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Produzido pelos alunos do Curso de Jornalismo De 12 a 25 de Março de 2015
À espera do conserto
ANO 34 - Nº 1032 LARISSA PEREIRA/RRJ
Moradores do Jardim Antares reclamam da falta de manutenção nos brinquedos da praça. Pág. 5 MAIKE DANTAS/RRJ
GIRRANA RODRIGUES/RRJ
» FERRAREZI
» SEM VERBA
» PET
» NO TRÂNSITO
Presidente da Câmara rejeita corte da merenda escolar. Pág. 3
Obras do Museu do Trabalho estão paralisadas há dois anos. Pág. 12
Empresa vende versão exclusiva de sorvete para cachorros. Pág. 7
Rudge Ramos tem dez semáforos especiais para daltônicos. Pág. 4
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POLÍTICA
RUDGE RAMOS Jornal da Cidade
De 12 a 25 de Março de 2015
DE OLHO NA CÂMARA
Base governista rejeita passe livre para pré-vestibulandos Emendas propostas pela oposição eram inconstitucionais porque geravam despesas financeiras GUILHERME PIMENTA/RRJ
projeto do Passe Livre para os alunos da cidade, em vigor desde o início do ano letivo. Estudantes não pagam mais passagem para irem ou voltarem de escolas públicas
e particulares do município. Após longa discussão, os 24 vereadores presentes na sessão votaram a favor da regulamentação do projeto. “Quando as manifesta-
ções começaram, sempre recebemos os estudantes e membros do Movimento Passe Livre. [A regulamentação] É uma vitória para São Bernardo”, afirmou o vereador Tião Mateus (PT), presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Outros dois vereadores tentaram pegar carona na discussão da regulamentação do projeto Passe Livre e apresentaram emendas destoantes. Juarez Tudo Azul (PSDB) propôs que pacientes e acompanhantes que necessitassem de transporte para ir a hospitais também conseguissem a tarifa zero. Marcelo Lima (PPS) pediu a gratuidade para o trabalhador desempregado. Para obter o passe, o estudante de São Bernardo deve retirar o formulário de inscrição no Terminal Rodoviário João Setti ou no site do Cartão Legal, mediante ao pagamento de R$ 17,50. O serviço funciona durante a semana, e, se há aulas aos sábados, é necessário levar um documento que comprove o horário escolar. Na cidade, 306 mil estudantes serão beneficiados.
Públicas”, “A Lei de Acesso à Informação e a Lei de Transparência Fiscal” e “Resultado Financeiro, Econômico e Saldo Patrimonial”. “Quase todas as contas, de qualquer lugar, são aprovadas desta maneira e, por isso, optei pelo voto favorável”, justificou-se o vereador Tião
Mateus (PT). As contas foram aprovadas com 17 votos a favor, 6 contra e 1 abstenção. O vereador Marcelo Lima (PPS) afirmou que não há informações transparentes sobre as ressalvas apontadas, enquanto Pery Cartola (SDD) criticou os vereadores que votaram a
favor da aprovação. “Não há clareza nas contas. Cada um é responsável pelos seus atos”, disse. A única abstenção veio de Juarez Tudo Azul (PSDB). “É preciso analisar direito as ressalvas, por isso optei pela abstenção.” (GP)
Guilherme Pimenta
ESTUDANTES pré-vestibulandos, de cursos de idiomas e técnicos perderam a última chance de terem gratuidade no transporte coletivo de São Bernardo. Na quarta-feira (11), a Câmara Municipal rejeitou emendas que ampliavam o projeto Passe Livre, que teve sua regulamentação aprovada. Por 15 a 7 votos, os vereadores rejeitaram as propostas dos vereadores da oposição. Pery Cartola (SDD) queria que mais alunos tivessem acesso ao passe livre. Na emenda, ele incluiu ainda um desconto de 50% no preço da tarifa para professores das redes pública, municipal e particular que lecionem em cursos de formação básica regular, supletivos e cursos superiores. O vereador Zé Ferreira (PT) afirmou que as emendas foram rejeitadas por dois motivos. O primeiro porque é inconstitucional, já que o parlamentar não pode alterar matérias de cunho financeiro. E o segundo por se tratar de um projeto regio-
Vereadores da oposição analisam contas de 2012 do município aprovadas “com ressalvas” pelo TCE
nal. “Se isso fosse feito em São Bernardo, teria de ser alterado em todas as outras cidades do ABC”, explicou. A sessão serviu para a Câmara regulamentar o
Câmara Municipal avaliza contas aprovadas ‘com ressalvas’ pelo TCE A Câmara Municipal aprovou as contas do município de 2012, na gestão de Luiz Marinho (PT), que haviam sido aprovadas “com ressal-
Rudge Ramos JORNAL DA CIDADE
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Produzido pelos alunos do curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo
vas” pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo). Os conselheiros do tribunal detectaram inúmeros problemas, entre eles o “Planejamento das Políticas
DIRETOR - Paulo Rogério Tarsitano COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO - Rodolfo Carlos Martino. REDAÇÃO MULTIMÍDIA - Editor-chefe - Júlio Veríssimo (MTb 16.706); EDITORA-EXECUTIVA E EDITORA DO RRJ - Margarete Vieira (MTb16.707); EDITOR DE ARTE - José Reis Filho (MTb 12.357); ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA - Maristela Caretta (MTb 64.183) EQUIPE DE REDAÇÃO: Alysson Rodrigues, Amanda Goulart, Amanda Guilhen, Bianca Santos, Cibele Garcia, Fernanda Cordeiro, Felipe Siqueira, Gabrielli Salviano, Girrana Rodrigues, Guilherme Pimenta, Larissa Pereira, Letícia Gomes, Marcelo Argachoy, Natália Scarabotto, Renan Muniz, Thaís Valverde, Vinícius Claro e alunos do 5º semestre de Jornalismo. TIRAGEM: 15 mil exemplares. Produção de Fotolito e Impressão: Diário do Grande ABC
CONSELHO DIRETOR - Presidente: Dr. Paulo Borges Campos Jr. – Vice - Presidente: Aires Ademir Leal Clavel - Secretário: Dr. Oscar Francisco Alves Jr. - Titulares: Pr. Afrânio Gonçalves Castro, Augusto Campos Rezende, Esther Lopes, Jonas Adolfo Sala, Pr. Marcos Gomes Tôrres, Ronilson Carassini e Valdecir Barreros - Suplentes: Nelson Custódio Fér e Robson Ramos de Aguiar. REITORIA - Reitor - Marcio de Moraes, Pró-Reitora de Graduação - Vera Lúcia G. Stivaletti, Pró-Reitor de Pós-Grad. e Pesquisa - Fábio Botelho Josgrilberg DIRETORES - Sérgio Roschel (Diretor de Finanças e Controladoria), Daví Nelson Betts (Diretor de
