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RRJ
ANOS
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Produzido pelos alunos do Curso de Jornalismo De 9 a 22 de junho 2016
» COSMÉTICOS
ANO 35 - Nº 1053
Claudia Leone/RRJ Anny Monjian/RRJ
Produtos naturais e veganos conquistam adeptos na região Págs. 6 e 7
» INCLUSÃO Marina Branco/RRJ
SEM TROCO Comerciantes reclamam da falta de moedas de R$ 0,50 e de R$ 1, além de cédulas de R$ 2 e R$ 5; vendedores resistem ao uso de máquinas de cartão. Pág. 3
Atividades esportivas são utilizadas para formar cidadãos mais conscientes Págs. 10 e 11
» TRADIÇÃO Quermesses atraem cerca de 14,5 mil visitantes todos os finais de semana Pág. 5
Lucas Laranjeira/RRJ
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POLÍTICA
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DE OLHO NA CÂMARA
Projeto adapta Previdência Social para servidores públicos da cidade Pedido de CPI do Imasf voltou a ser debatido na Casa, após três semanas de pressão dos usuários Erika Daykem/RRJ
Erika Daykem Thamiris Galhardo
EM SESSÃO da Câmara Municipal de São Bernardo nesta quarta-feira (8), os parlamentares aprovaram de forma unânime as alterações nos RPPS (Regimes Próprios de Previdência Social), instituídos por entidades públicas para os servidores de cargos efetivos nos Munícipios, Estados e Distrito Federal, e, a atualização do Alvará de Obras do munícipio. O PL (Projeto de Lei) nº 31/16 corresponde às alterações na Previdência Social da cidade para o funcionalismo e acompanham as modificações do RGPS (Regime Geral de Previdência Social) do Governo Federal que têm como principais mudanças a determinação de um tempo da pensão variável de acordo com o beneficiário cônjuge e a exigência de um tempo mínimo de dois anos de casamento. Já o PL nº 35/16 atualiza o Alvará de Obras da cidade tem como objetivo valorizar os impactos das construções e responsabiliza o Poder Público a fazer a avaliação dos projetos vigentes no município, com foco no aspecto urbanístico, de acordo com o Plano Diretor e na Lei de Uso e Ocupação do Solo. Imasf Pela terceira semana
Rudge Ramos JORNAL DA CIDADE editorial@metodista.br Rua do Sacramento, 230 Ed. Delta - Sala 141 Tel.: 4366-5871 - Rudge Ramos São Bernardo - CEP: 09640-000
Produzido pelos alunos do curso de Jornalismo da Escola de Comunicação, Educação e Humanidades da Universidade Metodista de São Paulo
Parlamentares aprovaram projetos de alteração na previdência dos servidores e no alvará de obras do município por unanimidade
consecutiva os servidores do Imasf foram à Casa para exigir o número mínimo de 15 assinaturas para abertura da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do convênio municipal. Após auditoria contábil no instituto foi registrado um rombo orçamentário de aproximadamente R$ 62 milhões nos últimos cinco anos, além de haver registros de desaparecimento de equipamentos de alta qualidade avaliados em R$ 700 mil da poupança do convênio. Além do problema financeiro, o Imasf também esteve envolvido no descredenciamento do Hospital
DIRETOR Nicanor Lopes COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO - Rodolfo Carlos Martino. REDAÇÃO MULTIMÍDIA Editor-chefe - Júlio Veríssimo (MTb 16.706); EDITORA-EXECUTIVA E EDITORA DO RRJ Margarete Vieira (MTb16.707); EDITOR DE ARTE José Reis Filho (MTb 12.357); ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA Maristela Caretta (MTb 64.183) EQUIPE DE REDAÇÃO: Adílson Junior, Alexandre Leoratti, Allaf Barros, Amanda Leonelli, Claudia Leone, Erika Daykem, Erika Motoda, Felipe Siqueira, Gabriel Mendes, João Souza, Laís Pagoto, Larissa Pereira, Lucas Laranjeira, Marcelo Argachoy, Nathalia Nascimento, Paula Gomes, Thais Souza, Thamiris Galhardo, Victor Godoi e alunos do 5º semestre de Jornalismo.
TIRAGEM: 10 mil exemplares - Produção de Fotolito e Impressão: Gráfica Mar-Mar
Brasil, o que gerou descontentamento dos servidores públicos. Em agosto do ano passado, os vereadores da oposição aprovaram o pedido de CPI, com objetivo de investigar o desligamento de hospitais, médicos, contratos firmados pelo Imasf e falta de repasse de verbas. Na época em que o pedido de investigação foi protocolado, o TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) havia apontado irregularidades, no ano de 2014, em um contrato firmado pelo Imasf com o Instituto Acqua, para parceria de gestão, no valor de R$ 11 milhões.
