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Este livro faz parte da Coleção Capitais do Brasil. Contém 96 páginas, mas aqui neste modelo estão apenas algumas delas. O livro está dividido em 4 capítulos. No primeiro, temos Geografia: a cidade em seu caráter natural, mostrada como era antes da chegada de seus primeiros desbravadores. Aqui falamos da terra, águas, flora, fauna e clima. Depois vem o capítulo sobre História, que trata da transformação do meio natural e da evolução urbana. No capítulo A Cidade Hoje, são abordadas as características gerais, mostrados seus pontos extremos e estudadas sua arquitetura, economia e estrutura. A viagem termina com o capítulo Cultura, onde o morador da cidade é apresentado, estudando as etnias que o formaram, seu artesanato, sua arte e sua gastronomia. 6
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Coleção Capitais do Brasil - Ensinando a Cidade Goiânia Eduardo Fenianos Edição: Editora Univer Cidade Criação, Texto, Pesquisa e Fotos: Eduardo Emílio Fenianos Programação Visual: Tatiana Kropernicki Ferreira Estagiária: Gisele Martins Vaz Revisão e Tradução: Ralph Miller Jr
Reservados todos os direitos. Proibida qualquer reprodução desta obra por qualquer meio ou forma, seja mecânica ou eletrônica, sem permissão expressa, sob pena de incidir nos termos previstos em lei.
SÃO PAULO / 2009 1ª edição EDITORA UNIVER CIDADE Rua Presidente Rodrigo Otávio, 813 Alto da XV - Curitiba - PR Fone: 41 3079-7879 / 41 3362 3307 Rua Alfredo Mendes da Silva, 395, apto 163, torre 2 Vila Sônia - São Paulo - SP Fone: 11 3751-8842 www.urbenauta.com.br editora@urbenauta.com.br
Dados internacionais de catalogação na publicação Bibliotecária responsável: Mara Rejane Vicente Teixeira
Fenianos, Eduardo Emílio, 1970Goiânia / Eduardo Fenianos ; revisão e tradução: Ralph Miller Jr - São Paulo : Editora Univer Cidade, 2009. 96p. : il. ; 18 x 25 cm. -- (Capitais do Brasil - ensinando a cidade ; v. 9) ISBN 978-85-86861-26-0 Inclui bibliografia. 1. Goiânia (GO) - Descrições e viagens. 2. Goiânia (GO) - Obras ilustradas. 1. Título. II. Série
CDD (22ª ed.) 918.1341
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FIQUE PARA SEMPRE NA MEMÓRIA DE SEUS PARCEIROS E CLIENTES Espaço de até 1700 caracteres em português, com tradução para o inglês para a mensagem do presidente ou representante da empresa aos seus colaboradores, parceiros e clientes. Lembro bem da primeira imagem e do primeiro pensamento que tive quando aportei em Goiânia, vindo de Campo Grande pela BR-060. O que vi foi a bela silhueta dos prédios ao entardecer, tendo a serra como fundo. O que pensei foi: “Caramba! É bem maior do que imaginei”. Mas Goiânia não é maior do que se imagina somente urbanisticamente. Ela é maior em tudo. Em minhas primeiras poucas 30 horas na cidade experimentei pequi, jurubeba, galinha na panela de ferro, o pão de queijo da Dona Lina, pamonha de sal, bolacha de goiaba, carinho, respeito e amizade. Já na chegada à cidade brotaram 4 casas me oferecendo pouso e comida, dentro do meu desafio de percorrer o país sem dormir um dia sequer em hotel. Entrando nas casas dos goianienses vi que muitas delas ainda ficam com o portão aberto, que o pão e o queijo ficam em cima da mesa da cozinha. E a vizinhança, já no início da manhã, se reúne toda ali, ao redor da mesa, ao redor de si mesmos. Foram estas pessoas que me ajudaram a montar este livro. Para montar cada um destes capítulos, em Goiânia admirei sua arquitetura art déco, o Centro Cultural Oscar Niemeyer, a Praça Cívica, a Avenida Anhangüera, o Parque Flamboyant, os belos jardins e muito mais. Sem dúvida, Goiânia é linda, mas sua maior atração ainda é o goianiense. Êta, gente boa!
