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Este livro faz parte da Coleção Capitais do Brasil. Contém 96 páginas, mas aqui neste modelo estão apenas algumas delas. O livro está dividido em 4 capítulos. No primeiro, temos Geografia: a cidade em seu caráter natural, mostrada como era antes da chegada de seus primeiros desbravadores. Aqui falamos da terra, águas, flora, fauna e clima. Depois vem o capítulo sobre História, que trata da transformação do meio natural e da evolução urbana. No capítulo A Cidade Hoje, são abordadas as características gerais, mostrados seus pontos extremos e estudadas sua arquitetura, economia e estrutura. A viagem termina com o capítulo Cultura, onde o morador da cidade é apresentado, estudando as etnias que o formaram, seu artesanato, sua arte e sua gastronomia. 6
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Coleção Capitais do Brasil - Ensinando a Cidade RECIFE Eduardo Fenianos Edição: Editora Univer Cidade Criação, Texto, Pesquisa e Fotos: Eduardo Emílio Fenianos Programação Visual: Tatiana Kropernicki Ferreira Estagiária: Gisele Martins Vaz Revisão e Tradução: Américas Internacional Ltda.
Reservados todos os direitos. Proibida qualquer reprodução desta obra por qualquer meio ou forma, seja mecânica ou eletrônica, sem permissão expressa, sob pena de incidir nos termos previstos em lei.
SÃO PAULO / 2010 1ª edição EDITORA UNIVER CIDADE Rua Presidente Rodrigo Otávio, 813 Alto da XV - Curitiba - PR Fone: 41 3079-7879 / 41 3362 3307 Rua Alfredo Mendes da Silva, 395, apto 163, torre 2 Vila Sônia - São Paulo - SP Fone: 11 3751-8842 www.urbenauta.com.br editora@urbenauta.com.br
Dados internacionais de catalogação na publicação Bibliotecária responsável: Mara Rejane Vicente Teixeira
Fenianos, Eduardo Emílio, 1970Recife / Eduardo Fenianos ; revisão e tradução: Américas Internacional Ltda. - São Paulo : Editora Univer Cidade, 2009. 96 p.: il. ; 18 x 25 cm. -- (Capitais do Brasil - Ensinando a Cidade ; v. 10) ISBN 978-85-86861-27-7 Inclui bibliografia. 1. Recife (PE) - Descrições e viagens. 2. Recife (PE) - Obras ilustradas. 1. Título. II. Série. CDD (22ª ed.) 918.1341
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FIQUE PARA SEMPRE NA MEMÓRIA DE SEUS PARCEIROS E CLIENTES Espaço de até 1700 caracteres em português, com tradução para o inglês para a mensagem do presidente ou representante da empresa aos seus colaboradores, parceiros e clientes. Iniciei minha viagem em Recife por seu Marco Zero. Eram 6:15 da manhã, quando cheguei à ele. Foi o mais fácil, mais escancarado e mais bonito de todos os marcos Zero que já encontrei. Uma placa de bronze no centro indica o km 0 do município. Em um primeiro círculo ao seu redor, estão as indicações dos pontos cardeais. Em um próximo círculo, ainda maior, a indicação do sol, de Vênus, Marte, Júpiter e outros astros. É um monumento que expressa meu pensamento sobre o mundo. Desde o local em que estamos tudo o que fazemos tem relação com o TODO. Tudo num círculo ao redor de nós. Tudo em um círculo que nos envolve. E, justamente à partir deste ponto inicial, Recife é infinita. Dele parti para a história judaica, na Rua Bom Jesus e depois para a arte universal de Brennand, ao atravessar o Rio Capibaribe. A Rússia e a Ucrânia, encontrei na Torre Malakof. A Holanda, nas pontes e lembranças de Maurício de Nassau. A França, na arquitetura que passou a vestir a cidade, à partir de meados do século XIX. O Brasil, no olhar de cada um que conheci. Recife. Para Manuel Bandeira, mais do que a Veneza americana, ela era a Rua da União, onde ele brincava de chicote-queimado, junto à casa de seu avô. Para Chico Science, era a manguetown, a selva de concreto erguida entre os mangues. Para os “europeizados”, é a Veneza Brasileira. Mas Recife é só Recife e nada mais do que isso, ou tudo mais do que isso. Cidade do mangue. Mangue Cidade. Entre manguezais, “humanozais” e “recifezais”, aqui me tornei caranguejo. Um caranguejo que sempre viverá andando e olhando pra todos os lados, buscando eternamente enxergar e tocar a manguetown que me cerca. A todos nós, uma boa viagem Eduardo Fenianos Urbenauta
