CIRCULANDO ANO 13 NÚMERO 397
JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVALE, SETEMBRO DE 2011
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Arquivo Pessoal
Drible na “sociedade da pressa” Na crônica “Manual da Delicadeza”, Karla Nascimento, aluna do 8º período de Jornalismo e professora da rede pública do Ensino Infantil, deseja aos leitores tempo para vivenciar o PRESENTE. Página 2
Humor Mendelévio e Telúria estão de volta e aprontam mais uma peripécia das boas. Confira a história dessa famosa dupla. Página 7
Precisa-se de voluntários Casa de Recuperação Dona Zulmira conta com a ajuda da comunidade para atender às necessidades dos internos
Alexandrina Borges
A prática da solidariedade faz bem tanto aos que praticam quanto aos que recebem a doação. Algumas pessoas ajudam as instituições sociais da cidade com bens materiais ou mesmo dinheiro. Porém, muitas vezes o que os internos precisam é de atenção, uma boa conversa ou mesmo um sorriso, como é o caso da Casa de Recuperação Dona Zulmira. Página 6
Casas geminadas dividem opiniões Página 8
Teste psicológico para ajudar os indecisos Decidir qual curso superior fazer é uma angústia para muitos universitários. Uma opção para contornar esse momento é o Processo de Escolha Profissional, mais conhecido por teste vocacional. O exame, feito por psicólogo, abrange o método profissional e o clínico. Entenda mais sobre o assunto na Página 5 O interno José Vieira da Silva, 75 anos, se distrai com seu rádio e também com a companhia das funcionárias da Casa de Recuperação Dona Zulmira
Curso de Jornalismo lança nova edição da GIRÔ A edição de nº 10 da Revista-Laboratório GIRÔ, desenvolvida pelos alunos do 8º período do Curso de Comunicação Social Jornalismo da Univale, acaba de ficar pronta. Com a participação integral dos alunos em todas as etapas, a publicação aborda a temática da Comunicação e foi desenvolvida por meio de trabalho interdisciplinar com os cursos de Design Gráfico e Letras. O lançamento oficial da GIRÔ/2011 acontece no dia 12/09, às 19h30, na abertura da Mostra da Comunicação e ExpoDesign 2011. O evento, promovido pelos cursos de Jornalismo e Design Gráfico da Univale e aberto a toda comunidade valadarense, será realizado entre os dias 12 e 16 de setembro, no Campus Antônio Rodrigues Coelho, no Bairro Universitário. Mais informações pelo site da Univale (www.univale.br) ou pelos telefones (33) 3279.5927 / 5928.
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OPINIÃO
CRÔNICA
CHARGE
Manual da Delicadeza KARLA NASCIMENTO / 8O PERÍODO DE JORNALISMO
Tic-tac! Hora de acordar. Ir pro trabalho. Almoçar. Trabalhar mais. Chegar em casa. Tomar banho, engolir um café, ajudar nas lições de casa do filho, ir pra faculdade. Essa deve ser a rotina de muitas pessoas atualmente. Sem dúvida estamos vivendo uma indústria da pressa, como nomeia o psiquiatra e escritor Augusto Cury. E para atender a essas demandas vamos aos poucos perdendo a sensibilidade, a capacidade de contemplação do belo, a delicadeza. Mal o semáforo mudou para o verde e já se ouvem buzinas. As filas são um bom termômetro para medir o nível de estresse em que chegamos. Ficamos inquietos. Batemos o cartão na mão, olhamos de um lado para o outro, lemos todos os cartazes afixados no estabelecimento e se quase na nossa hora de sermos atendidos um idoso se encaminha para o balcão... ishhh! Tem gente que reclama nem que seja com aquela apertada de canto de boca. O dia passa. A percepção de que o tempo é cada vez menor aumenta. Corremos, literalmente, para dar conta de tudo. E ao final do dia chegamos em casa. Nosso corpo revela que estamos em trapos. Os músculos rígidos refletem a tensão. Muitos passaram horas diante do computador.
Vistas cansadas. Coluna desalinhada. E a fome? Constantemente há pessoas que trocam a refeição mais sagrada do dia, o almoço, por um salgado com refrigerante. E por quê? A desculpa é unânime: Não deu tempo! E assim, em meio a uma sociedade que oferece todas as tecnologias a serviço do prazer e do entretenimento, assistimos o aumento de casos de ansiedade, depressão, obesidade, diabetes e tantos outros sintomas psicossomáticos. Cury salienta que aprendemos sobre os átomos e o universo, mas pouco ousamos trilhar os labirintos do nosso ser. Protegemos nossa casa, nosso carro, mas não aprendemos a proteger as nossas emoções dos estímulos estressantes. Cultuamos as celebridades instantâneas, mas mal percebemos a presença do porteiro, da faxineira, do gari. Sim. Estamos perdendo a delicadeza. Um bom dia com suavidade pode tornar mais leve nosso trabalho. Um sorriso, um olhar, um abraço, um gesto solidário podem abrir as janelas da nossa memória e criar em nosso córtex cerebral um espetáculo cheio de luzes, de energia positiva, de paz, de delicadeza. O meu desejo é que você “tenha tempo” de vivenciar esse momento precioso, que não podia ter nome melhor que PRESENTE!
