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Este livro faz parte da Coleção Capitais do Brasil. Contém 96 páginas, mas aqui neste modelo estão apenas algumas delas. O livro está dividido em 4 capítulos. No primeiro, temos Geografia: a cidade em seu caráter natural, mostrada como era antes da chegada de seus primeiros desbravadores. Aqui falamos da terra, águas, flora, fauna e clima. Depois vem o capítulo sobre História, que trata da transformação do meio natural e da evolução urbana. No capítulo A Cidade Hoje, são abordadas as características gerais, mostrados seus pontos extremos e estudadas sua arquitetura, economia e estrutura. A viagem termina com o capítulo Cultura, onde o morador da cidade é apresentado, estudando as etnias que o formaram, seu artesanato, sua arte e sua gastronomia. 6
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Coleção Capitais do Brasil - Ensinando a Cidade FL ORIANÓPOLIS FLORIANÓPOLIS Eduardo Fenianos Edição: Editora Univer Cidade Criação, Texto, Pesquisa e Fotos: Eduardo Emílio Fenianos Capa e Programação Visual: Tatiana Kropernicki Ferreira Revisão e Tradução: Fidelity Translations
Reservados todos os direitos. Proibida qualquer reprodução desta obra por qualquer meio ou forma, seja mecânica ou eletrônica, sem permissão expressa, sob pena de incidir nos termos previstos em lei.
SÃO PAULO / 2008 1ª edição EDITORA UNIVER CIDADE Rua Presidente Rodrigo Otávio, 813 Alto da XV - Curitiba - PR Fone: 41 3079-7879 / 41 3362 3307 Rua Alfredo Mendes da Silva, 395, apto 163, torre 2 Vila Sônia - São Paulo - SP Fone: 11 3751-8842 www.urbenauta.com.br editora@urbenauta.com.br
Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP) Bibliotecária responsável: Mara Rejane Vicente Teixeira
Fenianos, Eduardo Emílio, 1970São Paulo / Eduardo Fenianos ; revisão e tradução: Fidelity Translations - Curitiba : Univer Cidade, 2008. 96p. ; 25 cm. -- (Coleção Capitais do Brasil - Ensinando a Cidade ; v. 2) ISBN 978-85-86861-16-1 Texto também em inglês. Inclui bibliografia. 1. Florianópolis (SC) - História. 2. Florianópolis (SC) Descrições e viagens. 1. Título. II. Série CDD (21ª ed.) 981.64
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FIQUE PARA SEMPRE NA MEMÓRIA DE SEUS PARCEIROS E CLIENTES Espaço de até 1700 caracteres em português, com tradução para o inglês para a mensagem do presidente ou representante da empresa aos seus colaboradores, parceiros e clientes. Ao contrário de todas as imagens que tinha da cidade, cheguei em Florianópolis em um dia de chuva. A cidade estava cheia, confusa. A primeira impressão que tive foi péssima. Os moradores estavam nervosos; o trânsito, nervoso; a chuva, nervosa. Não parecia em nada com a Florianópolis sobre a qual ouvi falar. Era um dia 2 de janeiro. Alta temporada! Estava tudo explicado! Para entender melhor a cidade, voltei em épocas, meses, estações diferentes. Com isso, aprendi que Florianópolis apresenta muitas Florianópolis dentro de si mesma e, pra viver em harmonia com ela, é preciso entender, respeitar e viver um pouco de cada uma das Florianópolis que existem. Existe ainda a Florianópolis Vila de Desterro quando conseguimos desvendar a alma histórica do centro da cidade. No Ribeirão da Ilha, no Pântano do Sul, ainda há a Florianópolis dos Açorianos. Dos homens e mulheres que, com seu jeito, conseguem deixar qualquer um de bom humor. Há a Ilha de Santa Catarina, militar, fortificada, bélica, que nos ensina um pedaço precioso da história do Brasil. Há a Floripa que copia ou vive o mesmo ritmo dos mais badalados balneários do mundo quando visitamos Jurerê Internacional ou a Avenida Beira Mar. Há a Floripa dos meses de verão. Lotada, badalada, engarrafada, inflacionada. Mas há também a Floripa invernal. Pacata, típica, tranqüila, onde há muito espaço para os moradores e onde se vive, ao lado do mar, uma vida do interior. Por estas Florianópolis, a todos nós, Boa Viagem!
On the contrary from all images that I had of the city, I arrived in Florianópolis on a rainy day. The city was crowded, confused. The first impression that I had was terrible. The dwellers were nervous, the traffic was nervous, the rain was nervous. It did not look at all like the Florianópolis about which I had heard people talk. It was on a January 2nd day. High season! Everything was explained! To understand the city better, I returned at different times, months, seasons. As a result, I learned that Florianópolis presents many cities of Florianópolis within itself and to live in harmony with it, one must understand, respect and live a little of each one of the Florianópolis there are. There is also the Vila de Desterro Florianópolis when we manage to unveil the historic soul of the center of the town. At Ribeirão da Ilha, in Pântano do Sul, there is still the Florianópolis of the Azorians. Of the men and women who, in their own way, manage to make anyone be a good mood. There is the Island of Santa Catarina, military, fortified, warlike, which teaches us precious pieces of the Brazilian history. There is the Floripa that copies or lives within the same rhythm as the most knocked about resorts in the world when we visited Jurerê Internacional or Avenida Beira Mar. There is the Floripa of the summer months. Crowded, knocked about, bottlenecked, expensive. But there is also the winter Floripa. Serene, typical, quiet, where there is a lot of space for the dwellers and where one lives, by the sea, a small-town, inland life. For all of these Florianópolis, we wish us all, Bon Voyage! 3
Nome Name
Florianópolis já foi chamada de Meiembipe. Florianópolis used to be known as Meiembipe. Os Carijós chamavam a porção onde hoje está Florianópolis de Meiembipe que, segundo pesquisadores, pode significar “montanha ao longo do mar”, “lugar depois do rio” ou “montanha ao longo do canal”. Após o descobrimento, navegadores portugueses passaram a chamá-la de Ilha dos Patos, talvez pela quantidade de biguás (Phalacrocorax brasilianus) ao redor dela. Pouco tempo depois, o navegador italiano Sebastiano Caboto, a serviço da Espanha, passou a denominá-la de Ilha de Santa Catarina, em homenagem à sua esposa, Catarina de Medrano, ou por aportar na ilha no mês ou dia de Santa Catarina (25 de novembro), já que era costume português dar o nome dos santos do dia aos lugares que descobriam. Ao chegar à região, o bandeirante paulista Francisco Dias Velho ergueu uma capela dedicada a Nossa Senhora do Desterro, provavelmente uma homenagem a Maria, que foi desterrada, ou seja, tirada de sua terra, para salvar Jesus da perseguição de Herodes. Em 24 de março de 1726, a então povoação se desmembrava de Laguna, passando a se chamar de Vila de Nossa Senhora do Desterro. O certo é que o nome Desterro não nasceu porque a ilha servisse como exílio ou prisão para os desterrados. Isso aconteceu apenas entre 1794 e 1796. Em 17 de maio de 1894, após a proclamação da República, o Desembargador Genuíno Firmino Vidal Capistrano, em uma reunião pública, propôs o nome Florianópolis, numa homenagem ao Marechal Floriano Peixoto, o líder da república recém-instalada. Em 1º de outubro de 1894, o Governador Hercílio Pedro da Luz sancionou a Lei nº 111, alterando o nome de Nossa Senhora do Desterro para Florianópolis. Apesar de mundialmente famoso o nome é contestado por muitos moradores por homenagear o Marechal Floriano Peixoto em cujo governo cerca de duzentos catarinenses foram enforcados ou fuzilados na Chacina de Anhatomirim. (ver pág 31 capítulo A História).
