Edição1070

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Produzido pelos alunos do Curso de Jornalismo ANO 37 - Nº 1070

De 14 a 27 de setembro de 2017

» ESPORTE Futebol freestyle, que une dribles e acrobacias, ganha adeptos no ABC. Pág. 9 Maristela Caretta/RRJ

DIA“D”

» CULTURA

Pedro Zuccolotto/RRJ

Mulheres se reúnem para discutir sobre literatura e buscam espaço no mercado editorial. Págs. 10 e 11

UBSs de São Bernardo abrem neste sábado para vacinação contra 18 tipos de doenças. Pág. 3

» ESPECIAL

Maristela Caretta/RRJ

Lentes de contato exigem alguns cuidados; o mau uso pode causar desde irritação até cegueira. Págs. 4 e 5


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RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

De 14 a 27 de setembro de 2017

CIDADE

RÁPIDAS  Pavilhão Vera Cruz

Iago Martins Maristela Caretta/RRJ

A prefeitura de São Bernardo anunciou nesta semana que o Pavilhão Vera Cruz será transformado no primeiro centro de produção internacional da Endemol Shine Brasil. A empresa é responsável pelo formato The Wall, game show de sucesso exibido nos Estados Unidos, pela NBC. A ideia é que, no espaço, sejam feitas, já a partir do próximo mês, as gravações das versões do programa da Argentina, Chile, Colômbia e Uruguai. Construído em 1949 como sede da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, o pavilhão, há anos, vinha sendo utilizado para a realização de feiras e eventos. Após várias tentativas de diversos governos de transformá-lo num centro de cinema e cultura, em maio deste ano, a prefeitura retomou a tutela do espaço. O local foi idealizado pelo produtor italiano Franco Zampari e, na década de 50, foi cenário para mais de 20 filmes, entre eles “O Cangaceiro”, dirigido por Lima Barreto e premiado no Festival de Cannes, e “É proibido beijar”, de Ugo Lombardi. Pelo local, passaram atores como Mazzaropi, Anselmo Duarte, Jardel Filho, entre outros.

 Violência

 Serviços municipais

 Biblioteca Monteiro Lobato

Foi inaugurada a primeira unidade do Atende Bem, no Rudge. O espaço tem como objetivo facilitar o acesso dos moradores aos diversos serviços prestados pelo governo municipal, como a emissão de 2ª via e parcelamento de débitos da cidade, cadastro tributário de empresas e autônomos, emissão de licenças e alvarás de imóveis e empresas e solicitações envolvendo zeladoria urbana (pedido de repintura, remoção de faixas e podas de árvores). A unidade fica localizada na Subprefeitura do bairro, na rua Jacquey, 61, e funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h.

A biblioteca Monteiro Lobato, localizada no Centro de São Bernardo, criou um espaço para atender portadores de deficiências auditivas e visuais. O local conta com um acervo de 500 livros falados e 1,5 mil livros em braile. Além disso, também disponibiliza aos frequentadores um programa de computador chamado Braille Fácil – semelhante ao Microsoft Word – e aulas de violão totalmente em braile. A Biblioteca Monteiro Lobato fica na rua Dr. Flaquer, 26. Funciona de terça a sexta-feira, das 9h às 21h, e aos sábados e domingos, das 10h às 16h. Reprodução

 Moedas Quem nunca passou aperto na hora de receber um troco por falta de moedas? Segundo o Banco Central (BC), mais de 8,7 bilhões de moedas estão fora de circulação no Brasil. O número equivale ao montante de R$ 1,4 bilhão, que acaba guardado nas casas brasileiras, em centavos depositados em cofrinhos, bolsas antigas ou mesmo esquecidos em um canto. Com frases como “Faça sua parte e ajude as moedinhas a circular” ou “Colocar as moedinhas em circulação está em suas mãos”, o BC lançou uma campanha nacional para incentivar as pessoas a colocarem suas moedas em circulação. O objetivo principal é reduzir os gastos públicos com novas emissões. Em 2016, foram colocadas em circulação 761 milhões de unidades de novas moedas, 11% a mais que em 2015; só no primeiro semestre deste ano, 434 milhões de novas moedas entraram em circulação. E você? Ainda deixa moeda em casa?

Rudge Ramos JORNAL DA CIDADE editorial@metodista.br Rua do Sacramento, 230 Ed. Delta - Sala 141 Tel.: 4366-5871 - Rudge Ramos São Bernardo - CEP: 09640-000 

Produzido pelos alunos do curso de Jornalismo da Escola de Comunicação, Educação e Humanidades da Universidade Metodista de São Paulo

DIRETOR Kleber Nogueira Carrilho COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Rodolfo Carlos Martino EDITORA-EXECUTIVA E EDITORA DO RRJ Camila Escudero (MTb: 39.564) EDITOR DE ARTE José Reis Filho (MTb 12.357) ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA Maristela Caretta (MTb 64.183)

EQUIPE DE REDAÇÃO - Alvaro Augusto, Ariel Correia da Silva,

Bárbara Caetano, Bruno Pegoraro, Daniela Pegoraro, Érika Motoda, Felipe Freitas, Gabriel Argachoy, Guilherme Guilherme, Iago Martins, Luis Henrique Leite, Luiza Lamas, Mariana Cunha, Marina Harriz, Rodrigo Monteiro, Thalita Ribeiro e alunos do curso de Jornalismo.

TIRAGEM: 10 mil exemplares - Produção de Fotolito e Impressão: Gráfica Mar-Mar

contra a mulher

O Brasil é o quinto país do mundo que mais mata mulheres. Segundo levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU), a taxa de feminicídio é de 4,8 para 100 mil mulheres, sendo a maioria cometido por membros da família. A região do ABC conta com duas unidades da Casa Abrigo, que têm como objetivo garantir a segurança de mulheres que sofrem violência doméstica. O espaço foi implementado em 2003 pelo Consórcio Intermunicipal, e oferece moradia às vítimas longe do agressor. Filhos menores de 18 anos também são acolhidos. Desde sua criação, a Casa Abrigo já atendeu 700 mulheres e 1,2 mil crianças e adolescentes. Para conseguir a assistência, o primeiro passo é registrar um boletim de ocorrência em qualquer delegacia no qual deve constar o risco iminente de morte da vítima. Durante o acolhimento, questões como emprego, renda, saúde, assistência social, psicoterapia e assistência jurídica são trabalhadas com as mulheres. 