Sob pressão dos servidores públicos presentes na Câmara, os vereadores da oposição assinaram o requerimento de abertura da CPI para a investigação do rombo. Mas o número mínimo de assinaturas não foi atingido, como na semana passada. O vereador Pery Cartola (PSDB) afirmou que havia conseguido as 15 assinaturas necessárias na primeira semana que tentou protocolar a CPI, mas não sabia o motivo para a desistência de alguns vereadores. “Há algum conflito que ninguém pode me explicar. Os dois vereadores que faltam eram de partidos ligados ao
Reitores e diretores das Instituições Metodistas de Educação Marcio de Moraes (reitor da UMESP e do Centro Universitário Metodista Bennett); Gustavo Jacques Dias Alvim (reitor da UNIMEP); Márcia Nogueira Amorim (reitora do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix); Walker Soares do Nascimento (diretor da Faculdade Metodista Granbery); Roberto Pontes da Fonseca (reitor do Centro Universitário Metodista IPA e Diretor da FAMES); Walter Chalegre dos Santos (diretor geral do IMED e coordenador Administrativo da Educação Básica Metodista); Débora Castanha (coordenadora Pedagógica da Educação Básica Metodista); Marilice Trentini de Oliveira (diretora do Colégio Metodista Americano); Gilka Silvia de Rezende Figueiredo (diretora do Colégio Metodista Bennett); Angela Maria Nerys (diretora do Colégio Metodista em Bertioga); Flávio Setembrino Pereira (diretor do Colégio Metodista Centenário); Shirlei Debussi Pissaia (diretora do Colégio Metodista em Itapeva); Elizabeth Raad Nassif (diretora do Colégio Metodista de Ribeirão Preto); Lúcia Lopez (coordenadora Pedagógica do Colégio Metodista União); Raquel Paula de Fortunato (coordenadora administrativa do Instituto Educacional Metodista de Passo Fundo; Sergio Luiz Polizel (diretor do Instituto Noroeste de Birigui); Arlene Magda Charantola (diretora do Instituto Americano de Lins); Simone Borrelli Achtschin (diretora do Colégio Metodista Granbery); Márcia Amorim (diretora do Colégio Metodista Izabela Hendrix); Joselene Henriques (diretora do
PT e agora compõem a bancada de oposição, mas não estão assumindo a posição de direita”, disse. O líder do Governo na Câmara, Zé Ferreira (PT), afirmou que não assinou o pedido da investigação, pois acha que a proposta “está vaga”. “Estou conversando com os vereadores para fazermos algo mais completo, pedindo uma investigação mais apurada, inclusive com os responsáveis atuais pelo convênio”, contou. Os servidores presentes na Casa afirmaram que voltarão na próxima sessão para pressionar novamente os parlamentares.
Colégio Episcopal - Bispo Paulo Tarso de Oliveira Lockmann (1ª Região Eclesiástica); Bispo Luiz Vergílio Batista da Rosa (2ª Região Eclesiástica); Bispo José Carlos Peres (3ª Região Eclesiástica); Bispo Roberto Alves de Souza (4ª Região Eclesiástica); Bispo Adonias Pereira do Lago (5ª Região Eclesiástica); Bispo João Carlos Lopes (6ª Região Eclesiástica); Bispa Marisa de Freitas Ferreira (Região Missionária do Nordeste); Bispo Carlos Alberto Tavares Alves (Região Missionária da Amazônia).
Leal Clavel (vice-presidente); Esther Lopes (secretária); Rev. Afranio Gonçalves Castro; Augusto Campos de Rezende; Jonas Adolfo Sala; Rev. Marcos Gomes Tôrres; Oscar Francisco Alves Jr.; Ronilson Carassini; Valdecir Barreros; Anelise Coelho Nunes (suplente); Renato Wanderley de Souza Lima (suplente).
Coordenação Geral de Ação Missionária Pastora Giselma Souza Almeida Matos; Deise Luce de Sousa Marques; pastor Clemir José Chagas; Iara da Silva Côvolo; pastora Cristiane Capeleti Pereira; Luiz Roberto Saparolli; pastora Hideide Brito Torres; Elias Bonifácio Leite; Recildo Narciso de Oliveira; Eric de Oliveira Santos; Silas Dornelas de Novaes.
Diretor de Finanças e Controladoria - Ricardo Rocha Faria
Conselho Superior de Administração - Paulo Borges Campos Jr. (presidente); Aires Ademir
Diretor Geral - Robson Ramos de Aguiar Vice-Diretor Geral - Gustavo Jacques Dias Alvim
Diretor de Inovação, Comunicação e Marketing - Luciano Sathler Conselho Geral das Instituições Metodistas de Educação - Rev. Luis de Souza Cardoso (secretário executivo); Evandro Ribeiro Oliveira (auditor interno); Marina Camilo Pereira Fazolim (secretária)
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DE OLHO NA CIDADE
PARA NÃO deixar a falta de troco atrapalhar os negócios, comerciantes do Rudge Ramos procuram alternativas na hora de receber pelos serviços prestados ou pela mercadoria vendida e recorrem uns aos outros para conseguir moedas e cédulas de valores baixos. Esses comerciantes estão sentindo os efeitos de um problema diagnosticado pelo Banco Central: a falta de troco. De acordo com o banco, 7,4 bilhões de moedas emitidas até dezembro de 2015 estão retidas nas casas dos brasileiros. Essa quantidade represada representa um terço do total de moedas emitidas até aquele ano. Nem mesmo as facilidades proporcionadas pelo uso do cartão de crédito e débito têm reduzido o efeito da falta desse dinheiro de metal. É que há estabelecimentos comerciais que não aderiram ao dinheiro de plástico. O motivo é o custo, pois, além das taxas para pagar pelo serviço, o comerciante tem que desembolsar dinheiro para o aluguel da máquina. Um exemplo dessa situação é o Estacionamento Universitário, na rua Alfeu Tavares. Pagamentos só podem ser feito em dinheiro. “A gente [os funcionários] chegou a colocar um cartaz com os dizeres ‘quebre seu cofrinho, nos ajude com o troco’”, disse a atendente Cristiane Midori, como forma de facilitar os pagamentos. Porém, mesmo com essa campanha bem humorada, Cristiane disse que precisa recorrer a outros comerciantes próximos na hora de dar o troco para quem usa o estacionamento. Segundo ela, está difícil trocar dinheiro até nas agências bancárias. Cristiane também falou que já deixou os clientes ficarem devendo R$1 e, na hora de fechar o caixa, colocou dinheiro do próprio bolso para o saldo não ficar negativo. Mas moeda de R$ 1 é o que não faltou ao vendedor
Comerciantes do Rudge Ramos precisam driblar a falta de troco Por causa de custos como aluguel e taxas, alguns vendedores e prestadores de serviço resistem a usar máquinas de cartão
De acordo com o Banco Central,
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bilhões de moedas emitidas até dezembro de 2015 estão retidas nas casas dos brasileiros
Maristela Caretta/RRJ
de cachorro-quente Sebastião Gargantini, quando recebeu 80 moedas desse valor a serem deixadas de crédito. Gargantini, que trabalha na rua do Sacramento desde 1996, disse que a quantia foi repassada por um cliente assíduo que também trabalha com comércio. Ao lado da tenda de Gargantini, fica a de Eneas Gonçalves Dias, que também vende cachorro-quente e não trabalha com cartão. Dias, que trabalha no mesmo local desde 1979, afirmou que conhece a maioria de seus clientes e por isso não vê problema em deixar que paguem no dia seguinte, já que nunca
Comerciantes afirmam que faltam moedas de R$ 1 e R$ 0,50 e também notas de R$ 2 e R$ 5 no caixa das lojas
sofreu nenhum prejuízo por adotar tal medida. Porém, Dias percebe que “o dinheiro eletrônico está dominando o mercado” e acredita que um dia ainda vai precisar ter uma máquina de cartão. Solidariedade Muitos universitários passam na Alpha Copiadora, estabelecimento da Jéssica de Oliveira, na rua Lídia Tomé, para tirar xerox que custam R$ 0,15.