The Carijó indians used to call the track of land where Florianópolis is located “Meiembipe” which, according to researchers, might mean “mountain alongside the sea,” “place beyond the river,” or “mountain alongside the channel.” After the discovery by Europeans, Portuguese sailors started calling it Ilha dos Patos (Island of the Mallards), maybe because the great number of Brazilian cormorants (Phalacrocorax brasilianus) found in the island. A little after that, Italian sailor Sebastiano Caboto, who served the Spanish crown, named it Ilha de Santa Catarina (Island of Santa Catarina), in homage to his wife, Catarina de Medrano. Another possible reason is that he arrived to the island in Saint Catherine’s month or day (November 25th), and since it was the custom of the Portuguese to name the lands they discover after the saint of the day it was discovered, the island was thus baptized. When he arrived to the region, Francisco Dias Velho, an explorer from São Paulo, built a chapel dedicated to Nossa Senhora do Desterro (Our Lady of Exile), perhaps in honor of Mary, mother of Jesus, who was forced into exile in order to save her child from the persecution by Herod. On March 24, 1726, the settlement was dismembered from Laguna, being named Vila de Nossa Senhora do Desterro (Village of Our Lady of Exile). What is known for sure is that the name Desterro (Exile) did not refer to the island being a place of exile or a prison, even though it served for such purposes between 1794 and 1796. On May 17, 1894, after the proclamation of the Republic, Judge Genuíno Firmino Vidal Capistrano, in a public meeting, suggested that the city was renamed Florianópolis, in honor to Marshall Floriano Peixoto, the president of the republic at the time. On October 1st, 1894, governor Hercílio Pedro da Luz sign a bill – number 111 – changing the name from Nossa Senhora do Desterro to Florianópolis. Despite being world-wide famous, the name has been challenged by several because of the fact that during the presidency of Marshall Floriano Peixoto, around two hundred catarinenses were hanged of shot during the Anhatomirim Massacre (see page 31, in the A História chapter).
Na foto acima, o Marechal Floriano Peixoto, cujo nome, apesar de ter sido um algoz da antiga Desterro, batizou o município de Florianópolis.
In the photo above, Marshall Floriano Peixoto, who, in spite of having been an executioner from old Desterro, had his name baptize the municipality of Florianópolis.
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Símbolos da Cidade Symbols of the City
Brasão Municipal de Florianópolis O Brasão do Município de Florianópolis foi criado pela Lei nº 1408, de 15 de março de 1976. É um escudo do tipo português, contendo ao centro a cruz da Ordem de Cristo. Sobre o escudo há uma coroa mural de ouro, com três torres completas. A imagem do bandeirante lembra a figura de Francisco Dias Velho, fundador da cidade, com a mão direita apoiada em um bacamarte. À esquerda está a figura de um Oficial do Regimento de Infantaria de Linha da Ilha de Santa Catarina, vestindo o uniforme de gala previsto no Plano de 1786. Sua mão esquerda repousa sobre uma espada.
Florianópolis’ Coat of Arms The Coat of Arms of the City of Florianópolis was established through Bill 1408, passed on March 15, 1976. It is a Portuguese-style coat of arms containing a cross of the Order of Christ at the center. Over it there is a golden wallstyled crown, with three complete turrets. The picture of the bandeirante reminds one of Francisco Dias Velho, founder of the city, with a musket on his right hand. To the left, there is an officer of the Line Infantry Regiment of the Santa Catarina Island, wearing a gala uniform as prescribed by the Plan of 1786. He is holding a sword with his left hand.
Bandeira Municipal Foi instituida pela lei nº 1409 de 17 de março de 1976. É formada por um retângulo branco com duas faixas vermelhas, as cores do Estado, tendo no seu centro o Brasão das Armas sem as figuras de Francisco Dias Velho e do Oficial do Regimento de Infantaria.
City Flag It was established through Bill 1409, passed on March 17, 1976. It is made up of a white rectangle with two red stripes – the colors of the state – and it presents the city’s Coat of Arms without the pictures of Francisco Dias Velho and the Infantry Regiment Officer.
Outros Símbolos escador V O Martim PPescador Verde erde (Chloroceryle amazona) é a avesímbolo da cidade. O Guarapuvu (Schizolobium parahyba) a sua árvoresímbolo e a Orquídea Laelia Purpurata a florsímbolo do município.
Other Symbols The Amazon Kingfisher (Chloroceryle amazona) is the city’s official bird. The Brazilian Fern TTree ree (Schizolobium parahyba) is its official tree, and the Laelia Purpurata orchid its official flower. 9
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A Flora
The Flora
Ao caminhar pelos morros, trilhas e praias de Florianópolis, encontramos basicamente três tipos de formação vegetal: a vegetação de restinga, os manguezais e a floresta tropical úmida. When we walk on the hills, trails and beaches of Florianópolis, basically, we find three types of vegetable formations: marsh vegetation, mangrove and tropical rain forest. Estas matas, em sua maioria, não são primárias, pois foram devastadas durante aproximadamente 4 séculos, desde a chegada dos primeiros europeus. Mesmo assim, ainda é possível encontrar resquícios e paisagens parecidas ao que encontraram os primeiros desbravadores. Vamos a elas: They are not primary forests, though, for they have been devastated for over four centuries, since the arrival of the first European settlers. Even so, it is still possible to find remainders and landscapes that are similar to those found by the first settlers. Let’s have a look at them:
Mapa / Map: IPUF 14
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A Restinga A restinga é uma faixa de areia entre o mar e a terra. Nela nasce uma vegetação rasteira chamada de jundu. Essa vegetação parece um capim simples, mas tem muita utilidade. Ela “acalma” as ressacas, dá firmeza ao solo, produz matéria orgânica e abriga organismos importantes para a preservação da vida nas praias. Nela nascem árvores, arbustos, epífitas, trepadeiras, muitas bromélias de chão e samambaias. A vegetação da Restinga se caracteriza por folhas rijas e resistentes, caules duros e retorcidos e raízes com forte poder de fixação no solo arenoso.
Marshes Marsh is a track of sand between the sea and the land. In it, grows low vegetation called jundu. This type of vegetation looks like simple grass, but it is very useful. It serves as soil protector, preventing it from being taken by the tides, as well as producing organic matter and sheltering organisms important to the preservation of life on the beaches. In it trees, all types of bushes, bromeliaceous plants, and ferns grow. Sturdy leaves, hard and retorted stems, and roots that present a strong grip in the sandy terrain characterize the vegetation of the marshes.