Tecnologia e Informação), Paulo Roberto Salles Garcia (Diretor de Comunicação e Marketing), Débora Castanha (Diretora do Ensino Básico), Carlos Eduardo Santi (Faculdade de Exatas e Tecnologia), Vera Lúcia Gouvea Stivaletti (Faculdade de Humanidades e Direito), Fulvio Cristofoli (Faculdade de Gestão e Serviços), Luciano Venelli Costa (Faculdade de Administração e Economia), Paulo Rogério Tarsitano (Faculdade de Comunicação), Rogério Gentil Bellot (Faculdade de Saúde) e Paulo Roberto Garcia (Faculdade de Teologia). INOVAÇÃO E MARKETING: Luciano Sather (diretor)
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POLÍTICA
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Presidente da Câmara afirma ser contra o corte da merenda
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Para Ferrarezi, é necessário haver uma melhor comunicação entre o Executivo e os munícipes DIVULGAÇÃO/ OSCAR JUPIRACI
Guilherme Pimenta
O PRESIDENTE da Câmara Municipal de São Bernardo, vereador Luiz Ferrarezi (PT), 51, afirmou ser “completamente contra” o corte da merenda escolar determinado pela prefeitura. “Pode chamar do que quiser, mas o que está posto, e as pessoas vivendo bem, não se pode mexer”, afirmou. O petista também disse que é necessário melhorar a comunicação da administração municipal com os moradores da cidade. Entretanto, Ferrarezi declarou que “a secretaria [da Educação] fez isso em cima de dados” e que “estão aguardando o comparecimento de Cleuza Repulho [secretária da pasta] para esclarecer o corte”. Em entrevista ao Rudge Ramos Jornal, no dia 8 de março, Ferrarezi disse que não é fácil comandar a Câmara sendo do partido do prefeito Luiz Marinho (PT), em razão de ser um ano pré-eleitoral e de representar uma “vidraça”. Além disso, o presidente destacou o momento “tenso” vivido pelo país. Segundo ele, “estamos vivendo um terceiro turno eleitoral”. Ainda sobre política nacional, o petista disse também que é preciso entender as diferenças do ex-presidente Lula (PT) e a da presidente Dilma Rousseff (PT), e que é necessário ir às ruas para defender “um plano de governo que há no país desde 2002”. “Duvido que a vida de cada um não melhorou deste período para cá, e é necessário dizer: ‘Temos um país melhor e vou lutar por isso’.” Leia a seguir os principais trechos da entrevista: Qual sua principal meta como presidente da Câmara Municipal? Tenho desafios de gestão e de política. Na gestão,
Educação tem os seus motivos. Foi unânime entre os vereadores a convocação da secretária Cleuza Repulho. E o senhor crê no comparecimento dela? Sim. Foi acordado com o prefeito Marinho, quando falamos que seria necessário ela prestar esclarecimentos, e ele respondeu que “tranquilamente”. É uma pena que a oposição faça disso uma questão partidária. O que menos as pessoas querem ouvir são as explicações. A oposição não quer nem saber o que ela vai falar, querem fazer disso um grande palanque político.
“
É uma pena que a oposição faça disso [merenda] uma questão partidária. O que menos as pessoas querem ouvir são as explicações.” Luiz Ferrarezi
Presidente da Câmara, PT
nós temos que se adequar às várias resoluções do TCE (Tribunal de Contas do Estado de São Paulo) e adequar a Casa. Na política, como prevíamos, os debates de sucessão na cidade dominam muito o ambiente, que passa a ser tenso e é necessário gerenciar. É mais fácil comandar a Casa sendo do partido do prefeito? Não é. Sendo governista você é vidraça, e é muito mais fácil ‘tacar’ pedra do que ser governista. Quando você é da oposição, não tem responsabilidade nem com a verdade, e cabe a quem é governo justificar e se defender. No país, hoje, nós estamos em um momento muito ruim, onde primeiro
todo mundo é culpado, e depois vai se provar que é inocente. Então, não é fácil estar no governo e representá-lo. Como melhorar a imagem do PT no país? Nós estamos, infelizmente, vivendo um terceiro turno eleitoral. Quem perdeu não se conforma e vem para a luta de todas as maneiras. Usa as grandes mídias e os grandes cartéis de monopólios de economia, que têm grandes interesses neste debate. Lula e Dilma são diferentes. O Lula tinha um perfil de diálogo com os movimentos sociais, e isto favorecia você defender o governo. A presidenta Dilma, com seu estilo, se distancia
um pouco tudo isso, e a defesa do governo é enfraquecida. Mas cabe a nós, principalmente do PT, entender que temos um projeto de governo, de sociedade. E aí não é defender Dilma, é defender um projeto que está em andamento desde 2002, e se acreditarmos nisto, temos que vir para a rua e defender. Qual sua opinião sobre o corte da merenda? Sou radicalmente contra qualquer alteração na merenda, completamente contra. Pode chamar do que quiser, “readequação”, “corte”, não interessa. Aquilo que está posto, e as pessoas estão comendo, estão vivendo bem, não pode mexer. Agora, a Secretaria de
E até onde isso pode prejudicar o PT na eleição no ano que vem? O que nós não podemos mais é prolongar este debate. Quanto antes ela vir a Casa e falar, melhor, pois tudo o que acontece na cidade acaba refletindo aqui. Se ela vem e dá suas explicações, esse cenário vai para outro ambiente, e não mais o da Câmara Municipal. Mas na questão da merenda, com certeza a secretária tomou essa decisão em cima de dados, mas claro, a população sentiu isso de alguma forma, ou em algumas escolas ou em outras escolas. Há algum ponto em que a prefeitura tem falhado com a população? O governo tem bastante proximidade com a população. Talvez o que precise melhorar é a comunicação. Tudo o que é feito, a população só toma ciência, se for bem comunicado. Para, por exemplo, uma pessoa que mora no Rudge saber o que acontece no Alvarenga, é preciso que seja comunicado. Nós precisamos se comunicar melhor com o munícipe.
