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Estudantes visitam quilombolas
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Pataxós e as novas tecnologias
Cada vez mais cedo na internet
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Transporte público: reclamações
Circulando JORNAL LABORATÓRIO
CURSO DE JORNALISMO
Outubro 2014
ANO 15 EDIÇÃO 520
FOTO: Deividson Rodrigues
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Especial
Homem visita prédio onde cumpriu pena O ex-detento da antiga Cadeia Pública de Governador Valadares – que já foi conhecida como “Cadeião da Afonso Pena”, Valdemar Silva, de 57 anos, se emocionou ao voltar, recentemente, ao mesmo prédio, hoje reformado e sede da Academia Valadarense de Letras (AVL) e do Centro Cultural Nelson Mandela, que abriga a Biblioteca Pública Municipal Paulo Zappi. Pouco mais de 15 anos depois de ter entrado no prédio na condição de preso para cumprir pena por envolvimento com drogas, ele encontrou um cenário bem diferente, onde, no lugar de celas sujas e apertadas, e um “aglomerado” de detentos, havia amplos espaços de leitura, uma infinidade de livros e muitas pessoas convivendo num agradável e moderno ambiente.A visita, que aconteceu em agosto deste ano, foi acompanhada de perto pelo Circulando.
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A falta de ações mais eficazes, enérgicas e ágeis contra os criminosos por parte das autoridades levou a população a assumir o papel de agentes de segurança pública. Com isso, o que se tem visto é uma onda de cidadãos – muitos deles gente de bem – que estão saindo da posição de
FOTO: Arquivo pessoal
oprimido pela criminalidade e assumindo papel de opressor. Recentemente, em várias cidades brasileiras foram registrados casos em que criminosos foram detidos e agredidos fisicamente por populares. Em Valadares e Ipatinga foram registrados casos semelhantes.
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FOTO: Wagner Barcelar
Valadares entra no circuito dos animes
Há três anos, Governador Valadares entrou em definitivo no circuito dos festivais de animes e sedia pelo menos um evento do gênero todos os anos. Nesse tipo de evento, os fãs dos personagens de animação se vestem como seus heróis. Para os organizadores dos festivais animes
Comércio atraente para os chineses FOTO: Aline Júlia
em Valadares, esse tipo de evento vem crescendo na cidade, pois, a cada ano, o público tem se mostrado mais curioso por encontros desse tipo, com variedade cultural. Em setembro, a cidade sediou o 5ª Festival Valadares Power, evento que deu início à difusão das culturas alternativas.
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Fazendo justiça com as próprias mãos
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Andando pelo centro da cidade não é difícil notar estabelecimentos comerciais gerenciados por chineses. É possível encontrar de tudo: lanchonetes, bijuterias, restaurantes, lojas de motos, roupas e acessórios. Proprietária de uma loja de artigos orientais em Valadares, onde
mora há 35 anos, a taiwanesa naturalizada brasileira Chang Chai, ou Tereza, como gosta de ser chamada, diz que o fato de a cidade ter forte apelo comercial favorece a vinda de empreendimentos orientais. Ao Circulando, a comerciante conta como e quando chegou ao Brasil.
2 OUTUBRO 2014
OPINIÃO
As guerras da Copa e das eleições
EDITORIAL
Samuel Martins 4° período
O JORNAL LABORATÓRIO CIRCULANDO é uma publicação bimestral do Curso de Jornalismo da Faculdade de Artes e Comunicação (FAC) Fundação Percival Farquhar Presidente: Sr. Francisco Sérgio Silvestre
Redação
Expediente
Criado em 1999, o jornal-laboratório Circulando chega aos seus 15 anos de existência como um produto do curso de Comunicação Social da Universidade Vale do Rio Doce (Univale). Tendo como uma de suas principais características a qualidade da informação, sua história foi construída pela liberdade editorial, com foco em notícias regionais, de alcance amplo e de cunho acadêmico. Como jornal-laboratório, o Circulando nos ajuda, na condição de estudantes da área da comunicação, a compreender a importância da prática de um jornalismo voltado ao interesse público, pautado no respeito a todos os cidadãos. Como veículo de comunicação, procura ser um instrumento por meio do qual temos a oportunidade de apresentar aos valadarenses tudo aquilo que temos aprendido em sala de aula, entre as quais, o comprometimento com o local e o social. Quando falamos de respeito para com a comunidade, vale reiterar que ao longo desses 15 anos foram as mais diversas histórias e personagens que estamparam as nossas capas. Como fruto desse compromisso com a população, o Circulando conquistou em 2003 o prêmio de melhor jornal-laboratório do Brasil, na 10ª Expocom/ Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação), em que concorreu com mais de 40 periódicos produzidos por cursos de Comunicação Social de diversas instituições renomadas do país. Por meio da relação efetiva da Univale com a comunidade, nosso jornal-laboratório tem a função de fomentar o sentimento de pertencimento dos moradores em torno da nossa cidade, com fins de preservação da nossa memória cultural e visando a mudanças de comportamentos. Referenciando Maria Alice Faria e Juvenal Zanchetta Jr., autores de “Para ler e fazer o Jornal na sala de aula” (Editora Contexto, 2007), o compromisso deste jornal é liberar a palavra do aluno, capacitando-o a intervir na realidade, “ao aprender a ler criticamente o jornal, pois, para produzi -lo, é preciso aprender a diferença entre opinião e notícia; cria o hábito da pesquisa e da comparação de diferentes fontes para apresentá-las no texto, reforçando, assim, o espírito crítico”. Chegamos aos 15 anos apresentando um novo formato, uma nova proposta visual, uma nova linha editorial, mas com a mesma gana e o mesmo comprometimento de fazer muito mais que um jornal acadêmico. Nosso objetivo é fazer deste canal de comunicação uma forma de relacionar o conhecimento universitário com a realidade social, tornando prática a premissa teórica de uma importante universidade como a nossa, que é a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
Laboratório de Jornalismo e Publicidade Carlos Olavo da Cunha Pereira Rua Israel Pinheiro, 2000, Bairro Universitário - Campus Antônio
Universidade Vale do Rio Doce Reitor: Prof. José Geraldo Lemos Prata
Rodrigues Coelho - Edifício Pionei-
Coordenador do Curso de Jornalismo e Produção Publicitária: Prof. Dileymárcio de Carvalho Gomes
dor Valadares / Minas Gerais
Projeto Gráfico e Design: Prof. Mayer Moraes Lana Sírio Editor e Jornalista Responsável: Prof. Franco Dani - MTb MG 03.319 JP Editoração Eletrônica: Prof.Elton Binda AruaKe Frois Impressão / Tiragem: Gráfica e Editora Leste / 1000 exemplares
ros, Bloco C - Sala 6 - GovernaCEP: 35.020.220 Contato: (33) 3279-5548 circulando@univale.br
Como tenho saudade da Copa! Mas, a saudade não é pela seleção, e sim do Brasil daqueles dias. Eu nunca vi a Nação Verde e Amarela tão entusiasmada. Festas, jogos, alegria, boa recepção aos turistas... O nosso futebol é uma cultura tão maravilhosa e essa Copa com esses novos campos verdes das novas arenas foram palcos de guerras simbólicas fantásticas. Acompanhamos os Estados Unidos contra o Japão, a Rússia contra a Croácia, a Inglaterra contra a Argentina. Vimos a Espanha ser derrotada pelo Chile e pudemos acompanhar a ironia dos torcedores chilenos quando levantaram faixas com os dizeres “Nos coloniza ahora, España!”, que no bom português significa “Nos coloniza agora, Espanha!”. Para o nosso maior desprazer futebolístico da história das Copas, assistimos a Alemanha despachar o Brasil sem fazer muito esforço e dias depois ver essa mesma seleção europeia ser campeã do mundo com seu futebol eficiente
e bonito. Foram guerras simbólicas nos gramados, onde cada país tinha os seus homens-bombas (artilheiros) com seus chutes mortíferos, capazes de arruinar a feli-
“Foram guerras simbólicas nos gramados, onde cada país tinha os seus homens-bombas (artilheiros) com seus chutes mortíferos, capazes de arruinar a felicidade de uma nação.”