O Guarapuvu
Brazilian Fern Tree
A lei municipal nº 3.771 de 15 de junho de 1992, instituiu o Guarapuvu (Schizolobium parahyba) como a árvore-símbolo de Florianópolis. Por exigir muita luz em seu crescimento ela cresce na maioria das vezes em matas abertas, despontando entre outras espécies o seu tronco reto e elegante de cor cinzenta e casca lisa. É uma árvore muito utilizada em parques, praças, jardins e arborização de ruas, pois suas raízes, profundas em solos permeáveis, causam poucos danos a muros e calçamentos. Das espécies nativas, é uma das que cresce mais rápido, além de produzir muitos frutos e sementes, o que facilita sua proliferação. Por isso é bastante utilizada em áreas de reflorestamento. Se você quiser plantar um Guarapuvu, basta pegar suas sementes, fervê-las e deixálas na água por 24 horas. Não esqueça de plantá-las em um campo aberto, que não sofra inundações.
City Bill number 3,771 passed on June 15, 1992, established the Brazilian Fern Tree (Schizolobium parahyba) as the official tree of Florianópolis. Because it requires lots of sunlight to develop, it usually grows on open forests, standing out among the other species because of its straight, elegant and smooth grey trunk. It is a popular choice in landscapes of parks, squares, gardens, and streets, because its roots, which grow deep in sandy soils, cause little damage to walls and sidewalks. Of the native species, it is one of the fastest to grow, besides producing a lot of fruits and seeds, which makes its proliferation easier. For this reason, it is widely used in reforestation areas. If you want to grow a Brazilian fern tree, you just need to take its seeds, boil them and let them soaking in water for twenty-four hours. Do not forget to plant them on open fields not subject to floods. 15
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A Fauna The Fauna
As onças (Panthera onca) dominavam as florestas de Florianópolis quando os primeiros desbravadores chegaram. The jaguars (Panthera onca) dominated the forests of Florianópolis when the first settlers arrived to the island.
Quando os primeiros desbravadores portugueses chegaram à região do atual município de Florianópolis, junto aos índios carijós que a habitavam, encontraram centenas de espécies de mamíferos, aves, peixes e répteis. Até meados do Século XIX, são comuns os relatos de que parte de suas matas não foram devastadas ou habitadas por receio de “feras”, como as onças (Panthera onca), que as habitavam. A fauna marinha era a fonte principal de alimento dos índios, que se alimentavam de peixes como linguados, manjubas, tainhas e robalos ou de crustáceos como os carangueijos e de moluscos como ostras, mexilhões e berbigões. Também chamaram a atenção dos desbravadores os golfinhos e as baleias migratórias que foram caçadas predatoriamente principalmente no Século XVIII, época das grandes armações. Essa riqueza marinha é possível porque as águas polares da Corrente das Falklands se encontram com as águas quentes da Corrente do Brasil na
When the first Portuguese settlers arrived to the region of where today is Florianópolis, along with the Carijó indians that inhabited it, they found hundreds of mammal, bird, fish and reptile species. Until mid-Nineteenth Century, reports are common that part of its forests were not devastated or inhabited for fear of wild animals, such as the jaguars (Panthera onca) that abounded in them. Marine animals were the main source of food of the indians, who ate fish like flounders, anchovies, perches, and common snooks, or crustaceans such as crabs and mollusks such as oysters, clams and mussels. Additionally, dolphins and migratory whales caught the attention of the settlers who hunted them in a predatory manner especially in the Eighteenth Century, when it was a popular practice. This marine bountifulness is possible because the cold waters of the Falkland Stream meet the hot ones of the Brazilian Stream precisely in the area of
Jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) em lagoa na Praia da Daniela. Acima, saíra-sete-cores (Tangara seledon) e maria farinha (Ocypode spp.).
A broad-snouted caiman (Caiman latirostris) in a lagoon at the Daniela beach. Above, a green-headed tanagers (Tangara seledon), and a ghost crab (Ocypode spp.).
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Apesar da gralha-azul ser a ave-símbolo do Paraná, elas são encontradas em número muito maior em Florianópolis.
Although the blue jay is the symbolic bird of Paraná, they are found in a much higher number in Florianópolis.
região de Florianópolis. Por isso, ela é povoada por peixes tropicais e espécies de águas mais frias. Com a ocupação humana, que provocou grandes modificações na natureza, o número de animais nativos diminuiu. Mesmo assim, muitos animais ainda podem ser encontrados em Florianópolis. Como há muitas matas em recuperação, a avifauna (aves) em particular é muita rica, sendo constituída por cerca de 170 espécies. Pela proximidade com o mar, são comuns as gaivotas (Larus argentatus) e os atobás (Sula leucogaster). Fazendo trilhas em regiões mais isoladas, principalmente no sul da ilha, onde temos a floresta subtropical úmida, são avistadas gralhasazuis (Cyanocorax caeruleus) que, apesar de serem a ave-símbolo do Paraná, são muito mais comuns em Florianópolis. Nesta floresta também vivem o aracuã escamoso (Ortalis Squamata) e a araçari banana (Pteroglossus aracari), além do mamíferos como o macaco-prego (Cebus apella). Na região de campos e dunas, vi a corujaburaqueira (Speotyto cunicularia) e os quero-queros (Vanellus chilensis). Nos banhados, brejos, lagos e lagoas vemos a jaçanã (Jacana jacana), a garça branca grande (Ardea alba), e o frango d’água azul (Porphhyrio martinica), além de jacarés-de-papo-amarelo (Caiman latirostris). Entre os répteis já foram identificadas cerca 30 espécies de cobras e lagartos. Entre as cobras mais
Florianópolis. For this reason, its waters are populated by tropical fishes and species hailing from colder waters. Along with the human occupation, which caused major changes in the natural setting, the number of native species decreased. Regardless, several animals are still found in Florianópolis. Since there are still forests in recovery, the bird population in particular is very rich, presenting around 170 species. Because of the proximity to the sea, seagulls (Larus argentatus) and the brown boobies (Sula leucogaster) are common. Walking the trails of the more isolated areas, especially to the south of the island, where there is tropical rain forest, one can see azure jays (Cyanocorax caeruleus) that, despite being the official bird of neighboring state of Paraná, are much more common in Florianópolis. In these woods, there are also the scaled chachalaca (Ortalis squamata) and the black-necked aracari (Pteroglossus aracari) as well as mammals such as the brown capuchin monkey (Cebus apella). In areas of open fields and dunes, there are the burrowing owl (Speotyto cunicularia) and southern lapwings (Vanellus chilensis). In the marshes, swamps, lakes and lagoons, we can observe wattled jacanas (Jacana jacana), great egrets (Ardea alba), and the purple gallinule (Porphyrio martinica), as well as the broadsnouted caiman (Caiman latirostris). 19
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Século XVIII Eighteenth Century
