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RRJ

ANOS

www.rronline.com.br editorial@metodista.br facebook.com/rudgeramosonline

Produzido pelos alunos do Curso de Jornalismo De 25 de maio a 8 de junho de 2016

ANO 35 - Nº 1052 Alexandre Leoratti/RRJ

» PARQUE AQUÁTICO Obra está parada por falta de recursos federais e para ajustes no projeto Pág. 5

Érika Motoda/RRJ

» PREÇOS ALTOS Gabriel Grunewald/RRJ

Consumidor muda hábitos para garantir boa alimentação Págs. 6 e 7

» RECÉM-NASCIDOS Divulgação: Maria Paula Vieira/ Arquivo: Anett Levenstein

VANDALISMO Lixeiras do bairro são amassadas e pichadas

Técnica newborn vira tendência entre pais para fotografar filhos Págs. 8 e 9

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CIDADE

RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

De 25 de maio a 8 de junho 2016

Orçamento Participativo tem plenária na região do Rudge

A participação da população não acaba nas plenárias, ela pode acompanhar todo o processo.” Nilza de Oliveira

Secretária de Planejamento e Orçamento Participativo

Moradores podem eleger três demandas para o bairro e uma para a cidade Larissa Pereira

Maristela Caretta/RRJ

OBRAS, reformas, revitalizações, eleger melhorias para o bairro e para cidade. Essas são algumas das reivindicações que podem ser feitas nas plenárias deliberativas do Orçamento Participativo, em São Bernardo. No dia 30 de maio (segunda-feira), a região B, composta pelo Rudge Ramos e bairros próximos, vai receber o evento. Os moradores poderão eleger três demandas para o bairro e uma para o município que poderão ser incorporadas ao orçamento da cidade. De acordo com a secretária de Planejamento e Orçamento Participativo, Nilza de Oliveira, a participação da população é fundamental para eleger as prioridades da região. Os munícipes também elegem um conselheiro e um suplente que poderão priorizar e incorporar as demandas que farão parte da peça orçamentária, e representantes para as comissões regionais de acompanhamento e fiscalização das obras e serviços. “A participação da população não acaba nas plenárias, ela pode acompanhar todo o processo”, explicou. Para participar e ter direito a voto é preciso se credenciar. Para isso, o munícipe deve morar na região, ter mais de 16 anos e portar documento oficial

Rudge Ramos JORNAL DA CIDADE editorial@metodista.br Rua do Sacramento, 230 Ed. Delta - Sala 141 Tel.: 4366-5871 - Rudge Ramos São Bernardo - CEP: 09640-000 

Produzido pelos alunos do curso de Jornalismo da Escola de Comunicação, Educação e Humanidades da Universidade Metodista de São Paulo

com foto. Para se candidatar aos cargos de conselheiro e representantes regionais o morador tem que ser maior de 18 anos. Região B Nas três últimas plenárias deliberativas do Orçamento Participativo a população pôde escolher demandas para os anos de 2011/2012, 2013/2014

DIRETOR Nicanor Lopes COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO - Rodolfo Carlos Martino. REDAÇÃO MULTIMÍDIA Editor-chefe - Júlio Veríssimo (MTb 16.706); EDITORA-EXECUTIVA E EDITORA DO RRJ Margarete Vieira (MTb16.707); EDITOR DE ARTE José Reis Filho (MTb 12.357); ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA Maristela Caretta (MTb 64.183) EQUIPE DE REDAÇÃO: Adílson Junior, Alexandre Leoratti, Allaf Barros, Amanda Leonelli, Claudia Leone, Erika Daykem, Erika Motoda, Felipe Siqueira, Gabriel Mendes, João Souza, Laís Pagoto, Larissa Pereira, Lucas Laranjeira, Marcelo Argachoy, Nathalia Nascimento, Paula Gomes, Thais Souza, Thamiris Galhardo, Victor Godoi e alunos do 5º semestre de Jornalismo.

TIRAGEM: 10 mil exemplares - Produção de Fotolito e Impressão: Gráfica Mar-Mar

Emeb Professor Otílio de Oliveira, em 2012, antes de passar por reforma aprovada no Orçamento Participativo

e 2015/2016. Das reivindicações que fizeram parte do orçamento da cidade, a reforma da Emeb Otílio de Oliveira (2013/2014) e a elaboração do projeto de reade-

quação das calçadas do centro do Rudge (2011/2012) foram concluídas. Outras cinco demandas estão em andamento no bairro, são elas: Programa Drenar, para combate às enchentes (2011/2012); Revitalização do largo da Igreja São João Batista (2013/2014); Padronização e readequação das calçadas na região do Rude

Reitores e diretores das Instituições Metodistas de Educação Marcio de Moraes (reitor da UMESP e do Centro Universitário Metodista Bennett); Gustavo Jacques Dias Alvim (reitor da UNIMEP); Márcia Nogueira Amorim (reitora do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix); Walker Soares do Nascimento (diretor da Faculdade Metodista Granbery); Roberto Pontes da Fonseca (reitor do Centro Universitário Metodista IPA e Diretor da FAMES); Walter Chalegre dos Santos (diretor geral do IMED e coordenador Administrativo da Educação Básica Metodista); Débora Castanha (coordenadora Pedagógica da Educação Básica Metodista); Marilice Trentini de Oliveira (diretora do Colégio Metodista Americano); Gilka Silvia de Rezende Figueiredo (diretora do Colégio Metodista Bennett); Angela Maria Nerys (diretora do Colégio Metodista em Bertioga); Flávio Setembrino Pereira (diretor do Colégio Metodista Centenário); Shirlei Debussi Pissaia (diretora do Colégio Metodista em Itapeva); Elizabeth Raad Nassif (diretora do Colégio Metodista de Ribeirão Preto); Lúcia Lopez (coordenadora Pedagógica do Colégio Metodista União); Raquel Paula de Fortunato (coordenadora administrativa do Instituto Educacional Metodista de Passo Fundo; Sergio Luiz Polizel (diretor do Instituto Noroeste de Birigui); Arlene Magda Charantola (diretora do Instituto Americano de Lins); Simone Borrelli Achtschin (diretora do Colégio Metodista Granbery); Márcia Amorim (diretora do Colégio Metodista Izabela Hendrix); Joselene Henriques (diretora do