DIRETOR DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO, MARKETING E SUPRIMENTOS - Ronilson Carassini

CONSELHO SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO Aires Ademir Leal Clavel (vice-presidente); Esther Lopes (secretária); Rev. Afranio Gonçalves Castro; Augusto Campos de Rezende; Jonas Adolfo Sala; Rev. Marcos Gomes Tôrres; Oscar Francisco Alves Jr.; Valdecir Barreros; Renato Wanderley de Souza Lima (suplente). DIRETOR GERAL - Robson Ramos de Aguiar VICE-DIRETOR GERAL - Gustavo Jacques Dias Alvim DIRETOR DE FINANÇAS E CONTROLADORIA - Ricardo Rocha Faria

REITOR: Paulo Borges Campos Jr.; Coordenadora de Graduação e Extensão: Alessandra Maria Sabatine Zambone; Coordenadora de EAD: Adriana Barros Azevedo; Coordenador de Pós-Graduação e Pesquisa: Davi Ferreira Barros. DIRETORES - Nilton Zanco (Escola de Ciências Médicas e da Saúde), Kleber Nogueira Carrilho (Escola de Comunicação, Educação e Humanidades), Carlos Eduardo Santi (Escola de Engenharias, Tecnologia e Informação), Fulvio Cristofoli (Escola de Gestão e Direito) e Paulo Roberto Garcia (Escola de Teologia).


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O DIA “D” da Campanha Nacional de Multivacinação será neste sábado (16). Em São Bernardo, as 34 Unidades Básicas de Saúde estarão abertas, das 8h às 17h, vacinando crianças e adolescentes de até 15 anos contra 18 tipos de doença, entre elas meningite, sarampo, poliomielite, BCG, rubéola e HPV. A campanha começou nesta segunda (11) e vai até o dia 22 de setembro. Nesse período, as doses podem ser tomadas no horário de atendimento de cada UBS, de segunda à sexta-feira. Este sábado, porém, todas as unidades participam da ação, que tem o objetivo de diminuir a fila de crianças que

CIDADE

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Campanha de vacinação tem dia “D” neste sábado Vacinas contra 18 tipos de doenças estarão disponíveis nas UBSs ainda não foram imunizadas nas datas certas e completar as doses de reforço. Para participar, basta comparecer à UBS mais próxima (veja endereços abaixo) levando RG e a carteira de vacinação do menor, que deve estar acompanhado de um responsável. (Felipe Freitas)

Maristela Caretta/RRJ

ENDEREÇOS UBS Alvarenga Estrada dos Alvarenga, 1.199 tels.: 2630-7650 / 2630-7651 UBS Alves Dias Rua Alexandre Bonicio, 133 Alves Dias. ubs.alvesdias@saobernardo.sp.gov.br tel.: 4351-3553 UBS Areião Rua Ayrton Senna, 55 - Montanhão ubs.areiao@saobernardo.sp.gov.br tel.: 4103-9435 UBS Baeta Neves Rua Giacinto Tognato, 1.100 Baeta Neves. ubs.baetaneves@saobernardo.sp.gov.br tels.: 4330-4773 e 4332-2961 UBS Batistini Rua Manoel Carneiro, 120 - Batistini. ubs.batistini@saobernardo.sp.gov.br tel.: 4357-4893

tels.: 4125-4534 e 4330-1875 UBS Ferrazópolis Av. Fernando Ferrari, 449 - Ferrazópolis ubs.ferrazopolis@saobernardo.sp.gov.br tel.: 4338-3002 UBS Finco Rua Fortunato Benevenuto Finco, 151 - Finco ubs.finco@saobernardo.sp.gov.br tels.: 4354-9118 e 4354-7317 UBS Ipê Rua Lago da Mangueira, 329 - Dos Casa ubs.ipe@saobernardo.sp.gov.br tel.: 4342-3199 UBS Jardim das Oliveiras Est. da Cama Patente, 1.702 - Alvarenga ubs.oliveiras@saobernardo.sp.gov.br tel.: 4101-7163

UBS Caminho do Mar Rua Aura, 79 - Rudge Ramos ubs.caminhodomar@saobernardo. sp.gov.br tel.: 4177-2440

UBS Jordanópolis Rua Oswaldo Cruz, 120 - Vila Jordanópolis ubs.jordanopolis@saobernardo. sp.gov. br tel.: 4178-4658

UBS Demarchi Rua Albino Demarchi, 131 - Demarchi ubs.demarchi@saobernardo.sp.gov.br tel.: 4347-8051 e 4347-7058

UBS Leblon Rua Abramo Luchesi, 5 - Leblon ubs.leblon@saobernardo.sp.gov.br tels.: 4127-8105

UBS Farina Rua Maria Joséfa Mendes, 15 - Jardim Farina. ubs.farina@saobernardo.sp.gov.br

UBS Montanhão Estrada do Montanhão, 413 - Montanhão ubs.montanhao@saobernardo.sp.gov.br tel.: 4335-7969

UBS Nazareth Rua João XXIII, 380 - Nazareth ubs.nazareth@saobernardo.sp.gov.br tel.: 4343-4166 UBS Orquideas Estrada Poney Clube, 1400 - Alvarenga ubs.orquideas@saobernardo.sp.gov.br tels.: 4358-1617 e 4342-6224 UBS Parque São Bernardo Rua dos Vianas, 3570 – Parque São Bernardo ubs.pqsbernardo@saobernardo. sp.gov.br tels.: 4121-5034 e 4331-1418 UBS Pauliceia Rua Miragaia, 834 – Pauliceia ubs.pauliceia@saobernardo.sp.gov.br tel.: 4358-4966 UBS Planalto Rua Oragnof, 480 – Vila Júpiter ubs.planalto@saobernardo.sp.gov.br tel.: 4393-0262 UBS Represa Rua Irati, 10 - Jd. Represa ubs.represa@saobernardo.sp.gov.br tel.: 4358-5718 UBS Riacho Grande Rua Santa Maria, 20 - Parque Rio Grande

