RROnline - Edição 1.040

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RRJ

ANOS

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Produzido pelos alunos do Curso de Jornalismo ANO 35 - Nº 1040

De 3 a 16 de setembro de 2015

» PISCINÃO DA JACQUEY Cibele Garcia/RRJ

» CAPOEIRA

Área de recreação » MERCADO

Moradores da Vila Helena pedem construção de espaço de lazer acessível e criam esboço de projeto com quadra society, playground e espaço pet. Pág.3

Divulgação

Grupos incentivam cultura e atividades físicas na região Pág. 10

» LIGA NACIONAL Anderson Rodrigues/Metodista Juno Bertoloni/RRJ

Bolos são a nova aposta para empreendedores no ABC; as opções do produto vão do tipo caseiro ao confeitado. Pág. 6

Time feminino da Metodista/São Bernardo busca o nono título do torneio; primeiro jogo é contra APAHAND/UCS/Pref. Caxias do Sul-RS. Pág. 9


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POLÍTICA

RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

De 3 a 16 de setembro de 2015

DE OLHO NA CÂMARA

Guilherme Pimenta

O PREFEITO de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), entrou com ação na Justiça por calúnia, injúria e difamação contra o vereador Pery Cartola (SDD), que faz oposição à sua administração. O vereador afirmou que ainda não sabia mais detalhes sobre o processo, mas já foi notificado oficialmente. “Todas as críticas que faço não são críticas pessoais, são pontuais”, contou Cartola. “O ente político tem que estar preparado para ouvir críticas. Como o prefeito é mal acostumado e está rodeado de puxa-sacos e de companheiros, ele não está acostumado a ouvir críticas. E, quando pegou um cara que não pode ser persuadido, que ele não consegue comprar e não consegue pôr cabresto, se irrita, como uma criança mimada”, disse Cartola. “Ele não é meu inimigo, é meu adversário. Tudo o que eu ouvir e tudo o que vier do pessoal do PT a meu respeito, vou levar como ele [Marinho] procedeu nesse caso. Vou à Justiça”, concluiu o oposicionista, que falou já ter recebido ameaças físicas durante o exercício de mandato, mas negou que elas foram feitas pelo prefeito Luiz Marinho (PT). “Nunca tive contato com ele.” Segundo consta no site do TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo), há uma “reconciliação” marcada pela juíza Marta Oliveira de Sá, da 5ª Vara Criminal da Comarca de São Bernardo, para o dia 5 de novembro deste ano, às 14h. A reportagem procurou a Prefeitura de São Bernardo, por meio de sua assessoria de imprensa, para obter informações sobre o processo. Foi respondido, no entanto, que o pedido “seria encaminhado ao Departamento Jurídico”. Até

Rudge Ramos JORNAL DA CIDADE

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Produzido pelos alunos do curso de Jornalismo da Escola de Comunicação, Educação e Humanidades da Universidade Metodista de São Paulo

Marinho processa vereador por calúnia, injúria e difamação Pery Cartola, da oposição, diz que recebeu pedido de intimação na última quarta-feira (2) Guilherme Pimenta/RRJ

Com projetos do Executivo na pauta, um sobre o Imasf e outro sobre posses de áres públicas, sessão ficou parada na maior parte do tempo

o fechamento desta edição, o RRJ não obteve resposta. Sessão parada Nenhum projeto foi lido nem aprovado na sessão plenária da Câmara Municipal nesta quarta-feira (2). A sessão não chegou nem na “Ordem do Dia”, fase em que as matérias são colocadas para apreciação do plenário. Havia dois projetos do Executivo recentes na pauta: um sobre mudanças no Imasf (Instituto Municipal de Assistência à Saúde do Funcionalismo) e outro sobre a transferência de posse

de áreas púbicas. Este, no entanto, recebeu parecer negativo da assessoria jurídica do Legislativo. Questionado sobre a falta de trabalhos no Legislativo, o líder do governo na Câmara, Zé Ferreira (PT), afirmou que há trabalhos internos realizados pelos vereadores para a cidade. “Às vezes, vocês [imprensa] estão no direito de confundir a produção aqui. A produção não se dá aqui. Quando os vereadores não estão, eles estão discutindo as questões da cidade”, disse. 

Erramos Diferentemente do que creditamos na última edição, a foto ao lado é de autoria do Lucas Alves. Erramos 2 A faixa de ônibus do Rudge Ramos foi criada em 2014, e não em 2015 como consta na edição 1.039.

(Colaborou Thamiris Galhardo)

DIRETOR - Nicanor Lopes COORDENADOR DO CURSO DE JORNALISMO - Rodolfo Carlos Martino. REDAÇÃO MULTIMÍDIA - Editor-chefe - Júlio Veríssimo (MTb 16.706); EDITORA-EXECUTIVA E EDITORA DO RRJ - Margarete Vieira (MTb16.707); EDITOR DE ARTE - José Reis Filho (MTb 12.357); ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA - Maristela Caretta (MTb 64.183) EQUIPE DE REDAÇÃO: Amanda Guilhen, Bianca Santos, Cibele Garcia, Felipe Siqueira, Gabrielli Salviano, Guilherme Pimenta, Larissa Pereira, Laura Reif, Lucas Laranjeira, Marcelo Argachoy, Natália Scarabotto, Pedro Giordan, Thaís Valverde, Thamiris Galhardo, Vinícius Claro e alunos do 5º semestre de Jornalismo.

