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Produzido pelos alunos do Curso de Jornalismo ANO 38 - Nº 1076
De 18 a 31 de Outubro de 2018
Grupo luta por Chácara Colúmbia há 30 anos
Considerada patrimônio histórico e ambiental, área localizada na av. Senador Vergueiro foi comprada por construtora. Pág. 3 Beatriz Cordeiro/RRJ
» CIDADE DA CRIANÇA - Parque temático completa 50 anos e faz parte da memória afetiva dos moradores. Pág. 10 Divulgação
Andressa Navaro/RRJ
» ESPECIAL - Nos anos 90, pagode estourou nas paradas de sucesso. Região foi importante para o movimento. Págs. 6 e 7
» EDUCAÇÃO - Em busca de novas oportunidades, adultos falam sobre os desafios de voltar a estudar. Pág. 4
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CIDADE
RUDGE RAMOS Jornal da Cidade
De 18 a 31 de Outubro de 2018
Sem gasolina, posto do Rudge vira estacionamento
loja de conveniência mesmo com poucos produtos nas prateleiras. Além disso, os funcionários mantêm como prioridade a limpeza do local e a segurança para que o ambiente não fique totalmente abandonado. “O posto não foi lacrado e ainda existe combustível no local, que é fechado com cadeado e borra-
cha”, explica Carvalho. O gerente da loja de móveis planejados, que também está no local há quatro anos, quando questionado sobre os problemas acarretados por essa falência, ressaltou que a situação que o país se encontra afeta diretamente na vida de todos. “No momento, não surge efeito, mas a lon-
Meio ambiente A situação não é prejudicial apenas para os funcionários que sofrem com a instabilidade ou para os consumidores que não conseguem abastecer no local. O meio ambiente também sai prejudicado, como explica a engenheira ambiental, Mariana Coelho. “Os tanques do posto de gasolina precisam de um controle periódico para evitar que haja algum tipo de vazamento. Com o passar do tempo, o tanque vai criando fissuras, rachaduras e tudo isso vai para o solo”. Há a possibilidade de ocorrer o vazamento do combustível e, dessa forma, o contato dessa substância com o solo faz com que a evaporação do conteúdo possa acarretar em uma explosão. Essa situação não é exclusiva de postos inativos. Segundo a engenheira, existem equipamentos que detectam se está havendo ou não o vazamento. “Por se tratar de compostos orgânicos aromáticos, eles trazem vários riscos como câncer, problemas pulmonares, isso além da explosão que traz riscos para a saúde humana”, explica. Segundo os responsáveis do local, a previsão para o posto voltar à ativa é para o final desse ano ou início de 2019.
com crianças, adolescentes e jovens em parceria com escolas públicas. O resultado dos finalistas será divulgo ainda esse mês e os vencedores nacionais, em novembro. A instituição participa do concurso desde 2007 e já ganhou sete vezes consecutivas, incluindo a classificação desse ano. A premiação ocorre a cada dois anos. Nesse ano, são duas
categorias, sendo a primeira “Organizações da Sociedade Civil (OSC) em ação”, na qual entidades de todo país inscrevem os seus projetos, e a segunda, intitulada “Parcerias em ação”. Em 2018, foram inscritos mais de 3,5 mil projetos de todo país e apenas 60 foram selecionados da primeira categoria e 40 da segunda. De acordo com Valquíria Mora-
es, uma das fundadoras e presidente da Pequeno cidadão, participar do prêmio é muito importante pela valorização do trabalho de todos os envolvidos com a entidade. “Os projetos passam por vários avaliadores ligados às áreas da educação, serviço social e políticas públicas, o que valida a execução do trabalho que estamos realizando”, afirma.
Funcionários tocam informalmente o negócio, localizado na esquina da Afonsina Ariel Correia/RRJ
Luchelle Furtado
“ESTÁ faltando gasolina no país de novo?”. Essa foi a pergunta feita por uma motorista ao entrar no posto de combustível localizado entre a avenida Dr. Rudge Ramos e a rua Afonsina, no Rudge, enquanto a reportagem estava sendo feita. Funcionando há sete anos em um dos mais importantes pontos comerciais do bairro, a resposta para a pergunta da consumidora tem sido negativa nos últimos meses: não por falta de gasolina no Brasil – como na época da greve dos caminhoneiros –, mas porque o posto faliu. Segundo o frentista Miguel Afonso Carvalho, que trabalhava no posto há um ano, a situação que já não estava fácil, piorou depois da greve dos caminhoneiros, uma vez que não chegava combustível no local e, dessa forma, não era possível ter lucro. O estabelecimento contava com 18 funcionários e após o dono declarar falência, apenas três permane-
Posto tinha 18 funcionários e, após o proprietário declarar falência, apenas três permaneceram
cem. E são eles que tomam conta do negócio, atualmente. “Nós [funcionários] estamos trabalhando por conta e fazendo o próprio pagamento. Temos que pagar conta de luz e água para nos mantermos e trabalharmos”. Hoje, o posto funciona como um lava-rápido, estacionamento e mantém a
Pequeno Cidadão é finalista do Prêmio Itaú Unicef Helena Tortorelli
A ORGANIZAÇÃO da Sociedade Civil (OSC) Pequeno Cidadão, localizada na Vila Vivaldi, em São Ber-
Rudge Ramos JORNAL DA CIDADE editorial@metodista.br Rua do Sacramento, 230 Ed. Delta - Sala 141 Tel.: 4366-5871 - Rudge Ramos São Bernardo - CEP: 09640-000
Produzido pelos alunos do curso de Jornalismo da Escola de Comunicação, Educação e Humanidades da Universidade Metodista de São Paulo
nardo, é uma das semifinalistas deste ano do Prêmio Itaú Unicef. A premiação tem o propósito de valorizar e dar visibilidade para as instituições que desenvolvam ações de educação integral
go prazo sim. Tudo isso se agravou e as consequências vêm só agora”.
DIRETOR Kleber Nogueira Carrilho COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO Eduardo Grossi EDITORA-EXECUTIVA Eloiza Oliveira (MTb 32.144) EDITORA DO RRJ Camila Escudero (MTb 39.564) EDITOR DE ARTE José Reis Filho (MTb 12.357) ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA Maristela Caretta (MTb 64.183) EQUIPE DE REDAÇÃO - Andressa Navarro, Ariel Correia, Camila Falcão, Camilla Thethê, Flávia Fernandes, Gabriel Batistella, Giovanna Vidoto, Giulia Marini, Giulia Requejo, Gustavo Garcez, Helena Tortorelli, Letícia Rodrigues, Luchelle Furtado, Luis Henrique Leite, Marcelo Hirata, Mayara Clemente, Natália Rossi, Tamara Sanches, Victor Augusto e alunos do curso de Jornalismo.