I began my voyage around Recife from its Zero Point. It was 6:15 in the morning, when I arrived. It was the easiest, most public and most beautiful Zero Point that I have ever encountered. A bronze plaque marks the 0 km point of the municipality. In the first circle of its outline, you will find the points of the compass. In the next, even larger, there are the Sun, Venus, Mars, Jupiter and other planets. It is a monument, which expresses my thoughts on the world. From this location, everything that we do is related to EVERYTHING ELSE. Everything circulates around us. Everything involves us in the circle. And exactly starting from this point, Recife is infinite. From here, we leave for the Jewish history in Bom Jesus Street and then the universal art of Brennand, to the crossing of the Capibaribe River. Russia and the Ukraine, I encountered at the Malakof Tower. Holland, its bridges, and memories of Maurício de Nassau. France, its architecture, which embellished the city, from the middle of the XIX Century. Brazil, from the point of view of everybody I know. Recife. For Manuel Bandeira, it is more than the American Venice, it was Union Street, where he played chicotequeimado (hunt the thimble) at his grandfather’s house. For Chico Science, it was mangrove-town, the forest of concrete built among the mangroves. For the “Europeanized”, it is the Brazilian Venice. But Recife is only Recife and nothing more than this, or everything more than this. City of Mangroves. Mangrove City. Between mangroves humans and reefs, here I became a crab. A crab, which is always walking and looking around, eternally looking to find and touch the mangrove-town all around me. I wish us all a nice trip Eduardo Fenianos Urbinaut 3
Nome Name
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O nome da cidade revela a relação de seus primeiros desbravadores, com a geografia da região. Com isso, a grande barreira de arenito que se estende por toda a sua costa, chamada de arrecife ou recife, nominou o local que inicialmente servia somente como um porto.
The city’s name reveals the relationship of the first pioneers with the geography of the region. Thus, the great sandstone barrier that extends along its entire coast, called arrecife or recife, named the location which initially served only as a port.
Vista aérea de formação de arrecifes entre o Rio Capibaribe e o oceano Atlântico.
Aerial view of the reef formation between the Capibaribe River and Atlantic Ocean.
Símbolos da Cidade Symbols of the City
Brasão Municipal
Municipal Coat of Arms
É protegido e ladeado por dois leões coroados, que representam o escudo de armas de Maurício de Nassau e as lutas históricas de Pernambuco. O arco-íris sob o céu azul é uma lembrança à Confederação do Equador. A coroa no alto, expressa a situação de Recife como um município brasileiro. No listel, que fica na parte debaixo do brasão, cada data possui um significado. No ano de 1537, Duarte Coelho recebia uma carta de direitos feudais, que deu origem à capitania e ao Estado de Pernambuco. Ao seu lado, o ano de 1637, lembra o início do Governo do Conde Maurício de Nassau. Os anos de 1710, 1823 e 1827 marcam, respectivamente, as datas em que Recife, durante sua história, foi elevada à vila, cidade e, finalmente, capital pernambucana.
It is protected and flanked by two crowned lions that represent the coat of arms of Maurício de Nassau and the historic battles of Pernambuco. The rainbow over the blue sky is a relic of the Confederation of Ecuador. The crown above, expresses the status of Recife as a Brazilian municipality. On the listel, which makes up the lower part of the coat of arms, each date is significant. In 1537, Duarte Coelho received a letter with feudal rights, which originated the Captaincy and the eventual Pernambuco State. Next to it, the year 1637, is a reminder of the beginning of the government of the Conde Maurício de Nassau. The years 1710, 1823 and 1827 mark, respectively, the dates when Recife, during its history, was elevated to the status of town, city and, finally, the capital of Pernambuco State.
Bandeira Municipal
Municipal Flag
A bandeira do Recife foi instituída pela Lei 11.210, de 15 de dezembro de 1973. Com formato retangular, é dividida em três colunas verticais, sendo duas azuis nas laterais e uma branca ao centro. As cores lembram o céu brasileiro, a paz e a bandeira do Estado de Pernambuco. No seu centro, o leão coroado é uma referência ao escudo de armas de Maurício de Nassau e ao período em que a cidade foi governada pelos holandeses. Além disso, Leão do Norte foi codinome recebido por Pernambuco, em função de suas lutas históricas. A cruz em que ele se apóia, representa a colonização portuguesa e o cristianismo que chegou com ela. O sol e a estrela são alusivos à república brasileira. A frase em latim “Virtus et Fides”, ressalta a força e a palavra dada.
