Edição1061

Page 1

www.rronline.com.br editorial@metodista.br facebook.com/rudgeramosonline

Produzido pelos alunos do Curso de Jornalismo De 16 a 29 de março de 2017

ANO 36 - Nº 1061 Fotos: Amanda Leonelli Florindo/RRJ

TÚNEIS

Má conservação, acúmulo de lixo e assaltos são reclamações dos moradores da região. Pág. 3

» VILA VIVALDI Placas encontradas no bairro indicam rotatórias inexistentes. Pág. 4

» TRADIÇÃO

» MANIFESTAÇÃO

Álvaro Augusto/RRJ

Érika Motoda/RRJ

Mercadão do Rudge tem opções de comidas de diversos países Págs. 6 e 7

Alunos e artistas de rua fazem protesto na Câmara dos Vereadores. Pág. 2


2

POLÍTICA

De 16 a 29 de março de 2017

RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

DE OLHO NA CÂMARA

Érika Motoda Alvaro Augusto

O PROTESTO de quatro grupos ligados à cultura marcou a sessão da Câmara de São Bernardo na quarta-feira (15). Estavam presentes alunos do Cajuv (Coordenadoria de Ações para a Juventude), CAV (Centro Audiovisual), Clac (Centro Livre de Artes Cênicas) e artistas de rua. Entenda as reivindicações de cada um:

Artistas de rua. O governo municipal iniciou o cadastramento dessa categoria no dia 2 de março, por meio da Diretoria de Cultura. O objetivo é “promover de forma organizada as apresentações e exposições de artistas locais, valorizando a arte e dando oportunidade para a divulgação de seus trabalhos”, segundo informou a assessoria de imprensa da Prefeitura de São Bernardo. Após a triagem dos projetos inscritos, a prefeitura entraria em contato com os escolhidos “para a realização das atividades culturais, conforme as necessidades, e em tempo hábil para produção e divulgação da apresentação”, de acordo com nota publicada no site municipal. “O cadastramento limitaria o uso da expressão pública na rua. A ‘secretaria’ [de cultura] passaria a definir os dias das apresentações”, afirmou a artista circense Daniela Corradi, 24. Ela é viajante, veio da Argentina, e está há cinco meses no Brasil. Atualmente, mora no Jardim Calux. A prefeitura considera como atividades culturais apenas performances específicas. São elas: teatro, dança individual ou em grupo, capoeira, mímica, artes plásticas, malabarismo ou outra

Rudge Ramos JORNAL DA CIDADE editorial@metodista.br Rua do Sacramento, 230 Ed. Delta - Sala 141 Tel.: 4366-5871 - Rudge Ramos São Bernardo - CEP: 09640-000 

Produzido pelos alunos do curso de Jornalismo da Escola de Comunicação, Educação e Humanidades da Universidade Metodista de São Paulo

Manifestação de artistas marca sessão da Câmara Cajuv, CAV, Clac e artistas de rua se organizam para reivindicar direito à cultura Álvaro Augusto/RRJ

atividade circense, música, folclore, literatura, poesia declamada, repente e a exposição física de obras de arte.

Cajuv. Na penúltima sessão da Câmara (8), os alunos do Cajuv já haviam protestado contra a suspensão, por período indeterminado, das aulas de artes e esportes. Segundo eles, as atividades tiveram início entre o final de fevereiro e começo de março nos anos anteriores. Ao término da sessão daquele dia, eles debateram apenas com vereadores petistas. E, durante a semana, não foram recebidos pelos

parlamentares de outros partidos. Presidente da Comissão de Defesa da Criança e do Adolescente, a vereadora Lia Duarte (PSDB) afirmou que estava em contato com os manifestantes do Cajuv. Ainda segundo a vereadora tucana, havia uma reunião agendada para o dia 14 de março, das 14h às 15h. Mas recebeu um e-mail cancelando o encontro.

CAV. O Centro Audiovisual está com problemas semelhantes ao do Clac. “O processo seletivo ainda não aconteceu. Os professores e funcionários estão sob aviso

prévio e isso parece não ter mais volta”, afirmou a ex-aluna de Cine/TV Mariana França, 29. De acordo com Mariana, são cerca de 200 alunos afetados. No dia 3 de março, a reportagem entrou em contato com a Telem (empresa responsável pela gestão administrativa do CAV) para confirmar uma suposta orientação do MP (Ministério Público) de rescindir os contratos dos professores e funcionários. A Telem, por meio de nota, não quis se posicionar. Já o Ministério Público e o Ministério Público do Trabalho disseram que

DIRETOR - Nicanor Lopes COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO - Rodolfo Carlos Martino. REDAÇÃO MULTIMÍDIA - Editor-chefe - Julio Verissimo (MTb 16.706); EDITORA-EXECUTIVA E EDITORA DO RRJ - Margarete Vieira (MTb16.707); EDITOR DE ARTE - José Reis Filho (MTb 12.357); ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA - Maristela Caretta (MTb 64.183)

EQUIPE DE REDAÇÃO - Álvaro Augusto, Amanda Leonelli, Arthur Roman, Bárbara Caetano, Bruno Pegoraro, Érika Motoda, Felipe Freitas, Gabriel Mendes, Gabriel Argachoy, Guilherme Guilherme, Iago Martins, Laís Pagoto, Mariana Cunha, Paula Gomes, Raquel Gamba, Thalita Ribeiro e alunos do 5º semestre de Jornalismo. TIRAGEM: 10 mil exemplares - Produção de Fotolito e Impressão: Gráfica Mar-Mar

Protesto no plenário reúne quatro grupos que representam a arte em São Bernardo

essa indicação não partiu dos órgãos. O CAV oferece dois cursos de um ano e meio de duração. São eles: Cine/ TV e Animação.