CONSELHO SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO Valdecir Barreros (presidente), Aires Ademir Leal Clavel (vice-presidente). Conselheiros titulares: Almir de Oliveira Júnior, Andrea Rodrigues da Motta Sampaio, Cassiano Kuchenbecker Rosing, Marcos Gomes Tôrres, Oscar Francisco Alves Jr., Recildo Narcizo de Oliveira, Renato Wanderley de Souza Lima. Suplentes: Eva Regina Pereira Ramão e Roberto Nogueira Gurgel. Esther Lopes (secretária) e bispa Marisa de Freitas Ferreira (assistente do Conselho Geral das Instituições Metodistas de Educação). DIRETOR GERAL - Robson Ramos de Aguiar DIRETOR DE FINANÇAS, CONTROLADORIA E GESTÃO DE PESSOAS - Ricardo Rocha Faria DIRETOR DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO, COMUNICAÇÃO E MARKETING - Ronilson Carassini
DIRETOR NACIONAL DE ENSINO SUPERIOR - Fabio Botelho Josgrilberg DIRETORA NACIONAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA - Débora Castanha de Barros
GERENTE JURÍDICO - Rubens Gonçalves
REITOR: Paulo Borges Campos Jr.; Coordenadora de Graduação e Extensão: Alessandra Maria Sabatine Zambone; Coordenadora de Pós-Graduação e Pesquisa: Adriana Barroso Azevedo; Coordenador de EAD: Marcio Oliverio. DIRETORES - Nilton Zanco (Escola de Ciências Médicas e da Saúde), Kleber Nogueira Carrilho (Escola de Comunicação, Educação e Humanidades), Carlos Eduardo Santi (Escola de Engenharias, Tecnologia e Informação), Fulvio Cristofoli (Escola de Gestão e Direito) e Paulo Roberto Garcia (Escola de Teologia).
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Grupo defende preservação da Chácara Colúmbia Área é rica em patrimônio histórico e ambiental, mas foi vendida à construtora em 2013 Marília Cerioni
ABANDONADO. É assim que se encontra o terreno da Chácara Colúmbia, em São Bernardo. A área, localizada na avenida Senador Vergueiro, no bairro do Rugde, foi tombada provisoriamente em 2002 pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural (COMPAHC – SBC) e aguarda decisão oficial. O espaço, rico em patrimônio ambiental e histórico, foi comprado em 2013 pela construtora MZM. O lugar pertencia a uma empresa de persianas, Persianas Colúmbia, e funcionava como um clube para os funcionários. Desde o encerramento das atividades, a área sofre prejuízos devido
à falta de cuidado. Em 2013, o COMPAHC – SBC formalizou o tombamento permanente, mas, no ano passado, uma ação aumentou ainda mais o imbróglio pela posse do local: o proprietário do terreno entrou com um pedido de cancelamento do tombamento. Diante do cenário, um grupo de moradores do bairro luta pela desapropriação do local e sugere a construção de uma área de lazer para os moradores. O movimento SOS Chácara Colúmbia defende a preservação da história local, da fauna e flora e determinação da Chácara como um lugar público. O movimento já ganhou notoriedade por promover abaixo-assinados e passeatas em prol do espaço. Projetada por Terezinha
CIDADE Fotos: Marília Cerioni/ RRJ
Acima, Chácara sofre os prejuízos devido à falta de cuidado. Abaixo, Terezinha lembra do início da luta: “Já tínhamos uma mobilização por causa das enchentes e então nós começamos a articular essa questão da Chácara”.
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Gomes, a atuação do grupo já tem mais de 30 anos. Em 1983, ela, que mora no bairro há 53 anos, encaminhou uma carta ao prefeito da época, Aron Galante, para que a área fosse transformada em um Centro Recreativo e Cultural (CREC), mas não obteve resposta. “A gente tinha a chácara como um espaço nosso. Nós levávamos as crianças. Tinha piscina, jogo de bocha. Depois que a Persiana Colúmbia vendeu, eles fecharam tudo e aí começou a depredação. Já tínhamos uma mobilização aqui no bairro por causa das enchentes e então nós começamos a articular essa questão da Chácara”, lembra. Anos depois, com a Chácara ameaçada devido à especulação imobiliária, os moradores registraram um abaixo-assinado no Ministério Público e um estudo arqueológico foi realizado no local. Encaminhado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN-SP), o estudo comprovou a presença de vestígios arqueológicos indígenas na área. Isso levou à paralisação do projeto da construtora. Para a professora Meire Lima, que sempre morou próxima à Chácara e é membro do SOS Chácara Colúmbia, mais que um resgate histórico, a área abriga um valor afetivo. “Eu brinquei naquele lugar, tem toda uma questão afetiva não só para mim, mas para todos que participam do movimento. Faz parte da história do bairro”. Ela ressalta ainda a importância da transformação do local em uma área para a população. “Seria um espaço público garantido para toda a comunidade. É um local histórico que está parado há mais de 30 anos e tem toda uma vida. É uma das últimas áreas remanescentes do Rudge, então a gente precisa batalhar por isso”. Em agosto desse ano, o grupo protocolou uma carta no Ministério Público e encaminhou ao prefeito, mas até agora não obteve nenhum posicionamento. Terezinha lamenta a situação do lugar. “Pelo o que estamos vendo, está acontecendo uma destruição geral, derrubaram várias árvores. Eu fui conversar com o diretor da escola ao lado e ele disse que pediu para retirar o bambuzal, pois estava com muitos mosquitos e podia transmitir doença aos alunos”.
