram para realizar essas atividades. Durante esse período tem a escolha do Broto da Sogipa, uma tradição do clube. A garota - que precisa ser sócia - irá representar a entidade durante um ano. O júri é composto pela dire-
toria do clube. Tem também a escolha do Broto Simpatia, escolhida pelas debutantes. "Ela não precisa ser sócia", diz Gabriela. Este ano participaram do evento 27 garotas, sendo 22 sócias e cinco de outros clubes, inclusive uma de Itaqui. Gabriela trabalhou diretamente com as meninas e conta que elas adoraram debutar, não estavam ali por imposição da família. "Eu vi que era por elas mesmo. Todas estavam empolgadas pela valsa, pela escolha do vestido, do par e pela possibilidade de ter sua foto nos jornais”, lembra. Na noite do baile, elas são apresentadas uma a uma. A debutante é tratada como uma princesa e, por esse motivo, há a presença de um “príncipe”. O par pode ser um irmão, namorado ou amigo. Ela faz um desfile pelo salão, é recebida pelo par que a leva até a mãe e o pai. O pai dança a primeira valsa e depois o par. Depois todas dançam juntas com seus pais. Gabriela diz que o número de debutantes diminuiu um pouco, o acontecimento sofre a influência do momento cultural e tem época que seu prestígio está em baixa, mas, na sua opinião, nunca deixará de existir. "É um ritual que se mantém porque vivemos em uma sociedade tradicionalista". Em contraste com os bailes de debutantes na Capital, estão os bailes no Interior. Enquanto as garotas da Capital perdem o interesse, as do Interior mantêm a tradição. Gabriela Sarturi
debutou em dois clubes da cidade de Santiago. Ela conta que lá não há um curso preparatório, não há todo esse ritual. "Fiz uma viagem para uma cidadezinha próxima, não houve palestras, somente um coquetel antes do baile. Para o professor de História Felipe Maldonado, de Caxias do Sul, o papel da festa de 15 anos, hoje, não tem a mesma relação com o contexto no qual ela foi criada, quando a burguesia estava em ascensão. "As meninas de uma realeza decadente, recém chegadas à puberdade, eram apresentadas para tentar um casamento com alguém da burguesia ascendente, tudo era um grande jogo de interesses", comenta. O que ainda permanece, segundo o professor, é a exibição do status social: "As festas de debutantes são uma grande mostra de poder aquisitivo de famílias abastadas, normalmente pertencentes às classes média e alta. Essa comemoração é impactada pelos 'clubes aristocráticos' das cidades onde a família pertence, que propagandeiam esse evento como algo luxuoso e elitista", explica. PACOTE TURÍSTICO Juliana, neta de Ema Alves, não quis nem saber de baile de 15 anos. Pediu uma viagem para Bariloche, na Argentina. Convidou uma turma de amigos da mesma idade e, juntos, fize-
ram um pacote turístico para festejar o aniversário na neve. Hoje muitas optam por comemorar 15 anos viajando. Pelo menos as que têm condições financeiras. “É comum os pais perguntarem para a filha o que ela prefere: baile ou viagem", completa Ema. Para a debutante Carolina Lumertz, 15 anos, que debutou na Sogipa no dia 15 de setembro de 2007, a data foi à realização de um grande sonho. "Foi um momento mágico que sempre vou lembrar". Muitas de suas amigas debutaram mais pela festa, pelos eventos e não pela tradição. "Mas mesmo essas meninas comentaram depois do baile que foi um momento único, maravilhoso, perfeito e que mexe com a gente realmente", diz. Para completar esse momento, Carolina foi eleita a Broto da Sogipa. "Me emocionei muito e achei uma experiência inesquecível", lembra. No Interior ou na Capital, o certo é que o dèbut acaba sendo uma comemoração inesquecível. "Sempre vamos lembrar da nossa festa”, diz Carolina. Para os pais ainda têm aquela idéia de marcar o amadurecimento da filha. É importante destacar, porém, que para participar de um evento como esse, é necessário ter dinheiro de sobra e ainda ter o desejo de manter essa tradição, o que não acontece com muitas meninas. (*) Colaboração de Fábio Prina ARTE DE KATTERINA ZANDONAI SOBRE FOTO DE DANIEL MARTINS
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Um ritual revivido 38 | Primeira ImpressĂŁo | Novembro/2007
O mundo contemporâneo trouxe mudanças de comportamento. O crescimento do índice de divórcios e de uniões informais apaga cada vez mais a magia dos casamentos, mesmo assim, há casais que permanecem muitos anos juntos
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DE
RACHEL DUARTE
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RICARDO DUARTE | FOTOS