ubs.riachogrande@saobernardo. sp.gov.br tel.: 4101-5368 UBS Rudge Ramos Rua Angela Tomé, 246 - Rudge Ramos ubs.rudgeramos@saobernardo.sp.gov.br tels.: 4177-4103 e 4367-4194 UBS Santa Cruz Rua Hugo Vieira Pinto, 423 - Santa Cruz ubs.santacruz@saobernardo.sp.gov.br tel.: 4357-4826 UBS Santa Terezinha Rua Dois de Outubro, 175 - Santa Terezinha ubs.santaterezinha@saobernardo. sp.gov.br tel.: 4129-1230 UBS São Pedro Rua da Comunidade, 100 - Vila São Pedro ubs.vilasaopedro@saobernardo.sp.gov.br tel.: 4335-0955 UBS Selecta Rua Oswaldo Stuchi, s/nº - Pq. Selecta ubs.pqselecta@saobernardo.sp.gov.br tel.: 4338-3019 UBS Silvina Av. Marquês de Barbacena, 85 - Silvina ubs.silvina@saobernardo.sp.gov.br

tel.: 4339-1118 UBS Taboão Av. do Taboão, 4.281 - Taboão ubs.taboao@saobernardo.sp.gov.br tel.: 4363-2959 UBS União Rua dos Industriários, 17 - Alvarenga ubs.uniao@saobernardo.sp.gov.br tels.: 4173-1062 e 4358-1621 UBS Vila Dayse Rua Vicente de Carvalho, 255 - Pq. São Diogo ubs.viladayse@saobernardo.sp.gov.br tel.: 4121-3250 UBS Vila Euclides Rua Anunciata Gobbi, 165 - Vila Euclides ubs.vilaeuclides@saobernardo. sp.gov.br tel.: 4332-2963 UBS Vila Marchi Rua Nestor Moreira, 480 - Assunção ubs.vilamarchi@saobernardo.sp.gov.br tels.: 4351-5534 e 4109-4791 UBS Vila Rosa Av. Rosa Aizemberg, 613 - Independência ubs.vilarosa@saobernardo.sp.gov.br tel.: 4343-7727 Fonte: Site da prefeitura de São Bernardo

DE OLHO NA CÂMARA

Câmara aprova lei que permite a presença de cães em parques públicos Luis Henrique Leite

A CÂMARA dos Vereadores de São Bernardo aprovou nesta quarta-feira (13) um Projeto de Lei que permite que cães de pequeno e médio porte, acom-

panhados de seus donos, transitem pelos parques públicos da cidade. O projeto é de autoria do presidente da Câmara, Pery Cartola (PSDB), que é conhecido como defensor da causa dos animais. Até então, a presença de cães

de estimação não era permitida em nenhum parque público da cidade. O vereador Julinho Fuzari (PPS) questionou o fato de que ele próprio já havia submetido um projeto de lei semelhante, que foi rejeitado, sendo considerado inconstitucional. “Achei muito estranho a mesma casa de leis agora dar um parecer favorável para o projeto do Pery. Acabei votando a favor porque o projeto é bom”, disse. Cartola rebateu a acusa-

ção, afirmando que sua proposta não é inconstitucional. “Eu consultei a procuradoria geral do município e os procuradores da própria Câmara Municipal. Seria uma vergonha uma casa de leis como esta aprovar uma lei que é inconstitucional”. O projeto entra em vigor assim que for sancionado pelo prefeito Orlando Morando (PSDB). Cães Bravos Na mesma sessão, o plenário também aprovou um

outro Projeto de Lei relacionado a animais domésticos. Ele determina que cães considerados bravos devem portar o devido equipamento de contenção para transitar em vias públicas (as chamadas focinheiras) e precisam ser transportados por pessoas capazes de conter o animal. O projeto também determina que os proprietários de cães com conduta violenta devem sinalizar com placa na fachada da propriedade – os famosos avisos “Cuidado, cão bravo”. 


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SAÚDE

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Lente de contato exige cuidados específicos Diferenças entre gelatinosa e acrílica dependem do grau e tipo de deficiência Fotos: Giovanna Antonialli/RRJ

Giovanna Antonialli

O MAU uso de lentes de contato pode acarretar sérios problemas de saúde, incluindo a cegueira. Apesar de serem uma opção além dos óculos para alguns vícios de refração – como miopia, hipermetropia e astigmatismo – há uma série de cuidados necessários para sua utilização. A oftalmologista Luciane Vaccaro, 32, de São Caetano, alerta sobre os problemas mais comuns, como vermelhidão nos olhos, irritabilidade, desconforto e alergia. Já entre os mais graves, segundo ela, há ceratite infecciosa (causada por bactérias, fungos ou protozoários), conjuntivite papilar gigante, hipóxia corneana aguda, hipóxia corneana crônica, ceratite infiltrativa, e a mais grave de todas, a cegueira. De acordo com a médica, o uso inadequado das lentes de contato pode ser perigoso para a integridade dos olhos. Até mesmo os casos de irritação ocular devem ser examinados por um especialista, para que seja descartada uma causa grave que possa colocar em risco a visão do paciente. Foi o que aconteceu com a empresária Berenice Costamagna, 60, de São Bernardo. Ela contou que 35 anos atrás usou lente. Mas só por quatro anos. Ela teve uma doença chamada erosão de córneas. Naquela época, não existiam as gelatinosas, só as acrílicas.

Estojo das lentes deve ser limpo periodicamente para evitar bactérias; cuidado na hora de colocar as lentes também é importante

Tive que ficar com pomada e curativo por uns 20 dias. Por isso o oftalmologista aconselhou a não usá-las mais”.