ARTIGO
2011 - Ano mundial da medicina veterinária ANIBAL SOUZA FELIPE DA SILVA*
Em 2011, os veterinários celebram o ano mundial da Medicina Veterinária, o VET 2011. A data comemora os 250 anos da ciência veterinária no mundo, tendo como marco a implantação da primeira escola de veterinária em Lyon, na França. Com o slogan "Veterinário para a saúde, Veterinário para o alimento, Veterinário para o planeta.", diferentes organizações em diversos países, norteadas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), reconhecem a importância para a sociedade e promovem essa profissão que, no Brasil, completa 100 anos. Embora existam há 250 anos, muitas pessoas não compreendem que os médicos veterinários são agentes que atuam não apenas para a saúde e o bem-estar dos animais, mas também são imprescindíveis na saúde pública, na evolução das pesquisas biomédicas, na proteção ao meio ambiente e na preservação da biodiversidade, seleção e multiplicação animal.
Compete exclusivamente a esses profissionais a inspeção e certificação de todos os produtos originados de animais que servem de alimento para os homens como, por exemplo, a carne, o leite, o queijo, os ovos, o pescado e o mel garantindo, assim, que contaminações e graves doenças transmissíveis aos humanos pelos animais e por seus subprodutos, as zoonoses, não sejam transmitidas aos consumidores. Além disso, os veterinários garantem condições para a máxima produtividade animal buscando sempre aliar rentabilidade, qualidade dos animais e de seus produtos e o bem-estar animal. Quando constatamos ainda a evolução das cidades e a inter-relação cada vez mais intensa e complexa entre os homens e os animais, fica difícil imaginar como se pode garantir uma convivência harmoniosa e saudável sem a presença atuante do médico veterinário, seja nas casas de ração, pets shop ou clínicas veterinárias. Quem não já passou
pela angústia de ter o cachorro, o gato ou outro “pet da família” socorrido e medicado habilmente por um médico veterinário? Sem dúvidas, a medicina veterinária tem se destacado como profissão coringa para o desenvolvimento sustentável das comunidades em todo o mundo e, a cada dia, sua participação tem colaborado para o bem-estar e para a saúde das sociedades. Recentemente, no Brasil, a medicina veterinária foi incluída pelo Ministério da Saúde como especialidade que poderá compor as equipes dos Núcleos de Assistência à Saúde da Família, popularmente conhecido como PSF’s. Por tudo isso, os médicos veterinários estão de parabéns e devem mesmo comemorar! E quanto a você, leitor, comemore também, porque tem sempre um médico veterinário cuidando da sua família. * Médico Veterinário e doutorando em Ciência Animal pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O Jornal-Laboratório Circulando é uma publicação bimestral do Curso de Jornalismo da Faculdade de Artes e Comunicação (FAC). Fundação Percival Farquhar Presidente Edvaldo Soares dos Santos Universidade Vale do Rio Doce Reitora Profa. Ana Angélica Gonçalves Leão Coelho Diretora de Área das Ciências Humanas e Sociais Profa. Cláudia Gonçalves Pereira Coordenadora do Curso de Jornalismo Profa. Nagel Medeiros Editora e Jornalista Responsável Profa. Fernanda Melo (MG 11497 JP) Redação Alunos do 4o Período de Jornalismo Editoração Eletrônica Prof. Brian Lopes Honório Impressão / Tiragem Inforgraf / 1.000 exemplares Redação
Laboratório de Jornalismo Rua Israel Pinheiro, 2.000, Bairro Universitário - Campus Antônio Rodrigues Coelho - Edifício Pioneiros, Sala 4 - Governador Valadares/Minas Gerais - CEP: 35.020-220. Contatos: (33) 3279-5956 - circulando@univale.br
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SOCIAL
Sonhos e frustrações dos moradores de rua Em meio às adversidades da vida, moradores de rua de GV esperam pelo dia que terão lar, trabalho e dignidade Fernando Fortunato
FERNANDO FORTUNATO 4O PERÍODO DE JORNALISMO
Uma caixa de papelão amassada, um cobertor surrado e uma bolsa com algumas roupas. Ao lado, um litro de garrafa pet com água e um marmitex indicam que naquela noite teve jantar. Esse é o cenário de quem perambula pelas ruas da cidade, sem teto, sem lar, sem pão e sem amor, mas que busca um abrigo para se esconder do frio ou da chuva, enquanto a multidão se dirige para suas casas, muitas vezes indiferente ao que acontece a poucos metros dos seus olhos. São pessoas que buscam um mínimo de atenção, um bocado de pão ou um simples “olá!”. Elas ficam próximas às estações rodoviária e ferroviária, Prefeitura, Câmara Municipal, Mercado Municipal e em diversos pontos da Avenida JK. Em Valadares, são mais de 150 pessoas nessa situação, de acordo com a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas). Maria Lúcia Ferreira de Freitas faz parte dessa estatística. Há mais de dez anos ela encontra abrigo e esconde seus sonhos, lembranças e frustrações sob as marquises de lojas da Avenida JK, onde sempre preferiu ficar. Duas caixas de madeira, algumas roupas, um colchão e um radinho de pilha são os únicos bens que ela possui. Aos 50 anos, traz na memória a lembrança do pai, Balduino Ferreira de Freitas, carinhosamente chamado por ela de “Cheirinho”, morto há mais de 15 anos.
