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RRJ
ANOS
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Produzido pelos alunos do Curso de Jornalismo De 17 a 30 de março de 2016
ANO 35 - Nº 1047
» REVITALIZAÇÃO
Obras do Rudge atrasam e projeto original passa por modificação Maristela Caretta/RRJ
Chafariz foi retirado da proposta inicial devido a manifestações da população; prefeitura prevê que nova data para finalização da reforma do Largo é abril deste ano. Pág. 3 Gabriela Ribeiro/RRJ
» PLACAS
» ALERTA
Lucas Laranjeira/RRJ
» MOBILIDADE
Imobiliárias ‘brigam’ por espaço em imóveis vagos
Repelentes caseiros podem causar danos para a saúde
Calçadas do bairro são danificadas por raízes
Págs. 8 e 9
Págs. 6 e 7
Pág. 4
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POLÍTICA
RUDGE RAMOS Jornal da Cidade
De 17 a 30 de março de 2016
DE OLHO NA CÂMARA
Pedro Giordan Thamiris Galhardo
EM SESSÃO realizada nesta quarta-feira (16) na Câmara Municipal de São Bernardo, Henrique César, membro da comissão de usuários do Imasf (Instituto Municipal de Assistência à Saúde do Funcionalismo), afirmou que após auditoria contábil no instituto foi registrado um rombo orçamentário de R$ 62 milhões nos últimos cinco anos, além do desaparecimento de equipamentos de alta qualidade e de R$ 700 mil da poupança da entidade. Afora o problema financeiro, o instituto também esteve envolvido no descredenciamento do Hospital Brasil, o que gerou descontentamento dos servidores públicos. Em agosto do ano passado, os vereadores da oposição aprovaram pedido de CPI, com objetivo de investigar o desligamento de hospitais, médicos, contratos firmados pelo Imasf e falta de repasse de verbas. Na época em que o pedido de investigação foi protocolado, o TCE-SP (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) havia apontado irregularidades, no ano de 2014, em um contrato firmado pelo Imasf com o Instituto
Convênio municipal registra rombo orçamentário de R$ 62 mi Auditoria contábil no Imasf também cita desaparecimento de R$ 700 mil da poupança do instituto e de equipamentos Pedro Giordan/RRJ
Servidores públicos foram ao parlamento defender CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) com urgência
Acqua, para parceria de gestão, no valor de R$ 11 milhões. O oposicionista Pery Cartola (SDD) disse que a mudança do cenário, com o rombo devidamente compro-
vado, pode reforçar o pedido de CPI, que, até o momento, registrou apenas 10 assinaturas. Com mais cinco assinaturas dos parlamentares, o pedido de investigação entrará com urgência para
Projetos polêmicos movimentam início de ano na Câmara AS SESSÕES da Câmara Municipal de São Bernardo, em 2016, envolveram polêmicas em projetos de leis votados pelos vereadores da cidade. Entre as mais polêmicas, estava a emenda parlamentar que proibia a discussão de gênero nas escolas. A
Rudge Ramos JORNAL DA CIDADE editorial@metodista.br Rua do Sacramento, 230 Ed. Delta - Sala 141 Tel.: 4366-5871 - Rudge Ramos São Bernardo - CEP: 09640-000
Produzido pelos alunos do curso de Jornalismo da Escola de Comunicação, Educação e Humanidades da Universidade Metodista de São Paulo
proposta fazia parte do PME (Plano Municipal de Educação) e foi aprovada com 20 votos a favor no dia 2 de março, mesmo após o veto do prefeito Luiz Marinho (PT). O vereador Rafael Demarchi (PSD) disse, na ocasião, que o assunto foi discutido entre os vereado-
DIRETOR Nicanor Lopes COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Rodolfo Carlos Martino. REDAÇÃO MULTIMÍDIA Editor-chefe - Júlio Veríssimo (MTb 16.706); EDITORA-EXECUTIVA E EDITORA DO RRJ Margarete Vieira (MTb16.707); EDITOR DE ARTE José Reis Filho (MTb 12.357); ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA Maristela Caretta (MTb 64.183) EQUIPE DE REDAÇÃO: Adílson Junior, Alexandre Leoratti, Allaf Barros, Claudia Leone, Erika Daykem, Erika Motoda, Felipe Siqueira, Gabriel Mendes, Laís Pagoto, Larissa Pereira, Lucas Laranjeira, Marcelo Argachoy, Paula Gomes, Pedro Giordan, Rogério Nascimento, Thais Souza, Thamiris Galhardo, Victor Godoi e alunos do 5º semestre de Jornalismo.
TIRAGEM: 10 mil exemplares - Produção de Fotolito e Impressão: Gráfica Mar-Mar
ser julgado na Casa. “Além dos R$ 62 milhões, há o déficit de mais R$ 700 mil na poupança do instituto. Em relação à CPI, contratei um jurista para reaver o pedido e sair
res e munícipes. ”Não foi criada sem a vontade das pessoas, discutimos para implementar uma emenda que proibisse a erotização de nossas crianças”, disse. Na mesma sessão, os vereadores votaram outros seis projetos de lei. Um deles é referente ao orçamento municipal, que exigia, em sua maioria, reformas de ruas, praças e instalações de passarelas na cidade. Já na sessão do dia 9 de março, foi sancionado o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, projeto
Reitores e diretores das Instituições Metodistas de Educação Marcio de Moraes (reitor da UMESP e do Centro Universitário Metodista Bennett); Gustavo Jacques Dias Alvim (reitor da UNIMEP); Márcia Nogueira Amorim (reitora do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix); Walker Soares do Nascimento (diretor da Faculdade Metodista Granbery); Roberto Pontes da Fonseca (reitor do Centro Universitário Metodista IPA e Diretor da FAMES); Walter Chalegre dos Santos (diretor geral do IMED e coordenador Administrativo da Educação Básica Metodista); Débora Castanha (coordenadora Pedagógica da Educação Básica Metodista); Marilice Trentini de Oliveira (diretora do Colégio Metodista Americano); Gilka Silvia de Rezende Figueiredo (diretora do Colégio Metodista Bennett); Angela Maria Nerys (diretora do Colégio Metodista em Bertioga); Flávio Setembrino Pereira (diretor do Colégio Metodista Centenário); Shirlei Debussi Pissaia (diretora do Colégio Metodista em Itapeva); Elizabeth Raad Nassif (diretora do Colégio Metodista de Ribeirão Preto); Lúcia Lopez (coordenadora Pedagógica do Colégio Metodista União); Raquel Paula de Fortunato (coordenadora administrativa do Instituto Educacional Metodista de Passo Fundo; Sergio Luiz Polizel (diretor do Instituto Noroeste de Birigui); Arlene Magda Charantola (diretora do Instituto Americano de Lins); Simone Borrelli Achtschin (diretora do Colégio Metodista Granbery); Márcia Amorim (diretora do Colégio Metodista Izabela Hendrix); Joselene Henriques (diretora do Colégio Metodista Piracicabano).