uem chegasse naquele domingo para a missa matinal da Catedral da Santíssima Trindade da Igreja Evangélica Anglicana do Brasil não veria uma missa comum. Na chegada notaria a igreja enfeitada com flores e laços, como se fosse um casamento. Faltaria apenas o bispo e o noivo esperando ao pé do altar. Só que não era bem isso que estava para acontecer na manhã do dia 9 de setembro de 2007. Como de costume aos domingos, paróquia lotada. Transcorria o canto, e as orações e os sermões pareciam se repetir para a fé dos anglicanos. Até o momento em que o bispo Orlando Santos de Oliveira avisa: "Hoje temos um casal que vai renovar seus votos!" Um zunido de coxixos toma conta do ambiente e começa a se ouvir a melodia do órgão. A porta da igreja, que estava cerrada, se abre e revela a silhueta de um casal. Todos se viram, esticando o pescoço para ver melhor quem adentrava. Era Edi Faget Silva, 76 anos, e Carmem Escobar Silva, 70 anos. Braços dados. O noivo numa fatiota completa e um sorriso no rosto, enquanto a noiva entrava com calça clara, blusa bordada, sorriso e lágrimas escorrendo pela face. "Ah, eu me emocionei muito! Chorei que nem sei", confessa Carmem.
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DE
JOSÉ PADILHA
A emoção não era só dela, todos se comoviam diante do ato nobre de renovar os votos depois de 50 anos de casamento. Alguns casais novos se olhavam e projetavam ali como seria quando chegasse a sua hora. Enquanto isso, os filhos do casal já esperavam no altar para o grande momento da troca das alianças. Apenas 20 metros era a distância de Carmem e Edi do altar onde receberiam as bênçãos e selariam por mais uma vez o matrimônio. Amigos, parentes e desconhecidos acompanhavam a marcha com empolgação. Ao parar no altar, Edi admirava a companheira com quem convive há meio século. "Eu olho para ela e vejo-a sempre como uma guria", fala Edi com admiração. Num breve sermão, o reverendo fala da importância do matrimônio e da vida conjugal até pedir as alianças. Os netos de Edi e Carmem trazem duas almofadas, uma com cada aliança, que, por um capricho de Carmem, são as mesmas do casamento. Com as alianças devidamente abençoadas, eis o questionamento: "É da tua vontade ficar ao lado do seu parceiro na alegria e na doença até que a morte os separe?" Assim foi a cerimônia que reforçou a união de Edi e Carmem depois de 50 anos de convivência. O segredo para
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bodas
Renovação: Carmem e Edi estão casados há 50 anos
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isso são, segundo o casal, as diferenças entre eles, que acabam equilibrando o casamento. "Ela é muito calma e eu sou mais agitado. Também se não fosse assim, não daria certo", comenta Edi. O desejo de comemorar as bodas é uma maneira que encontraram para deixar registrado diante de Deus e de todos os familiares a vontade de manter aceso o compromisso do matrimônio, que hoje é tão desvalorizado pela sociedade globalizada. "Em 1957, quando me casei, o homem quando namorava, quando noivava, quando saía com a sua parceira, cobria as despesas. Tudo era por conta dele", lembra Edi. DESEJOS DO CASAL Outros aspectos influenciam na decisão de comemorar as bodas, como o fator econômico ou a insatisfação com a festa do casamento. Para a cerimonialista Gilca Scherer, as pessoas que optam por esta festividade o fazem muitas vezes, como forma de compensação. "Normalmente é quem não teve uma festa muito boa no casamento", salienta. Mas o que realmente importa são os sentimentos do
casal. Tudo que é de desejo deles é atendido na hora de programar a festa. Porém, a tradição e a religiosidade impedem que o bolo, os bonecos dos noivos e a valsa fiquem de fora da cerimônia. Gilca confessa que todo esse ritual festivo emociona até quem já está acostumado em realizar eventos. "Quando acontece o evento, é muito gratificante para nós. Temos muita alegria de ver a emoção dos casais", ressalta. Mesmo que não siga uma ordem, as cerimônias de bodas de casamento contam com vários passos tradicionais que tornam o momento elegante e inesquecível. Os braços enlaçados do casal ao partilhar a champagne do brinde e a hora de partir o bolo são dois momentos marcantes na festa. A magia da valsa também é algo charmoso e possibilita que o casal demonstre a alegria da comemoração. Certamente, no caso de Edi e Carmem, esses foram os reais motivos que influenciaram na hora de renovar os votos. Mesmo as lembranças da festa dourada e as fotos que guardam com carinho no álbum de fotografia não são suficientes para resumir a emoção desses eternos apaixonados.