The flag of Recife was instituted by Law No. 11,210, of December 15th 1973. In a rectangular format, it is divided into three vertical columns; the two lateral stripes are blue and the central stripe white. The colors signify the Brazilian sky, peace and the Pernambuco state flag. At its center, the crowned lion refers to the coat of arms of Maurício de Nassau and the time when the city was governed by the Dutch. Furthermore, the Lion of the North was the codename given to Pernambuco, as the result of its historic struggles. The cross that the lion is holding represents the Portuguese colonization and the Christianity that accompanied it. The sun and star allude to the Brazilian Republic. The phrase in Latin “Virtus et Fides”, emphasizes the strength and the word given.
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A Terra The Land
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Do encontro do mar com a terra, nasceu Recife. A formação rochosa, próxima à costa, submersa logo abaixo da superfície, que aos olhos dos primeiros desbravadores criava um tipo de barreira natural contra invasões e seu território plano, de relevo moderado, criaram o cenário para o desenvolvimento de uma cidade. Sua altitude média em relação ao nível do mar é de 4 metros, mas algumas formações de várzea estão abaixo dele. Quanto à sua forma e relevo, Recife apresenta basicamente duas paisagens: as planícies, junto à baixada litorânea e os morros que vão se formando conforme se distancia do litoral. A planície do Recife, conhecida como planície ou baixada litorânea é de origem flúvio-marinha, ou seja, formouse pela acumulação de sedimentos trazidos por rios e pelo mar. Em seu solo são encontradas camadas de areia fina e média, onde estão intercaladas camadas de argila orgânica, areia compacta ou arenitos consolidados. São áreas de solo pobre, pouco utilizados para a prática agrícola. Já em porções junto aos morros, colinas e várzeas, distantes do litoral, onde os solos são mais ricos, desenvolveu-se o cultivo da cana-de-açúcar, base da economia da cidade por muitos anos.
Recife was born as the consequence of the sea’s encounter with the land. The rocky formation, close to the coast, submerged beneath the surface, which to the eyes of the first colonizers created a type of natural barrier admirably suited against invasions and its flat terrain, with its moderated relief, created the scenario for the development of a city. Its average altitude is four meters above sea level, but some lowland formations are below this. As well as its relief, Recife presents two basic landscapes: the plains, together with the lowland coast and the headlands that are formed some distance from coast. The Recife Plateau, also known as the plain or lowland coast, originates from the river flow to the sea and is formed by the accumulation of river and sea sediment. Its soil contains layers of fine sand and medium, where there are interlaced layers of organic clay, compacted sand or consolidated sandstone. This is poor soil, little used for agriculture. However, in parts, close to the headlands, hills, and lowlands, far away from the coast, where the soils are richer, the cultivation of sugarcane, the city’s economic base for many years, was first developed.
Na parte oeste da cidade, os terrenos planos que caracterizam boa parte de seu relevo.
In the western part of the city, the flat terrain which characterizes much of its relief.
Detalhe de arrecife na Praia do Pina.
Detail of a reef on Pina Beach. 11
A Flora
The Flora
Apesar de ter a sua cobertura vegetal devastada desde o século XVI, ainda é possível encontrar em Recife, áreas que preservaram sua vegetação nativa. Predominantemente, sua cobertura vegetal era coberta por manguezais e Mata Atlântica Atlântica. Os manguezais são encontrados na parte sul do município, nos arredores do Rio Capibaribe e nas divisas com Olinda. Ecossistema costeiro de transição entre os ambientes terrestres e marinhos, o manguezal é um “berçário”, onde se desenvolvem muitos peixes, crustáceos e outros animais da fauna marinha. Sua principal planta é o Mangue (vermelho ou branco), com suas folhas largas e outras árvores caracterizadas por suas raízes aéreas. No caso da Mata Atlântica Atlântica, a cobertura vegetal se organiza de outra forma. Em sua porção inferior, predominam árvores de pequeno porte e uma vegetação rasteira. Na porção superior, estão as árvores de grande porte, como perobas, palmitos, ipês e cedros. Suas folhas são largas, para facilitar a transpiração num lugar quente e úmido. O Jardim Botânico e o Parque Dois Irmãos são os locais mais indicados para se ter contato com a Floresta de Mata Atlântica, em Recife.
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In Recife, it is still possible to find areas that have maintained their native vegetation, despite most of its vegetal cover having been devastated eversince the XVI Century. The vegetal cover is predominantly mangroves and the Atlantic Rainforest Rainforest. The mangroves are found in the southern part of the municipality, adjacent to the Capibaribe River and its border with Olinda. As a costal ecosystem in transition between the terrestrial and marine environments, the mangroves are a “nursery”, where many fish, crustaceans and other marine creatures grow. The mangroves’ principal plant is the Mangrove (red or white), with its wide leaves and other trees characterized by their air roots. In the case of the Atlantic Rainforest Rainforest, the vegetal cover is organized in another form. At the lower levels, the predominating trees are small-sized and the surrounding vegetation scrubland. At higher levels, there are large-sized trees, such as perobas, palmetto, ipês and cedars. Their leaves are wide, to facilitate transpiration in a hot and humid place. The Botanical Gardens and Dois Irmãos Park are the most popular Atlantic Rainforest sites to visit in Recife.