tamos travando outra guerra: a das eleições. Comparo a uma guerra porque é sempre a mesma coisa: de um lado, o “exército” dos que querem dar continuidade no poder. De outro, o dos que propõem novas ideias e projetos. Uma coisa é certa: essa guerra termina no segundo turno, em 26 de outubro, nas urnas, e até lá seremos bombardeados por santinhos, adesivos, jingles, sorrisos amarelos, abraços e apertos de mão. E nós, eleitores, estamos no meio desse fogo cruzado. Ah, meu Deus, que saudade da Copa! Por Ildo Amaro 6º período
cidade de uma nação. E nós, brasileiros? Não tivemos a nossa guerra simbólica particular, pois o Paraguai, que em 1950 tomou a taça de nós dentro de casa, não participou deste Mundial. Recentemente, es-
CHARGE Ilustração:: Salomão Renato
3 COTIDIANO
OUTUBRO 2014
Por Wagner Barcelar, Francislaine Ribeiro, Larissa Barros, Mauro Lúcio, Otacílio Rodrigues e Wesley Moura - 4º período
Justiça com as próprias mãos Tem se tornado cada vez mais comum assistir, ouvir ou ler nos noticiários casos de moradores que resolvem fazer justiça com as próprias mãos. “Justiceiros” que, diante da alegação de que estão cansados da morosidade de ações mais eficazes, enérgicas e ágeis contra os criminosos por parte das nossas autoridades, resolvem assumir o papel dos agentes de segurança pública. Com isso, o que se tem visto é uma onda avassaladora de cidadãos – muitos deles gente de bem – que estão saindo da posição de oprimido pela criminalidade e assumindo papel de opressor. Desde que o fato mais popular ocorreu no início de fevereiro deste ano, no Rio de Janeiro (RJ), onde um jovem foi agredido e preso a um poste após tentar assaltar turistas estrangeiros, histórias como esta têm se repetido em outros cantos do Brasil. No início de maio, um caso chocou o país: a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, morreu dois dias após ter sido espancada por dezenas de moradores de Guarujá, no litoral de São Paulo. Ela foi agredida a partir de um boato gerado por uma página em uma rede social que afirmava que ela sequestrava crianças para utilizá-las em rituais de magia negra.
Casos na região Mas, está enganado quem pensa que essas ações populares estão restritas apenas às grandes cidades. Em Governador Valadares, ocorreu um fato parecido no mês de março. Por descuido, um rapaz deixou sua bicicleta destrancada em frente a uma loja em que ele fazia compras. Enquanto isso, sua bicicleta estava sendo furtada. A vítima só se deu conta do crime porque o dono do estabelecimento o avisou. Ao perceber a fuga do ladrão, a vítima se deu conta de que não conseguiria alcançá-lo. Uma pessoa que passava de moto pela avenida ofereceu carona à vítima para tentar alcançar o ladrão, o que aconteceu pouco tempo depois. O rapaz que furtou a bicicleta foi imobilizando e amarrado pelos pés e mãos, enquanto a população, revoltada, batia nele. A história só não teve
FOTOS: Wagner Barcelar
Direitos Humanos
Em Valadares, rapaz que furtou uma bicicleta foi imobilizando e amarrado por populares, e em seguida, espancado
um final trágico porque um policial à paisana interviu e chamou a Polícia Militar. Quando as viaturas chegaram, os militares perceberam que o ladrão estava muito machucado e foi preciso chamar o Serviço de Atendimento Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). O rapaz foi levado para o Hospital Municipal e de lá para a Delegacia Regional. No mês seguinte, na cidade de Ipatinga, no Vale do Aço, um jovem de 18 anos, acusado de cometer furtos em uma região da cidade, foi amarrado a um poste com pedaços de lençol. Vestido apenas com uma cueca, foi maltratado por pessoas que passavam pelo local, que usaram fios de cobre para agredi-lo. Enquanto apanhava e pedia para não ser mais agredido, ele era obrigado a gritar que não roubaria mais. O jovem sofreu ferimentos nas costas, pernas e braços e foi levado para um hospital.
A respeito desse polêmico assunto, a equipe de reportagem do Circulando procurou a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Governador Valadares, atualmente presidida pelo vereador Leonardo Glória (PSD), que se posicionou contra tais ações justiceiras por parte da população, apesar de entender as motivações que a leva a praticar esses atos. “A Comissão de Direitos Humanos reza em seu artigo universal que todo ser humano nasce livre, dotado de direitos e deveres. Infelizmente, a sociedade em que nós vivemos está passando por uma fase de impunidade muito grande. E isso, a gente percebe nos altos e baixos escalões da sociedade. Corruptos que deveriam estar presos, mas não estão, e pessoas que não deveriam estar, mas estão. Não só isso, mas o descontrole na gestão pública, a falta da educação, escolas inapropriadas, falta de saúde etc. Todas essas questões básicas refletem e mágoa do cidadão de bem e que acaba desacreditando na política, na segurança pública. E com isso, os valores vão se perdendo, o respeito acaba, as pessoas não se conformam e passam dos limites. Não justifica, somos contra esse tipo de comportamento, pois as leis estão aí para serem seguidas. Mas, todos esses problemas entristecem a sociedade e a levam a agir dessa forma”, ressaltou o vereador, que também é advogado.
Foto-divulgação: TV Alterosa
Voz das ruas O Circulando também foi às ruas de Valadares ouvir a população a respeito desse assunto e o que encontrou foram opiniões distintas. “Eu sou contra, pois existe a justiça para lidar com esses casos”, disse João Paulo Almeida, 23. “Sou contra esse tipo de ato, pois acredito que só Deus pode julgar as pessoas. E se elas fizeram justiça com as próprias mãos, deveriam fazer o mesmo com elas também”, opinou Marilia Freitas, 26. “Sou a favor, porque quem tem que fazer justiça não faz, que são as autoridades. Isso não é correto, eu sei, mas já que eles não querem fazer, em alguns casos nos vemos abrigados a fazer justiça com as próprias mãos”, desabafou Alan Pereira, 30. Na cidade de Ipatinga, jovem de 18 anos, acusado de cometer furtos, foi amarrado a um poste com pedaços de lençol
4 OUTUBRO 2014
COTIDIANO
Evanilson Correia, Fábio Velame, Leandro Silva, Mariana Pereira, Reinaldo Lopes e Julia Denadai - 4º período
Estudantes reclamam de problemas no transporte público em horários de pico FOTOS: Julia Denadai
Aprobem completa dois anos em Valadares Foto-divulgação: Aprobem
Todos os dias, principalmente ao final das aulas da manhã e da noite, alunos da Univale se aglomeram no ponto de ônibus, esperando a hora de voltar para casa
Quem depende do transporte público em Valadares sabe como é difícil encarar os horários de pico. Os alunos do campus II da Universidade Vale do Rio Doce (Univale) conhecem bem essa realidade. Todos os dias, principalmente ao final das aulas da manhã e da noite, estudantes se aglomeram no ponto de ônibus, esperando a hora de voltar para casa. Depois de algum tempo de espera, quando o ônibus chega é hora de correr para garantir um lugar. Nessa hora, vale de tudo: empurra-empurra, pisão... Um verdadeiro aborrecimento, ainda mais no período noturno, quando muitos alunos já enfrentaram um dia inteiro de trabalho, seguido das aulas. A equipe de reportagem do Circulando resolveu registrar um desses dias, percorrendo o trajeto do bairro Grã-Duquesa ao campus II da Univale, no final de tarde, considerado horário de pico, no ônibus que faz a linha Morada do Vale/Capim. A viagem começou na avenida Itália, no bairro Grã-Duquesa, às 18h15. Inicialmente, havia ainda alguns lugares vazios no ônibus, que havia saído do ponto final do bairro Morada do Vale. À medida que o veículo parava nos pontos, o panorama ia mudando, e aquele cenário de aparente tranquilidade ficava para trás. Antes mesmo de chegar no Mergulhão, na avenida Minas Gerais, o ônibus já estava cheio, com algumas pessoas em pé. Às 18h30, o ônibus para no ponto da rua Bárbara Heliodora, na altura do cruzamento com a rua Peçanha, onde muitos passageiros – boa parte deles recém-saída do serviço e indo direto para a univer-
sidade – começam a travar uma verdadeira batalha para entrarem e depois se acomodarem no ônibus. A situação começa a ficar realmente crítica. E, até então, é só a metade do caminho até o campus II da Univale.