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EDUCAÇÃO
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RUDGE RAMOS Jornal da Cidade Fotos: Andressa Navarro/RRJ
Alunos do EJA da Escola Estadual Cynira Pires dos Santos, no Rudge, veem o estudo como chance de melhorar a qualidade de vida
Alfabetização de adultos: a luta de quem volta a estudar Sentimento de estar no caminho certo motiva quem busca novas oportunidades Andressa Navarro
RELATÓRIO da Organização de Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelou que, no Brasil, mais da metade das pessoas de 25 a 64 anos não concluíram o Ensino Médio. O país registrou uma das maiores taxas de falta de formação básica entre os membros da organização. Os motivos para largar a escola são diversos, mas a dificuldade financeira é um dos principais. Para voltar a estudar, persistência e força de vontade são palavras-chave. E o Ensino para Jovens e Adultos (EJA) é uma opção. No Rudge, uma das escolas que oferece o EJA é a Escola Estadual Cynira Pires dos Santos. Fornecido normalmente no período noturno, a modalidade resume os anos de ensino regular. Logo, se uma pessoa ingressa no EJA do Ensino Médio, por exemplo, e passa em todas as avaliações, em um ano e meio terá o certificado de conclusão. José Antônio de Jesus, 56, é um dos alunos que cursa o EJA no Cynira. Vindo da roça, só havia feito
um ano de escola, quando decidiu parar de estudar e começar a trabalhar para ajudar os pais com as despesas da casa. Veio para São Paulo, tentar uma vida melhor e, quando era jovem, não sabia nem escrever o próprio nome. Atuante na Construção Civil, a vontade de ser reconhecido na própria área fez Jesus voltar a estudar. E, hoje, descobriu um prazer enorme em sua vida, o de aprender. “No começo, eu tinha medo de voltar com os estudos, mas agora, minha vontade é estudar, estudar e nunca mais parar”, conta. O sonho do morador de Taboão da Serra é conseguir terminar os estudos e ingressar em uma faculdade. Não me preocupo com notas, não me preocupo com nada, eu quero é estudar. Estar no dia a dia dentro da escola e fazer minha faculdade. Esse é meu objetivo”. Outro aluno do EJA do Cynira, e que também precisou suspender os estudos para trabalhar e ajudar nas despesas familiares, é Tiago Miranda, 25. Ele conta que parou no primeiro ano do Ensino Médio, quando a
Marina Ortega é professora de História e Geografia do EJA do Cynira
rotina simultânea de estudos e trabalho ficou muito pesada. Cansado e sentindo que não se dedicava a nenhum dos dois de forma efetiva, Miranda decidiu parar. No mercado de trabalho, viu que ter concluído os estudos faria toda diferença e lamenta ter perdido algumas oportunidades. “A importância do EJA para mim é a importância que o estudo tem na vida de todo mundo. A gente vive pelos nossos ideais, e não é que o estudo te faça melhor do que as outras pessoas. Eu acho que ele prepara para
poder chegar lá, onde quer que seja”. Apesar da força de vontade, Miranda explica que voltar à escola não é fácil, e que já teve vontade de desistir diversas vezes, até mesmo antes de fazer a matrícula. Mas, o sonho de melhorar a qualidade de vida o inspira a continuar. “Estudar é uma coisa que te pede foco, que você tem que se doar todos os dias. O que eu tenho em mente é que no final, quando estiver lá na frente, com tudo terminado, eu vou poder agradecer ter concluído o estudo”.
Assim como Miranda, Andréia Dias, 46, também cursa o EJA no Cynira, e sente vontade de desistir muitas vezes, por causa da distância e do cansaço. Moradora de São Paulo, ela conta que parou de estudar aos 16 anos, quando engravidou e se casou. Andréia já havia feito o supletivo particular, mas descobriu que seu certificado não havia sido reconhecido pelo MEC. Apesar de para Andréia, a formação não ter atingido diretamente a vida profissional, o ingresso no EJA veio como uma oportunidade que ela decidiu agarrar. “É um incentivo para você mesmo, no sentido de se autoconhecer. Tem dia que eu falo: ‘eu não vou’, porque tem dia que eu tenho vontade de desistir. Mas, então, eu falo: ‘falta tão pouco, e eu fiz tanto para conseguir tudo isso’, e acabo vindo novamente”. Metodologia Marina Ortega, professora de História e Geografia do EJA do Cynira, explica que as metodologias aplicadas nessa modalidade são um pouco diferentes do ensino regular. Ela ressalta a importância da contextualização como parte do processo de ensino daquele adulto. “Os conteúdos ensinados em aula devem ser significativos para aquele aluno. Apesar de seguirmos o currículo do Estado de São Paulo, toda a dinâmica metodológica e estratégias a serem utilizadas são construídas a cada aula”. Marina explica também que a dificuldade desses alunos é maior, e que, por isso uma relação de confiança entre a aluno e professor deve ser construída com transparência e respeito. “É importante o professor observar e seguir o ritmo da turma, para ocorrer o processo de aprendizagem e ensino”. A professora ressalta também que muitos alunos desistem por causa das dificuldades de conciliar o trabalho e os estudos, mas que a escola batalha para evitar que essas evasões ocorram. SERVIÇO Escola Estadual Cynira Pires dos Santos Rua Ângela Tomé, 134, Rudge. Tel.: 4368-3301 As matrículas para o EJA ocorrem sempre no início de cada semestre (nos meses de fevereiro e julho).