Clac. O Clac oferece formação contínua no curso de Teatro e Dança, com duração de três anos. As aulas acontecem diariamente. Mas, neste ano, não há previsão de início do período letivo. DIRETOR DE FINANÇAS E CONTROLADORIA - Ricardo Rocha Faria DIRETOR DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO, MARKETING E SUPRIMENTOS - Ronilson Carassini

CONSELHO SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO - Paulo Borges Campos Jr. (presidente); Aires Ademir Leal Clavel (vice-presidente); Esther Lopes (secretária); Rev. Afranio Gonçalves Castro; Augusto Campos de Rezende; Jonas Adolfo Sala; Rev. Marcos Gomes Tôrres; Oscar Francisco Alves Jr.; Valdecir Barreros; Renato Wanderley de Souza Lima (suplente). DIRETOR GERAL - Robson Ramos de Aguiar VICE-DIRETOR GERAL - Gustavo Jacques Dias Alvim

REITOR: Fábio Botelho Josgrilberg (interino), Coordenadora de Graduação e Extensão - Vera Lucia Gouvea Stivaletti, Coordenador de Pós-Graduação e Pesquisa - Fábio Botelho Josgrilberg DIRETORES - Rogério Gentil Bellot (Escola de Ciências Médicas e da Saúde), Nicanor Lopes (Escola de Comunicação, Educação e Humanidades), Carlos Eduardo Santi (Escola de Engenharias, Tecnologia e Informação), Fulvio Cristofoli (Escola de Gestão e Direito) e Paulo Roberto Garcia (Escola de Teologia).


RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

CIDADE

De 16 a 29 de março de 2017

DE OLHO NA CIDADE

Amanda Leonelli Florindo Thalita Ribeiro

ACÚMULO DE lixo. Pichação. Falta de iluminação. Esses são alguns dos problemas dos quatro túneis das ruas Rio Feio e Tietê, na Vila Vivaldi, no Rudge Ramos. Segundo moradores do bairro, a limpeza e manutenção dos túneis não são feitas com frequência pela prefeitura da cidade. Na rua Rio Feio, há dois túneis na altura do nº 150. Um é para pedestre, com calçada; o outro, para veículos. Já na rua Tietê também há dois túneis, na altura do nº 1.080, mas para o pedestre é sinalizado por meio de um marco de ferro que tenta impedir o tráfego de veículos. Porém, mesmo com essas demarcações, há moradores que têm medo de passar pelos túneis de pedestres e preferem andar na via com os veículos. A dona de casa Teresa Cristina Rodrigues da Costa, 52, é uma delas. Há cerca de um mês, estava passando pelo túnel da Rio Feio com uma amiga, mas decidiu ir de carro. “Nós vimos um homem e ficamos com medo. Preferimos ir de carro pelo caminho, mas também é perigoso .” Segundo moradores da região, os túneis também apresentam acúmulo de água e forte cheiro de urina. Há assaltos frequentes. Diante dos problemas, quem vive nas proximidades se sente inseguro e evita passar pelo local. É o caso da dona de casa Adelaide de Oliveira, 57, moradora da rua Tietê, que tem medo de andar sozinha, principalmente pelo túnel da Tietê, que é o maior. “Sozinha nem pensar, só passo se for com alguém. Tem bastante assalto, inclusive levaram a bicicleta do meu sobrinho.” Há quem se arrisque para ajudar os outros, como conta Elaine Aparecida Mendes, 49, diarista que mora na rua Rio Feio há 17 anos. “Muitas senhoras do bairro têm medo de fazer a travessia sozinhas, por isso, às vezes volto para buscá-las quando estou saindo para trabalhar.” Elaine completou dizendo que “a prefeitura não faz manutenção constante nos túneis há cerca

É um mau cheiro terrível. Quando esquenta ninguém aguenta, tem que fechar as portas.” Valcir Lúcia

Sozinha nem pensar, só passo se for com alguém. Tem bastante assalto, inclusive levaram a bicicleta do meu sobrinho.”

Nós vimos um homem e ficamos com medo. Preferimos ir de carro, mas é perigoso também.”

Adelaide de Oliveira

Moradora

3

Teresa Cristina Rodrigues

Moradora

Moradora

Túneis da Vila Vivaldi estão mal conservados Moradores reclamam de sujeira e má iluminação

Fotos: Amanda Leonelli Florindo/RRJ

MESMAS QUEIXAS Rua Tietê Rua Rio Feio

TÚNEL NA RIO FEIO Má iluminação Acúmulo de esgoto Assaltos Forte cheiro de urina

como é o caso do túnel da rua Rio Feio. Outros transtornos Desde 2010, a Prefeitura de São Bernardo realiza obras do Drenar, que tem o objetivo de combater as enchentes da cidade. A Vila Vivaldi faz parte do

Má iluminação Acúmulo de lixo

Acúmulo de lixo

de cinco anos.” A reportagem apurou com moradores, tanto da rua Tietê quanto da Rio Feio, que há pessoas em situação de rua dormindo nos túneis de pedestres. Segundo eles, já houve roupas e pertences espalhados pelo local, além de um sofá,