Valadarense alega que não foram constatadas ‘lotações superiores’
Reclamações Quando o ônibus passava pela rua Israel Pinheiro, na altura do bairro São Pedro, muitos passageiros começaram a reclamar da lotação. O veículo só começou a esvaziar ao chegar no campus II da Univale, por volta das 18h54, ou seja, depois de praticamente 40 minutos de percurso. Desceram do veículo, de uma só vez, 34 estudantes, incluindo a equipe de reportagem do Circulando. Ao acompanhar a reportagem até este ponto, possivelmente alguns leitores já estejam impressionados com o que vivenciaram os estudantes desde ônibus. Imagine, então, passar por isso todos os dias? “Além de ter que fazer a viagem em pé, tem muito falatório na cabeça, falta de espaço e músicas alta. Isso incomoda muito quem trabalha o dia inteiro”, desabafou Janilzete Ribeiro de Souza, que é usuária da linha Penha/Santos Dummont. Ao ser entrevistada pela equipe de reportagem, a universitária Pollyana Teixeira sugeriu mudanças que, na opinião dela, poderiam resolver esses problemas. “Poderiam aumentar as linhas, colocar mais assentos de área restrita para idosos, gestantes e pessoas com criança de colo, melhorar a estrutura dos ônibus, pois muitas vezes estão sujos, as cadeiras são desconfortáveis, muito quente”.
Procurada pela equipe de reportagem do Jornal Circulando, a Empresa Valadarense se pronunciou através de uma nota emitida por sua assessoria de imprensa: “A Empresa Valadarense de Transporte Coletivo informa que após acompanhamento realizado junto ao Semov das linhas que atendem à Univale, não foram constatadas lotações superiores ao esperado durante os horários de pico”. A advogada Kaline Santos esclarece alguns pontos importantes sobre o direito do consumidor em situações como esta, presenciada pelo Circulando: ‘‘Se a lotação dos ônibus extrapola o limite máximo e oferece risco à segurança, é direito do consumidor buscar a reparação de tal situação. A reclamação, à princípio, deve ser feita com a própria empresa responsável pelo transporte público. Não surtindo efeito, deve-se procurar os órgãos de
regulamentação e fiscalização (no caso do transporte municipal, o órgão fiscalizador municipal) e, em casos mais extremos, as instituições de defesa e apoio ao consumidor (Procon de forma individual e Ministério Público de forma coletiva) ou o próprio Poder Judiciário a depender da situação de violação do direito à segurança ou exposição a situações que sejam capazes de gerar dano material ou moral’’, esclareceu a advogada. Os usuários de ônibus da Valadarense que se sentirem violados em seus direitos, têm alguns canais de comunicação com a empresa, conforme verificado pela equipe de reportagem. No site www.empresavaladarense.com.br há opções de deixar mensagens via e-mail para a gerência, através do endereço gerencia@empresavaladarense.com.br, ou fazer contato via telefone. O número é (33) 32129200.
Por Tássia Palmeira Egressa do curso de Comunicação Social da Univale
periodicamente, a Aprobem realiza em Valadares feiras de adoção Por Tássia Palmeira Egressa do curso de Comunicação Social da Univale
Cuidar de cães e gatos, dar amor sem esperar recebê-lo de volta, acolher os animais que com ou sem motivo são abandonados nas ruas por seus donos. Essa é a missão dos integrantes da Associação de Proteção e Bem-Estar Animal de Governador Valadares (Aprobem). Muitas pessoas não sabem, mas essa associação existe em Valadares há pouco mais de dois anos e praticamente sobrevive de doações e ajuda de voluntários. Um deles é a jornalista Lucy Mattos, que conta que tudo começou em março de 2012, quando aconteceu a primeira assembleia geral. “Atualmente, cerca de 17 pessoas, além de voluntários, nos ajudam tanto com doações quanto com lares temporários”. O trabalho da Aprobem, segundo ela, começa com o recolhimento dos animais nas ruas de Valadares. A instituição, sem fins lucrativos, não tem sede própria e conta com a ajuda de lares voluntários para abrigar esses animais até que eles sejam levados para um lar permanente. “Somos voluntários, então fazemos mobilizações, feiras e resgates proporcionais a nossa estrutura, dependendo, várias vezes, da ajuda de outras pessoas para aquisição de remédios e outras coisas”, explica Lucy.
Adoção Em pouco mais de dois anos de funcionamento em Valadares, a Aprobem reúne números significantes. A associação recolhe, em média, 10 animais por mês, entre cães e gatos, e através das redes sociais incentiva a adoção de animais. Adotar um cão ou gato requere alguns procedimentos, como explica Lucy. “Antes da adoção, é verificado se a pessoa interessada tem condições de cuidar do animal que quer levar para casa. “O adotante passa por uma entrevista com uma associada para que possamos ter certeza de que o animal está indo para um bom lar, além das visitas que fazemos para verificar se o trato está sendo cumprido”. Quem tiver interesse em ajudar a Aprobem, ou adotar um animal, além das feiras de adoção a associação tem uma página no Facebook (https://www.facebook. com/aprobemgv) onde podem ser encontradas informações sobre animais desaparecidos, relação e fotos de cães e gatos que estão na fila de adoção, e produtos personalizados a venda. Também é possível acompanhar a agenda da associação, onde são divulgados os eventos dos quais a Aprobem participa e os que ela mesma promove, como por exemplo, as feiras de adoção de cães e gatos.
5 COTIDIANO
OUTUBRO 2014
Lettícia Gabriella, Myllene Nobelle, Marcela Ferreira, Natália Carvalho, Natália Costa e Davidson Fortunato - 4º período
Valadares entra em definitivo no circuito dos festivais de animes Imagine se vestir como um dos seus heróis dos quadrinhos? Pode até ser que a timidez não te permita fazê-lo, mas nesse caso, imagine então poder andar em meio a alguns desses ícones. Isso é possível nos festivais de animes, que como o próprio nome sugere, são eventos onde os personagens de animação ganham vida através dos fãs. Há três anos, Governador Valadares entrou no circuito dos festivais animes e promove pelo menos um evento do gênero todos os anos. O último aconteceu no mês de abril. A Praça de Esportes, no centro da cidade, recebeu a 3ª edição do Festival Anime GV. O evento foi criado por fãs das culturas Nerd, Oriental, Geek, Gamer e por fãs de quadrinhos do leste de Minas, sendo Valadares a sede escolhida para os encontros deste público. Neste ano, 17 atrações animaram os mais de 400 jovens presentes da Praça, e o evento ainda contou com estandes de vários comerciantes e apoiadores do movimento. Para os organizadores, o evento vem crescendo na cidade, pois, a cada ano, o público tem se mostrado mais curioso por encontros deste tipo, com variedade cultural. “O crescimento do
FOTO: Davidson Fortunato
Cidade é referência na região No mês de setembro foi realizado o 5ª Festival Valadares Power, evento que deu início à difusão das culturas alternativas em Governador Valadares. De acordo com os organizadores, foi o Valadares Power que deu origem ao Anime GV e ao Animix, festival itinerante realizado nas cidades de Caratinga (MG) e Timóteo (MG), e que ainda este ano pode ganhar uma edição em Valadares. A estudante universitária Tracey Bonilla, de 21 anos,
participou do evento. Para este ano, ela escolheu se vestir do personagem das histórias em quadrinhos “Loki”, mais famoso pela sua aparição nos filmes “Thor”, de quem é irmão, e “Os Vingadores”. “Trabalhei neste cosplay desde abril. Foi muito difícil, pois como tudo é artesanal, requer muita paciência, mas acredito a roupa passou a imagem forte e misteriosa do personagem”. Tracey conta que é ela mesma quem confecciona as
suas roupas, desde os tecidos aos acessórios, cuidando para que cada detalhe valorize a personalidade do personagem. O Valadares Power aconteceu no dia 13 de setembro, na Praça de Esportes de Governador Valadares. A agenda de eventos, fotos, concursos, gincanas, jogos relacionados ao mundo dos animes podem ser encontrados na página do Anime GV. O endereço é: http://www. animegv.com.