do engavetamento que o presidente Ferrarezi e a Câmara fizeram deste requerimento”, disse Cartola. Já o líder de governo na Câmara, Zé Ferreira (PT), falou que se o prefeito Luiz Marinho (PT) não tivesse interrompido o funcionamento do Imasf, nem plano de saúde os servidores teriam mais. “O pedido é uma bandeira política que não ajuda em nada os servidores, o que eles querem é que resolvam o problema do convênio médico deles”, falou. Sobre o caso de rombo orçamentário, Míriam Andretta Melo, diretora administrativa e financeira do Imasf, afirmou, por meio de nota, que “de fato o Imasf possuía um montante que chegava próximo a R$ 62 milhões em reservas e, nos últimos anos, esses valores foram sendo utilizados mensalmente para o pagamento de despesas mensais da autarquia, sendo que seu saldo chegou aos valores mais baixos com as despesas realizadas no exercício de 2014.”
criado pelo prefeito Luiz Marinho (PT). Ela e prevê a atuação de 14 mulheres nas políticas públicas, econômicas, sociais e culturais. O oposicionista Julinho Fuzari (PPS) afirmou que não apoiava a criação do projeto de lei, pois o PL defende a discussão explícita ou implícita de ideologia de gênero. O vereador ainda ressaltou que vai propor a criação de uma comissão da mulher na Câmara de São Bernardo, formada pelos próprios parlamentares. (PG e TG).
Colégio Episcopal - Bispo Paulo Tarso de Oliveira Lockmann (1ª Região Eclesiástica); Bispo Luiz Vergílio Batista da Rosa (2ª Região Eclesiástica); Bispo José Carlos Peres (3ª Região Eclesiástica); Bispo Roberto Alves de Souza (4ª Região Eclesiástica); Bispo Adonias Pereira do Lago (5ª Região Eclesiástica); Bispo João Carlos Lopes (6ª Região Eclesiástica); Bispa Marisa de Freitas Ferreira (Região Missionária do Nordeste); Bispo Carlos Alberto Tavares Alves (Região Missionária da Amazônia).
Leal Clavel (vice-presidente); Esther Lopes (secretária); Rev. Afranio Gonçalves Castro; Augusto Campos de Rezende; Jonas Adolfo Sala; Rev. Marcos Gomes Tôrres; Oscar Francisco Alves Jr.; Ronilson Carassini; Valdecir Barreros; Anelise Coelho Nunes (suplente); Renato Wanderley de Souza Lima (suplente).
Coordenação Geral de Ação Missionária Pastora Giselma Souza Almeida Matos; Deise Luce de Sousa Marques; pastor Clemir José Chagas; Iara da Silva Côvolo; pastora Cristiane Capeleti Pereira; Luiz Roberto Saparolli; pastora Hideide Brito Torres; Elias Bonifácio Leite; Recildo Narciso de Oliveira; Eric de Oliveira Santos; Silas Dornelas de Novaes.
Diretor de Finanças e Controladoria - Ricardo Rocha Faria
Conselho Superior de Administração - Paulo Borges Campos Jr. (presidente); Aires Ademir
Diretor Geral - Robson Ramos de Aguiar Vice-Diretor Geral - Gustavo Jacques Dias Alvim
Diretor de Inovação, Comunicação e Marketing - Luciano Sathler Conselho Geral das Instituições Metodistas de Educação - Rev. Luis de Souza Cardoso (secretário executivo); Evandro Ribeiro Oliveira (auditor interno); Marina Camilo Pereira Fazolim (secretária)
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Fotos: Maristela Caretta/RRJ
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Praça da Capela e Largo da Igreja São João Batista continuam cercados por tapumes, gerando problemas para comerciantes e pedestres que circulam pelo local
manifestação da população local. “A gente repensou [o projeto], acatando a muitas manifestações, por exemplo, da própria paróquia. Não tínhamos um voto a favor, a não ser de quem projetou”, disse o secretário-adjunto de Serviços Urbanos, Flávio Casarini. Além disso, Casarini enumerou outros motivos para que o chafariz fosse excluído do projeto, como crise hídrica, mau uso e cuidados com a manutenção. “Tudo veio para a mesa na hora de decidir, mas, se futuramente parecer interessante, não é impossível instalar um [chafariz]”, afirmou o secretário-adjunto.
Cibele Garcia Maristela Caretta
A OBRA de revitalização do Rudge Ramos, que teve início em abril do ano passado e tinha a data de entrega prevista para dezembro, está atrasada. O Largo da Igreja e a Praça da Capela continuam cercados por tapumes e, segundo comerciantes da região, não há muita movimentação de trabalhadores desde o início do ano. De acordo com o comerciante Eduardo França, 34, que trabalha há oito anos no local, o movimento de trabalhadores na obra mudou. “Até o final de dezembro tinha um pessoal trabalhando, mas este ano eu ainda não vi nada”, disse. A reportagem esteve na região por duas vezes no último dia 12 de fevereiro. Às 14h30 constatou a presença de, no máximo, três operários apenas na obra da igreja. Já às 16h, não havia mais trabalhadores no local. A ambulante Camila Lattari, 37, é proprietária de um carrinho de cachorro quente que herdou do pai e está na praça há 18 anos. Ela
Nova previsão de entrega é abril deste ano, mas quem passa pelo local afirma não ver funcionários trabalhando na obra
também afirma não ver funcionários da obra na Praça da Capela. Camila teve seu ponto realocado para a avenida Bispo César D’Acorso Filho, mas perdeu toda a clientela. “Fiquei três meses no ponto novo, mas meus clientes não se adaptaram e não caminhavam até lá. Se eu não
conseguir negociar um ponto perto da praça, vou ter que largar o cachorro quente e arrumar outro ramo para trabalhar”, afirmou. Mundanças no projeto A obra sofreu alterações no plano inicial. Entre as mudanças está a não cons-
trução de um chafariz no centro do Largo da Igreja. Em reportagem publicada no último dia 19 de novembro no RRJ, o secretário de Serviços Urbanos, Tarcisio Secoli, afirmou não aprovar a ideia do chafariz. Além da vontade do secretário, também foi levada em conta a
Murilo Rodrigues
Reforma do Largo do Rudge atrasa e projeto sofre alteração
Ônibus Diferentemente do que foi informado pelo Diretor Operacional da Empresa de Transportes Coletivos de São Bernardo, Alberto Alécio Batista, na reportagem do dia 19 de novembro sobre a revitalização do Rudge Ramos, os pontos que hoje funcionam na calçada da Droga Raia, do Extra Supermercado (ambos sentido Centro) e da calçada do Santander (sentido Taboão) passarão para as laterais do Largo da Igreja, todos com desembarque pelo lado esquerdo. “Os ônibus já estão preparados para receber futuramente a porta do lado esquerdo, mas não tem problema nenhum continuar por mais tempo operando como estamos operando hoje, até que a frota seja adaptada”, afirmou Casari. Das alterações que já estavam previstas no primeiro projeto e que foram mantidas estão as duas faixas elevadas ligando o Largo da Igreja ao comércio da Caminho do Mar e da Vergueiro, a transformação da Praça da Capela em um calçadão e a transferência dos taxistas e da Polícia Militar para a Praça da Capela.