CONSELHO SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO - Paulo Borges Campos Jr. (presidente); Aires Ademir Leal Clavel (vice-presidente); Esther Lopes (secretária); Rev. Afranio Gonçalves Castro; Augusto Campos de Rezende; Jonas Adolfo Sala; Rev. Marcos Gomes Tôrres; Dr. Oscar Francisco Alves Jr.; Ronilson Carassini; Valdecir Barreros; Nelson Custódio Fér (suplente); Robson Ramos de Aguiar (suplente)

TIRAGEM: 15 mil exemplares. Produção de Fotolito e Impressão: Gráfica Mar-Mar

DIRETOR GERAL EM EXERCÍCIO - Gustavo Jacques Dias Alvim VICE-DIRETOR GERAL - Gustavo Jacques Dias Alvim

DIRETOR DE FINANÇAS E CONTROLADORIA - Sérgio Roschel DIRETOR DE INOVAÇÃO, COMUNICAÇÃO E MARKETING - Luciano Sathler REITOR: Marcio de Moraes, Pró-Reitora de Graduação - Vera Lúcia G. Stivaletti, Pró-Reitor de Pós-Grad. e Pesquisa - Fábio Botelho Josgrilberg DIRETORES - Carlos Eduardo Santi (Escola de Engenharias, Tecnologia e Informação), Nicanor Lopes (Escola de Comunicação, Educação e Humanidades), Fulvio Cristofoli (Escola de Gestão e Direito), Rogério Gentil Bellot (Escola de Ciências Médicas e da Saúde) e Paulo Roberto Garcia (Escola de Teologia)


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CIDADE

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DE OLHO NA CIDADE

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Moradores do Rudge reivindicam área de lazer sobre piscinão da rua Jacquey Secretário diz que a OP é o fórum mais adequado para discutir o projeto, e não abaixo assinado Cibele Garcia/RRJ

Cibele Garcia Renan Muniz

do Estado de São Paulo, que usa o critério de que só pode haver cobertura do piscinão se a obra não estiver sendo feita no leito do rio.” Área de lazer No projeto da área de lazer, feito por Marcio Massan Almeida, vendedor e morador do bairro, há a idealização de um local arborizado com quadra society, equipamentos de ginástica para a terceira idade, pista de caminhada e um espaço para pets. De acordo com Almeida, no bairro há 38 anos, a cobertura do piscinão foi o primeiro passo para conseguir instalar o lazer no local. “Em uma reunião que tivemos para debater a cobertura do piscinão, o prefeito confirmou que ela seria feita, mas não falou sobre a área de lazer. Então dissemos que iriamos seguir adiante para conquistar a praça”, contou. Embora a iniciativa tenha partido da própria população do bairro, alguns moradores acreditam que o espaço recreativo não seja

Reprodução

OS MORADORES da Vila Helena, no Rudge Ramos, pedem a instalação de um local de lazer sobre o piscinão da rua Jacquey. Eles promovem abaixo assinado para ser encaminhado à administração, que já conta com 500 assinaturas e espera-se chegar a 3.000 nomes. Desde o começo da construção, no segundo semestre de 2014, os residentes do bairro já haviam se mobilizado para que o piscinão fosse coberto com o intuito de viabilizar o projeto de recreação na área. Mas, de acordo com o secretário de Serviços Urbanos do município, Tarcísio Secoli, a proposta sobre o que construir no local ainda está em aberto. “Não sabemos ainda. Queremos discutir no Orçamento Participativo do ano que vem para que a população local faça suas reivindicações”, contou. Secoli afirmou que o futuro da área vai depender da população, mas que o abaixo assinado não é a forma correta para reivindicar. “Este governo não trabalha com abaixo assinado. Nós trabalhamos com a participação direta das pessoas, e o Orçamento Participativo é para isso, as pessoas irem, reivindicarem e votarem”, falou. O secretário disse também acreditar que haverá discussão entre os moradores em relação à implementação de um espaço recreativo. “Tem gente que quer fazer uma área de lazer, uma quadra, e eu sei que com isso vai dar problema, à noite, com idosos que moram no entorno. Vai ter gente gritando, como é normal quando se joga futebol.” Secoli declarou também que no piscinão da rua Jacquey foi possível a instalação da cobertura, diferentemente de outros piscinões, como por exemplo o Tanque das Mulatas, em razão da localização da obra. “Quem cuida dessa parte é o Departamento de Água e Esgoto

a melhor opção para ocupar a área livre do piscinão. “Descobri que existe um movimento contra a praça que desejamos, para que haja a construção de um estacionamento, mas lugar para carro é algo individual, enquanto a praça beneficia a comunidade inteira”, afirmou Almeida. Segundo o secretário, instalar um estacionamento no local, por exemplo, é inviável. “Ele não está adequado para isso. [A cobertura] Não tem estrutura para suportar um estacionamento em cima.” O analista programador Jeferson Marques Cavalheiro, que ajudou a divulgar a ideia, acredita na inovação

que o projeto propõe. “Tem uma quadra society, pode ter vários eventos e shows, além de um apoio da GCM (Guarda Civil Municipal), para assim termos um espaço não só para o Rudge Ramos, mas para todo o público”, contou Cavalheiro. Para o operador de máquinas e morador do bairro, Rogerio Marcos Paschoalin, a área de lazer era o que faltava no bairro. “Eu passo lá de final de semana e já vejo que virou um espaço de lazer para as crianças. Só falta estruturar. Os pais já estão até levando as crianças para andar de bicicleta. Está faltando um espaço assim aqui”, disse.

Morador Marcio Massan Almeida desenhou o esboço do projeto idealizado pela população da Vila Helena; a área conta com espaço pet, quadra society, pista de caminhada e aparelhos de alongamento

Enfermeira e moradora do bairro, Maria Rosa Gravena, torce para que o projeto da praça seja aceito. “Beneficia mais a população, a gente vai poder fazer caminhada lá e usar os aparelhos de ginástica. A praça tem tudo a ver com meio ambiente, traz um olhar diferente sobre o local. Aqui só tem prédio. Ninguém planta árvore, só tem poluição”, contou Maria. 


