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Produzido pelos alunos do Curso de Jornalismo ANO 36 - Nº 1065
De 11 a 24 de maio de 2017
Alvaro Augusto/RRJ
CONFUSÃO DE CORES Semáforos que não são de LED dificultam visibilidade para motoristas durante o dia na rua Afonsina. Pág. 3
» BATALHA DE RAP Guilherme Guilherme/RRJ
» CONCHAS, PAPÉIS E MINIONS Bianca Barbosa/RRJ
Jovens se reúnem na praça São João Batista para disputa de MCs Pág. 5
» BALANÇO Vereadores aprovam 19 projetos e instauram 2 CPIs em 100 dias Pág. 2
Colecionadores escolhem guardar objetos inusitados Págs. 8 e 9
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POLÍTICA
RUDGE RAMOS Jornal da Cidade
De 11 a 24 de maio de 2017
DE OLHO NA CÂMARA
Em 100 dias, vereadores instauram 2 CPIs e aprovam 19 projetos do Executivo
execução do contrato assinado pela prefeitura, durante a gestão de Luiz Marinho (PT), com o Consórcio SBC Valorização de Resíduos Revita e Lara, que presta serviço de limpeza pública. A presidência dessa comissão é de Ary de Oliveira (PSDB). Também aprovada por unanimidade, a segunda CPI é a da Eletropaulo, instaurada no dia 31 de março, mas, até agora, não houve nenhum desfecho sobre o assunto. Apoio Nesses 100 dias, com maioria na Câmara, o prefeito Orlando Morando (PSDB) teve 19 projetos aprovados. Entre eles, a criação da Lei Parede Limpa, que prevê multa a quem pichar imóveis públicos e particulares. A lei também obriga concessionárias de luz, TV, internet e telefone a manterem a fiação da cidade em ordem sob pena de multa. As concessionárias de estradas e rodovias, como a Ecovias, também entraram na mira da prefeitura. Agora, as despesas médicas de acidentes de trânsito (ocorridos em outros municípios, mas tratados em hospitais públicos de São Bernardo) serão enviadas a essas concessionárias. Nem o jornal impresso escapou das decisões da Casa. O jornal oficial “Notícias do Município” deixará de ser impresso ainda neste ano, devido à aprovação de outra lei do Executivo. O conteúdo do veículo estará disponível apenas no site da prefeitura.
Tribuna livre da Casa abrigou protestos de munícipes contra problema de água Érika Motoda
NOS 100 primeiros dias de atividades da Câmara Municipal de São Bernardo em 2017, completados no dia 12 de maio, houve a instauração de duas CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) e a aprovação de 19 projetos de lei do prefeito Orlando Morando (PSDB). Nesse período, iniciado em 2 de fevereiro, a Casa encaminhou mais de 2.000 matérias ao Executivo. Até a Lei Orgânica, a Constituição do município, recebeu duas emendas. Sobre os 100 dias, o presidente da Casa, Pery Cartola (PSDB), apontou “números expressivos de economia no Legislativo”. “Acumulamos, em tempo recorde, no nosso caixa, cerca de R$ 6 milhões a serem devolvidos à prefeitura.” Segundo o tucano, houve corte em gastos com café, sulfite, cópias, carro oficial, contratos “desnecessários” e redução de 25% de todos os contratos (limpeza, segurança). Cartola avaliou sua gestão como um “modelo ágil e jovem”. E, para ele, isso se deve ao comprometimento dos parlamentares. “Chegaram vereadores novos, sem vícios.” A Casa foi renovada em 50%, na última eleição. Nesta legislatura, o tucano protagonizou uma polêmica: sugeriu um manual de conduta para os servidores da Câmara. Propôs, por exemplo, a cor do esmalte a ser usado pelas servidoras e sobre como proceder no aperto de mão e no uso de vestidos. O tucano disse reconhecer que houve alguns excessos. “Mas era necessária a riqueza de detalhes para chamar a atenção das pessoas e chacoalhar um organismo tão viciado que é o poder público”, explicou.