TÚNEL NA RUA TIETÊ

Acúmulo de esgoto Assaltos Forte cheiro de urina

projeto, porém os moradores afirmam que dentro dos túneis das ruas Rio Feio e Tietê, quando chove, ainda há acúmulo de água. Elaine também conta que, quando chove, a Rio Feio não enche, mas o túnel, sim. “Depois que fizeram algumas reformas, formou-se uma bacia e o túnel enche.” Outra moradora da Rio Feio também reclama da água empoçada no túnel que, quando chove, chega até metade da rua. “Fica um monte de lama, e o pessoal até cai aí dentro”, disse a dona de casa Valcir Lúcia, 61. Além do mau cheiro vindo do túnel, há um cano escorrendo água em frente a passagem de pedestres

também na Rio Feio. Ainda segundo Valcir, “é um mau cheiro terrível. Quando esquenta ninguém aguenta, tem que fechar as portas.” Outro lado A reportagem entrou em contato com a prefeitura por meio da assessoria de imprensa e foi informada que “a varrição dos túneis é feita a cada 15 dias ou quando fiscais que realizam vistoria solicitam a demanda”. Quanto à segurança, a prefeitura afirma que a Guarda Civil Municipal faz o patrulhamento por meio da ROMU (Ronda Ostensiva Municipal), e ROMO (Ronda Ostensiva de Motocicletas). Além disso, a equipe do programa “Crack é possível vencer” também vistoria os locais. 


4

CIDADE

De 16 a 29 de março de 2017

RUDGE RAMOS Jornal da Cidade Fotos: Amanda Leonelli Florindo/RRJ

Placas indicam rotatórias inexistentes na Vila Vivaldi Segundo moradores, as demarcações foram retiradas há cerca de dois anos Placas indicam rotatórias que foram tiradas há dois anos. Acima, o cruzamento entre as ruas São Lourenço e Rio Feio. Abaixo, as ruas Tietê e São Lourenço

Amanda Leonelli Florindo Thalita Ribeiro

QUEM MORA ou trabalha na Vila Vivaldi está acostumado a ver acidentes de trânsito nos cruzamentos das ruas Tietê, Dourados, Rio Feio e São Lourenço. Isso ocorre porque não há rotatórias nas pistas. Mas não é isso o que informam as placas de sinalização. Nessas vias, há três cruzamentos. São seis placas que indicam três rotatórias entre elas, mas não existe marcação no piso ou obstáculo para orientação dos motoristas. Segundo moradores, essas indicações nas vias não existem há cerca de dois anos, desde a conclusão do projeto Drenar no bairro, quando elas foram retiradas

Nosso trabalho é

INFORMAÇÃO

por causa das obras. É o que conta o comerciante Antônio Frias, 54. “A gente imaginou que, depois das obras, colocariam [as rotatórias], mas mal arrumaram o asfalto.” Ele também acredita que deveria ter rotatórias em todos os cruzamentos da região, pela quantidade de acidentes. A Prefeitura de São Bernardo respondeu, por meio de nota da assessoria de impressa, que “avaliará a demanda e, se necessário, providenciará as devidas correções.” A reportagem apurou, com outros moradores do bairro, que o número de acidentes de trânsito aumentou desde que as rotatórias não foram recolocadas nas pistas. O mecânico Edgley Ribeiro de Sousa, 49, que trabalha em uma oficina na rua Tietê, esquina com a São Lourenço, disse que, em um dos acidentes, um carro entrou no estabelecimento. “O motorista estava passando pelo cruzamento e na hora de fazer a curva atravessou o portão da oficina.” Ainda de acordo com Sousa, é necessária uma lombada para reduzir a velocidade dos veículos (que na via é de 40km/h), pois ele acredita que isso influencia nos acidentes. “Já reclamei em um site de reclamações, mas nada acontece”, falou. O site que ele se refere é o Cidadera.com, que reúne reclamações de diversas localidades pelo país. Os moradores também relataram sobre a frequência e gravidade dos acidentes. A veterinária Ingrid Gonçalves Moraes, 24, disse que os carros costumam ficar bem amassados, apesar de as pessoas não se machucarem muito. “Os acidentes ocorrem com frequência, pelo menos um por mês.” Frias ainda conta que, nos casos que não ocorrem acidentes, há derrapadas que podem ser ouvidas de longe, e que isso é constante. “Quase presenciei um acidente, um carro freou bruscamente para não bater no outro.” 

Se você tem alguma reclamação ou quer sugerir um assunto para que ele se transforme em pauta e reportagem, fale com a Redação: WhatsApp

Tel: 972003275


RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

De 16 a 29 de marรงo de 2017

5


6

CIDADE

Família de Dona Lúcia é proprietária do estabelecimento de comida japonesa há 35 anos

RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

De 16 a 29 de março de 2017

Fotos: Érika Motoda/RRJ

Mercado do Rudge pode virar passeio gastronômico Lojas vendem comidas típicas do Brasil, Japão, Itália e até Suíça Érika Motoda

CAMINHAR pelo Mercado Municipal Hélio Masini é como viajar para fora de São Paulo ou do Brasil, do ponto de vista gastronômico. Conhecido como Mercadão do Rudge, na avenida Caminho do Mar, o espaço abriga comerciantes que vendem comida italiana, japonesa e até suíça. São produtos industrializados. Mas há também os feitos artesanalmente. Quem gosta da culinária asiática, por exemplo, pode ir até a mercearia de Mizue Tshikawa, que é conhecida pelos clientes como Dona Lúcia. O estabelecimento é propriedade da família há 35 anos. Mizue assumiu o comando há 20 anos, após a morte do pai. Segundo Mizue, os fregueses compram bastante sushi (bolinho de arroz), manju (bolinho recheado


RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

Barbosa é conhecido por vender produtos tradicionais da cozinha italiana, além daqueles que foram “abrasileirados”

CIDADE

De 16 a 29 de março de 2017

com doce de feijão), sunomono (salada de pepino preparada com vinagre), tofu (queijo de soja) e guiozá (massa recheada com legumes ou carne). Já os descendentes de japoneses costumam comprar arroz cultivado ao estilo japonês, chikuwa (massa de peixe) e conserva de nabo e pepino. “Aqui se tornou um local familiar. Os fregueses se tornaram amigos.” Ela falou também que a mercearia é frequentada por muitos “nihonjins [japoneses]” de São Caetano. Há itens industrializados também, como o pota pota, biscoito à base de arroz japonês, e sorvetes sul-coreanos. Os produtos são fornecidos por um importador que trabalha no bairro oriental da Liberdade. Já quem procura pela gastronomia italiana pode passar na loja de Marcelo Barbosa.

Descendente de portugueses e italianos, Barbosa disse que vende principalmente massas caseiras. Mas há espaço também para as esfihas, tradição da cozinha árabe. De massas tradicionais até as “diferenciadas”, o comerciante vende produtos artesanais há 10 anos. A tipicamente italiana mais vendida é o nhoque de pura batata. “É aquele tipo feito pela nona [avó].” E os produtos diferenciados são as massas cujo recheio não faz parte da culinária tradicional. O comerciante citou o rondelli recheado com alho poró e shitake, cogumelo típico da Ásia. Para adquirir esses produtos diferenciados, é preciso encomendar, pois Barbosa repassa o pedido a fornecedores. Ele atribui a diversidade de sabores aos consumidores. “Cerca de 50% dos nossos re-

7

Fotos: Érika Motoda/RRJ

cheios foram desenvolvidos a partir de pedidos de clientes.” Ele também trabalha com massas coloridas: amarela, branca, verde, vermelha e laranja. Mas o sabor não varia. “Primeiramente, nós comemos com os olhos”, explicou o comerciante. É possível encontrar também diversos molhos na loja, desde o tradicional sugo até o pesto genovês, à base de azeite e manjericão. Já no empório do descendente de italianos Valdemir Carmino, queijos e doces mineiros dividem espaço com massas. Mas o carro-chefe são as linguiças. Tanto a calabresa tradicional como a apimentada são as preferidas. “Em casa, preferimos a apimentada.” Além disso, é possível encontrar carnes consideradas

PIMENTA EM CONSERVA Jair Ribeiro ao lado de pote de vidro com a conserva de pimenta preparada pelo comerciante. São 30 quilos de pimentas biquinho, malagueta verde, habaneiro, cumari-do-pará e dedo-de-moça. Quem quiser a conserva precisa desembolsar R$ 500 e levar o pote todo. Já apareceram interessados, mas Ribeiro disse que “vai deixar curtir mais um pouco”. 

Carmino divide o espaço da loja entre queijos e doces mineiros e massas italianas, além das famosas linguiças

nobres, como a de boi da raça japonesa wagyu. Outro tipo é a do bovino escocês angus. Para quem prefere carne suína, há a de porco duroc (dos EUA) e embutidos de linhagem suíça. Culinária brasileira A culinária brasileira artesanal e regional tem lugar garantido no empório do paulista Jair Ribeiro, há 12 anos no mercadão. Segundo ele, os preferidos são a castanha-do-pará (industrial e artesanal) e queijos mineiros produzidos na Serra da Canastra (MG). Ribeiro também possui uma linha de pimentas do Estado, das mais suaves até as fortes. Não falta a goiabada de Uberaba. Os sabores nordestinos são representados pelas rapaduras de Pernambuco e Ceará. Assim como o doce de buriti, fruta típica do cerrado. Ribeiro afirma que também é possível encontrar sabores exóticos no seu empório. Como a fumaça em pó. É um tempero que deixa o hambúrguer com gosto de comida preparada no forno a lenha. Para beber, Ribeiro vende a erva-mate gaúcha, utilizada no chimarrão. Existe a opção de comprar a erva-mate de Mato Grosso para fazer o tererê, servido frio. A diversidade de sabores é atribuída aos próprios clientes do local. “Pedem um produto, e vou atrás dos fornecedores. Degusto antes de colocar à venda.” De acordo com Ribeiro, o empório já atendeu turistas alemães e italianos. 