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A maioria das pessoas passa por mim e me ignora como se estivesse passando perto de uma pessoa marginalizada. Sempre respeitei os outros e gosto de ser respeitada.
Da mãe, morta quando tinha apenas um ano e seis meses, ela nada sabe. O companheiro, com quem viveu durante seis anos e teve seis filhos, ela também não sabe por onde anda. Dos filhos, ela só sabe que dois estão em São Paulo, com uma tia; outros dois estão no estado do Rio de Janeiro e os dois últimos ela não tem qualquer notícia. Lembranças que a fazem chorar de vez em quando pela frustração de não poder viver com os filhos e nem saber como estão. Natural de Rubim, no Vale do Jequitinhonha, Lúcia veio para Valadares morar com o pai e cuidar dele,
Atualmente, Maria Lúcia vive debaixo de marquises na Avenida JK. Além de um lar, gostaria de ser tratada com mais respeito pelas pessoas
devido à saúde já debilitada. Durante muitos anos, os dois dividiram um barracão, no bairro Vila Bretas. Após a morte do pai, ela conta que retornou para sua cidade, mas não foi bem recebida pelos quatro irmãos. “Eu não tinha onde ficar e, por isso, achei melhor voltar para Valadares, onde já conhecia muita gente”, explica. Mas como não tinha moradia, ela conta que se alojou em um espaço do prédio da antiga empresa Telemar onde, segundo ela, foi roubada e assediada por outros moradores de rua que também queriam permanecer no local. “Por causa disso, fui expulsa dessa área”, lamenta. Mesmo vivendo sob as marquises e tendo apenas a companhia do radinho de pilha, ela nutre seus sonhos e esperança de um dia reencontrar seus filhos, ter a sua família, uma casa e uma vida digna. “A vizinhança gosta de mim, me ajuda, me dá comida e sabe que eu sou uma pessoa honesta. Mas a maioria das pessoas passa por mim e me ignora como se estivesse passando perto de uma pessoa marginalizada. Sempre respeitei os outros e gosto de ser respeitada. Aqui é bom, mas eu queria ter a minha família, os meus filhos e uma vida com mais dignidade”, sintetiza.
“Quero sair dessa vida” Há oito anos vivendo sob as marquises de lojas, também na Avenida JK, o braçal Valdeni Rafael, de 25 anos, afirma que já não suporta mais tanta angústia, solidão, desprezo, fome e frio. Com um aspecto sofrido, de quem já levou muitos “foras” da vida, ele reluta em falar um pouco de si, mas depois desabafa. “Quero sair dessa vida; já cansei de tanto sofrer”. Valdeni saiu de casa aos 17 anos, em Belo Horizonte, após a mãe ter arranjado um companheiro, depois da morte do marido. Para não arranjar “encrenca” com o padrasto, ele veio para Valadares, trazendo apenas a Carteira de Identidade. Aqui, ele passou a viver sem destino, sem família e sem uma casa para morar. Assim que chegou à cidade, Valdeni conseguiu um “bico” em uma empresa de mudanças, na Avenida JK, mas sem qualquer vínculo empregatício. Esse trabalho rende ao braçal algo em torno de R$ 30,00 por dia; dinheiro que ele “torra” na busca daquela que se tornou a sua cruel e amarga companheira, a cachaça.
À noite, sem ter para onde ir, ele amassa uma caixa de papelão que lhe serve como colchão e joga em um canto qualquer, de uma marquise qualquer e passa a noite tentando se recuperar do efeito do álcool para começar tudo outra vez no dia seguinte. “Não é isso que eu quero para mim”, desabafa num misto de lucidez e embriaguez. Na lucidez ele sonha tirar o restante dos documentos, como o título de eleitor, CPF e até o Certificado de Reservista, mesmo já tendo passado da idade. Mas o seu maior sonho é ter a Carteira de Trabalho assinada. “Queria me sentir como um cidadão, ter um trabalho e uma carteira assinada”, revela, acrescentando que depois da carteira assinada quer arranjar uma namorada, casar e ter uma casa e filhos. Antes, porém, ele tem consciência de que é preciso vencer o vício da cachaça que adquiriu ao longo dos anos vivendo na rua, “sem eira e nem beira”, sob as marquises de uma loja qualquer, nas ruas de Governador Valadares. “Eu vou conseguir”, acredita.