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Século XVIII Eighteenth Century
In 1640, with the end of the Iberian Union, many Portuguese immigrated to Brazil. They came to make their fortunes in the new colony. In the case of Recife, many occupied the positions left by the Jews and Dutch, devoted to trade, land speculation and usury. As well as being close to the port and its prosperous location, Recife also benefited from the discovery of gold in Minas Gerais and the Brazilian central-west. Together with mule trains from the south, the merchants from Pernambuco and Bahia supplied the miners’ requirements with cattle, cloth and utensils. This brought rapid wealth. However, the Olinda mill owners lived quite a different existence. Between 1701 and 1710, the price of a 15 kg sack of sugar fell by 50%. Without an alternative source of loans, the merchants of Recife took control of the economy. This confrontation between the merchants and mill owners of Recife and Olinda came to a head in February 1710, when Recife was elevated to the status of a town, which liberated it from Olinda. After unsuccessful political maneuvers to return Recife to its control, the Olinda mill owners, with around 1,100 men, invaded the town, on 9 November 1710. This was the beginning of the Mascates’ War, a reference to the derogatory name given to the merchants by their rivals, signifying a door-to-door sales man. The merchants responded. They took up arms, stored provisions and hired mercenaries from Paraíba, in Goiana and Una. On 18 June 1711, they retook the city. The severe punishments meted out to the Olindenses, in that époque considered rebels for not obeying a legal resolution, pleased the Portuguese Crown, preoccupied at
Prospecto da Villa do Recife em 1759.
View of Villa do Recife in 1759.
Acervo: Biblioteca Nacional
Com o fim da União Ibérica, em 1640, muitos portugueses passaram a imigrar para o Brasil. Vários vinham em busca de riqueza, investindo suas economias na nova colônia. No caso de Recife, muitos ocuparam o espaço deixado por judeus e holandeses, dedicando-se ao comércio, à especulação imobiliária e à agiotagem. Além da proximidade com o porto e a prosperidade local, também se beneficiaram da descoberta de ouro nas Minas Gerais e no centro-oeste brasileiro. Junto aos tropeiros do sul, estavam os comerciantes de Pernambuco e da Bahia, que abasteciam as minas com gado, tecidos e outros utensílios, que esses mineradores precisavam. Com isso, enriqueceram rapidamente. Já os senhores de engenho de Olinda, viviam uma situação contrária. Entre 1701 e 1710 uma arroba de açúcar baixou cerca de 50%. Sem outra alternativa buscaram empréstimo, junto aos comerciantes do Recife, que passaram a controlar a economia. Este confronto entre Recife e Olinda, comerciantes e senhores de engenho, chegou ao seu ápice em fevereiro de 1710, quando Recife foi elevada a condição de vila, o que a libertava de Olinda. Sem sucesso em suas manobras políticas para voltar a ter Recife em suas mãos, os senhores olindenses com cerca de 1.100 homens, invadiram a vila, em 9 de novembro de 1710. Era o início da Guerra dos Mascates, uma referência à palavra que lembrava o vendedor de porta em porta, pela qual os comerciantes eram chamados por seus rivais. Os comerciantes reagiram. Juntaram armas, mantimentos e contrataram soldados na Paraíba, em Goiana e Una. Em 18 de junho de 1711 retornaram à cidade, tomando-a novamente. As severas punições dadas aos olindenses, na época, considerados revoltosos por não obedecerem a uma determinação legal, agradaram a Co-
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Acervo: Gabinete de Estudos Arqueológicos da Engenharia Militar, Lisboa
Mapa do Recife em 1760.
Map of Recife in 1760.
roa Portuguesa, preocupada em manter a ordem na colônia. Ganharam Recife e cerca de 16 mil habitantes, que passaram a ser vistos com simpatia ainda maior. A mudança econômica também trouxe mudanças na cidade. Muitas das terras, que antes eram usadas para a plantação de cana de açúcar, foram compradas por comerciantes que as transformaram em sítios, surgindo novos arrabaldes, como Poço da Panela, em 1758, Caxangá, em 1772, e Várzea. Estes recifenses, que procuravam viver longe do agito do porto, também passaram a olhar o Rio Capibaribe com outros olhos, banhando-se ou admirando suas águas.
that time in maintaining order in the colony. Recife grew by around 16 thousand inhabitants, who came to be seen in a more sympathetic light. Economic changes brought with it changes in the city. Much of the land previously used as sugarcane plantations, were bought by merchants who transformed them into ranches, creating new suburbs, such as Poço da Panela, in 1758, Caxangá, in 1772, and Várzea. The Recifenses, who wanted to live far away from the excitement of the port, also began to view the Capibaribe River with a different attitude, bathing in or admiring its waters.