Símbolos da união Bodas - Boda é a festa que celebra o aniversário de casamento. No Brasil é costume dizer bodas, no plural. Poucas pessoas conhecem a origem etimológica da palavra boda. Ela provém da palavra latina votum, que significa promessa. Desta forma, quando se diz "minha boda" estamos dizendo "minha promessa". De acordo com o seu significado religioso, sem dúvida é a promessa por excelência, que um homem e uma mulher podem fazer diante de Deus, realizando seu compromisso de esposo e esposa diante de um altar consagrado. Uma promessa para toda a vida, e esse é o ditame de seu ritual.
pedaços de bolo e recebem os aplausos de seus convidados enquanto o fotógrafo do casamento registra o momento. O casal quase sempre pega um pedaço de bolo com o garfo e serve um ao outro. Depois que a cerimônia do corte do bolo termina, ele volta para a cozinha para ser fatiado para todos os convidados. Alguns organizadores preferem não servir o bolo desta maneira, ao invés disso, colocam os pedaços do bolo em uma cesta para os convidados levarem para casa como lembrancinhas da festa.
Valsa - A primeira dança certamente é um momento Bolo - O bolo é um símbolo muito importante da festa de casamento ou de bodas. Ele fica em uma mesa elegante e decorada. Os noivos cortam os primeiros
único de felicidade. Nesta hora, os noivos fazem uma breve reflexão de tudo o que passaram para que aquele mágico momento tenha chegado.
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funerais
Viva a Morte! Os funerais e seus rituais nem sempre são encarados somente com tristeza. Na história e no presente existem festas, músicas e danças para os que se foram TEXTO
DE
LUCAS BARROSO
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MARÍLIA MACEDO | ILUSTRAÇÃO
DE
JEFERSON LUTZ
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funerais
mbiente de festa. Música no volume máximo. Sorrisos de felicidade distribuídos a granel. Pessoas bem vestidas. Não há uma cor nas roupas que mereça atenção especial. O curioso dessa "festa" é que todos os presentes têm um conhecido em comum, presente em carne e osso. Porém, um fato o difere dos demais: ele está morto. Fica uma pouco difícil imaginar a cena acima. Mas a história está repleta delas. Na Cidade do México, capital mexicana, do dia 30 de outubro ao dia 3 de novembro, acontece a Festa dos Mortos. Compatível com nosso Dia de Finados. São três dias da mais inusitada, para os padrões brasileiros, felicidade. "Mas, no fundo, a festa é equivalente ao carnaval no Brasil, pois é aquela mistura de pessoas e classes sociais. Saem todos à rua para comemorar os mortos", diz o professor do curso de História da Unisinos José Baldissera, que já foi duas vezes à capital para conhecer de perto a Festa dos Mortos. O ambiente é curioso. Esculturas em formatos de caveiras, muitas cores, bebida e integração. Mas a maneira que os mexicanos encaram a morte não se difere da dos brasileiros, não. "Por serem católicos como nós, eles também choram seus mortos, a diferença é o sincretismo com as crenças astecas que eles mantêm vivas até hoje", explica Baldissera. Uma curiosidade é o pão do morto, um pão sovado parecido com o italiano, só que mais doce. "É o melhor pão que já comi na minha vida!", afirma o professor. Esse caso é um dos poucos da cultura ocidental que se mantém vivo. As festanças fúnebres também fazem parte da cultura do povo mais nômade da história. Os ciganos são muito festeiros diante da morte. São sete dias de comida, bebida e música. O prato e a bebida prediletos do morto são servidos em oferendas. Para os ciganos, a morte é o prêmio da vida. "Eles fazem mais festa quando a pessoa morre do que quando nasce", explica o presidente da Associação Nacional de Empresas Funerárias, Paulo Coelho. No Brasil também resiste essa cultura da morte feliz. No nordeste brasileiro, existem funerais alegres, onde se "bebe" o morto. Nesses casos, há uma festa. O morto, geralmente velado em casa, fica em seu caixão enquanto os presentes dançam