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COMPORTAMENTO
Celebridades influenciam adolescentes Em busca de reconhecimento social, adolescentes revelam pelas roupas a personalidade e extravazam emoções Transformação constante
AMINY ANNY GUSMÃO 4O PERIODO DE JORNALISMO
Muitas novelas, reality shows, seriados ou mesmo bandas já fizeram a cabeça dos jovens. Somente nas novelas da Rede Globo podemos citar vários exemplos. Que garota não teve uma pulseirinha da Jade (Giovana Antonelli em “O Clone”), as saias pinçadas da Darlene (Débora Secco em “Celebridade”) ou as unhas coloridas da Raquelly (Isis Valverde em “Beleza Pura”)? Tem também o cabelo do jogador de futebol Neymar e o irreverente estilo da cantora Lady Gaga. Pois é, a cada dia que passa a mídia tem influenciado cada vez mais as pessoas, tanto no modo de agir, falar e se vestir. Quem mais têm sofrido essa influência são os adolescentes. A adolescência é a fase mais complicada na vida de uma pessoa. É onde os pequenos adultos precisam se expressar de alguma forma, externalizar suas emoções e a maneira mais fácil para isso é através de suas roupas que são capazes de traduzir o estilo e a personalidade de cada um. Em geral, os modelos simples e convencionais não agradam a eles. Optam pelo que foge ao “comum”, buscam o mais atrativo, moderno e passivo de críticas. Segundo a psicóloga especialista em adolescentes Sâmara Nick, é justamente nessa fase que eles se afastam das referências familiares e buscam ser reconhecidos socialmente pelo que são, apesar de nem sempre saberem. “É uma fase de estruturação psíquica onde o adolescente busca sua própria identidade e essa busca em conjunto se torna mais fácil.” A psicóloga ainda afirma que, assim como o adulto quer estabilidade financeira, o adolescente quer viver de imagem e aparência porque isso é o mais importante para ele no momento. O que sai na TV é automaticamente aceito pela sociedade e, como ele não quer ser diferente, se torna uma presa fácil da mídia.
Arte: Brian L.H.
A secretária Vera Lúcia Moura, 42 anos, vivencia tudo isso em sua casa com o filho de 15 anos. “Ele sempre foi um menino muito machista. Tudo para ele era coisa de gay. Brincos, pulseiras, roupas coloridas nem pensar! Só usava roupas básicas mesmo. Agora, com essa moda Restart, demora mais para se arrumar do que eu. O cabelo então... Uma vez ele até perdeu a hora da aula na frente do espelho. E acha tudo isso normal. Outra coisa que me irrita bastante são as gírias e trejeitos. A cada dia ele inventa uma moda”, confessa. Kelvyn Júnio, o filho de Vera, revela que novas mudanças já aconteceram. Aos 15 anos, ele afirma que já não é mais tão fã da banda Restart. Atualmente, curte mais música eletrônica e até tem um grupo de Free Step - palavra de origem inglesa que significa “passos livres”. Ele confessa que até comprou uma calça verde como a dos componentes da banda, mas usou por pouco tempo. ”Eu usava porque todos os amigos também compraram e usavam todos os dias. A gente combinava antes de sair de casa para não repetir as cores. Ainda uso os relógios coloridos. Gostava muito do estilo do Fiuk, mas tem tempo isso, eu tinha uns 13 anos”. Vera ainda ressalta que “outros adolescentes influenciaram muito o estilo dele, e além do convívio diário na escola, eles se falavam o dia todo pelos sites de relacionamento e telefone”. Além das roupas, Kelvyn adotou um corte de cabelo para chamar a atenção. “Uso moicano porque antes eu não tinha nenhum tipo de cabelo. Dá trabalho, mas eu acho legal!” Se pudesse ser um artista, o adolescente confessa que seria Justin Bieber. “Gosto do estilo e das roupas dele, mas odeio suas músicas”.