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CIDADE
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Raiz presa em encanamento deixa buraco na calçada
Arquivo Pessoal
chetta recebeu é que seria necessário contatar outra equipe para fazer a remoção. Até hoje, segundo ele, o problema não foi resolvido. “Eles dizem que é desencontro das firmas contratadas, e a calçada continua igual [quebrada]. Eu trabalho com obra de rua há muito tempo e sei o risco que estou correndo”, disse. A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de São Bernardo e com a Comgás, para que se posicionassem sobre a reclamação do morador, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. O engenheiro civil conversou com a Redação por meio do WhatsApp (11) 97200-3275 para relatar o seu problema. Fale com a gente você também.
Passeio está quebrado há quase um ano e dificulta passagem de pedestres Cibele Garcia Maristela Caretta
O ENGENHEIRO civil Wagner Augusto Zanchetta, 64, que mora na Vila Vivaldi, está enfrentando problemas com raízes de uma árvore que ficaram enroscadas no encanamento de gás. Ele entrou em contato com a prefeitura em janeiro do ano passado e em março a equipe responsável esteve no local.
“A prefeitura removeu a árvore, mas a raiz estava presa ao encanamento de gás. A máquina que retirou parte das raízes danificou a rede pluvial. Eles falaram que não poderiam fazer mais nada e que eu deveria entrar em contato com a Comgás.” Todo o processo necessário foi feito e a equipe retirou quase toda a raiz em agosto, mas parte dela ainda permaneceu enroscada no encanamento. A informação que Zan-
Lucas Laranjeira/RRJ
Árvores danificam calçadas do Rudge Ramos Alexandre Leoratti/RRJ
“Administração municipal a poda, o corte e a remoção de árvores quando situadas nas vias ou logradouros públicos”. O artigo 2° da lei n° 3375 promulga que “As árvores muito grandes ou aquelas cujas raízes estejam destruindo a calçada para pedestres terão essas raízes podadas, ou serão substituídas por outra de menor porte”. Segundo a Prefeitura de São Bernardo, os pro-
Lucas Laranjeira/RRJ
Alexandre Leoratti Lucas Laranjeira
PROBLEMAS com árvores como na Vila Vivaldi (ler texto acima) também podem ser encontrados nas calçadas do Rudge Ramos. A reportagem percorreu as ruas Alfeu Tavares, Senador Cézar Vergueiro e a do Sacramento e encontrou calçadas destruídas com pouco espaço para o pedestre andar. A árvore localizada na praça Nilo Gomes de Lima destruiu parte da calçada, deixando exposto um pedaço de raiz. A aposentada Benvinda Aparecida Fabbri, 76, passava pela área e falou que fica preocupada com a condição do local. “À noite, é perigoso de tropeçar”, disse. A rua Alfeu Tavares também sofre com esse problema. As raízes da árvore racharam a calçada, levantando o concreto por onde passam os pedestres. Até mesmo lixo é encontrado ao redor. O mesmo aconteceu na rua Senador Cézar Vergueiro. O parágrafo primeiro do artigo 57 da lei municipal 4974/01 atribui à
Morador cobriu buraco com pedras para proteger o encanamento de gás
Árvores causam problemas nas ruas Alfeu Tavares (1), Senador Cézar Vergueiro (2) e Sacramento (3)
prietários de imóveis são notificados quando há necessidade de reparos no passeio público tendo 60 dias de prazo a partir da publicação para atender a notificação. Se isso não ocorrer aplica-se multa. No total, a reportagem localizou, nas três ruas, 13 árvores com problemas que atrapalham a circulação de pedestres.
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SAÚDE
Consulta anual ao médico é fundamental para prevenir...
Entre os riscos estão o glaucoma, infecção, descompensação da córnea, descolamento de retina e até a perda do globo ocular, como nos pacientes operados no mutirão (leia texto nesta página). O médico também explicou que a contaminação pela bactéria que atingiu os pacientes do mutirão é extremamente rara, menor que 0,07%, ou seja, menos de um para cada 1.400 cirurgias. Kwitko ressaltou ainda que, apesar da cirurgia oferecer baixos riscos, a bactéria mais comum pós-operação é a Staphilococcus, que provoca entre outras doenças a
coagulação sanguínea, mas de fácil tratamento. Os especialistas da SBO afirmaram que a possível causa da contaminação dos pacientes do mutirão pode ser pela falta de higienização dos instrumentos ou do próprio colírio usado para realizar a cirurgia. A respeito dos mutirões, Virgilio Centurion ressaltou que não são válidos pela quantidade de pessoas operadas ao mesmo tempo, o que aumenta a facilidade de contaminação por bactérias. Ele completou ainda que esse tipo de cirurgia em massa existe apenas em países subdesenvolvidos, que não possuem recursos adequados para tratamento de pacientes. “Se estas pessoas morassem em países onde a educação é um problema de Estado, e não de governo, procurariam serviços médicos e tratariam a sua catarata sem aguardar a esmola do mutirão”, comentou. O aposentado Matheus Frederico, 79, morador do Rudge Ramos, conta que gastou cerca de R$ 6.000 para operar da catarata de forma que ele considerava segura. “Operei com um especialista renomado em São Paulo e deu tudo certo. Após a cirurgia estava em casa em pouco mais de duas horas”, disse. Frederico também afirmou que percebeu que tinha catarata quando seu grau de miopia começou aumentar rapidamente. Cego de um olho por complicações de uma insuficiência renal, ele decidiu agir rapidamente e procurar a cirurgia. Sobre o pós-operatório, o aposentado contou que até hoje aplica o colírio prescrito pelo médico duas vezes por dia e que visita anualmente seu oftalmologista para check-up de rotina. “Meu médico pede exames todo ano para ver como está a pressão do meu olho e verificar se a lente artificial continua funcionando bem”, falou.
Hospital de Clínicas, nos últimos 12 meses. Em nota, a Secretaria de Saúde de São Bernardo afirmou que a comissão de sindicância continua investigando o caso e enviará o relatório na íntegra ao Ministério Público e aos conselhos de classe, composto por médicos especialistas. A secretaria informou também que nenhum dos pacientes está internado
no momento, mas todos que apresentaram infecção ocular continuam sendo monitorados e sob avaliação, além de tratamento médico na rede pública de saúde e em serviços especializados. Informamos ainda que, segundo a prefeitura, as cirurgias de catarata não foram realizadas em sistema de mutirão, e sim de forma regular em agendas semanais. (T.G.)