Fotos-divulgação: Arquivo pessoal
Em Valadares, personagens de animação ganham vida através dos fãs
público do festival veio com o desenvolvimento de novidades e melhor organização do que já existia”, conta Cristofer Rodrigues de Morais, idealizador do projeto. Para agradar os amantes das chamadas culturas alternativas, o evento teve diversas atrações, como campeonatos de card games e vídeo games, shows de bandas de rock, apresentações de grupos de dança, concursos de cosplay e lolita, gincanas e palestras. De acordo com Wilmer Lemos, proprietário da loja de quadrinhos Gibimania, o evento contribui para a difusão das culturas alternativas
na cidade, pois, segundo ele, “traz um público diferente, que não conhecia esse mundo e passa a conhecer”. Ainda de acordo com ele, “o Anime GV é uma oportunidade única em Valadares, pois confere maior visibilidade e ajuda no crescimento dos negócios voltados para estas culturas”. Esther Hellene, de 9 anos, participou pela primeira vez do evento, caracterizada como a personagem Videl, da série de animação “Dragon Ball Z”. Segundo ela, foi por influência do irmão, Arthur Figueiredo, de 16 anos, que se interessou pelo mundo dos animes.
TRACEY SE fantasiou de Loki, vilão dos quadrinhos
A MODA Lolita surgiu no Japão em meados dos anos 1980
Gastronomia que encanta os mais variados paladares Por André Neres, Eduardo Ferreira, Eugênio Saraiva e Farley Vasconcellos 6º período
Quando o assunto é culinária, o Brasil não fica devendo nada a nenhum país de Primeiro Mundo. Todos os anos, milhões de turistas que por aqui passam experimentam os mais variados pratos e se encantam com a variedade de sabores. De certa forma, isso resultou na abertura de restaurantes voltados para a culinária estrangeira, segmento que tem crescido nos últimos anos em todo o país. A culinária estrangeira também entrou para a rotina alimentar do valadarense. Japonesa, tailandesa, portuguesa, mexicana, italiana, chinesa... Enfim, é possível encontrar todos os tipos de comida em esquinas ou bares da cidade, que agradam os mais variados paladares. A ideia de investir no próprio negócio é quase sempre visto como um desafio. Imagine, então, abrir um restaurante especializado na culinária de outro país numa cidade do interior do Brasil,
com perspectiva de lucro semelhante à de uma metrópole? A missão aparentemente impossível vem se tornando cada vez mais real na vida da empresária Patrícia Carvalho. Há nove meses, o que parecia ser algo distante se transformou num sucesso de mercado. Impulsionado pelo “boom” do promissor setor de franquia, Patrícia investiu no serviço de pronta-entrega de comida chinesa. “Eu vejo com muito bons olhos a culinária estrangeira em Valadares, principalmente a chinesa. Os pratos que mais vendemos são também os mais conhecidos na culinária chinesa, como o frango xadrez; o yakissoba, que é o macarrão chinês com carnes, legumes e molho shoyo; e também o rolinho primavera, que é uma massa leve e crocante recheada com repolho, carne de porco e cenoura, acompanhado de um molho agridoce. Mas, todos os pratos do nosso cardápio são muito bem aceitos”, conta a proprietária do restaurante.
FOTOS: Eugênio Saraiva
Entre os restaurantes especializados na venda de comida estrangeira em Valadares, a culinária japonesa é uma das que têm conquistado muitos adeptos
Outros sabores Os restaurantes especializados na venda de comida japonesa também têm conquistado o seu espaço em Valadares. Para tanto, é necessário “jogo de cintura” para atrair o consumidor. Vista como uma comida exótica, o empresário Adélson criou a estratégia de oferecer ao cliente opções além do tradicional peixe cru. “Notamos que muitos valadarenses degustam as maravilhas da culinária japo-
nesa. O que impede que a maioria possa provar nossas delícias é o mito de que sushi é somente peixe cru, o que não agrada o paladar, já que remete a peixe cru e no cheiro forte de peixe. Isso cai por terra quando se prova os sushis grelhados com frutas e até mesmo os sashimis (peixe cru) com molhos especiais”, diz o empresário. E não pense que a opção é um simples detalhe para os clientes. Foi ela que atraiu a amante de comida japonesa, a assessora pública Mi-
chelle Figueiredo. “Fui apresentada à comida japonesa na época por uma colega de trabalho. Após experimentar, achei leve, saborosa, sem pesar no estômago, gostei de cara”, conta ela. A culinária italiana não fica de fora, principalmente por ser conhecida pela sua diversidade em nível regional. A convivência social e a leitura foi um dos pontos determinantes na escolha do radialista Santos Silvestre pelo um gosto de um bom prato italiano. O radialista costuma
ir a um restaurante especializado nessa culinária pelo menos uma vez na semana e o pedido quase sempre é o tradicional macarrão. “A gastronomia estrangeira é indiscutivelmente bem diversificada, até porque existem muitos restaurantes na cidade que facilitam o acesso a esse tipo de comida. Meu preferido é o macarrão, porque é um prato que permite as mais variadas combinações na sua montagem. Posso colocar vários ingredientes”.
6 OUTUBRO 2014
Do cárcere à
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m reencontro emocionante. Assim podemos resumir o que foi a visita de Valdemar Silva, de 57 anos, ex-detento da antiga Cadeia Pública de Governador Valadares, na rua Afonso Pena, ao mesmo prédio, hoje reformado e sede do Centro Cultural Nelson Mandela, que abriga a Biblioteca Pública Municipal Paulo Zappi, e da Academia Valadarense de Letras (AVL). A visita aconteceu em agosto deste ano a convite da equipe de reportagem do Circulando. Durante a visita, Valdemar encontrou não mais um lugar de sofrimento ou de solidão no qual conviveu alguns anos. Tudo isso deu lugar à cultura e à literatura. O cárcere deu lugar à liberdade.
História Fachada do Centro Cultural Nelson Mandela, que abriga a Biblioteca Pública Municipal Paulo Zappi. A Academia Valadarense de Letras faz parte do mesmo prédio
ESPECIAL
Por Aline Júlia, Deividson Rodrigues, Gabriella Mariano, Guinther Carvalho, Kessy Almeida, Laisla Andrade – 4º período
Para compreendermos melhor os detalhes dessa visita, é importante conhecermos a história do prédio. Construída em 1940 para no máximo 40 prisioneiros, na esquina das ruas Afonso
Pena e Marechal Deodoro, a antiga Cadeia Pública chegou a abrigar entre 180 e 200 presos perto do ano 2000, quando estava perto de ser desativada – nessa época estavam sendo concluídas as obras do atual presídio no bairro Santos Dumont. “Eram uns [presos] sobre as cabeças dos outros. Uma confusão tremenda e mortes todos os dias nas celas apertadíssimas, imundas, verdadeiros calabouços dos tempos modernos”, relembra o jornalista e membro da AVL, Antor Santana. “Quem como tantos valadarenses e eu mesmo viveu aquela época aqui em Valadares é que sabe a situação daqueles que caíam na desgraça de serem presos e terem de cumprir pena no famoso Cadeião da Afonso Pena, ou ‘Barril de Pólvora’, ou ‘Inferno Humano’ e outros nomes nada sociais. Sofriam também os parentes daqueles que ali ‘habitavam’, sofriam os policiais que, de semana em semana, tinham de enfrentar rebeliões e mais rebeliões no referido presídio e, todos os dias, ‘enfiar’ mais três, quatro presos onde já sobravam bem mais de uma centena. E sofria também
o Judiciário, a Justiça, que conhecia bem de perto a situação carcerária precária da cidade”, completou.