I remember well the first image and the first thought I had when I arrived in Goiânia, coming from Campo Grande, along BR-060. What I saw was the beautiful silhouette of the buildings during sunset, with the mountains as background. What I thought was: "Wow! It’s much bigger than I had imagined.” Goiânia is bigger than you might think, but not only in urban planning. It’s larger in everything. In my first few 30 hours in the city I tasted pekea-nut, Brazilian nightshade, chicken cooked in iron pot, Dona Lina’s cheese bread, salty pamonha1, guava cookies, affection, respect and friendship. As soon as I arrived in the city 4 houses sprung up offering me food and a place to stay, within my challenge to travel the country without sleeping a single day in a hotel. Entering the homes of the Goianienses2 I noticed that many of them kept their gates open, and that bread and cheese are kept on top of their kitchen tables. And the neighbors, early in the morning, all meet there, around the table, around themselves. These were the people who helped me assemble this book. To assemble each one of its chapters, in Goiânia I admired its Art Deco architecture, the Oscar Niemeyer Cultural Center, the Civic Square, the Anhangüera Avenue, the Flamboyant Park, the beautiful gardens and plenty more. Undoubtedly, Goiânia is beautiful, but its biggest attraction remains being the Goianienses. What a wonderful people!
Por isso, seja de carro, de avião, de ônibus, de Urbenave, a pé, Goiânia vale a pena.
That’s why, be it by car, by plane, bus, Urbenave3 or on foot, Goiânia is worth it.
A todos nós, uma boa viagem Eduardo Fenianos Urbenauta
I wish us all a nice trip Eduardo Fenianos Urbinaut 3
Nome Name
Goiânia é um substantivo próprio que complementa a palavra Tupi-Guarani Goiá. O Dicionário de TupiGuarani, de Orlando Bordoni, dá a ela o seguinte significado: go (guá) = gente + iá = igual: gente da mesma raça; aquele que é semelhante; da mesma tribo. Segundo Paulo Bertran, o índio Goiá seria o semelhante aos Tupi, enquanto que entre os Tapuia ficariam englobados todos os povos indígenas que não fossem Tupi-Guarani. O nome da cidade foi escolhido de maneira bastante peculiar. Mesmo com um local já definido para a construção da nova capital, a cidade ainda não tinha um nome que a batizasse. Era preciso dar nome à Nova Capital. Foi então que, em outubro de 1933, o semanário "O Social", organizou um concurso para a escolha do nome para a futura capital de Goiás. Leitores do estado inteiro participaram sugerindo os mais variados nomes. Dentre eles: Liberdade, Goianésia, Pátria Nova, Petrônia, Americana, Bartolomeu Bueno, Campanha, Eldorado, Anhangüera, Petrolândia, Goianópolis e Goiânia, que segundo historiadores foi usado pela primeira vez pelo Governador Pedro Ludovico Teixeira, em 2 de agosto de 1935.
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Goiânia is a proper noun that complements the TupiGuarani word Goiá. The Tupi-Guarani Dictionary, by Orlando Bordoni, gives the following meaning: go (guá) = person + iá = equal, people of the same race, one who is similar, from the same tribe. According to Paulo Bertran, the Goiá Indians were similar to the Tupi, while among the Tapuia would be included all the indigenous peoples who were not Tupi-Guarani. The city's name was chosen in a very peculiar way. Even with a site already set for the construction of the new capital, the city didn’t have a name. It was necessary to name the new Capital. Then, on October 1933, the weekly "O Social" held a contest to choose the name for the future capital of Goiás. Readers of the entire state participated suggesting the most different names. Among them: Liberdade, Goianésia, Pátria Nova, Petrônia, Americana, Bartolomeu Bueno, Campanha, Eldorado, Anhangüera, Petrolândia, Goianópolis and Goiânia, which historians say was first used by Governor Pedro Ludovico Teixeira, on August 2, 1935.
Símbolos da Cidade Symbols of the City
Brasão Municipal
Municipal Coat of Arms
O Brasão de Goiânia tem as figuras do Bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhangüera, responsável pelo desbravamento de Goiás, e de um garimpeiro que simboliza a riqueza trazida pelo ouro, ambos segurando um escudo. Este escudo tem ao fundo um campo verde que representa a esperança e a fartura. Em seu centro, o brasão tem uma flor-de-lis dourada que simboliza a soberania e o status de capital de estado. A faixa inferior simboliza o córrego do Botafogo, às margens do qual foi construída a cidade. O escudo é margeado pela cor prata, símbolo heráldico de força, grandeza, mando, nobreza, riqueza, esplendor e glória, e mais oito goles, simbolizando o direito de administrar com justiça.