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SAÚDE
De 18 a 31 de Outubro de 2018 Fotos: Beatriz Lemos/RRJ
VIGOREXIA: Beatriz Lemos PESQUISA realizada pelo Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos mostrou que 70 milhões de pessoas ao redor do mundo sofrem de algum tipo de transtorno alimentar. A longo prazo, o índice de mortes provocado por esses transtornos é alto: entre 18% e 20%. Nas últimas décadas, intensificou-se a preocupação excessiva com a aparência e patologias como anorexia, bulimia e transtornos alimentares e de imagem. Mas, agora, em tempos de ditadura de imagem, a insatisfação com o que se vê diante do espelho e a compulsão por reparos corporais estão assumindo proporções preocupantes. A vigorexia ou Transtorno Dismórfico Muscular é considerada uma doença do mundo moderno. Assim como na anorexia, as pessoas com esse distúrbio se enxergam de maneira diferente da realidade quando se olham no espelho. Enquanto os anoréxicos se acham obesos, as pessoas com vigorexia se veem fracas, mesmo quando são fortes e possuem músculos definidos. Pacientes com esse problema sentem-se insatisfeitas com o próprio cor-
A busca da perfeição física pelo excesso de exercícios
Quem sofre de vigorexia pode passar diversas horas na academia praticando exercícios, sem limites
Tratamento compreende pscicoterapia e medicamentos po e buscam nos exercícios a solução para o problema. O vigoréxico apresenta um comportamento compulsivo e inicia uma série de atividades físicas que vão muito além da capacidade corporal. Foi o caso da estudante G.C, 17, que passava cerca de oito horas na academia em busca do corpo perfeito. “A academia começou a me fazer muito mal, consumindo a mim e ao meu tempo. Eu comecei a ficar fanática. Ainda mais porque eu não tinha apenas a vigorexia, eu tinha o conjunto da vigorexia com a bulimia. Isso fazia o meu corpo adoecer constantemente”. Assim como a anorexia e bulimia, a vigorexia pode se apresentar como reflexo de relações traumáticas na infância. “O bullying que eu sofria, quando eu era mais nova, durou até eu emagrecer, por volta dos 15 anos. Eu era chamada de diversos
ficar perto de mim. Eu não queria mais isso”. G.C conta ainda que a obsessão pela construção do corpo ideal interfere em diversos aspectos. “Eu já me privei muito por causa da vigorexia. Às vezes, eu não
apelidos. E isso machucava, as pessoas simplesmente me zoavam e me excluíam por causa do meu peso. Eu lembro que ninguém queria
saio, porque tenho vergonha. Eu sinto insegurança do meu corpo, então toda hora eu estou de jaqueta, cobrindo minha barriga. Quando eu eu decido ir a festas, um dia antes, eu uso laxantes. E no dia, eu não como nada, porque eu não posso ficar inchada. Eu ainda tenho essa pressão estética sobre mim”. O professor de Educação Física Renan Monteiro já atendeu uma aluna com vigorexia. “Ela era muito nova.
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A gente percebeu pela conversa. E principalmente por ser adolescente que tem um aspecto muito cuidadoso com o corpo. Às vezes, alguém na escola fala alguma coisa. Então tinha aquela neura em ficar magra, mas a gente conversou e ela começou a se alimentar um pouco melhor”. São duas situações que fazem com que o professor possa identificar um aluno com vigorexia. “A gente identifica um aluno com esses sintomas primeiro pelo visual, quando a pessoa é magra demais e conversando, você acaba tendo a certeza”. Além do excesso de exercícios, os vigoréxicos adotam uma alimentação restrita, tendo como base a proteína e sem o consumo de gorduras. Também é comum a adição de suplementos e outras substâncias para aumentar o rendimento físico. E, em outros casos, há o uso de anabolizantes que, apesar de serem substâncias proibidas, são facilmente encontrados. São diversos os motivos pelos quais um indivíduo desenvolve a vigorexia. No entanto, além de ter causas psicológicas, também acredita-se que o transtorno poderia ser um distúrbio genético, ou ainda ser causado por um desequilíbrio químico no cérebro, como explica a psiquiatra Jéssica Barbosa, de São Bernardo. “As pessoas que sofrem de vigorexia apresentam autoestima baixa, timidez e dificuldade em socialização e buscam a perfeição da imagem corporal como uma forma de compensação. Pacientes que sofreram maus tratos ou humilhações em alguma fase da vida também possuem maior predisposição ao desenvolvimento do transtorno”. Não existem critérios descritos para o diagnóstico de vigorexia nos manuais psiquiátricos atuais, o que não a classifica como um transtorno isolado. Segundo o psicólogo Valdir Cezar Guerreiro Santos, de São Bernardo, pessoas próximas ao indivíduo que sofrem da doença devem orientar a necessidade do tratamento feito com especialistas. “É preciso conscientizar a pessoa que ela necessita do tratamento devido ao seu sofrimento. Especialmente pela implementação de uma dieta balanceada, diminuição da angústia, ansiedade e redução dos pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos através da psicoterapia e terapia medicamentosa”.
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ESPECIAL
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A febre do
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PAGODE
dos anos 90 no ABC
Sophia Lisbôa
COMO RELEMBRAR o cenário musical da década de 1990 e não pensar em algum pagode? Caracterizado pelo romantismo e visuais diferentes, os grupos marcaram época ganhando destaque nos programas de televisão e rádio, capas de revistas, jornais etc. Foi uma febre que alcançou todo país, principalmente a região, já que alguns dos principais integrantes e bandas são do ABC. O gênero trouxe valorização nacional para música brasileira. Até os anos 80, a maioria dos sucessos tinha origem norte-americana, por meio do gênero musical New Wave. Nessa mesma época, surge o Fundo de Quintal, no Rio de Janeiro, considerado referência pela maioria dos pagodeiros. Foi o ponto de partida para formação de novos grupos de pagode que marcaram a geração seguinte. “Desde que eu me conheço por gente eu escuto samba. Sou um exímio fã, admirador e tenho o privilégio de poder representá-lo. Fundo de Quintal ainda é a inspiração e sempre será”, diz Chrigor Lisbôa, ex-vocalista do grupo Exaltasamba. Denominados de “pagodeiros paulistas”, os músicos incorporaram os mesmos instrumentos do pagode carioca, sendo eles o tantã
Lugares como Viva Brasil, Choppapo, Casa Blanca e Chic Show eram pontos de encontro entre fãs e músicos
Chrigor Lisbôa, ex-vocalista do Exaltasamba, mora em Santo André
algumas até que não existem mais. Tudo serviu para divulgar o trabalho da gente, deu visibilidade e atraiu gravadoras”, recorda o músico. Atualmente, Chrigor e Breno ainda moram em Santo André. O primeiro segue carreira solo; o segundo cumpre agenda com o grupo. Os dois nasceram na cidade e não têm intenção de morar em outro lugar. “Nasci, fui criado e aprendi muito aqui!. Eu quero criar meus filhos e meus netos da mesma forma”, declara o ex-vocalista do Exaltasamba.
(tambor de formato cilíndrico tocado na horizontal), o repique de mão (elemento que faz parte da percussão), o banjo e o cavaquinho. “Não dá para explicar como aconteceu. O pagode chegou e estourou, causou um impacto e todo mundo queria saber mais a respeito”, relembra a radialista Adriana Andreosi que trabalhava durante a época no Programa Livre, do SBT. “As gravadoras ficavam desesperadas atrás de novas bandas, tanto que a fita do Karametade saiu de lá e foi entregue
Téo, Udi, Mario, Breno, Juninho e Nino formam o Katinguelê atual
para a Sony”, acrescenta. Frequentemente aconteciam eventos voltados exclusivamente para pagodeiros, e público não era problema. Quadras de escola de samba e grandes clubes ficavam lotados. Até as crianças participavam, inclusive o grupo Molejo lançou músicas como Brincadeira de Criança e Dança da Vassoura, angariando mais essa categoria de fãs.