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Anos 60 The Sixties
Até o início dos anos 60, muitos habitantes da cidade, principalmente crianças, se reuniam às margens do Rio Capibaribe, para assistir ao espetáculo dos botos, caçando tainhas. Neste início de década, a cidade já vê concluída a Avenida Norte, em sua ligação com a BR 101, e alargada a Rua da Aurora. Em Boa Viagem, são realizadas várias obras de infra-estrutura e asfaltadas suas principais ruas. A região central, formada pelos bairros do Recife, São José e Santo Antônio, apresenta um decréscimo em sua população e deixa de ter um perfil predominantemente residencial, para dar lugar aos setores de comércio e de serviços. Esse novo perfil vai transformando o “centro” em um espaço congestionado, pelo excesso de automóveis e ônibus durante o dia, e quase deserto à noite. Já bairros então distantes, como Casa Amarela e Boa Viagem, têm expressivos aumentos de população. No final da década, surge na cidade a Turma do Beco do Barato, formada por músicos e artistas, que naqueles tempos misturava o rock psicodélico, a música indiana e a música nordestina. Dessa turma, saíram artistas como Zé Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Robertinho do Recife, Zé da Flauta, Lula Côrtes, Lailson e Marconi Notaro.
Acervo: Arquivo DP/D.A Press
At the beginning of the 1960s, many city inhabitants, mainly children, met at the margins of the Capibaribe River, to watch the spectacle of the Tunney fish catching Mullet. By the start of the decade, the city had just concluded Norte Avenue’s link to Highway BR 101, and the widening of Aurora Street. In Boa Viagem District, infrastructure repairs and asphalting of its principal streets were carried out. The central region, formed by the Recife, São José and Santo Antônio Districts, showed a decrease in its population, which left a predominantly residential profile and gave place to the commercial and service sectors. This new profile transformed “downtown” into a congested space for cars and buses during the day and almost a desert at night. By this time, distant neighborhoods such as Casa Amarela and Boa Viagem Districts had significant increased populations. At the end of the decade, the Turma do Beco do Barato, formed by musicians and artists, who mixed psychedelic rock, Indian music and northeastern music, appeared in the city. Artists such as, Zé Ramalho, Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Robertinho do Recife, Zé da Flauta, Lula Côrtes, Lailson e Marconi Notaro emerged from this ‘gang’.
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Aterro da Rua da Aurora em 1967. Aurora Street Embankment in 1967.
Anos 70
The Seventies The beginning of the 1970s was marked by various public administrative interventions in the city’s central region. The majority of theses interventions were trying to find solutions to the traffic problems in the region and to speed up the dislocation between the center and the southern zone, where most of the vehicle owners lived. Therefore, more than ten streets were destroyed and more than 400 historic houses and buildings were demolished. These included, despite public political protests, the Artillery Regiment Barracks, built in 1786, the Church of Bom Jesus dos Martírios, the only Brazilian church built entirely by slaves, and the São João de Deus Hospital, where the Pernambuco Revolution of 1817 had broken out. In 1973, the Metropolitan Region of Recife was created. It was the more the result of the population increase than a policy to resolve problems between Recife and its neighboring municipalities. One of the fruits was the creation, on 19 November 1979, of the Public Passengers’ Transport System, in the Recife metropolitan region. Also in 1979, the Law for the Preservation of Historic Sites in Recife was created; this later on resulted in a large project to restore and esteem the historic architecture of the city.
Região da Avenida Dantas Barreto na década de 1970.
The Dantas Barreto Avenue region in the 1970s.
Acervo: Narciso Lins/DP/D.A. Press
A década de 1970 inicia marcada por várias intervenções da administração pública, na região central da cidade. A maioria delas busca soluções para o tráfego de veículos na região e para agilizar o deslocamento entre o centro e a zona sul, onde morava a maior parte dos proprietários de automóveis. Para tanto, são destruídas mais de 10 ruas e demolidos mais de 400 casas e edifícios históricos, dentre eles, apesar de várias manifestações públicas e políticas, o Quartel do Regimento de Artilharia, de 1786, a Igreja do Bom Jesus dos Martírios, a única do Brasil totalmente construída por escravos, e o Hospital de São João de Deus, local de onde se irradiou a revolução pernambucana, em 1817. Em 1973, é criada a Região Metropolitana do Recife. Era mais um resultado do aumento da população e de uma política, que buscava soluções conjuntas para Recife e seus municípios vizinhos. Um de seus frutos foi a criação, em 19 de novembro de 1979, do Sistema de Transporte Público de Passageiros, na região metropolitana do Recife. Também em 1979, é criada a lei de Preservação dos Sítios Históricos do Recife, que nos anos seguintes, resultaria em um grande projeto de restauração e valorização da arquitetura histórica da cidade.