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e bebem em sua homenagem. A prática ficou explícita na novela global Renascer, na qual os personagens comemoravam, de forma alegre, a morte como uma passagem. Saber que o morto começa uma nova etapa, distante dos vivos, é verdade, não é motivo de tristeza. "Esses eventos, que resistem até hoje, estão ligados a costumes indígenas e com o passar dos anos foram se modificando até o que conhecemos hoje", explica a professora de História da Unisinos Eliane Fleck. No século V, na França, os cemitérios sempre próximos às igrejas, mesmos contra as leis municipais e a decência da época, também serviam de local para festas e namoros clandestinos. Essa cultura de proximidade com a morte e indiferença em relação à mesma se manteve no Brasil do século XVIII, mais precisamente na Bahia, onde morte e festa não se excluíam. Suntuosos funerais, semanas dos santos, bandas de música ao vivo e integração da comunidade. Os enterros eram eventos sociais. Pessoas que passavam por um enterro ficavam e aproveitavam a festa, por respeito à família do falecido. O lado positivo da morte era reconstituir a vida entre os que ficaram. "A morte era temida também, mas era pública e compartilhada. As igrejas se confundiam com os cemitérios. Os funerais dos ricos, por exemplo, eram cheios de pompas e luxo. Um verdadeiro espetáculo de profusão barroca", relata Fleck. SÓ SE MORRE UMA VEZ A morte sempre esteve estreitamente ligada às religiões. E as diversas religiões buscam e entendem o ato de morrer à sua maneira. A maioria das ocidentais compreende o falecimento com uma passagem. Os espíritas, por exemplo, acreditam que, quando o ser humano morre, seu espírito continua presente. Já cristãos e judeus têm a crença que o homem encontrará o paraíso, um lugar melhor e distante dos sofrimentos da Terra. "Os rituais de morte existem para amenizar a dor dos que ficam. E cada cultura tem os seus mecanismos. O importante é frisar que a tristeza dos enterros não tem nada a ver com as religiões e, sim, com as ligações afetivas. A rigor, as religiões são formas de amenizar a dor dos que ficam", explica o sociólogo das religiões, Padre José Ivo Follmann. E a psicologia, como entende a morte e suas comemora-
Curiosidades Fúnebres Os velórios, hoje em dia, são muito sisudos e formais. Mas, mesmo assim, trazem algumas curiosidades*
ções? "A morte é vista como uma separação. Esta é a dualidade do ser humano: viver e morrer para certas coisas", define a professora do curso de Psicologia da Unisinos Anna Ruschel. Na nossa cultura, baseada em preceitos ocidentais dos imigrantes que aqui desembarcaram, a separação é vista como perda. A pessoa que falece se vai, nunca mais a teremos. "Nossa cultura é cumulativa, portanto perder é sempre visto como algo negativo", ressalta Anna. Mas por que os funerais alegres, esses diferentes rituais de passagem, resistem e resistiram esse tempo todo? A explicação está na própria sociedade. "Os rituais são importantes, pois a presença dos outros cria uma nova possibilidade. Essa presença conforta e dá apoio a uma mudança", completa a psicóloga. Uma coisa é fato: para morrer, basta estar vivo. Essa é a verdade mais incontestável que a vida nos apresenta. Porém, cada dia que passa, fingimos que não é conosco. Parece que só os outros deixam a vida. Os cemitérios de hoje, por exemplo, estão cada vez mais distantes dos centros das cidades e das igrejas. Ninguém quer a morte por perto. A própria sociedade não suporta enfrentar os sinais da despedida da vida, ou do corpo. Mas não saber enfrentá-la significa não sorrir para a mesma? Talvez a alegria e os bons momentos dos que partiram sejam uma boa lembrança. Talvez a tristeza não tenha sentido no fim. Então, por que não comemorar? Viva a morte!
