Edicao Agosto 2011

HI-TECH A tecnologia das as raquetes dos campeões P66

ECONOMIA Programa espacial renasce 8 anos após tragédia do VLS P20

Agosto 2011 • Ano 2 • Número 17 R$ 7,80

CLÁSSICO OU PELADA? São José fantasia estrutura esportiva para atrair delegações estrangeiras e virar Centro de Treinamento na Copa do Mundo

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Opinião

Palavra do editor

DIRETOR RESPONSÁVEL Ferdinando Salerno

Pequenas mentiras, grandes estragos

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Copa do Mundo, o mais importante torneio de futebol do planeta, promete vasta oportunidade de negócios às cidades que receberem uma das 32 seleções que disputarão o mundial. E São José dos Campos, Guaratinguetá, Caraguatatuba e Campos do Jordão compõem o grupo de 145 municípios brasileiros selecionados pelo Comitê Organizador para concorrer a chance de hospedar uma equipe estrangeira.

Mas para se tornar um Centro de Treinamento é preciso gerenciar prazos, alavancar investimentos e viabilizar infraestrutura atrativa aos times. Nesse sentido, a estrutura esportiva divulgada pela Prefeitura de São José é duvidosa: as informações sobre os CTs oferecidos não condizem com a realidade. E “pequenas” mentiras podem causar grandes estragos. É questionável relacionar no guia, que será usado pelas delegações estrangeiras para escolherem onde vão se preparar para o mundial, que o Martins Pereira dispõe de heliponto, auditório ou sala de mídia, quando é sabido que o estádio se esforça até para atender a rotina do clube.

A situação se agrava quando o governo municipal, responsável por encaminhar essas informações ao Coesp (Comitê Executivo de São Paulo para a Copa), não tem projeto e nem a previsão de investimento para equipar o estádio com essas benfeitorias. Pior: e quando essa situação se estende ao projeto de um clube particular? O Primeira Camisa começa a construir seu CT na cidade. O projeto também consta no guia, mas a estrutura prevista não inclui heliponto, sauna, pista de cooper, business center e outros itens especificados pela prefeitura.

Os representantes das delegações conhecerão os CTs dos municípios após as eliminatórias, no final de 2013, ou seja, seis meses antes do início da Copa. Somente após esse período São José, se alçada ao título de “cidade-base”, começará a tocar os projetos das melhorias nos CTs que prometeu.

Fica a pergunta: por que no Brasil insistimos em fazer tudo ao contrário do que manda a boa norma?

Marcelo Claret editor-chefe

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DIRETORA ADMINISTRATIVA Sandra Nunes EDITOR-CHEFE Marcelo Claret mclaret@valeparaibano.com.br EDITOR-ASSISTENTE Adriano Pereira adriano@valeparaibano.com.br EDITOR DE FOTOGRAFIA Flávio Pereira flavio@valeparaibano.com.br REPÓRTERES Hernane Lélis (hernane@valeparaibano.com.br), Yann Walter (yann@valeparaibano.com.br) DIAGRAMAÇÃO Daniel Fernandes daniel@valeparaibano.com.br COLABORADORES Cristina Bedendo, Filipe Manoukian, Franthiesco Ballerini, Letícia Maciel, Marrey Júnior e Xandu Alves COLUNISTAS Alice Lobo, Arnaldo Jabor, Fabíola de Oliveira, Marco Antonio Vitti e Ozires Silva CARTAS À REDAÇÃO cartadoleitor@valeparaibano.com.br As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, endereço e telefone do remetente.

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DEPARTAMENTO DE PUBLICIDADE REGIONAL Aline Furtado, Cristiane Abreu,

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A tiragem é auditada pela KPMG Auditores Associados

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MODA

Sumário

VERÃ DE VERÃO VÁRIOS VÁRIO ESTILOS P70 ESTIL

ESPECIAL

Bola fora Documento usado para divulgar os centros de treinamento de São José dos Campos para a Copa do Mundo de 2014 traz informações de instalações que não existem

ECONOMIA CIÊNCIA E TECNOLOGIA

CRIME CYBERSPAÇO

CULTURA SERRA

Torre de Alcântara renasce das cinzas P20

Piratas do novo século

Acordes e solos na Mantiqueira P80

Oito anos após acidente que matou 21 pessoas, base de lançamento de foguetes fica pronta COMPORTAMENTO JOGOS ELETRÔNICOS

Proibido para menores P30 Videogames violentos são cada vez mais procurados por crianças e adolescentes ENTREVISTA MIGUEL NICOLELIS

“Estamos libertando o cérebro dos limites físicos do corpo” P36

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P46 Quem são esses jovens que invadem os sites mais seguros do mundo?