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Leia a íntegra da entrevista com o presidente da Câmara no portal www.rronline.com.br
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CIDADE
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Rudge Ramos tem 10 cruzamentos com semáforos para daltônicos Cidade conta com 525 cruzamentos, dos quais 53 adotam o aparelho modificado com a faixa branca GABRIELLI SALVIANO/RRJ
Gabrielli Salviano
ENXERGAR a mudança de cores do semáforo pode ser um reflexo básico para os motoristas, mas não para aqueles que são daltônicos. Em São Bernardo, desde 2012, os equipamentos recebem uma faixa branca na região da luz amarela, para facilitar a assimilação do comando. O bairro Rudge Ramos tem 10 cruzamentos com essa medida. Daltônicos são pessoas que têm dificuldades para reconhecer as cores. Atualmente, a cidade tem 48 semáforos com o anteparo. A tarja branca reflete o brilho do vermelho e do verde, dando referência principalmente à noite, quando o daltônico não consegue enxergar o equipamento. Assim, a faixa ajuda a distinguir se a luz acesa é a de cima ou a de baixo. Luiz Gustavo Santos descobriu que é daltônico durante os exames para renovação da carta de mo-
torista. O professor de geografia tem dificuldades para enxergar justamente as três cores do semáforo. “No trânsito, tenho que chegar bem perto do sinal para saber se devo prosseguir ou não. De vez em quando levo buzina-
das de outros motoristas ou tenho que perguntar para as pessoas, mas nunca me envolvi em um acidente.” O motorista afirma que encontra dificuldades quando o semáforo é horizontal, porque ele se perde na posi-
GABRIELLI SALVIANO/RRJ
Imóvel do século 19 abriga exposições de arte Fernanda Cordeiro Gabrielli Salviano Girrana Rodrigues
A RUA Marechal Deodoro, em São Bernardo, é referência para comércio popular, mas também é um destino cultural. No número 1.325 se encontra a Câmara de Cultura Antonino Assumpção. O prédio é patrimônio histórico desde 1985 e foi construído em 1890. Logo após a inauguração, o imóvel foi destinado à política. Foi o gabinete dos primeiros prefeitos da cidade, além de ter sido a Câmara Municipal. Segundo o chefe da Seção de Pesquisa e Documentação, Jorge Magyar, o local se tornou propriedade do município a partir de 1893. “Lá é o
lugar em que antigamente se reuniam os vereadores de toda a região. O imóvel foi usado para substituir a antiga Câmara, que ficava na Praça Lauro Gomes.” Hoje em dia, a casa abriga exposições artísticas. Atualmente, expõe a mostra do artista Maurício Villaça, que vai até o dia 26 de março, e também de fotos antigas do bairro Jardim Silvina, disponível até o fim do mês. Magyar explica que o município não irá fazer exposições de memórias de todos os bairros porque não há material suficiente. “O trabalho de pesquisa é constante, mas os moradores podem contribuir enviando documentos e imagens.” O auxiliar de produção
ção das cores. Mas, quando é noite, o problema aumenta. “As cores enganam, porque quando escurece a luminosidade tira a tonalidade original das coisas”, contou. Segundo o encarregado de serviço da Secretaria de
Marcos Henrique Siqueira, 51, é morador de Santo André, mas ocasionalmente passa pela Marechal Deodoro e visita o local. “Tenho curiosidade para ver como se deu a formação do município. Como era e como está hoje.” As principais formas de divulgação usadas pela Câmara de Cultura no momento são o Guia Cultural da cidade e o site da prefeitura. Os funcionários tam-
bém colocam cavaletes na porta para chamar atenção de quem passa. Porém, a média de público por ano é de apenas 3.500 pessoas. Pedestres abordados pela reportagem afirmam que não conheciam o local. Um deles, o demolidor Irineu Costa, 33, afirmou que costuma passar pela rua frequentemente para fazer compras, mas nunca entrou na Câmara por não considerá-la voltada para seu perfil.
Tarja dá referência das luzes para os daltônios à noite, período em que eles têm dificuldades para enxergar o semáforo; Marechal Deodoro possui 14 semáforos alterados
Transportes e Vias Públicas, Paulo de Tarso Martin Barrionuevo, a cidade tem 525 cruzamentos, dos quais 53 tem o aparelho modificado. São priorizadas vias que tenham menos iluminação. “Todos os novos semáforos que estão sendo instalados atualmente vêm com a tarja branca. Os que passam por reparos também recebem o anteparo. O custo é barato diante do benefício.” Para a oftalmologista da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego) Rita Cristina Ramos Moura, outra medida que poderia facilitar a vida dos daltônicos seria a adoção de semáforos com símbolos. “Aqueles aparelhos em que a luz vermelha tem o ‘x’ e a verde mostra uma seta podem ser a melhor opção para eles.” Espaço foi usado como gabinete para os primeiros prefeitos, além de ter sido a sede da antiga Câmara dos Vereadores do município
“Mas acho que é importante ter espaços assim para a população”, disse. A próxima atração do espaço será o “Bazart de Praxe”, um evento voltado para jovens, no dia 28 de março, com a presença de designers da região que venderão roupas e acessórios. Além disso, terá também um espaço de alimentação “foodtruck”. Para abril, está prevista uma exposição do músico e artista visual Kiko Dinucci. Serviço
A Câmara de Cultura Antonino Assumpção fica na rua Marechal Deodoro, 1.325, no Centro. O horário de funcionamento é nas segundas, das 8h às 17h, e de terça a sexta, das 8h às 21h. Aos sábados, fica aberta das 9h às 17h. A entrada é gratuita.
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DE OLHO NA CIDADE
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Praça no Jd. Antares necessita de manutenção nos brinquedos Moradores afirmam que ferrugem impede as crianças de utilizarem o local como área de lazer LARISSA PEREIRA/RRJ
Larissa Pereira Maristela Caretta
INAUGURADA em 17 de agosto de 1975, a Praça das Estrelas, na rua Orion, em São Bernardo, recebe manutenção constante da prefeitura, mas apenas para poda da grama e pintura dos muros. Os brinquedos, que são as atrações preferidas das crianças, seguem enferrujados ou sem condições de uso. A moradora Marineide Teixeira de Almeida Marotta, 43, entrou em contato com a reportagem para contar sobre as condições do local. “As crianças estão sempre na praça, mas a mães precisam ficar alertando que não podem usar o balanço, nem brincar na gangorra, muito menos subir no trepa trepa”. Outro problema do local é a falta de sinalização na área onde não é permitido
Alambrados e fios de eletricidade também oferecem perigo para quem frequenta o espaço
passear com animais. “Havia uma placa na entrada da quadra informando que era proibida a entrada de cachorros. Essa placa caiu e os moradores aproveitam que a quadra é fechada para soltar o cachorro lá dentro, inibindo a entrada das crianças”, disse a moradora. Além disso, há fiações elétricas expostas e caixas de luz no chão da praça. O aposentado Luiz Carlos Asan mora na região há 42 anos. “Há 25 anos, a praça está sem manutenção, com os brinquedos enferrujados e as grades se deteriorando. Eles só pintam, cortam a grama, mas nunca reformaram depois que ela foi construída”, disse. A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de São Bernardo no último dia 3, para que comentasse as críticas dos usuários da praça, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
ARQUIVO PESSOAL
Rudge tem “Calçada da Fama” Bianca Santos
AMBIENTE familiar e clima de total descontração são marcas da “Calçada da Fama”. Esta não é a descrição do local em que artistas hollywoodianos são homenageados, e sim a calçada de uma padaria e de uma lotérica que há pouco mais de seis anos se tornou em um ponto de encontro de amigos, no Rudge Ramos, na avenida Caminho do Mar, na altura do número 2.333. O comerciante Augusto Toldo, dono da empresa SuperMad WoodCenter, que teve a ideia, conta que tudo começou quando ele e o amigo Godoy Soares, segurança do comércio da região, se reuniam no local todas as tardes, para contar piadas após o trabalho. Godoy Soares é descrito pelo amigo como uma pessoa
extrovertida, que facilmente conquistava a atenção dos clientes que passavam no local, que logo se juntavam à dupla. “Reuniam três ou quatro pessoas. Lá, ficavam uma hora, uma hora e meia contando piadas”, falou Toldo. Em outubro de 2010, eles resolveram nomear oficialmente o grupo, com direito até a colocação de placa no local. Mas foi só em março de 2013 que a calçada foi reformada recebendo uma pintura vermelha e 12 estrelas, simulando as encontradas em Hollywood. Diferentemente das americanas, as estrelas da “Calçada da Fama” do Rudge Ramos não têm nomes gravados. “Não podemos colocar o nome de alguns e o de outros não”, explicou o idealizador. O proprietário da padaria Torradinha, Jorge de Oliveira, que colaborou com a personalização da calçada,
diz que aceitou a proposta de Toldo e dividiu as despesas da reforma. O ponto de encontro preserva características típicas de pequenas cidades do interior. Hábitos como se cumprimentar pelo nome ainda podem ser observados no local. O comerciante aposentado Jurandir Fontolan é um dos participantes do grupo e resgata a história do bairro. “Esta calçada é o que sobrou de um Rudge Ramos antigo”, falou Fontolan. Esta brincadeira ganhou proporção e hoje o grupo tem cerca de 70 cadastrados. Além de se reunirem todas as tardes para contar piadas e jogar conversa fora, os amigos da “Calçada da Fama” se organizam para atender pessoas e instituições necessitadas. “Precisamos fazer algo em benefício da comunidade”, disse Toldo.