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CIDADE

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Fotos: Divulgação

ONG desenvolveu o carrinho para facilitar a vida dos trabalhadores com um equipamento mais leve, higiênico e seguro

Catadores de rua podem contar com carro elétrico Projeto tem como objetivo facilitar o trabalho e ajudar na coleta seletiva Laura Reif

UM CARRINHO movido a eletricidade pode facilitar a vida de quem recolhe materiais recicláveis das ruas e faz dessa atividade seu ganha pão, tendo que empurrar diariamente carroças de tração humana que podem pesar mais de 500 quilos. Desenvolvido pela ONG (organização não-governamental) Ecolmeia de São Bernardo, o carrinho elétrico é mais leve, higiênico e seguro, diminuindo significativamente o esforço dos catadores que sentem o peso de somente 25 quilos de carga ao utilizá-lo. Segundo a idealizadora e gestora da ONG que desenvolveu o projeto, Elaine Santos, os catadores são marginalizados e recebem pouca atenção das administrações municipais e da população. A Ecolmeia já atua na região há nove anos com programas de ecologia e reciclagem. O carro elétrico

Cidade de São Paulo produz cerca de

20 mil toneladas de lixo por dia e o ABC por volta de

2 mil toneladas

foi desenvolvido pelo presidente da ONG, Airton Teixeira, dentro do projeto Eco Recicla, em 2010, e ainda está em fase de avaliação. De acordo com Elaine, a instituição quer captar verba e iniciar o processo de fabricação de mais 15 carrinhos até o início do próximo ano. Desses carros, 10 serão entregues para a Associação de Catadores de Material Reciclável da Nova Glicério e cinco para

a Coopercata de Mauá. Essa empreitada custará cerca de R$ 120 mil e a ONG busca apoio e divulgação para despertar o interesse das empresas. O carrinho piloto foi feito com dinheiro dos próprios membros da instituição. Hoje, o custo de produção de uma unidade gira em torno de R$ 8 mil. Teste O piloto está sendo testado pela Associação de Catadores de Material Reciclável da Nova Glicério, em São Paulo. A entidade é responsável por reportar as modificações que os catadores querem que sejam feitas no carrinho elétrico

para que seu uso possibilite conforto e eficiência para seus usuários. A bateria do veículo pode ser carregada em qualquer tomada. Os catadores podem recarregá-la na própria associação. Tamanho, peso e capacidade de carga estão sendo avaliadas e as modificações no piloto serão feitas até que o projeto final seja satisfatório. O presidente da associação de catadores, Edvan do Conselho, explicou que, em comparação com a carroça, o carrinho ainda possui algumas mudanças a serem feitas. “Os catadores têm um pouco de dificuldade na hora de virar e os braços são muito abertos”, disse.

Tem gente que sustenta a família, consegue pagar o aluguel e colocar o filho na escola. Tudo o que a sociedade exige o catador consegue também honestamente.” Edvan do Conselho

Presidente da associação

A instituição depende de doações de empresas que, por meio da lei das Oscips (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público), têm como benefício a isenção fiscal de 2% do imposto a pagar. Porém doações da população também são bem-vindas e podem ser feitas por intermédio dos dados fornecidos no site da Ecolmeia (ecolmeia.org.br). Em troca, a ONG também oferece espaço para anúncios publicitários nos próprios carrinhos que, segundo Elaine, são “outdoors móveis”, além de a empresa ter seu nome atrelado a um projeto socioambiental. Resíduos A associação de Catadores da Nova Glicério possui cerca de 70 membros entre catadores e ajudantes e atua oficialmente há dois anos. Do Conselho contou que o projeto pode ajudar na diminuição do preconceito que os catadores sofrem. Muitas vezes, são estigmatizados e associados à marginalidade. “Tem gente que sustenta a família, consegue pagar o aluguel e colocar o filho na escola. Tudo o que a sociedade exige o catador consegue também honestamente”, disse Do Conselho. Os resíduos coletados pelos catadores são destinados à reciclagem, o que diminui a demanda para os aterros sanitários. A cidade de São Paulo produz cerca de 20 mil toneladas de lixo por dia e o ABC por volta de 2.000 toneladas. Os dados oficiais foram divulgados pelas prefeituras dos municípios. São Bernardo sozinha gera mais de 20 mil toneladas de lixo por mês. De todo lixo que o ABC produz, 32% dos resíduos são considerados aptos para reciclagem. Porém menos de 5% desses materiais são aproveitados. 


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PERFIL

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Faustino da Silva, 92, empresário bem sucedido, mantém o pique Fotos: Alysson Rodrigues/ RRJ

Empreendedor do ramo de padarias, Silva foi enviado por Portugal a Cabo Verde, na África, na juventude

Comerciante tem hábitos saudáveis: dorme às 21h, acorda às 6h e desce todos os dias para caminhar e pedalar na academia de seu prédio, na Chácara Inglesa, em São Bernardo