Thamiris Galhardo/RRJ
Thamiris Galhardo
COMO ROTINA, os médicos em geral recomendam visitas periódicas para avaliação pelo menos uma vez por ano. E, para os cuidados dos olhos não é diferente. Ir anualmente a um oftalmologista é essencial para prevenir doenças, como a catarata. Os sintomas mais comuns da doença são: mudança frequente de grau dos óculos, falta de nitidez, sensibilidade à luz, visão dupla ou com sombra e alteração das cores, podendo chegar até a cegueira total. É o que explica o oftalmologista Virgílio Centurion, 71, titular da SBO (Sociedade Brasileira de Oftalmologia). “Os sintomas podem aparecer simultaneamente ou alguns são mais evidentes que outros, dependendo do estilo de vida do paciente. Por isso, é importante visitar o oftalmologista regularmente, pois, uma vez feito o diagnóstico de catarata e avaliando a sua repercussão na qualidade de vida deste paciente, o tratamento é cirúrgico”, contou. Centurion também explicou que a cirurgia da catarata consiste na substituição do cristalino opaco do olho por um cristalino artificial (veja quadro), conhecido como lente intraocular, que corrige os problemas de visão como o astigmatismo, hipermetropia, miopia e presbiopia. O oftalmologista Armando Stefano Crema, 54, vice-presidente da SBO, explica que não há obrigatoriedade de realizar a cirurgia, mas depende do
...catarata Cristalino
Catarata
estado de visão do paciente. “Sempre que a visão interferir nas atividades há indicação da cirurgia. Pode haver pacientes diferentes com catarata similar. Para uns a visão atrapalha as atividades diárias e para outros não”, contou.
Córnea
Sobre os riscos da cirurgia, o vice-presidente da SBO no Rio Grande do Sul, Sérgio Kwitko, afirmou que todo procedimento oferece risco, mas as técnicas modernas para a operação da catarata apresentam baixa margem de complicações.
Ministério Público de São Bactéria afetou 21 pacientes oPaulo instaurou um inquérito civil para investigar os operados em mutirão na cidade casos de cegueira ocorridos A PREFEITURA de São Bernardo realizou no último dia 30 de janeiro um mutirão da catarata no Hospital de Clínicas, no bairro Alvarenga. Dos 27 pacientes operados, 21 foram afetados pela bactéria Pseudomonas aeruginosa, extremamente
Sintomas mais comuns são visão dupla ou com sombra e falta de nitidez
Especialistas afirmam que visitas regulares ao oftalmologista contribuem para detectar precocemente os sinais da doença SAIBA MAIS
agressiva que leva a um processo infeccioso grave e de evolução rápida, enquanto uma pessoa foi vítima fatal após consequências da cirurgia, 18 ficaram cegas e dez tiveram de retirar o globo ocular. No dia 18 de fevereiro,
após o mutirão que aconteceu em São Bernardo. A ação foi realizada pelo promotor de Justiça Marcelo Sciorilli, que encaminhou um ofício com prazo de dez dias para que a Vigilância Sanitária da cidade entregasse os relatórios de fiscalização realizados no
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SAÚDE
André Francisco
O SURTO de zika vírus e da chikungunya, transmitidos pelo mosquito Aedes Aegypti, preocupa a população. Na busca por produtos alternativos para afastar o mosquito, há quem abuse da criatividade, criando sua própria fórmula. Muitas estão na web. Vários sites e redes sociais ensinam como produzir e usar repelentes caseiros. Há um vídeo de um bombeiro de Mogi Mirim, por exemplo, ensinando a fazer um repelente utilizando álcool, cravo da índia e óleo corporal. Tornou-se popular nas redes sociais depois de ter registrado mais de 250 mil acessos. O dermatologista Rafael Alberto Aragon Cabrera recomenda usar apenas os produtos vendidos nas farmácias e alerta sobre os riscos. “A maioria dos repelentes industriais tem citronela. São eficazes. Se a mistura possui álcool, pode atingir o fígado e provocar hepatite tóxica.” Quem adotou solução caseira relatou problemas. “Tentei colocar óleo de citronela em casa, mas minha filha espirrava muito, então parei de usar. Experimentei várias receitas caseiras, e esta foi a que mais deu certo”, disse a auxiliar administrativa Tamara de Jesus, 25, que tem uma filha de 1 ano e coloca cravo da índia com laranja em seu quarto para conseguir dormir. O motorista de ônibus Carlos Augusto dos Santos, 30, contou que utiliza a mistura sugerida pelo vídeo do bombeiro há quatro meses. “Os repelentes vendidos na farmácia estavam caros, então vi o vídeo e resolvi experimentar”, disse Santos, mostrando o frasco quase vazio com a solução. De acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), não há comprovação científica que repelentes alternativos, como andiroba e óleo de cravo, espantem o mosquito. O órgão alerta ainda que os produtos não aprovados pela agência são comercializados como irregulares e os fabricantes podem ser penalizados por propaganda enganosa. Já a infectologista Catarina Pallares de Almeida orienta as pessoas a usarem roupas compridas e claras. “É preciso proteger o máximo de áreas expos-
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Médicos alertam sobre repelentes caseiros Método não possui eficácia garantida e pode causar problemas à saúde André Francisco/RRJ
“
A maioria dos repelentes industriais tem citronela. São eficazes. Se a mistura possui álcool, ela pode atingir o fígado e provocar hepatite tóxica.” Rafael Aragon Dermatologista
tas no corpo e evitar roupas escuras ou coloridas, além de evitar passar muito perfume.” Outro recurso usado é a raquete elétrica que se tornou popular no Brasil e é uma arma para quem quer realmente acabar com o mosquito e outros insetos. O produto é licenciado pelo
ABC tem aumento na procura por repelentes Agnes Hehn
A VENDA de repelentes disparou nos mercados e drogarias da região após o aumento no número de casos de doenças causadas pelo mosquito Aedes Aegypti. De janeiro até 23 de fevereiro, a região contava 1.391 casos suspeitos de dengue,
de acordo com o Consórcio Intermunicipal do ABC. Na rede Coop, segundo a assessoria, as vendas de repelentes neste verão subiram 137%. A procura não causou a falta do produto nos estoques ainda, mas fez com que os preços ficassem 17% mais caros do que no ano passado. A marca OFF! é a que lidera o ranking, com
Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), mas muitos modelos têm procedência chinesa e são vendidos ilegalmente no Brasil. O pedreiro Jocian Lima de Araújo, 38, contou que comprou a raquete em um camelô, e garante a eficiência. “O mosquito não con-
Soluções caseiras a base de frutas não têm o mesmo efeito de repelentes industriais; mistura que possui álcool pode provocar hepatite tóxica
60% de participação, seguida pela Repelex. Já nas lojas Extra e Pão de Açúcar, houve um crescimento de, em média, 120% na venda desses produtos nas primeiras semanas de janeiro, em comparação ao mesmo período de 2015. De um mercado para o outro, em farmácias maiores ou não, o produto tem variação de preço podendo chegar até R$ 100 um frasco. A auxiliar de expedição Carla de Freitas, 35, é uma das consumidoras de repelente. Grávida, ela teme ser afetada pelo zika vírus. Com indicação do médico,
ela não deixa de usar o produto que acabou afetando no orçamento familiar. “Eu costumo comprar o produto nos supermercados, mas notei o aumento dos preços de uma semana para outra. Eu pagava R$10 no vidro, hoje já está R$ 17.” A médica da Sociedade Brasileira de Infectologia, Lucy Vasconcelos, comenta que sentiu crescimento significante na procura por informações, atendimentos e palestras. “É importante mantermos todos informados. Minha principal recomendação é utilizar
segue escapar da raquete, e acaba morrendo. Prefiro usar ela do que repelente.”