Rudge Ramos JORNAL DA CIDADE editorial@metodista.br Rua do Sacramento, 230 Ed. Delta - Sala 141 Tel.: 4366-5871 - Rudge Ramos São Bernardo - CEP: 09640-000
Produzido pelos alunos do curso de Jornalismo da Escola de Comunicação, Educação e Humanidades da Universidade Metodista de São Paulo
Cartola disse que o manual foi reformulado nos pontos considerados exagerados e que atingiu o objetivo de padronizar o atendimento ao munícipe. “As pessoas imaginam que todo funcionário público é vagabundo e que todo político é ladrão”, afirmou. “Se a gente não se der ao respeito internamente, como vamos mudar a imagem do ente público?” CPIs A Câmara também abrigou várias manifestações na tribuna livre. Uma delas foi no dia 26 de abril, quando moradores de alguns bairros reclamaram da qualidade da água. “Esse é o local correto para virem protestar. A Câmara tem uma estrutura muito boa para atender os munícipes como se eles fossem nossos clientes”, disse Cartola. Os vereadores do PPS e PT estudam implantar uma CPI para
investigar o assunto. Mas não há assinaturas suficientes no requerimento necessário. Contudo, Cartola afirma que não é possível abrir uma comissão para investigar a Sabesp, pois se trata de uma empresa de sociedade mista, cujo sócio é o Estado de São Paulo. Segundo Cartola, os vereadores já conversaram com um superintendente da Sabesp. Ficou acordado que a empresa tem até o dia 15 de maio para resolver os problemas. Se isso não acontecer, o tucano disse que vão procurar outros meios, como acionar a Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo). Cartola ainda afirmou que “há parlamentares que utilizam a CPI de forma política, para se promover”. Outra CPI, no entanto, foi aprovada em 8 de fevereiro. É a que apura a questão do lixo. O intuito é investigar supostas irregularidades na
Prefeitura de São Bernardo quer reembolso do SUS Érika Motoda Thalita Ribeiro
EM BREVE, o cidadão que for atendido na rede pública de saúde em São Bernardo será questionado se possui ou não um convênio médico particular. Isso porque, por unanimidade, a Câmara aprovou nesta quarta (10) o projeto de lei do Executivo que autoriza o município a cobrar diretamente da ANS (Agência Nacional de Saúde) os valores repassados
pelas operadoras de saúde ao SUS (Sistema Único de Saúde). O objetivo do projeto de lei nº 45/2017 é garantir o reembolso para os cofres municipais das despesas médicas de pessoas que possuem convênio, já que a prefeitura diz que o SUS não ressarce esses gastos especificamente, apenas repassa dinheiro para a saúde de maneira geral. Para isso, o funcionário do hospital perguntará o nome da empresa responsável pela prestação do serviço particular, com o objetivo
DIRETOR - Nicanor Lopes COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO - Rodolfo Carlos Martino. REDAÇÃO MULTIMÍDIA - EDITOR CHEFE- Julio Verissimo (MTb 16.706); EDITORA-EXECUTIVA E EDITORA DO RRJ - Margarete Vieira (MTb16.707); EDITOR DE ARTE - José Reis Filho (MTb 12.357); ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA - Maristela Caretta (MTb 64.183)
EQUIPE DE REDAÇÃO - Álvaro Augusto, Amanda Leonelli,
Bárbara Caetano, Bruno Pegoraro, Érika Motoda, Felipe Freitas, Gabriel Mendes, Gabriel Argachoy, Guilherme Guilherme, Iago Martins, Mariana Cunha, Raquel Gamba, Thalita Ribeiro e alunos do 5º semestre de Jornalismo. TIRAGEM: 10 mil exemplares - Produção de Fotolito e Impressão: Gráfica Mar-Mar
de formar um banco de dados do município. Mas o usuário da rede pública não é obrigado a fornecer essa informação, conforme explicou o líder do governo na Câmara, Ramon Ramos (PDT). A administração de São Bernardo irá confrontar os dados do SIB (Sistema de Informações de Beneficiários), que é de responsabilidade da ANS, com aqueles que coletar na rede pública de atendimento da cidade. Se, ao confrontar esses dados, a prefeitura entender que os repasses não estão de acordo com seus cálculos, poderá acionar a Justiça contra a União, ANS e FNS (Fundo Nacional da Saúde, que é a responsável pela gestão dos recursos do SUS). DIRETOR DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO, MARKETING E SUPRIMENTOS - Ronilson Carassini
CONSELHO SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO Aires Ademir Leal Clavel (vice-presidente); Esther Lopes (secretária); Rev. Afranio Gonçalves Castro; Augusto Campos de Rezende; Jonas Adolfo Sala; Rev. Marcos Gomes Tôrres; Oscar Francisco Alves Jr.; Valdecir Barreros; Renato Wanderley de Souza Lima (suplente). DIRETOR GERAL - Robson Ramos de Aguiar VICE-DIRETOR GERAL - Gustavo Jacques Dias Alvim DIRETOR DE FINANÇAS E CONTROLADORIA - Ricardo Rocha Faria
REITOR: Paulo Borges Campos Jr., Coordenadora de Graduação e Extensão - Vera Lucia Gouvea Stivaletti, Coordenador de Pós-Graduação e Pesquisa - Davi Ferreira Barros DIRETORES - Rogério Gentil Bellot (Escola de Ciências Médicas e da Saúde), Nicanor Lopes (Escola de Comunicação, Educação e Humanidades), Carlos Eduardo Santi (Escola de Engenharias, Tecnologia e Informação), Fulvio Cristofoli (Escola de Gestão e Direito) e Paulo Roberto Garcia (Escola de Teologia).
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DE OLHO NA CIDADE
Incidência solar em luz de semáforo do Rudge confunde motoristas
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Fotos: Alvaro Augusto/RRJ
Cidade tem 15% de semáforos de LED, afirma prefeitura Alvaro Augusto
MOTORISTAS que passam pela rua Afonsina, no cruzamento com a rua Ida Leoni Cleto, no Rudge Ramos, em São Bernardo, no período da manhã, podem se confundir com a cor da luz do semáforo. Isso porque o sistema está instalado em uma posição com alta incidência solar. Com a luz do sol sobre as lentes do semáforo, a sensação causada é de que o vermelho e o verde estão acesos simultaneamente. Essa sensação é conhecida como “efeito fantasma”, que pode ocasionar transtornos aos motoristas e acidentes de trânsito por avançarem no sinal errado. Segundo Junior Sauer, 41, que passa todos os dias
Semáforo (à esq.) causa confusão com as duas cores aparecendo simultaneamente; o de LED (à direita) seria solução
pelo local para ir ao trabalho que fica próximo ao cruzamento, a situação é péssima e ocorre acidentes com frequência por causa da dúvida dos motoristas. De acordo com Naira Morales, 48, corretora de imóveis, moradora do bairro há dez anos, o problema piora no sábado por conta da feira livre que ocorre na rua Ida Leoni Cleto. Para ela, a substituição
das luzes convencionais pelas de LED (Diodo Emissor de Luz) seria uma solução. “Você olha de longe e vê que está verde, não há confusão quanto à luz do sol”, disse. Essa tecnologia também consome menos energia que a atual e possui uma vida útil maior. Na cidade, de acordo com a prefeitura, há 540 intersecções (onde há semáforos), mas apenas 15% desse total (81) é de LED.