A região do ABC ganhou evidência por realizar festivais com prêmios e jurados. Muitos empresários visitavam esses eventos a fim de descobrir novos talentos. “O que era legal no ABC é que tinha muita gente boa e a região participou muito do movimento de festivais”, comenta Breno, integrante do Katinguelê. Lugares como Viva Brasil, Choppapo, Casa Blanca e Chic Show foram fundamentais para o encontro de músicos com os fãs durante a década de 90. “Tiveram muitas casas,
Novo século Uma das principais mudanças no mercado fonográfico foi a chegada da internet. Antes, os fãs aguardavam em frente as lojas para adquirirem discos, banners para suas coleções e até gravavam fitas quando os artistas preferidos apareciam em algum programa de televisão. Hoje, a forma de divulgação das novidades de trabalho (músicas, CD’s, videoclipes) tem mais força nas redes sociais ou em plataformas digitais (sites ou aplicativos). E é nesse novo mundo que o pagode tenta buscar seu espaço.
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ESPECIAL
Divulgação
Projeto revive o pagode dos anos 90 Marina Harriz
DEPOIS DE mais de 20 anos de sucesso, o pagode reviveu seu auge no início de 2015. O projeto “Amigos do Pagode 90” reuniu em uma turnê de dois anos de shows os músicos Chrigor Lisbôa, do Exaltasamba, Márcio Ferreira, do Art Popular, e Salgadinho, do grupo Katinguelê. Criado pelo ex-vocalista do grupo Katinguelê Paulo Salgado (o Salgadinho), “Amigos do Pagode 90” teve a intenção de relembrar os sucessos do ritmo da época. A ideia levou o trio para todas as regiões do país, passando inclusive por festivais importantes como Samba São Paulo, Samba Recife, Virada Cultural Paulista e no Show da Virada da emissora Rede Globo. Entre as músicas apresentadas, estavam: Telegrama, Me Apaixonei
pela Pessoa Errada, Lua Vai, Compasso do Criador, Pimpolho, Fricote, entre outras. A amizade entre os três existe desde de o início das carreiras. “Deixamos um legado grande e se juntarmos as três bandas são mais de 100 milhões de álbuns vendidos”, conta Salgadinho. O fundador do projeto fala ainda que seu maior incentivo para iniciar a vida nos palcos veio de dentro de casa, com tios e avós tocando instrumentos como violão e cavaquinho. Para ele, o sucesso chegou quando percebeu que não tinha possibilidade de frequentar lugares rotineiros, ou então “jogar o futebol de fim de semana”, por conta de horário e tietagem. Para Márcio, do grupo do Art Popular, a experiência durou mais que o previsto e foi um momento de trabalho e de muita união.“Para mim, foi um
Salgadinho (Katinguelê), Márcio (Art Popular) e Chrigor (Exaltasamba) formaram os “Amigos do Pagode 90”
grande prazer participar com meus parceiros, com quem eu já tinha uma afinidade muito grande. Poder realizar esse projeto foi
maravilhoso. Foram dois anos de conquistas, indo a programas de televisão”. O trio foi convidado para diversos programas de televisão como Altas Horas, Legendários, Mega Senha, Mulheres, The Noite, Domingo Espetacular, Programa Silvio Santos, Luciana By Night e Esquenta. O projeto deu a oportuni-
DE SAPATEIRO, metalúrgico, inspetor de alunos e cabeleireiro a símbolo do pagode na década dos anos 90, Péricles Aparecido Fonseca de Faria teve a influência do avô clarinetista na carreira de músico. Como integrante do Exaltasamba, estourou nas paradas de sucesso dos anos 90. Péricles conta que a paixão pela música sempre existiu, já que foi criado numa atmosfera com ritmos marcantes, como as serestas, orquestras e, principalmente, ao som da cantora Ângela Maria. Ele e seus três irmãos, quando criança, chegavam a pedir discos ao invés de brinquedos de presente nas datas comemorativas, pois era algo que todos podiam desfrutar, inclusive os pais. Morador de Santo André, ele concedeu entrevista à reportagem do RRJ. A seguir, os principais trechos. Rudge Ramos Jornal - Sabemos que você nasceu em Santo André e continua
morando na cidade até hoje. Existe algum motivo especial para isso? Péricles - Amo esse lugar, não quero sair daqui não!.Fui lá em Recife buscar o meu amor, mas meu umbigo está enterrado aqui. RRJ - Ainda falando no pagode da década de 90, qual a principal diferença deste gênero com o pagode “carioca” iniciado nos anos 80? Péricles - Não existe. Muita gente, às vezes, vai querer ver a diferença por conta do sotaque da região, mas a base é puramente a mesma. RRJ - Qual foi a primeira música de sua autoria? Ela teve alguma inspiração ou história especial? Péricles - Arrumei a primeira namorada e esse relacionamento não foi aquela maravilha. Geralmente, eles não são muito legais, mas servem como experiência e como inspiração, no meu caso. Então ,eu fiz uma música chamada
Para cantor, pagode dos anos 90 ainda não morreu
Um novo amor, gravada primeiro pelo grupo Katinguelê. RRJ - Você tem algum ritual para o processo de composição? Péricles - Muitas vezes a música vem pronta. Já perdi várias que sonhei e quando acordei já não lembrava. Geralmente, eu penso na melodia e depois encaixo uma boa letra. RRJ - Qual o ano exato em que você se juntou ao grupo Exaltasamba? Péricles - Entrei no Exalta em 1986, passei pela primeira formação, mas logo saí. Voltei em 1989 e não sai mais. RRJ - Na sua opinião, quais os bares e/ou restaurantes do ABC que mais marcaram a trajetória do grupo? Péricles - Um dos lugares que ajudou muito o
dade para a geração que não viveu nos anos 90 desfrutar das faixas de sucesso e acompanhar as novas músicas que são produzidas atualmente. Outro movimento parecido foi o denominado Gigantes do Samba, com a participação dos cantores Belo (ex-Soweto), Alexandre Pires (Só pra contrariar) e Luiz Carlos (Raça Negra). Marcela Goulart/RRJ
Péricles, do Exaltasamba, relembra trajetória Marcela Goulart
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Exaltasamba a se firmar foi o Choppapo, do Sr. Augusto, localizado no Centro de São Bernardo, ao lado do Paço Municipal, onde hoje funciona uma igreja. RRJ - Frequentemente, vemos regravações dos maiores sucessos dos anos 90 nas vozes da nova geração do pagode ou mesmo da MPB. Qual a maior e melhor “herança” que os anos 90 deixou para essas pessoas? Péricles - O principal legado é o dever de levar a música com a seriedade que ela pede. Eu vejo que a música dos anos 90 não morreu, ela ainda está viva.