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SAÚDE
De 17 a 30 de março de 2016 Carlos Eduardo Alves/RRJ
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Prevenção esgota estoques de produtos Ana Catharina Bessa
Região conta com mais um aliado para identificar focos do mosquito Aedes Aegypti; denúncias são realizadas por meio de smartphones
Aplicativos auxiliam no combate à dengue Carlos Eduardo Alves
AS PLATAFORMAS digitais vêm surgindo como um auxílio à população no combate ao mosquito transmissor da dengue, chikungunya e do zika vírus. Além de computadores e notebooks, os smartphones e tablets também estão passando a ser utilizados para exterminar o Aedes Aegypti. O governo de São Paulo lançou um aplicativo, disponível nos sistemas Android e IOS, chamado “SP x Dengue”, a fim de conscientizar e informar a população sobre o problema. Nele, dá dicas de como prevenir focos de reprodução do Aedes Aegypti, assim como a explicação de sintomas e locais de tratamentos das doenças transmitidas pelo mosquito. Outros aplicativos que surgiram para ajudar a população na busca pela
os repelentes derivados da Icaridina e DEET, que apresentam maior eficácia que os outros e jamais aplicar o produto para dormir.” A farmacêutica Marina Guimarães ainda dá um alerta. “A maioria das pessoas que compram repelentes vem sem a indicação de um médico. Elas acabam vindo com o nome do produto que viram na televisão e nem sabem se há alguma restrição com as substâncias utilizadas. Tem que tomar muito cuidado para isso não gerar outros problemas. futuramente”, explicou.
erradicação das doenças transmitidas pelo mosquito da dengue são o “Sem Dengue”, desenvolvido pela “Colab.re”, e o “Anti-Zika”, da “CreatixCode”, todos também disponíveis em Android e IOS. Neles, o usuário pode fotografar um foco de reprodução do Aedes Aegypti e enviar uma denúncia, com sua localização. No caso do primeiro aplicativo, a reclamação é encaminhada para a prefeitura da cidade onde a fotografia foi tirada, que então toma as medidas cabíveis. Apesar de contar com um número menor de downloads (5.000 contra pouco mais de mil), o “Sem Dengue” é mais utilizado no ABC, contando, até a primeira quinzena de fevereiro, com oito denúncias em São Bernardo, quatro em Santo André, duas em São Caetano e sete em Diadema. A reportagem visitou o local de duas denúncias feitas no aplicativo
“Sem Dengue”, na avenida Caminho do Mar, em São Bernardo. Em uma, o problema apresentado, que era uma caixa d’água destampada na propriedade, foi solucionado. Na outra, não houve como checar se foi resolvido. A Secretaria da Saúde de Santo André, por meio de sua assessoria de imprensa, considerou como válido este novo método de denúncia contra focos de reprodução do mosquito da Dengue, mas ressaltou que os aplicativos não substituem as campanhas já realizadas. “Qualquer nova tecnologia é válida se otimizar e agilizar o fluxo das informações para a tomada de decisão em relação às providências necessárias. Porém, não substitui qualquer campanha física ou ação in loco”, declarou o órgão. As campanhas contra o mosquito da dengue realizadas em São Bernardo e no ABC não deixaram de lado os métodos mais convencionais, como visitas a casas de cidadãos e vistorias periódicas em locais considerados estratégicos. Além disso, a cidade conta também com o Disk-Dengue (disponível no número 0800-195565), no qual a população pode denunciar focos de reprodução do Aedes Aegypti por telefone.
Agnes Hehn/RRJ
Surto de dengue e zika eleva preço de repelentes para até R$100; venda dispara em drogarias da região
QUEM PROCURA repelentes para entrega em casa, conhecido como delivery, está com problemas para encontrar o produto desejado. Com o atual surto das doenças provocadas pelo Aedes Aegypti, a prevenção contra o mosquito esgotou o estoque de entrega a domicílio das farmácias. Na tarde do último dia 20 de fevereiro, a reportagem entrou em contato com serviços de delivery para verificar a disponibilidade dos repelentes e constatou que o mais procurado é o Exposis em gel, que usa fórmula alemã, oferecendo proteção prolongada de até 10 horas. Entre as versões da marca, a reportagem também constatou que as opções infantil e spray não estão disponíveis nas drogarias São Paulo e Onofre, respectivamente. Com o preço médio de R$ 50 a R$ 60, todas das farmácias procuradas naquele dia não tinham previsão de reposição do estoque. Outras marcas também estavam indisponíveis na Drogaria Onofre e na Farma Delivery, como OFF! e Repelex. Estes, com um preço mais acessível, custam de R$ 15 a R$ 25. Segundo o diretor de marketing e relacionamento da Farma Delivery, José Luiz de Oliveira, a procura por repelentes está cada vez maior, fazendo os estoques acabarem rapidamente. “Geralmente, compramos quantidade suficiente para 90 dias, mas no dia em que chega já vende tudo”, contou. No serviço telefônico, uma atendente da Drogaria São Paulo afirmou que, mesmo com a falta no serviço de delivery, os produtos podem ser encontrados em todas as lojas físicas da rede. Já quem atendeu a reportagem por televenda da Drogaria Onofre não soube responder se havia disponibilidade em seus estabelecimentos. O preço final da compra pode variar de acordo com o local do pedido, já que o delivery cobra uma taxa de frete . A forma de pagamento pode ser feita online ou na hora da entrega, com opções de cartão de crédito, boleto bancário ou dinheiro.