8

ECONOMIA

RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

De 16 a 29 de março de 2017

Livros se mantêm firmes no mercado

Bianca Evangelista/RRJ

Leitores digitais não superam a venda de mídia física Bárbara Krauss/RRJ

Bárbara Krauss

PARA QUEM não conhece o leitor digital, ou e-reader, possui tela antirreflexos e uma luz que faz com que a tela se pareça com a página de um livro. O mercado conta com dois modelos de e-readers: o Kindle, vendido online pelo site da Amazon, e o Lev, vendido online e nas lojas físicas da Saraiva. Os dois aparelhos possuem versões com e sem luz interna, tela anti-reflexo, design confortável para ser manuseado com uma mão e memória interna de 4GB, que permite o armazenamento de milhares de livros. Mas, se a tecnologia chegou ao livro, por que ainda há leitores que preferem a versão em papel? Afinal, são mais leves e podem ter muito mais conteúdo em menos

de 200 gramas do que uma bolsa cheia de livros. Uma das explicações é o toque. A assistente de vendas Raquel Paiva, 25, é uma aficcionada pelo livro físico. “Gosto de tocar neles. Parece mais real e menos uma rede social”, disse Paiva, que está tentando retomar o hábito de leitura. Além do fetiche pelo livro físico, outros fatores desaceleram a promoção de e-readers. Uma delas é o quanto isso pesa no bolso. Para ler um livro no aparelho, muitas vezes, é preciso comprar a versão digital dele. Mas para alguns o valor gasto para comprar algo que não se pode tocar é muito caro. Livros mais modernos e lançamentos chegam ao preço de R$ 30 em sua versão digital. Já na versão impressa pode ser encontrada até por

R$60, por exemplo. Se comprado em um sebo, então, o gasto cai para R$ 43. Os livros mais clássicos podem ser encontrados por R$28 e nos sebos caem para R$12. O engenheiro aposentado Arlindo Moretti, 73, foi apresentado a um e-reader pela reportagem quando ele estava na Saraiva. “Não sou muito afeito a tecnologia” declarou. Mas Moretti demonstrou interesse no leitor moderninho ao levar para casa o folheto explicativo. A Amazon e a Saraiva tentam minimizar o problema de custo. O Kindle disponibiliza clássicos da literatura como ‘Drácula’, de Bram Stoker, de graça, e alguns deles por valores como R$ 1,90. Além disso, há o serviço Kindle Unlimited, uma espécie de Netflix dos livros. Por R$ 19,90 mensais o usuário pode alugar livros e devolver quando tiver terminado, podem ser ‘alugados’ até 10 livros por vez. O Lev também disponibiliza livros gratuitos, dando mais foco para livros nacionais. Agora, se a imagem desta página não o convenceu da semelhança, vá até a livraria mais próxima para ver com os próprios olhos. Fotos: Brendow Felipe/RRJ

Playstation 2 é o console mais vendido do mundo

Fãs cultuam videogames antigos Brendow Felipe

HÁ 45 anos o mundo conhecia seu primeiro videogame, o Odyssey da Magnavox, que inspirou muitas desenvolvedoras de games. O primeiro console a atingir a fama foi o Atari, com imagens antigas, pixels quadrados, controle semelhante a uma marcha de carro. O videogame era moda na década de 70. O tempo passou e os novos consoles surgiram,

Playstation 1 foi o primeiro a usar CD e Cartão de Memória

como o Game Boy e Mega Drive na década de 80, Super Nintendo e Playstation 1 na de 90 e Nintendo DS e Playstation 2 na virada do milênio. Mas mesmo com a demanda de novos videogames com ótimos gráficos, os antigos não foram esquecidos. Alguns colecionam, outros gostam dos jogos que fizeram parte da infância e continuam com eles apesar dos lançamentos. Há também quem “volte” uma ou duas gerações de games por falta de dinheiro para manter os mais modernos. É o caso de Vinicius Araújo, 20, que comprou seu Playstation 4, quando ainda trabalhava como monitor de câmeras em um apartamento em São Caetano. Após

NES foi o primeiro console projetado como game de mesa

Atari 2600 teve a maior vida útil entre os consoles: 14 anos

Nintendo 64 foi o último console a usar cartucho

uma demissão inesperada, Araújo preferiu vender o console e voltar a usar seu Playstation 2. “Hoje os jogos estão acima de R$ 100, R$ 200. Com meu playstation 2 posso pegar jogos por R$ 5 na banquinha ou até baixar na internet de graça.” Um console da nova geração como, Playstation 4 e Xbox one, hoje sai na faixa de R$ 1.600 e um de seus jogos mais populares, o Fifa 17, está por volta de R$ 170. Não é raridade encontrar jogadores do Playstation 2, a popularidade do game que dominou de 2000 a 2013 se reflete nos números de venda, 157 milhões de consoles vendidos no mundo. O segundo colocado vem logo atrás, o Nintendo

DS, com 154 milhões. Muitos colecionadores não interrompem sua busca por jogos e consoles raros. Bruno Alves Barbosa, 27, é um corretor de imóveis “viciado” em videogames, que pretende se tornar colecionador daqui uns anos. Hoje, tem sete consoles, são eles: Playstation 1,2 e 4, Super Nintendo, Game Boy, Nintendo DS e Polystation. “Prefiro jogos antigos, principalmente os portáteis, que são mais desafiadores e bem humorados. Sem a seriedade exagerada dos atuais.” Sua paixão vem de gerações. Seu avô ainda guarda um Atari: “Ele não mostra para ninguém, disse que um dia vai ser meu, estou

aguardando este dia.” Voltar no tempo, ou até matar uma saudade da infância, é o desejo de muitos. E também a proposta do Restaurante Burger Bits, em Santo André. O estabelecimento, inaugurado em 2015, serve porções e hambúrgueres feitos artesanalmente e o diferencial está nos videogames que ‘decoram’ as mesas do local. Os consoles estão ligados a monitores de TV para o divertimento dos clientes. O consumidor passa por um túnel do tempo que começa no Atari e segue os consoles do Mega Drive, Super Nintendo, Nintendo 64, Playstation 1 até o Playstation 3.


RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

Bianca Evangelista/RRJ

Locadora em Ribeirão Pires resiste a plataformas online Bianca Evangelista

MUITOS AINDA se surpreendem quando ouvem falar em uma locadora. As novas gerações não conhecem a atividade que foi sucesso nos anos 90 e 2000. E que, agora, está em declínio, culpa das plataformas digitais e da pirataria. Mas, em Ribeirão Pires, uma locadora resiste ao tempo dos arquivos das nuvens e aos downloads. Hoje, ainda mantém uma clientela fiel. Mas, sua história é antiga. Desde de agosto de 1994, a Dream faz a locação de filmes e vídeos. A loja fica no Roncon, um bairro periférico da cidade e mantém clientes há mais de 20 anos. Aqueles que antes alugavam o VHS, hoje, locam seus filmes em DVD e Blu-Ray. A secretária executiva, Sanny Trevisan, 20, disse brincando que é cliente da loja desde que nasceu. “Meu pai já era cliente quando ela

ECONOMIA

De 16 a 29 de março de 2017

abriu. Na minha infância, alugávamos desenhos animados quase toda semana. Hoje, não alugo com tanta frequência, mas ainda vou na Dream para buscar documentários e filmes que são mais difíceis de achar.” O caso de Sanny é semelhante ao de outros clientes. A locadora consegue conquistar novos adeptos toda semana. São pessoas que vão atrás de produtos com mais qualidade, lançamentos e clássicos do cinema que são difíceis de encontrar. O proprietário da loja, André Roncon, 45, conta que tem consumidor até mesmo de outras cidades. “Tenho clientes de Mauá, do Riacho Grande, em São Bernardo, Suzano e até um de São Paulo, que trabalha aqui na cidade.” E, segundo Roncon, os novos clientes geralmente vêm por indicação de algum usuário da loja. De acordo com o proprietário, a tradição da loja, a variedade dos filmes, a pra-

Tradicional, a loja mantém locações ativas e conquista novos clientes

novos demoram para chegar nos sites, e que os antigos quase não estão disponíveis. “Eu sou muito apaixonado por sagas, como Senhor dos Anéis, Matrix e Star Wars. Estes filmes quase nunca estão disponíveis na Netflix, ou em outro site, e os lançamentos demoram demais para entrar no catálogo online.”

ticidade do aluguel e o custo benefício são as vantagens que mantêm e conquista novos clientes para a locadora. O vigilante Jean Carlos Borges disse ser cliente da loja desde 2000. Mesmo mudando de bairro, aluga pelo menos quatro filmes

toda semana. “Alugar filme dá uma certa nostalgia. Parece um cinema com mais vantagens. Você assiste em casa com mais privacidade, prestando mais atenção”. Borges, que também é usuário das plataformas digitais, relata que os filmes

Futuro Segundo o SEAAC (Sindicato dos Empregados de Agentes Autônomos do Comércio), no ABC, há 10 anos existiam 56 locadoras registradas. Hoje, há apenas 11. Para o presidente da entidade, na seccional do ABC, Mogi das Cruzes e região, Vagney Borges de Castro, dessas locadoras, grande parte fica na periferia e agrega atividades como a venda de doces, brinquedos sazonais e venda de bilhetes de trólebus. “Dentro de dois anos não deve existir mais locadora tradicional”, prevê.

LP sobrevive a CD e música no ar “ Anna Sturaro/RJJ

Anna Sturaro

A PAIXÃO pode ser um bom negócio. Sobretudo se se referir a discos de vinil. Tanto que existe uma feira em Santo André para comercializar música em um formato mais antigo. Em meio a tanta tecnologia, a mídia musical mais antiga do mundo continua sendo procurada de roqueiros a românticos. Apesar da demanda, não é sempre que os vendedores têm lucro. Mas, para quem ama, não importa o preço que se vende o produto, mas sim o contato com a bolacha. Como é o caso de José Gondim, 65, o Americano. Jornalista por formação, compra e vende discos na Feira Livre de Vinil há mais 33 anos. Americano acredita que a permanência dos LP’s se dá, principalmente, pela durabilidade do produto. “Eu tenho discos aqui de 63 anos de idade que estão impecáveis”, disse. Americano ainda defende o LP, feito com um subproduto do petróleo, do ponto de vista de qualidade.

9

A durabilidade do disco de vinil é o principal fator para sua forte influência nos dias atuais”. José Gondim

Comerciante de LPs

Feira Livre do Vinil em Santo André acontece mensalmente há 12 anos na Galeria Studio Center

“O vinil precisa de um risco muito profundo para atrapalhar o som ou uma venda. Já o CD, qualquer poeira é capaz de danificar”, disse. Qualidade do som O CD, a princípio, foi criado com o objetivo de ter um som mais apurado e conter mais músicas em uma mídia menor. Porém, há quem diga que o vinil tem mais graves e agudos.

“Tenho CD´s, uso aplicativos de músicas, mas não troco o vinil por nada. A qualidade do som não tem comparação”, conta Maurício Del Cole, 36, colecionador de vinil e aficionado de rock. Essa onda de produtos retrô se instalou nos anos 90. Com isso, cresceu o interesse dos jovens pelo jeito antigo de ouvir música. Já o engenheiro de qualidade

Rafael Cavalcante, 27, frequentador da feira de Santo André, acredita que não é pela moda do “vintage” que esse fenômeno vem ocorrendo, e sim pela nostalgia que o vinil traz. Wendel Neves, 28, deixou a profissão de publicitário, para se dedicar às “bolachas”. “Você olha o disco e lembra de quando era criança e da banda que gostava”, completou.