Ramos (2013/2014); Revitalização da Rua Afonsina (2015/2016); Reforma e ampliação da Emeb Vereador Kiyoshi Tanaka (2015/2016). SERVIÇO

Emeb Viriato Correia Rua Brasil, 430, Rudge Ramos, São Bernardo Segunda (30), a partir das19h Credenciamento: até as 20h30 

Colégio Episcopal - Bispo Paulo Tarso de Oliveira Lockmann (1ª Região Eclesiástica); Bispo Luiz Vergílio Batista da Rosa (2ª Região Eclesiástica); Bispo José Carlos Peres (3ª Região Eclesiástica); Bispo Roberto Alves de Souza (4ª Região Eclesiástica); Bispo Adonias Pereira do Lago (5ª Região Eclesiástica); Bispo João Carlos Lopes (6ª Região Eclesiástica); Bispa Marisa de Freitas Ferreira (Região Missionária do Nordeste); Bispo Carlos Alberto Tavares Alves (Região Missionária da Amazônia).

Leal Clavel (vice-presidente); Esther Lopes (secretária); Rev. Afranio Gonçalves Castro; Augusto Campos de Rezende; Jonas Adolfo Sala; Rev. Marcos Gomes Tôrres; Oscar Francisco Alves Jr.; Ronilson Carassini; Valdecir Barreros; Anelise Coelho Nunes (suplente); Renato Wanderley de Souza Lima (suplente).

Coordenação Geral de Ação Missionária Pastora Giselma Souza Almeida Matos; Deise Luce de Sousa Marques; pastor Clemir José Chagas; Iara da Silva Côvolo; pastora Cristiane Capeleti Pereira; Luiz Roberto Saparolli; pastora Hideide Brito Torres; Elias Bonifácio Leite; Recildo Narciso de Oliveira; Eric de Oliveira Santos; Silas Dornelas de Novaes.

Diretor de Finanças e Controladoria - Ricardo Rocha Faria

Conselho Superior de Administração - Paulo Borges Campos Jr. (presidente); Aires Ademir

Diretor Geral - Robson Ramos de Aguiar Vice-Diretor Geral - Gustavo Jacques Dias Alvim

Diretor de Inovação, Comunicação e Marketing - Luciano Sathler Conselho Geral das Instituições Metodistas de Educação - Rev. Luis de Souza Cardoso (secretário executivo); Evandro Ribeiro Oliveira (auditor interno); Marina Camilo Pereira Fazolim (secretária)


RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

CIDADE

De 25 de maio a 8 de junho 2016

DE OLHO NA CIDADE

Alexandre Leoratti Érika Motoda

Lixeiras do Rudge Ramos são alvo de vandalismo Pichações e suporte quebrado são problemas recorrentes; duas foram queimadas Alexandre Leoratti/RRJ

Ramos, entre os números 59 (parada de ônibus São João Batista) até 570 (Drogaria São Paulo), três lixeiras estavam caídas no chão, já que tiveram seu suporte quebrado. Na avenida Senador Vergueiro, também foram encontradas três lixeiras caídas pelo mesmo motivo. As ruas Alfeu Tavares e Afonsina tinham, cada uma, uma papeleira com problema semelhante. Marly Fazzani, 48, que é gerente de uma loja de roupa na rua Afonsina, disse que a lixeira perto do seu comércio estava quebrada há, pelo menos, uma semana. Além disso, as pessoas também utilizam o local para fazer suas necessidades fisiológicas. “Toda vez que vamos abrir a loja, há urina em frente ao local”, contou. Já na avenida Vergueiro, na altura do número 4.269, em frente a um posto de gasolina, foi encontrada uma papeleira com fios de poste enrolados. Segundo o frentista Gildo Santos Souza, 36, “houve uma ventania na região e os fios

Érika Motoda/RRJ

LIXEIRAS instaladas nas ruas do Rudge Ramos são alvos de depredação, pichação e servem até para “gambiarras” com fios telefônicos. De um total de 176 pontos de descartes checados, 10% deles (17) estavam quebrados; 39 recipientes estavam pichados. No último dia 29 de abril, a reportagem percorreu as avenidas Rudge Ramos, Senador Vergueiro, Caminho do Mar, Bispo César Dacorso Filho e ruas Ângela Tomé, Júlio Tomé, Afonsina, Francisco Pedroso de Toledo, Alfeu Tavares, Sacramento e Planalto. Havia algum problema com as lixeiras de todas essas vias. São Bernardo tem, ao todo, 8.000 lixeiras distribuídas pela cidade, segundo o diretor de limpeza urbana, Maurício Cardozo, 37. “As papeleiras são instaladas de acordo com o fluxo de pessoas, ou seja, em áreas centrais onde há uma maior quantidade de pessoas”, falou. Ainda de acordo com o diretor, o custo para instalar ou reparar uma lixeira é de R$ 100. Segundo Cardozo, a maioria dos casos de vandalismo acontece durante o período da madrugada, principalmente nos finais de semana. Na verdade, o custo não é da prefeitura, e sim do contribuinte, que paga o vandalismo com seus impostos. Um dos exemplos de vandalismo que a reportagem constatou foi na rua Júlio Tomé, na altura do número 172. Lá está instalada uma lixeira. Porém incendiada. Segundo Charles Possamai, 62, que mora na rua, há mais ou menos um mês, botaram fogo na lixeira durante a noite. “Está toda queimada por dentro”, afirmou. Ele ainda disse que o local é muito frequentado por jovens e acredita que essa movimentação pode ter ocasionado o incidente. Outro caso de depredação por fogo foi verificado no começo da mesma rua. Só restou o suporte de uma lixeira que estava instalada no poste. O recipiente precisou ser retirado por não se encontrar em condições de uso. Até o fechamento desta reportagem, não havia uma nova papeleira no local. Na avenida Dr. Rudge