Obra de corredor de ônibus na Vergueiro prejudica trânsito Iago Martins Maristela Caretta
UMA OBRA na avenida Senador Vergueiro tem causado transtornos para munícipes e motoristas que passam pelo local. O projeto, denominado como “Corredor Rudge Ramos”, visa melhorar a acessibilidade e implantar um corredor de ônibus que vai interligar a região central da cidade ao Rudge Ramos, até a divisa com São Paulo. Além das avenidas Senador Vergueiro e Dr. Rudge Ramos, o projeto também abrange as avenidas Aldino Pinotti e Winston Churchill. O estudante Paulo Vitor Vieira, 22, disse que trafega diariamente pela
Vergueiro e que não sentiu muita diferença desde o início das obras. “Perto do Carrefour ainda há muitos entulhos e pouca esperança de conclusão a curto prazo, pelo menos visualmente”, disse. Já nas obras perto do Centro, Vieira afirmou já ter visto melhorias. Com relação à movimentação de funcionários no local, a estudante Karen Martins, 21, disse que eles [operários] estão sempre trabalhando, mas nada muda. Sobre o trânsito, ela afirmou que nunca foi bom na região e que agora piorou ainda mais. “Tenho que me programar para sair de casa mais cedo todos os dias e, mesmo assim, sempre tem algo que faz o trânsito parar no trecho das obras”, afirmou.
A prefeitura afirmou, por e-mail, que para ocorrer a substituição do semáforo é necessário que a equipe de campo faça estudos técnicos sobre a via com a informação dos munícipes. Primeiro, há uma limArquivo pessoal
Lorrayne Martinhão, 21, mora na Senador Vergueiro e declarou sofrer com a sujeira que a obra tem causado. “Além da poeira e do barro
que ficam em casa, com o trânsito que se formou é difícil até entrar ou sair da garagem. Isso impacta inclusive na minha qualidade de vida.
peza nas lentes e um reposicionamento. Caso não resolva o problema, faz-se a substituição por LED. Com relação ao custo da troca e um prazo para o conserto, a prefeitura não informou até o fechamento da matéria. Tráfego intenso muda rotina de quem costuma passar pela avenida
Hoje, preciso me programar para sair mais cedo e não consigo mais nem tomar café da manhã”, contou. A sujeira causada pela obra tem afetado também os estabelecimentos comerciais. Bárbara Reijani, 25, é proprietária de um restaurante na Vergueiro. Ela afirma que “o trabalho realizado na obra é de péssima qualidade. Eles deixam buracos na via, o que causa uma sujeira muito grande. Quebraram a nossa calçada sem comunircar nada, deixaram o buraco aberto por umas três semanas e depois cobriram com cimento. Até agora ninguém informou se vão reparar os danos e colocar o revestimento igual ao anterior”, disse. A Prefeitura de São Bernardo foi questionada sobre a data de início das obras e previsão de término, mas não se manifestou até o fechamento desta edição.
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Guiulherme Guilherme/RRJ
Praça no Rudge Ramos é palco de batalhas de rap Evento ocorre toda semana e reúne fãs do gênero desde 2 de março Guilherme Guilherme
QUINTA-FEIRA é dia de rap. Pelo menos para quem frequenta a “Batalha do Rudge”, que ocorre toda quinta-feira, a partir das 20h, na praça São João Batista, desde o dia 2 de março. Essa manifestação artística já é tradicional em alguns pontos do ABC. Franz Petkov, 28, é o organizador do encontro. Segundo ele, a Batalha do Rudge teve a presença de 12 rappers em sua primeira edição. Na quarta edição, já havia atingido o limite de inscritos: 16.
Além dos competidores, há dezenas de espectadores. “Tem edição que vêm cem pessoas. Está ficando grande”, disse Petkov. Em uma batalha de rap, há uma espécie de duelo cantado. Nele, dois participantes cantam e entoam palavras de ordem, se referindo a alguma questão social ou mesmo de caráter pessoal. A ideia é que um vença o outro sutilizando rimas para expor seu ponto de vista. A participação do público é fundamental. Afinal, são os espectadores que julgam, por meio de gritos, quem fez a melhor rima. Em
“
A Batalha do Rudge é a mais nova do ABC. E já está vindo um público grande e bastante MC.” Franz Petkov organizador
caso de dúvida, a plateia levanta a mão para votar. Vence quem ganhar dois dos três possíveis rounds (caso o mesmo rapper vença os dois primeiros, não há a necessidade de um terceiro). Há dois estilos de batalhas de rap: a temática e a de sangue. Na temática, os
Informar é a nossa
FUNÇÃO
rappers precisam rimar sobre um tema proposto pela plateia. Já na de sangue, mais comum no Rudge, não há regras preestabelecidas. Por isso provocações e até xingamentos são normais nesse estilo. “Parece um Coliseu”, contou a estudante e rapper Gabrielly Marcossi, 18, ao comparar a batalha com a luta de gladiadores na Roma Antiga. Para Gabi, como é mais conhecida, muitas rimadoras não se sentem à vontade para participar de batalhas de sangue contra os homens. “Sempre tem uma zueira, mas é preciso ter mente forte para ir contra isso”,
Participantes da batalha de rap, no Rudge Ramos, entoam palavras de ordem
disse. Apesar de as provocações serem apelativas, a rapper afirma: “Depois que acabou, acabou, todo mundo é irmão. A gente aqui é uma grande família.” No dia em que a reportagem presenciou a Batalha do Rudge, Gabrielly era a única mulher entre os competidores. “Sempre rola preconceito, porque não é sempre que se vê uma ‘mina’ rimando”, contou Gabi, que mora no Rudge. Outro morador do bairro que está contente com a batalha no Rudge Ramos é o estudante Jordi Alonso, 19. Ele já frequentava batalhas de outros lugares do ABC. Mas, para Alonso, rimar no Rudge é diferente. “Me acolhe mais por eu estar em casa. Então, me sinto mais tranquilo. Tem uma liberdade a mais para rimar”, falou. O organizador Petkov também mora no Rudge e avalia como positiva a adesão ao evento. “A Batalha do Rudge é a mais nova do ABC. E já está vindo um público grande e bastante MC [mestre de cerimônia, forma com os rappers também são chamados].” Durante as batalhas, Petkov, que também é apresentador do evento, pede que o público não converse e preste atenção na mensagem que o rapper quer passar. Nos intervalos entre as batalhas, também é cedido espaço para os MCs cantarem suas próprias músicas. “Antes, a molecada não tinha nada para fazer. Aqui no Brasil é difícil ter acesso a lazer, cultura e esporte. Então, pelo menos não estão fazendo coisa errada. Sempre estão vindo aqui, ouvindo um rap, uma música.”, afirmou Petkov.