Chiado Há colecionadores que acreditam que o vinil perde em qualidade de som para outras mídias digitais. O estudante de História Matheus Fernandes, 20, que ajuda o pai na venda dos vinis na Feira Livre está entre eles. “Prefiro o som do CD. O vinil tem chiados que atrapalham a música.” Mas, o estudante aprova a tecnologia como um meio alternativo de ouvir música. “É legal ter essa outra opção, as músicas em aplicativos são mais práticas. Você ouve em qualquer lugar.” Uma coisa é certa. Se depender dos amantes de vinil, a tradição de sentar e ouvir uma boa música na vitrola não irá acabar tão cedo. “Nunca vai ter nada que substitua a sensação de pegar um vinil, ver o encarte e colocar na agulha”, contou Fernandes. 


10 COMPORTAMENTO

RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

De 16 a 29 de março de 2017

Levar marmita ao trabalho é opção para economizar Funcionários de empresas que não oferecem vale-refeição preferem preparar alimentos em casa Fotos: Luan

Larissa Faria Luanna Marin

na Marin/R

RJ

Fabio Silva , morador d e Santo And ré, cozinha em casa o almoço qu e leva para a empresa

COM O aumento da preocupação em relação a atitudes saudáveis no cotidiano, preparar comida em casa e levar para o trabalho ou escola deixou de ser uma necessidade apenas de pessoas de baixa renda. Hoje, preparar a chamada ‘marmita’ é a opção adotada para ter uma dieta balanceada ou diminuir os gastos mensais. O preço médio para se alimentar diariamente apontado por pesquisa realizada no ano passado pela ASSERT (Associação das Empresas de Refeição e Alimentação), é de R$ 25,37 o quilo em Santo André, R$ 26,78 em São Bernardo e R$ 26,43 em São Caetano. A média nacional de uma refeição completa é de R$ 30,48. Além de economizar, a carência de vale-refeição nas empresas também torna a marmita uma alternativa durante a jornada de trabalho. É o caso do empresário Fabio Silva, morador de Santo André, que trabalha em Pinheiros e prepara o cardápio da semana em casa. “Antes de levar comida para o trabalho eu gastava em média R$ 30 por dia. Preparando as refeições em casa gasto no máximo R$ 20 por semana, e ainda acho mais saudável e saboroso.” No escritório em que ele trabalha há um espaço para esquentar os alimentos, assim como no da jornalista Raquel Marques. “Trabalho em uma região cara de São Paulo, a Vila Madalena, e não tenho vale-refeição. Monto meu prato com as opções que tenho em casa, levo em uma bolsa térmica e esquento no micro-ondas da empresa”, contou Raquel. Para fazer uma refeição nos estabelecimentos do

Para fazer uma refeição nos estabelecimentos do ABC, o trabalhador em 2016 gastou em média

R$ 26,20 por dia, totalizando

R$ 524 por mês ABC, o trabalhador em 2016 gastou em média R$ 26,20 por dia, totalizando R$ 524 por mês. Os números sugerem um alto valor quando relacionados ao salário mínimo no mesmo ano, no valor de R$ 937. Muitas empresas optam por

Informar é a nossa

FUNÇÃO

não oferecer vale-refeição ou vale-alimentação aos funcionários como uma forma de reduzir os custos. Além disso, muitas corporações que não têm o benefício também não dispõem de uma copa para alimentação dos empregados. “É interessante que as empresas que optem por oferecer o espaço, pensem na ambientação para que o colaborador realmente tenha uma pausa para renovar as ideias”, apontou o consultor de RH Jonnas Lima. A ausência do tempo ou espaço para a refeição, porém, pode impactar na produtividade dos funcionários, que não têm um local fora do ambiente rotineiro de trabalho para a pausa em meio ao expediente. “Às vezes, o fato do colaborador sair para o almoço, ter o contato com um ambiente fora da empresa pode ajudá-lo a resolver problemas”, afirmou Lima. 

Se você tem alguma queixa, reclamação ou quer sugerir um assunto para que ele se transforme em pauta e reportagem, fale com a Redação:

WhatsApp

Tel: 972003275


RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

Luanna Marin

A PREOCUPAÇÃO de manter um estilo de vida saudável e que, ao mesmo tempo, esteja dentro dos padrões econômicos de cada um vai de acordo com a disponibilidade de tempo. Esse dilema ocorre no ABC, em que parte da população passa horas por dia se deslocando entre a residência e o local de trabalho. Até mesmo, para quem prepara todas as refeições da semana em um único dia, o desafio começa desde a hora de comprar os ingredientes no mercado ou feira até fazer todo o processo de preparação: lavar, cortar, cozinhar e congelar. Sem esquecer-se, é claro, do armazenamento e transporte do que foi preparado. É o caso do estudante Vinicius Kanashiro, que mora em Santos e retorna para Santo André semanalmente. “Eu não tenho vale-refeição, então para economizar venho para Santo André ver meus pais todo fim de semana e pego as refeições que a minha mãe faz e congela para mim. Transporto tudo em