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ECONOMIA
Gabriela Ribeiro
EM TEMPOS de dificuldade econômica, basta andar pelas ruas da região e se deparar com várias placas de imobiliárias fixadas em um mesmo imóvel que esteja à venda ou para locação. Elas são permitidas e não dependem apenas do aval dos proprietários. Além do acordo por escrito com o dono, o corretor que colocar uma segunda placa no imóvel deve notificar o primeiro, e assim por diante. A imobiliária que não seguir à risca a norma pode sofrer penalização do Creci (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis), entidade que rege o setor. “Quando o fiscal passa e vê um imóvel com mais de três placas, ele fotografa e notifica cada uma das imobiliárias para que apresentem a autorização. Se elas não apresentarem, vão ser autuadas”, contou o presidente do Creci-SP, José Augusto Viana Neto. Segundo Viana, a atitude é falta de ética disciplinar grave e resulta na suspensão provisória da inscrição no Creci por prazo de até 90 dias ou multa que pode variar de R$ 1.800 a R$ 2.000. A recomendação do Creci-SP, de acordo com o presidente, é que os corretores não coloquem placas em imóveis que já contenham outras fixadas. A prática não é uma obrigação. “O corretor acata se quiser. Mas fica ruim para ele e para o imóvel, dá a impressão de
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Imobiliárias fazem ‘guerra’ de
placas
Acima, estabelecimento comercial, em Mauá, com seis placas de imobiliárias diferentes. Abaixo, imóvel no bairro Paulicéia, em São Bernardo, com cinco anunciantes de venda e locação
Imóveis chegam a ter cinco anúncios, mas prática pode ser irregular Gabriel Russini/ RRJ
que não vende, que não tem valor”, completou. Ao todo, no Estado de São Paulo, são 108 fiscais do órgão. Só na região metropolitana, 68. Ainda assim, há imobiliárias que não cumprem a lei federal
nº 6.530, de 1978, que rege esse tipo de relacionamento e de trabalho do corretor. João Rodrigues de Camargo Jr., 31, da imobiliária A Camargo Imóveis, de Mauá, conta que há imobiliárias que não o notificam
sobre a placa em imóveis onde chegou primeiro. “Na prática, não funciona. Muita gente não trabalha dessa forma. É o correto e está no Código de Ética. O Creci pega muito no pé disso.” Devido à correria do dia
a dia no trabalho, Rodrigues disse que acaba não denunciando as concorrentes e que, por isso, tenta atuar de outra forma – não colocando placas onde já existem outras. Para ele, o corretor deveria ter sempre a exclusividade do imóvel. “Temos de confiar em um corretor só. Se o imóvel está com você, não deveria estar com outras imobiliárias.” Desvalorização A dona da Kayano Imobiliária, Silvânia Borges, 60, disse que muitas placas nem sempre facilitam o negócio. Segundo ela, quem sai perdendo é o proprietário. “Em vez de melhorar a venda para ele, denigre a imagem do imóvel. Ele não tem consciência disso, mostra desespero.” Há 28 anos no mercado imobiliário em Santo André, Silvânia também disse que prefere não ser mais uma placa no imóvel. Mas a instabilidade do setor e a vontade do cliente, na maioria das vezes atreladas à rapidez na venda ou locação, dificultam parceria única. “Se vejo muitas placas, não coloco a minha. Mas, se eu fechar as portas para o cliente que não quer assinar o contrato de exclusividade, não tenho imóvel para vender. [A maioria] procura várias [imobiliárias]”, contou.
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COMPORTAMENTO
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Aplicativos facilitam anúncios
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Fotos: Gabriel Russini/ RRJ
Gabriel Russini
COM A convergência dos meios de comunicação em uma plataforma, o setor imobiliário alcançou o que antigamente era inimaginável. Antes da popularização da internet e da vinda de smartphones e tablets ao país, a população gastava mais tempo na procura de um novo lar, ação que perdeu força nos últimos anos. Enrico Penchiari, gerente comercial da Di Folco Imobiliária, afirmou que cerca de 70% dos clientes são provenientes desses serviços, mas ressalta também que é importante utilizar outras ferramentas como panfletos, jornais e redes sociais. Segundo Penchiari, para quem trabalha com imóveis é impossível esperar um retorno satisfatório sem anunciar nesses sites. “Quanto mais portais e ferramentas utilizar, maior é a procura e retorno”, disse. De acordo com o gerente de negócios do Google Brasil, Igor Lima, o processo de compra e locação de imóveis, que vai de pesquisar até a assinatura de contrato, já é feito 60% pela internet e
Aplicativos encurtaram distância entre proprietários e possíveis inquilinos e compradores
Portais representam
60%
dos processos de venda e locação de imóveis
que, no futuro, este índice ainda pode aumentar. A gerente administrativa Carla Carvalho afirmou ter alugado um apartamento em menos de dois meses ao utilizar um site do serviço. “Comecei a pesquisar em setembro, conheci o
Montadoras ‘paradas’ atingem o mercado Gabriel Curty
A CRISE econômica afetou diretamente o setor imobiliário nos últimos meses. No ABC, não é diferente. Na região, está cada vez mais difícil vender ou alugar imóveis, principalmente por causa da retração na indústria automobilística, que movimenta a economia. Luiz Antonio Dias, consultor imobiliário da Koyama Imóveis, afirmou que, pelo momento de recessão, os proprietários precisam ser flexíveis caso queiram vender o imóvel. “As pessoas estão com dificuldades para negociar, o momento é delicado e, em várias situações, o proprietário tem de vender o imóvel por um preço me-
nor que o desejado”, disse. “Nós dependemos muito das montadoras como Mercedes, Volkswagen e Ford. Qualquer impacto que essas empresas têm, o setor imobiliário também acaba afetado, os negócios esfriam bastante”, explicou Dias. Dias comentou que a alta da taxa de juros e mudanças feitas pelo governo na economia também influenciam nos acordos. O consultor de negócios Fábio Horndardt colocou o corte na linha de crédito da Caixa Econômica Federal como um dos fatores responsáveis pela queda na quantidade de negociações. “Muita gente financiava 80% dos imóveis. Hoje, a taxa é só de 50%. Então, se alguém quiser comprar uma casa de R$ 400 mil, precisará ter pelo menos
proprietário em outubro e assinei contrato na primeira semana de novembro, não tive problemas durante o processo de negociação.” Renato Garcia, consultor da Olímpico Consultoria de Imóveis, de São Caetano, disse que desde o início do
estabelecimento utiliza o serviço dos portais para o anúncio dos locais em que pretende vender. “De 100 clientes que entram em contato, 95 viram o imóvel pelo portal.” Garcia ainda frisou o alcance que a internet possibi-
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Recessão e mudanças na forma de financiamento travam negociações
lita na hora da busca de um imóvel. “Às vezes, pessoas de Minas Gerais entram em contato comigo dizendo que gostariam de retornar a São Caetano. A mídia eletrônica não possui fronteiras, o que ajuda muito nos negócios”, comentou o consultor.
R$ 200 mil para obter o financiamento”, declarou. Além disso, o preço dos imóveis não tem acompanhado a inflação, que passou de 10% em 2015. De acordo com o Fipe ZAP, parceria entre a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP e o Zap, site que anuncia imóveis, em São Bernardo o preço de imóvel variou 0,1% em janeiro, 2,8% nos últimos 12 meses e 21,9% nos últimos três anos. Em relação ao aluguel, houve crescimento no valor de 0,8% em janeiro e 3,4 % nos últimos 12 meses. A comerciante Marli Gonçalves disse que está à procura de uma residência para locação, mas que sofre com os altos preços e pouca flexibilidade dos proprietários. “Se vejo placa, vou atrás. Há proprietários que não querem nem saber, são R$ 900 e pronto”, explicou Marli.