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Lixeira tem fio de telefone enrolado na avenida Senador Vergueiro; na avenida Doutor Rudge Ramos papeleira tem suporte quebrado

se soltaram e ficaram espalhados pela calçada e em partes da rua. Para proteger os pedestres, acabamos [ele e os outros funcionários do posto] amarrando os fios na lixeira”. Situação semelhante foi encontrada na avenida Dr. Rudge Ramos, 837, em frente à concessionária da BMW. Um fio de aproximadamente 10 metros estava espalhado na calçada e somente a ponta estava enrolada na lixeira. A Eletropaulo, por meio da assessoria de imprensa, respondeu que os fios do local não são de energia, mas de telefonia, portanto o assunto deveria ser tratado com outra empresa. A reportagem entrou em contato com a Vivo, que respondeu, por meio de nota, que o problema da linha telefônica na avenida Vergueiro está regulariza-

da. Na avenida Dr. Rudge Ramos, segundo a Vivo, não foi encontrada nenhuma irregularidade no dia em que foram contatados. A avenida Caminho do Mar, entre o Largo do Rudge até o Parque Salvador Arena, é a que menos apresentou problemas com papeleiras quebradas. Foram encontradas somente duas. Entretanto houve a maior incidência de pichação, com nove no total. Outros incidentes também foram encontrados. Duas papeleiras estavam quebradas em frente a pontos de ônibus na parada São

João Batista e na parada do Largo do Rudge. Ecopontos Além das papeleiras para lixo comum, a prefeitura também disponibiliza serviços para a coleta de materiais recicláveis e resíduos de construção civil de até 1m³, os Ecopontos. O diretor de limpeza urbana, Mauricio Cardozo, afirmou que a cidade soma 11 pontos de coleta seletiva. Os bairros contemplados são: Rudge Ramos, Taboão, Parque dos Pássaros, Alvarenga, Alves Dias, Vila Jerusalém, Batistini e Divineia.


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CIDADE

RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

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Amanda Leonelli Florindo/RRJ

Amanda Leonelli Florindo

Murilo Rodrigues

O MINEIRO José Vieira, 70, faz parte do dia a dia da avenida Dr. Rudge Ramos. Quem passa por essa via já deve ter visto, pelo menos uma vez, Vieira sentado em frente à agência do Banco do Brasil, vendendo panos de prato, sacos, flanelas, pano de pia e toalhas de mesa. “Sacolaria”, disse ele. Essa cena se repete há anos. No bairro, mais precisamente, há 42 anos. Na avenida, há cerca de 33. Mas Vieira disse ser vendedor há 44 anos, quando deixou sua cidade natal, Ipanema, no interior de Minas Gerais, para ser padeiro em São Bernardo, cidade que adotou como segundo lar. Nesses anos, Vieira disse que viu o centro do Rudge Ramos se desenvolver. Acompanhou o crescimento dos comércios, das escolas e também da Universidade Metodista. Já viu coisas ruins também, como assaltos no seu entorno. Também já ouviu histórias de clientes que o têm como amigo até hoje. Por tudo isso criou um carinho muito grande pela cidade e diz que quer ficar até seus últimos dias aqui. “Em São Bernardo tenho tudo que preciso, quero morrer aqui”, afirmou Vieira, que passa de oito a dez horas sentado em seu banquinho, vendendo “sacolaria” e se tornando uma figura que faz parte da história do bairro. Vieira, que é casado, pai de quatro filhos e seis netos, conta que chegou a São Paulo em 1969. Trabalhou como padeiro por quatro anos. Mas se decepcionou com o chefe, que na época descontava o então INPS [atual INSS] do salário, porém, segundo ele, não depositava. Quando descobriu o que acontecia, abandonou o

Morador do bairro há 42 anos, José Vieira acompanhou o crescimento dos comércios, das escolas e também da Universidade Metodista

Vendedor faz parte da história do Rudge Mesmo não sendo de São Bernardo, é aqui que ele quer passar o resto da vida emprego e decidiu trabalhar como autônomo. É aposentado. Desde que se tornou comerciante, já vendeu peças íntimas, cobertores, meias e panos de prato. Mas Vieira contou que o maior índice de vendas foi com os panos de prato. “Vendem bastante em qualquer época do ano”, disse. Desde então, compra no Brás para revender. Antes, no inverno, chegou a ter à disposição cobertores e meias. Vieira, no entanto, afirmou que não conseguiu escapar da atual crise. “Aprendi a viver com muito pouco. Mesmo assim sou feliz. Trabalho com o que gosto. Sou pobre, sou hu-

Aprendi a viver com muito pouco. Mesmo assim sou feliz. Trabalho com o que gosto. Sou pobre, sou humilde, mas sou honesto.” José Vieira Vendedor

milde, mas sou honesto.” Vieira declarou, porém, que já foi humilhado por jovens que passaram por ele e o desprezaram e que também é difícil ficar exposto ao tempo e à poluição todos os dias. Morador do Taboão, Vieira disse que, no começo, andava pelas ruas dos bairros de São Bernardo. Empurrava um carrinho

Confira no rronline.com.br as notícias de São Bernardo e do ABC

lotado de produtos. Depois de enfrentar horas de caminhada, tinha que pegar ônibus para voltar para casa, todos os dias. Hoje, por conta do cansaço que veio com a idade, fica sentado e guarda sua mercadoria numa garagem próxima. Nem a chuva o afasta de seu posto. Apenas vai para debaixo de uma ár-

vore para não se molhar tanto. “Costumo colocar um plástico na cabeça e fico ali à espera do cliente. Trabalho todos os dias da semana, menos domingo, faça chuva ou faça sol.” O comerciante também é pastor. Há 40 anos. A reportagem, sempre procurou citar uma passagem bíblica ao dar uma resposta. Emocionou-se ao falar de Deus. Aprendeu que, apesar das humilhações que já enfrentou, o perdão é a melhor escolha. “Guardo meus aborrecimentos para mim. Não me estresso com problemas, procuro me desfazer dos momentos ruins. Senão, a gente acaba sofrendo muito.” 