Universitários enfrentam diariamente longas distâncias para a conquista do diploma ADRIANO FÉLIX 4O PERIODO DE JORNALISMO
É cada vez maior o número de pessoas que buscam o ensino superior para melhorarem a sua qualificação profissional. Grande parte desses alunos se sacrifica para alcançar esse objetivo, pois precisam viajar diariamente das cidades onde moram e chegam até mesmo a cruzar as divisas do estado. Na Univale, destacamse alunos que residem em Barra de São Francisco, município capixaba localizado a cerca de 180 Km de Governador Valadares. O percurso é feito em aproximadamente três horas e meia de duração. Além da distância,
muitas vezes esses alunos são surpreendidos por problemas mecânicos do veículo ou acidentes na via, o que gera atrasos para a chegada às aulas ou atividades de trabalho. Entre os vários cursos procurados pelos capixabas em Governador Valadares está o de Jornalismo. Yuri Marcones Garcia cursa o oitavo período do curso na Universidade Vale do Rio Doce (Univale) e explica que teve de optar sair do seu estado para estudar porque a Prefeitura de Barra de São Francisco não oferece transporte escolar para outros municípios no Espírito Santo. Mesmo com as dificuldades e o cansaço que enfrenta todos os dias para se formar jornalista, Yuri vislum-
bra um futuro promissor e espera ser recompensado profissionalmente por tanto esforço. O psicólogo Sérgio Fonseca explica que a concentração dos estudantes que precisam viajar todos os dias fica comprometida e a irritabilidade aumenta porque o cansaço e o estresse são elevados. O professor universitário Marcos José Mendes percebe em sala de aula o desgaste físico desses alunos. “O cansaço é mais aparente, principalmente, a partir das quintas-feiras. O ensino fica comprometido e os alunos viajantes são, de certa forma, prejudicados porque a rotina é mais desgastante. Por isso, eles tem que ter
uma atenção maior por parte dos professores”, defende. Mudar e se instalar no município onde estudam é uma solução encontrada pelos universitários. Porém, estariam longe do apoio da família e alguns teriam de deixar o emprego que, em muitos casos, é o meio que possuem para pagar o curso. Outra complicação apresentada pelos estudantes viajantes é a burocracia para alugar um imóvel na cidade, como conseguir dois avalistas. Diante disso, Yuri avalia que mudar-se para Governador Valadares e buscar um estágio não seria o ideal, pois os mesmos são desorganizados e mal remunerados e que, ao invés de ajudar, acabariam atrapalhando.
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EDUCAÇÃO
Testes psicológicos são aliados no momento da escolha profissional Arquivo pessoal
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Uma projeção da falta de orientação profissional é o alto índice de abandono de cursos universitários e a mudança constante para outros cursos dos quais se tem curiosidade, em que nem sempre se tem aptidão, gerando assim uma frustração.
Virgínia Oliveira fez o curso técnico em Enfermagem e acreditava, à época que havia feito a escolha certa, mas se realizou mesmo foi com a Pedagogia
RINARA PUPPO 4O PERIODO DE JORNALISMO
A escolha profissional é uma decisão a ser tomada muitas vezes na adolescência. Isso se dá pelo fato de a sociedade exigir uma resposta rápida de um futuro profissional dentro dos padrões de sucesso. Essas cobranças trazem um misto de incertezas, influências e medo, sentimentos que geram angústia na hora da escolha do curso a seguir. Muitas vezes é importante buscar ajuda para orientar com mais clareza o processo de escolha profissional. Conhecidos como testes vocacionais, a antiga termologia remete ao termo romântico, em que se restringe somente à vocação. Hoje em dia, nomeia-se esta prática como Processo de Escolha Profissional em que abrange o método profissional e o método clínico. O Centro de Psicologia Aplicada (CEPA), fundado em 1952, apresentava formato de exames psicométricos básicos, ou seja, somente com a avaliação de quociente de inteligência (QI) e aptidão, em que traziam respostas objetivas. O teste aplicado era padrão, em que considerava o homem certo no lugar certo; desconsiderando desejo, evolução e realidade sócio-econômica.
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Fiz o teste e acho muito válido, principalmente, para os mais indecisos, embora tenha convicção de que com 17, 18 anos seja muito difícil fazer uma escolha certeira de qual caminho profissional seguir. Segundo a psicóloga Sâmara Nick, atualmente a orientação profissional baseia-se em método clínico em que é avaliado o perfil do sujeito, bem como a relação dele com o mundo real, suas habilidades e interesses sociais. A psicologia trabalha com testes projetivos, vivências, dinâmicas, levantamento de dados (questionários), jogos, análise do sujeito como um todo, a influência da família, histórico e elementos que influenciam na escolha. Antigamente, os testes nos modelos tradicionais davam a idéia de uma certeza da escolha feita. Atualmente, os testes dão a consciência da escolha, tornando o sujeito co-responsável com clareza da opção tomada. A psicóloga enfatiza que a participação dos pais deveria ser como em todo processo de desenvolvimento infanto-juvenil, com monitoramento nesse momento de dúvidas que, infelizmente, ainda tem sido ponto de angústia. “A adolescência vivencia
processo de crise e formação de identidade junto aos pais. A natureza do ser humano é altamente inerente e conflitiva”, explica. Segundo a psicóloga, é possível acertar o curso sem necessariamente passar pelos testes; o que acontece por intuição ou desejo. Porém, ressalta a importância daqueles que tem dúvidas em buscarem ajuda.