Berenice Costamagma Empresária

“Tinha pouca lacrimação também”, disse. Berenice afirmou que, como trabalhava o dia todo, indo para faculdade direto, ficava muitas horas com as lentes. “Tive que ficar com pomada e curativo por uns 20 dias. Por isso o oftalmologista aconselhou a não usá-las mais”. Ainda segundo a oftalmologista Luciane, a diferença entre as lentes é que as gelatinosas são indicadas para a maioria das pessoas, já as acrílicas têm indica-

ções especifica. “As gelatinosas são mais confortáveis nos olhos, mas são menos duráveis e devem ser manipuladas com maior cuidado”. Já as rígidas são indicadas para o alto astigmatismo, astigmatismo irregular como ceratocone ou sequela corneana após algum trauma ocular”. Manutenção Para manter a saúde ocular são necessárias algu-

Informar é a nossa

FUNÇÃO

mas recomendações, como só comprar lente indicada pelo oftalmologista, profissional capaz de avaliar qual o melhor material e curvatura para o olho, evitando complicações futuras. Além disso, o paciente deve seguir uma rotina rígida para evitar a con-

Aproximadamente

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milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência visual como miopia e hipermetropia, de acordo com pesquisa do Conselho Brasileiro de Oftalmologia

taminação das lentes de contato, como lavar bem as mãos antes de manuseá-las e higienizar as lentes com a solução própria de limpeza, que em farmácias custam de R$ 37,20 a R$ 77,99. Outros fatores são: o tempo de uso da lente, que gira em torno de oito horas por dia; o prazo de validade; além de higienização do estojo para guardá-la, com água, sabão neutro, bem como sua troca periódica. Muita gente tem costume de dormir com as lentes de contato, o que, de acordo com a oftalmologista, não é recomendado. Isso porque tampa-se a oxigenação do olho, podendo causar séria lesão corneana. Existem diversas contra indicações ao uso das lentes. Por exemplo, pessoas com qualquer doença sistêmica ou alérgica que afete o olho, fatores ambientais, alterações palpebrais, conjuntivais, corneanas, esclerais ou do sistema lacrimal, não é aconselhado o uso. Por isso, a decisão de usar as lentes de contato deve ser feita com um médico oftalmologista que irá excluir qualquer contra indicação real para o uso da lente. 

Se você tem alguma queixa, reclamação ou quer sugerir um assunto para que ele se transforme em pauta e reportagem, fale com a Redação:

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Valor dos óculos chega a ser fator decisivo na hora da compra Giovanni Pannunzio

O PREÇO continua sendo um dos principais fatores na hora de se encomendar óculos. Há armações que podem chegar até R$ 3,5 mil. Outras, mais simples, R$ 200. A reportagem encontrou até de R$ 50. No caso da biomédica Lais Krakauer, 46, o modelo e a cor dos óculos são fundamentais na hora da escolha do acessório. “Como sou alta, não posso usar óculos pequenos. Geralmente, compro um por viagem, e acabo lembrando do momento quando estou usando”. Mercado para compra de óculos existe. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), metade da população mundial necessita de algum tipo de correção para enxergar bem. No Brasil, seriam 50 milhões de pessoas que sofrem de algum tipo de

SAÚDE

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distúrbio de visão. Já quem trabalha na venda de óculos fala sobre esse mercado. A balconista da ótica Maki, Elenita Tecila, 49, foi categórica: “Depende muito. Tem gente que vai muito pelo custo benefício, aí você consegue conciliar tudo, valor com o que a pessoa está querendo. Mas tem gente que não se importa, escolhe direto pela modelagem. O menor valor de armação que trabalhamos é de R$ 59, o maior é R$ 600 [um Ray-Ban].” Lais também diz que o valor não é algo que chega a influenciar no momento da escolha. “Compro de R$ 30, como fiz em Campos do Jordão, no ano passado. Eram óculos de grau, apenas mudo a lente. De grau eu tenho cinco, de sol uns 20.” No entanto, as caracterísitcas da compra também dependem da região. O gerente da rede de óticas Ca-

Giovanni Pannunzio/RRJ

Preço de armação de óculos em óticas da região pode variar de R$ 50 a R$ 3,5 mil

rol, do Shopping ABC, Caio César Barros da Silva, 25, vê diferenças entre regiões. “Já trabalhei em outras cidades em que o cliente quer preço. Aqui conseguimos ter um valor agregado mais elevado”. Segundo Silva, no caso de venda de peças com valores mais altos, consequentemente, a qualidade é superior. “Na maioria das vezes, o cliente opta por

comprar uma lente que seja mais cara, que é o que vai transmitir uma qualidade visual melhor”. Mas há quem acaba optando pelo preço acessível como primeiro fator decisivo antes de realizar a compra. “Depois de uns R$ 600 já começa a ficar complicado, ainda mais se a loja não permite grandes parcelamentos”, disse a estudante Jaqueline

Teste em bebês é recomendável Arquivo Pessoal

João Víctor Romoli

A RECOMENDAÇÃO de especialistas para que crianças possam fazer os exames oftalmológicos, seja na maternidade ou em até seis meses de vida, é importante para evitar problemas futuros. Esses primeiros exames são essenciais para previnir diversas doenças, e para que seja detectada qualquer alteração ocular. Como o desenvolvimento visual da criança acontece nos primeiros anos de vida, quando aprende a trabalhar os olhos de forma conjugada, é importante que o acompanhamento seja frequente. A oftalmologista pediatra Ana Beatriz Ungaro explica que, no caso de crianças com baixa visão, o não tratamento no início da vida compromete o desenvolvimento dos olhos, que depende da sua gravidade. “Esse olho, cuja visão não foi desenvolvi-

Davi fez os exames oftalmológicos logo após o nascimento, ainda no hospital

da na infância, não terá capacidade de enxergar normalmente, mesmo com uso de óculos ou outros recursos. A esse processo de atrofia da visão, damos o nome de ambliopia”. Outro problema comum é a retinopatia da prematuridade, que é a maior causa de cegueira infantil na América Latina. Isso acontece em 80% dos bebês prematuros que nascem

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com peso entre 750 gramas a um quilo. Os acidentes na infância também contribuem para a baixa de visão nas crianças porque podem gerar perfurações oculares, cicatrizes, deslocamento da retina e catarata secundária. Dependendo da gravidade, pode levar à cegueira irreversível, segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica.

A inspetora de qualidade Elaine Faria, mãe de Davi, que tem apenas dois anos, conta que o teste do reflexo vermelho, realizado na criança dias após o nascimento, a tranquilizou ao saber que estava tudo bem naquele momento, e a fez ficar sempre atenta aos exames oftalmológicos. “Ano passado, solicitei ao pediatra dele mais um exame oftalmológico, porém

de Castro Duarte, 21. O preço dos óculos pode chegar a valores bem altos. “Aqui nós temos armações a partir de R$ 200, e o maior valor chega a R$ 3,5 mil, que são óculos de sol de uma marca chamada Illesteva. É uma grife francesa na qual as peças são confeccionadas na França e na Itália de forma artesanal, cita o gerente Silva. 

ele falou que não havia necessidade no momento. Na próxima consulta pedirei novamente. É sempre bom estar atenta, pois nessa idade eles não conseguem falar o que está acontecendo”. Reflexo O teste do reflexo vermelho, mais conhecido como teste do olhinho, é obrigatório em São Paulo. É realizado dias após o nascimento da criança por um pediatra. É um procedimento simples em que, por meio da iluminação do olho, feita por um aparelho chamado oftalmoscópio, é possível ver se há alguma dificuldade. “Quando a luz do aparelho não consegue atravessar o olho e refletir o brilho da retina normal, o exame está alterado. Nesse caso, o pediatra deve solicitar uma avaliação de um oftalmologista para um diagnóstico preciso”, disse Ungaro. Na maioria das vezes, são os pais que percebem alguma alteração visual na criança e procuram especialistas. Só oftalmologistas poderão avaliar a necessidade de correção ou tratamento para cada caso.