Os caixões são um espetáculo à parte. Na Funexpo 2007, Feira de Funerárias realizada em Guarujá, São Paulo, foram apresentados vários diferentes. Os que mais chamaram atenção foram os coloridos. Entre eles, um rosa, apelidado de caixão da Barbie. Mas os de maior sucesso são os que apresentam emblemas de times de futebol. Cada pessoa veste o "paletó de madeira" do seu respectivo time.
Um serviço muito comum hoje nos velórios é servir um buffet aos convidados enquanto aguardam as 24 horas, média de duração de uma cerimônia comum.
Há também a presença de músicos que são contratados para tocar. Porém, eles não tocam músicas tristes, mas, sim, canções que o falecido gostava, a maioria delas populares (como as regionais gauchescas, por exemplo).
No quesito estranheza, um item merece atenção especial. "Têm pessoas que gostam tanto de seus bichinhos de estimação que querem caixões e velórios para eles. E as funerárias têm de respeitar o desejo da família", confirma o presidente da Associação Nacional de Empresas Funerárias, Paulo Coelho. Para esses casos, são vendidos caixões de gente mesmo. Se o cãozinho é pequeno, vende-se um caixão de criança.
Outra curiosidade se tornou uma desagradável tradição: os bêbados. "Eles não deixam os funcionários das funerárias trabalharem. Não querem que fechem a urna. Gritam e tudo mais. Mas, por sorte, sempre há pessoas mais conscientes, que os seguram", completa Coelho.
Saiba Mais A Morte é Uma Festa, de João José Reis (Ed. Companhia das Letras, 1991). (*) Todas as informações desse quadro foram fornecidas pelo presidente da Associação Nacional de Empresas Funerárias.
35 anos de
ARQUIVO AGEXCOM
crescimento
unisinos
O ano de 2007 marca os 35 anos do curso de Comunicação Social, os 15 anos da revista Primeira Impressão e os cinco anos da Agexcom e do Portal 3 TEXTO
DE
MARÍLIA MACEDO | FOTOS
estes 35 anos, a Unisinos formou 1.810 jornalistas, 1.818 publicitários e 960 relações públicas. Uma trajetória que se iniciou em 27 de setembro de 1972, quando o reitor João Oscar Nedel criou o curso de Comunicação Social. Dois anos depois, o curso deixou de ser polivalente, de conferir ao aluno título nas três formações, e passou a oferecer as três habilitações específicas. Entre os graduados na primeira turma de Jornalismo estava o Padre Attilio Hartmann. "Eram aulas participativas, que visavam o desenvolvimento completo do indivíduo", recorda. Em 1994, foi criado o Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação (PPGCom). "Foi um salto na qualidade do ensino e um incentivo à qualificação dos professores", afirma o Padre Pedro Gilberto Gomes, vinculado à Comunicação da Unisinos desde 1989, período em que apenas um professor tinha mestrado. Passados 18 anos, Pe. Pedro é hoje Pró-reitor Acadêmico da Universidade, mas seu percurso pelas Ciências da Comunicação permite contar a história recente do curso. De 1993 a 1995, foi chefe do Departamento de Jornalismo; de 1995 a 1996, foi coordenador do curso de Jornalismo; e, de 1996 a 1997, foi diretor do chamado Centro de Ciências da Comunicação, conhecido como Centro 3. Durante sua gestão, muitos fatos ocorridos ficaram marcados, como a inauguração do Bloco A, prédio que abriga hoje salas de aula, laboratórios, a Agência Experimental de Comunicação (AgexCOM), os Programas de Pós-graduação, as coordenações de curso, a sala dos professores, a Secretaria, o Posto de Atendimento e a rádio Unisinos FM 103.3. De 2002 a 2003, a professora Ione Bentz, hoje diretora
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MARCO ANTÔNIO FILHO