Teste como investimento “Fiz o teste e acho muito válido, principalmente, para os mais indecisos, embora tenha convicção de que com 17, 18 anos seja muito difícil fazer uma escolha certeira de qual caminho profissional seguir. Felizmente, no meu caso, foi uma opção acertada e estou realizando um ideal que tracei nos tempos de estudante”, revela com segurança Felipe Ribeiro, 27 anos, jornalista, atual coordenador do diário Lance (MG) e comentarista de esportes da TV Bandeirantes (MG).
Virginia Oliveira Carvalho, 28 anos, é técnica em enfermagem e graduou-se em Pedagogia pela Univale no final do primeiro semestre de 2011. Ela afirma que não passou pelo teste e, à época da escolha, optou pela Enfermagem por acreditar ser a profissão certa, pois se identificava com o cuidar das pessoas. No estágio percebeu que somente o cuidar não era suficiente; resolveu, então, abandonar a Enfermagem e seguir a Pedagogia. “Acredito que a realização do teste iria contribuir para uma escolha mais acertada. Porém, no meu caso em especial, penso que tudo que vivi e estudei serviu para o meu crescimento pessoal e, conseqüentemente, profissional”, avalia. Uma projeção da falta de orientação profissional é o alto índice de abandono de cursos universitários e a mudança constante para outros cursos dos quais se tem curiosidade, em que nem sempre se tem aptidão, gerando assim uma frustração. Segundo Sâmara, remuneração, satisfação pessoal e influência de pais e amigos estão na lista das diversas dificuldades em escolher uma carreira, bem como, a situação socioeconômica. “É importante que a escolha do curso seja feita levando em conta mercado, habilidade, afinidade com o tema, área e perfil”, recomenda a psicóloga.
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COMUNIDADE
Casa de Recuperação Dona Zulmira precisa de voluntários A instituição necessita de profissionais e pessoas da comunidade para um bate-papo com os internos ou mesmo oferecer um sorriso Alexandrina Borges
ALEXANDRINA BORGES 4O PERÍODO DE JORNALISMO
Fundada em 1973 por meio de um trabalho voluntário desenvolvido por Zulmira Pereira da Silva que acolhia doentes próximos ao Mercado Municipal, a Casa de Recuperação Dona Zulmira, que sempre precisou de doações como alimentos, roupas de cama, agasalhos, medicamentos e materiais de limpeza, agora necessita de voluntários. A instituição precisa de pessoas que possam oferecer calor humano, mesmo que em pouca quantidade, mas que faz a diferença principalmente, no tratamento emocional dos diversos internos. “Precisamos de pessoas que possam vir à Casa e oferecer um sorriso, bater um papo, tocar um violão para os internos, passar uma tarde de descontração com eles”. Esse é o apelo da enfermeira Élida Xavier, 35 anos, que há um ano trabalha na entidade. De acordo com a enfermeira, a instituição precisa de voluntários como psicólogos, nutricionistas, entre outros profissionais e também de pessoas da comunidade que possam ajudar nos trabalhos diários. “Há muito tempo que não temos voluntários permanentes. Quando aparece alguém fica um ou dois dias, no máximo, e não volta mais. Procuramos cuidar dos internos da melhor forma possível, mas toda ajuda é necessária”, avalia a enfermeira. A Casa de Recuperação Dona Zulmira possui 43 internos divididos entre 26 mulheres e 17 homens, na faixa etária dos 35 aos 97 anos. São pessoas que apresentam algum tipo de distúrbio, deficiência física ou idade avançada. Quase todos passam a maior parte do tempo no pátio ou nos quartos. Esse é o caso de Itelvina Batista Fernandes que, aos 96 anos e mesmo acamada, gosta de receber os visitantes em seu quarto, não dispensa uma boa conversa de quem chega e demonstra lucidez ao recordar fatos de sua vida. Na instituição há 15 anos, a interna afirma que “é muito bom receber visitas das pessoas com quem pode se distrair durante um bate-papo”. Quem também não dispensa uma boa prosa é o interno Aníbal Vieira de Lima. Aos 85 anos, ele afirma que não tem do que se queixar da Casa. “Aqui eu fiz muitos amigos e sou muito bem tratado por todas as pessoas. Estou feliz!”, garante.