Se você tem alguma queixa, reclamação ou quer sugerir um assunto para que ele se transforme em pauta e reportagem, fale com a Redação:
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Tel: 972003275
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Espaços Pet são atrações em condomínios de São Bernardo Áreas exclusivas para os animais ganham destaque ainda na fase de início da construção Fernanda Bozolo/RRJ
Amanda Zanachi
OS ANIMAIS de estimação têm ganhado um espaço reservado em condomínios de São Bernardo. Nos últimos empreendimentos lançados pelas construtoras é possível encontrar os Espaços Pet, um lugar destinado para que os bichos possam aproveitar um playground desenvolvido especialmente para eles. De acordo com uma pesquisa realizada em 2016 pela empresa de origem alemã e especializada em estudos de mercado, a GFK, 56% da população mundial possui pelo menos um bicho de estimação e 75% dos brasileiros se encaixam na mesma circunstância. Ainda segundo a pesquisa feita pela GFK e que envolveu 27 mil entrevistados em 22 países, a América Latina é um dos maiores mercados consumidores de cuidados com animais. Além disso, é o mercado mais atrativo para empresas que fornecem serviços para cuidados com os pets. Por sua vez, os administradores dos condomínios acreditam que moradores com animais de estimação aprovam o lugar, o que pode representar uma valorização para o imóvel. Um bom exemplo é o condomínio Ânima, na
No condomínio Ânima, em São Bernardo, o espaço é uma alternativa de lazer e bem-estar para os animais que vivem em apartamentos
Ágatha Araujo, os moradoO espaço PET é bem acei- res de modo geral aprovam o espaço e o condomínio to, ele já foi realocado e reformado para a melhor transforma o lugar de acordo com as necessidades dos acomodação dos bichipets e dos donos. “O espaço nhos com grama, banco para os moradores e brin- PET é bem aceito, ele já foi quedos. Entre eles rampa, realocado e reformado para a melhor acomodação dos salto simples e em PVC, bichos com grama, banco além de pneus.” Ágatha Araujo para os moradores e brinquedos. Entre eles rampa, Assistente Administrativa salto simples e em PVC, além de pneus.” destacou. No Ânima, para livrar Vila Lusitânia, em São Bernardo, onde segundo a o espaço de pragas como assistente administrativa carrapatos e pulgas a ma-
“
Divulgação: MBigucci
nutenção é feita mensalmente por uma empresa contratada. Mas para cuidar do lugar e não gerar problemas entre os usuários, a responsabilidade sanitária dos animais fica por conta dos moradores. O local conta com um porta-saco para ajudar a manter o espaço limpo. Os projetos são apresentados pela construtora que planeja o espaço Pet depois de uma análise de um local que possa ser adequado e que atenda às necessidades dos pets e dos donos. Segundo o arquiteto da construtora MBigucci, Danilo Salerno, o local é pensado e por meio do projeto de paisagismo vem a análise para adequar o espaço na construção. “Pensamos estes espaços como um local onde o animal de estimação possa correr e brincar, gastando toda sua energia e consequentemente se tornar mais tranquilo. Para os donos, planejamos sempre um espaço de estar, para
Há três empreendimentos da MBigucci com espaço pet, os condomínios Exuberance, Celebration e Classic
Pesquisa da GFK, empresa de estudos de mercado, indica que, em 2016,
75%
dos brasileiros possuem pelo menos um animal de estimação
que eles possam permanecer no local de forma prazerosa”, falou. No shopping O shopping Golden Square em São Bernardo aderiu ao PetFriendly e tem o seu próprio espaço destinado aos animais, onde o uso é livre e gratuito. É permitido transitar com animais como cães e gatos de pequeno e médio porte. Porém o estabelecimento tem algumas exigências de como andar com o animal dentro do shopping, por exemplo, o transporte deve ser feito no colo, com coleira ou com o PetCar – um carrinho exclusivo para os pets – além disso, o animal é proibido na praça de alimentação.