da Unidade Acadêmica de Pesquisa e Pós-graduação, deixou a coordenação do PPGCom para assumir a direção do Centro 3. Nesse período, criou os cursos de Realização Audiovisual e Comunicação Digital, a AgexCOM e promoveu a aproximação da Comunicação, TV e Rádio Unisinos. "Ambos funcionavam totalmente independente do curso. Hoje, são parceiros", conta. Por todos esses avanços, Ione considera que os 35 anos são frutos do trabalho coletivo. Sérgio Endler, seu vice-diretor nesses dois anos à frente do Centro 3, acredita que esta data é um momento para se refletir sobre o futuro. "Temos que continuar os processos que desenvolvemos e explorar o que mais podemos fazer de inovador", pensa. Se o assunto é o futuro, a mudança de currículo - o quarto currículo do curso de Comunicação foi implementado em 2007 -, trouxe um novo rumo ao ensino. O objetivo foi injetar mais idéias e ampliar os horizontes das três habilitações mais antigas. Conforme a diretora da Unidade Acadêmica de Graduação, Paula Caleffi, os novos percursos tiveram sua concepção voltada para oferecer aos alunos mais possibilidades. Os novos currículos estão em melhor sintonia com o mundo do trabalho e com uma educação que se pretende ser para toda a vida. Mas a principal característica, segundo Paula, é o fato de o estudante poder escolher em que área quer se focar, através das ênfases propostas, que são cursadas a partir do 7º semestre de cada habilitação. OS CURSOS: QUALIFICAR SEMPRE A coordenadora do curso de Publicidade e Propaganda, Anya Révillion, assumiu o cargo em 2002. "Tínhamos o objetivo de trabalhar para que o curso
Coordenadores das cinco habilitações do curso de Comunicação: Laura Canepa, de Realização Audiovisual, Anya Révillion, de Publicidade e Propaganda, Edelberto Behs, de Jornalismo, Erica Hiwatashi, de Relações Públicas e Gustavo Fischer, de Comunicação Digital
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unisinos
Quem faz a Primeira Impressão: Jacqueline Joner, editora de fotografia, Marcelo Garcia, designer gráfico, Miro Bacin e Thaís Furtado, editores de texto
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fosse excelente, incentivando a titulação dos professores", recorda. Alguns anos se passaram, mas a proposta inicial não se perdeu: "Trabalhamos para que os alunos se destaquem no mercado, com comportamento ético", enfatiza, relacionando com a qualidade do corpo docente que se constituiu. E as conquistas do curso de PP da Unisinos são significativas, pois, comenta Anya, o ensino de publicidade e propaganda vive uma crise. Existem muitos cursos técnicos e de curta duração que acabam atraindo os alunos e tornando a manutenção de um curso superior um desafio. Ela chama a atenção para o diferencial da Unisinos: "Nós ensinamos a pensar um anúncio, e não simplesmente a executá-lo. Pensar, refletir, criticar, leva tempo", explica. No Jornalismo, a aposta está na formação de um profissional multimídia, apto a corresponder às especificidades dos diferentes meios de comunicação, por isso a ênfase em Jornalismo Multimeios, encontrada no novo currículo. Outro trajeto possível é a ênfase em Assessoria de Imprensa, que prepara os futuros jornalistas para um campo ainda fértil e versátil. Porém, o curso não deve se preocupar somente com esse aspecto da formação direcionada. "Um jornalista precisa de boa bagagem social, filosófica, histórica e cultural", acredita o coordenador do curso desde 2003, Edelberto Behs. De acordo com ele, o currículo procura atender essa demanda, oferecendo disciplinas optativas nas áreas, por exemplo, de história e ciências sociais. "Os jornalistas estão devendo o social de comunicação social", argumenta. O curso procura fazer sua parte, oferecendo ao aluno atividades acadêmicas voltadas ao contato com outras realidades, com atores sociais que geralmente não têm espaço na mídia tradicional. Como exemplo, Behs cita o jornal Enfoque Vila Brás e as reportagens e documentários de telejornalismo. "Esse é o papel da imprensa: promover os debates da sociedade", enfatiza. Em Relações Públicas é adotada a mesma linha filosófica de preparar o cidadão. "Pretendemos formar um indivíduo mais humano e menos materialista. Esse é o espírito do novo currículo", diz a coordenadora do curso há três anos, Erica Hiwatashi, que destaca dois pontos da proposta: o terceiro setor como possibilida-