FOTOS: Deividson Rodrigues e Diário do Rio Doce (Divulgação)
O cenário Para completar a problemática situação de falta de espaço e instalações, a delegacia de Polícia Civil funcionava no mesmo prédio. É nesse cenário que Valdemar Silva cumpriu parte de sua pena de 2 anos e 8 meses na antiga Cadeia, por tráfico de drogas, no final dos anos 1990. Era um cenário completamente diferente do que encontrou na visita em agosto. “Eu, particularmente, nunca sofri nenhuma agressão, graças a Deus. Mesmo porque eu era um preso que tinha uma boa conduta. Então, era sempre bem tratado”, conta. Valdemar disse ter presenciado várias mortes, maustratos e rebeliões dentro do antigo presídio. “Pela minha boa conduta dentro e por ser amigo de todos, alguns carcereiros vinham conversar comigo para saber de alguma agitação estranha nas celas ou tentativa de rebelião para eu tentar convencer os outros presos a não se revoltarem”, lembra.
De dentro da Biblioteca Municipal Valdemar olha atento para o local onde ficava o p
À esquerda, foto da área interna da antiga Cadeia antes da reforma; à direita, trans
7 OUTUBRO 2014
ESPECIAL
à liberdade
pátio do banho-de-sol da antiga Cadeia Pública. Fachada foi tombada por lei municipal
sferência de presos no final dos anos 1990. Pouco depois, presídio seria desativado
No presente, o reecontro com o passado Depois que saiu do presídio, Valdemar decidiu que não voltaria para lá novamente. Aquele lugar só lhe trazia lembranças amargas e dolorosas. Com a reinauguração do prédio no início deste ano, agora como um grande centro cultural, o ex-detento sentiu-se desafiado em voltar ao local. Afinal, apesar da reforma, o antigo Cadeião da rua Afonso Pena marcou tanto a história de Valadares, ao ponto de a sua fachada, de estrutura antiga, ter sido tombada por lei municipal e, consequentemente, preservada. O que de certa forma, manteve algumas características do antigo presídio. Acompanhado pela equipe de reportagem do Circulando, ele entrou no prédio e não se conteve. “Estou impressionado! Mudou muito. É a primeira vez que venho aqui depois que desativaram a cadeira”, comentou, girando a cabeça e olhando os detalhes em volta. Ainda emocionado, ele fez questão de apontar para os locais onde antes ficavam as celas, o pátio, a Direção e a guarita onde os carcereiros vigiavam toda movimentação dos presos. Um fato que chamou a atenção da equipe de reportagem é que durante boa parte da visita ao Centro Cultural, enquanto caminhava pelos corredores cheios de livro e obras de arte, Valdemar repetia que não acreditava que
aquele local já foi sinônimo de “inferno” e que ele não acreditava que já havia vivido “naquele inferno”. Amparado por uma bengala – que já usava antes mesmo de sua prisão, há cerca de 15 anos – Valdemar chegou a dizer que fazia questão de ser fotografado com ela durante sua visita ao Centro Cultural, para lembrar da primeira vez que entrou naquele prédio, na condição de preso. “Eu
jovens de hoje, que não chegaram a conhecer o presídio, possam usufruir dele com outro propósito. Para mim, foi uma iniciativa muito importante. Eu passei por aqui, fiquei preso aqui e hoje a gente vê uma repartição de cultura. Tenho lembranças muito tristes daqui, mas o que vejo hoje é completamente diferente. A juventude, que até então não tinha conhecimento de que esse prédio já
conter uma rebelião. “Você vê em São Paulo o Carandiru, a casa de detenção. Foi pro chão, não aproveitaram em nada. Aproveitaram só o terreno. Mas aqui [no prédio do antigo Cadeião] já foi aproveitado. E bem aproveitado. Uma coisa muito boa! Dessa nova geração, quem entra aqui e vê todos esses livros e obras de arte, não sabe o que isso aqui já representou”, concluiu.
No novo prédio, o ex-detento encontrou um ambiente completamente diferente daquele que conheceu há 15 anos
não vou tirar foto sem a bengala, porque na época eu entrei aqui de bengala e os policiais me tiraram ela. Mas, eu sempre fazia outra com um pedaço de vassoura. Mesmo que eles quebrassem, eu fazia”, lembra. Ao final da visita, o ex-detento descreveu como foi estar de volta àquele prédio anos depois de um dos momentos mais difíceis de sua vida. “Gostei muito de como ficou o prédio. É um local cheio de histórias, onde os
foi um presídio, hoje entra aqui para conhecer a biblioteca. Naquela época, ninguém pensava ou imaginava que pudesse virar isso um dia”. Guardadas as devidas proporções, Valdemar chegou a comparar as histórias do antigo Cadeião com a do Carandiru, nome de uma antiga casa de detenção em São Paulo, onde, em outubro de 1992, 111 detentos foram mortos por policiais militares, que invadiram um dos pavilhões para
O Centro Cultural Nelson Mandela foi inaugurado em fevereiro deste ano. No primeiro piso, o pátio onde os presos tomavam banho de sol foi transformado em área de eventos e convivência, com bancos e jardins. No segundo pavimento há um auditório. A Biblioteca Municipal abriga um dos maiores acervos de Minas Gerais, com 90 mil livros. De acordo com a Prefeitura, foram aplicados na construção do Centro Cultural mais de R$ 1,7 milhão.
8 OUTUBRO 2014
NOSSO BAIRRO
Por Francislaine Ribeiro, Larissa Barros, Mauro Lúcio, Otacílio Rodrigues, Wesley Moura e Wagner Barcelar - 4º período
Bairro Planalto: importante traço da identidade de Governador Valadares Um bairro não é meramente a região de uma cidade, que serve de ferramenta de controle urbano e administrativo. É muito mais do que isso. É um fragmento em meio a um todo. Uma unidade com características próprias, com identidade própria, onde relações são construídas e inúmeras histórias são vividas. Nesta edição, a equipe de reportagem do Circulando visitou o Planalto, tradicional bairro de Governador Valadares. Lugar que como qualquer outro tem seus problemas, mas cujos moradores os superam com muita simpatia, bum-humor e trabalho. A história do bairro Planalto, hoje com cerca de 4,5 mil habitantes, se confunde com a de tantos outros bairros de Valadares, pois no passado era apenas uma fazenda, cujo proprietário era Gil Pacheco de Magalhães, que nos anos 70 resolveu lotear a área. A princípio, os primeiros compradores se interessaram pela parte baixa da fazenda. A chamada parte alta, com morros bem acidentados e de difícil acesso, não despertou muito interesse. Mas com o passar do tempo a parte alta também foi loteada. O começo foi difícil para os pioneiros do bairro, porque o bairro não tinha energia elétrica, água, calçamento e nem saneamento. As condições eram muito precárias. Para se ter uma ideia, durante cinco anos os primeiros moradores viveram no bairro sem energia elétrica. Um dos mais antigos residentes do Planalto e atual líder comunitário do bairro, o Sr. Valdecy, conta que quando a luz elétrica chegou ao bairro, foi motivo de muita festa e alegria. À época, quando ainda era criança, ele ficava perto do
poste olhando para a lâmpada, como se fosse algo sobrenatural, mágico, que despertava a curiosidade não só das crianças, mas dos demais moradores. “Foi uma das maiores conquistas do bairro até então. Um clima de euforia contagiante tomou conta dos moradores”, lembra.