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Por isso Jéssica não tem problemas com troco em moedas. Mas as cédulas de R$ 2 e R$ 5 costumam fazer falta. “Nós percebemos que as pessoas costumam vir com notas altas no final de um mês e começo de outro porque é época de pagamento”, disse. Para solucionar o problema, Jéssica vai até a barraca do vendedor de cachorro-quente Eneas Dias para deixar as suas moedas e, em troca, consegue as notas de valores mais baixos. No caixa da lanchonete Cabana, na avenida Rudge Ramos, onde trabalha a atendente Thaynnan
Roberta da Silva, faltam moedas de R$ 1 e R$ 0,50. Para consegui-las, Thaynnan junta moedas de valor menor e troca com os cobradores de ônibus que passam no local. Murilo Rodrigues
Érika Motoda
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Quermesses são opções para famílias no fim de semana Festas típicas no município estão planejadas até a primeira semana de julho Erika Daykem Thamiris Galhardo
COM A chegada de junho as quermesses são apreciadas pelos moradores da região. Doces típicos e comidas tradicionais da festa popular do período viram atração para as famílias. Um exemplo é a festa da Paróquia São João Batista, no Rudge Ramos, uma das mais tradicionais de São Bernardo, que existe há 87 anos e atrai famílias para degustar as comidas típicas. “São cerca de 7 mil pessoas por final de semana. A expectativa de público para este ano é de 9 mil pessoas”, disse o organizador da quermesse, Gian Carlos Montibeller. Montibeller contou que houve uma mudança no perfil do público. Antes, era de maioria jovem. Atu-
SERVIÇO
Paróquia São João Batista
Paróquia Santíssima Virgem
Praça São João Batista, S/N -Rudge Ramos, São Bernardo Até dia 17 de julho, aos sábados e domingos, das 18h às 23h
Av. Lucas Nogueira Garcéz, S/N – Jardim do Mar, São Bernardo Até dia 3 de julho, aos sábados e domingos, das 17h30 até as 23h
almente, é um ambiente mais familiar. Neste ano aproximadamente 28 barracas. “As mais visitadas são as de lanches”, disse. Além da festa no Rudge Ramos, o arraial da Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, no Centro da
cidade, conta com cerca de 10 barracas. A coordenadora da equipe de quermesse, Andreia Borges, explicou que neste ano a novidade ficará por conta dos churros e do algodão doce. Outro local que recebe a
Lucas Laranjeira/RRJ
Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem Praça Lauro Gomes, S/N – Centro, São Bernardo Até dia 3 de julho, aos sábados e domingos, das 18h às 23h
comemoração típica é o Ginásio Poliesportivo. A festa patrocinada pela Paróquia Santíssima Virgem, há mais de 14 anos no lugar, recebe em média de 6 mil a 8 mil pessoas por final de semana. A integrante da barraca da fogazza Carina Dalceno
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ressaltou que a barraca é a mais procurada porque traz uma comida diferenciada. “É receita italiana que só existe aqui e no Bixiga. Frei Sebastião, que também é italiano e está há mais de 40 anos na paróquia, trouxe a receita do bairro de São Paulo.” Carina disse também que os sabores mais atrativos são frango, muçarela e calabresa e que em média 1,8 mil fogazzas são vendidas por noite. A auxiliar administrativa Bárbara Rizzo Teodoro, 19, que pela primeira vez foi à quermesse da Paróquia Santíssima Virgem, contou que gastou aproximadamente R$ 50 na noite, mas ressaltou que ainda prefere as comidas da festa na Paróquia São João Batista. “As comidas daqui são boas, mas ainda prefiro a do Rudge. Além dos preços terem o mesmo valor, achei que lá tem mais variedade”, falou. Já a técnica de enfermagem Rosemeire Piccolomini, 56, vai à quermesse para comer a fogazza. “É o segundo ano que venho. A impressão que tenho é que tem mais recheio e menos massa”, explicou Rosemeire, ressaltando o ambiente familiar da festa. (Colaborou Lucas Laranjeira).