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CIDADE

De 25 de maio a 8 de junho 2016

Reforma Alexandre Leoratti

COM PREVISÃO de entrega para o dia 11 de novembro de 2015, o novo Parque Aquático do Centro Esportivo Baetão, no bairro do Baeta, em São Bernardo, está atrasado. O principal motivo da demora nas obras foi a rescisão do contrato no dia 21 de dezembro de 2015 com a empresa responsável pela reforma. O projeto de modernização prevê a reforma das piscinas olímpica e de hidroginástica. Mas só 15% da obra está concluída, segundo dados do TCE (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) que constavam no site do órgão no último dia 13 de maio. As obras começaram no dia 30 de junho de 2014. Com o atraso, mais de 2.400 famílias deixaram de ser beneficiadas pelo espaço, de acordo com informações do governo federal que constam da placa de informações sobre o projeto. Mas, segundo o TCE, o número de pessoas que seriam atendidas pelo Centro Aquático é maior: 4.200. Aulas de natação e hidroginástica eram oferecidas gratuitamente, para frequentadores de qualquer idade, na época que o espaço ainda estava aberto

do Parque Aquático tem atraso de seis meses Prefeitura afirma que aguarda verba do governo federal que, por sua vez, diz que liberou mais de 70% dos recursos A modernização da área, segundo o TCE, terá valor de pouco mais de meio milhão de reais. Até o momento, somente R$ 76.867,43 foram investidos. A reportagem presenciou materiais de obra em torno das piscinas e tábuas de madeira nas portas e janelas, bloqueando a visão de quem passa em frente. Placas de obras também estavam abandonadas na área. Um funcionário, que não quis ser identificado, do setor de manutenção do Complexo Esportivo, afirmou que, no mínimo, há dois anos as obras estão paradas. “Chega uma empresa começa a obra e para. Depois chega outra empresa começa a obra e para novamente”, disse Questionada sobre a paralisação das obras, a Prefeitura de São Bernardo respondeu, por meio

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Alexandre Leoratti/RRJ

Tenho amigos que dependiam do Baetão para praticar essa atividade física e, agora, estão parados.”

Josely Pedro Costa Aposentado

da assessoria, que a obra parou para aguardar liberação de recursos federais e também para ajustes no projeto e consequente reprogramação da obra. Em setembro de 2015, segundo a prefeitura, a obra foi reiniciada. Porém em novembro a empresa solicitou rescisão contratual. O Ministério do Esporte informou, também por meio de nota, que havia sido liberado 75,46% do recurso financeiro. Declarou também que a execução da obra já atingia 64,60%, segundo informações recebidas da

Caixa Econômica Federal. Disse, ainda, que “o contrato está em situação normal (apto a receber recurso), com liberação financeira acima do percentual de execução da obra”, mas que a prefeitura “deve atualizar a medição” dos trabalhos e das etapas da reforma. De acordo com a prefeitura, os alunos que faziam aulas de natação e hidroginástica no Centro Aquático estão sendo atendidos no Centro Esportivo Odemir Furlan (Baetinha). A Secretaria de Obras está revisando o projeto para abertura de novo processo licitatório para conclusão da obra, com estimativa de retomá-la até o final do primeiro semestre de 2016. Apesar da reposta de que os alunos seriam redirecionados para aulas no Baetinha, houve casos de pessoas que não receberam notificações.

Dados do site do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo apontam que apenas 15% da obra está concluída

Em 2014, o aposentado Josely Pedro Costa,75, parou de fazer aulas de natação no Parque Aquático em 2014 devido às obras. Segundo Costa, não houve notificação nem redirecionamento para a piscina do Baetinha. “Tenho amigos que dependiam do Baetão para praticar essa atividade física e, agora, estão parados”, disse. Costa, que antes treinava natação três vezes por semana gratuitamente no Baetão, agora tem que pagar por aulas particulares, duas vezes por semana, em São Caetano. “Pago uma taxa de R$ 18 para treinar”, afirmou.  Murilo Rodrigues

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SAÚDE

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RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

Alto preço dos alimentos faz jovens buscarem alternativas Com a inflação, feiras livres e empórios viram tendência entre aqueles que querem manter a saúde Gabriel Grunewald/RRJ

Gabriel Grunewald

AS COMPRAS nos supermercados mudaram. Os preços dos vegetais, devido à crise, estão pesando mais no bolso do consumidor. Com isso, ele está mudando seus hábitos de compra para conseguir manter uma alimentação balanceada. O custo está nos índices. Segundo o IBGE, os preços em 12 meses subiram 11,3%. Maior taxa em 13 anos. Uma das principais causas dessa inflação é o aumento de preço das frutas, legumes, verduras e grãos. O dinheiro de anos atrás não tem mais o mesmo valor atualmente. Em uma lista, dos 30 produtos que mais subiram no ano passado, 27 são alimentos. Apenas três são peixes, todos os outros são vegetais. Os líderes do ranking são abacate, com aumento de 120%; cebola, em 60%; e inhame, com 59%. Pelo estudo ter a duração de um ano, a diferença de preço causada por estações e colheitas diminui, mostrando aumento real e menor flutuação. Pesquisa Rafael Moreira Claro, professor doutor em nutrição da UFMG, demonstra em pesquisa que se uma pessoa quiser ingerir mil calorias de vegetais, que equivalem a um quilo de alface, precisaria de quase R$ 10. Mas esse consumidor conseguiria a mesma quantidade calórica ingerindo açúcar por apenas R$ 0,90, que equivalem a 200 gramas do produto industrializado, em média. “Alimentação balanceada e saudável tornou-se artigo de luxo, e os jovens, com menor renda, têm buscado novos caminhos para conseguir se alimentar de maneira completa.” O desempregado Bruno Alves, 23, percebeu que seria impossível manter sua despensa com o salário que ainda ganhava como auxiliar administrativo depois

Comerciante Larissa Bonilha mudou seus hábitos alimentares em razão da crise e adotou o mesmo com os alimentos que comercializa, de preferência os naturais

de virar vegetariano. “Se eu comprasse nos mesmos lugares de antes, não conseguiria manter todas as refeições do mês”, disse. Por isso ele procurou outras formas de comprar. Passou a ir à zona cerealista e em feiras de ruas. “Quando estão no final, é melhor de negociar. Supermercados podem ser uma boa. Têm ofertas diárias. Sem essas alternativas, dificultaria.” A comerciante Larissa