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ECONOMIA

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Alternativas para poupar na crise Moradores do ABC mudam hábitos com o intuito de diminuir gastos no final do mês Natália Rossi/RRJ

Karol Souza Natália Rossi

A CRISE econômica que afeta o Brasil desde 2014 é assunto diariamente na imprensa. Cortes, desemprego, alta dos preços, tudo acaba influindo no orçamento doméstico. O jeito é mudar hábitos para se adaptar às dificuldades financeiras e enfrentar o colapso econômico do país. Comprar peças de roupas em brechós em vez de shoppings, optar pela comida caseira ao invés de comer em restaurante, praticar exercícios físicos junto à natureza, no lugar de pagar academias e até mesmo trocar elegantes livrarias pelos incontáveis sebos são algumas alternativas. “A gente procura sempre economizar, né? Para ver se consegue fechar a conta no fim do mês”, diz a diarista Rosa Mendes, de Santo André, sobre suas maneiras para enfrentar a crise. Passar mais tempo em brechós do que em shoppings é uma delas. “Em shopping mesmo faz muito tempo que não vou, uns três meses, está difícil”. A aposentada Cleide Soares, também moradora de Santo André, diz muito enfaticamente que ir em brechós ajuda a economizar. “Compro sempre coisas para bebês”, afirma, explicando que os preços dos shoppings estão muito altos e que não vale a pena pagar caro por roupas infantis. “Depois de um tempo, eles não usam mais”. A cabelereira Silva Feitosa, de Santo André diz que também consegue economizar em brechós, pois encontra roupas de marcas não muito usadas que saem mais em conta para o bolso. A prática de exercícios físicos ao ar livre também é uma ideia para economizar. As cidades do ABC já oferecem academias gratuitas em locais públicos com equipamentos que trabalham a parte muscular e cardiovascular, como bicicleta e instrumentos para remada e abdominal. O estudante de Engenharia Leonardo Silva, 26, de São Caetano, largou a academia e passou a praticar exercícios físicos nesses

Thaís Rodrigues/RRJ

Marmita é recurso para cortar gastos na hora de comer fora de casa

espaços. “Economizo muito desse jeito”, diz, uma vez que acaba utilizando o dinheiro para outras coisas, como “muita comida”, brinca Silva. Essa mudança trouxe benefícios para a corretora de imóveis, Julia Santana, 37, também de São Caetano. Ela passou a fazer suas corridas matinais em parques. “Além de ajudar no bolso, já que pagamos mensalidades em academias, correr em parques me aproximou da natureza”, diz, acrescentando que correr ao ar livre não só faz bem para o corpo. “É um exercício para a alma também”. A servidora pública Mariana Souza da Costa, 34, também mudou os hábitos e, mesmo tendo vale refeição e podendo usufruir do restaurante do local de trabalho todos os dias, leva comida de casa. Mariana decidiu trocar o prato feito por marmita no começo deste ano. “É muito mais prático e barato. Não preciso ficar em filas e posso comer na minha sala, adiantando trabalho que, em outro caso, teria que fazer após

Brechó é utilizado na troca ou compra de roupas usadas Arquivo Pessoal

Estudante compra e troca livros em sebos ao invés de adquirir novos

meu horário de almoço.” Para quem gosta de ler, trocar livrarias tradionais por sebos também é uma opção. A estudante universitária Debora Monteiro, 19, prefere os livros usados aos novos. “O principal motivo é o preço, é bem mais barato. Também costumo trocar livros que não gostei por algum outro. Geralmente, faço essa troca a cada seis meses, que é quando eles se acumulam”, diz. 


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ECONOMIA

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 Diminua as idas aos restaurantes.  Adie a troca do automóvel ou de aparelhos eletroeletrônicos

em casa.  Reprograme a realização de viagens.

Dicas para economizar

 Preserve o essencial como alimentação, saúde e educação.  Escolha sabiamente onde gastar.  Corte o supérfluo.

Thaís Rodrigues

 Procure comprar livros em sebos.

NÃO É FÁCIL economizar. “A dificuldade está em estabelecer as prioridades e definir quais despesas serão cortadas ou diminuídas”, diz o professor economista Sandro Renato Maskio, do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo. Além disso, o especialista enfatiza que “reprogramar o orçamento consiste no exercício de conseguir encaixar as despesas dentro da receita familiar”. Durante a recessão econômica, é ne-

 Conserte objetos danificados ao invés de comprar novos.  Compre roupas em brechós.  Registre todas as suas despesas e mantenha um controle.

cessário analisar o que realmente é importante e viável manter na rotina, tentando controlar os gastos da melhor maneira possível. Para dar uma ajuda a todas as famílias que estão tentando manter-se economicamente saudáveis durante a crise, Maskio dá algumas dicas.  Fotos: Vittória Cataldo/RRJ

 Não pague suas contas depois do vencimento.  Converse com a sua família sobre o assunto.  Evite criar mais dívidas.  Peça emprestado se for preciso, mas contabilize os juros.  Sempre pense bem antes de gastar.  Use cupons de descontos.  Opte por programas de lazer gratuítos.

A Uber, fundada em 2010, está presente em

70 países diferentes e conta com mais de

50 milhões de usuários ativos pelo mundo inteiro.