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COMPORTAMENTO
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Cosméticos naturais ganham popularidade Consumidores procuram por produtos que respeitam a natureza Fotos: Anny Momjian/RRJ
Anny Momjian
PESQUISA DA Euromonitor Internacional, empresa líder mundial em pesquisa de estratégia para mercados consumidores, apontou um crescimento de 7,4% na produção de artigos de beleza naturais e orgânicos nos anos de 2010 e 2012. Os cosméticos naturais são produtos que recebem o selo da Ecocert Brasil (Organismo de Inspeção e Certificação a Serviço do Homem e do Meio Ambiente). Para entrar nessa categoria, os produtos devem conter 50% de ingredientes vegetais ou origem vegetal com no mínimo 5% dos componentes certificadamente orgânicos. Já os cosméticos veganos estão ligados a filosofia do veganismo, portanto nenhum dos ingredientes é de origem animal, além de não utilizar substâncias testadas em animais. Isso exclui as matérias-primas frequentemente usadas em produtos de beleza, como mel, lactose e colágeno animal, que são substituídas por componentes vegetais ou sintéticos. A cera de abelha, por exemplo, é trocada por manteigas de cacau ou cupuaçu. Não há selos nacionais que certificam os cosméticos veganos, portanto vale procurar pelas expressões “cruelty free” ou “não testado em animais” nas embalagens, mesmo que isso não garanta que o produto não possua ingredientes desse tipo. A maquiadora Mayara Tutumi, 21, explica que não é fácil substituir produtos convencionais por opções veganas. “Tenho trocado todos os meus cosméticos, sem jogar fora os produtos que já possuia. Hoje, uso produtos para o cabelo, sabonete e a maior parte das maquiagens veganas”, contou. Segundo Mayara, é evidente a mudança entre os cosméticos convencionais dos veganos. “Você sente a
Mayara Tutumi mostra como utiliza maquiagens veganas e naturais; produtos fazem parte do seu cotidiano
diferença, seja na textura, no cheiro, na sensação, além de apoiar a produção artesanal e a libertação animal”, disse. Os valores dos produtos veganos variam de acordo com a empresa. Um exemplo disso é o custo de um pó compacto comparado em duas fornecedoras diferentes. Em uma marca vegana, o produto custa R$110. Já na Vult, marca convencional e não natural,
sai por R$19. Para a farmacêutica cosmetologa Heloisa Santos, a diferença de preços ocorre por conta de ainda serem novidades no Brasil. “A fabricação destes produtos exige muito controle e certificação, e ainda existem poucas empresas que estão explorando este mercado”, explicou. Apesar do pouco tempo em que são comercializados no país, os produtos veganos
despertam a curiosidade e novos consumidores. É o caso da historiadora Cintia Yamanaka, 27, que optou por utilizar sabonetes à base de argila. “Nenhum sabonete para pele oleosa que eu tinha usado teve o mesmo efeito da argila que utilizo hoje que, por sinal, é bem mais barata do que muitos produtos famosos”, disse. Caixas de beleza Além de lojas físicas, ou-
tra novidade são as caixas de beleza veganas como a VeggieBox. A empresa quer suprir a carência na divulgação do mercado de cosméticos orgânicos e veganos, além da dificuldade em comercializarem esses produtos, até pela falta de informação ao consumidor final. A proprietária Samyra Cunha, que também é jornalista, resolveu arriscar e fundar o empreendimento em fevereiro de 2015. “Após perceber essas lacunas, fizemos um crowdfunding (financiamento coletivo) para comprar os primeiros produtos da Veggiebox e realizar o desenvolvimento da nossa plataforma”. A caixa é constituída de quatro até sete produtos, entre eles, artigos de higiene pessoal, maquiagem e perfumaria. As opções de assinatura mensal custam R$89,90 e o plano trimestral é R$239,99. Segundo Samyra, as vantagens de vender produtos veganos não estão apenas na questão de que são considerados produtos biodegradáveis e que podem ser descartados no lixo comum. A também jornalista e comerciante Maísa Correia explica que é possível conquistar uma renda extra, que varia entre R$300 e R$800, produzindo cosméticos veganos. Ela considera o “artesanato” lucrativo, além de ter uma boa durabilidade. “Muitos produtos que faço duram de 3 a 4 meses, então também existe a questão de sempre procurar clientes novos para manter um número de vendas”, falou Maísa.
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COMPORTAMENTO
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Pets ganham alimentação balanceada Cindy Lima
CADA DIA mais as pessoas estão se preocupando com a alimentação e saúde, adquirindo hábitos mais saudáveis. Essa atitude tem refletido também nos cuidados com os seus animais de estimação. A alimentação natural e ração vegetariana ganham espaço no “prato” dos pets. A FriDog é uma ração super Premium e não contém ovos, leite, carnes ou vísceras de animais, inclusive peixe e derivados. É a única ração desse tipo produzida no país e no ABC são poucos os lugares que vendem o produto. A veterinária e proprietária do Amity Pet, Naira Americano dos Santos, comercializa o alimento em sua loja, que possui um conceito mais natural. “Eu gosto por ser totalmente cruelty-free, sem crueldade nenhuma com nenhum tipo de animal. Não precisa ser suplementada, ela por si só é completa”, explicou. Para os que querem aderir a esse tipo de alimentação, a veterinária disse que os principais
tipos de proprietários de animais que procuram a ração são vegetarianos ou quando o pet tem alergia a proteína animal. A ração não é indicada para gatos, filhotes e animais que precisam de ração terapêutica. A troca da alimentação precisa ser feita de forma gradual. “Primeiro você coloca 75% da quantidade diária da ração antiga e 25% da outra”, falou. O distribuidor e consumidor Victor Ramos começou a dar a ração para seus dois cachorros em 2013. A escolha foi por um alimento livre de farinha de vísceras, completo, mais saudável e nutritivo para seus pets que comem em média 8 quilos de ração por mês. Ramos conta que a aceitação e os benefícios foram imediatos. “Pêlos mais bonitos, hálito agradável, fezes quase não têm cheiro, disposição e vitalidade”, afirmou. Mas utilizar esse tipo de alimentação não é defendido pela maioria dos veterinários. A justificativa é de que pode não suprir todas as necessidades nutricionais dos animais.