Alysson Rodrigues Guilherme Pimenta

O EMPRESÁRIO Faustino da Silva não perde o pique. Aos 92 anos, ele diariamente se exercita em uma esteira na academia de seu prédio. Além de ser recomendação médica, é também uma forma de manter o ritmo. Mas isso é uma marca registrada de Silva. Empresário do ramo de padarias, ele já imprimia esse ritmo quando estava à frente dos negócios, na juventude. No entanto, não foram apenas pães e doces que fizeram parte de sua vida naquela época. O empresário presenciou um dos períodos mais marcantes da

história: a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), que teve a comemoração de 70 anos do seu término no dia 2 de setembro. Natural de Portugal, nascido em Fátima, Silva recebeu a reportagem do RRJ em casa para contar um pouco de sua história. Quem estava acostumado a vê-lo na padaria Kennedy, em São Bernardo, até meses atrás, não imagina que ele foi motorista dos soldados na Ilha de São Vicente, em Cabo Verde, na África, para defender seu país das tropas de Adolf Hitler e do italiano Benito Mussolini. Silva, morador da Chácara Inglesa, contou que chegou ao continente africano em 1944, um ano antes do término da guerra. Sua função

era carregar os combatentes machucados aos hospitais. “Nunca havia dirigido um carro. Me deram duas aulas e já estava com a carteira de motorista”, comentou. A comunicação com a família era feita por meio de cartas. A mãe dele não apoiou a ida à guerra. Seu pai não presenciou, já que acabou morrendo em 1937 por uma picada de cobra. “Não havia outro jeito, era uma obrigação irmos”, contou. Da família, ele foi o único enviado ao conflito. “Perdi muitos de meus amigos lá [Cabo Verde], mas a maioria deles foi por doenças contraídas, não pela guerra”, afirmou Silva, que, mesmo estando no conflito, disse que nunca pegou em uma arma.

Confira no rronline.com.br as notícias de São Bernardo e do ABC

Em Cabo Verde (hoje independente), ele chegou a ficar na Ilha do Sal, local que costumava receber presos políticos na época. “Era um local terrível, não havia alojamentos, não chovia e não tinha banheiro.” Brasil O empresário e a família resolveram se mudar para o Brasil. Silva lembra que a viagem durou aproximadamente um mês. Chegou ao país no dia 1º de maio de 1961, com sua mulher, Deolinda de Jesus Rosa, e sua filha, que, na época, tinha 12 anos. “Tenho saudades de Lisboa, mas o Brasil para mim é tudo”, falou. Ele escolheu adotar e vir para o Brasil porque seu irmão já mora-

va aqui há seis anos. Mesmo em solo brasileiro, e depois do fim da guerra, Silva conta que encontrou aqui no país um soldado italiano que transportou no período em que esteve em Cabo Verde. Isso foi em 1963. “Estava na avenida Jurubatuba quando o encontrei em uma mecânica”, explicou. O português afirmou que o homem virou um grande amigo e, antes de morrer, o visitava sempre em casa. Ao contrário da maioria que estava no navio, que desembarcou no Rio de Janeiro, seu destino foi a cidade de São Paulo. Hoje em dia ele tem uma rotina saudável. Dorme às 21h, acorda às 6h. Todos os dias desce para caminhar na esteira e pedalar em uma bicicleta ergométrica de seu prédio. No final da entrevista, ligou o aparelho e fez questão de mostrar sua caminhada. Torcedor do Benfica, um dos principais clubes de Portugal, ele afirmou já ter ido ver jogos no Estádio da Luz, em Lisboa, sede do clube. Além disso, apesar de ter visto o ídolo português Eusébio (craque da Copa de 66), ele acredita que “Pelé foi melhor.” 

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ECONOMIA

Juno Bertoloni

A VENDA de bolos vem crescendo e conquista, cada vez mais, novos clientes na região. Franquias especializadas no produto comercializam desde bolos mais comuns, como o de fubá, até bolos mais elaborados, com recheio e cobertura. A variedade dos sabores é bem vasta. Desde um simples bolo de fubá, até um de doce de leite com damasco e nozes. Uma dessas franquias é a Sodiê Doces. A rede foi criada por uma dona de casa, na cidade de Salto, no interior de São Paulo, e hoje tem mais de 200 unidades distribuídas pelo país. São quase 90 sabores no cardápio que inclui até versões sem açúcar. Fabrício Neves, proprietário de uma loja da franquia em São Caetano, conta que são vendidos mais de 50 bolos por dia. A maioria deles é para viagem, já que boa parte da clientela compra para ocasiões especiais, como festas de aniversário. Porém, têm aqueles que preferem comer lá mesmo em uma das mesas próximas ao balcão. A loja que fica no bairro Santa Paula há seis anos, sente o crescimento nas vendas e a consolidação da marca na região a cada ano. O valor do quilo varia de acordo com o sabor, mas em média é de R$40. “O nosso carro chefe é o de leite ninho, é o que mais sai”, contou Fabrício. No ABC, são doze lojas da rede, sendo cinco em Santo André, cinco em São Bernardo e duas em São Caetano. O estudante Rodrigo Garcia é cliente da rede há alguns anos. Nos aniversários da família dele, os bolos comprados na franquia têm presença garantida. “Nós confiamos na marca e gostamos muito do sabor. Vale muito mais a pena comprar deles do que fazer em casa.” Outra opção é a Casa de Bolos, rede também criada no interior que virou franquia. O foco é na simplicidade, com bolos caseiros sem recheio, que custam em torno de R$10. No ABC são seis lojas, sendo duas em cada cidade. Uma terceira está chegando em São Bernardo, no Rudge Ramos. A dentista Ângela Alvar é adepta a comprar esse tipo de bolo. “Compro esses bolos pela praticidade, por

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Redes especializadas em bolo crescem na região Praticidade e preço baixo fazem moradores preferirem produto feito fora de casa Juno Bertoloni/RRJ

Ângela Alvar

sujeira”, explicou. Ela compra um bolo a cada quinze dias para acompanhar o café da tarde, no final de semana. Com a correria do dia a dia, comprar os bolos virou uma rotina na casa dela.