de de atuação e uma visão mais empreendedora relacionada à produção de eventos. "O RP ainda é visto apenas como produtor. Queremos mudar essa cultura, ensinando-o a pensar estrategicamente", argumenta. Outra preocupação do novo currículo foi qualificar as disciplinas de redação para os alunos de Relações Públicas. O curso edita a revista Imagem RP, que tem a proposta de valorizar a formação acadêmica e informar os alunos sobre o mercado de trabalho. Uma inovação foi unir nas mesmas turmas estudantes de Jornalismo e de RP. PRIMEIRA IMPRESSÃO: TRANSFORMAÇÕES A edição que você está lendo marca os 15 anos desta publicação experimental do curso de Jornalismo. Quando surgiu, em 1992, chamava-se Sui Generis. Em 1998, a revista trocou de nome por força de uma homônima com registro de marca. Primeira Impressão foi escolhido e patenteado após um concurso vencido pela aluna de Jornalismo Rosa Albina da Silva. Nesse mesmo ano, a revista deixou de ter a Comunicação como único tema. De acordo com o professor Miro Bacin, à época coordenador executivo do curso de Jornalismo, editor da revista ao lado de Thaís Furtado, a Primeira Impressão deu um salto de qualidade editorial e gráfica: "Passamos a explorar assuntos relevantes do cotidiano da sociedade e a ousar graficamente, com páginas arrojadas e imagens impactantes", ressalta. As mudanças tornaram a publicação conhecida nacionalmente, levando-a a conquista de inúmeros prêmios. Um reconhecimento que, segundo a professora Thaís Furtado, é fruto de uma publicação que prima pela interpretação e pelo aprofundamento dos temas. Em 2003, a Primeira Impressão ganhou a companhia do grupo de fotografia Khaos, dirigido pela professora Jacqueline Joner. O conceito visual da revista, lembra ela, partiu do conceito fotográfico adotado à época pelos cursos de Comunicação da Unisinos. As fotos, antes captadas apenas pelos alunos-repórteres, passaram a ser feitas também pelo grupo Khaos, formado por alunos, em sua maioria do curso de Realização Audiovisual e já atuantes na experimentação de linguagens e sentidos estéticos da produção de imagem.
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AGEXCOM E PORTAL3: FESTA EM DOBRO A AgexCOM e o Portal3 completam cinco anos. Começaram juntos e juntos contabilizam projetos. A professora Ione Bentz, responsável pela união de três agências - de jornalismo, publicidade e propaganda e relações públicas - em uma só, conta que a decisão foi de agregar forças e potencializar recursos e talentos, para atuar de forma mais livre e experimental. "Foi uma ação bem sucedida, pela competência dos profissionais envolvidos", destaca. Como toda mudança, a fusão das áreas de experimentação causou desconfiança e descontentamento em alguns. Apesar do momento inicial de tensão, segundo Ione, o resultado foi uma soma feliz. "São cinco anos de boas realizações", avalia. Sem investimentos financeiros extras na nova Agência, os profissionais envolvidos tiveram que se perguntar, "o que eu posso fazer de melhor com o que tenho?". Isso gerou, afirma a professora, mais criatividade e sinergia no trabalho desenvolvido. Hoje, a AgexCOM tem 23 estagiários, quatro professores e quatro funcionários - a relações públicas Taís Motta, a publicitária Eunice Teixeira, o jornalista Marcelo Garcia e a laboratorista Monise Jacques - formando a equipe. A coordenadora da AgexCOM, Thaís Furtado, conta que, no início, a área de PP da agência, então coordenada pelo professor Jim Pompeu, e a área de RP, na época coordenada pela professora Helenice Carvalho, faziam todas as campanhas internas da Unisinos. Em 2004, a Agência passou a atender somente ao Ensino, ou