Vittória Cataldo

QUEM nunca solicitou uma viagem de Uber por ser a melhor opção de preço? A Uber é uma empresa de tecnologia voltada à mobilidade. Ao conectar motoristas cadastrados e usuários, o app oferece corridas mais em conta que os taxis. Por outro lado, cria oportunidades de negócios para quem quer trabalhar dirigindo um veículo. Mesmo cercada de discussões quanto ao modelo de negócio, a Uber se tornou opção de trabalho e uma maneira alternativa de se ganhar dinheiro. É o caso do adminstrador de empresas Marcos Cezar Figueira, 55,

Trabalhar como Uber e vender doces ajudam casal a enfrentar crise “

Depois de uma experiência mal sucedida como franqueada de duas lojas, fiz alguns cursos específicos e passei a fabricar em casa trufas, ovos de páscoa e palha italiana”

Helena Seleznevas Fiqueira Microempresária

morador de São Caetano. Ele começou a trabalhar como motorista da Uber há pouco mais de um ano, após ser demitido do emprego. Marcos, que trabalhou por 37 anos com carteira assinada, procurou recolocação no mercado por quase seis meses na área de suprimento, na qual atuou por mais de 20 anos. “Como não tive sucesso na recolocação,

À esquerda, Marcos dirgindo seu veículo enquanto trabalha como Uber; à direita, Helena preparando trufas caseiras

pedi minha aposentadoria e comecei a trabalhar de Uber para ter uma renda extra”, afirma. Além de mantê-lo ativo no mercado de trabalho, a renda extra tem ajudado na manutenção de despesas da casa. Aliás, alternativas para enfrentar a crise parecem ser característica da família de Marcos. Sua esposa, a a administradora de em-

presas Helena Seleznevas Figueira, 54, faz trufas para vender. Ela conta que depois de uma experiência que foi mal sucedida como franqueada de duas lojas, fez alguns cursos específicos e passou a fabricar trufas, ovos de páscoa, palha italiana, etc. em casa para ajudar com a renda. Com a divulgação nas redes sociais como Facebook e WhatsApp, a administradora de empresas divulga também as vendas com um pequeno cartaz no carro do marido. “Realmente vem ajudando a alavancar os negócios”, diz. Os trabalhos alternativos não foram a única medida tomada pelo casal para enfrentar a crise.“Reduzimos ou até cortamos algumas despesas como restaurantes, TV por assinatura e até mesmo plano de celular”, finaliza Marcos.


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ESPORTE

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Futebol freestyle vira profissão

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Modalidade que une dribles e acrobacias invade o ABC e vira atividade remunerada de muitos atletas Fotos: Arquivo pessoal

Leonardo Vallejo

NO INÍCIO deste ano, o Ginásio Poliesportivo de São Bernardo recebeu um torneio de futebol diferente do convencional, que reuniu cerca de cinco mil pessoas. Chamado de Rei dos Dribles, o evento misturou rolinhos, carretilhas e acrobacias, além de ter contado com feras do futebol, como Falcão e Nenê. Essa variação do esporte inventado pelos ingleses tem nome e inclusive se tornou profissional: o futebol freestyle. No começo do freestyle, o objetivo era dar visibilidade ao futebol arte que eternizou o Brasil como país do futebol por meio de exibições em que o jogador precisa mostrar toda sua habilidade com a bola. Jurados avaliam a performance do atleta. Depois, a prática resultou em uma variação chamada street soccer: três jogadores jogam contra outros três em uma quadra e até em um estacionamento. A meta principal é driblar o adversário antes de fazer um gol. Um dos atletas de freestyle é Luís Henrique Blanco, 23. Ele disse queantes era profissional de futebol de campo. Não deu certo. Passou pelo futsal, até que um amigo o convidou para praticar a modalidade livre.

Gabriel Granjo

UMA BOLA de futebol e muito treino. Isso é praticamente tudo que você precisa para praticar o freestyle. Pode-se treinar em quadras, parques, ou até mesmo em casa. Os praticantes dessa modalidade, também se reúnem para práticas em grupos, que são chamados de “meetings”, marcados por meio das redes sociais. O que era uma brincadeira de criança hoje tem campeonatos na agenda esportiva. Há o Mundial, o Panamericano e o campeonato europeu. Esses torneios

Embaixadinha também é para as mulheres Guilherme Caetano

Atleta profissional de freestyle, Henrique Blanco mostra seu troféu e seus prêmios após vencer a Tango League, competição nacional

“Primeiro é preciso muito treinamento”, disse Blanco, que pratica o esporte há três anos. Segundo ele, o processo de profissionalização é mais tranquilo que o do futebol tradicional. De acordo com o atleta, um jogador consegue se inscrever sozinho em um campeonato e, a partir daí, seguir carreira. “Vale mais a capacidade técnica do que outros aspectos que no futebol são primordiais”, disse Blanco, se referindo a em-

Marisa Cintra apresentando uma de suas acrobracias para crianças em um evento de futebol freestyle Diego Oliveira ensina crianças do sub-10 de time profissional do campeonato Chinês Shandong Luneng

presários e patrocinadores. O jogador, aliás, é patrocinado pela Adidas e ganha todo material esportivo necessário para praticar o estilo livre. Blanco também recebe cachês em alguns eventos que realiza representando a marca. O jovem, no entanto, é estudante de Publicidade e Propaganda e usa o freestyle como complemento de renda. Com a chegada das multinacionais como a própria Adidas e o investimento

Saiba como começar a praticar o esporte também contam com o patrocínio de marcas conhecidas mundialmente, como Adidas, RedBull e Nike. Inclusive alguns jogadores também têm investido em aulas, muitas delas para crianças e jovens que admiram os movimentos e querem fazer igual. Uma possível facilidade que ajuda a disseminar o freestyle é onde praticá-lo. Há vídeos em que jogadores conhecidos no mundo do freestyle realizam suas “manobras” até em um quarto de

hotel. Um desses atletas até adotou o nome da prática. É Diego Freestyle, 30, que possui vídeos em que aparece fazendo manobras em escadas, obras de construção, em praças de alimentação, quarto de hotel, onde seria praticamente impossível praticar outro esporte. Diego vem praticando o freestyle desde 2004. É um dos pioneiros da modalidade em solo brasileiro. O jogador disse que se inspirou em propagandas de marcas famosas, em

pesado de empresas do ramo, a modalidade tomou proporção mundial e hoje tem um campeonato que reúne os melhores atletas do mundo, sempre em um país diferente. Existem atletas que, inclusive, vivem apenas do freestyle, como contou Blanco: “Existem campeonatos amadores, profissionais e até um mundial. O freestyle está em todo lugar e as pessoas vivem disso hoje”, garante. 

que jogadores famosos, como Ronaldinho Gaúcho, apareciam fazendo truques com uma bola de futebol, e tentou reproduzir os “malabarismos”. Fez um vídeo que teve uma alta repercussão. Em razão disso, o jogador viu que a prática podia ser sua profissão. “Fiz comercial para Yahoo, UOL, Bradesco, DalPonte e até mesmo com o Ronaldo Fenômeno para a Nike. Em 2008, fui para a Irlanda me apresentar em um evento que durou dois meses. Hoje, disputo campeonatos ao redor do mundo, já visitei mais de 30 países e tudo isso graças ao freestyle.” 