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A Cidade Hoje The City Today
Fundada em 1537, Recife, capital do Estado de Pernambuco, é a mais antiga das capitais brasileiras. Durante muito tempo serviu apenas como porto para escoar a produção de cana-de-açúcar da capitania. Em 1630, em busca das riquezas proporcionadas pela cana, os holandeses dominaram a região. Sob o comando do Conde Maurício de Nassau, que a governou entre 1637 e 1644, Recife passou por uma revolução urbanística, com a renovação do traçado de suas ruas, construção de pontes e afloramento de uma nova arquitetura. Essas influências são vistas até hoje, principalmente na região central da cidade. Em seu extremo sul, ficam o bairro e a praia de Boa Viagem onde, além da bonita e bem estruturada orla, encontramos hoje a arrojada arquitetura de seus edifícios. Já em Apipucos, bairro onde viveu o escritor Gilberto Freyre, as casas lembram a Recife do início do século XX. Se no passado foram as pontes as responsáveis pela ligação de diferentes partes da cidade, hoje são as grandes avenidas que desempenham esse papel, nos conduzindo a uma Recife muito maior e mais diversa do que aquela que os holandeses construíram bela.
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Founded in 1537, Recife, capital of the State of Pernambuco, is the oldest of the Brazilian capitals. For a long time it was used only as a port to sell the captaincy's sugar cane production. In 1630, the Dutch dominated the region in search of the wealth the sugar cane crops offered. Under the command of Count Maurice de Nassau, who ruled it from 1637 to 1644, Recife experienced an urban revolution that renewed the plan of its streets, built bridges and produced the outburst of a new architecture. These influences are seen to date, mainly in the city’s central region. The district and beach of Boa Viagem is at its extreme south where, besides the beautiful and well-structured coast, we presently find the bold architecture of its buildings. On its turn, in Apipucos, the neighborhood where writer Gilberto Freyre lived, the houses resemble Recife from the early twentieth century. If in the past the bridges were responsible for connecting the different parts of the city, presently the wide avenues play this role in leading us to a much greater and more diverse Recife than the one the Dutch built beautiful.
Centro Berço histórico, coração e alma da cidade, seu centro reúne os bairros do Recife, São José, Santo Antônio e Boa Vista. Nele, estão as construções mais antigas, as ruas estreitas, as histórias, os monumentos, os achados arqueológicos que, entre o movimento dos carros e o concreto, revelam a evolução da capital de Pernambuco. Misturam-se na região central, as influências de holandeses, portugueses, judeus e franceses que, entre a terra e o mangue, o rio e o mar, levantaram os alicerces da cidade atual.
Downtown The historic cradle, heart and soul of the city, its center reunited the Recife, São José, Santo Antônio and Boa Vista Districts. Within, are the oldest buildings, the narrow lanes, the histories, monuments, the archeological finds that between the movement of cars and the concrete reveal the evolution of the Pernambuco capital. The foundations of the present city were built on the blend of Dutch, Portuguese, Jewish and French influences on the terrain between the land and the mangroves, the river and the sea.
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Viagem ao Centro A Journey Downtown
Para conhecer o centro histórico de Recife ou o centro de qualquer cidade, o ideal é sempre desbravá-los a pé. Assim, podemos olhar com calma os detalhes das construções, conversar com as pessoas, olhar para cima, para os lados. Para facilitar sua movimentação, o mapa abaixo indica tais locais. A nossa, vai começar pelo Recife Antigo, cruzando o local onde a cidade começou.
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In order to get to know the historic center of Maceió or any other city, for that matter, it should ideally be explored on foot; we can calmly study the details of buildings, chat to the locals, and look above eye-level and on all sides. To help your tour, the map below indicates these locations. So, let us start in Old Recife, crossing to the location where the city was born.