Os relatos daqueles que visitam a Ilha de Santa Catarina continuam. Em 1711, o Sargento-mor Manuel Gonçalves de Aguiar comenta: “Esta dita Ilha de Santa Catarina pela observância que fiz, com curiosidade, achei ter vinte léguas de circuito, todas com ricas enseadas, praias de areias e rios e achei, pelo que vi, dela serem as melhores terras de toda a América do Brasil, por nela se darem todos os gêneros de frutas”. Em 1712, é a vez do viajante Amédée François Frézier falar de sua viagem: “É a Ilha uma contínua floresta de árvores verdes o ano inteiro, não se encontrando nela outros sítios praticáveis a não ser os desbravados em torno das habitações, isto é, doze ou quinze sítios dispersos aqui e acolá. A caça dos habitantes é o macaco, de que ordinariamente se alimentam”. Nessa época, os viajantes ainda comentam que a ilha não contava com muitos homens brancos e que ainda era infestada de onças. As terras do continente eram inteiramente desabitadas e os colonos, temendo os poucos índios que restaram e os animais ferozes, como as já citadas onças, só entravam em suas matas em grupos de 30 ou 40 homens. Em 23 de março de 1726, a povoação foi elevada à categoria de vila, sendo denominada Vila de Nossa Senhora do Desterro, o que corresponderia a um município hoje. Por isso, a data foi escolhida para comemorar o aniversário de Florianópolis. Já em 1738, a Vila é elevada à sede da Capitania de Santa Catarina, o que na atualidade corresponderia a ser a Capital do Estado. Em 1711, a Ilha de Santa Catarina e seu continente, que até então eram uma doação que D. João III fez a Pero Lopes de Souza, voltaram ao domínio da Coroa. Com isso, o governo passou a se interessar mais por ela. Vendo a sua importância militar e sua posição estratégica para a defesa do território brasileiro, a partir
Reports by those who visited the Island of Santa Catarina continue. In 1711, SergeantMajor Manuel Gonçalves de Aguiar comments: “This so-called Island of Santa Catarina from what I have seen, out of curiosity, is 20-league long full of inlets, sandy beaches and rivers and I found, from what I saw, it has the best lands in all of Brazilian America, for there are all kinds of fruits in there.” In 1712 it is traveler Amédée François Frézier’s turn to write about his journey: “The island is a continuous forest of evergreen trees, in which there are no suitable sites but those explored around the houses, that is, twelve or fifteen sites scattered here and there. The inhabitants hunt monkeys, which are their main source of food.” At that time, travelers still commented there were very few white men in the island that was still a roaming ground for jaguars. The lands on the continent were entirely uninhabited and the settlers, fearing the remaining indians and savage beasts, like the already mentioned jaguars, only entered the woods in groups of 30 or 40 men. On March 23, 1726, the settlement was elevated to the category of village, being named Vila de Nossa Senhora do Desterro. For this reason, the date was chosen as the anniversary of Florianópolis. In 1738, the village named the capital of the Santa Catarina Captainship. In 1711, the Island the Island of Santa Catarina and the continental area next to it, which until then were a donation by Portuguese king D. João II to Pero Lopes de Souza, were returned to the crown. Thus the government started being more interested about it. Because of its military importance and its strategic position for the defense of Brazilian territory, beginning in mid-Eighteenth Century, several forts were built in the Acervo: Ylmar Corrêa Neto. Reproduzida do livro História de Florianópolis.
Entrada Norte da Ilha de Santa Catarina retratada por George Anson em 1740. North Entrance of the Island of Santa Catarina portrayed by George Anson in 1740. 28
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View from the Island of Santa Catarina by Duché de Vancy, 1785.
da segunda metade do Século XVIII vários fortes são construídos na ilha, muitos deles ainda em pé. Como nem Portugal nem Espanha respeitavam o Tratado de Tordesilhas, os ataques entre eles eram freqüentes. Para tentar resolver a questão, em 13 de janeiro de 1750 eles firmaram o Tratado de Madrid, firmado no princípio jurídico do uti possidetis, ou seja, é dono da terra quem a ocupa. Por isso, os portugueses não perderam tempo em povoar a ilha e defendê-la. Como já vimos, construíram fortes para sua defesa e passaram a buscar novos povoadores. Como o arquipélago dos Açores estava superpovoado, com seus moradores prestes a passar fome, a solução foi trazê-los para povoar a Vila. Entre 1748 e 1756, a ilha, ainda pouco povoada, recebeu cerca de 6.000 açorianos, que muito influenciaram a cultura da cidade. Eles viviam da agricultura e da pesca. Nessa mesma época é iniciada a pesca das baleias na ilha, com a instalação das famosas “armações”. Uma delas é a Armação da Lagoinha, estabelecida em 1771. Com um número maior de habitantes, aos poucos a vila vai enriquecendo. Ao mesmo tempo, os animais e as matas nativas vão diminuindo.
island, of which several are still standing nowadays. Since neither Portugal nor Spain respected the Tordesillas Treaty (see page XX), attacks between them were frequent. In order to try to find a solution, on January 13, 1750, they sign the Madrid Treaty, based on the law principle of uti possidetis, i.e., the one who occupies the land is its rightful owner. For this reason, the Portuguese wasted no time in settling on the island to defend it. As we have already seen, they built forts for its defense and started trying to lure people to live there. Since the Azores Islands were becoming overpopulated and their inhabitants on the verge of starvation, the solution was to bring several of them to live on the island. Between 1748 and 1756, the island, which was still scarcely populated, received around 6,000 from the Azores, who influenced the island’s culture. They lived off farming and fishing. At that same time whaling starts on the island, with the famous “armações” being built. One of them is the Armação da Lagoinha, which was built in 1771. Com um número maior de habitantes, aos poucos a vila vai enriquecendo. Ao mesmo tempo, os animais e as matas nativas vão diminuindo.
Acervo: Ylmar Corrêa Neto. Reproduzida do livro História de Florianópolis.
Vista da Ilha de Santa Catarina, por Duché de Vancy, em 1785.
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Anos 80 The Eighties
Nas fotos, a Rua Felipe Schmidt, após a Gerônimo Coelho, em meados dos anos 80, e uma vista aérea da cidade, já com a Ponte Colombo Salles e as obras em andamento da Baía Sul. In these pictures, the Felipe Schmidt Street, beyond the Gerônimo Coelho street, in mid-1980s, and an aerial view of the city, with the Colombo Salles Bridge already concluded and the works at Baía Sul under way. 40
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Fotos desta página: Acervo: Casa da Memória / Fundação Franklin Cascaes.
A partir dos anos 80, como resultado do forte investimento no turismo, Florianópolis atrai visitantes de todo o país. Muitos se fixam permantentemente na cidade. O reflexo desse crescimento é visto em números. Florianópolis, que inicia os anos 80 com 187.871 habitantes, chegará à década de 90 com 255.390 habitantes. Muitos fogem da correria ou da violência em outras cidades, buscando refúgio na Ilha da Magia. Não é mais o porto que liga a cidade ao mundo, como acontecia no passado. Agora, os visitantes ou negociantes chegam através do aeroporto ou da BR 101. A partir dos anos 80, as praias do norte da ilha recebem um número maior de turistas brasileiros e estrangeiros. Frente à necessidade de preservação da mata e da fauna nativas, o poder público começa a tomar iniciativas. Em 1983, o mangue do Rio Ratones passa a ser preservado dentro da Reserva Ecológica dos Carijós. Ao mesmo tempo que afeta paisagens e costumes, o turismo incentiva a preservação do patrimônio histórico na região central. Em 1984, é a vez do Forte Santa Bárbara ser tombado. Já em 1986, uma grande reforma recupera o Mercado Público. Como uma forma de preservar os costumes, memória e o folclore dos antepassados, é criada em 1987 a Fundação Cultural de Florianópolis – Franklin Cascaes.