Geralda Lopes Rodrigues, 97 anos, é interna da Casa de Recuperação Dona Zulmira e se sente muito feliz com o carinho das funcionárias da instituição
Lar dos Velhinhos e Associação Santa Luzia vivem outra realidade Se a Casa de Recuperação Dona Zulmira sofre com a carência de voluntários, o mesmo não acontece com outras instituições como o Lar dos Velhinhos e a Associação Santa Luzia, que vivem realidades diferentes. Nessas entidades sobram voluntários e outros estão aguardando a vez de prestar algum tipo de trabalho. No Lar dos Velhinhos, por exemplo, a rotina de voluntários proporciona outra dinâmica junto aos internos, conforme destaca a enfermeira Mônica da Silva Lima, 27 anos. Segundo a enfermeira, duas jovens são presença marcante, de segunda a sexta, das 14 às 15 horas, onde oferecem um pouco de atenção aos internos, com um bate papo e jogo de dominó. Além disso, a cada quinze dias, um grupo de senhoras cuida da beleza das internas, com serviços voluntários de manicure e pedicure. Para Mônica, a presença
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Querer ser voluntário, ter comprometimento e doar um pouco de si, são critérios primordiais e que fazem o bem. do voluntário é de extrema importância, principalmente, para a autoestima dos internos. A enfermeira explica que para ser voluntário é preciso que a pessoa tenha um perfil solidário e esteja disposta a ajudar no que for preciso, diante da necessidade que a instituição requer. “É preciso, acima de tudo, ter comprometimento”, afirma. Mas muito mais que comprometimento, as pessoas precisam estar preparadas, já que o primeiro impacto com o interno, às vezes, pode
assustar quem não está acostumado a lidar com essas diferentes realidades. É o que relata o funcionário da Associação Santa Luzia, João Bosco da Mata, 52 anos. De acordo com ele, o voluntariado na Associação é bem diversificado e conta com a ajuda de pessoas da comunidade e profissionais especializados. Entre os voluntários que atuam na instituição, ele destaca um grupo de senhoras que vai à Associação toda quinta-feira à tarde para promover reparos e costuras em geral nas roupas dos internos. Além disso, um serralheiro fica à disposição da entidade para consertar as camas, sempre que necessário. Bosco lembra ainda que quando a entidade promove algum evento, todos os voluntários se empenham nos trabalhos. “Querer ser voluntário, ter comprometimento e doar um pouco de si, são critérios primordiais e que fazem o bem”, garante.
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CIDADANIA
Arquivo do Circulando
Lei federal que exige tradutores de libras nas auto-escolas ainda não é cumprida Em Governador Valadares, apenas uma auto-escola oferece o profissional capacitado na Linguagem Brasileira de Sinas (Libras). Apesar das dificuldades, candidatos com deficiência auditiva tem conquistado a habilitação
PATRÍCIA BRASIL 4O PERIODO DE JORNALISMO
João Marcos
Desde 1º de fevereiro do ano passado, as auto-escolas estão obrigadas por lei, a contratar intérpretes da Linguagem Brasileira de Sinais, mais conhecida como Libras. A lei federal 4.090, sancionada em 30 de janeiro de 2008, prevê a obrigatoriedade da presença dos tradutores em cursos de preparação para o trânsito sempre que houver alunos surdos matriculados. A lei determina também que as escolas estão proibidas de cobrar valores diferenciados por causa do intérprete. “Tirar a carteira de habilitação hoje, em Governador Valadares, custa em média R$1.000,00. Portadores de deficiência auditiva devem pagar o mesmo valor que um candidato que não tenha necessidade especial e, por isso, devem receber o mesmo tratamento”, afirma o diretor do Sindicato das Auto-Escolas de Minas Gerais, Alessandro Dias. O diretor ainda ressalta que o número de portadores de deficiência auditiva no município é limitado e, por esse motivo, ainda não existe essa adaptação à lei. Na cidade, apenas uma auto-escola oferece o serviço. Nove alunos deficientes auditivos conseguiram tirar a
carteira de habilitação e três estão em processo. Wemersom Pedra, 37 anos, foi o primeiro a conseguir fazer valer o direito e está habilitado há mais de um ano. Wilton Luiz Vieira, 36 anos, que também estudou na auto-escola, foi reprovado por duas vezes, mas não desistiu e na terceira tentativa conseguiu sair habilitado do exame. “Na hora da prova os examinadores não entendem o que a gente fala através dos sinais e isso dificulta muito e eu fui reprovado por isso”, alega.