BIANCA SANTOS/RRJ
Para se tornar uma estrela, título que recebem os participantes do grupo,
Calçada personalizada em 2013 (acima) serve de local para encontro de moradores da região
os interessados precisam apenas comparecer ao local e fornecer nome e telefone.
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COMPORTAMENTO
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THAÍS HIRAY/RRJ
Paletas mexicanas recheadas podem ser achadas em diferentes sabores como: morango com leite condensado, banana com nutella, framboesa com leite condensado e outros
sorvete mesmo quando as temperaturas estão mais baixas. O gerente da padaria Bella Vitória, Leandro Dias conta que a ideia de comercializar paletas surgiu quando ele estava passeando no shopping e viu um quiosque. Para iniciar o processo, Dias entrou em contato com fornecedores e atualmente conta com duas marcas de paletas. “A procura está crescendo muito. Os que mais vendem são os de morango com leite condensado, chocolate com morango e brigadeiro de colher”, disse o gerente.
Maria Beatriz Vaccari
A VENDA de paletas mexicanas vem crescendo na região. Com preços que variam entre R$5 e R$12, os sorvetes estão cada vez mais conhecidos pelo público. Os sabores tentam agradar todos os gostos: frutado, recheado, cremoso e até alcóolicos. A padaria Bella Vitória, no bairro Vila Floresta, em Santo André, começou a trabalhar com o produto há pouco tempo e já vende uma média de 2.800 picolés por mês. O tamanho de 120g também chama a atenção, já que é quase o dobro do peso de um picolé tradicional. Muitos empreendedores aproveitaram o aumento de vendas causado pela popularização das paletas mexicanas e investiram no produto. A proprietária da sorveteria Mexicallia, Tânia Bragança, conta que viu o investimento como uma oportunidade: “Uma amiga minha estava fabricando paletas, então decidi, junto
Paletas mexicanas conquistam ABC Produto tem em torno de 120 gramas, quase o dobro de um picolé tradicional, e custa em média de R$5 até R$12 com o meu marido, arrumar um espaço e investir no negócio. O processo levou apenas 15 dias”. A paleteria fica localizada em São Bernardo, na avenida Kennedy. Tânia conta que a aceitação do público está sendo muito boa, e que muitas famílias se reúnem para tomar sorvete em fins de semana e tirar fotos com a decoração mexicana do ambiente. Apaixonada por sorvetes, a moradora de São Benardo, Heloísa Cestari, se tornou fã das paletas mexicanas: “Eu gosto por causa do tamanho, porque é um pi-
colé maior que os demais. A textura dele também é diferente e demora mais para derreter”, explicou. Tânia explica que as expectativas para o futuro são positivas. “Ainda não pas-
samos por nenhum inverno, mas já estamos preparando um cardápio especial para a estação.” Ela acredita que os brasileiros ainda vão aderir aos costumes europeus, onde as pessoas tomam
Dados calóricos
274
150
quilocalorias tem uma paleta mexicana recheada
quilocalorias são encontradas em paletas naturais
De olho na balança Quem escolhe os recheados deve saber que o valor calórico não é dos mais baixos. O picolé de doce de leite recheado com doce de leite da Franquia Los Paleteros conta com 274 calorias. “A dica é optar pela linha de paletas frutadas e sem leite, com menor índice calórico, em média 150 kcal, disponíveis nos sabores maracujá, cupuaçu, morango, goiaba, jamaica (hibisco e framboesa), kiwi, limão, manga e manga com pimenta”, explicou a nutricionista do Movimento Alelo Comer Bem é Tudo de Bom e gerente de nutrição do HCor, Rosana Perim. Segundo a especialista, esses sabores possuem menos calorias, contêm vitaminas e são praticamente isentos de gorduras. Rosana afirma que quem gosta das recheadas não precisa cortar a sobremesa do cardápio. A melhor opção é deixá-las para ocasiões especiais. Apesar do número elevado de calorias das paletas, Rosana diz que quando comparadas com outras sobremesas como: mousse chocolate (150g) que tem 300 kcal, quindim (120g) 475kcal ou merengue de morango (120g tem 220 kcal), dependendo do sabor escolhido, os picolés contêm menos calorias. Mesmo assim, a nutricionista ressalta que não se deve exagerar, já que o excesso na ingestão de açúcar pode levar à obesidade e também ao aumento das taxas de glicose no sangue.