Because of the high investment made in tourism, in the 1980s Florianópolis begins attracting visitors from all over the country. Many settle permanently in the city. This growth is reflected in the figures. Florianópolis, which starts the 1980s with 187,871 inhabitants, will reach the 1990s with 255,390 inhabitants. Many escape from the rush and violence in other cities, seeking refuge in the Island of Magic. The port no longer connects the city to the world, as it did in the past. Now visitors or executives arrived via the airport or the BR 101 highway. In the 1980s, the beaches on the north side receive an increasing number of tourists – both Brazilian and from abroad. Facing the necessity of preserving native forests and fauna, public administrators start taking measures. In 1983, the Rio Ratones mangrove becomes a protected area inside the Carijós Ecological Preserve. At the same time that it affects landscape and customs, tourism encourages the preservation of historical patrimony in the downtown area. In 1984, it is the Santa Bárbara Fort’s turn to enter in the historical registry. In 1986, the Public Market undergoes major restoration works. As a way of preserving customs, memory and traditions from the ancestors, the Fundação Cultural de Florianópolis – Franklin Cascaes is established in 1987.
Anos 90 The Nineties
The decade begins with the inauguration of the Pedro Ivo Campos Bridge and a considerable increase in population. Retirees arrive, seeking a place with good infrastructure to rest, and middle- and upper-middle class families seeking a better quality of life. With booming tourism and increased population, more hotels, restaurants and clubs are established. New neighborhoods appear in the island and roads are widened and paved. The view that one has of downtown is no longer that of the cathedral towers or the historical buildings, but the tall office buildings. The notion of time and space changes. The implementation of the SC 401 road is a big factor in the establishment of new residential areas, such as the Jurerê, which attracts both locals and people from other cities looking for a high standard of living. However, for the building of new enterprises, dunes, marshes, hills and mounts are occupied. Nature gives way to real estate speculation. On the other hand, there is a rise in awareness regarding preservation of the environment, with several reservations and preservation areas being created by the government. In the 1996 census, the city counts 271,281 inhabitants.
Nas fotos, Beira Mar Norte e vista aérea das pontes Colombo Salles e Pedro Ivo Campos, nos anos 90.
In the photos, Northern Beira Mar and air view of bridges Colombo Salles and Pedro Ivo Campos, in the 90‘s.
Fotos desta página: Acervo: Casa da Memória / Fundação Franklin Cascaes.
A década começa com a inauguração da Ponte Pedro Ivo Campos e um aumento considerável no número de habitantes. Chegam os aposentados, que buscam um lugar com estrutura para descansar e as famílias de classe média e alta buscando uma melhor qualidade de vida. Com a explosão do turismo e o aumento da população, surgem vários hotéis, restaurantes e bares. Novos bairros são abertos no interior da ilha e estradas são alargadas e asfaltadas. A visão que se tem da região central não é mais da torre da catedral ou dos prédios históricos, mas sim dos grandes edifícios destinados principalmente a escritórios comerciais. A noção de tempo e espaço muda. A implantação da Rodovia SC 401 motiva a criação de balneários e loteamentos, como o de Jurerê Internacional, para atender moradores locais e de outras cidades que buscam um estilo requintado de vida. Para a construção de novos empreendimentos, dunas, restingas, morros e encostas são ocupados. É a especulação imobiliária tomando o lugar da natureza. Em contrapartida, também aumenta a preocupação com a preservação da natureza, sendo criadas várias reservas e áreas de preservação por parte do poder público. No Censo de 1996, a cidade contabiliza 271.281 habitantes.
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A Cidade Hoje City Today
Florianópolis é a Atlântida que não está no fundo do mar. Com uma área de 436,5 km2, a cidade luta para preservar o que a fez famosa e lhe trouxe muitas riquezas: as suas belezas naturais. Dividido em 12 distritos, o município tem um dos melhores IDH (Índice de desenvolvimento humano) do país. Por ter a forma de uma mulher esbelta, quase tudo o que não estiver na região central ou no continente é distante. Por isso, espalhamse por seu território as famosas SCs, estradas que nos fazem percorrer Floripa como se estivéssemos viajando por lugares distantes É por estas vias que neste capítulo percorreremos primeiro seus pontos cardeias. Depois, como se pegássemos um submarino urbano nos aprofundamos na história e na identidade da cidade viajando por sua região central. O capítulo termina percorrendo praias, trilhas, lagoas e fortes que mostram que além de uma natureza exuberante, Florianópolis também tem muita história e cultura pra mostrar.
Florianópolis é a Atlântida que não está no fundo do mar. Com uma área de 436,5 km2, a cidade luta para preservar o que a fez famosa e lhe trouxe muitas riquezas: as suas belezas naturais. Dividido em 12 distritos, o município tem um dos melhores IDH (Índice de desenvolvimento humano) do país. Por ter a forma de uma mulher esbelta, quase tudo o que não estiver na região central ou no continente é distante. Por isso, espalham-se por seu território as famosas SCs, estradas que nos fazem percorrer Floripa como se estivéssemos viajando por lugares distantes É por estas vias que neste capítulo percorreremos primeiro seus pontos cardeias. Depois, como se pegássemos um submarino urbano nos aprofundamos na história e na identidade da cidade viajando por sua região central. O capítulo termina percorrendo praias, trilhas, lagoas e fortes que mostram que além de uma natureza exuberante, Florianópolis também tem muita história e cultura pra mostrar.
Florianópolis vista do Morro da Cruz. Em primeiro plano a região central. No fundo, sua parte continental. Florianópolis vista do Morro da Cruz. Em primeiro plano a região central. No fundo, sua parte continental. 44
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Centro
Downtown
A região central de Florianópolis é a mais populosa, concentrando o maior número de construções mais antigas. Nela está a Assembléia Legislativa, a Câmara Municipal e a maioria dos edifícios da cidade. Tecnicamente, a região oeste equivaleria ao centro. Nas fotos, o centro à noite, visto do Morro da Cruz, a mesma região durante o dia, o centro visto do Sambaqui e a Beira Mar Norte. The downtown region of Florianópolis is the most populous and the one that concentrates the highest number of the older buildings. Among them, the Legislative Assembly, the Municipal Chamber and most of the city buildings. Technically, the west region would be equivalent to downtown. In the pictures, downtown at night, seen from the Morro da Cruz, the same region during the day, downtown seen from Sambaqui and the North Beira Mar.
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Viagem ao Centro Trip to the Center
O mapa abaixo indica toda a região central de Florianópolis. Suas ruas, praças, construções e moradores revelam a história rica que a antiga Desterro guarda. Escolha o seu caminho. O meu começa agora. Até os anos 70, quando uma porção da baía sul foi aterrada, havia entre a Praça XV e o antigo Miramar, um monumento que indicava o local onde, acredita-se, teria desembarcado Francisco Dias Velho, considerado o fundador de Florianópolis. Para não esquecer da importância histórica do local, iniciei minha caminhada por ali.
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The map below indicates all the central region of Florianópolis. Its streets, squares, constructions and inhabitants disclose the rich history that old Desterro has. Select your route. Região Central em 1957. Central Region in 1957. Mine starts now. Up until the 70‘s, when a portion of the south bay was banked up, there was a monument between Praça XV and old Miramar, which indicated the place where it is believed Francisco Dias Velho would have disembarked. As he is considered to be the founder of Florianópolis, so as not to forget the historical importance of the site, that is the place where I started my hiking.