Bonilha, 29, também demonstra a mudança devido à crise. “Mudei minha alimentação buscando emagrecer. Por ter dois filhos e a renda mensal ser enxuta, procurei lugares que vendessem bons alimentos por bons preços.” Há dois anos, Larissa ficou desempregada. A alternativa que descobriu para fugir do desemprego foi começar a vender refeições, salgados e sucos detox para ajudar na renda. Hoje em dia, se mantém só com a venda desses produtos. Tradição Luiza Borges, 32, por outro lado, tem perfil de compradora tradicional. Gerente de healthcare, ela compra semanalmente

e opta por produtos orgânicos. Quando acorda de manhã, já separa todos os lanches para o dia. “Prefiro os produtos que já vêm embalados em pequenas quantidades. Tenho pouco tempo. Mesmo que comprar porções individuais saia um pouco mais caro.” Pessoas com mais tempo livre conseguem encontrar os mesmos produtos mais baratos em feiras e empórios. Feiras de rua têm horário reduzido. Empórios também fecham cedo. Francine Lima, jornalista com mestrado em nutrição em Saúde Pública pela USP, disse que mesmo assim ainda compensa. “Feiras têm o melhor custo-benefício

para esses produtos”, disse. Porém algumas pessoas desconhecem esses locais de compra ou acreditam que nos lugares que sempre compraram conseguem melhores ofertas. Com a mudança de hábitos, os supermercados tiveram que se reinventar para não perder seus clientes. Valeria Pereira, 26, gestora de clientes da Coop, descreveu que a forma de vender mudou. “Passamos a fazer promoções de verduras quatro vezes por semana. Senão, perderíamos os clientes. Hoje o cliente não compra mais no mesmo lugar. Compra no lugar que tenha o melhor custo-benefício para ele.” 


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SAÚDE

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Arquivo Pessoal

Musas fitness se tornam ícones do corpo perfeito Amanda Castro

A BUSCA incessante por um corpo ideal vem crescendo e, muitas vezes, uma maneira fácil de achar dicas de dietas e treinos é seguir um blogueiro ou blogueira fitness nas redes sociais para ter um corpo como o deles. As redes sociais possibilitam a postagem de vídeos e fotos instantâneas (como no aplicativo Snapchat), filmar sua rotina fitness e tirar fotos de suas alimentações saudáveis. Essa atividade ficou mais comum entre os blogueiros. Como o caso de Gabriela Pugliese, que, inclusive, gerou polêmica nas redes ao sugerir que iria publicar uma foto sua nua, caso saísse da dieta que estava fazendo. Outra blogueira conhecida nas redes é a personal trainer Fernanda Queiroz, 30, de Santo André. Ela

começou na web com uma postagem no Snapchat. Hoje, cerca de 20 mil internautas a acompanham no Facebook. A fama de Fernanda teve início quando ela compartilhou em sua rede que começaria uma dieta sem doces, produtos industrializados e “junk food”, conhecido como comidas prontas, com objetivo de perder alguns quilinhos para o fim do ano. Ela contou que muitas seguidoras começaram a pedir dicas de como ela faria isso. Foi aí que surgiu a ideia do “Desafio Fe Queiroz”. A personal trainer, que é o foco para tantas jovens, contou que tenta deixar claro para seus seguidores que sempre foi atleta, sempre se exercitou e compartilha dicas que ela mesma pratica. “Não sou nutricionista, sou professora de educação física. Então nunca passo dieta para as pessoas. Falo apenas para deixarem de

ESCOLHA sua dieta: das frutas, das seis semanas, de proteína. No universo digital, é possível encontrar diferentes métodos para perder os quilos indesejados. Mas quem se submete à isso pode ter problemas de saúde como anemia, deficiência de vitaminas e minerais, doenças cardiovasculares, constipação intestinal e complicações renais. Isso acontece porque dietas restritivas, que excluem grupos de alimentos, são desequilibradas e não fornecem todos os nutrientes para o organismo funcionar corretamente. Foi o que aconteceu com Rita Soares, 20, de Santo André. A estudante de Relações Públicas disse que seguiu por cinco meses a dieta que só permite comer prote-

ínas. Nos dois primeiros cumpriu à risca e emagreceu dez quilos. Mas acabou ficando anêmica. Seu corpo rejeitava aquilo que não podia comer. Quando procurou o médico, foi aconselhada a parar com a dieta. “Eu passava muito mal, com enjoos, diarreia e dores na barriga”, contou. Já para a terapeuta holística Sônia Silva, 48, de Santo André, seguir a dieta de proteína foi mais arriscado. Estava com sobrepeso. Mas não sabia que os problemas nos rins e na tireoide poderiam piorar. Para ela, a pior parte foi sentir tremedeira, tontura e ansiedade. “Não aguentei, desisti no terceiro dia”, disse. A onda de seguir dietas sem acompanhamento médico sempre existiu. Para a nutricionista Dirce Marchioni, diretora da Sban (Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição), a web só facilita a disse-

Fernanda Queiroz usa o aplicativo Instagram para publicar dicas de alimentação para suas seguidoras

com que seus corpos se tornem um objeto de desejo.

comer o que faz mal para todos, de qualquer idade. Refrigerante, fritura, junk food, coisas do tipo.” Uma das seguidoras de Fernanda é Janaina Gisele, 33, de São Bernardo. Com o nascimento de sua filha, ela resolveu que mudaria a alimentação para dar bons exemplos em casa. “Quis que ela aprendesse desde pequena a comer bem e

Dietas rápidas prejudicam a saúde Ana Paula Favaron

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saudável.” Com o desafio Janaina disse que hoje é mais fácil seguir um cardápio saudável e variado, já que no grupo existem trocas e adaptações de receitas. De fato, as mulheres compõem a maioria dos seguidores dessas “musas fitness”. Com o crescimento das redes sociais, essas blogueiras chegam a ter milhões de seguidores, fazendo

Cuidados O perigo está em quem não procura um profissional e passa a ter como influência maior as postagens e dicas das ícones fitness que, muitas vezes, não passam de publicidade. Para a nutricionista Magali Rocha, seguir postagens nas redes sociais sobre dietas pode ser prejudicial. “As pessoas são diferentes, seus organismos não funcionam da mesma maneira. O correto é sempre consultar um profissional.” Até hoje se discute sobre a influência da mídia na alimentação das pessoas, devido ao chamado “corpo perfeito”. O que antes estava só nas revistas, hoje também encontra-se nas redes sociais. As blogueiras mostram um corpo musculoso e magro e servem de inspiração para suas seguidoras. 

ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Fotos: Ana Paula Favaron/RRJ

CAFÉ DA MANHÃ:

ALMOÇO:

JANTAR:

50% frutas frescas 25% carboidrato 25% fonte de leite

50% legumes e verduras 25% proteína animal e vegetal 25% carboidratos

50% legumes e verduras 25% proteína animal (leve) e vegetal 25% carboidratos FONTE: SBAN

minação desse modismo. “Quem nunca ouviu falar da dieta da lua ou da proteína, por exemplo? São as de dietas da moda.” Hoje em dia, ao pesquisar métodos para emagrecer na internet encontra-se uma grande lista de nomes. Foi assim que a estudante de Letras Alexia Real, 19, de São Caetano, conheceu a dieta das seis semanas. Ela ia fazer uma viagem em família para Fortaleza e teria que usar biquíni. “Eu não me sentia

bem com o que via no espelho”. Alexia mede 1,64 m e pesava 72 kg. Essa dieta separa por semana os alimentos que podem ser consumidos para gerar um impacto metabólico por meio da proibição dos carboidratos. A princípio só pode comer proteínas e, ao decorrer das semanas, insere laticínios, frutas, cereais e legumes. As duas últimas semanas são de manutenção. “Se eu pudesse voltar no tempo não teria feito. Além de ficar anêmica, de-

pois engordei metade do que emagreci”, disse ela, que agora pesa 64 kg. Ao contrário do que prometem, os emagrecimentos milagrosos podem resultar alguns quilos extras ao longo do prazo. Eles não têm comprovações científicas. Nutricionistas afirmam que deve-se optar por reeducar a alimentação em vez de tirar alimentos que têm vitaminas e minerais importantes para o organismo. 


COMPORTAMENTO

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A PEQUENA Ayla foi clicada pela primeira vez aos 15 dias de vida. Sua mãe, a empresária Anett Levenstein, 29, decidiu pela foto da filha depois de conversar com a fotógrafa que registrou sua gravidez. Ayla, portanto, faz parte da geração baby newborn, técnica que retrata as feições e os detalhes de um recém-nascido em seus primeiros dias de vida. Geralmente, o ensaio fotográfico ocorre entre o quinto e o vigésimo dia, por ser um período em que a criança dorme bastante e está com o corpo flexível. Isso possibilita que ela seja colocada em posições desejadas pelos pais, que representem um momento intimista. As poses mais recorrentes são com o bebê de barriga para cima ou para baixo, apoiando a cabeça nas mãos e de lateral. O photoshop auxilia quando a parte de cima precisa de sustentação. A imagem é tirada com alguém segurando a criança e depois é ajustada no programa. Há dois tipos de newborn. Um é o clássico, mais elaborado, em que as posições são acompanhadas de acessórios e cenários. O outro é o lifestyle, em que a beleza natural é ressaltada

Divulgação: Maria Paula Vieira/ Arquivo: Anett Levenstein

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Mayra Ribeiro

RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

De 25 de maio a 8 de junho 2016

Recé

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Ayla Levenstein Banos aos 15 dias em ensaio baby newborn

MODELOS FOTOGRÁFICOS Momento ideal para ser fotografado é entre o quinto e vigésimo dia de vida

e a rotina da família é registrada. “São retratos com o bebê no berço, no colo dos pais, entre outras ações que envolvem a presença desse novo membro”, afirmou Maria Paula Vieira, 22, formada em jornalismo e fotógrafa profissional há um ano, com especialização na área de família.

Segundo Maria Paula, houve um aumento na procura por esse ensaio. Os clientes chegam ao estúdio para realizar fotos de gestante e acabam fazendo um pacote completo para dar continuidade aos registros dos fatos. Como aconteceu com a empresária Anett. “Procurei a Maria a fim

de registrar minha gravidez. Esta seria minha primeira filha e gostei tanto que pedi um outro ensaio. Na época, não tinha noção da importância, mas, hoje, quando vejo o álbum, me dou conta do quanto ela era pequena e relembro dessa época. Valeu a pena”, disse a empresária. Mas nem todas as mães que demonstram interesse em imagens como essa acabam contratando o serviço. Por causa da alta demanda de produção e acessórios o orçamento final varia entre R$ 600,00 e R$ 1.500. São utilizados fundos de madeira, cestos, baldes, malas, mantas sendo todos os materiais antialérgicos para não prejudicar a criança. Outros cuidados também são tomados por parte do profissional. O uso excessivo de perfume tanto pelo fotógrafo como pela a família e o bebê não é recomendado. Caso a mãe esteja amamentando, deve evitar um dia antes ingerir comidas pesadas, pois pode causar irritações. Se alguém da equipe de fotografia estiver doente, o ensaio deve ser cancelado porque a imunidade da criança ainda está em formação. O uso de luz artificial não é utilizado, pois o flash pode ser muito agressivo e danificar a visão. 


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COMPORTAMENTO

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Modalidade abre novo mercado Victoria Sales/RRJ

Victoria Sales

COM A popularização das fotos “baby newborn” em 2011 no Brasil, essa área da fotografia acabou criando um nicho importante no mercado. Há agora diversos cursos, workshops e conferências disponíveis para profissionais interessados nessa prática. Em São Caetano, por exemplo, o Pronatec, em convênio com a prefeitura do município, oferece curso de fotografia com módulo exclusivo de fotografia newborn. Além de curso, houve o surgimento de eventos. Anualmente, acontecem o Newborn Photo Conference, Newborn Experience e o Newborn Carioca. Neles, fotógrafos de todas as regiões do Brasil se reúnem para ouvir palestrantes internacionais, com direito até a demonstrações ao vivo de sessões newborn. O newborn também causou mudanças no mercado. O estúdio de fotos e filmagens “Momento Único”, em Santo André, viu que precisaria expandir seus serviços quando os pedidos para esse tipo de foto come-

çaram a se tornar maciços. As fotógrafas desse estúdio se especializaram e hoje é a própria empresa quem capacita suas profissionais quando são contratadas. É o caso de Aline da Silva que trabalha há sete anos com fotografia, mas nunca havia produzido fotos no estilo newborn. Ela entrou para o estúdio em 2012. Lá, foi monitorada por outra colega mais experiente que lhe ensinou na prática como