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MAIKE DANTAS/RRJ
COMPORTAMENTO
Cães ganham sorvete especial Maike Dantas
OS SORVETES não só agradou o paladar do paulistano, como também entrou no gosto dos pets. A peleteria Pacco, localizada na avenida Kennedy em São Bernardo, inovou os seus serviços criando um ambiente onde o cliente e o seu animal possam degustar do sorvete dentro do próprio estabelecimento. Enquanto o dono saboreia uma paleta, seu cão pode aproveitar e consumir um sorvete de massa desenvolvido especialmente para cachorros. Os sabores são picanha, galeto, morango e menta. Segundo o site da empresa Unifood, responsável pela criação do produto, o sorvete contém em sua composição apenas extratos naturais, sem a adição de açucares ou lactose. A ideia de criar um espaço desse tipo surgiu pela
Golden retriever Pacco se refresca com o sorvete de menta
Setor de franquias cresce na região Thais Akamine Hiray
SEGUNDO a ABF (Associação Brasileira de Franchising), o mercado de franquias teve um aumento de 7,7% em 2014, totalizando um faturamento de R$127 bilhões. A expectativa é que haja um crescimento entre 7,5% e 9% este ano. Nesse cenário, o mercado de sorvete pode ser uma boa opção para quem pretende abrir um novo negócio. No ano passado, pelo menos três paleterias abriram somente na avenida Kennedy, em São Bernardo. De acordo com a ABIS (Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes), o consumo do alimento cresceu 81,6% entre 2003 e 2013. O capital necessário
para a abertura de uma franquia desse tipo varia de marca para marca. Um quiosque, por exemplo, chega a custar R$200 mil, enquanto uma loja pede cerca de R$450 mil. No investimento, estão inclusos a taxa de franquia, royalties, equipamento, estoque inicial e capital de giro. O retorno financeiro demora, em média, de um a dois anos. A Los Paleteros é a primeira franquia de paletas mexicanas no Brasil. Segundo o sócio fundador Gean Chu, a unidade precisa ser administrada pelo investidor e gerenciada diretamente e integralmente pelo gerente/operador que deverá ser aprovado pela franqueadora. “A padronização também é necessária e indispensável para que o negócio seja sólido e a marca tenha uma identidade
MARIA BEATRIZ VACCARI/RRJ
consistente em toda a rede”, disse o empresário. O estudante de administração Gabriel Tsuchiya Gnoato, 24, se mudou de Curitiba para investir no mercado de São Paulo. Ele abriu duas unidades, uma em São Bernardo e outra no Ipiranga, na Zona Sul da capital paulista, e já tem planos para inaugurar uma
terceira. “É necessário muita pesquisa; de mercado, da melhor marca e lugar”, falou. Cada quiosque vende de 12 mil a 15 mil paletas por mês. Mas e se a moda das paletas mexicanas passar? Segundo o consultor da GoAkira, empresa especializada em franquias, José Carlos Fugice Junior, o mercado desse segmento deve con-
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falta de estabelecimentos na região que aceitassem animais. “Sentia dificuldade em levar o meu cachorro nos lugares e não conseguir a permissão da sua entrada. Foi por causa disso, que criamos uma área de conveniência onde as pessoas pudessem vir acompanhadas com seu animal de estimação”, declarou Esthefany Silva, proprietária da Paleteria Pacco. De acordo com Esthefany, a procura do público pelo serviço cresceu gradativamente ao longo dos meses. “Geralmente as pessoas saem com a família aos finais de semana e trazem o animal aqui para tomar um sorvete”. A estudante de psicologia Simone Costa é uma das frequentadores do local e sempre leva o seu poodle para saborear um dos gelados. “Quando saia com meus pais, tinha que deixa-lo sozinho em casa, agora além de curtir o momento juntinhos, tornou-se uma diversão agradável tanto pra mim, quanto para ele”, disse. O custo de cada sorvete é em torno de R$8.
Quiosque no Shopping Metrópole, em São Bernardo, vende cerca de 15 mil paletas mexicanas por mês
tinuar em alta por pelo menos mais cinco anos. Uma dica para quem está em dúvida é conversar diretamente com o franqueador. “O franqueado pode questionar os investimentos que estão sendo feitos e como a marca pretende atuar depois desse momento de crescimento. Planos alternativos, estratégias de mercado e outros modelos de negócio são alguns pontos a serem discutidos”, disse o consultor. Ainda de acordo com Fugice Junior, a principal vantagem de se abrir uma franquia é o ganho de tempo e a experiencia adquirida pela franqueador. “O modelo de negócio já foi testado e validado, então o franqueado consegue evitar erros que sozinho ele estaria suposto a cometer”, falou.
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ESPECIAL
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VITÓRIA ROCHA/RRJ
Coletivos do ABC se reuniram em São Bernardo para programar ações do Dia Internacional de Lutas das Mulheres na região, no último dia 8 de março
Violência contra mulher é tema de ação em 2015 Secretaria para prestar atendimento à mulher é uma das demandas no ABC Vitória Rocha
INVISIBILIDADE do trabalho doméstico, autonomia econômica, igualdade de salários, participação política. Dentre todas essas bandeiras levantadas pelo movimento feminista do ABC em prol da ampliação dos direitos da mulher, a principal é a violência contra o gênero. Houve um aumento de 40% no número de denúncias de violência contra mulher no Brasil em 2014, de acordo com dados divulgados pela Secretaria de Políticas para as Mulheres do governo federal, em fevereiro. Só no ABC foram registrados cerca de 2.448 casos de junho a janeiro de 2014, segundo a Prefeitura de Santo André. De acordo com a higienizadora de livros Cleone Santos, representante da MMM (Marcha Mundial das Mulheres) Núcleo ABC, a violência contra mulher pauta grande parte das dis-
cussões do coletivo desde a articulação para fundação do núcleo, em 2003. “Esse é nosso foco. Nós esperamos também continuar este ano a discussão de implementação da lei Maria da Penha no ABC.” A lei 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha, foi instaurada em agosto de 2006 e tem o objetivo de coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra mulher. Contudo, mesmo nove anos depois de sua criação, não houve a implementação completa dos 46 artigos presentes na lei: a instalação de juizados específicos para tratar desses casos, por exemplo, não foi efetivada em todo território brasileiro, inclusive no ABC. “Nós temos como meta para 2015 conseguir uma secretaria de políticas para mulheres que tem como finalidade a proteção da mulher contra as agressões físicas, psicológicas, sexuais, patrimoniais e morais
no âmbito doméstico e familiar”, disse a promotora legal popular Ivone Patriota, membro do Fórum de Mulheres de São Bernardo, da MMM e da União de Mulheres do Estado de São Paulo. Segundo Ivone, outra medida exigida pelo movimento é a criação do conselho municipal dos direitos da mulher. “Toda secretaria precisa de um conselho que atue na sociedade civil e no poder público para garantir a efetivação das políticas públicas para mulheres”. Atualmente, Santo André é a única cidade do ABC que tem uma Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres. São Bernardo, São Caetano, Diadema e Rio Grande da Serra possuem
“
apenas coordenações para as mulheres dentro de outros órgãos governamentais que não são específicos para o tratamento do gênero feminino. Assédio é crime Formado atualmente por cerca de 12 coletivos, o movimento feminista da região vê na questão da violência contra o gênero feminino uma pauta ampla e histórica, que abrange desde a agressão física do parceiro até a violência contra mulher no espaço público como o assédio na rua e em transportes públicos. Julgado como crime, o assédio sexual está previsto no Art. 216 do Código Penal. Ele consiste em “constran-
Nós temos como meta para 2015 conseguir uma secretaria de políticas para mulheres que tem como finalidade a proteção da mulher.” Ivone Patriota Membro do Fórum de Mulheres
Aumentou em
40% o número de denúncias de violência contra mulher no Brasil, em 2014
2.448 casos só no ABC
ger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual”. Além disso, culpar a vítima em casos de estupro ou agressão também é vista como violência contra mulher dentro do movimento feminista. União Os grupos feministas do ABC se reuniram para decidir ações no dia 8 de março, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher. Foi a primeira ação para união das militantes do ABC este ano. Segundo Cleone, “essa iniciativa é tomada anualmente pela MMM, principalmente porque há um distanciamento dos coletivos ao longo do ano”. Para ela, esta união é importante para o fortalecimento do movimento na região. “Isso é tudo porque nós precisamos trabalhar juntas para conseguir mudar as coisas. A nossa força está na nossa união.”