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Móvel velho volta a ser atual Restauração de peças antigas traz aparência moderna e pode ser feita de acordo com o gosto do cliente Fotos: Pedro Giordan/RRJ
Apesar dos problemas no início do trabalho, o restaurador tem uma lista de interessados na atividade e conta com a contribuição de ‘Daizinho’ que ajuda na recuperação dos objetos Pedro Giordan Pérola Ciriaco
EM MEIO a tantas inovações no mercado mobiliário, as peças em estilo vintage (antigos e clássicos) vêm ganhando espaço nas lojas de decoração e na casa de muitos compradores. Os móveis antigos, além de serem de qualidade, carregam muitas histórias. Com o tempo, esses objetos vão perdendo a beleza e ficando com aparência envelhecida. É possível recuperar a mobília, sem perder as principais características de fábrica. Os restauradores são os responsáveis por esse trabalho de recuperaração das peças. Uma deles é Glauber Cunha, 35, ele tem uma loja que recupera móveis na Vila Guiomar, em Santo André, desde 2006. A restauração é feita da maneira como o cliente desejar, mantendo a particularidade da peça, ou alterando qualquer detalhe. No início era difícil para as pessoas saberem da existência da loja, pois não havia nenhuma propagan-
da, mas hoje, ele afirma que seu trabalho é conhecido por meio de indicações de outros clientes e pela internet. Cunha, pernambucano da cidade de Palmares, interior do Estado, nem sempre trabalhou com restauração. Há 12 anos quando chegou a Santo André, trabalhou na área administrativa, na qual é formado. Mas sempre que passava nas ruas observava peças bonitas e começou a reformá-las. “Eu encontrava objetosna rua e restaurava”, disse Cunha. Ele também afirma que na época não fazia os trabalhos pensando em obter lucro, mas por prazer na arte de restaurar. Hoje faz trabalhos para toda as partes do país. O restaurador também conta que não tem preferência por nenhum objeto especifico. “Eu restauro qualquer coisa que me trouxerem. Gosto de desafios”, falou Cunha. Dentre os vários objetos já recuperados por ele, destaca-se um diploma de madeira da turma de 1954 de um curso de contabilidade. Ele não trabalha sozi-
“
Restaurar para mim é um dom. Estou há dez anos vivendo disso financeiramente” Glauber Cunha
Restaurador de móveis
No showroom, Glauber recebe clientes e põe móveis em exposição
nho. Há cerca de um ano, Wilson Oliveira, também conhecido como “Daizinho”, trabalha com o restaurador. “É interessante restaurar móveis de anti-
gamente”, disse enquanto passava tinta em um armário de 120 anos. Cunha tem um show room com as peças prontas, só que o lugar onde passa a
maior parte do tempo é em seu ateliê. “Quando se faz o que se gosta, a gente para de trabalhar. Isso aqui é a minha diversão”. Ele costuma fazer uma avaliação na peça que será trabalhada, para verificar o que precisará ser feito. Quando o objeto é de outro estado, ele faz essa avaliação por meio de fotografias enviadas pelos própios clientes. Paulo Henrique Sales, 65, tem uma lanchonete no centro de Santo André e já teve um móvel de seu estabelecimento restaurado com a ajuda de Glauber. “Vi o trabalho dele e descobri que ele é muito caprichoso”, disse Sales que compara seu trabalho na lanchonete ao do restaurador. “Ele na arte dele e eu na minha arte”, falou.
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Família Vende Tudo é alternativa de compra Pérola Ciríaco
Comércio de móveis usados é opção barata e atitude sustentável
Cresce a procura por móveis usados no ABC Pedro Giordan
MOBILIAR uma casa custa caro. Para garantir um espaço em meio a tantas lojas de móveis e design, algumas pessoas encontraram como solução comprar móveis usados. Além de ser uma opção mais barata para os clientes, esses lugares oferecem peças que não estão expostas em outras lojas. Existem diferentes comércios na região que trabalham com esse tipo de produto. Nessas lojas, podem ser encontrados vários modelos de móveis em bom estado. São sofás, armários, televisores, mesas e outros. Os produtos, na maioria das vezes, são comprados pelos donos das lojas ou pessoas que vão até eles e não querem jogar fora. É o caso de Márcia Verna Muller que, há 22 anos, é dona da RM Móveis Usados. Comércio localizado na Vila Homero Thon, em Santo André. “Às vezes é por causa
do preço, e em outros casos a boa qualidade do móvel”, disse Marcia. Segundo ela, a renda mensal da loja, varia entre R$ 25 mil e R$ 30 mil. Ainda de acordo com a dona da loja, ela funciona como revenda, compra de móveis de outras pessoas e depois coloca para vender. A aposentada Elza Mazin já comprou mesa, geladeira, armário e uma escrivaninha em lojas de móveis usados. Para ela, a qualidade do acabamento do produto é muito boa. “O madeiramento antigo é muito melhor que os de hoje em dia”, afirmou Elza. Já a gerente administrativa da Invicta Moveis, Barbara Bianca Sales, de Santo André, explicou que os clientes chegam a montar ambientes inteiros e saem muito satisfeitos com a qualidade e com o atendimento prestado. “Um guarda roupa, por exemplo, a gente entrega e já monta. Já deixamos em perfeito estado”, contou. Na Invicta, que há três anos está no negócio de móveis seminovos e usados no centro de Santo André, há
MUDAR DE residência quando não é possível levar os móveis, causa transtorno para muita gente. O que fazer com os objetos? Como achar um meio de não perder o investimento em toda a mobília? Estes são questionamentos comuns para quem vive a situação. Muito tradicional nos Estados Unidos, o garage sale (venda de garagem) vem ganhando adeptos no Brasil. Famílias abrem suas casas para pôr em exposição todas as peças que pretendem vender. No bairro Jardim, em Santo André, existe uma empresa especializada nesse tipo de comércio. A designer de interiores Tania Corrêa trabalha com mercado mobiliário há 7 anos, e organiza as vendas para os clientes.
Ela iniciou o negócio quando passou pela experiência de se mudar e não ter o que fazer com a mobília. A empresa atende pessoas físicas e jurídicas que queiram comercializar total ou parcialmente os bens. Os produtos custam em média 50% a menos se comparados aos valores de lojas de objetos novos. “Família vende tudo é uma questão de oportunidade, as pessoas querem se desfazer das peças o mais rápido possível”, falou Tania. É possível organizar as peças da melhor forma, garantindo que sejam vendidas por um preço justo para ambas as partes. “Como designer de interiores tenho em mente tudo que o mercado está usando e o valor do que é velho ou antiguidade”, disse Tania. Segundo ela, “em tempos de crise o mercado de usa-
COMPORTAMENTO 11
“
Família vende tudo é uma questão de oportunidade, as pessoas querem se desfazer das peças o mais rápido possível.” Tania Corrêa,
Designer de interiores
dos cresce e está aquecido”. Tania considera, também, a sustentabilidade como principal incentivador desse tipo de comércio. “Você está estimulando o reaproveitamento e não o consumo desenfreado”, explicou. A empresária Maria Mendes é cliente há mais de 10 anos e compra desde móveis até objetos decorativos. “Sempre admirei e tenho carinho especial por esse tipo de móveis usados e antigos.” Ela é proprietária de uma residência de 1860, e mobiliou o local com móveis comprados no Família Vende Tudo. “São produtos de muito valor que saem por um preço inferior ao de uma loja de produtos novos”, contou.