JOGAR futebol já é uma tarefa para poucos. Porém, executar manobras acrobáticas com as bolas nos pés, cabeça, ombros, ou em qualquer parte do corpo é para pessoas que possuem muita habilidade. É o caso do futebol freestyle. E, assim como no futebol, as mulheres também vêm ganhando seu espaço dentro do esporte, como as brasileiras Marisa Cintra, 27, Raquel Banetti, 24 e Adriana Oliveira, 29. A ex-jogadora de futebol e hoje professora de freestyle, Marisa Cintra conta que para praticar a modalidade não se trata apenas de habilidade com a bola e sim de equilíbrio, concentração e coordenação. “É preciso treinar o movimento na mente, para depois praticá-lo.” Quando se ouve falar de mulheres praticando esportes, que muitos dizem ser “coisa de menino”, o preconceito também vem junto com essa expressão. Apesar disso, Marisa disse que, por parte dos praticantes de freestyle, a aceitação foi muito boa e os homens fazem questão de vê-las caminhando para o esporte. Mas, quando o assunto vira futebol, vêm à expressão “quero ver fazer gol” e para a profisional, a resposta é sempre a mesma, “no meu esporte não tem gol”. A professora Marisa trabalha desde 2006 com o freestyle, fazendo visitas em programas esportivos tanto no Brasil quanto no exterior. Ela conta que, diferente do futebol tradicional, a procura pelo freestyle é tanto por parte de homens quanto mulheres, pois a modalidade também se trata de uma arte. Hoje, o freestyle conta com eventos em todo o mundo. E nessa modalidade a presença das mulheres é tão relevante quanto a de qualquer outro atleta.


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Mulheres no mundo dos livros Em São Caetano, grupo se reúne no Sesc para discutir e aprender sobre literatura feminina Divulgação

Arquivo Pessoal

Nila Maria

ELAS ESTÃO em todas as estantes de livros em bibliotecas públicas ou nas casas, mas por muitas vezes passam despercebidas. As mulheres sempre escreveram e leram muito. Antigamente, antes de existirem a televisão e as novelas, era a leitura o passatempo preferido delas, apesar de proibido. Famílias mais conservadoras não permitiam que suas filhas e esposas tivessem acesso aos livros, porque a imaginação alçava voos maiores do que a moral da época permitia. Foi pensando em tirar das sombras as leitoras e os nomes das grandes escritoras que a advogada Penélope Martins, de Santo André, criou o projeto Mulheres Que Leem Mulheres. “Eu perguntava para as pessoas o que elas estavam lendo, o que elas tinham lido no colégio. As respostas de referências literárias eram sempre de nomes de autores homens. Isso começou a virar um questionamento para mim”, conta. Assim, sem pretensão de ter um grande público, Penélope criou uma página no Facebook com o propósito de incentivar mulheres a lerem obras escritas por outras mulheres. Segundo ela, “o objetivo da página é eu, como autora, ler outra autora. Emprestar minha voz

Evento do Sesc conta com encenações sobre a vida de grandes autoras. Na foto, a personagem Virginia Woolf

para um escrito de outra. Porque é um duplo exercício de você mostrar a autoria e de uma mulher estender a mão para outra mulher. Chamar pela voz um outro nome de mulher”. E a página foi apenas o início de algo grande. Hoje, Mulheres Que Leem Mulheres tornou-se um evento organizado pelo Sesc São Caetano. A programação teve início em julho deste ano e se estende até o final de setembro, com oficinas, mesas de debate, apresentações e peças teatrais realizadas diariamente. A poetisa Carina Castro um dia também percebeu que entre os conteúdos que lia havia muito mais nomes masculinos do que femininos. “Comecei a ampliar meu olhar para as mulheres e nisso conheci autoras contemporâneas”, conta. E entre estas, cita

Carina publicou “Caravana”, em 2012, pela editora Patuá

Acredito que o fato de eu estar produzindo e colocando minha voz no mundo, enquanto mulher e negra, já é um ato de resistência Carina Castro Poetisa

Ana Paula Tavares, Paulina Chiziane, Nina Rizzi, Miriam Alves, Daisy Serena e Carolina Maria de Jesus, mulheres que servem de inspiração para que sua própria história na literatura seja escrita. Moradora de São Bernardo, Carina, 29, já tem um livro de poesias publicado pela editora Patuá e compõe, assim, o grupo ainda pequeno de mulheres que escrevem no ABC. Ela acredita que o crescimento da literatura feminina na região

Pedro Zuccolotto/RRJ

depende mais da divulgação e do incentivo por parte do poder público, levando-a para as salas de aula, e crê que as autoras têm feito a parte delas. “Na militância, nós já temos feito bastante coisa, organizando saraus, dando oficinas e publicando de forma independente”. Carina encontrou na literatura um lugar de resistência na qual pode fazer sua voz ser ouvida. “Acredito que o fato de eu estar produzindo e colocando minha voz no mundo, enquanto mulher e negra, já é um ato de resistência. É preciso luta, pois esses espaços não são cedidos de mão beijada, é fazer conhecida a minha narrativa, que também representa a narrativa de outras mulheres como eu”. Ela afirma ainda que este processo de inserção na literatura também é político e histórico.