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Praça XV e Arredores Praça XV and Surroundings
Depois de conhecer o Museu do Saneamento, marco da primeira rede de esgomento tos da cidade, construída entre 1909 e 1916, fui para a Praça XV que, no final do século XIX, quando ainda era um grande descampado, passou a receber árvores de grande porte. É ali, entre elas, que os aposentados da cidade ou aqueles que não foram para casa no horário do almoço jogam dominó, cartas ou colocam a conversa em dia. Há tempo nesta Florianópolis para sentar nos bancos da praça e admirar o tempo que passa. Muitos se sentam para lembrar a Florianópolis do passado. Nos dias de calor, as árvores fazem da Praça XV um local com ar condicionado natural. Ali mesmo conheci Dona Maria, que me contou ter sido vítima dos “poderes” da Figueira Centenária, a árvore mais famosa da Praça XV. Ela foi plantada em 1871 em frente à Catedral e replantada em 1891 na Praça XV. Quando achava que não conseguiria mais casar, Dona Maria foi até a Figueira com o objetivo de dar três voltas ao seu redor, pois os antigos já ensinavam que isso era garantia de dinheiro e casamento. Pra garantir o casório, Dona Maria decidiu dar logo quatro voltas e meia. Resultado: casou, mas, além do casamento, ganhou uma separação. Viveu um tempo sozinha até ter uma nova idéia. Voltou à Praça XV e deu mais uma volta e meia ao redor da figueira até completar outra terceira volta e consertar a ganância casamenteira de antes. Resultado: casou com um homem lindo que a ama e com quem ela é muito feliz. “A Figueira não falha, basta saber conversar com ela”, ensinou-me Dona Maria.
After visiting the Saneamento Museum Museum, cornerstone of the 1st sewage system of the city, built between 1909 and 1916, I went to Praça XV XV, which at the end of years 1800, when it was still a huge open desolate plane, it started to get large - sized trees. It is there, among them, that those who are already retired from town or those who did not go home for lunch, play domino, cards or simply chatter. In this Florianópolis there is time to sit on the square benches and simply watch time goes by. Many sit there to remember the Florianópolis from the past. In hot days, the trees make Praça XV a naturally airconditioned place. That is where I met Dona Maria, who told me she had been a victim of the “powers” of the Centenary Fig Tree, the most famous tree at Praça XV. It was planted in 1871 in front of the Cathedral and replanted in 1891 at Praça XV. When Dona Maria thought she would not manage to find a husband by herself, she went over to the Fig Tree and circled it three times, because the ancients taught that this was a guarantee for money and marriage. So, in order to guarantee her matrimony, Dona Maria decided to circle the tree 4 times and a half. The result was that she got married, but in addition to the marriage, she also had a separation. She lived alone for some time until she had another idea. She returned to Praça XV and circled the tree once and a half more until completing the third circle to fix her marriage - greed from before. The result is that she married a handsome man who loves her and with whom she is very happy. “The Fig Tree never fails; all you have to do is know how to talk to it,” told me Dona Maria.
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Da região da Praça XV segui na direção oeste até alcançar o prédio da Alfândega Alfândega, um bom exemplo de arquitetura neoclássica, ou seja, um tipo de construção inspirada nas construções gregas e romanas. No passado sua função era vistoriar as mercadorias e bagagens que chegavam à cidade e cobrar impostos caso houvesse. Hoje ela dá lugar para exposições de artistas catarinenses e para uma loja de artesanato, que resume o trabalho dos artesãos da cidade. Ela funciona de 2ª a 6ª feira das 9 às 19 horas e aos sábados das 9 às 12 horas. From the area of the Praça XV I went toward west until reaching the Customs building, a good example of neoclassic architecture, that is, a kind of construction inspired in the Greek and Roman constructions. In the past, its role was to inspect the goods and the luggage of those who arrived in town and collect taxes if there were any taxes to collect. Today, it provides exhibits of catarinenses [natives of Santa Catarina] artists and space for a craftsmanship store, which summarizes the work of the city’s artisans. It works from Monday to Friday from 9 am to 7 pm and on Saturdays from 9 am to 12 pm.
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Andando mais um pouco, cheguei ao Mercado Público Público, inaugurado em 1899, quando foi construída sua primeira ala. A idéia da construção nasceu perto de 1845, quando Dom Pedro II visitou a cidade. Até então, o comércio de peixes e outros produtos era feito em tendas. O Mercado, que passou por uma grande reforma em 1986, é um resumo de Florianópolis, onde se encontram artistas, viajantes e intelectuais da cidade. Horário: 2a a 6a das 7 às 19 horas; sábados das 7 às 15 horas.
Walking a little farther, I arrived at the Public Market Market, inaugurated in 1899, when its first wing was built. The idea for the construction was born close to 1845, when Dom Pedro II visited the city. Until then, the commerce of fish and other products was done out of tents. The Market, which went through a huge renovation in 1986, is a summary of Florianópolis, where one finds artists, travelers and the city’s intellectual crowd. Open on Monday through Friday from 7 am to 7 pm and on Saturdays from 7 am to 3 pm.
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Lugares Legais Cool Places
Geralmente quando pensamos em uma cidade, a idéia que vem à cabeça é a da correria do dia-a-dia, da rotina. Assim a visão que temos de viagem é sempre para lugares distantes, paraísos perdidos. No entanto, toda cidade tem seus encantos, seus mistérios, suas histórias, seu charme. Por isso, separei neste capítulo sugestões de “lugares legais”para conhecer em Florianópolis. Vamos a eles.
Usually, when we think about a city, what comes to one’s mind is the frantic comings and goings, the daily routine. Thus the view we have of a trip is always to far away places, lost paradises. However, every city has its charms, its mysteries, its stories. For this reason, in this chapter I have highlighted some “cool places” to visit in Florianópolis. So, without further ado...
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Ilhas Islands
Florianópolis é uma ilha cercada por várias outras ilhas. Uma das mais bonitas e de fácil acesso é a Ilha do Campeche, com acesso pela praia do Campeche ou pela praia da Armação. Dependendo do dia e do movimento das marés, é possível ver nossos pés tocando a areia, como se não houvesse nada entre nossos olhos e eles. Os tié-sangue, as saíras e os quatis são facilmente vistos pousando entre um e outro galho ou buscando comida ao redor das casas dos poucos moradores da ilha. O peixe ou qualquer outro fruto do mar servido ali na hora do almoço é pescado na mesma manhã. Trilhas dão acesso a vários pontos da ilha que, além de oferecerem belas paisagens, revelam inscrições dos índios que a habitaram. Para ir de ônibus até a Praia da Armação: Armação, Costa de Dentro, Costa de Cima e Pântano do Sul.
Florianópolis is an island surrounded by several other islands. One of the most beautiful and easy to access is the Island do Campeche, with access from the Beach do Campeche or from the Beach da Armação. Depending on the day and the movement of the tides, it is possible to see your feet touching the sand, as if there were nothing between our eyes and them. The tanager, the cherry-throated tanager and the white-nosed coati are easily seen landing on one branch and another or looking for food around the houses of the few dwellers of the island. Fish or any other seafood that one can have for lunch there is caught early in morning. The trails access several points on the island, which, in addition to providing beautiful scenery, reveal inscriptions made by the Indians that lived there. To go there by bus up to the Beach da Armação: Armação, Costa de Dentro, Costa de Cima and Pântano do Sul.