Não existe um show de uma hora e meia que a gente não cante 80% das músicas dos anos 90, cada um no seu repertório. RRJ - Para finalizar, qual a sua dica para quem já está seguindo carreira na profissão de músico e para os fãs? Péricles - Para os fãs, como eu vivo isso e tenho boas respostas todos os dias, só posso dizer muito obrigado por levar a gente no coração, na memória e, praticamente, no braço e no colo. Nós acreditamos em uma coisa e as pessoas acreditaram junto com a gente. Para os músicos, por favor, não pulem etapas. Quando executarem as boas músicas procurem não exagerar, mas não economizem.
ECONOMIA
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continua crescendo entre jovens
DESEMPREGO
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De acorco com o IBGE, quase um terço dos jovens entre 18 e 24 anos estão desempregados
Marcelo Hirata O NÚMERO de desempregados no Brasil continua crescendo e, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a faixa etária de 14 a 24 anos é a mais afetada. Nesse grupo, foram 5,6 milhões de desempregados no primeiro trimestre de 2018, alta de 11,9% em relação ao mesmo período do ano passado. O morador de São Bernardo Leonardo Sampaio, 20, tem procurado uma primeira oportunidade no mercado de trabalho desde que se formou. “Em 2016, quando terminei o ensino médio cheguei a me inscrever em sites de vagas de emprego mas não funcionou. Esse ano, eu fiz meu currículo por conta própria, fui atrás do e-mail das empresas para enviar e sai na rua entregando”.
Marcelo Hirata/RRJ
Sampaio chegou a iniciar o ensino superior em Psicologia, mas precisou trancar o curso devido a problemas financeiros. Ele afirma que a perspectiva de conseguir um trabalho é baixa. “Eu estou desanimado faz tempo, mas não tem muito o que fazer. Tenho que continuar procurando”. Ele conta que, recentemen-
te, conseguiu entrevista em uma escola de inglês e aguarda uma resposta. O economista Paulo Antônio, de São Bernardo, afirma que em cenário de crise, os jovens são os primeiros a perder o emprego, devido aos custos com demissões serem mais baixos, além disso há outros fatores. “As empresas contêm gastos e
O IBGE também informa que mais de quatro milhões de pessoas desistiram de procurar emprego
não contratam mão de obra sem ou com pouca experiência, que é o caso de jovens”. A estudante de logística Tabata Alves, 23, moradora de Ribeirão Pires, está à procura de emprego. “O que eu vejo como dificuldade é quando uma empresa pede outros idiomas fluente. E eu já cheguei a ver vaga pedindo estagiário com fluência em mandarim, ou vasta experiência”. Além de estar cursando o ensino superior em logística, Tabata tem também cursos complementares, como um técnico em logística no Senai e um profissionalizante em informática. “Acredito que as empresas deveriam dar mais oportunidades para os jovens para que eles consigam experiência e que, assim, tenham oportunidades. Muitos acabam tendo como primeira experiência o telemarketing, por não ter a qualificação para outras vagas mesmo fazendo faculdade e cursos”. Sobre o fenômeno do desemprego em época de crise atingir com maior intensidade os jovens, isso não é algo exclusivo do Brasil, ocorre em todos os países. Segundo dados do IBGE, em 2017, o Brasil tinha uma taxa de 13,7% de desemprego em relação à população economicamente ativa, enquanto que para jovens na faixa de 18 a 24 anos, o índice era de 28,8%, mais que o dobro. “Em momentos de crise, em todos os países do mundo os que mais sofrem com
o desemprego são os jovens. Por exemplo, na Itália, em 2017, o desemprego total era de 19,9%, enquanto que na faixa de jovens abaixo de 35 anos, o desemprego atingia 37,8%”, afirma o economista. O estudante de publicidade Matheus Batro, 19, morador da Pauliceia, conta que o fato de ele ter sido escolhido para se juntar ao exército em 2017 atrasou os planos de entrar no mercado de trabalho. “A maioria das empresas quer a reservista então só pude começar a procurar emprego neste ano”. Batro tem um curso técnico em mecatrônica que fez em conjunto com o ensino médio, e já chegou a ajudar em trabalhos da empresa de seu primo. “Eu tenho cursos e alguma experiência, mas isso não tem sido o suficiente. Eu espero que melhore porque estou em busca do meu primeiro emprego”. Responsável pelo departamento de Recrutamento & Seleção do grupo Protemp, em Santo André, Walter Fabri, garante que enquanto a economia brasileira não der sinais de recuperação o número de vagas continuará escasso para os jovens. Fabri fala também no abismo entre as oportunidades de quem tem acesso à educação de qualidade e quem não tem. “O mercado de trabalho vai em busca de talentos, somente uma formação de qualidade será capaz de eliminar esse desequilíbrio. Jovens com boa formação acadêmica, que buscam cursos de qualificação profissionais, terão em média 30% mais chances de ingressarem no mercado de trabalho”, diz o recrutador.