seja, às demandas dos cursos de Comunicação. "O objetivo era experimentar mais, fazendo parcerias com as disciplinas, por isso a existência de uma sala de aula dentro da Agência e a disponibilidade da estrutura como laboratório aos cursos", explica Thaís. No ano passado, a AgexCOM voltou a atender a algumas demandas internas da Unisinos, segundo o responsável pela área, professor Ângelo Cruz, possibilitando a manutenção de um fluxo de trabalho semelhante ao do mercado, mas guardadas as proporções e propósitos. A mesma política vale para as produções de relações públicas. "Atendemos todos os setores da universidade, mas nossa prioridade é com o aprendizado dos estagiários da agência, estamos num espaço acadêmico, onde se pode errar e corrigir o erro", afirma Nadege Lomando, responsável pela área de RP da Agência. A área, por sinal, conquistou o prêmio de melhor agência de Relações Públicas do Brasil este ano na Expocom (Exposição da Pesquisa Experimental em Comunicação - ligada à Sociedade Brasileira
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de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, Intercom), que ainda não conta com a categoria de agência integrada. Na área de jornalismo, além do apoio às publicações impressas - Enfoque, Primeira Impressão, Babélia, Imagem RP e a contracapa do Jornal da Unisinos (J.U.), é produzido o Portal3, escolhido na última Expocom como a melhor produção editorial e cultural, categoria Portal, do Brasil. É um espaço nobre de informação, experimentação e de visibilidade dos trabalhos realizados pelos cinco cursos das Ciências da Comunicação (PP, RP, Jornalismo, Realização Audiovisual e Comunicação Digital). "Aproveitamos ao máximo as possibilidades que o suporte digital nos permite", diz o professor Miro Bacin, responsável pela área de jornalismo da AgexCOM e editorchefe do Portal3. "A Internet nos propicia a adoção de uma rotina produtiva nos moldes de uma agência de notícias de mercado. Temos hoje dez estagiários cumprindo todas as etapas de uma redação, da pauta à circulação da informação. Trabalhamos basicamente com os assuntos da comunicação, oferecendo ao leitor uma agenda diária de temas", comemora Bacin. Nestes três anos, o Portal3 vem oferecendo cursos de extensão vinculados à cobertura jornalística nas áreas de agronegócio, esporte, direito e literatura, já tendo envolvido cerca de 500 estudantes em atividades externas. "Em nossa última oficina, reunimos em torno de 70 alunos, do primeiro ao último semestre de Jornalismo, na terceira edição da atividade na Feira do Livro de Porto Alegre. Com a parceria entre AgexCOM, coordenação do nosso curso e Santander Cultural, montamos uma redação no local da Feira. Em 16 dias ininterruptos de trabalho, produzimos e veiculamos mais de 200 textos, 300 imagens e 20 videocasts", registra Bacin. "São atividades que só mesmo um site como o Portal3 poderia viabilizar: baixo custo e alta produtividade e, acima de tudo, o investimento numa educação diferenciada, a partir de uma vivência especial, que agrega valor ao aluno, nos âmbitos pessoal e profissional", reflete. Se desde sua criação o curso de Comunicação Social propunha aulas participativas e com a preocupação com a formação completa dos indivíduos, como lembra o Pe. Attilio Hartmann, é possível dizer que, 35 anos depois, esse objetivo não só se mantém vivo, como ainda impulsiona a criação de novas ações que aproximam os alunos do mercado de trabalho e de uma atuação ética e consciente de sua futura profissão.
Equipe da Agexcom: Taís Motta, Nadege Lomando, Marcelo Garcia, Thaís Furtado, Ângelo Cruz, Miro Bacin e Eunice Teixeira
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unisinos
MIRO BACIN / ARQUIVO PESSOAL
35 anos
de histรณria
AGEXCOM / ARQUIVO
MIRO BACIN / ARQUIVO PESSOAL
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