Cindy Lima/RRJ
Alimentação saudável é alternativa para melhorar saúde dos animais
Em nota, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo afirma ser a favor do alimento correto, seja ele industrializado ou natural. “O CRMV-SP é a favor de uma nutrição equilibrada, balanceada, com uma formulação adequada a espécie a que se propõe e com total segurança na escolha dos ingredientes, bem como em seu preparo e conservação. Somos a favor de uma nutrição que atue mantendo a saúde e as defesas imunoló-
gicas, prevenindo doenças, trazendo bem estar e longevidade ao animal”. De casa Vale ressaltar que a alimentação caseira não é o mesmo que dar restos de comida ao animal. As necessidades de nutrientes dos pets são diferentes das nossas. É importante consultar também um nutricionista veterinário para indicar uma dieta balanceada e não se acomodar apenas com informações encontradas
Moda vegana cresce no ABC Gienyfer Rosario
ROUPAS, sapatos, bolsas veganas. Sim! Você sabia que o veganismo é muito mais amplo do que a questão da alimentação? Mãe, empresária e criadora do blog S.O.S Vegan, Virgínia Moraes, 28, é vegana há oito anos. Amante dos animais, a blogueira conta que conheceu o veganismo aos 15, porém muitos médicos a desencorajavam a seguir a dieta por questões de saúde, afirmando que ficaria doente e morreria. Foram cinco anos de buscas incessantes pelo assunto, então Vivi, como é conhecida pelo blog, decidiu por si própria arriscar o novo estilo de vida. “Deu tudo muito mais certo do que esperava. Minha imunidade melhorou, nunca tive anemia, minha pele e meu cabelo ficaram mais bonitos, o organismo passou a funcionar melhor”, afirmou. No começo da
transição, Vivi ainda não tinha conhecimento sobre a origem das suas roupas e sapatos, só tomou ciência quando foi comprar um sapato e o vendedor afirmou ser de couro legítimo. Já Maraina Araujo, 42, se tornou vegana há apenas dois anos. Ela conta como a nova rotina mudou a sua forma de pensar em questão as roupas: “Quando me tornei vegana, troquei tudo, pesquisei muito e fui me adequando. As blusas de lã deram lugar para os sintéticos e acrílicos, e o couro deixou de existir para mim. Nunca fez falta”, afirmou a operadora de caixa. As roupas e os demais acessórios, são bem fáceis de encontrar. É importante ler sempre as etiquetas, entrar em contato com a indústria que produziu, para ter certeza que o tecido usado seja sintético ou feito de fibras naturais, e até consultar se o couro é vegetal, tendo sua matéria prima o látex, que é extraí-
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na internet que podem ou não estar de acordo com a necessidade do seu animal. Quem faz uso e opta por comida caseira aprova a escolha. É o caso da estudante de psicologia Isamara Rodrigues Dantas, que alimenta seus dois gatos com uma dieta metade ração, metade alimentação natural. Leva 2h30min para preparar a comida que é dada duas vezes na semana e todos os ingredientes são batidos no liquidificador. Sardinha e atum são os alimentos preferidos de seus gatos, mas enfatiza que esses peixes não podem ser enlatados, pois há uma grande quantidade de óleo. “Pesquisei muito na internet, visitei muitos sites especializados em comidas caseiras para animais e pesquisei opiniões veterinárias para esse tipo de alimentação”. A média mensal que a estudante gasta é de R$100 a R$150 e os benefícios são muitos. “Percebi a diferença no sistema digestivo. Hoje em dia é muito mais regulado, as fezes têm menos cheiro e são mais consistentes. Mais água no organismo, pois uma refeição caseira possui sete vezes mais água do que a industrial. Carga glicêmica baixa, dentre outras coisas”, relatou. Gienyfe
r Rosari
o/RRJ
Divulgação
É importante verificar a etiqueta para ter certeza que o material não é de origem animal
do das seringueiras. Maraina afirma que a solução para o fim do desmatamento de animais, é nós pararmos de vez de consumir roupas dessa origem e dar preferência ao vegano e ecologicamente corretos, ou, se cerca de 95% da população se tornasse vegana. Economia Entrar no mundo vegano, não é tão barato quanto parece, por mais que todos
os produtos sejam naturais. E quem acaba se beneficiando, são os brechós e as pessoas que acabam montando o próprio bazar. Ao invés de jogar fora ou dar embora uma roupa comprada no passado, contando que não seja de material animal, você pode reciclar, criando novas peças e acessórios. Quem acabou aderindo a ideia do próprio negócio, foi Paula Ribeiro, 27, criando bolsas feitas de materiais sintéticos e de fibras natu-
rais. “Buscamos materiais que pudessem ser utilizados com a mesma técnica dos tecidos, mas que tivessem essa estética e funcionalidade do couro legítimo.” A estilista afirma que de princípio não imaginava agradar o público vegano, e fica lisonjeada com a quantidade de clientes que possui. Ela explica, que trabalhando com materiais sintéticos, o preço das bolsas se torna mais acessível ao público-alvo.
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COMPORTAMENTO
Cinquentões se rendem à tatuagem
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Cibele Garcia/RRJ
Homenagens e nomes de parentes são os desenhos mais comuns; faixa etária é de 5% dos clientes atendidos Cibele Garcia
De cada