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Pet Shops oferecem “babás”para cuidar de bichos de estimação Beatriz Faria
O BRASIL tem mais de 130 milhões de animais nos lares brasileiros, segundo o IBGE – e assim, cada vez mais empresários investem em serviços para atrair os clientes. Esses novos conceitos ganham espaço ajudando os donos dos animais que precisam sair e não podem levá-los. Os bichos de estimação fazem cada vez mais parte das famílias, hoje eles dormem nas camas, ganham festas de aniversário, entre outros presentes e a rotina atarefada dos donos faz crescer a procura e o investimento por esses serviços. Atualmente, é possível encontrar todo o tipo de produtos para os animais de estimação, desde alimentações variadas até serviços
personalizados, como o de Pet Sitter: um serviço de “babá” para os animais de estimação. Deixar o mascote em um hotel demanda tempo e planejamento, é preciso avaliar as opções e principalmente o perfil dos bichos. Cães e gatos geralmente são mais assustados em ambientes estranhos e, em sua maioria, se adaptam melhor a alguém que cuide deles sem que precisem sair de casa. De acordo com Elis Castilho, cofundadora da empresa Totó Passeia ABC, “o animal em casa, no período em que seus donos estão fora, se mantém equilibrado, pois continua em seu ambiente sabendo que sua família chegará a qualquer momento. Diferente de hoteizinhos, alguns cães não gostam de socializar com outros, ou ficam agressivos e tristes em algum canto e é ai
Beatriz Faria/RRJ
Serviço é opção para donos que trabalham fora de casa
que entram os nossos serviços. Vamos até a residência de uma a duas vezes por dia, de acordo com o tutor, para trocar água, alimentar, passear, brincar, ministrar medicamentos, tudo em uma
hora. A procura maior é para cães, porém já atendemos calopsitas e um peixinho”. A vantagem de levar o profissional para dentro de casa é o serviço personalizado e a fácil aceitação do
Moradores se empenham no resgate de animais de rua Fernanda Bozolo
DE ACORDO com pesquisa da ONG Arca Brasil, em 2008 haviam cerca de 625 mil cães e 156 mil gatos nas ruas das sete cidades do Grande ABC. Após oito anos, realizando o mesmo cálculo, São Bernardo teria cerca de 205 mil cães e 51 mil gatos em 2016. A estimativa foi baseada em: a cada quatro habitantes há um cão nas ruas e a cada 16 pessoas há um gato nas mesmas condições. Para mudar essa realidade, alguns moradores se prontificaram a encontrar um lar para esses animais. Erika Monteiro administra a página de doação “Um gatinho pra chamar de meu” no Facebook e, além dos nove filhotes de cães que é responsável, administra a doação mais de 30 gatos espalhados em residências temporárias. Ela começou esse trabalho ainda na época dos e-mails de grupo, ao simpatizar com pessoas que se dedicavam ao resgate de animais. “Cui-
do como se fossem meus próprios gatos. Não castro antes dos quatro meses, pois antes dessa idade há riscos de doenças e gasto uns 500 reais com ração, consulta a veterinário e medicação”, explica. Amanda Dintof acaba de concluir a faculdade de Centro de Medicina Veterinária na Zoonoses está Unicsul e desde a adoleslocalizado no cência resgata animais. bairro Rudge Costuma pegá-los em casos Ramos de abandono ou situação de risco e “sempre tento doá-los, embora ultimamente tenha sido difícil feiras internas de doação e conseguir bons adotantes Campanha de Controle de e, muitos gatos, principal- Natalidade de Cães e Gatos. mente adultos, acabam enIsabel Elida Carballo é calhando e ficando comigo.” Designer Gráfica e resgata Atualmente cuida de seis aproximadamente 15 anicães e 21 gatos. mais por mês, geralmente Desde 2014, as prefei- filhotes de gato sem mãe turas das cidades de Santo e necessitando de alimenAndré, São Bernardo e tação. Começou a proteger São Caetano têm oferecido os animais ao ajudar a alternativas para diminuir ONG Anjos dos Bichos em o número de animais nas Alphaville, mas o primeiro ruas. Há o serviço de cas- resgate foi de um cão abantração gratuito a famílias donado no pet shop há 12 de baixa renda nas três anos, que permanece com cidades e, em São Bernar- ela até hoje, além de outros do, o Centro de Controle três cães e 22 gatos. de Zoonoses (CCZ) realiza Angelica Reis é forma-
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animal. Michele Pacheco, secretária e cliente da Totó Passeia, estava indo de Férias para a Tailândia e iria ficar 30 dias fora, então precisava de alguém para cuidar da sua cadela Blanca (da raça Dogo Argentino), por não ser uma cachorra sociável ela não se dá com outros cachorros e estranha as pessoas, por isso optou por um serviço de Pet Sitter. “A Elis fez um trabalho de socialização pelo período de dois meses, para que ela estivesse apta a recebe-la quando eu estivesse. Assim, pude viajar tranquila. A Blanca era cuidada diariamente pela tia Elis e tia Marcela, que passeavam, davam comida, água, alguns brindes e banhos. Realmente um trabalho de Babá, muito mais do que eu esperava. Recebia diariamente por meio de mensagens, fotos e vídeos como estava indo o dia da minha filhota, o que me deixava tranquila do outro lado do mundo”. Com o serviço de Pet Sitter, o tutor pode escolher o perfil do cuidador, que se encaixe melhor com a personalidade do animal. Fernanda Bozolo/RRJ
“
Cuido como se fossem meus próprios gatos. Não castro até os quatro meses, pois antes dessa idade há riscos de doenças. Consulto veterinários e dou medicação.” Erika Monteiro autônoma
da em Direito na UNIP e Comércio Exterior na Metodista, mas hoje cursa Veterinária na UniABC. “Resgato animais há 22 anos, e hoje tenho 97 cães
e 20 gatos, todos castrados e vacinados, vítimas de maus tratos e abandono.” Ela tem ajuda de três veterinários nos cuidados e nas doações dos animais. A iniciativa dessas pessoas garantiu novos lares a estes bichos e contribuíram com a saúde pública das cidades. Cães e gatos podem transmitir doenças, como a raiva, e além das Campanhas de Vacinação Antirrábica, participar e apoiar campanhas de doação é uma maneira eficaz de diminuir a quantidade de animais nas ruas.