FOTOS: Mauro Lúcio e Diário do Rio Doce (Divulgação)
Nomes engraçados Ele conta que outro momento também marcante na história do bairro Planalto foi a chegada da água canalizada. “Era uma alegria só. Meninos e meninas brincavam e corriam em torno da água, tomavam banho no espaço público. Era um tempo marcado pela simplicidade e inocência”. Por não haver ainda calçamento no bairro, as dificuldades eram inúmeras. Uma delas era a ausência de linha de ônibus. No período de chuvas, a situação se complicava para todos os moradores, pois quem morava na parte baixa sofria com a lama que descia dos morros. Já os moradores da parte alta sofriam com os morros escorregadios e muitos deles se machucaram em função disso. Alguns moradores, segundo o Sr. Valdecy, chegavam a dar nomes bem sugestivos e engraçados aos morros que caracterizavam a parte alta do bairro. Um deles foi apelidado de “Morro do Quiabo”, pois, de acordo com o líder comunitário, ninguém passava por ele sem tomar um escorregão. Tinha outro que era chamado “Morro do Escorrega e Lá Vai Um”. Bom, há quem diga que feliz é aquele que consegue rir de si mesmo. Neste caso, os moradores aprenderam a driblar as dificuldades com um pouco de humor e perseverança.
O bairro Planalto tem cerca de 4,5 mil habitantes e, segundo contam alguns moradores que lá residem a mais tempo, no passado ele era apenas uma fazenda
Desenvolvimento Por volta dos anos 90, chegou ao bairro o calçamento parcial, pois não foram todas as ruas que o receberam de imediato, o que só ocorreu com o passar do tempo pelas várias administrações municipais. Hoje, praticamente todas as ruas contam com calçamento - algumas com asfalto, mas nada que lembre mais aqueles tempos tão difíceis. A história do Planalto sempre foi marcada pelas dificuldades e desafios enfrentados pelos moradores desde o início. Mas, o bairro cresceu. Tornou-se um território com sua própria história, escrita por muitos personagens. O gado e o pasto da antiga fazenda deram lugar a casas, ruas, prédios, estabelecimentos comerciais e outras impor-
tantes construções, como a Escola Municipal Adélia Ribas. A instituição de ensino atualmente é ponto de encontro de vários moradores do bairro, pois é onde acontecem festas comunitárias, reunião dos times de futebol de salão masculino e feminino, das feiras de artesanatos, de projetos sociais. Como acontece em qualquer comunidade, as igrejas são um importante fator na vida dos moradores do Planalto. O bairro conta também com dois belíssimos templos da Igreja Católica, sendo uma na parte alta do bairro e outro na parte baixa. E a atuação da Igreja Católica no bairro é muito presente, pois possibilita o desenvolvimento de alguns projetos sociais em suas dependências.
O Planalto tem um comércio diversificado, com supermercado, padarias e lojas de roupas; à direita, a Escola Adélia Ribas, ponto de encontro da comunidade
Projetos sociais
Alguns dos projetos sociais abrangem a prática de esportes
O bairro Planalto conta com vários projetos sociais, como o Fica Vivo, escolinha de futebol masculino e feminino, projeto Arte Capoeira, projeto Arte Planalto, Programa Educacional de Resistências às Drogas e à Violência (Proerd), entre outros. O projeto Arte Planalto, por exemplo, cuida de crianças cujos pais passam boa parte do tempo trabalhando, e sobrevive de doações da comunidade. Na área da segurança pública, a Polícia Militar promove reuniões periódicas com os moradores e comerciantes. Até o fechamento desta matéria, segundo o que foi apurado pela equipe de reportagem do Circulando, não havia ocorrido nenhum homicídio no bairro em 2014. Quanto ao transporte pú-
blico, são duas linhas de ônibus disponíveis no bairro. Um grande atrativo da comunidade são as festividades do mês de junho, com as tradicionais barraquinhas. Há no bairro muitas empresas, algumas de grande porte. Os moradores são pessoas guerreiras, acostumadas com os desafios e dificuldades, que não perdem a coragem e nem a força de lutar por dias melhores. Perguntado sobre a característica mais marcante da comunidade, o Sr. Valdecy respondeu: “A humanidade é a maior característica da comunidade. Aqui, as pessoas são amigas, se ajudam mutuamente, não ficam isoladas nas suas casas, são receptivas. Tenho orgulho de pertencer à esta comunidade”.
9 Comportamento
OUTUBRO 2014
Por Talita Ramalho, Samuel Martins, Viviane Ferreira, Leandro de Aquino e Rafael Rocha – 4º período
Índios 2.0: a influência das novas tecnologias em uma tribo pataxó Há cerca de quatro anos, foi destaque na imprensa nacional e estrangeira a história de índios suruís que vivem na reserva indígena Sete de Setembro, na divisa entre os Estados de Rondônia e Acre, fazendo uso das novas tecnologias para defender a terra na qual eles vivem do desmatamento. Com a ajuda de GPS, eles passaram a monitorar a posição de madeireiros ilegais. Os dados são enviados para autoridades competentes, como Polícia Federal e Fundação Nacional do Índio (Funai), para que as providências cabíveis sejam tomadas. Foi quando os arcos e flechas deixaram de ser as únicas ferramentas de defesa do território, e as novas tecnologias passaram a fazer parte do dia a dia de muitas tribos indígenas. Recentemente, a
Ilustração: Ildo Amaro
equipe de reportagem do Jornal Circulando visitou uma dessas tribos. Situada no Parque Estadual Rio Corrente, em Felicina, distrito de Açucena (MG), encontra-se uma aldeia pataxó composta por 69 índios
divididos em 23 famílias. Lá, o trabalho braçal é mantido pelos homens, ficando para as mulheres as responsabilidades domésticas e o artesanato, principal fonte de renda aliado à lavoura - somente no ano passado,
foram comercializadas mais de 40 toneladas de mandioca. Nos dias de hoje, nadar nos rios, carregar toras de madeira e atirar flechas são tarefas que dividem espaço com as novas tecnologias na aldeia Gerú Tucunã Pata-
xós. Pelo menos, é o que revela uma integrante da tribo, a índia Sekwaí. Segundo ela, com a chegada dos telefones celulares, internet e televisão, a rotina da tribo passou por significativas alterações. Hoje, os Gerús Tucunã Pataxó estão se adaptando ao meio social e às normas estabelecidas pela nossa sociedade, se enquadrando a uma realidade bem diferente da cultura nativa deles. Por lá, as crianças já brincam com caixas de sons no formato de carros em meio aos barulhos da natureza. A índia Sekwaí conta que a chegada da tecnologia teve seus “prós” e “contras”. Ela lembra que na antiga aldeia em que habitava, já teve momentos em que na hora dos rituais típicos de sua gente, muitos índios preferiam ficar assistindo te-
levisão. Por outro lado, ela conta que o uso de redes sociais, como o Facebook tem sido um grande difusor da cultura tribal na tentativa de diminuir o preconceito acerca da comunidade e expor alguns dos problemas pelos quais eles passam. O cacique Baiara vê nessa aculturação a necessidade de uma aproximação dos veículos midiáticos para mostrar o índio como ele é: com a preocupação em manter a própria língua, rituais, mostrar o índio que trabalha para a sobrevivência familiar, além de expor a grande luta da tribo pela demarcação de suas terras. “Se o governo brasileiro demarcar nossas terras, vai ser um trabalho excelente. A internet tem sido uma grande ferramenta em prol dos nossos direitos”.
Crianças passam cada vez mais tempo na internet. Psicóloga faz alerta Salomão Renato, Camila Fernandes, Kesia Cristina, Daniela Franco, e Mariana Oliveira 4º período
Ainda estamos na segunda década do século XXI, mas, se comparado com o fim do século pass¬ado, podemos notar que as mudanças ocorridas no cotidiano das crianças brasileiras são muitas. Há 20 anos, não era comum que crianças de 5 anos trocassem uma brincadeira na rua com os amigos por um jogo online. Ou que aos 10 anos já tivessem perfis em várias redes sociais. Segundo uma pesquisa publicada pelo Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística (Ibope), em maio de 2012, naquela época as crianças brasileiras já passavam mais tempo na internet do que crianças de qualquer outro país. Outra pesquisa, essa feita pela empresa de segurança online Trend Micro, em 2011, apontou que os brasileiros são os que entram mais jovens na rede. Dados divulgados no início de 2014 pela empresa de cybersegurança AVG revela que 97% das crianças entre 6 e 9 anos, filhas de pai ou mãe que acessam a internet, já estão conectadas à rede.