COM OS EFEITOS naturais da idade chegando, alguns cinquentões resolveram deixar mais algumas marcas permanentes pelo corpo: a tatuagem. No ABC, é possível identificar esse cenário e notar que moradores de 50 anos ou mais se renderam ao desenho na pele. De acordo com o tatuador de São Bernardo Wagner Santaliestra, 48, embora esta faixa etária ainda represente 5% dos clientes atendidos, esse número vem crescendo ao decorrer dos anos. “Antigamente, não se tatuava quase ninguém, hoje em dia, por semana, recebo 15 pessoas dessa faixa etária no meu estúdio”, afirmou Santaliestra, que trabalha com mais seis tatuadores no estúdio WTattoo. Segundo o tatuador Lucas Palma, 25, também de São Bernardo, há quatro anos esse cenário era diferente. “Nessa época, eu tatuava no máximo cinco pessoas mais velhas por ano. Hoje, tatuo duas por semana”, contou. A aventura de se tatuar empolgou o casal Maria Alice Lazzarini, 54, e Edson Jair Bosio, 58, que resolveu fazer a primeira tatuagem só depois dos 50 anos. Os dois, moradores de São Bernardo, se recuperaram de um câncer e usaram a
“
20 tatuagens feitas por semana por um profissional
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é realizada em alguém com mais de 50 anos
tatuagem para simbolizar a conquista. “Antes, eu tinha medo, mas a cura do câncer me deu coragem”, declarou Maria Alice. Maria Alice e Bosio tatuaram a imagem de Nossa Senhora Aparecida, cada um ao próprio estilo. “Eu pedi para Nossa Senhora me curar de um câncer no intestino, e como eu odiava tatuagem, resolvi fazer para mostrar como estou agradecido. Minha filha também tem tatuagem, ela me apoiou e eu fiz”, afirmou Bosio. Assim como na família de Bosio, a importância do apoio dos parentes Arquivo pessoal
para pessoas mais velhas é essencial para decidir sobre a tatuagem. O tatuador Marcelo Correa, 46, tatua há 13 anos no Rudge Ramos. Ele afirma que a influência dos familiares é importante para a pessoa mais velha se decidir sobre a tatuagem. “Atendi um homem que tinha 68 anos, e o sonho dele desde jovem era tatuar uma águia. E quem trouxe ele de Campinas para fazer o desenho foi o neto”, disse. A família também foi a principal inspiração para o escrevente de cartório Vlademir Liongon, 53, fazer a primeira tatuagem aos
50 anos. Hoje, Liongon já coleciona quatro desenhos na pele e tem os esboços prontos para as próximas agulhadas. “As tatuagens têm muito a ver comigo. Percebi que não estava dando a atenção merecida à minha família. Elas envolvem muito religião e família”, declarou. Liongon acredita que a maturidade foi essencial para começar a fazer as tatuagens e que a idade mais avançada foi um ponto positivo para auto estima. “Acho que eu fiz no tempo certo. Talvez, hoje teria o corpo todo fechado caso tivesse começado antes e não Mariana Lima/Art Tattoo
Eu pedi para Nossa Senhora me curar de um câncer no intestino, e como eu odiava tatuagem, resolvi fazer para mostrar como estou agradecido. ” Edson Jair Bosio Aposentado
Primeira tatuagem de Maria Alice foi em comemoração a cura de um câncer; com 54 anos ela já vai para o segundo desenho
Todas as tatuagens do escrevente Vlademir Liongon fazem referência a um membro da família; o relógio é uma homenagem ao filho e esposa
me sentiria tão realizado como sou”, contou. De acordo com os tatuadores da região, os desenhos mais escolhidos pelos cinquentões são os menores. Essa faixa etária costuma escolher nomes ou desenhos que homenageiem algum parente. Já a parte do corpo mais comum para levar as agulhadas é o braço. Bruno Faria/Art Tattoo
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COMPORTAMENTO
De 9 a 22 de junho 2016 Felipe Siqueira/RRJ
Cuidados independem da idade Felipe Siqueira
UTILIZAR agulhas esterilizadas ou descartáveis, lavar bem a região do corpo onde vai ser aplicada a tattoo, evitar água quente para não haver ardência e passar pomada durante a cicatrização são cuidados básicos ao se fazer a arte. Esses cuidados devem ser observados principalmente por quem tem mais de 50 anos de idade. Um dos motivos de complicações no processo da tatuagem é a diabetes. Fotos: Cibele Garcia/RRJ
E quem tem a doença pode sofrer com problemas na cicatrização. De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 54% das pessoas com diabetes estão acima dos 55 anos. Se se considerar a faixa etária dos 30 aos 59 anos, esse número aumenta para 59%. Os dados são de julho de 2015. A diabetes, quando não está controlada, pode baixar a imunidade do corpo humano, ou seja, diminuir a capacidade que o organismo tem de combater “inimigos”. “Há um trauma na pele.
enquanto eu estava tomando banho, até me assustei, mas consegui resolver isso estancando a ferida e passando pomada, nem precisei ir ao médico”, relatou. O tatuador Sandro Saphena acrescenta que inflamações podem ser causadas, também, pelo excesso de contato da agulha com a pele no mesmo local, principalmente com tintas coloridas. Além disso, recomenda algum acompanhante para o tatuado, se o cliente tiver uma idade mais avançada. “Eu nunca tatuei alguém com mais idade, mas
faria sem problema. “Se a pessoa é hipertensa, pode ficar nervosa durante a aplicação e isso pode complicar o processo. Se teve câncer de pele, o cuidado é ainda maior”, disse Palma. “Fica mais difícil saber se é uma pinta que tem chance ou não em virar um câncer. O melhor a se fazer é evitar essas áreas manchadas, principalmente as que estão em relevo”, disse a médica Taniguchi. A dermatologista contra indica qualquer tatuagem em alguma parte do corpo que tenha sofrido um episódio de câncer de pele. Benefícios Mesmo com todos esses cuidados, a pele mais velha também tem sua vantagem. Com o tempo, o corpo diminui a produção de colágeno que ajuda a cicatrizar as feridas. Portanto a probabilidade de ocorrer a formação de queloides (ferimentos exagerados) é menor. Mas, ainda assim, entre as sessões de desenho, o período de espera é maior. Segundo Palma, são cerca de 15 dias para jovens e de 25 a 30 dias para pessoas mais velhas.