Goiânia’s Coat of Arms has the figures of Bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, the Anhangüera, who was responsible for pioneering in Goiás, and of a miner who symbolizes the wealth brought by gold, both holding an escutcheon. This escutcheon has in the background a field of green that represents hope and abundance. At its center, the coat is a golden fleur-de-lis that symbolizes sovereignty and the status of state capital. The lower band symbolizes the Botafogo stream, on the banks of which the city was built. The escutcheon is flanked by the silver color, heraldic symbol of strength, grandeur, command, nobility, wealth, splendor and glory, and eight more billets, symbolizing the right to administer rightly.
Bandeira Municipal
City Flag
É um retângulo verde, dividido por oito faixas brancas carregadas de vermelho. No centro da bandeira destaca-se o brasão da cidade, representando o Governo Municipal.
It’s a green rectangle, divided by eight white stripes laden in red. In the center of the flag stands the city’s coat of arms, representing the Municipal Government.
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As Águas The Waters
Segundo dados da Agência Municipal de Meio Ambiente (AMMA), Goiânia possui 85 cursos d’água. Deste total, um é o Rio Meia Ponte, 4 são ribeirões e 80 são córregos. O município está situado na Bacia do Rio da Prata, a segunda maior do país, com 1.397.905,5 km². Regionalmente, pertence à microbacia hidrográfica formada pelo rio Meia Ponte. Maior e mais volumoso rio da cidade, ele nasce em Itaucu, a 59 quilômetros da capital, e corta Goiânia no sentido leste-oeste, com suas águas já poluídas pela ação humana. Também banham o município o Ribeirão Capivara e o Ribeirão João Leite, em sua parte norte, o Córrego Lageado em sua parte leste, o Ribeirão Caverinha e o Ribeirão Anicuns em sua porção oeste e os córregos Botafogo, Cascavel, Taquaral, Macambira e Salinas, em sua parte sul.
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According to data from the Municipal Environment Agency (AMMA), Goiânia has 85 watercourses. Of this total, one is the Meia Ponte River, 4 are brooks and 80 are brooklets. The city is located in the Río de la Plata Basin, the second largest in the country, with 1,397,905.5 km². Regionally, it belongs to the microbasin formed by the Meia Ponte River. The largest and most voluminous river in the city, it springs out in Itaucu, 59 kilometers from the capital, and cuts Goiânia east to west, its waters already polluted by human action. Also bathe the city the Capivara Brook and the João Leite Brook, in the northern section, the Lageado Brooklet on the East, the Caverinha Brook and Anicuns Brook in its western portion and brooklets Botafogo, Cascavel, Taquaral, Macambira and Salinas, in the south.
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A Flora
Flora
A cobertura natural predominante em Goiânia é o cerrado. Ele é basicamente formado por uma vegetação rasteira com árvores de pequeno e médio porte, bem espaçadas entre si, com troncos retorcidos, inclinados e casca muito grossa. Em seus arredores também é encontrado o Cerradão, formado por árvores de maior porte, que podem chegar a 20 metros de altura. Este tipo de vegetação, também conhecido como “savana brasileira” toma cerca de 20% do território nacional, é riquíssima, com mais de 10.000 espécies de plantas, sendo que 4.000 são endêmicas. Uma parte considerável delas já faz parte da alimentação e da farmacopéia do habitante de Goiânia. Entre as mais conhecidas está o Pequi, cujo fruto é parte primordial na composição de vários pratos da cozinha goianiense. Também se destaca na paisagem o ipê-amarelo, que entre junho e agosto enfeita a cidade com suas floradas. Outro tipo de cobertura vegetal que também é encontrada no município é a dos campos, muito parecida com o cerrado, mas com número de árvores bastante reduzido. Por esta característica, é muito utilizada para o pasto, como ainda acontece na parte norte da cidade, na divisa com Nerópolis. Apesar de dominado pelo cerrado, pelo cerradão e pelos campos, também encontramos no território goianiense, principalmente nas margens dos rios, algumas faixas de Mata Atlântica, com a predominância de árvores de maior porte como a Pindaíba e a Gameleira.