RUDGE RAMOS Jornal da Cidade
Mulheres são minoria nas Câmaras do ABC Natália Scarabotto
A PARTICIPAÇÃO das mulheres nas Câmaras Municipais do ABC ainda é pequena. Nas sete cidades, existem 128 vereadores eleitos. Desses, apenas 10 são do sexo feminino. Ribeirão Pires é a cidade que mais possui vereadoras: três. Santo André e Diadema contam com duas vereadoras em cada cidade, enquanto São Caetano, Mauá e Rio Grande da Serra têm apenas uma vereadora cada um. São Bernardo é o único município que não tem representantes femininas. Em Rio Grande da Serra, a vereadora Ângela de Souza Nunes (PSDB) considera um orgulho ser a única representante feminina do município na Casa. “Os homens que estão lá [na Câmara] não acreditam, eles acham que a mulher não é capaz. Mas eu também faço com que me respeitem, porque eles têm que sentir o que é o potencial de uma mulher.” Já a professora Bete Siraque (PT), que atua na Câmara de Santo André, disse que o parlamento é “espaço culturalmente masculino”.
E, em razão disso, considera que sua atuação não é “uma tarefa simples”. “Às vezes, a gente precisa se impor um pouco mais para que possamos ser ouvidas, respeitadas e entendidas”, declarou. De acordo com o sociólogo César Mangolin, a figura feminina na política traz à tona pautas voltadas para o interesse das mulheres e a possibilidade de alcançar a justiça social, pois há mais representantes da vida social tomando decisões, não apenas o homem. Ainda segundo Mangolin, é importante que as mulheres estejam nesse cenário político, principalmente para defender os interesses femininos, que, muitas vezes são colocados em segundo plano pelos vereadores. “A questão da legalização do aborto, por exemplo, não é um tema que deve ser discutido por homens. Os homens não têm dimensão necessária para fazer esse tipo de debate, já que se trata do corpo feminino”, disse Mangolin. Social Além de tratar sobre pautas voltadas aos interesses femininos, as vereadoras
De 12 a 25 de Março de 2015
UM SETOR composto em maior parte por homens e por atividades consideradas masculinas. De forma lenta, a presença das mulheres no ramo metalúrgico está crescendo, porém, elas ainda lutam por mais espaço. Do chão da fábrica à diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Andreia Cunha, esteve sempre envolvida com a causa. Em 2005, ela passou a fazer parte das mulheres que atuam em metalúrgicas. A diretora conta que quando atuava como auxiliar de expedição em uma metalúrgica em Mauá, havia muitas mulheres no setor, mas diz que ainda há preconceito. “É uma questão cultural. Precisa-
mos lutar contra atitudes machistas, estudando e trabalhando”. Segundo dados do Sindicato, as mulheres representam 30% do total da categoria nas duas cidades do ABC. No Brasil, desde 2003, a presença de mulheres no setor cresceu 4,11% até 2013, representando 19,03% do total de trabalhadores metalúrgicos no país, segundo pesquisa da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) e do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), ambos do Ministério do Trabalho. As lutas em portas de fábricas e a participação feminina têm contribuído para esse aumento, segundo a coordenadora do Departamento de Mulher do Sindicato, Denise Moreira. “Hoje, elas investem nesse proces-
VITÓRIA ROCHA/RRJ
Bete Siraque é umas das duas vereadoras de Santo André
também trazem assuntos mais ligados à área social. “Por mais que os homens tentem e façam o trabalho social, eles têm uma questão mais técnica, como de obras, por exemplo”, afirmou Sandra Regina (PMDB), única vereadora de Mauá. Uma das razões para a baixa presença feminina nos parlamentos munici-
Metalúrgicas querem mais espaço nas fábricas Vinícius Marques
ESPECIAL
pais é falta de incentivo dos partidos políticos, segundo algumas vereadoras ouvidas pela reportagem. As siglas, dizem, deveriam investir mais em políticas públicas que incentivem a participação feminina no ambiente político. “Se os partidos valorizarem e mostrarem para as mulheres a grande imporARQUIVO PESSOAL
so, estão fazendo cursos, entrando nas fábricas e mostra quetêm competência.”
Desigualdade O salário inferior ao do homem é um dos problemas
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tância de elas estarem na política, com certeza elas virão mais porque vão se sentir valorizadas e úteis na política. Mas, enquanto isso não for feito, nós vamos ter essa minoria que existe aí porque, para eles [os homens], não há interesse que a mulher tenha um poder maior ou igual que o deles”, disse Ângela de Souza (PSDB), de Rio Grande da Serra. Cota de Gênero Como forma de estimular a presença da mulher na política, foi criada, a Lei 9.504/97 que assegura a reserva de 30% para as mulheres, do número de candidaturas a que os partidos políticos e coligações têm direito. Mas para especialistas, somente a lei não resolve. “Elas (as leis) auxiliam que um determinado grupo que está afunilado a determinados espaços historicamente comece a ter acesso”, disse Mangolin. Com a obrigatoriedade de cumprir a lei, existem partidos que utilizam candidatas “laranjas”, mulheres que lançam sua candidatura apenas para cumprir a cota exigida. Sem investimento e apoio em suas campanhas, essas candidatas não têm chances de vencer. “Os partidos não podem colocar mulheres só para cumprir as cotas”, disse Ângela de Souza. Diretora do Sindicato conta que há preconceito nas metalúrgicas
enfrentado pelas mulheres no setor metalúrgico, assim como em outras profissões. Em média, a mulher recebe 28,79% a menos que o homem neste setor, no Brasil. Denise Moreira diz que os sindicatos e as mulheres estão buscando igualdade e oportunidade. “A igualdade ainda está longe. Não queremos ganhar mais ou menos, mas sim valorização.” A maior diferença entre as remunerações encontra-se no setor eletroeletrônico – que concentra o maior número de mulheres, cerca 36% –, no qual elas chegam a receber em média 37,52% menos que o homem. Depois do eletroeletrônico, o setor que mais tem mulheres é o automotivo (17,99%), seguido pelo aeroespacial (15,10%). A produção no setor naval é o que menos possui o gênero feminino trabalhando (8,88%).
10 ESPORTES
RUDGE RAMOS Jornal da Cidade
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São Paulo F.C. se associa “ com futsal da região Com tradição nos esportes, São Bernardo chamou atenção do grande clube YURI GOMES/RRJ
Temos o acompanhamento de perto dos nossos gestores, isso faz toda diferença.”