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Marco Zero The Zero Point
Desde 1938, quando a Praça Barão do Rio Branco passou a indicar o quilômetro zero da cidade, a região tornou-se conhecida por esse nome. Em 1999, ganhou um novo formato, dando a Recife o mais belo Marco Zero do Brasil. A partir dele, olhando na direção do Rio Capibaribe e do Esculturas, criado pelo artista mar, se vê o Parque das Esculturas plástico Francisco Brennand. No sentido oposto, na direção oeste, para onde cresceu a cidade em seu início, enchem os olhos, os prédios históricos do Instituto Cultural Banco Real Real, da Associação Comercial e do Centro Cultural da Caixa Econômica Federal Federal. Since 1938, when the Barão do Rio Branco Square became the zero kilometer point of the city, the region has become known by this name. In 1999, it won a new epithet, when Recife was deemed the most beautiful Zero PPoint oint in Brazil. From there, look in the direction of the Capibaribe River and sea, and gaze at the Sculpture PPark ark ark, created by the sculptor Francisco Brennand. In the opposite direction, to the west, imagine how and where the city started to grow, feast your eyes on the historic buildings of the Banco Real Cultural Institute Institute, the Commercial Association and the Caixa Econômica FFederal ederal Cultural Center Center.
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Boa Vista Boa Vista
Cruzando a Ponte 6 de Março Março, iniciamos a viagem pelo Bairro da Boa Vista Vista. No meio da caminhada, já é possível enxergar as torres da Igreja Matriz da Boa Vista Vista, construída entre 1784 e 1793. A primeira parada é na Praça Maciel PPinheiro inheiro inheiro, para admirar seu belo chafariz e conversar com Clarice Lispector, escritora que nasceu na Ucrânia e que entre 1924 e 1934 viveu no Recife. A casa em que ela viveu fica junto à praça, na esquina com a Trareze de Maio vessa do Veras. Seguindo pelas ruas do Hospício e Sete de Setembro, no sentido do Parque T Treze Maio, cruernambuco zaremos o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de PPernambuco ernambuco, criado em 1862 e segundo mais antigo do Brasil, a antiga Escola de Engenharia Engenharia, a Faculdade de Direito e a Câmara Municipal do Recife cife. After crossing 6th of March Bridge Bridge, we start out journey into the Boa Vista District District. In the middle of the walk, it is already possible to view the spires of the Matriz da Boa Vista Church Church, built between 1784 and 1793. The first stop is in Maciel Pinheiro Square Square, to admire its beautiful fountain and talk with Clarice Lispector, a writer born in Ukraine and who lived in Recife between 1924 and 1934. The house in which she lived is attached to the square, on the corner of Veras Lane. By walking along Hospício and Sete de Setembro Streets, in the direction of Treze de Maio PPark ark ark, we will come across the Archeological, Historical and Geographical Institute of Pernambuco ernambuco, established in 1862 - the second oldest in Brazil; the old Engineering School School, the Law Faculty and the Recife Municipal Assembly Assembly.
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Pontes de Recife Recife Bridges
Numa caminhada pelo centro do Recife, suas pontes merecem um olhar especial. Por diferentes ângulos e locais, cada uma delas ganha e ao mesmo tempo revela novas formas de Recife e de si mesmas. A Ponte Maurício de Nassau Nassau, com suas belas estátuas, está instalada onde foi inaugurada, em 1643, a primeira grande ponte do Brasil. A Ponte da Boa Vista Vista, apesar da estrutura de ferro que ganhou no século XIX, ainda é vista como aquela que mais se aproxima de sua estrutura original. A Ponte 12 de Setembro Setembro, inaugurada em 1971, no local da antiga Ponte Giratória, dá acesso ao Bairro do Recife. A Ponte Buarque de Macedo Macedo, inaugurada em 1890, liga o Bairro do Recife ao de Santo Antônio. A Ponte 6 de Março chama a atenção, com seus velhos lampiões. Finalizam nosso circuito, as pontes Princesa Isabel Isabel, de 1863, e primeira a utilizar o ferro como principal material, e Duarte Coelho Coelho, de 1943, que oferecem belas imagens de seus arredores.
De cima para baixo as luminárias da Ponte 6 de Março e as pontes Buarque de Macedo, Boa Vista e Maurício de Nassau. 76
On the walk to downtown Recife, its bridges deserve special attention. From different angles and positions, each one of them reveals new ways of seeing Recife and vice versa. The Maurício de Nassau Bridge Bridge, with its fine statues, was built where it was inaugurated, in 1643, the first large bridge in Brazil. The Boa Vista Bridge Bridge, besides its iron structure from the XIX Century, can be still seen almost in its original form. The 12th of September Bridge Bridge, inaugurated in 1971, on the location of the old Revolving Bridge, accesses the Recife District. The Buarque de Macedo Bridge Bridge, inaugurated in 1890, links the Recife District to that of the Santo Antônio District. The 6th of March Bridge with its old lampposts, and at the end of our circuit, the Princesa Isabel Bridge Bridge, of 1863, the first to use iron as its principal material, and the Duarte Coelho Bridge Bridge, of 1943, which offers beautiful views of its surroundings, are all worth your attention.
From above to below, the illumination on the 6 de Março Bridge, and the Buarque de Macedo, Boa Vista and Maurício de Nassau Bridges.