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The predominant natural vegetation in Goiânia is the cerrado. It’s basically formed by low vegetation with spaced small and medium-sized trees with twisted, bent trunks and very thick bark. In its vicinity is also found the Cerradão, consisting of larger trees that can reach 20 meters in height. This type of vegetation, also known as "Brazilian savannah", takes about 20% of our national territory and is extremely rich, with over 10,000 species of plants, of which 4,000 are endemic. A considerable part of them is already part of the food and pharmacopoeia of the inhabitants of Goiânia. Among the best known is the Pekea tree, whose fruits are an essential part in the composition of several of the Goianiense’s dishes. Also stands out in the landscape the yellow ipê that between June and August graces the city with its blossoms. Another type of vegetation that is also found in the county is the field vegetation, much like the cerrado, but with the number of trees greatly reduced. Due to this feature, it’s widely used for pasture, as it still occurs in the northern area, on the border with Nerópolis. Although dominated by cerrado, the cerradão and the fields, we also find in the Goianiense territory, mainly along the rivers, some strips of Atlantic Forest, with a predominance of larger trees, such as the Pindaíba and the Gameleira.
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Século XIX
Nineteenth Century
Acervo: Biblioteca Municipal Mário de Andrade, São Paulo
No início do século a criação de uma nova capital surge como salvação em um período de pobreza e escassez. Em 1830, o então presidente da província, Miguel Lino de Morais, lança a proposta de mudança da capital para o norte. Seu plano era povoar as regiões próximas aos rios Araguaia e Tocantins, como forma de vencer o isolamento de Goiás em relação ao litoral. Assim, a região ganharia ligação por hidrovias com o Norte e com o Sul, via São Paulo. Mas a idéia não foi aceita porque muitos acharam um erro investir muito dinheiro na construção da capital, em um período de escassez. Nesta época, a região onde hoje está Goiânia já possuía moradores e uma povoação: Campinas, hoje um bairro da cidade. O núcleo populacional de Campinas já existia antes da fundação de Goiânia. Surgiu nas primeiras décadas do século XIX, com o nome de Arraial de Campinas e, em 1853, a pequena povoação foi elevada à categoria de freguesia, passando a fazer parte da Vila de Bonfim, atual Silvânia.
Perspectiva da Villa Boa de Goyas, em 1803. 24
In the early century the creation of a new capital appears as the salvation in a poverty and scarcity period. In 1830, the president of the province, Miguel Lino de Morais, launches the proposal of moving the capital to the north. His plan was to populate the regions close to the Araguaia and Tocantins rivers, as a way to overcome the isolation of Goiás from the coast. Thus, the region would get connections through waterways with the North, and with the South, via São Paulo. But the idea wasn’t accepted because many thought it a mistake to invest much money to build the capital during a scarcity period. At the time, this region where Goiânia presently lies had residents and a settlement: Campinas, now a suburb in the city. Its population center was created in the first decades of the nineteenth century, with the name of Arraial de Campinas, as early as 1845. The Campinas population group already existed before the foundation of Goiânia. It appeared in the early decades of the nineteenth century, under the name Arraial de Campinas, and in 1853, the small village was elevated to a parish, becoming part of Vila de Bonfim, current Silvânia.
Em 1863, a decadência de Vila Boa, capital na época, e a busca de soluções para a pobreza e o isolamento da região, levam o então presidente da Província, José Vieira Couto de Magalhães, a sugerir novamente a mudança da capital para a região do Araguaia. Acredita tanto na proposta que organiza uma viagem pelo Rio Araguaia, buscando a comunicação com o norte, principalmente com Belém, que começava a prosperar com a extração da borracha. Também recebeu críticas, mas em seu livro "Primeira Viagem ao Rio Araguaia", defendeu a proposta dizendo: "Temos decaído desde que a indústria do ouro desapareceu. Ora, a situação de Goiás era aurífera. Hoje, porém, que está demonstrado que a criação de gado e agricultura valem mais do que quanta mina de ouro há. Continuar a capital aqui, é condenar-nos a morrer de inanição, assim como morreu a indústria que indicou a escolha deste lugar". Couto de Magalhães não concretizou seu sonho, mas ganhou muitos seguidores e o apoio da lei e dos legisladores. Na constituição do Estado de 1891, e em sua reforma em 1898, já era prevista a transferência da sede do governo e a construção de uma nova capital.
In 1863, the decline of Vila Boa, capital at the time, and the search for solutions to poverty and isolation of the region, made the President of the Province, José Vieira Couto de Magalhães, suggest once again moving the capital to the Araguaia region. His belief in his proposal was such that he organized a trip along the Araguaia River, seeking communication with the north, mainly to Belém, which had started to thrive with the extraction of rubber. He also received criticism, but in his book "First Trip to the Araguaia River”, he defended the proposal saying: "We have fallen since the gold industry disappeared. Why, the situation of Goiás was auriferous. Today, however, it has been demonstrated that livestock and agriculture are worth much more than many a gold mine there may be. Continue the capital here, is to condemn us to starve, as died the industry that has indicated the choice of this place." Couto de Magalhães didn’t achieve his dream, but he gained many followers and support from law and legislators. When the state was established in 1891, and when it was re-instated in 1898, the transfer of the seat of government and the construction of a new capital was already provided for.