ter mais opções de sabores e sem contar que não faz

Saudável Os bolos entraram também no cardápio de pessoas preocupadas com a alimentação. É o caso do empresá-

Compro esses bolos pela praticidade, por ter mais opções de sabores e sem contar que não faz sujeira.” Dentista

rio e triatleta Flávio José. No início do ano ele conheceu uma loja de bolos em frente ao prédio onde trabalha. Dentre as várias opções disponíveis, uma chamou sua atenção: o bolo sem glúten. “Sempre procurei seguir uma dieta balanceada. E no meio dos atletas sempre ouvi falar para evitar o glúten na alimentação”, contou. Hoje, Flávio compra em média dois bolos por sema-

Sodiê Doces: vende mais de 50 bolos artesanais por dia, só em uma unidade de São Caetano. Rede conta com em torno de 80 sabores

na, que agora são outra opção de lanche. Para ele, ter um local especializado em somente uma mercadoria aumenta a qualidade e a variedade do produto. 


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ECONOMIA

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Franquias são tendência no ABC Jackeline Sindeaux

Jackeline Sindeaux/RRJ

São Caetano

O MERCADO de franquias é sempre um cenário de tendências e novidades. Basta lembrar que há pouco os sorvetes frozen yogurt eram sucesso. Na sequência vieram os cupcakes e, hoje em dia, lojas de bolos caseiros e paletas mexicanas protagonizam o setor. Esses fatores contribuem para que haja investimentos em diversos segmentos do mercado. Segundo pesquisa da ABF (Associação Brasileira de Franchising), a região teve um aumento significativo no número de unidades franqueadas, 13,8%, superior ao aumento nacional, que foi de 9,8%. Para o diretor regional de São Paulo da ABF, Filipe Sisson, o acréscimo condiz com o desenvolvi-

14,8%

Santo André

33,4%

São Bernardo

34%

Mapa representa a proporção de franquias em cada município. São Bernardo possui o maior número de franquias da região

mento do ABC, cujo PIB é proporcionalmente maior que o do Brasil. “A área tem se expandi-

do progressivamente, hoje possui mais demanda do que oferta. Isto cria uma lacuna, que pode ser preenchi-

da por meio das franquias.” No levantamento, o ramo alimentício lidera o ranking com 31,2%, seguido dos setores de beleza, esporte e saúde, que representam 14,4% das unidades franqueadas. De acordo com Sisson, a preferência pelo setor alimentício é comum por ser um ramo mais antigo e também maduro. “Quando pensam em investir pela primeira vez, o ramo de alimentos passa mais segurança, por ser mais conhecido e ter mais afinidade com o público.” Entretanto é preciso ter cautela antes de investir em qualquer negócio. Segundo a coordenadora de ciência econômica da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Cristina Amorin, não existe uma receita para o sucesso do negócio, mas os fracassos estão liga-

Culinária conquista maior espaço na TV Mariana Pratali

É DIFÍCIL encontrar quem nunca tenha assistido um programa culinário e testou alguma receita em casa. Com a variedade de programas, o tema gastronomia chama a atenção. Blogueira do ‘Eu Comi’ desde 2011, Mariana Escher, afirma que o setor teve grande procura. “Gastronomia aqueceu desde o ano passado. As pessoas estão buscando por coisas novas, querendo comida boa e diferente.” Mariana também explica que a importação de formatos americanos, como Master Chef, afetam a qualidade dos programas porque compromete o fator surpresa. “Quando passar essa fase de aquecimento só vão ficar os bons programas, que conseguem ter temporadas diferentes, porque acaba esgotando o assunto, fica no mesmo formato e isso não atrai o público.” Camila Neves, estudante de jornalismo e de

gastronomia acompanha os programas com frequência. Ela assiste Cake Boss, Hells Kitchen e todos programas com o chef Gordon Ramsey, entre outros. Como dedica a semana para os estudos, é no final de semana que ela se atualiza assistindo as novas temporadas. Camila assiste há mais de 5 anos os programas e apesar da diversidade de formatos, a grade televisiva depende ainda muito dos produtos internacionais. “Tem variedade, só que muitos programas passam os mesmos episódios então fica cansativo para quem está sempre assistindo.” Além do apoio familiar, os programas também influenciram Camila a ingressar no curso de gastronomia. “Eu faço para saber as técnicas, eu não quero trabalhar em uma cozinha. O chef Ramsey sempre falava nos programas da receita dele de filé wellington, fiz um curso que ensinava como fazia, então como eu sei a técnica do original, fiz o dele.” Os programas influenciam não só como hobby, mas no trabalho também. A doceira Fabiana Melo

Aumento das unidades franqueadas no ABC foi de

13,8% enquanto no Brasil somente

9,8% dos a irracionalidade. “É necessário que se conheça o ramo e o setor. Se informar sobre a demanda, aprender como abrir, montar e progredir com um negocio. É fundamental montar um plano, conhecer e estudar a fundo o mercado.” A especialista alerta sobre o investimento em franquias da moda. “Um sonho de uma noite de verão. É fantasioso e perigoso, pois há muita demanda e pouca variação.”  Arquivo Pessoal

Enquanto as pessoas se mantiverem interessadas em provar e assistir coisas novas, o tema vai estar aquecido.” Mariana Escher Blogueira

usa receitas do programa Mais Você da Ana Maria Braga como base de seus bolos e doces. “O que mais vendo é da massa de chocolate e o recheio adapto de acordo com o cliente, peguei a receita

em 2012 e é a mais pedida.” Fabiana busca inspiração nos realitys como Batalha dos CupCakes e também Cake Boss, programas que normalmente não ensinam as receitas, mas ela tenta reproduzir com os ingredientes que tem em casa. “A gente que cozinha acaba metendo as caras e tenta fazer o que vê no programa.” Além dos programas na TV, a internet tem oferecido muitos canais culinários. Mariana comenta que os vídeos são os mais breves possíveis porque as pessoas

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Camila é fã dos programas há mais de 5 anos e coleciona artigos dos chefs favoritos

buscam informação rápida e prática. De acordo com ela, apesar do crescimento no mundo virtual, isso não afeta a audiência na televisão, as pessoas não deixam de assistir programas. “Enquanto as pessoas se mantiverem interessadas em provar e assistir coisas novas, o tema vai estar aquecido.” 