Estátuas
Statues
As estátuas são mais uma atração no centro do Recife. Acima, no meio, o Monumento ao Mandacaru, próximo ao Forte das Cinco Pontas. Ao seu lado, estáticas na Praça da República, as deusas Minerva, à esquerda, e Vesta, à direita. Ao lado, Manuel Bandeira pensa, enquanto o caranguejo acena para quem passa. Abaixo, o pernambucano Luíz Gonzaga, rei do baião, toca e Chico Science continua cantando a manguetown. The statues are one more attraction in downtown Recife. Above, in the middle, is the Monument to Mandacaru, next to the Cinco Pontas Fort. Close by, standing in República Square, are the goddesses Minerva, to the left, and Vesta, to the right. Alongside, Manuel Bandeira thinks, whilst the crab waves at all who pass by. Below, the Pernambucano Luíz Gonzaga, King of Baião, plays and Chico Science continues to sing about mangrovetown.
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Oficina Brennand Brennand Workshop
O local é fruto de uma idéia do artista plástico Francisco Brennand que, à partir do início dos anos de 1970, passou a reconstruir a antiga cerâmica de seu pai. Transformou o espaço num jardim de esculturas, que revelam sua inventividade e criatividade. Uma visita ao local é um passeio por uma esquina, onde arte e natureza, mitologia e formas, se encontram e se harmonizam. A Oficina Brennand, está localizada no bairro da Várzea, com visitação de segunda à quinta-feira, entre 8h e 17h, e às sextas-feiras entre 8h e 16h.
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The location is the product of an idea of the sculptor Francisco Brennand who, at the beginning of the 1970s, began rebuilding his father’s old ceramic workshop. He transformed the space into a sculpture garden, which displays his inventiveness and creativity. A visit to the place is a walk through a corner of the city where art and nature, mythology and forms meet and harmonize. The Brennand Workshop is located in the Várzea District, with visiting times from Monday to Thursday, between 8.00 and 17.00, and on Fridays between 8.00 and 16.00.
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Arte e Artesanato Art and Craftwork
Centro aglutinador e irradiador de cultura, Recife, além das obras locais, revela na Casa da Cultura, no Mercado São José, na Feira do Terminal de Boa Viagem ou mesmo em lojas de shopping, várias manifestações do artesanato pernambucano e nordestino. Seja em madeira ou em cerâmica, são muito comuns as peças que homenageiam o trabalho do homem do campo, e que remetem à costumes rurais, à figuras típicas do nordeste brasileiro, ou à história, como ocorre com as peças que lembram o pernambucano Lampião e sua esposa Maria Bonita. Os bonecos de barro são em sua grande maioria, herança e influência do Mestre Vitalino, pernambucano de Caruaru, que transformou em arte figurativa a vida do sertanejo. Outras peças que utilizam principalmente materiais reciclados apresentam em tamanho reduzido, as manifestações folclóricas da cidade ou do estado, como o maracatu e o frevo. De Ibimirim, no interior do Estado, vêm as imagens religiosas em Madeira. De Passira, cerca de 100km da capital, partem os bordados. De Olinda, são as peças em que perfis da cidade são esculpidos em pequenos pedaços de madeira. De influência indígena, são os trabalhos com palha. De seu trançado surgem bolsas, tapetes, chapéus, cestas. Já o couro dos animais é transformado em alpercatas, perneiras, botas, alforjes e outros objetos, úteis no dia a dia do sertanejo, ou transformados em objetos de decoração ou lembrança, para aqueles que visitam a cidade.
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The irradiating and agglutinative culture center, Recife, as well as the local crafts, displayed in the House of Culture, the São José Market, and the Terminal of the Boa Viagem Fair or its shopping malls, you can also find examples of Pernambuco and Northeast craftwork. Whether from wood or ceramics it is very common to find pieces that pay homage to the farm workers and reflect their rural customs/costumes, the typical figures from the Northeast, or characters from Pernambuco history, such as Lampião and his wife, Maria Bonita. The clay figurines are in the most part, the heritage and influence of Master Vitalino, a Pernambucano from Caruaru, who encapsulated the rustic life in figurative art. Other pieces use mainly recycled materials represented in small scale, the city’s or state’s folkloric tradition, such as the maracatu and frevo. From Ibimirim, in the state’s interior, come wooden religious artifacts. From Passira, close to 100 km from the capital, comes the embroidery. From Olinda, there are small sculptured wooden profiles of the city. The indigenous influence is to be found in the craftwork made from straw, i.e. bags, rugs, hats and baskets. Leather is transformed into sandals, boots, purses, and other objects, used daily in the countryside, or transformed into decorative objects or memorabilia, for those visiting the city.
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