View of Villa Boa de Goyas, in 1803. 25
Acervo: Hélio de Oliveira
Dos anos 30, a primeira foto aérea da nova capital. Na parte esquerda, vemos claramente como o traçado de suas ruas forma o manto de Nossa Senhora. No lado direito, chama a atenção o antigo aeroporto, que hoje dá nome a um setor da cidade. 28
From the ‘30s, the first aerial photo of the new capital. On the left, we clearly see how the layout of its streets form the shape of Our Lady’s mantle. On the right, what draws our attention is the old airport, which presently gives its name to a sector in the city.
Anos 30
The Thirties
Brazil began the decade living political confusion. Júlio Prestes won, but the Alliance (formed by the people from Rio Grande do Sul, Minas Gerais and Paraíba) claimed electoral fraud. The situation worsened after João Pessoa, candidate as vice-president for Getúlio Vargas, was murdered. With the support of the army, which was unhappy with the government, Vargas took over in 1930, naming caretaker governors for the states. In Goiás was appointed Pedro Ludovico Teixeira, one of the leaders of the Goiás revolution. He takes office in order to boost the occupation of the state. To achieve such goal he provides, among other actions, the construction of state roads, land reform and changing the capital. On October 20, 1932 a committee is created to choose the location. A site near Campinas is indicated. Shortly after, on October 24, 1933, the cornerstone for the construction is set. That same year the name was chosen through a competition issued by the newspaper O Social. On August 2, 1935, by State Decree No 327, the City of Goiânia was created. The former city of Campinas was incorporated to it. Using the limited resources from a loan granted by the Bank of Brazil and the pilot plan by Atílio Correia Lima, the first streets were opened, and the main public buildings and some houses were built. In March of 1937 the capital transfer was enacted. It just had to be inaugurated.
À esquerda, o cruzamento das Avenidas Goiás e Anhangüera. O prédio que se destaca, na esquina com a Rua 3, é o Grande Hotel.
On the left, the intersection of Avenues Goiás and Anhangüera. The building that stands on the corner with Rua 3, is the Grande Hotel.
Acervo: Hélio de Oliveira
O Brasil inicia a década vivendo uma confusão política. Júlio Prestes venceu, mas a Aliança (formada por gaúchos, mineiros e paraibanos) alegou fraude eleitoral. A situação piorou com o assassinato de João Pessoa, candidato a vice-presidente de Getúlio Vargas. Com o apoio do exército, que estava descontente com o governo, Vargas assume o poder em 1930, nomeando interventores para os estados. Em Goiás é nomeado Pedro Ludovico Teixeira, um dos líderes da revolução de Goiás. Ele assume com o objetivo de impulsionar a ocupação do Estado. Para alcançar tal objetivo prevê, entre outras ações, a construção de estradas internas, a reforma agrária e a mudança da capital. Em 20 de outubro de 1932 é criada uma comissão para escolher o local. É indicado um sítio nas proximidades de Campinas. Pouco tempo depois, no dia 24 de outubro de 1933, é lançada a Pedra Fundamental para o início da construção. No mesmo ano foi escolhido o nome por meio de um concurso lançado pelo jornal O Social. Em 2 de agosto de 1935, através do Decreto Estadual nº 327, foi criado o Município de Goiânia. Incorporado a ele ficou o antigo município de Campinas. Contando com poucos recursos vindos de um empréstimo concedido pelo Banco do Brasil e com plano piloto de Atílio Correia Lima, foram traçadas as primeiras ruas, erguidos os principais edifícios públicos e construídas algumas casas para moradia. Em março de 1937 foi decretada a transferência da capital. Faltava apenas inaugurá-la.
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A Cidade Hoje The City Today
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Com 724,08 km² e a 749 metros de altitude, Goiânia é uma cidade-jardim. Chama a atenção de qualquer visitante o cuidado que se tem com os jardins, bosques e parques que se espalham por ela. Para vencer o clima quente e seco do cerrado, frequentemente se vê funcionários públicos regando canteiros, praças ou jardinetes. Suas avenidas principais são largas e extensas e, na maior parte, bem arborizadas. A maior e mais famosa delas é a Avenida Anhangüera, que corta a cidade no sentido Leste-Oeste. Ao contrário da maioria das cidades, divididas em bairros, Goiânia é dividida em setores. Neste capítulo percorreremos primeiro suas regiões extremas, ao norte, sul, leste e oeste. Não vamos aqui confundir o nome de bairros e setores com os extremos da cidade. O setor oeste, por exemplo, onde temos o Bosque dos Buritis, fica muito próximo ao centro da cidade, mas não em seu extremo oeste. Campinas sim, pode ser considerado um bairro da região oeste da cidade. Depois viajaremos por sua região central e pelos lugares legais da capital de Goiás.