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Fotos: Bianca Barbosa/RRJ
Marina Málacco coleciona papéis, pelúcias, latas de bebida e miniaturas de Pokemón
Colecionadores optam por objetos diferentes Conchas, papéis, Pokemóns e jogos da Marvel são alguns dos itens reunidos Bianca Barbosa
COLEÇÕES são reuniões ordenadas de objetos que podem ter valor afetivo, estético e até mesmo profissional para quem coleciona. Diferente da maioria das pessoas que normalmente optam por juntar figurinhas, moedas ou chaveiros, há aquelas que escolhem itens incomuns para colecionar. Apaixonado pelo mar, o estudante André Gonçalves, de São Caetano, coleciona conchas desde os 12 anos de idade. Hoje, com 21, ele reúne mais de 500 unidades. O estudante conta que o motivo da paixão por conchas se deve ao fato dele admirar a beleza dos elementos criados pela natureza. “Esses itens têm um valor muito grande para mim. Sou muito ligado ao mar. A concha mais especial é uma com tons de marrom claro. Ela foi encontrada perto do farol na praia de Bertioga”, falou. Hoje ele guarda a coleção na casa de praia, e as separa por tamanho, cor e formatos diferentes.
Já a revisora de textos Marina Málacco, 20, de Santo André, tem diversas coleções. Entre os objetos colecionados há papéis, pelúcias, latas de bebida (cerca de 80 unidades) e miniaturas de Pokemón, um desenho animado japonês, também com
entorno de 80 objetos. A maior é a de papéis, que reúne bilhetes, provas antigas e até panfletos. Por causa da quantidade, Marina não sabe dizer o número exato de unidades da coleção. A segunda maior é a de pelúcias, que a jovem tem
Revisora de textos tem mais de 80 Pokemóns, o mais especial é o oficial, ao lado da Pokebola
desde criança. “Eu os adorava quando era pequena, e fui juntando. Hoje, tenho
comigo inclusive meu primeiro bichinho de pelúcia, que ganhei com menos de um ano de idade”, disse. Marina fala que tinha mais de 500 ursinhos, depois de fazer uma “limpa” conseguiu reduzir para 150. “Eu gostava de ver o meu quarto abarrotado de coisas bonitinhas e macias”, contou. A jovem falou que a coleção mais estranha é a de papéis e que tenta se policiar para não virar um “acúmulo de lixo”. “Sempre senti que os papéis poderiam ser úteis de alguma forma, que poderia usá-los ou que tinham lembranças. Eu os divido entre coisas escritas, aqueles que eu guardo por serem bonitos, ou papéis de embalagem”, disse. Desenhos e filmes despertam paixão nos colecionadores. O ator Fernando Lima, de Diadema, coleciona um jogo de cartas chamado Battle Scenes. Esse jogo é baseado em personagens da editora de histórias em quadrinhos Marvel. O jogo foi criado no Brasil e é distribuído pela Copag, fabricante de jogos de carta. Battle Scenes é um jogo de estratégia em que os jogadores duelam comandando grupos de heróis e vilões da Marvel. O ator tem um troféu que ganhou em um torneio do jogo. “Battle Scenes tem um valor sentimental muito grande, porque sempre fui muito cinéfilo e desde que a Marvel lançou seu universo no cinema, tenho me apegado aos quadrinhos e, nessa comunidade de heróis, acabei conhecendo o jogo.” O ator afirmou que vai a torneios quase todas as semanas, o jogo já faz parte da rotina social, tanto quanto a faculdade ou o trabalho. “Colecionar é manter minha criança interior sempre viva.”
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COMPORTAMENTO Arquivo pessoal
Colecionar ajuda na sociabilidade Fernanda Armelim
É MUITO comum ver pessoas colecionando objetos, sejam eles brinquedos, lápis, figurinhas ou cartões. A motivação para tal "hobby " pode estar ligada a diversas finalidades, que vão desde o senso de organização, até integração em um grupo social. O ato de colecionar pode ser considerado uma arte e também pode contribuir para o desenvolvimento emocional.
Faz parte do hábito saudável do colecionador acumular coisas com um foco definido. Segundo a psicóloga Maria Fogo, o ato de colecionar desenvolve o aprendizado, além de ser uma atividade recomendada para todas as idades. “O ato de colecionar desenvolve a metodologia, o senso de observação, a atenção e paciência. Para que adote uma coleção, a pessoa se coloca em uma condição de estruturar-se e desenvolve competências que lhe per-
mitam atingir os resultados desejados”, afirmou. Os motivos para colecionar podem ser diversos, desde entretenimento a simples hobby, uma mania ou atividade cultural. No caso de Raul Henrique Faria, morador do bairro Palermo em São Bernardo, e colecionador de máquinas fotográficas, a atividade é uma tradição familiar. “Todos os objetos da coleção foram utilizados pela minha família e não simplesmente comprados
Facebook é espaço de divulgação dos grupos Clara Campos
O MUNDO está cada vez mais conectado. As redes sociais têm se tornado uma ferramenta útil para unir as mais diversas tribos e comunidades com interesses em comum. Os praticantes do colecionismo no ABC não ficam de fora, eles estão presentes em diversos grupos no Facebook voltados para a troca e venda de miniaturas colecionáveis, é na rede também que eles divulgam eventos na região. Para Marcelo Lisum, morador de São Caetano e administrador de dois grupos para colecionadores de miniaturas no Facebook (“Colecionadores de Mi-
niaturas do ABC e “Arpra Collection”), a rede social transformou a comunidade no ABC. “As redes sociais aproximaram muito os colecionadores, as pessoas trocam ideias e esclarecem dúvidas, os iniciantes aprendem com os veteranos, elas ajudaram muito a expandir a atividade”, disse. Ademir Florêncio, dono de uma banca de jornais em São Caetano, vende miniaturas de carros e viu nesse tipo de comércio uma oportunidade de negócio. Florêncio também administra um grupo no Facebook, e para ele a rede social auxilia a entrar em contato com distribuidoras e colecionadores fora do ABC para se atualizar de
para essa finalidade. Foram máquinas que meu pai comprou ao longo da vida. Com a evolução tecnológica, meu pai, por adorar fotografar, foi comprando os modelos que iam saindo e guardando as máquinas antigas, que hoje formam nossa coleção”, disse. Para a psicóloga, colecionar objetos antigos proporciona o fascínio pela pesquisa e a descoberta, além de contribuir para atividades culturais. “Todas as pessoas colecionam Bianca Barbosa/RRJ