Fotógrafa Aline da Silva do estúdio Momento Único fotografando bebê recém-nascida. Ambiente lembra o quarto de um bebê para fazer com que a mãe e a criança se sintam mais à vontade

produzir as fotos, tratar com o bebê e lidar com ambientes esterilizados. Por conhecer bem todos esses cuidados que devem ser tomados ao produzir

essas fotos, Aline se preocupa com a popularização desse estilo. “Muita gente hoje em dia quer fazer o newborn porque acha que é bonitinho, mas tem que ter responsabilidade.” Essa mesma preocupação levou oito fotógrafas brasileiras a criarem a ABFRN (Associação Brasileira de Fotógrafos de Recém-Nascidos). Essa organização montou um manual de conduta para fotógrafos de bebês, como Vânia Nascimento/RRJ

Foto impressa sobrevive à era digital Vânia Nascimento

A FOTOGRAFIA faz parte da vida das pessoas e, com o passar dos anos, essa forma de registrar os momentos especiais foi se aprimorando e ganhou cada vez mais espaço na sociedade contemporânea. Para se manter nesse mercado, os profissionais da área precisaram seguir as mudanças, como conta Cristiane Naomi Suguini Purset, 47. Ela ajuda a administrar a Cine Rudge Ramos, loja de revelações fotográficas da família que está há 52 anos no bairro. Para Cristiane, o segredo de se manter tanto tempo no comércio é acompanhar as mudanças. Também foi preciso investir em equipamentos de impressão digital e computadores para o trabalho de digitalização. “Nós fomos

inovando aos poucos. Então, não sentimos o impacto financeiro que a digitalização causou na concorrência. Havia nove lojas na região. Só sobrou a gente.” Segundo ela, 70% do faturamento da empresa é obtido por trabalho em diversos tipos de eventos. Os outros 30% são do atendimento a clientes da loja. “Se não tivéssemos nos adaptado, teríamos fechado também.” M e s m o co m t o d a a tecnologia de hoje, smar-

tphones e câmeras digitais de alta resolução, muitos clientes fazem questão de revelar suas fotos de forma tradicional, usando o antigo rolo de filme ou imprimindo nas lojas especializadas. Para a estudante de radiologia Tatiane Andrade, 28, a foto impressa traz mais humanização para a vida: “A sensação de folhear um álbum de fotografia é muito gostosa, porque é como se você estivesse vivenciando aquele momento novamente”, contou.

Já a fotógrafa e empresária Mariana Bueno Cesar Pereira, 57 que trabalha há 30 anos no ramo de fotografia e há 16 anos tem sua loja de revelação no centro da cidade de Diadema, a Mary Fotos, diz que a procura por revelação de filmes da forma tradicional ainda existe. Geralmente, são clientes com mais idade que recorrem a esse serviço. “Ontem [1º de abril] mesmo um cliente levou oito rolos de filme de uma só vez.” O papel utilizado para

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uma auto-regulamentação. Para se tornar um associado o profissional precisa concordar e seguir essas normas e submeter seus trabalhos a uma avaliação da ABFRN, que avalia não só as condições de trabalho, mas também a qualidade das produções. Aprovado em todos esses requisitos, o fotógrafo tem seu nome incluso na ferramenta de busca que há no site da ABFRN. Esse instrumento foi criado para auxiliar os pais que procuram alguém de confiança para fotografar seus filhos. A ideia de um cadastro de fotógrafos considerados “confiáveis” não é só dos brasileiros. Desde 2015, existe o site da International Newborn Photography Association, que disponibiliza um catalogo que inclui profissionais de 15 países e em todos os continentes que são especializados neste tipo de fotografia. Cinara Piccolo, uma das fundadoras da ABFRN, acredita que a procura por fotografias Newborn superem a das fotografias de casamento. “O nosso maior anseio é que a fotografia Newborn se torne um item indispensável no enxoval de uma gestante”, disse, já que um dos objetivos da associação é promover essa atividade no Brasil.  Mariana Bueno ajudando cliente a escolher fotos digitais para impressão em sua loja

revelação de filmes ou para impressão digital é o mesmo. O custo médio é de R$ 398 por caixa, que reproduz em média 1.500 fotos. Esse material é importado e agora, com a crise, pode ficar ainda mais caro, segundo Mariana. Ela contou também que, quando começou a trabalhar com impressão digital, há seis anos, precisou investir R$ 250 mil em máquinas para acompanhar as novas demandas do mercado. Porém a procura pelas conhecidas fotos 3x4, geralmente usadas em documentos, teve uma queda de quase 50% por causa da digitalização. “Por dia, faço de 10 a 20 cabeças [fotos]. Já houve época em que fazia de 30 a 40. Mas hoje, por conta da digitalização, em que até o Poupatempo tira foto, isso quebrou a gente também”, conclui Mariana. 


10 CULTURA

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RUDGE RAMOS Jornal da Cidade Vitor Oliveira/RRJ

Raíssa Rivera Victor Godoi

A CENA circense do ABC tem se consolidado nos últimos anos. “Descreveria o cenário atual como forte. Existem palhaços e acrobatas que são conhecidos em nível nacional e internacional”, afirmou a artista circense Fran Marinho, que é cofundadora do Circo do Asfalto, localizado na cidade de Santo André. Segundo a professora de técnicas circenses Rosangela Frasão Brazil Leiros, 49, nascida e residente da cidade de São Bernardo, a modalidade mais procurada é a técnica de tecido. A atividade consiste em equilíbrio e força física desenvolvida a partir de um pano pendente do teto. A modalidade se encaixa na parte aérea das artes circenses, assim como a lira e o trapézio. As atividades em aparelhos suspensos por hastes onde as pessoas se equilibram. As técnicas envolvem tanto acrobacias quanto dança, mas a lira é em um arco e o trapézio em uma barra, ambas de ferro. “Foi quase uma concordância mútua entre o tecido e eu. Eu me sinto muito desafiada por ele, e é uma coisa que decidi que quero saber fazer bem”, contou Amanda Paxiega, que tem 19 anos e treina a modalidade de tecido há 2 anos em São Bernardo. Apesar de hoje em dia ter desenvolvido um grande preparo físico devido a própria modalidade, Amanda conta que não foi sempre assim. Ela afirmou que nunca teve o costume de praticar esportes, e quando entrou na oficina de tecido passou por dificuldades devido a falta de força física e o medo que sentia de altura. “Até hoje ainda passo leves sofrimentos quando estou lá em cima, mas assim que desço já quero subir de novo. Então é um trabalho psicológico constante para mim”, disse. Problemas semelhantes foram notados por Gabriele Gonçales, que tem 19 anos e treinou lira, trapézio e tecido por um ano, também em São Bernardo. “Mesmo não fazendo mais aulas diárias, ainda pratico no meu tempo livre e pretendo levar por anos como um hobby, apesar do curto tempo que tenho”, declarou. A artista Beatriz Caldeira treina tecido faz 2 anos e