Fotos: Pedro Giordan / RRJ
Aumenta o número de estabelecimentos de objetos reciclados
uma avaliação para saber se os móveis estão com algum problema. Nesse caso, o cliente manda as fotos do produto que quer vender, é marcada uma avaliação na casa dele e o valor de compra já é passado na hora.
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Teatro Lauro Gomes recebe “Quase um Show de Humor” Show conta com nomes como Rodrigo Capella e Marcelo Marrom no elenco Divulgação / Kiwi Mordido
Adilson Junior Felipe Siqueira
O TEATRO Lauro Gomes recebe no domingo (20) o stand-up de comédia “Quase um Show de Humor”, com os artistas Rodrigo Capella, Marcelo Marrom, Thiago Ventura e Róbson Nunes. O espetáculo chega a São Bernardo pela primeira vez. O elenco é rotativo e já teve Nany People em uma das apresentações. O comediante Rodrigo Capella, conhecido por sua participação no programa “Quinta Categoria”, da antiga MTV, e atual apresentador do programa “Programa da Sabrina”, da
Para os artistas envolvidos, a interatividade com o público deixa o espetáculo mais completo
Serviço
Rede Record, explicou que a rotatividade dos artistas é o que garante a “graça” do espetáculo. “Por ser uma apresentação com muita base no improviso, cada
show é único”, disse. Para o comediante, o principal trunfo do show é a interação com o público. “É ao vivo. Então, a gente interage muito com a plateia.
São Bernardo/Metodista passa por reformulação antes do início da temporada Marcelo Argachoy
A EQUIPE de handebol feminino São Bernardo/Metodista reformulou o elenco. O time, que comemora dez anos de existência, perdeu cinco atletas: as armadoras Tainara Luna, Patricia Matieli, Barbara Buratto e Thamiris Duarte e a ponta Dani Lira. “Tivemos alguns problemas no ano. Foi muito complicado para repor essas jogadoras que a gente perdeu. Praticamente desmontou o time. Temos que retomar o trabalho”, explicou o técnico da equipe, Eduardo Carlone. Com a ausência desses atletas, a ponta-direita do São Bernardo/Metodista, Célia Costa, disse que a equipe não terá um único rival no Super Paulistão. “Passar por uma fase de transição é bom, às vezes a gente cai na mesmice. Agora temos que ficar mais concentradas. Mas o time ainda está bem
Segundo o comediante, a duração do show é sempre uma incógnita. “Costuma durar 80 minutos e o máximo só Deus sabe. Nós somos ‘reféns’ da plateia. Então, quanto mais vai rolando [o show], mais a gente vai se divertindo. Algumas vezes, a apresentação dura duas horas ou mais. Isso acontece porque a galera curte o show. A gente ama estar no palco, é difícil nos tirar de lá”, declarou. Esta será a primeira vez que o espetáculo chega ao ABC. Os ingressos podem ser adquiridos pela internet, pelo site www.compreingressos.com, ou na porta do teatro. O preço da entrada varia de R$ 25 a R$ 50. O Teatro Lauro Gomes fica na Rua Helena Jacquey, nº 171, no Rudge Ramos.
competitivo, acho que dá para jogar de igual para igual com os outros times”, disse a jogadora. Para reforçar a equipe, o São Bernardo/Metodista contratou duas novas jogadoras. Uma delas é a armadora Maria Paula Holtz, ex-Blumenau, que já trabalhou com Carlone nas categorias de base da seleção. O outro reforço é o retorno da armadora Hannah Nunes. Eleita a melhor jovem jogadora do mundo em 2014 e campeã mundial com a seleção brasileira na Sérvia em 2013, Hannah volta ao time após um ano defendendo o time de Pinheiros. “A expectativa para o ano é chegar à final de todos os campeonatos. É um time muito bom com um técnico muito bom”, disse Hannah, 22. A atleta havia sido cogitada para ir para o time de Guarulhos, mas não chegou a assinar contrato. “Houve negociações, mas não entrei em acordo. Guarulhos não joga na Liga Nacional e eles têm uma folga em um dia da semana que eu senti di-
O show tem uma cena que o público participa. Sempre fazemos uma surpresa, o que torna o espetáculo legal tanto para a gente quanto para o público”, falou.
Mônica Rodrigues
ficuldade em aceitar. Estou voltando para a seleção brasileira e quero jogar em uma equipe de alto rendimento.” O São Bernardo/Metodista também promoveu duas jogadoras da categoria de base. A armadora Vitória Tomaz e a ponta Ingrid Paganassi, que faz parte da seleção juvenil. “Não podemos cobrar performance neste momento. São jogadoras de futuro, para dois ou três
anos, temos que ter muita calma com elas”, declarou o técnico da equipe. Saídas A ponta-esquerda Dani “Red” Lira foi para o León, da Espanha. Tainara, após uma temporada na equipe do ABC, vai para a equipe norueguesa Rælingen Håndballklubb. Patricia se junta ao time do Vistal Gdynia, da Polônia. A ar-
“Quase um Show de Humor” Teatro Lauro Gomes – Rua Helena Jacquey, 171, Rudge Ramos, São Bernardo. Domingo (20) – a partir das 21h Ingressos: R$ 25 (meia) e R$ 50 (inteira) + taxa de serviço Censura 14 anos.
Campeã mundial em 2013, a armadora Hannah Nunes retorna ao time após um ano jogando em Pinheiros
madora Barbara Buratto, formada nas categorias de base do São Bernardo/ Metodista, agora é jogadora do Ardeşen GSK, da Turquia. A armadora Thamiris Duarte, que anunciou sua aposentadoria ao final da temporada passada, voltou atrás e vai defender as cores do Santo André em 2016. Antes administrada pela Universidade Metodista, a equipe agora passa a ser comandada pela Prefeitura de São Bernardo. Para Carlone, a mudança não impacta muito o time dentro das quadras. “Vamos continuar o mesmo trabalho, local de treino e jogo, tudo dentro do programado. A parceria continua.” Com isso, o nome do time também foi alterado, colocando o nome da cidade em primeiro lugar em relação ao nome da universidade. O São Bernardo/Metodista estreia no Super Paulistão Feminino no dia 12 de abril contra a equipe do São Caetano, fora de casa.