Vitor Seiji Atleta
Esporte confunde atletas Thuanny Caraponale
Yuri Gomes
O SÃO PAULO Futebol Clube mudou para São Bernardo. Nada com o futebol de campo, que continua no Morumbi. Mas no futsal, desde o início de 2015, o clube paulista empresta seu nome e, com isso, surgiu o São Paulo/São Bernardo. O que motivou a parceria foi a infraestrutura que o município oferece: dois ginásios (o Poliesportivo e o do Mesc). Já o tricolor entra com o patrocínio e a possibilidade de vaga na Liga Futsal (Campeonato Brasileiro). As negociações começaram no final de 2014. O município se interessou na possível oportunidade de trabalho em conjunto, pois neste ano não teria a vaga garantida no Campeonato Brasileiro da modalidade. Segundo João Batista
Neto, o Barba, treinador do São Paulo/São Bernardo, a equipe tem mostrado entrosamento no início do trabalho. “Os atletas que chegaram com a parceria estão dando outro ritmo aos treinos.” Agora, com a parceria, o time da cidade quer esquecer a performance do ano passado, quando o então AD São Bernardo terminou na última colocação da Liga Futsal, com apenas quatro pontos somados e nenhuma vitória, enquanto São Paulo/Bauru terminou em 18º com apenas duas vitórias. Com a nova união, o clube do Morumbi deixou o convênio com Bauru. O time Dos 16 atletas que compõem o time, dez são reforços para a temporada e seis são remanecentes da antiga gestão. O elenco tem uma mistura de atletas experien-
São Paulo faz parceria com time de São Bernardo e agora jogará na cidade
tes e consagrados como o defensor Índio, que já atuou pela Seleção Brasileira e possui 39 títulos nacionais, e o goleiro Greuto, com passagem entre os principais clubes do Brasil e Europa, com jovens talentos. Segundo Alex Nunes, auxiliar de João Batista, a interação entre esses atletas e o bom ritmo de treino são a chave para o sucesso neste ano. “Um atleta experiente tem muita coisa para passar a um jovem, que, por sua vez, está motivado”, disse Nunes, conhecido como Boy. Mudanças Boy comentou que a equipe está mais profissional, pois treinam dois períodos e recebem melhores
condições. “Agora, estão representando um grande clube do Brasil, têm que correr muito”, falou Sandro Falcetta, gerente da nova equipe e conhecido como Sandrinho. O atleta Vitinho, 22, um dos seis remanescentes da estrutura anterior e um dos mais jovens do time percebeu a diferença com a confirmação do convênio. “Temos o acompanhamento de perto dos nossos gestores, isso faz toda diferença”, disse. Nesta temporada a equipe São Paulo/São Bernardo disputará quatro campeonatos: Liga Paulista, Liga Futsal, Jogos Regionais e Jogos Abertos. O supervisor técnico do São Paulo/São Bernardo, Alexandre Gaspar afirmou que uma das prioridades é obter boa colocação na Liga Futsal deste ano. “O primeiro objetivo é ficar entre os 16 e passar para segunda fase.”
APESAR da semelhança entre as modalidades, existem algumas regras que diferenciam Futsal e Futebol de Salã. Esportes usualmente confundidos por serem semelhantes. Algumas vezes, até os próprios atletas confundem as modalidades e, por fim, não sabem o que praticam. Segundo informações do site da Confederação Brasileira de Futsal, há diferença entre Futsal e Futebol de Salão. O Futsal se assemelha ao futebol de campo, o jogo é mais aéreo e a bola utilizada é mais leve, enquanto o Futebol de Salão utiliza uma bola mais pesada, o que ocasiona uma menor quantidade de jogo aéreo. Ainda segundo a Confederação, as pessoas costumam confundir os dois esportes por conta da falta de divulgação de ambos, afirmam que a grande mídia não oferece espaço para que a população conheça a essência do Futsal e do Futebol de Salão. E esta é a mesma afirmação que o ex-atleta de Futsal Sebastião Costa Rodrigues “a diferença entre as duas modalidades não estão claras para mim, apesar de eu ter jogado Futsal por três anos. O problema é que ninguém conhece verdadeiramente o esporte, ele não é divulgado e isso acaba acontecendo.”
RUDGE RAMOS Jornal da Cidade
ESPORTES 11
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YURI GOMES/RRJ
Índio é destaque no novo time Renan Muniz
UM DOS destaques do São Paulo para a temporada é o fixo de 40 anos, André Demétrio da Silva, o Índio, um dos jogadores mais vencedores dos campeonatos nacionais de futsal. Índio foi campeão em todos os times que jogou no Brasil e conta com um invejado currículo de seis vezes campeão da Liga Futsal, campeão mineiro, campeão paulista, gaúcho, campeão intercontinental de clubes, campeão da Superliga Nacional. Foi eleito três vezes o melhor fixo da temporada e convocado mais de 50 vezes para a seleção brasileira. Ganhou um Mundialito, um Torneio de Cingapura, um torneio Quatro Nações e três Copas América. O defensor começou sua trajetória no futsal atuando pelo Juventus da Mooca aos 8 anos de idade, mas sempre teve vontade de jogar no futebol de campo, assim como seus ídolos Zico e Leonardo. Com a vontade de atuar em campo e não em quadra, surgiu a oportunidade de
“
Enquanto o físico ajudar e os outros elogiarem, eu vou jogar, mas talvez seja a minha última temporada.” Índio Jogador do São Paulo/São Bernardo
jogar pelo futebol do Juventus aos 15 anos, quando participou das duas modalidades até os 20 e teve a oportunidade de defender a seleção brasileira de sua categoria. Porém, como não havia investimento nos times de base, decidiu voltar ao futsal. “Vi que dava para levar uma vida boa no futsal e me dediquei a isso. Fui convocado para a seleção brasileira adulta e também joguei com nomes como o Vander, Márcio e Jorginho, todos eles tinham família, então vi que dava para tirar alguma coisa boa do futsal”, disse Índio. Ao se efetivar nas quadras, Índio revela que inicialmente não queria ser fixo, a vontade mesmo era de fazer gols. “Como apren-
di com o meu pai a ouvir os mais velhos, fui para a marcação”, explicou o jogador. Para se destacar na posição, Índio contou que o caminho foi ser diferente, pois “se você tem outras habilidades, utiliza-la pode ser mais útil.” De lá para cá, Índio jogou em mais de 15 clubes, sendo alguns brasileiros, como o Atlético Mineiro e times da Espanha, onde ficou por três anos. Ao longo da carreira coleciona taças e medalhas de vários títulos conquistados. Agora atuando pelo São Paulo/São Bernardo, Índio mantém cautela com a chegada de títulos pelo fato de ser um elenco novo, mas também não acha algo improvável. “Minha meta é representar bem o São Paulo, falar em título ainda é precoce. O São Bernardo já tinha bons jogadores e tende a melhorar com a parceria”, afirmou o beque. Com 40 anos, Índio possui uma empresa de joias semipreciosas com a esposa e afirma que o fim da carreira está próximo, mas irá atuar enquanto esti-
Índio é o jogador mais experiente do São Paulo/São Bernardo
ver rendendo o esperado. “Enquanto o físico ajudar e os outros elogiarem, vou
jogar, mas talvez essa seja a minha última temporada”, disse o jogador.