Além disso, mais da metade dessas crianças já estão no Facebook. Com crianças cada vez mais conectadas, a atenção dos pais deve ser redobrada, segundo a psicóloga Vânia do Nascimento Sampaio. De acordo com ela, com a correria do dia a dia muitos pais acabam usando a TV e o computador para distrair as crianças. “Permitir que a criança passe muito tempo jogando, vendo vídeos ou nas redes sociais, pode desestimulá-la a buscar outras formas de diversão e acaba levando-a ao sedentarismo. Além disso, é de fundamental importância acompanhar o que a criança acessa, não só monitorando, mas fazendo o possível para participar, ensinado, aconselhando e também estimulando a criança a desenvolver outras atividades”.
Exemplos Fernanda, de 18 anos, garante que acompanha de perto o que os irmãos Francisco, de 4 anos, e Francielly, de 6, fazem no computador e no celular. Ela acredita que os jogos, de maneira equilibrada com
FOTOS: Camila Fernandes
Lados bom e ruim
Crianças passam cada vez mais tempo no computador e celular
outras atividades, são uma boa maneira de ajudar no desenvolvimento intelectual das crianças. Quanto ao acesso à internet, Fernanda diz que os irmãos ainda são muito novos e portanto ainda é desnecessário acessar a rede. Adriana, de 35 anos, diz que monitora tudo o que a filha Sarah, de 3, faz no computador. A pequena também ainda não usa a internet sozinha, mas desde os 2 anos adora assistir desenhos e novelas no computador, e já sabe ligar sozinha. A mãe se preocu-
pa em controlar o tempo que a filha passa na frente do computador e disse que não permite que ela o faça sempre que quer. Pedro Henrique, de 12 anos, tem acesso à internet desde os 10 e faz uso das redes sociais. Recentemente, Pedro criou um perfil no Facebook para a irmã Letícia, de 5 anos. A mãe, Neuzi, que tem 33 anos, também usa as redes sociais para se comunicar com os dois filhos que moram em outra cidade e não vê a tecnologia como algo ruim.
Segundo a pedagoga Lílian Marques, qualquer mídia pode, sim, ajudar no desenvolvimento da criança quando é utilizada com consciência e surtir o efeito contrário quando usada com irresponsabilidade ou imprudência. Além disso, segundo ela, a confiança é fundamental para uma boa relação entre os pais e os filhos, já que funciona de forma recíproca: o pai que confia no filho aumenta a possibilidade de que este também confie nele, tendo mais facilidade em participar da vida da criança. Porém, confiar demais pode ser um problema. A pedagoga ressalta ainda que a internet oferece um mundo de opções para as quais as
crianças ainda não estão preparadas. Outro ponto que pode gerar grandes transtornos, segundo ela, é o chamado cyberbullying. As brincadeiras maldosas feitas na rede muitas vezes não chegam ao conhecimento dos pais, ou chegam tardiamente, e aí, as consequências já podem ser irremediáveis. “As crianças estão em um contínuo processo de formação físico, psicológico e social. Nesses três pontos, o equilíbrio é fundamental para um desenvolvimento saudável. É preciso equilibrar o virtual com o real de maneira saudável, de forma que não prejudique ou influencie de maneira negativa as vidas dessas crianças”, concluiu.
10 OUTUBRO 2014
Comportamento
Por Aline Júlia, Deividson Rodrigues, Gabriella Mariano, Guinther Carvalho, Kessy Almeida, Laisla Andrade – 4º período
Comércio de Governador Valadares é atrativo para imigrantes orientais FOTOS: Aline Júlia, Guinther Carvalho e Kessy Almeida
Harmonia na corda-bamba FOTO: Kamila Oriol
Relativamente novo em GV, o slackline já reúne muitos adeptos Beatriz Cantarino, Kamila Oriol e Agnaldo Mariano - 6º período
Casada com um brasileiro, Chang Chai - ou Tereza, como gosta de ser chamada - é taiwanesa e mora em Valadares há aproximadamente 35 anos
Desde os tempos da colonização, o Brasil recebe muitos estrangeiros. Esse fato tornou o país uma nação multicultural. Dentre as diversas etnias presentes na realidade atual do Brasil estão os orientais. Hoje, a maioria se concentra no estado de São Paulo, mas é possível vê-los em muitas outras cidades, algumas delas interioranas, como Governador Valadares. Nesses locais eles se estabelecem, constituem família, montam seu próprio negócio, aprendem nossa língua e até participam das decisões políticas da cidade onde vivem. Um desses exemplos é Chang Chai, uma taiwanesa que mora em Valadares há 35 anos. Hoje, ela é cidadã brasileira. No Brasil, o grande fluxo da imigração oriental se deu a partir da década de
1950, quando chineses, taiwaneses, japoneses e coreanos saíram de seus países de origem acreditando encontrar no Brasil melhores oportunidades. Os principais motivos dessa migração foram as guerras que assolavam suas cidades-natais, consequente escassez de alimentos e o sistema político comunista. Foi na década de 1970 que Chang Chai, que hoje atende pelo nome de Tereza, saiu de Taiwan com sua família e desembarcou em São Paulo (SP). “Eu vim para o Brasil com quatro anos, não sabia falar nada de português, mas aprendi com facilidade, afinal era criança. Na escola, a professora não sabia pronunciar o meu nome e por isso me chamou de Tereza”. De acordo com ela, o choque cultural entre um país e outro é
grande e no início os pais tentaram aproximar ao máximo os costumes orientais com o do atual lar. Além da diferença na alimentação, não era possível praticar a religião. Hoje, o Brasil conta com alguns templos budistas nas grandes capitais, mas na época ainda não existiam. Vindo morar em Governador Valadares, anos mais tarde, foi na cidade do interior mineiro que Tereza formou-se em Odontologia pela Univale e casou-se com um brasileiro. Hoje, ela já fala o português fluente, tem dois filhos naturalizados na cidade e tenta preservar alguns costumes. Segundo ela, essa é uma tarefa difícil, já que seu marido e filhos nunca tiveram contato direto com os costumes da mãe. “Meus filhos tiveram um choque por parte da minha família porque meus
pais queriam falar em chinês com eles, assim como falam com meus sobrinhos, mas eles não conseguem aprender o idioma”, contou. Tereza tem seu próprio negócio. Ela abriu uma loja de artigos orientais no centro de Valadares, onde é comum encontrar pastelarias, lojas de roupa, comércio de bicicletas motorizadas, e todo tipo de comércio chinês. “Valadares é uma cidade que atrai os imigrantes, apesar de ser pequena. O comércio aqui é muito bom, por isso vemos a presença de tantos estrangeiros”, conta Tereza, que se naturalizou brasileira e que inclusive votará nas próximas eleições. “Eu voto porque moro aqui, pois as decisões que são tomadas pela Administração da cidade influenciam em minha vida. Acho importante fazer parte disto”, concluiu.