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Fortes Forts
Florianópolis é uma ótima sala de aula para entendermos as disputas entre Portugal e Espanha pelo território brasileiro. Para proteger nosso litoral, a coroa portuguesa ergueu, principalmente no século XVIII, vários fortes na então Desterro. O mais próximo e mais fácil para ser visitado é o Forte Santana Santana. Construído entre 1761 e 1765, ele fica ao lado da Ponte Hercílio Luz, na Avenida Beira-Mar Norte. Tombado em âmbito federal em 1938, ele foi restaurado e passou a abrigar o Museu de Armas “Major Antônio de Lara Ribas”. Visitação: segundas das 14 às 18h, outros dias da semana e feriados, das 8 às 18h. A Fortaleza de Anhatomirim é mais uma no complexo defensivo da ilha contra as invasões. Foi construída entre 1739 e 1744. Sua história é marcada pelo fuzilamento de vários revoltosos durante a revolução Federalista em 1894. (Ver pág 31). Seu portal de acesso tem inspiração oriental e sua escadaria é em lioz português. Além de abrigar o forte, a Ilha de Anhatomirim é área de preservação ambiental. O acesso é feito por mar em baleeiras que podem ser encontradas nas praias de Governador Celso Ramos ou em escunas na Baía Sul ou na Praia de Canasvieiras -
Florianópolis is a fine classroom for us to understand the disputes between Portugal and Spain over the Brazilian territory. In order to protect our shore, the Portuguese Crown built, especially in the 18th century, several forts at the then called Desterro. The closest and easiest one to be visited is the Santana Fort Fort. Built between 1761 and 1765, it is beside the Hercílio Luz Bridge, on Avenue Beira Mar Norte. Turned into a historical patrimony, at federal level, in 1938, it was recovered and started to shelter the “Major Antônio de Lara Ribas” Museum of the Arms. Visitation: Monday from 2 pm to 6 pm; other week days and holidays from 8 am to 6 pm. Fortress of Anhatomirim is another defense complex of the island against invasions. It was built between 1739 and 1744. Its history is emphasized by the execution of several rebels, during the Federalist Revolution, in 1894. (See page 31). Its access gate is inspired by the Orient and its staircase is in Portuguese limestone (lioz). In addition to sheltering the fortress, the Island of Anhatomirim is an environmental preservation area. Access is achieved by sea in whaling ships that can be found on the beaches of Gov. Celso Ramos or in schooners at the South Bay or on the Beach of Canasvieiras - Visit fee: R$ 3,00 and R$ 1,50 (students) Time: from 9 am to 6 pm (from December to February) and from 9 am to 5 pm (from March to November). The triangular system of defense of this northern
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Taxa de visita: R$ 3,00 e R$ 1,50 (estudantes) Horário: das 9 às 18h (dezembro a fevereiro) e das 9 às 17 horas (março a novembro). O sistema triangular de defesa desta porção norte da ilha se completa com a Fortaleza Santo Antônio, localizada na Ilha de Ratones Grande, batizada em 1541 pelo explorador Don Alvar Cabeza de Vaca que a achou semelhante a um rato. Além de abrigar a bela fortaleza, a ilha possui cinco trilhas que proporcionam um contato único com a natureza da região. Para chegar: é preciso se informar, pois o serviço pode ser difícil fora da temporada. Normalmente o acesso é feito por escunas que partem da baía sul ou por baleeiras que partem de Canasvieiras. Outro bom exemplo é a Fortaleza de São José da PPonta onta Grossa Grossa, construída entre 1740 e 1744 pelo Brigadeiro Silva Paes para cruzar fogos com as fortalezas de Ratones e de Anhatomirim. Em 1777, a fortaleza de São José foi tomada pelos espanhóis que invadiram a região. Após esse episódio, ela foi abandonada. Foi restaurada em 1992 e hoje abriga espaço de exposições, museu arqueológico e rendeiras que apresentam aos visitantes a renda de bilro. Para chegar: vá até o final do Jurerê Internacional e vire à esquerda na sede de praia do Clube 12 de Agosto. Siga um trecho de estrada de chão e vá se informando. Todos conhecem o Forte. Há um pequeno trecho de estrada de chão. Visitação: das 8 às 17h - Taxa de visita: R$ 3,00 e R$ 1,50 (estudantes).
portion of the island is completed with the Saint Anthony Fortress, located on the Island of Ratones Grande, baptized in 1541 by explorer Don Alvar Cabeza de Vaca who found it similar to a rat. In addition to sheltering the beautiful fortress, the island has five tracks that provide a unique contact with regional nature. To get there: one must look for information because, off season, the service can be difficult to find. Usually, access is provided by schooners that leave South Bay or by whaling ships that leave from Canasvieiras. Another good example is the Fortress of Saint Joseph of Ponta Grossa Grossa, built between 1740 and 1744 by Brigadier General Silva Paes to cross fire with the fortresses of Ratones and Anhatomirim. In 1777, the Fortress of Saint Joseph was taken by the Spanish who invaded the area. After this episode, it was abandoned. It was restored in 1992 and today it shelters an exhibition space, an archeological museum and lacemakers who offer their lace bobbin to the visitors. To arrive: go up to the end of Jurerê Internacional and turn left at the headquarters of the beach of the 12 de Agosto Club. Follow the dirt road and ask around. Everybody knows the Fort. There is a small stretch where the road is not paved. Visitation: from 8 am to 5 pm - Visit Fee: R$ 3,00 and R$ 1,50 (students). 79
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Os primeiros habitantes The first inhabitants
Três Tradições indígenas ocuparam a região de Florianópolis antes da chegada dos europeus. Three indigenous Traditions occupied the region of Florianópolis before the arrival of the Europeans. Os Homens dos Sambaquis
The Men of the Sambaquis
Os primeiros povos da região foram os caçador-coletores que, atraídos pela geografia favorável, pela riqueza de plantas e animais e pelo bom clima, habitaram a ilha e seu continente há cerca de cinco mil anos. Viviam da fartura da pesca, da caça e da coleta de moluscos e frutas. Eles foram chamados de homens-dossambaquis. Os sambaquis eram depósitos de ossos, ostras, conchas e outros frutos do mar que esses povos deixavam nos locais que acampavam, boa parte perto da costa. Provavelmente eram nômades, pois deixaram apenas sinais de acampamentos. Movimentavam-se de acordo com as estações do ano, buscando territórios e situações climáticas onde os alimentos fossem mais fartos. Sua cultura material era formada por vários instrumentos de pedra lascada e polida, entre eles machados, raspadeiras, batedores e zoólitos – esculturas de animais em pedras – além de pontas de flecha, recipientes e outros instrumentos de ossos de baleia.
The first ones were the hunting - collecting people who, attracted by the favorable geography, by the abundance of plants and animals and by the good climate, inhabited the island and its continent some 5,000 years ago. They lived off abundance of fish, game and mollusks and fruit. They were called men of the sambaquis. These Sambaquis were deposits of bones, oysters, shells and other seafood that these people left at the places in which they camped, mostly near the coast. They were probably nomads, because they only left signs of their camps. They moved in accordance with seasons of the year, looking for territories and climatic situations where there was more food. Their material culture consisted of several instruments made of split and polished rock, among them axes, scrapers, beaters and zoolites - sculptures of animals on rocks - in addition to arrow points, bowls and other instruments made of whale bones.