Futsal feminino depende de apoios “ VINÍCIUS CLARO/RRJ
Vinícius Claro
Hoje, infelizmente, não dá para viver só do futsal feminino.” Cilene Pereira Jogadora do Sabesp/São Bernardo
ENQUANTO O futsal masculino sobrevive com parcerias com clubes de futebol, a modalidade feminina não alcança nem a profissionalização. De acordo com números da Federação Paulista de Futebol de Salão, em 2014 havia 34 clubes femininos inscritos em competições no Estado e 86 masculinos. O Sabesp/São Bernardo, mantido pela Associação Sabesp, é o único time da cidade a participar de competições como o Paulista, os Jogos Abertos do Interior e a Liga Nacional. A técnica do time, Maria Cristina de Oliveira, explica que a parceria mantém todas as atividades desportivas e é fundamental para existência da equipe. Mesmo com o patrocínio, não é possível pagar salário para as jogadoras, que recebem apenas auxílio transporte. Cristina, que foi a pri-
Atletas realizam treinos de segunda a sexta no Ginásio Poliesportivo, localizado no bairro Anchieta
meira treinadora da seleção brasileira feminina de futsal, conta que as atletas fazem os próprios lanches e viajam de ônibus para economia de despesas. Ela acredita que seria necessária uma verba de R$250 mil por ano para manter uma
equipe competitiva. A jogadora Cilene Pereira, 30, foi eleita a melhor jogadora do mundo pela FIFA, em 2008. Ela chegou este ano na equipe de São Bernardo. Apesar de se considerar profissional ela explica que sua renda
depende do marido. “Hoje, infelizmente, não dá para viver do futsal feminino.” Clubes amadores Em São Bernardo, existem muitos times amadores que participam de competições organizadas pela Liga
de Futebol de Salão de São Bernardo. Paulo Vianna, treinador do Clube Mesc, explicou que não tem uma equipe fixa e não realiza treinos. Ele junta atletas de outros clubes para poder montar o seu. Hoje o Clube Mesc reúne de 10 a 12 jogadoras. Para Vianna, “o futsal feminino infelizmente não tem visibilidade e isso acaba afastando patrocínios e investimentos”. Karin Oshiro, jogadora do time Galaxy Futsal, conta que seu clube foi formado por meio da amizade das próprias atletas. Elas jogam juntas desde 2010 e resolveram montar o time em 2012. “Toda a participação nos campeonatos é custeada por nós mesmas. É feita uma contribuição mensal que varia em torno de R$ 20.” Elas treinam todo sábado no Ginásio Poliesportivo do Riacho Grande.
12 CIDADE
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Falta de repasse mantém obra do Museu do Trabalho paralisada Secretário de Cultura afirmou em fevereiro que trabalhos deveriam ser retomados em março FOTOS: GIRRANA RODRIGUES/RRJ
Dos
R$ 18,2 milhões previstos de investimento, até agora, com
75%
do museu construído, foram gastos
R$ 10,3 milhões
Girrana Rodrigues
FALTA DE repasse de verba do Ministério da Cultura fez com que as obras do Museu do Trabalho e do Trabalhador fossem paralisadas. A construção do museu começou em abril de 2012, mas em novembro do ano passado, houve a paralisação das atividades. Em fevereiro deste ano, questionado sobre o assunto, o secretário de Cultura de São Bernardo, Oswaldo Neto de Oliveira, declarou que faria o possível para as obras serem retomadas em março. Mas, até o momento, a situação continua a mesma. “Trabalho para no mês de março conseguir repassar a verba, pois ela já está empenhada. Assim que a verba for repassada a obra será reiniciada imediatamente”, disse Oliveira na ocasião. Ainda em fevereiro, ele explicou que, no caso de museus, o processo de criação de conteúdo precisa ser
apresentado ao Ministério Público que encaminha o projeto ao Ibram (Instituto Brasileiro de Museu). “Mudaram alguns ministros e no Ibram houve a mudança de presidente. Isso acaba causando um “hiato” que atrasou a transferência de verba para o município. Paralisamos a obra para não ficar em débito com a empresa [responsável pela construção].” Dos R$ 18,2 milhões previstos de investimento, até agora, com 75% do museu construído, foram gastos R$ 10,3 milhões. De acordo com o secretário, assim que a obra for retomada, levará cerca de seis meses para a parte estrutural ser concluída. O prazo inicial de conclusão era de nove meses Questionado sobre a razão para se construir um museu, e não um hospital no terreno onde funcionava o antigo mercado municipal, o secretário explicou que a verba era do Ministério da Cultura. “Se não tivéssemos recebido, iria
Obra do museu está atrasada há mais de dois anos. No destaque, portaria sem trabalhadores da construtora
para outro município.” O museu terá área de exposição permanente e itinerante, auditório, cineclube e acervo literário do mundo do trabalho. O projeto prevê exposições interativas. Os visitantes poderão tocar e ter interação tecnológica com as obras. No último dia 9 de março, a reportagem entrou em contato com a Prefeitura de São Bernardo por e-mail enviado à assessoria de imprensa, para saber se havia alguma novidade
“
A história do metalúrgico é um legado em São Bernardo.” Wilson Roberto Ribeiro Aposentado
em relação à retomada das obras do museu. No dia 11, por telefone, a reportagem falou com a assessoria, que não soube informar se o repasse já havia sido feito. Importância O integrante da Ama (Associação de Metalúrgicos Aposentados) Wilson Roberto Ribeiro, 64, disse que o museu ensinará muito para quem não viveu no período das grandes greves nas décadas de 70 e 80. “A história do metalúrgico é um legado em São Bernardo. Eu tive muitos companheiros que perderam a mão na prensa. O museu trará uma grande recordação”, afirmou. Sobre o atraso nas obras, Ribeiro, que também é conhecido por Peri (apelido que ganhou por ter respostas para tudo, como o
personagem da charge que era publicada na “Tribuna Metalúrgica”), acredita que o museu pode demorar, mas ficará pronto. “Muitos não querem que a história do trabalhador seja contada e tentam arrumar brechas para impedir a construção, mas não vão conseguir.” O aposentando e também integrante da Ama José Fernandes Lopes, 58, foi eletricista de manutenção na Volkswagen e vê o museu como uma necessidade na cidade, já que, segundo ele, as lutas sindicais foram um marco para a democracia do país. “Tenho um filho e conto sobre tudo o que vivemos, mas ele não tem o mesmo engajamento. Muitas pessoas hoje não sabem tudo o que vivemos. O museu vai retratar um pouco da nossa história.”