Desemprego entre jovens de 18 - 24 anos 2015 1O TRIMESTRE 2O TRIMESTRE 3O TRIMESTRE 4O TRIMESTRE
2015
2016 17,6% 18,6% 19,7% 19,4%
1O TRIMESTRE 2O TRIMESTRE 3O TRIMESTRE 4O TRIMESTRE
24,1% 24,5% 25,7% 25,9%
1O TRIMESTRE 2O TRIMESTRE 3O TRIMESTRE 4O TRIMESTRE
2016 28,8% 27,3% 32,6% 32,7%
1O TRIMESTRE 2O TRIMESTRE
32,3% 32%
RUDGE RAMOS Jornal da Cidade
ECONOMIA
De 18 a 31 de Outubro de 2018
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Fotos: Rene Costa/RRJ
Aumento nas vendas anima concessionárias Financiamento e propaganda são atrativos das lojas para atrair o cliente Rene Costa
DADOS DA Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automótores (ANFAVEA) apontaram um aumento na produção de veículos. No mês de agosto, foi registrado o melhor índice de vendas dos últimos quatros anos, com uma produção aproximada de 290 mil veículos produzidos e licenciados no país. Sabendo disso, as concessionárias estão investindo em divulgações para aumentarem as vendas, tanto via web, como em panfletos e banners. Outra maneira encontrada pelos comerciantes são parcerias com os bancos, que proporcionam taxas diferenciadas de financiamento, e serviços gratuitos, como documentação, transferência e IPVA pagos para os clientes. Para o vendedor Silvio Cesar Valério, da Hyundai CAOA, localizada na avenida Pereira Barreto, em São Bernardo, hoje a compra do zero km fica mais atraente por causa das taxas e garantias que as concessionarias proporcionam. “Estamos com parcerias com as financeiras para ter uma facilida-
de maior na liberação de créditos para os financiamentos de carros novos”. A expectativa da concessionaria é que nesse final de ano, com a melhora do mercado automobilístico, as vendas possam ser a melhor dos últimos anos. “Nossa expectativa aqui na loja é de vender uns 420 carros até o final do ano’’, diz Valério. Esse cenário positivo refletiu também na concessionaria Viamar, autorizada da GM Chevrolet. “Nos últimos meses, as vendas alavancaram muito, tanto que o nosso carro Ônix é o mais vendido no Brasil”, conta o vendedor Mauricio de Oliveira. Segundo Oliveira, a vantagem de comprar um carro zero km é que as fábricas fornecem uma garantia estendida aos seus clientes, por volta de três a cinco anos. “Isso deixa os clientes mais tranquilos em relação a compra do seu carro”. Já nas agências de carros usados, as concessionárias vêm investindo em formas de pagamentos facilitados para atrair os consumidores. “Hoje, aqui na loja, oferecemos formas de pagamentos bem flexíveis aos nossos clientes, como dividir a entrada em até dez
Vendedor da Viamar, no Rudge, destaca garantia estendida como vantagem na compra
vezes no cartão de credito”, diz Guilherme Cardozo, vendedor da Expo Carros, agência localizada na ave-
nida Faria Lima, no centro de São Bernardo. “Aqui dividimos o valor do carro em até 70 vezes”. Com relação aos seminovos (carros com até três anos de uso), as vendas ainda estão baixas. Pesquisa realizada pela Federação Nacional de revendedores de Automó-
Mercado aquecido faz Anfavea projetar alta de 11% na produção de veículos até o fim do ano
veis (Fenauto) apontou uma queda de mais de 50% nas vendas de carros seminovos em agosto de 2018. Para Marcelo Guimarães, gerente da Carflex Veículos, localizada nas Estradas das Lágrimas, em São Caetano, o problema é que os bancos não estão mais liberando crédito para financiamento de carros usados “Hoje em dia, os bancos estão liberando financiamento, se as pessoas derem mais de 20% do valor na entrada para a compra do veículo. E com o alto índice de desempregados que o país vem registrando, fica inviável as pessoas terem condições de darem uma boa entrada para a compra de um carro seminovo ou usado”, diz Guimarães. Para o metalúrgico Felipe de Menezes, o problema está no alto valor do carro seminovo. “Estou à procura de um carro seminovo, mas pesquisando nas agências de carros não vejo muita diferença no valor entre um zero km e um seminovo. As taxas de juros estão muito altas nos carros usados”. A Anfavea projeta um crescimento por volta de 11% nas produções de veículos até o fim de 2018. Isso significa, segundo dados da instituição, que o país possa fechar o ano com aproximadamente dois milhões de unidades comercializadas, saldo positivo em relação aos anos anteriores.
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LAZER
RUDGE RAMOS Jornal da Cidade
De 18 a 31 de Outubro de 2018
Cidade da Criança guarda lembranças de moradores Em pleno mês das crianças, o parque temático comemora 50 anos de história Fotos: Beatriz Cordeiro/ RRJ
O MÊS de Outubro é conhecido como Mês das Crianças. Brinquedos, presentes e passeios costumam fazer parte dessa data, celebrada no dia 12, geralmente em família. E é justamente neste mês também que a Cidade da Criança, tradicional parque de São Bernardo, completa, 50 anos, marcando memórias e lembranças de muitos moradores. O parque surgiu a partir dos cenários da novela Redenção, produzida pela antiga TV Excelsior, e foi fundado em outubro de 1968. Foi o primeiro parque de diversões temático do Brasil, em uma época em que jogos eletrônicos ainda eram coisa de ficção científica. Quem não se lembra do teleférico, do submarino, da xícara maluca e do minhocão? Esses eram os principais brinquedos que faziam alegria da garotada dos anos 70 e 80, quando o parque atingia, em média, 20 mil visitantes por fim de semana. A empreendedora Graziella Rocha Nunes Maciel, 39, recorda que desde os 4 anos frequentava o parque e adorava tudo. “Sempre amei o minhocão, o submarino e a motoca bate-bate. Também gostava da xícara maluca e sempre saia passando mal de tanto que meu irmão girava”. Ela também conta que o famoso “favo”, que era basicamente uma massa de crepe feita em um molde com furos e coberta com doce de leite e chantilly, também está presente na sua memória. Atualmente, ela leva seu filho para brincar no parque, que também acha muito divertido. “Faz um pouco mais de um ano que eu não vou, mas tudo está bem legal. Tem uma montanha russa um pouco maior que o minhocão, que meu filho adorou.” Após anos sendo o principal ponto turístico de São Bernardo, a Cidade da Criança entrou em decadência e precisou ser fechada em 2005, por falta de manutenção e por muitos brinquedos estarem em péssimo estado de conservação. Em
2010, foi reaberta, e hoje conta com 35 atrações para todas as idades. A motorista Rita de Cássia de Souza, 48, conta que costumava ir ao parque quando tinha 9 anos, acompanhada de seu irmão caçula, e os dois se divertiam bastante. “As minhas lembranças de lá são muito boas e muito agradáveis. Foi maravilhoso tudo aquilo que vivi na Cidade da Criança. Tínhamos uma carteirinha que dava direito a dez brinquedos, então íamos sempre”. Uma das atrações que Rita mais gostava era o submarino, e após a reinauguração do parque, a primeira coisa que fez foi ir novamente na atração. “São coisas que ficam na memória das crianças, principalmente das crianças da minha época em que tudo era muito encantador. Quando fui ao submarino, cheguei a ficar com os olhos rasos d’água, parecia ter voltado no tem-
Acervo do Centro de Memórias de São Bernardo do Campo
Beatriz Cordeiro
Acima, Roda Gigante e a entrada do parque; ao lado, Minhocão fazia sucesso nos anos 70 e 80
Moura, 38. “Era uma delícia. Lembro-me do carimbo na mão... Era uma época boa. Os brinquedos que eu mais gostava eram o submarino e o teleférico, onde eu tinha a sensação de estar voando. Eu também amava comer o favo com doce de leite, era uma delícia”. No momento ela não teve mais a oportunidade de ir, mas em breve pretende levar suas filhas para conhecer o espaço. SERVIÇO
po”. Depois que ela teve seus filhos, os levou com muita frequência no parque e, hoje em dia, aproveita para levar seus netos que também gos-
tam muito do lugar. Outra que também guarda boas lembranças é a analista de Recursos Humanos Tamares Yamamoto Maia
Cidade da Criança: Rua Tasman, 301, Jardim do Mar. Funciona de quinta a domingo, das 9h às 17h. O valor unitário para cada atração varia de R$ 5 a R$ 10 e o “passaporte”, que permite que a criança tenha acesso à maior parte das atrações, custa R$ 60.