With 724.08 km² and 749 meters of altitude, Goiânia is a garden city. The attention of any visitor is drawn by the care with the gardens, bushes and parks that are spread throughout it. To overcome the savanna’s hot and dry weather, we often see government employees watering flower beds, squares or gardens. The main avenues are wide and long, and mostly well wooded. The largest and most famous one is Anhangüera Avenue, which crosses the city from east to west. Unlike most cities, which are usually divided into districts, Goiânia is divided into sectors. In this chapter we’ll cover first its farthest regions in the north, south, east and west. Let’s not confuse here the name of districts and sectors with the city’s farthest regions. The western sector, for example, where we have the Buritis Forest, is very close to the city center, but not on its west side. Campinas, yes, can be considered a district in the city’s west region. Then we’ll travel along its central region and the cool places of the capital of Goiás.
Goiânia vista de sua região norte. Em primeiro plano, a Rodovia GO-080.
Goiânia seen from its northern region. In the foreground, Highway GO-080.
Centro A região central de Goiânia abriga uma parte importante da história arquitetônica do Brasil. Aqui estão reunidas várias edificações típicas do art déco, caracterizadas pela geometria e linearidade. É o coração da cidade planejada nos anos 30, pois da Praça Cívica partiu o traçado das primeiras ruas de Goiânia.
Down town The central region of Goiânia houses an important part of Brazil’s architectural history. Here are gathered several buildings typical of Art Deco, which is characterized by geometry and linearity. It’s the heart of the city planned in the ‘30s, because it was from the Civic Square that first streets of Goiânia were drawn.
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Viagem ao Centro A Journey Downtown
Pra conhecer o centro de Goiânia, o ideal é desbravá-lo a pé. Assim podemos observar suas construções com calma e, principalmente, conversar com os goianienses. Resumidamente, a minha viagem pelo centro de Goiânia foi assim. Comecei pela Praça Cívica Cívica, primeira praça e Marco Zero da cidade. Dela partem três das principais avenidas de Goiânia: a Goiás, no sentido Norte, a Araguaia, no sentido nordeste, e a Tocantins, no sentido noroeste. Todas são cortadas pela Avenida Anhangüera. Este conjunto de avenidas, mais a Avenida Independência, forma, segundo muitos goianienses, o desenho do manto de Nossa Senhora. No centro da praça destaca-se o Monumento às Três R aças Raças aças. A obra foi esculpida em 1968 pela artista Neusa Morais e homenageia brancos, negros e índios, que formam a essência étnica do povo goiano. Nos seus arredores ficam o Palácio Pedro Ludovico Teixeira e o Museu Goiano Zoroastro Artiaga.
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To get to know the center of Goiânia, the ideal is to tame it on foot. This way we can look calmly to its buildings and, above all, talk to the Goianienses. In short, my journey through the center of Goiânia was like this. I started from the Civic Square Square, the city’s first square and Zero Landmark. There begin three of the city’s main avenues: the Goiás Ave., towards the North, the Araguaia Ave., in a northeasterly direction, and the Tocantins Ave., in the northwest direction. They all are cut by Anhangüera Avenue. This set of avenues, plus the Independence Avenue, have, according to many Goianienses, the shape of Our Lady’s mantle. In the center of the square stands the Monument to the Three Races Races. This piece was skulptured in 1968 by artist Neusa Morais and honors whites, blacks and Indians, who form the ethnic essence of the people of Goiás. In its vicinity are Palace Pedro Ludovico Teixeira and the Zoroastro Artiaga Goiás Museum.