O feminismo na literatura Pedro Zuccolotto

A participação da mulher no campo literário se deu no início da Grécia Antiga

A autora reconhece que atualmente, infelizmente, perdura um processo de apagamento das mulheres negras na arte da escrita, bem como em tantos outros lugares. Porém, ela crê que com a luta e a resistência esse cenário vem sendo rompido. “É só pensarmos em quantas escritoras negras nós conhecemos. Estamos em 2017. Se você conhece poucas não significa que elas não existam, mas que você precisa ampliar sua visão de mundo e mudar seu padrão de leitura”. Mesmo entre as dificuldades, as resistências do mundo e do mercado, Carina insiste em que “as mulheres têm o direito a frequentar os espaços onde queiram transitar como produtoras de cultura, como qualquer pessoa, exercer o direito a nossa existência e expressão”. Com a mesma intenção e na mesma direção de Penélope e Carina está Ana Aparecida, de Ribeirão Pires. Formada em Estudos Linguísticos na Fundação Santo André, ela tem um projeto de pesquisa sobre a literatura feminina na região. “Nele discuto todos os processos históricos dessa literatura feminina e faço um levantamento sobre a história da literatura feminina no ABC e também sobre a história do ABC”, que para ela estão vinculadas. “Tudo emerge das relações sociais, da cultura”, diz. 

LITERATURA, segundo o dicionário Aurélio, é a arte de compor ou escrever trabalhos artísticos em prosa ou verso. Desde sua origem, a alfabetização, ferramenta essencial para escrever, foi restrita a determinados grupos e, principalmente, para os homens. A participação das mulheres nesse cenário se confunde com a própria his-

tória das conquistas femininas na sociedade. Sílvio Pereira é doutor na área de Linguagem e Educação pela USP e é, atualmente, professor e coordenador do curso de Letras na Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). De acordo com diversos estudos e discussões desenvolvidos pelos teóricos ao longo do século XX sobre a participação das mulheres na história da literatura, a área sempre


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Pedro Zuccolotto/RRJ

Mateus Murozaki

APESAR de alguns dos livros mais vendidos dos últimos anos terem sido escritos por autoras, o mercado ainda se mostra muito hostil para as mulheres. Ser uma escritora no meio literário significa não apenas ter que passar pelas dificuldades previsíveis de todos aqueles que dedicam a vida à escrita, mas também questões como o machismo, o rótulo e o assédio de cada dia. Dalila Teles Veras é escritora e fundou, há 25 anos, a livraria e editora Alpharrabio, em Santo André. Criada com o objetivo de ser um espaço, como descrito pela própria Dalila, de vocação cultural, hoje, é uma das editoras que mais difundem a literatura independente no ABC. Já são mais de 200 livros publicados ao longo de sua existência, sendo 18 escritos pela autora-proprietária. “O Brasil é um país misógino, e não gosta de mulheres, só gosta delas como objetos. As mulheres que têm uma produção intelectual tão boa quanto a masculina sofrem uma série de restrição e preconceitos”. Aliás, sobre o preconceito enfrentado pelas escritoras que tentam entrar no mercado literário, Dalila é enfática: “as mulheres até hoje lutam para que a sua literatura tenha visibilidade”. Apesar disso, Dalila também compreende que o problema do mercado hoje não é exclusivo ao sexo feminino, e sim a qualquer escritor independente. Para ela, mercado e literatura são coisas diferentes. “Nem

foi mais incentivada na parcela masculina da sociedade. “Quando você vai assistir algo como A Bela e a Fera, a grande discussão do motivo de a Bela ser diferente é porque ela lê. Ela é alfabetizada, sabe ler, e o problema dela é a leitura que permite com que tenha sonhos e fantasias que as mulheres não deveriam ter”, afirmou. A inserção da mulher no campo literário se deu no início da Grécia Antiga, onde uma aristocrata chamada Safos começou a escrever poesias sobre suas dores, angústias e prazeres. “É o primeiro momento em que demarcam o

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Dalila Teles Veras é proprietária da Alpharrabio, editora que mais difunde a literatura independente no ABC

Mercado editorial ainda prioriza homens sempre quem vai para as editoras é quem se preocupa mais com a literatura”, afirma, questionando o foco exclusivo nas vendas e lucros, e não necessariamente com a arte. O nicho de pequenas editoras é algo que vem sendo fundamental na difusão de autores e autoras independentes que buscam publicar seus trabalhos. “Se

território feminino. Depois, nós vamos tendo ao longo dessa nossa era poucas escritoras”, afirma Pereira. Segundo o professor, algumas mulheres conseguiram se destacar como escritoras porque escaparam do domínio masculino ou tinham outras formas de apoio para escrever, como a igreja ou aristocracia. O professor doutor ressalta ainda a importância do papel do desenvolvimento e participação da mulher ao longo da história da escrita. Nomes de peso, como os das inglesas Virgínia Woolf e Jane Austen, começaram a servir de modelo para a sociedade.

Mulheres que têm uma produção intelectual tão boa quanto a masculina sofrem uma série de restrições e preconceitos” Dalila Teles Veras Autora

você for pesquisar a fundo, a maioria das publicações femininas que existe hoje, porque houve um avanço no número de publicações femininas, é publicada por editoras independentes. Literatura feminina ainda é marginalizada”, diz a es-

Mulheres no Prêmio Pulitzer de Literatura

No ano de 2017, houve apenas duas mulheres entre os seis ganhadores do Prêmio Pulitzer de li-

“O mais importante é a gente ter grandes escritoras mulheres que vão ins-

teratura: as americanas Heather Ann Thompson, na categoria História, e Lynn Nottage, na categoria Drama.

pirar outras a produzir”, acredita Pereira. Também de acordo com

critora Ana Aparecida, de Ribeirão Pires. É interessante notar que as mulheres dominam o público leitor do Brasil. Em uma pesquisa feita pelo Instituto Pró-Livro, em 2015, foi revelado que, dentre todas as mulheres do país, cerca de 59% são leitoras, comparado a 51% de homens. Outro dado do estudo é que as mulheres também são as principais influências de outras pessoas que são introduzidas à leitura, com 11% dos entrevistados apontando mães ou representantes do sexo feminino como motivo por terem começado a ler. 

o professor, é importante observar o modo pelo qual a literatura é vista pela sociedade atual. “Ela parece ser encarada como um perfume que só alguns podem ter ou gostar. Às vezes, as pessoas acham que a literatura é interessante, mas para o outro, não faz parte do mundo dela”. Desse ponto de vista, a ausência de formação cultural advinda do sistema educacional, no caso do Brasil, pode ser um problema. Em 2016, a pesquisa Retratos da Leitura, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que 44% da população brasileira não lê. 


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