Uma fita elástica, dois pontos fixos e muito equilíbrio. Estes são alguns requisitos básicos para a prática do slackline (em português, “linha folgada”), um esporte que vem ganhando adeptos em todo o mundo. Em Governador Valadares, já se pode sentir os efeitos desta nova febre mundial. Em algumas praças da cidade é possível encontrar praticantes do esporte que tem na harmonia entre o corpo e a mente um de seus principais benefícios, além, é claro, de fortalecer os músculos, principalmente os membros inferiores e região abdominal. O slackline normalmente é praticado ao ar livre e trabalha o equilíbrio e a concentração. O estudante de Engenharia Igor Ferreira pratica o esporte há quatro anos. Ele conheceu a modalidade na Bahia e por curiosidade começou a praticar. Já ganhou campeonatos regionais e não quer parar mais. “O slack é o esporte com o qual mais me identifico. Acredito que é um esporte bem completo e que exige principalmente
muito treino”, explica. A prática do slackline produz vários benefícios para o corpo e a mente. É o que afirma o educador físico João Carlos. Segundo ele, o slakliene exige esforços principalmente no abdômen, pernas e braços. “Algumas academias estão incluindo o esporte em treinos por trazer bons resultados. Além de tonificar e fortalecer os músculos, a concentração é trabalhada o tempo todo. Ainda está um pouco tímido, mas tem tudo para ‘bombar’”, entusiasma-se. O slackline surgiu entre escaladores americanos na década de 1980, nos campos de escalada do Vale de Yosemite, nos Estados Unidos. Mas o esporte somente se popularizou no Brasil na década de 2000. O principal reduto de divulgação do slackline no Brasil foram as praias cariocas. Não existem estatísticas oficiais quanto ao número de praticantes do esporte no Brasil. Mas pela praticidade, benefícios e baixo custo em relação a outras modalidades, a expectativa dos amantes do esporte é que o número de adeptos só aumente.
Entendendo o esporte O slackline é um esporte de equilíbrio sobre uma fita de nylon, estreita e flexível, praticado geralmente a uma altura de 30 centímetros do chão. Sua origem vem da escalada, popularizou-se como treino de equilíbrio, e agora, vem sendo desenvolvido e difundido em todo o mundo. É indicado para todas as idades, podendo ser praticado
por crianças a partir de 5 anos. Divide-se em quatro modalidades: Trickline, geralmente praticado a partir de 60 centímetros de altura; a Longline, que é a pratica do slackline em fitas com comprimento a partir de 20 metros; o Highline, que é praticado em alturas superiores a 5 metros; e o Waterline, que é a pratica do slackline sobre a água.
11 ENFOCA
OUTUBRO 2014
Por Evanilson Correia, Fábio Velame, Leandro Silva, Mariana Pereira, Reinaldo Lopes e Julia Denadai - 4º período
Estudantes de Jornalismo visitam Comunidade Quilombola Alunos do curso de Jornalismo da Universidade Vale do Rio Doce (Univale) visitaram a Comunidade Quilombola de São Felix, na zona rural de Cantagalo (MG), cidade que fica a cerca de 120 quilômetros de Governador Valadares (sentido São João Evangelista/MG), para conhecer a vida e a cultura dos remanescentes do quilombo. A comunidade é devidamente registrada nas comunidades quilombolas de Minas Gerais desde 2007 e atualmente é composta por 37 famílias, muitas interligadas por algum grau de parentesco. Vivem do trabalho do campo e de apoio assistencial das lideranças políticas locais. Os alunos visitaram várias casas do lugarejo com o objetivo de identificar as características do povoado e de seus moradores. Algumas famílias se reuniram na escola da comunidade onde aconteceu um bate-papo e entrevistas. Os estudantes participaram de brincadeiras e saborearam alguns pratos típicos. Os moradores apresentaram
FOTOS: Julia Denadai
O grupo visitado está registrado nas comunidades quilombolas de Minas Gerais e é formado por quase 40 famílias
Você sabia? cantigas, dançaram e fizeram suas orações. Ficaram muito felizes com a visita e se desculparam pela ausência de alguns de seus líderes naquele dia. A visita proporcionou ao grupo de alunos um contato direto com a cultura e as
tradições com os quilombolas, reconhecendo, assim, sua identidade e valores. O grupo que participou da visita concorda que trabalhos como esse enriquecem o currículo dos alunos por conta do contato com a diversidade cultural brasileira.
• Quilombo é uma palavra africana originada do quimbundo (ki lombo), ou do umbundo (ochilombo), línguas faladas em Angola, e designava lugar de pouso ou acampamento. Os escravos iam para os quilombos para não serem encontrados, pois onde eles viviam eram sempre
explorados e sofriam maus tratos. • Existem comunidades quilombolas em pelo menos 24 estados do Brasil, entre eles, Minas Gerais. Atualmente, existem aproximadamente 400 comunidades quilombolas no estado distribuídas por mais de 155 municípios.
• As regiões de Minas com maior concentração de comunidades quilombolas são a região norte e a nordeste, com destaque nesta última para o Vale do Jequitinhonha. Estima-se que existem mais de três mil comunidades quilombolas no país.
FONTES: Projeto Ancestralidade Africana e Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva
Da Academia para o mercado de trabalho Por Talita Ramalho, Samuel Martins, Viviane Ferreira, Leandro de Aquino e Rafael Rocha – 4º período
No dia 18 de agosto comemorou-se o Dia do Estagiário. Mas, qual a importância dessa figura para o mercado de trabalho? Bom, falando em mercado de trabalho, este está cada vez mais exigente. Por conta disso, há uma preocupação crescente por parte das instituições de ensino superior em preparar seus alunos para a futura profissão. E o estágio é o primeiro passo, uma espécie de “treinamento”, um ponto de partida. Ele possibilita o primeiro contato com toda a prática vista em sala de aula e o comportamento do estudante neste período é fundamental para traçar o tipo de profissional que será no futuro. O primeiro estágio é sempre o mais importante, é a primeira relação com a prática, muitas vezes nem vista ainda em sala de aula. Acir Filho, técnico e supervisor em Eletromecânica, formou-se em 2011. Ele já foi estagiário e hoje é supervisor de estágios de um setor de indústria em Governador Valadares.
Ele contou sobre a sua primeira experiência com o estágio quando universitário. “Primeiro contato com o estágio, o estudante se sente inseguro. É muito difícil. Os obstáculos e os desafios aparecem para testar a sua capacidade e suas habilidades”. Acir falou sobre a importância do estágio para a vida acadêmica de um aluno: “Vai além do que está em sala de aula. O estudante obtém uma visão mais ampla e pode observar se é esse o caminho certo a percorrer”. O estagiário sente o gosto de trabalhar naquilo que estuda e cria uma relação interpessoal com os profissionais que já estão na área. O aluno sai um pouco do que está escrito no livro”. Pontos de vista Quem habitualmente contrata estagiários diz que é sempre um desafio e uma grande responsabilidade. Uma delas é Célia Marques, assessora do Sistema de Proteção ao Crédito (SPC) da Câmara de Dirigentes Lojistas de Governador Valadares
(CDL-GV), para quem toda empresa deveria aderir a um plano de estágio em que o estagiário alinha-se ao objetivo da empresa: “Primeiramente, apresentase ao estagiário a missão, visão e os objetivos da empresa, juntamente com as regras e normas estabelecidas. É necessário que as empresas se preocupem em organizar seus programas de estágio, desde os processos seletivos até a efetivação de seus participantes. É preciso que o gestor tenha bem definido o perfil do estagiário, levando em consideração as funções designadas. O estagiário precisa ter consciência da oportunidade do estágio”. Fabrício Greco é aluno do 3º período de Produção Publicitária da Universidade Vale do Rio Doce. Ele estagiou em uma empresa de comunicação e falou sobre a importância do estágio na sua formação profissional: “Desde os anos iniciais da universidade, é preciso ter esse contato e saber relacionar a teoria com a prática do estágio. Ensina mais do que a própria sala de aula, é um contato com
Ilustração: Salomão Renato
a realidade. O estágio nos mostra o que o mercado vai exigir de um futuro profissional. No estágio, sabese o que deve ser melhorado no decorrer do curso e ainda nos proporciona a oportunidade de ajustar os tais erros. No fim, sem dúvida torna-se um profissional mais completo”. Na visão do professor
Dileymarcio de Carvalho, coordenador dos cursos de Jornalismo e Produção Publicitária da Univale, ter um estagiário na redação de um jornal é um grande benefício, não só para o aluno mas para toda a equipe. Para ele, o estagiário serve de “ponte” entre o ambiente acadêmico e o mercado de trabalho. “A
experiência com o estágio tende a acrescentar um amadurecimento profissional. Um estudante que faz estágio em seu período acadêmico é muito mais valorizado no mercado de trabalho. As diferenças são percebidas não só no currículo, mas em toda a carreira profissional”, ressaltou o professor.