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RUDGE RAMOS Jornal da Cidade


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ESPORTES

De 3 a 16 de setembro de 2015

Metodista/São Bernardo estreia pela Liga Nacional em busca do bicampeonato Time feminino joga no próximo dia 3; masculino decide não participar Anderson Rodrigues/ Metodista

Renan Muniz Vinícius Claro

O TIME feminino da Metodista/São Bernardo já tem data para estrear na Liga Nacional, uma das principais competições do calendário de handebol. A equipe da cidade entra em quadra na próxima quinta-feira (3) contra o APAHAND/UCS/Pref. Caxias do Sul-RS, fora de casa. A Metodista inicia a competição com o status de maior campeão da Liga, tendo conquistado a taça em oito oportunidades (20062012,2014). Além do retrospecto favorável no torneio, a equipe está em boa fase neste ano, já que lidera o Campeonato Paulista. São 14 vitórias e uma derrota em 15 jogos, um a mais que o vice na tabela, o São José. Segundo o técnico da Metodista/São Bernardo, Eduardo Carlone, mesmo com a dificuldade da competição a meta traçada pela equipe é alcançar as semifinais. “A Liga já foi mais forte em outras oportunidades, mas as equipes que vão participar são gabaritadas.” O elenco, diferentemente da última temporada, quando passou por constantes

Pivô Lívia Martins confia no entrosamento e condicionamento físico da equipe para conquistar torneios

reformulações, tem diversas alternativas com características diferentes. “Temos um plantel diversificado, com mistura de meninas experientes com as que vieram da base, e o resultado disso tem sido visto no Campeonato Paulista”, disse Carlone. Para a pivô Lívia Martins, o entrosamento entre as atletas é a principal arma da Metodista/São Bernardo.

“Desde quando começou o Paulista estamos com um ritmo muito bom. Com certeza em algum momento vai fazer diferença tanto em entrosamento como em ritmo de jogo.” Entre outubro e novembro, a equipe participará de três competições simultaneamente. Além dos torneios nacional e estadual, disputará os Jogos Abertos do Inte-

rior. Por isso, Lívia também destacou a importância do preparo físico. “O plantel que tiver mais jogadoras bem preparadas neste ano vai conseguir levar tanto a Liga Nacional como o Paulista, porque vai se exigir muito fisicamente de todas.” Masculino A equipe masculina da Metodista/São Bernardo

é o contraste da feminina. Enquanto uma tem opções diversificadas, a outra tem sofrido com o elenco reduzido. Contusões e transferências fizeram com que o time, sete vezes campeão da Liga, optasse não participar do campeonato. Recentemente, a equipe perdeu alguns de seus principais jogadores. O ponta esquerda Carlito, um dos mais experientes do plantel, sofreu uma contusão no tornozelo e desfalca a equipe até a próxima temporada. Dois atletas atuando na seleção brasileira júnior também são desfalques. O central Acácio se transferiu para o Ademar-ESP e o armador esquerdo Patrick Lemos está machucado, mas espera o retorno à Metodista para analisar a gravidade da lesão. Outro que deve sair é o armador direito Renato Souza, com proposta de outras equipes. Para o treinador da equipe masculina do Metodista/São Bernardo, José Ronaldo do Nascimento, o SB, a decisão tomada foi feita pela equipe técnica. “Temos poucos jogadores e iríamos sobrecarregar os que temos. Se caso alguém se contundisse, não teríamos mais ninguém para substituir”, disse SB. Apesar das condições adversas na equipe, a ausência na competição não é encarada negativamente pelo treinador. “Com isso eu posso dar condição para os jogadores que tenho, mesmo sendo poucos. Então, ele vai jogar um pouco menos e vai render bem mais do que renderia se jogasse duas competições paralelas”, explicou. 

Acesse o Rudge Ramos Jornal pelas redes sociais Reproduções

Guilherme Pimenta Thamiris Galhardo

O RUDGE Ramos Jornal, publicação que quinzenalmente é distribuída aos moradores de São Bernardo, ganhou mais plataformas e agora pode ser acompanhado também por meio das redes sociais Facebook, Twitter, Instagram e até pelo Whatsapp. O jornal, que é um projeto pedagógico do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo há mais de 35 anos,

Além da edição impressa e do portal online, o leitor pode acessar publicação no Facebook, Twitter e Instagram

presta serviço e leva informação à comunidade. Desde 2007, também pode ser acessado pela internet, por meio do site www.rronline.com.br, abrigado na Redação Multimídia do curso de Jornalismo da universidade. A versão impressa chega a cada 15 dias aos moradores do Rudge e em pontos

estratégicos da cidade, como a Câmara Municipal. No Facebook, o usuário pode encontrar o jornal, com atualizações das notícias produzidas a cada uma hora, procurando por Rudge Ramos Online (www.facebook. com/RudgeRamosOnline). No Twitter (https://twitter.com/PortalRROnline) e

no Instagram, é necessário buscar por @PortalRRonline. No Instagram, a mais recente plataforma social, são postados vídeos e fotos sobre os bastidores da produção de notícias e programas em vídeo. Além disso, são disponibilizados quinzenalmente as capas dos jornais impressos.