Preconceito diminui no trabalho Adilson Junior
SE ANTES a tatuagem era vista como um problema para os empregadores, hoje, essa situação melhorou muito. Cada vez mais, são raros os casos em que o candidato é ignorado por ter tatuagem ou que o funcionário, já admitido, é dispensado pelo mesmo motivo. As companhias analisam, fundamentalmente, a qualidade do pro-
Pessoas que possuem tatuagens, sejam elas velhas ou jovens, estão sofrendo menos preconceito no cotidiano
Além disso, existe um tempo de cicatrização, já que a região foi furada pela agulha e, durante esse período, a bactéria pode entrar mais facilmente na pele, causando uma infecção. Então, além da assepsia feita no estúdio de desenho, a pessoa deve ter cuidados em casa”, disse a dermatologista Daniela Taniguchy. O escrevente de cartório Vlademir Liongon, 53, conta que, ao fazer uma de suas quatro tattoos, teve problemas na cicatrização nas costas, mas que foi facilmente solucionado. “Sangrou
Assepsia é a limpeza que deve ser realizada antes de ser aplicada na pele, mas os cuidados têm que existir em casa
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fissional e não deixam questões pessoais interferirem na escolha final. A coordenadora de qualidade (Recursos Humanos) do Hospital Santa Helena Saúde, Marianne Estrela, 33, contou que a empresa não vê problemas em admitir funcionários que se encaixem neste perfil. “A tatuagem não define o quão bom é aquele profissional”, disse. Somente em casos específicos é que a tatuagem é vista com maus olhos. Em setores que o funcionário lida diretamente com o público, por exemplo, o preconceito ainda é grande. “As pessoas não costumam levar muito a sério quem tem desenhos espalhados pelo corpo, vendo aquele indivíduo como alguém irresponsável”, declarou. Marianne viu de perto uma situação delicada quando seu marido, o gerente de vendas Everton
Fabris, 34, foi demitido da empresa onde trabalhava por conta de suas tatuagens. Fabris explicou como sua demissão aconteceu. “Em momento algum, a empresa (uma distribuidora de produtos químicos na zona Oeste de São Paulo) afirmou que as tatuagens foram as responsáveis pelo meu desligamento. Mas, ao saber da reprovação do dono da empresa com relação aos desenhos na pele, ficou claro o motivo”, falou. Fabris, que também participa da admissão de novos funcionários da empresa onde trabalha, a TI do Brasil, em Ribeirão Pires, vê o preconceito como algo passado. “O que aconteceu comigo foi pontual. Não há problemas em ter uma tatuagem tanto na contratação quanto no dia-a-dia. A tatuagem é só um detalhe”, afirmou. O escrevente de cartório Vlademir Liongon, 53,
comentou que o preconceito está nos olhos de quem vê. “É uma maquiagem diferente, uma roupa mais colorida, qualquer coisa as pessoas comentam. Hoje em dia, tudo é passível de bullyng”, falou. Aceitação familiar Além de os empregadores não verem mais a tatuagem como vilã, a aceitação por parte da família também cresce. Filha do casal Maria Alice e Edson, a assistente financeira Renata Bosio, 32, sempre apoiou os pais a fazerem tatuagens. “Eu tenho sete [tatuagens]. Gosto do fato de eles serem modernos, livres de preconceitos”, disse. Segundo Renata, nem mesmo os parentes mais velhos viram problemas quando seus pais fizeram tatuagens. “No começo, minha avó nos chamou de loucos. Mas, no fim, ela gostou do resultado por se tratar de religião”, contou.
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RUDGE RAMOS Jornal da Cidade
De 9 a 22 de junho 2016
Marina Branco /RRJ
Vinícius Reche
NÃO É para formar um novo Gustavo Kuerten. Nem mesmo para descobrir um novo Sandro Dias, o Mineirinho. Mas o tênis e o skate podem e são utilizados por ONGs no ABC para incluir socialmente crianças carentes. É o caso da Associação de Tênis para Crianças e Adolescentes, em Santo André. Fundada há dois anos pelo ex-tenista e empresário Rodrigo Pavão, a associação de tênis visa mostrar as pessoas, de qualquer classe social, que o tênis pode ser um esporte de todos. A proposta da ONG vai muito além de apenas ensinar o esporte. Trazendo em sua história diversos projetos sociais, eles buscam parceria com o município, para continuar levando o tênis para todos. Atualmente, a organização está com o Projeto Escola do tênis – “A bola da vez”, que tem como objetivo popularizar a modalidade nas escolas públicas da região. A ideia é fazer parceria com prefeituras. A meta é de atingir 2.000 crianças com idades de 6 a 14 anos até o final deste ano. O projeto auxilia na formação de crianças de baixa renda por meio da prática e conhecimento do esporte. Ao juntar esporte e educação, a iniciativa mira a transformação de cidadãos por meio de valores passados pela modalidade. “Pode ser realizada em qualquer lugar, com quadras e instrumentos improvisados feitos por você mesmo”, disse Pavão. Esse conhecimento pode ser adquirido em oficinas e cursos dados na própria escola, como oficinas de materiais recicláveis. O objetivo é capacitar professores de educação física, para que possam dar aulas de tênis na rede pública de ensino. Além do projeto que está em andamento, a associação conta com aulas semanais para crianças com idades entre 6 a 16 anos, em dois parques de Santo André. Essas atividades acontecem em três parques (Parque Celso Daniel, Parque Central e Parque Regional da Criança), todos os dias da semana, de manhã e a tarde. No Skate A ONG Skate Solidário faz um trabalho com crianças há nove anos. O objetivo
ONGs usam esporte como inclusão social
Alunos da “Associação de Tênis para Crianças e Adolescentes “ treinam no Parque Celso Daniel, em Santo André
Intenção é contribuir na transformação dos cidadãos por meio das atividades Divulgação
Pista de Skate no Jardim Calux, em São Bernardo, é utilzada pela ONG Skate Solidário em aulas semanais
é atender a comunidade em geral, não apenas quem mora em São Bernardo. A ideia de Marcelo Índio, paisagista e presidente da ONG, é criar oportunidades para os jovens de 6 a 16 anos saírem de possíveis situações de risco. Inicialmente, a associação não viu como se expandir apenas com o esporte,
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O cara tem informação pela internet, falando inglês e andando de skate, ele ganha o mundo(...) A instituição forma cidadãos, e não apenas competidores” Marcelo Indio
Presidente da ONG SSsdolo
por isso usou a cultura. Começando com aulas de inglês, de capoeira, música para crianças, cursos de informática e aos poucos foi apresentando o skateboard. “O cara tem informação pela internet, falando inglês e andando de skate, ele ganha o mundo”, disse o presidente da ONG. A Skate Solidário le-
vou o esporte para dentro de abrigos infantis para atender crianças que estão afastadas de seus pais pelo conselho tutelar. Com isso, foram incentivando habilidades nessas crianças e adolescentes para se tornarem instrutores e desenvolvedores do skate, aprendendo então que podem ter uma ocupação remunerada. “Minha intenção é que essas crianças tivessem informações para trabalhar com o skate, em uma loja de shopping, de atuar na modalidade, mas sem competir. O skate solidário forma cidadãos, e não apenas competidores”. A instituição, além da parceria com CEUS de São Paulo, patrocinados pelas empresas, OI e OSSEL, também conta com um curso gratuito de skate em São Bernardo, na pista do Jardim Calux. As aulas ocorrem todas as quintas, das 9h30 às 11h e das 14h30 às 16h. As inscrições podem ser feitas na sede da ONG. São necessárias cópias do RG, comprovante de residência, foto 3x4 e CPF. A ONG não possui nenhuma ajuda financeira com os trabalhos realizados em São Bernardo e está em busca de patrocínios.