De 16 a 29 de março de 2017

Congelar alimentos incorretamente causa perda de nutrientes uma bolsa térmica e depois esquento no micro-ondas.” O processo de cozimento e congelamento, porém, deve ser feito com cautela, para que as propriedades nutricionais dos alimentos não sejam perdidas. A gastrônoma Nicolle Morial, moradora de Santo André, ensina uma técnica para manter os pratos saudáveis e bem conservados: “Chama-se branqueamento. Ela é responsável pela preservação nutricional de vegetais. Isto é feito dando um choque térmico na comida, emergindo-a em água fervente por cerca de três minutos e colocando em um recipiente contendo água gelada, de dois a três minutos. Esse choque térmico auxilia na durabilidade do alimento e mantém a qualidade dos nutrientes, fazendo com que os alimentos possam ser consumidos

até um mês depois de colocados no congelador.” Além do congelamento, o armazenamento também é um fator importante para manter a qualidade do que será consumido. “Armazenar em sacos plásticos retirando todo o ar da embalagem, deixando o saco compacto, aumenta a durabilidade do alimento”, explicou Nicolle. Para quem não congela os alimentos, cozinhando e transportando diariamente, um procedimento similar também pode tornar as refeições diárias mais saudáveis, como conta o nutricionista Erick Cuzziol. “Assim que a comida for feita, coloque em um recipiente e em seguida na geladeira. Esse choque de temperatura impede que as bactérias se proliferem e prejudiquem a sua saúde.” Muito além das formas

Empreendedores apostam na elaboração de produtos com sabores caseiros Larissa Faria

OS AFAZERES cotidianos vêm fazendo com que muitas pessoas terceirizem a alimentação diária, seja por falta de tempo ou habilidade com a cozinha. Com isto, pequenos empreendedores do ABC viram nestes motivos a oportunidade de preparar e vender marmitas. É o caso da cozinheira Kyara Rebecchi, de São Caetano. Ela iniciou na área vendendo feijoada aos sábados e refeições semanais. Após participar do programa Batalha dos Confeiteiros -apresentado por Buddy Valastro, o “Cake Boss”- em março do ano passado, Kyara conquistou clientela e hoje participa de eventos culinários e cozinha na casa dos clientes. A atividade é sua principal fonte de renda. “Testei comidas fitness congeladas, mas não de-

COMPORTAMENTO

ram certo financeiramente. Hoje, monto um cardápio com as preferências da família. Tenho dois clientes fixos no Morumbi e Jardim Paulista. Vou duas vezes por semana na casa deles e atendo também às quintas e sextas”, contou Kyara. Diferentemente dos outros empreendedores culinários, Elaine Ortiz produz porções diferenciadas. Apelidada de “Marmita da Gula”, a funcionária pública moradora da Vila Flórida, em São Bernardo, investe em um mix de doces que anuncia pelo Facebook por R$ 30. “Complemento minha renda com as encomendas, vendo principalmente na Páscoa e Dia dos Professores”, disse Elaine. As guloseimas são variadas, incluindo até mesmo uma espécie de “feijoada” em que os doces imitam os ingredientes do prato brasileiro, como um “ovo” de gelatina adocicado. O negócio tornou-se tão

Luanna Marin/RRJ

Refeição deve conter uma proteína, um vegetal e carboidratos

de produzir a marmita, sendo ela congelada ou preparada todos os dias, o que é colocado no prato também faz a diferença para quem quer manter uma dieta balanceada.“É preciso incluir no cardápio uma proteína – que influencia na manutenção e construção da massa muscular-, um Larissa Faria/RRJ

rentável que o ex- gerente comercial Rafael Rosa dedica-se integralmente ao Marmita.fit, empresa de alimentação equilibrada que gerencia com três sócios, todos moradores do ABC. O projeto teve início quando um deles, Rafael Ortega, começou a ter problemas hormonais e gordura acumulada no fígado. A preocupação com uma alimentação mais saudável deu início ao novo estilo de vida. Ele e seus sócios viram uma oportunidade em

11

meio a esta demanda, que hoje é de dois mil pedidos por mês. “Nosso cardápio é elaborado por uma nutricionista. Anunciamos nas redes sociais, como nos grupos do Facebook, e agendamos as entregas para as segundas e quintas-feiras”, falou o empresário. Assim como no negócio dos quatro sócios, Deise Silva, de São Caetano, conquistou autonomia profissional com as refeições saudáveis, que faz em casa e anuncia nos grupos regio-

vegetal e carboidratos para dar energia”, disse Cuzziol. Segundo o nutricionista, comer de uma maneira mais completa, abrangendo diversos nutrientes, impede que você sinta fome mais cedo e consiga economizar se alimentando somente com aquilo que levou para o trabalho.”  Kyara Rebecchi mora em São Caetano e é paga para cozinhar refeições nas casas das famílias

nais do Facebook. “Queria ter meu próprio negócio, então surgiu a ideia de fornecer comida congelada caseira, mas com o gostinho de feita em casa. “Os clientes começaram a nos perguntar se não fazíamos a dieta passada por um nutricionista, então começamos a fornecer as marmitinhas congeladas, pesadas de acordo com a medida que o nutricionista indicava. Criamos então um kit com 20 refeições por R$ 250, que hoje é nosso carro-chefe.” Nem todos, porém, têm acesso a consultas particulares com nutricionistas. A ASSERT (Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador) disponibiliza um programa de alimentação saudável que pode ser acessado online. Já no pratolegal.com.br, o internauta pode montar seu próprio cardápio e checar se os ingredientes escolhidos estão de acordo com os valores nutricionais necessários para sua dieta. 


12

De 16 a 29 de marรงo de 2017

RUDGE RAMOS Jornal da Cidade


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.