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“O uso de redes sociais ajuda no aprendizado dos alunos de Jornalismo e, ao mesmo tempo, amplia o alcance de informações importantes para a comunidade do Rudge e de São Bernardo”, disse o coordenador de Jornalismo da Metodista, Rodolfo Martino. Os leitores e moradores do bairro também podem mandar sugestões de pauta e reclamações para o Whatsapp da Redação Multimídia. O número é (11) 97200-3275, ou enviar e-mail para editorial@metodista.br. 


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RUDGE RAMOS Jornal da Cidade

De 3 a 16 de setembro de 2015

Capoeira traz cultura ao ABC Academias proporcionam folclore, história e exercícios físicos aos praticantes do esporte na região Laura Reif/RRJ

Laura Reif

O BAIRRO Jordanópolis, em São Bernardo, realiza rodas de capoeira e samba gratuitas e abertas ao público todas as sextas-feiras. Armando Garcia Moura, conhecido como mestre Beterraba, pratica o esporte há 21 anos e em 2008 abriu sua academia no bairro, onde realiza as aulas do Grupo de Capoeira Corrente. Seus aprendizes são de todas as faixas etárias e o local é bastante frequentado por crianças que se interessam pelo esporte, danças e divertimento. ”Capoeira, na verdade, pode ser luta e cultura. Tem o samba de roda, frevo, a parte lúdica e musical”, contou o mestre Beterraba. A capoeira traz também o exercício do aprendizado cultural e histórico do nosso país. O engenheiro Emerson Melo leva seus dois filhos gêmeos, Pedro e Vitor, 8, há dois anos na academia. Ele explicou que o esporte é ótimo para o desenvolvimento social das crianças. “Um não pode machucar o outro, não pode brigar. Não é uma luta, é uma dança. Uma forma de desestressar e se divertir. Eles crescem levando esses valores para o futuro”, contou. O professor de educação física e ex-diretor da Federação Paulista de Capoeira, mestre Diolino de Brito, disse que prefere lidar com o lado sociocultural da capoeira e se distanciar das competições. O mestre trabalha no Espaço Corporal Homero Lopes, em Santo André, e no SESC, em São Caetano, com a inserção da cultura afro-brasileira por meio da prática do esporte. Brito joga capoeira desde 1989 e explicou que nos últimos anos a prática foi ampliada. “Isso tem o lado positivo e negativo. Tem muita oferta, mas isso não quer dizer que é bom. Pode perder a qualidade, como tudo que é

Gêmeos Pedro e Vitor jogam na roda aberta de capoeira de sexta-feira. Com apenas 8 anos de idade, eles já trocaram de faixa duas vezes

massificado”. Apesar disso, contou que dessa forma a divulgação da capoeira se tornou mais eficiente. O consultor de empresas Paulo Henrique de Oliveira, descobriu o esporte em 2009. Agora, com 35 anos, pratica no Grupo Corrente de Capoeira, com o mestre Beterraba. Oliveira lutava taekwondo, mas encontrou na capoeira uma forma de expressão corporal rica em conhecimento. “Comecei a ler a parte da história e das lendas. Os brasileiros não dão muita atenção para sua riqueza cultural. O Brasil tem uma arte marcial rica e complexa”, explicou.

HISTÓRIA O esporte une danças e lutas de culturas africanas que se estabeleceram no Brasil a partir século XVI com a escravidão. Como os escravos eram proibidos de exercer qualquer tipo de atividade física envolvendo lutas e golpes, criaram essa forma de arte marcial que usa a dança como base para a autodefesa. Dessa maneira os senhores de engenho não percebiam que a prática servia para a manutenção do físico e das culturas desses povos. A capoeira possui os estilos angola, regional e contemporâneo e chegou a ter a sua prática proibida até 1930.

Ao comparar a atividade com outros esportes que envolvem luta, Oliveira disse que a capoeira se difere por ser mais divertida. “É a única arte marcial que você faz sorrindo. Nas outras, as pessoas só pensam em luta. Você brinca como

Armando Moura Mestre Beterraba

uma criança e ao mesmo tempo está aprendendo uma defesa pessoal. Eu chamo a capoeira também de terapia”, contou. A fisioterapeuta, Daniela de Rissio, 37, pratica o esporte há quase um ano. Moradora de São Paulo,

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Capoeira, na verdade, pode ser luta e cultura. Tem o samba de roda, frevo, a parte lúdica e musical.”

Daniela se locomove até a Vila Vivaldi em São Bernardo para fazer as aulas com o Grupo Angolinha. “A capoeira melhorou meu físico e também minha cabeça, consigo relaxar, pois pratico o esporte, ouvimos e cantamos as músicas e encontramos os amigos, nessa grande confraternização”, disse. Serviço Grupo de Capoeira Corrente: rua Angel Serrano Fernandes, 282, Jordanópolis. Preço mensal das aulas: R$ 60. 