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Atletismo faz deficiente visual superar barreiras Marina Branco
O INCENTIVO à prática de esportes muitas vezes é decisivo para quem quer iniciar uma atividade física. Foi assim, com o apoio dos amigos, que Felipe Augusto Diogo, 31, jornalista e deficiente visual, descobriu no esporte a realização de seus sonhos. Diogo nasceu com Microfitalmia, uma anomalia do globo ocular que comprometeu cem por cento de sua visão. Cansado de levar uma vida sedentária, em 2008, decidiu mudar seus hábitos por meio do atletismo. Começou a treinar todos os dias em parques e pistas de treinos, com uma rotina de cinco quilômetros por treino. Ele afirma que o esporte exige muito, desde mudança de hábitos alimentares, até a superação de seus próprios limites.
ESPORTE
De 9 a 22 de junho 2016
A corrida para um deficiente visual é feita sempre em dupla. Para isso, Diogo conta com Telma, sua guia. O trabalho entre os dois já existe desde o princípio de seus hábitos no esporte. Com uma corda guia presa em seus pulsos, Telma tem a função de ficar ao seu lado, mostrando o ritmo e os obstáculos que eles possam encontrar pela frente. Ele conta que a corrida para um deficiente visual não é fácil. “Algumas pessoas apoiam e respeitam, mas ainda há aquelas que xingam e reclamam quando estamos correndo.” Mas nada disso o impediu de continuar no esporte e, convidado por algumas empresas, como o Instituto Cásper Líbero, passou a fazer corrida de divulgação. O intuito era competir com camisetas que levavam o logo dessas marcas, e assim, divulgá-las.
Marina Branco /RRJ
Felipe Diogo
Além de treinar em parques, Diogo faz aula de natação e academia
Aos domingos, Diogo costuma participar de corridas e circuitos, ainda trabalhando como divulgador de marcas. Essas corridas geralmente são realizadas em parques do ABC ou São Paulo. A interação é o que marca esses circuitos. Se-
gundo ele, são distribuídas cerca de 10 cortesias para participação de diversos tipos de deficientes, que costumam largar de cinco a quinze minutos antes dos demais corredores. Foi nessas competições que conheceu o professor
Thainá Araujo /RRJ
Thainá Araújo
Professor Taquara (1º à esquerda) com a “Força no Pé”, na pista de atletismo da Caixa Econômica Federal
vidades como caminhada, exercícios para fortalecimento e adaptações. Há atividades também para voluntários que queiram ajudar no projeto. A ONG, além de professores de educação física treinados, tem voluntários. Atualmente, são 20. Ari Carlos dos Santos, 39, só tem 20% da visão.
Algumas pessoas apoiam e respeitam, mas ainda há aquelas que xingam e reclamam quando estamos correndo.”
Jornalista e atleta
Corrida e salto promovem reintegração DOIS DEFICIENTES visuais: Ari pratica salto em distância; Verônica corre na pista de atletismo. Eles são da ONG “Força no Pé”, que funciona em São Bernardo e usa o esporte para reintegrar cidadãos com vários tipos de deficiência. O idealizador da ONG é o professor de educação física Dilton Oliveira Paiva, conhecido como Taquara, 58. Mestre em capoeira, ele teve a ideia do projeto em 1993, quando foi chamado para dar aula para deficientes em escolas. Depois, criou a ONG em 2006, pois viu que só as aulas não eram suficientes. Em 2010, registrou a instituição, que atua como forma de reintegração e aceitação social. A ONG busca incluir deficientes e quem nunca praticou alguma atividade física. Quem participa realiza atividades de base. Ou seja, começa fazendo ati-
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Aos 11 anos, foi vítima de uma bala perdida que atingiu seus olhos. Desde 2010, integra a ONG. Salto em distância e corrida são sua paixão. Ari treina há cinco anos para competir. Já conquistou vários títulos. “O esporte me mostra que posso mais, que posso dar o melhor de mim em algo.” A advogada Verôni-
ca, 38, conheceu a ONG Força no pé em 2014, por meio de um amigo. Desde então, descobriu o seu talento como corredora. Com apenas 10% da visão, Verônica Tavares se tornou deficiente visual em 2012 após uma toxoplasmose, infecção causada por um parasita das feses de animais. Teve depressão.
Adilson Taquara, fundador da ONG Força no Pé. Em 2012, foi convidado por ele a participar da instituição e a fazer parte do recém-criado Departamento Social, onde trabalha até hoje, como porta-voz e divulgador da ONG. Com as influencias adquiridas no “Força no pé”, Diogo nutriu ainda mais o seu sonho de se tornar um radialista. O jornalista, que sempre teve o rádio como seu melhor amigo, agora comenta jogos esportivos na rádio comunitária Paraty. Onde também possui o programa “Espaço de inclusão”, destinado a conversar diretamente com pessoas deficientes. O atleta ainda afirma que o esporte sempre foi incentivo e motivação para correr atrás de suas metas, desenvolvendo o seu lado psicológico, físico e comunicativo. “Sem interação não há inclusão.”
Na ONG, Verônica disse que se redescobriu. Hoje, a corredora coleciona muitos títulos conquistados em competições. “Depois que comecei a participar da ONG, me resgatei de uma depressão e consegui ter um objetivo na vida novamente. Hoje sou uma atleta paraolímpica.” A instituição atende atualmente 150 deficientes e tem dois departamentos de esportes. Quem quiser praticar alguma modalidade esportiva como lazer faz o módulo “participação. O objetivo é de inclusão e ascensão social do deficiente, pois, segundo Taquara, nem todos atingem condição para atuar em competições. Por isso há outro módulo, o de “competição”, em que deficientes que participam podem inclusive competir em paraolimpíadas, oficiais, nacionais e internacionais. Taquara disse que a ONG recebe apoio da prefeitura, que disponibiliza parques com pistas totalmente equipadas para que possam fazer os treinamentos. Atualmente, a ONG sobrevive de doações.
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