O Monumento às Três Raças, na Praça Cívica, homenageia os brancos, negros e índios que são a essência étnica do povo goiano. The Monument to Three Races, at the Civic Square, honors whites, Negroes and Indians, which are the ethnic essence of the people of Goiás. 47
Bosque dos Buritis Buritis Forest
Antes de seguir para a Avenida Goiás, passei no Museu Pedro Ludovico Teixeira e fui parar no Bosque dos Buritis. É o Central Park goianiense. Um paraíso na região central. Basta entrar nele e o som dos carros vai embora. É como se a luz do mundo se apagasse, o calor excessivo do meio dia fosse embora e você tivesse colocado um pijama ou chegado em casa depois de um dia inteiro de muito trabalho. Na hora do almoço, quem trabalha no centro come rapidinho para tirar um cochilo por ali. Ao lado do Largo das Rosas, é um dos mais antigos bosques da cidade. Entre sua vegetação e fauna nativas, estão dois lagos, trilhas, pista de cooper, mirante, parque infantil, estação de ginástica, o Museu de Artes e o Monumento à Liberdade, criado pelo artista plástico Siron Franco. O bosque fica aberto das 8 às 18 horas. Está entre as Ruas 1, 29, Avenida Assis Chateaubriant e Alameda dos Buritis - Setores Central e Oeste.
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Before going to Goiás Avenue, I went by the Pedro Ludovico Teixeira Museum and ended up in the Buritis Forest. It’s the Goianienses’ Central Park. A paradise in the central region. Just get inside it and the sound of cars fades away. It’s as if the world's light went out, the excessive noon heat was half gone and you had put on a pair of pajamas or got home after a day of hard work. At lunchtime, he who works downtown eats quite quickly to take a nap around there. By the side of the Roses Plaza it’s one of the oldest bushes in the city. Among its vegetation and fauna, there are two lakes, tracks, jogging track, belvedere, playground, fitness station, the Museum of Arts and the Monument to Freedom, created by artist Siron Franco. The forest is open from 8:00 to 18:00. Address: between Streets 1, 29, Assis Chateaubriant Avenue and the Buritis Alley - Central and Western Sectors.
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Goiânia Tem Goiânia Has
Nos 743,2 km² de área que Goiânia tem, espalham-se outras atrações, além dos monumentos, praças e construções que já vimos. Neste capítulo, nossa missão é buscá-las. Vamos caminhar com calma, olhar para cima, para baixo, para os lados, para buscar novas formas de ver e usufruir a capital de Goiás. Aqui desbravamos seus parques, bosques, feiras, centros culturais. Enfim, tudo aquilo que me surpreendeu, cativou durante os dias que passei na cidade.
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In the 743.2 km² of area that Goiânia has are spread other attractions in addition to the monuments, squares and buildings that we have seen. In this chapter, our mission is to find them. Let’s walk calmly, looking up, down, to the sides, to find new ways to see and enjoy the capital of Goiás. Here we’ll explore its parks, forests, fairs, cultural centers. In one word, all that surprised me, captured me during the days I spent in the city.
Jardins Gardens
Para iniciar nossa viagem, vamos começar pelos jardins e jardinetes de Goiânia, os mais bem cuidados entre todas as capitais brasileiras. São tão perfeitos, limpos, simétricos que nos dão a impressão de terem sido planejados seguindo a arquitetura art déco da cidade. Deles, que podem ser encontrados em todos os cantos da cidade, partimos para os parques goianienses e depois por outros atrativos.
To start our journey, let’s begin with Goiânia’s gardens, the better cared of of all Brazilian capitals. They’re so perfect, clean and symmetrical that they give us the impression of having been planned, following the city’s Art Deco architecture. From the gardens, which can be found all around the city, we leave for Goiânia’s parks and then, to other attractions. 65
Largo das Rosas / Zoológico Roses Plaza / Zoo
Incluído entre as construções goianienses tombadas pelo Patrimônio Histórico, o Largo das Rosas foi inaugurado em 1946. Recebeu esse nome porque na época de sua inauguração era ornado por um grande canteiro de rosas. Possui lagos, canais, trilhas internas, pista de cooper, mirante, estação de ginástica e parque infantil. Nele também está o Zoológico de Goiânia, que abriga cerca de 1000 animais, entre pássaros, mamíferos e répteis. Funciona das 8 às 18 horas. Endereço: entre a Alameda das Rosas e a Avenida Anhangüera - Setores Central e Oeste, Região Central.
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Included among the Goianiense buildings listed by the Historical Heritage, the Roses Plaza was inaugurated in 1946. It got this name because at the time of its inauguration it was adorned by a large rose bed. It has lakes, canals, internal trails, jogging track, belvedere, fitness station and playground. It also includes Goiânia’s Zoo, which houses about 1,000 animals, including birds, mammals and reptiles. Open from 8:00 to 18:00. Address: between the Roses Alley and Anhangüera Avenue - Central and West Sectors, Central Region.