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Cidades da região têm projetos para jovens Lucas Alencar

O QUE NÃO faltam são espaços e oportunidades para quem quer praticar capoeira no ABC. Na cidade, o Grupo de Capoeira São Bernardo organiza uma roda diária na academia Yakko Sideratos, no bairro Ferrazópolis. O estudante Carlos Wilker, 22, participa das atividades do grupo há dois anos e disse que já percebeu os benefícios da capoeira em sua vida. “Eu era sedentário, não praticava esportes porque nenhum me interessava, mas conheci a capoeira e essa visão mudou”, afirmou Wilker, que já perdeu 11 quilos desde quando começou na capoeira. Em Santo André, Welinton Cintra, o mestre Miudinho, 42, oferece aulas de capoeira na Escola Negro Negô, fundada há 11 anos. Além do curso, Cintra também organiza rodas com crianças que não têm condição de pagar pelas atividades. “Para a capoeira continuar, é preciso fazer um trabalho de base, desde a infância. Com tanta cultura vindo de fora, não podemos desvalorizar o que é do Brasil”, declarou. Além do curso, o mestre organiza o que chama de apadrinhamento, iniciativa que alunos com melhor condição financeira e comerciantes da região ajudam crianças que não têm como comprar o básico para praticar a capoeira, como o uniforme, por exemplo. Em Diadema, o professor de educação física Cláudio Garcia, o professor Bambam, 40, realiza um

projeto de capoeira com os alunos da Escola Estadual Jorge Ferreira, no bairro Serraria. Ele disse que se sentiu quase que obrigado a desenvolver esse trabalho. “Sempre pratiquei, minha família sempre praticou. Quando comecei a dar aula, senti que precisava devolver para a capoeira o muito que ela me deu”, contou. Para ele, fazer essa atividade é importante não só para introduzir a cultura da capoeira na vida das crianças, mas também para ajudá-las no desenvolvimento de seu caráter. “Além da atividade prática, trabalhamos, entre outras coisas, a disciplina, os respeitos mútuo e aos mais velhos, além da quebra dessa relação de mais forte e mais fraco”, falou Garcia. Segundo o professor, há algum tempo, a escola já está colhendo os frutos da atividade. “Temos percebido que eles estão diferentes, melhoraram muito no aspecto das relações humanas”, disse o professor, que teve alunos que continuaram praticando e alcançando novas graduações na capoeira. 

SERVIÇO ACADEMIA YAKKO SIDERATUS Rua Tiradentes, 193 - bairro Ferrazópolis, em São Bernardo. Às segundas, quartas e sextas, das 18h30 às 20h; terças e quintas, das 20h30 às 22h, e sábados, das 11h às 12h30. ESCOLA NEGRO NAGÔ Rua Alameda México, 250 – Vila Metalúrgica, em Santo André. Às terças e quintas, das 19h30 às 21h e sábados, das 11h às 13h.

Arquivo Pessoal/Escola Negro Nagô

Juliana Frezarin/RRJ

Três vezes por semana as crianças, jovens e adultos do Grupo de Capoeira Angolinha se reúnem na academia

Estilo Angola mantém tradições Juliana Frezarin

No ABC desde

A CAPOEIRA Angola pode ser definida como manifestação popular, onde se dá mais atenção aos aspectos culturais. Apesar disso, existem princípios, como a lealdade ao mestre e aos irmãos de capoeira e o respeito à ancestralidade. Para Marcelo de Souza Silva, conhecido como mestre Magoo, no Grupo de Capoeira Angolinha, “a roda tem uma característica mais artística do que desportiva.” Mestre é a principal hierarquia da capoeira, atua como controlador da roda, impondo o ritmo, os cânticos, o jogo e quem joga. Cada grupo define o processo para se chegar a esse grau, mas é comum que o título venha com o tempo de atuação, aliado ao reconhecimento enquanto difusor da tradição capoeirística e reconhecimento dos demais praticantes. “Acredito que os atributos para se chegar a esse nível sejam determinação, dedicação e paciência”, afirmou mestre Magoo. Os graus que antecedem o de mestre

1978 o Grupo de Capoeira Angolinha já teve

5 mil alunos registrados

variam de grupo para grupo, mas são comuns as nomeações de contramestres, estagiários e alunos. No ABC, o Grupo de Capoeira Angolinha, existente há 40 anos, abriu uma academia no Rudge Ramos em 1978. “Logo apareceram ‘interessados’ por ser novidade na região”, explicou mestre Magoo. Desde que a academia foi aberta, foram registrados 5 mil alunos de todas as faixas etárias. As aulas acontecem às segundas, quartas e sextas-feiras, e a mensalidade é de R$ 60. Arthur Pelosini, 6, prati-

Uma coisa que aprendi e acho fundamental é nunca subestimar ninguém, qualquer pessoa é capaz de surpreender.” Maurício Gomes Vieria

Mestre Miudinho, à esquerda, com as crianças e equipe de sua escola

Administrador e praticante do estilo angolano

ca capoeira desde fevereiro e já foi até apelidado de “Galego” pelo mestre por ser o mais loiro da turma. A mãe, Ivanilde Pelosini, contou que o filho sempre ficou animado ao assistir às rodas de capoeira na Bahia, durante as viagens que a família faz, por isso escolheram a modalidade. A prática também tem disciplinado Arthur, que sempre foi muito agitado. “Tem regras, ele respeita o mestre e isso acaba acontecendo mais em casa. Também é uma forma de extravasar a energia”, afirmou Ivanilde. Entre os benefícios para quem pratica estão a melhora do condicionamento físico e mental, equilíbrio, força e coordenação motora. Parte do processo de aprendizado é levar os conhecimentos da capoeira para o cotidiano: disciplina, concentração e percepção, como se portar em situações adversas, ser paciente, racional, estrategista e coletivo. Mestre Magoo comentou sobre o envolvimento musical, lúdico e social: “Favorece e fortalece o respeito pelo próximo.” Para o administrador Maurício Gomes Vieira, 28, que pratica o estilo Angola há 8 anos, a capoeira é um aprendizado contínuo. “Uma coisa que aprendi é nunca subestimar ninguém, qualquer pessoa é capaz de surpreender”, comentou. 


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