Pela inclusão
A lei federal nº. 10.436/02 garante como meio legal de comunicação e expressão o uso da Libras. Uma outra lei Estadual, a 13.320/09 consolida a legislação relativa à pessoa com deficiência no Estado ao reconhecer a Libras como meio de comunicação objetiva e de uso corrente, assegurando aos surdos, em seu art. 57, o direito à informação e ao atendimento em toda a administração pública, direta e indireta, por servidor em condições de comunicar-se através da linguagem de sinais. No site do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (DETRAN/MG), verifica-se que já foi efetivado o cadastramento de profissionais intérpretes da linguagem para atuarem durante a realização de cursos teórico-técnicos
de formação de condutores nos Centros de Formação de Condutores. De acordo com o instrutor Ronaldo Campos, ainda existe preconceito e os candidatos enfrentam muitos problemas na hora de fazer as provas teóricas e práticas. “O examinador não entende o que eles falam. Um aluno meu tomou ‘pau’ porque o examinador fez um sinal, deu um comando e o meu aluno não entendeu o que ele quis dizer”. O instrutor avalia também que existe um despreparo e falta paciência por parte de quem aplica os exames. “Às vezes, é má vontade mesmo”, atesta. Rosimeire Gomes dos Santos, 20 anos, é funcionária da única auto-escola com tradutor da cidade há quase dois e relata que nos dias de prova teórica é preciso acompanhar os alunos à delegacia e orientá-los quanto à necessidade da documentação para fazer a prova. “Nunca teve tradutor dentro da sala de exames. Existe a lei, mas ela não é cumprida”. “A inclusão de intérpretes de Libras contribui não apenas para valorizar essa profissão, como também para permitir que um maior número de surdos possa obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e, assim, ampliar as oportunidades dessas pessoas”, ressalta o coordenador da Asso-
ciação de Surdos e Mudos de Governados Valadares (ASUGOV), Duanne Antunes Bonfim. A associação foi fundada em 1990 e, dois anos depois, foi reconhecida como utilidade pública pela Prefeitura de Governador Valadares. Na perspectiva de consolidar os trabalhos que desenvolve, a ASUGOV se filiou à Federação Mineira Desportiva dos Surdos (FMDS) e também à Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS). De acordo com Duanne, antes da lei em Valadares, somente quatro portadores de deficiência auditiva eram habilitados e o serviço foi prestado por auto-escolas de Belo Horizonte. Depois que a lei foi implantada, 12 pessoas deram início ao processo e nove conseguiram o documento. Duanne era tradutor nas aulas teóricas da única auto-escola da cidade adaptada para esse público. Hoje, em função de trabalhar em outro emprego, participa como intérprete nas aulas sempre que novas turmas são formadas. “Os alunos tem direito de fazer uma prova adaptada e tem conseguido aprovação, mas o intérprete na sala, como manda a lei, ainda não é uma realidade. É lei federal; não é um favor, é obrigação”, ressalta.
CIRCULANDO
Setembro de 2011
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HABITAÇÃO
Vantagens e desvantagens das casas geminadas Fernanda Melo
PRISCILLA ALVES 4º PERÍODO DE JORNALISMO
Em Governador Valadares, a exemplo de outros lugares do Brasil, a construção de casas geminadas vem crescendo consideravelmente. O termo “geminado” vem do latim “gemini” que significa gêmeos. Em algumas localidades da cidade, essas construções predominam como é o caso dos bairros Lagoa Santa, Santo Agostinho, Nossa Senhora das Graças, Grã Duquesa, São Pedro e Floresta. As casas geminadas são construídas de tal forma que se possa dividir o lote em duas ou mais casas ligadas para aproveitar melhor o espaço. Normalmente, possuem dois andares para que haja uma boa distribuição dos quartos, sala, banheiro, cozinha e varanda. Como qualquer outra construção, as casas geminadas têm de seguir o Código de Obras e Edificações do Município - Lei 3.859, de 30/12/93 - que, segundo Maysa Thebit, arquiteta da Prefeitura de Governador Valadares, são primordiais para uma construção dentro dos parâmetros legais. “A primeira coisa a ser feita quando se opta por uma construção é escolher um profissional responsável e registrado no órgão competente para que todas as leis e normas sejam respeitadas”, explica.
Vantagens Segundo o engenheiro civil Eugênio Vinícius Flores Taipina, as casas geminadas são uma ótima opção para quem procura uma residência confortável e de pequeno porte. “Eu mesmo moro numa casa geminada. Ao construirmos este tipo de empreendimento, obtemos um maior aproveitamento
As casas geminadas otimizam o uso do terreno e contribuem para diminuir o déficit habitacional nos grandes centros urbanos
do terreno podendo, assim, construir mais imóveis”, ilustra. Eugênio avalia como positivo o fato de ter construído junto à casa seu local de trabalho. “Se eu tivesse um escritório longe da minha casa teria menos tempo. Ter o meu escritório conciliado com a minha casa é muito mais cômodo. A casa geminada é uma tendência que só tem a crescer”, opina. Para o engenheiro, outro fator positivo das casas geminadas é devido ao déficit habitacional e enfatiza que, com o crescimento populacional, esse
tipo de residência tem mais prós do que contras. “A construção de casas geminadas faz com que o déficit habitacional fique mais equilibrado, gerando mais moradia para um maior número de cidadãos”.
Reclamações Há também quem não fique totalmente satisfeito com a casa geminada, como é o caso de Ana Oliveira ao ser questionada sobre os prós e contras desse tipo de imóvel. “É uma casa bonita, com uma divisão
interna satisfatória. Contudo, devido à parede e meia, os ruídos das casas ao lado parecem ser internos. Aparecem muitas trincas nas paredes. A casa onde moro possui garagem para dois carros, em seqüência; para estacionar na rua também é complicado”. Ana é categórica ao afirmar que não indicaria o modelo geminado. “Se as construtoras seguissem as normas de construção civil e bom senso, não haveria problema algum. A qualidade iria melhorar se houvesse uma fiscalização mais rigorosa”, finaliza.