A Tradição Itararé
The Itararé Tradition
Por volta do ano 900, chegaram os índios da tradição Itararé, mas não se sabe ao certo se mantiveram contato com os Homens dos Sambaquis. Viviam da caça e da coleta, mas já se diferenciavam dos homens-dos-sambaquis por produzirem cerâmicas. Por isso, também são chamados de ceramistas. Montavam suas aldeias na planície das areias da praia ou reocupavam os sambaquis dos caçadores e coletores. Produziam instrumentos de pedra lascada e polida e já faziam pintura corporal.
Around years 900, although we do not know if they had kept contact with the Men of the Sambaquis, came the Indians from the Itararé tradition. They lived off hunting and harvesting, but already stood out from the men of the sambaquis because they produced ceramic. Because of that, they are also called ceramists. They built their villages on the prairie of the beach sand or retook the sambaquis from the hunters and farmers. They produced instruments out of splitted and polished rock and already used to paint their bodies.
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Os Guaranis ou Carijós
The Guaranis or Carijós
Em seguida, entre 1.000 e 1.300, provavelmente vindos do Paraguai, chegaram os guaranis, chamados pelos portugueses de Carijós. Estudiosos afirmam que foram eles os responsáveis pela abertura do caminho do Peabiru, ligando o interior da América Latina ao litoral brasileiro. Como agricultores, plantavam mandioca, fumo e milho. Já construíam canoas de troncos de árvores, conheciam a navegação a remo e trançavam redes, cestos e esteiras. Estes povos deixaram muitas marcas de sua cultura em Florianópolis, nos nomes de lugares como Jurerê, Cacupé, na cerâmica, no artesanato, na produção e na utilização culinária da farinha de mandioca.
Afterwards, between 1000 and 1300, probably coming from Paraguay, the guarani arrived, called by the Portuguese as Carijós. Scholars affirm that they were responsible for the opening of the way to Peabiru, connected the interior of Latin America to the Brazilian shore. As farmers, they planted manioc, tobacco and corn. They once built canoes from tree trunks, knew about row boating and braided nets, baskets and mats. These people left many signs of their culture in Florianópolis, in the names of places such as Jurerê, Cacupé, in ceramics, in craftsmanship and in the production and culinary utilization of the manioc flour.
brunidores deixados monólitos megálitos e *brunidores Os *monólitos monólitos, *megálitos por estes habitantes deram à Florianópolis um dos mais importantes acervos de arte rupestre do Atlântico Sul.
The “monoliths”, “megaliths” and “honing” left by these inhabitants gave Florianópolis one of the most important collections of rocky art in the South Atlantic.
Dicionário dos Primeiros Habitantes
Dictionary of the First Inhabitants
*Sambaqui *Sambaqui: vem do tupi guarani. “samba” ou “tamba”= concha + aqui= amontoado. Sambaqui, portanto, significa amontoado de conchas, ostras. *P eabiru: tem vários significados, entre eles, caminho *Peabiru: suave, caminho conservado ou caminho que leva ao céu. Esse último se deve porque os índios diziam que ele os levaria ao paraíso ou à terra sem males. *Arte Rupestre: desenhos gravados ou traçados na rocha pelos povos antigos. *Megálitos: monumentos pré-históricos feitos de grandes blocos de pedra. *Monólitos: blocos de granito unidos que podem ter significado religioso ou de localização.Obra ou monumento feito de um bloco só de pedra. *Brunidores: também conhecidos como amoladores. São vestígios deixados nas pedras pelos povos caçador-coletores durante seu trabalho de entalhamento e afiação de ferramentas.
*Sambaqui *Sambaqui: it comes from the tupi guarani language. “samba” or “tamba”= shell + here= cluster. Sambaqui therefore means cluster of shells, oysters. *P eabiru *Peabiru eabiru: there are several meanings, among them, smooth path, conserved path or path that leads to heaven. The latter is after what the Indians used to say that the path would take them to heaven or to Earth without evil. *Rocky Art Art: engraved or traced drawings on the rock by the ancient people *Megalith *Megalith: pre-historic monuments made of large stone blocks. *Monolith *Monolith: bonded granite blocks that could have a religious or location meaning. Work or monument made of only one stone block. *Honers *Honers: also known as grinders. They are a sign left on the rocks by the hunting - collecting people during their engraving work and sharpening of tools. 83
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A culinária Typical Dishes
Banhada pelo Oceano Atlântico, Florianópolis tem uma culinária rica em frutos do mar. Sua produção de ostras corre o Brasil e o mundo. As formas para o preparo de peixes são variadíssimas e o pirão é uma honra culinária que todo manezinho se orgulha em saber fazer. Mas como aqui procuramos algo que, além de típico, seja único, eu escolho como o prato mais florianopolitano a Seqüência de Camarão Camarão. Tanto o prato quanto a história que me contaram para explicar como ela surgiu são deliciosos. Quando a Lagoa da Conceição ainda era habitada somente por pescadores, junto com os primeiros turistas, veio a fome. Alguns começaram a procurar alimentação na casa dos moradores. As esposas dos pescadores, espertas e precisando de um dinheirinho extra, foram rápidas em sua organização. Logo que um grupo de pessoas chegava e perguntava se havia algo para comer, a sagaz manezinha servia o que de mais rápido podia preparar: camarão frito frito. Enquanto os clientes aperetivavam, começava o preparo do camarão ao bafo bafo. Na seqüência, pois exigia mais tempo para o preparo, vinha o camarão à milanesa milanesa. Aproveitando o tempo que a clientela levava para comer mais esses dois pratos, ela preparava o peixe frito, que o marido acabara de pescar, o arroz e o molho de camarão que juntos finalizavam a refeição. E assim, da necessidade, do conhecimento, da rapidez e da prática culinária das esposas dos pescadores nasceu a Seqüência de Camarão Camarão.
Bathed by the Atlantic Ocean, Florianópolis has a cuisine that is rich in seafood. Its oyster production goes all over Brazil and the world. The ways to prepare fish are too many and the pirão (manioc mush) is a culinary honor that every manezinho is proud in knowing how to make. But since here we are looking for something that, in addition to typical, is unique, I choose the Sequence of Shrimp as the most typical dish of Florianopolis. Both the dish and the history I was told to explain how it emerged are delicious. When the Conceição Lagoon was still inhabited only by fishermen, along with the first tourists, hunger arrived. Some people started to look for food at the house of the natives. The wives of the fishermen, smart and in need of some extra cash, were fast in their organization. As soon as one group of people arrived and asked if there was something to eat, the sagacious manezinha would serve whatever she could offer that was quickest to prepare: fried shrimp shrimp. While the customers relished in the fried shrimp, they started to prepare the smothered shrimp shrimp. After that, requiring more time for preparation, came shrimp Milanese style style. Taking advantage of the time it took the customers to eat these two other dishes, they would prepare the fried fish that their husband had just caught, the rice and the shrimp sauce that together completed the meal. And it was so, out of the need, knowledge, expedition and culinary practice on the part of the fishermen’s wives, the Sequence of Shrimp was born.
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