modelos novos e ampliar o estoque em sua banca. “Comecei a comprar carrinhos das editoras, mantive contato com bancas de outras cidades e estados, e trouxe as miniaturas para
a minha própria banca”, falou Florêncio. Anderson Oliveira, morador de Santo André, é colecionador há seis anos e participa de 12 grupos no Facebook. Ele diz que
Raul Henrique de Faria e seu pai colecionam máquinas fotográficas que vieram de suas vidas
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algo, mesmo que não percebam, e os objetos são os mais variados. No mundo atual observamos o reconhecimento dos colecionadores e essa atividade vem sendo valorizada. Colecionar é algo inerente ao ser humano”, explicou. Maiara Berti, 22, é colecionadora de artigos ilustrados com Minions, personagens de uma animação e ela afirma que juntar objetos traz benefícios que vão além do senso de organização e socialização. “ Me sinto mais feliz com eles. A fofura dos Minions me remete aos filmes, o que me proporciona uma alegria que não encontro no meu dia a dia. Acho que uma coleção ou algum um hobby que a gente tenha é sempre para suprir alguma carência nossa”, falou. A atividade ainda pode contribuir para a integração social, como destaca a psicóloga: “Podemos destacar que esta atividade proporciona o desenvolvimento dos sensos de classificação e organização, de interação e socialização com outros colecionadores, bem como o aumento do repertório cultural acerca do objeto colecionado, que pode agradar e gerar uma sensação de prazer”, contou. Grupo “Colecionadores de Miniaturas do ABC” já conta com mais de 800 componentes
começou a participar para aprimorar os seus conhecimentos sobre a prática. “Busquei os grupos a fim de entender um pouco mais sobre esse mundo do colecionismo, onde encontrar diferentes tipos de miniaturas e escalas. Também pude buscar informações e tirar dúvidas com os componentes, que foram sempre prestativos e solícitos”, explicou. Segundo Oliveira, sites de compra internacionais, como eBay e Amazon, também são alternativas vantajosas para os colecionadores que buscam a internet como meio de obter itens mais valiosos. “Tive indicações nos grupos para encontrar peças mais raras e caras no e-Bay, encontrei cerca de 90% do que queria para a minha coleção ”, relatou Oliveira.
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RUDGE RAMOS Jornal da Cidade
De 11 a 24 de maio de 2017
Fotos: Leonardo Santos/RRJ
Academia 20V, em São Bernardo, ensina judô para idosos, mas adapta os golpes de acordo com os limites físicos dos alunos
Judô pode ser adaptado para a terceira idade Esporte ajuda idosos a melhorar o condicionamento físico, raciocínio e a defesa Caroline Navarro
O JUDÔ É uma atividade benéfica para quem já chegou à terceira idade. É um esporte que possui aspectos que estimulam a consciência corporal, além de proporcionar um aumento do tônus muscular. Porém, a prática dessa modalidade requer cuidados. O praticante deve fazer uma espécie de judô adaptado, ou seja, de acordo com as condições físicas apresentadas. Na adaptação do judô para quem tem 60 anos ou mais, é preciso dar mais ênfase aos exercícios que trabalham equilíbrio, alongamento e resistência, podendo enfim,
“
O esporte de modo geral estimula e exerce inclusão social e eleva os valores de uma ocupação que dita um ritmo de vida saudável.” Rogério Restivo Professor de Judô
se aproveitar da criatividade, fazendo coisas como a utilização de colchão, além do tatame convencional. Essa preocupação tem motivo: os problemas ósseos. Mais de 200 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de osteoporose. No Brasil, estima-se que cerca de 10 milhões — um a cada 17 brasileiros — também sofram com o mal, segundo pesquisa da International Osteoporosis Foundation (IOF). Segundo o fisioterapeuta da clínica de fisioterapia e RPG Fisiomar em São Bernardo, Daniel Felipe de Souza, 34, os idosos que praticam atividade física, como alongamentos e esportes que requerem movimentos mais amplos, é o caso do pilates e a ioga, têm uma melhora na parte óssea. “Essas atividades evitam que eles tenham doenças como osteoporose ou osteopenia.” Souza diz que esses esportes também auxiliam
na qualidade de vida, na parte metabólica e social do idoso. A adaptação desses esportes requer um cuidado extra, uma vez que os idosos são mais frágeis a lesões e a quedas. O professor de judô da academia 20V em São Bernardo, Rogério Restivo, 45, afirma que, para uma boa adaptação do esporte para os idosos, o ideal seriam aulas com mais alongamentos, mais dinâmicas e lúdicas usando brincadeiras como “pesinho”, “brigas de galo”, “cabo de guerra” e cambalhotas. O “pesinho” consiste em definir a utilização de pesos nos exercícios. Já na briga de galo, os praticantes ficam ajoelhados um de frente para o outro com as mãos apoiadas no ombro de seu adversário. O objetivo da brincadeira é puxar ou empurrar o competidor com o intuito de tentar derrubá-lo no chão. E, em cabo de guerra, os praticantes se dividem em duas equipes, uma de cada lado
Nosso trabalho é
INFORMAÇÃO
No Brasil, estima-se que cerca de
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milhões — um a cada
brasileiros — também sofram com a ostoporose
deve puxar um lado de uma corda, para testarem sua força. Além de proporcionar uma melhora na qualidade de vida, o judô também auxilia no convívio social dos idosos. “Nosso corpo, sobretudo, nossa mente, necessitam de atividades, e o esporte de modo geral, estimula e exerce uma inclusão social e eleva os valores de uma ocupação que dita um ritmo de vida saudável”, disse Restivo. É preciso atenção principalmente com a terceira idade sedentária. O fisioterapeuta Souza afirma que é necessário o auxílio de um médico geriatra, cardiologista ou ortopedista, além de fazer exames como raio-X e ressonância magnética. O mais aconselhado para quem tem alguma patologia, mesmo para os que já foram atletas, são os esportes na água, como a natação e a hidroginástica, devido ao impacto.