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Centro Cultural Oscar Niemeyer Oscar Niemeyer Cultural Center Inaugurado em 30 de março de 2006, o Centro Cultural Oscar Niemeyer possui 17.000 m² que abrigam uma grande biblioteca, auditório, museu e o Monumento aos Direitos Humanos. Na Goiânia de arquitetura art déco, o centro se apresenta como um marco do modernismo na cidade, contando com a criatividade e o traço inconfundível de Oscar Niemeyer.
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Inaugurated on March 30, 2006, the Oscar Niemeyer Cultural Center has 17,000 m² that house a large library, auditorium, museum and the Monument to the Human Rights. In the Goiânia of Art Deco architecture, the center is as a landmark of modernism in the city, with the creativity and unmistakable trace of Oscar Niemeyer.
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Catedral Cathedral
Teve sua construção iniciada em 1947. Em 1956, com a criação da Arquidiocese de Goiânia, a Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora, ainda em obras, foi indicada como Catedral Provisória desta nova Arquidiocese. Durante anos, a união entre a comunidade e os párocos fez com que lentamente a obra fosse finalizada, até que, no dia 8 de dezembro de 1966, ela foi oficialmente transformada em Igreja Catedral de Goiânia. Está localizada na Praça Dom Emanuel, entre as ruas 10, 14, 19 e 20 do Setor Central. Its construction was started in 1947. In 1956, with the creation of the Archdiocese of Goiânia, the Church of Our Lady Help of Christians, still under construction, was appointed Interim Cathedral of the new archdiocese. For years, the union between community and priests made the construction be slowly completed, until it was officially transformed into the Cathedral Church of Goiânia, on 8 December 1966. It’s located at Dom Emanuel Square, between the streets 10, 14, 19 and 20 of the Central Sector.
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Agora que já entendemos melhor Goiânia, vamos tentar entender o goianiense. Vamos descobrir que além das belezas naturais, a cidade também possui riqueza cultural, artística e humana. Culture Now that we understand Goiânia better, we’ll try to understand its dweller. We’ll find out that besides its beautiful landscapes, the city also has cultural, artistic and human wealth.
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A culinária Typical Dishes
Resultado da influência e da mistura das culturas de índios, portugueses e negros, e depois, de paulistas, mineiros e baianos, a culinária goiana e goianiense conseguiu dar um tempero próprio aos seus pratos. Esse sabor especial se deve principalmente ao pequi, fruto da região, de cor amarela e sabor levemente amargo. Muito presente na mesa das famílias goianienses, o pequi é vendido nas ruas da cidade, servindo como base para pratos como o arroz com pequi e a galinhada com pequi. O Empadão Goiano, recheado com batata cozida, ovo cozido, azeitona, lombo de porco cozido, frango desfiado, queijo minas, guariroba e caldo de tomate é mais um prato típico. Outra delícia preparada à moda goianiense é a Posta de Pirarucu na brasa, temperada e depois assada da mesma maneira como é preparado o churrasco. O prato é servido com o pirão do próprio peixe. Numa redescoberta e valorização do que é produzido na própria terra, hoje se observa um aumento na utilização de frutos do cerrado, como o jatobá, o baru, o murici e o genipapo. Deles são produzidos pães, broas, doces, licores e conservas. Em Goiânia também são muito comuns as pamonharias que servem pamonhas de vários sabores.
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Resulting from the influence and mixture of cultures of Indians, Portuguese and Negroes, and then paulistas, mineiros and baianos, the cuisine from Goiás - and from Goiânia – achieved a unique taste for its dishes. This particular flavor is mainly due to pekea-nut, a fruit of the region, yellow and slightly bitter in flavor. Very present at the table of Goianienses families, the pekea-nut is sold in the city streets and is the base for dishes such as pekea-nut rice and chicken with pekea-nut. The Goiano pie, stuffed with boiled potatoes, boiled eggs, olives, cooked pork, shredded chicken, white cheese, guariroba1 and tomato juice is another typical dish. Another delicacy prepared to the Goianiense fashion is grilled Arapaima Chops, seasoned and then cooked the same way you prepare the barbecue. The dish is served with fish mush made of the fish itself. A rediscovery and appreciation of what is produced on the land, today there is an increased use of native fruits, such as jatobá, baru, murici and genipapo. They are used to produce bread, cakes, pastries, liqueurs and preserves. In Goiânia, pamonharias2 are also very common serving pamonhas with several flavors. T.N. - A kind of palm tree (Syagrus oleracea). T.N. - A place where pamonhas are sold.
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