RUDGE RAMOS Jornal da Cidade
COMPORTAMENTO
De 18 a 31 de Outubro de 2018
Fotos: Matheus Batista/RRJ
Matheus Batista QUEM NÃO se lembra, há mais ou menos dois anos, da febre do game mobile de realidade aumentada (AR) Pokémon GO, fenômeno de 2016. O jogo, que é baseado no anime e em outro game dos anos 90 de mesmo nome, consiste em que o jogador saia pelas ruas da cidade caçando os monstrinhos por meio do GPS do celular. Em 2016, quando foi lançado, tomou os holofotes da mídia ao alcançar a incrível meta de 21 milhões de usuários diários, ultrapassando aplicativos como Twitter e Whatsapp. Na época, artigo da CNN Money informou que o valor de mercado da desenvolvedora Nintendo cresceu em 120% nas semanas seguintes ao lançamento do game. O interessante é que parece que a febre não acabou. A Niantic, que é a desenvolvedora do jogo, divulgou que Pokémon GO teve um crescimento de 35% no número de jogadores de maio até o final de agosto de 2018, quando foram registradas 113 milhões de conexões. Lucas Carvalho, que joga desde o lançamento do jogo no Brasil, em agosto de 2016, conta que notou que as pessoas estão voltando a jogar o game e que os grupos nos parques do Rudge, dos quais ele participa, estão ficando maiores. “Ninguém gosta de jogar sozinho, e com as atualizações no jogo que permitem uma maior interação, o pessoal está voltando a ter gosto pelo Pokémon”. Os jogadores se organizam nas redes sociais para poderem formar grupos e saírem à caça dos pokémons da cidade. É o caso de Carlos Agostini que, em 2017, quando notou a queda no número de jogadores ativos, criou um grupo no Facebook para
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O jogo
POKÉMON está retornando às praças
Praças Salvador Arena e dos Meninos são pontos de encontro dos jogadores
Atração voltou a crescer e tem atraído novos e antigos adeptos reunir pessoas que continuaram no game. “Pararam de jogar porque o jogo não tinha muitas funções no seu lançamento, mas com o tempo foram adicionando novas ferramentas e ele foi voltando a ser atrativo”, explica. Jogos com realidade aumentada, que levam a sigla em inglês AR, ainda são novidade no mundo dos games e Pokémon GO foi um grande passo para a consolidação do gênero. Para Bruno Silva, jornalis-
ta de games do portal The Enemy, o desenvolvimento da categoria depende agora da proposta dos próximos jogos. “Pokémon GO foi um sucesso arrebatador pois a proposta era forte e a tecnologia permitia que ela se concretizasse”, conta. No Rudge, o parque Salvador Arena e a Praça dos Meninos são os principais pontos de encontro dos jogadores. Nesses espaços, eles disputam batalhas, caçam juntos, trocam pokémons e,
principalmente, se divertem e conhecem pessoas novas. E não pense que são só crianças e adolescentes que participam. Uma grande parte dos jogadores são adultos que viveram os anos 90, acompanharam o surgimento do anime e dos jogos de gameboy, e que agora podem ser treinadores pokémon de verdade, ou quase isso. “Sempre fui louco por pokémon, quando vi que podia sair por aí caçando, pensei, é agora. Estou aí até hoje”,
conta Vitório Codognotto, 22. Além deles, existem aqueles, mais velhos, que, muitas vezes influenciados pelos filhos ou os netos, começaram a jogar e encontraram no game uma nova forma de lazer e prática de exercícios. Renato Ribeiro, 55, conta que o jogo mudou sua forma de ver o bairro do Rudge. “É um jogo que reúne a comunidade. Passe a vida aqui no Rudge e tem pessoa que eu sempre vi mas só passei a conhecer através do jogo”.
DICAS: Para quem parou de jogar depois do boom de Pokémon GO e se interessou em voltar, aqui vão algumas dicas para ficar por dentro do game. REIDES: O jogo agora conta com sistema de reides, que são batalhas em equipe contra um pokémon boss. Essas batalhas aparecem no mapa do jogo com horário marcado e o jogador tem uma hora para batalhar contra esse pokémon e ter a possibilidade de capturá-lo. As reides são divididas em níveis que vão desde o 1, que demanda poucos treinadores para vencê-la, ao 5, que requer uma grande quantidade de treinadores batalhando juntos para derrotar o pokémon. Jogo mescla o digital com o real para maior imersão do usuário
AMIZADES: Uma grande queixa dos antigos
jogadores era a de que o jogo não valorizava muito a interação entre treinadores. Agora isso mudou. Lançado esse ano, o sistema possibilita que jogadores de todo o mundo adicionem uns aos outros e recebam diversos benefícios com isso: pokébolas, itens especiais, ovos, dentre outros. MISSÕES: São objetivos que o jogo disponibiliza para dar mais ritmo à gameplay. Existem dois tipos: as de Campo e as Especiais. As de Campo é possível conseguir girando poképaradas que, ao serem completadas, podem dar itens especiais e pokémons. Já as Especiais são mais trabalhosas e complexas, mas dão a oportunidade de capturar um pokémon mítico super raro.
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De 18 a 31 de Outubro de 2018
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