Atividades circenses crescem no ABC Equilíbrio e força física são as marcas da modalidade desenvolvida em um tecido pendurado no teto Raíssa Rivera/RRJ

Amanda Paxiega desenvolve equilíbrio e força física com a modalidade

afirma que não é o suficiente desenvolver suas habilidades apenas nos treinos, mas que também é preciso um esforço fora dos horários de aula. Para ela, que tem 16 anos e iniciou nas aulas com 14, a falta de preparo físico e a responsabilidade de se dedicar às atividades, até mesmo em casa, foi principal dificuldade que ela teve. Beatriz contou que começou as aulas de tecido porque estava em busca de algo que expandisse os seus horizontes pessoais e corporais. Para a professora de técnicas circenses Rosangela Frasão, as técnicas circenses no geral fazem com que se desenvolvam maior força física e consciência corporal. “Muito além da parte física, acredito que fortalece a autoconfiança. A pessoa trabalha a superação de medos, aprende quais são seus limites, mas também se permite ir além do que imaginava ser capaz”, afirmou. Profissionalização Uma questão que ainda afeta os artistas circenses ou artistas de qualquer área é

Artista circense Beatriz Caldeira começou a praticar atividades no tecido há 2 anos, com 14 anos de idade

a de que a arte não pode ser levada como uma profissão, mas apenas como um hobby. Como conta Beatriz, que largou a escola aos 15 anos para se dedicar aos estudos da arte e, apesar de ter apoio da maior parte da família, ainda existem aqueles que não acreditam que o circo possa ser uma carreira. Mas para Beatriz, que vem de uma família envolvida com circo e teatro, a vida circense não é algo que a aflige com frequência. Ela conta que até mesmo sua mãe começou a participar de cursos relacionadas à área após ver o seu envolvimento na arte. “Meus pais e minha irmã frequentam as minhas aulas e eu percebo que eles acompanham um pouco do meu processo e da expansão que isso trouxe para mim”. Já o acrobata Kelvin Martins Pereira Rocha, 22, disse que não recebe apoio de seu pai, somente da mãe. Para ele, o que ainda influencia muito na área é a parte financeira. Segundo o artista, ele sofre pressão para ter um emprego fixo e criar raízes em algum lugar, mesmo que não seja a sua vontade e a sua visão de vida. “Por mais que existam essas diferenças dentro da minha casa, foi uma construção”, declarou. 


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CULTURA

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Fotos: Divulgação

Organização “Sorrir é Viver” promove anualmente o Mutirão da Alegria, evento que recepciona os novos clowns que se dirigem aos hospitais da região em que atendem

Vitor Oliveira

ESTUDANTES da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) descobriram na máscara do clown (palhaço) um modo de humanizar o ambiente hospitalar. Em 2002 um aluno do primeiro ano do curso fundou a ONG Sorrir é Viver. Para realizar a humanização do leito hospitalar, a entidade trabalha as turmas de voluntários em três vertentes: contadores de histórias, musicistas e os palhaços. Quando o aluno de medicina decide participar, passa por um processo seletivo e faz as três oficinas. O vice-coordenador da Sorrir é Viver, Victor Morgado Correia Pinto, explica que o primeiro contato é importante para o voluntário descobrir com

Palhaços modificam ambiente hospitalar Veja a diferença PALHAÇO

CLOWN

Voz alta

Voz suave

Gestos exagerados

Movimentos sutis

Grande público

Apresentações íntimistas

Personagem pronto

Personagem maleável

Público o procura para assistir

Paciente opta por assistir

Explosivo

Contido

o que tem mais afinidade. Ele exemplifica com a sua própria experiência. “Após passar pelos workshops, o clown foi com o qual mais

me identifiquei e que achei que iria me entregar mais”. Em sua formação no curso, o vice-coordenador montou o seu clown com

o nome de Cornélios. O estudante do terceiro ano de medicina ressalta que quando está com a máscara cômica e com o nariz de palhaço, há uma transformação. “O nariz de palhaço é uma máscara que faz você entrar em um estado diferente do que você é. Nós estamos lá como palhaços e não para atender os pacientes no âmbito médico”, afirmou. Os alunos criam seus clowns em um ano, utilizando os mesmos efeitos cômicos dos palhaços de circo. Porém, como aponta a professora do curso Luciana Zitei, a principal diferença entre os dois tipos de palhaços é que “no hospital, a performance deve ser mais sutil”. A professora tem como seu personagem a palhaça Belinha, e além da FMABC, ministra oficinas em outras

duas universidades. Luciana ainda aponta que os palhaços de circo trabalham de forma mais exagerada. A voz é alta e os gestos são grandes. Já os clowns de hospital escolhem a sutileza. “Devemos respeitar a vontade do paciente que pode optar por não receber a visita”, relatou. A professora também destaca que é interessante notar como os alunos de medicina, que estão acostumados a “um sistema engessado”, ao estudar o clown se modificam. “Eles passam a vida acadêmica sucumbidos pelas regras e sobre o peso de que deve ser perfeito, e a graça do palhaço está no seu fracasso”. Para ela, o resultado é muito positivo, pois forma um profissional mais sensível, em que o riso é o agente ativo. 

Visita dos estudantes funciona como uma terapia intensiva; segundo a professora Luciana Zitei, os efeitos do riso têm um impacto importante no corpo humano


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