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Ioga melhora físico e mente de maiores de 60 Carla Guimarães
A IOGA é uma atividade psicofísica, que cuida tanto do corpo quanto da mente. Nos idosos, a prática dessa modalidade pode ajudar a evitar doenças causadas pelo desgaste ósseo e muscular, uma vez que ela ajuda a fortalecer os ossos, musculatura e auxilia na postura. A atividade também ajuda a prevenir doenças causadas pela falta de memória, estresse e falta de concentração. Isso acontece devido a
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meditação, prática comum nas aulas de ioga. Um estudo publicado em 2013 no Journal of Physical Activity and Health, mostra que a prática diária de apenas vinte minutos de ioga já é o suficiente para melhorar as capacidades cognitivas. Segundo a professora de ioga e doula do Espaço Santosha em São Caetano, Larissa Leal Gonçales, 40, isso realmente acontece já que a prática dessa modalidade auxilia na concentração, no foco, na respiração e tam-
Carla Guimarães/RRJ
bém no autoconhecimento. A ajuda na parte psicológica é o principal motivo que levou Tereza Frederico, comerciante de 68 anos a adotar a prática. “Procurei
Pintura de uma divindade do Hinduísmo em parede do Espaço Santosha, em São Caetano, que atende a idosos
a ioga por ser uma pessoa muito agitada e também para ter mais controle emocional e ver as coisas de outros ângulos.” Mas o esporte não é só praticado por aqueles que querem se prevenir de doenças, ele também é procurado pela terceira idade que busca ajuda para diminuir os incômodos e dores trazidos por patologias. Como é o caso da aposentada Maria Dantas Silva, 72 anos, que buscou na ioga uma maneira de diminuir os incômodos trazidos pela bursite, inflamação da bolsa sinovial, uma estrutura cheia de líquido André Luiz Fernandes/RRJ
Artes marciais trazem benefícios para idosos André Luiz Fernandes
AS ARTES marciais são consideradas boas alternativas de atividade física para pessoas com mais de 60 anos de idade. Um dos benefícios é a redução do risco de osteoporose, segundo aponta uma pesquisa de um hospital holandês que
a reportagem teve acesso. De acordo com esse levantamento, isso ocorre porque na maioria das modalidades o aluno aprende a cair de forma a não provocar lesões, principalmente na região do quadril e ossos da bacia. As artes marciais, assim como outras atividades físicas, também ajudam no fortalecimento
dos músculos, equilíbrio do corpo, beneficiam a circulação sanguínea e reduzem as dores nas juntas causadas por artrite. A pesquisa feita pelo hospital holandês destaca ainda que, entre as modalidades de lutas, o judô é o mais indicado para a terceira idade. A modalidade é a que mais trabalha
a questão da queda sem provocar lesão, o que os adeptos chamam de “cair do jeito certo”. Outras artes marciais indicadas são as de baixo impacto, como o tai chi chuan, de origem chinesa e que mescla golpes e meditação, sem contato direto. O mestre Jeferson da Silva lidera a Imoogi Aca-
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que se localiza entre um tendão e a pele ou entre um tendão e o osso e por dores na região cervical. A professora Larissa afirma que: “No caso de idosos com patologia ou problemas de coluna é necessária uma atenção especial. Eu prefiro fazer aulas particulares, focado só na sua necessidade.” Além das melhoras físicas, Maria também comenta que melhorou a respiração e que se sente mais leve e saudável graças à prática dessa atividade junto com a meditação. A prática de qualquer esporte ajuda a parte social e a ioga não é diferente. Segundo a comerciante Tereza, a prática a ajudou a ter muito mais amigos e a socializar melhor com as pessoas e é como um complemento da sua vida. Mestre Jeferson da Silva é formado em diversas modalidades de defsesa pessoal e tem experiência com praticantes de artes marciais da terceira idade
demia de Lutas e Artes Marciais, no Jardim Caminho do Mar, no Rudge Ramos. Ele conta atualmente com alunos da terceira idade. O mais velho tem 69 anos. Silva explica que o treinamento passado aos idosos varia de acordo com a capacidade física de cada um, da mesma maneira que ocorre com os alunos mais jovens. Perguntado sobre o que motiva esses participantes mais velhos a buscarem aulas de artes marciais e defesa pessoal, mestre Silva explica: “Buscam manter a elasticidade por meio de alongamentos, manter a capacidade muscular através de exercícios físicos e a coordenação motora”. O professor cita ainda pesquisas médicas indicando que as artes marciais reduzem o risco da doença de Alzheimer, por trabalharem a interação entre cérebro e movimentos, o que faria das artes marciais uma atividade física ainda mais benéfica para idosos. Murilo Rodrigues
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