LITERATURA

Desafio do primeiro livro Autores de primeira viagem enfrentam vários obstáculos para publicarem suas obras P84

Festival reúne, a partir de setembro, o que há de melhor nas seis cordas no distrito de São Francisco Xavier TURISMO ÁSIA

A diversidade do Vietnã P60 Ensaio Fotográfico p52 Hi-Tech p66 Cinema p88 Arnaldo Jabor p98

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Palavradoleitor A revista valeparaibano publicou reportagem sobre as mentiras que se contam quando o assunto é sexo

SÃO JOSÉ Carta Adorei o tema da jovem senhora de 244 anos, que criatividade... Parabéns. Está linda, colorida, notícias da hora e superando a cada mês.

Carmen Inez Machado Empresária

CAPA

ENQUETE Você considera os videogames violentos?

Sexo MIX Qualidade Li a revista valeparaibano de julho e tenho algumas coisas para comentar. Nunca gostei da VEJA, sempre preferi a ÉPOCA. Motivo: gostava do mix de matérias e principalmente do projeto editorial. Minha maior alegria é poder ver em minhas mãos a materialização de um trabalho de qualidade feito por profissionais competentes: matérias de primeira sobre a região a partir de um crivo jornalístico que eu nunca tinha visto antes, fora o projeto editorial, a diagramação. Enfim, parabéns! Sou fã da revista. Realmente uma revista que dá vontade de ler do início ao fim e que não torna cansativo saber os assuntos que envolvem a nossa região. Sucesso e continuem assim!

Anderson Silva Cabral Historiador

Uma revista que entra em muitos lares de familias responsáveis, que estão em busca de informações para encararmos o dia a dia de nossa região. Porém, a edição de julho traz uma capa, digo que, indecente. A matéria é interessante.

Mas é preciso repensar nas “imagens” que ficam expostas às nossas famílias.

Eloisa Gonçalves Por e-mail

TWITTER @AnaDair Excelente artigo de Jabor publicado pela @r_valeparaibano sobre a polêmica em torno da legalização da maconha @ramosemartins Lindíssima carta de “São José dos Campos” na revista @r_valeparaibano ! Estão de parabéns!

SIM NÃO

Os votos foram computados entre os dias 5 e 22 de julho

Enquete www.valeparaibano.com.br

cartadoleitor@valeparaibano.com.br

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RevistaValeparaibano Sjc

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revistavaleparaibano

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Política

Da Redação ‘Faxina’ nos Transportes derruba 16 funcionários Objetivo das demissões é minar suposto esquema de desvios montado com participação de dirigentes do PR

BRANCO & PRETO Sobre o suposto esquema de desvios montado com a participação ativa de dirigentes do PR no Ministério dos Transportes

“É preciso tomar cuidado para não crucificarmos pessoas sem darmos o direito de defesa. A balança tem que ter equilíbrio” Lincoln Portella líder do PR na Câmara dos Deputados

ANÚNCIO O ministro dos Transportes Paulo Sérgio Passos em coletiva sobre a crise na pasta

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prometida “faxina” no Ministério dos Transportes já atingiu 16 integrantes do governo, entre eles, o ex-ministro Alfredo Nascimento. Foram demitidos funcionários do ministério e do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e exonerados dois funcionários da estatal Valec: o gerente de licitações e contratos Cleilson Gadelha Queiroz e o assessor Pedro Ivan Guimarães.

A maioria dos afastados é ligada ao núcleo do PR, que integra a coalizão da presidente Dilma Rousseff e que dirige a pasta há cinco anos. As demissões foram acertadas pelo ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, com a presidente Dilma diante da onda de denúncias de corrupção no ministério.

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O objetivo imediato do Palácio do Planalto com as demissões é minar um suposto esquema de desvios, montado ao longo de anos, com a participação ativa de dirigentes do PR. O ministro Paulo Passos prepara outro pacote de demissões. Estão no alvo funcionários do Dnit de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio Grande do Sul. A crise no governo federal começou há duas semanas, após reportagem mostrar o funcionamento de um esquema de corrupção no Ministério dos Transportes. Logo em seguida, o governo anunciou o afastamento do diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, do presidente da Valec, José Francisco das Neves, do chefe de gabinete do ministério, Mauro Barbosa, e do assessor Luiz Tito. Alfredo Nascimento não resistiu à pressão e pediu demissão.

“A presidente Dilma Roussef está determinada a fazer com que as coisas andem direito”

Paulo Bernardo ministro das Comunicações

“Se era um colegiado e um colegiado por unanimidade, todos acertam e todos erram.

Então, cai todo mundo”

Blairo Maggi Senador pelo PR

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“Quanto mais ampliar a consulta, melhor a decisão. Legitima quem sai candidato e, quem não foi escolhido, teve a oportunidade de disputar”

Geraldo Alckmin, governador do Estado de São Paulo Sobre as eleições internas para escolher o candidato do PSDB que concorrerá à Prefeitura de São Paulo

Estado ‘dribla’ licitação para acelerar obras na Tamoios

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governador Geraldo Alckmin (PSDB) usará um contrato firmado faz 18 anos para duplicar o trecho de planalto da rodovia dos Tamoios. As obras serão incluídas no projeto da ligação Dutra-Carvalho Pinto em São José, lançado na gestão de Luiz Antonio Fleury Filho.

A manobra permitirá que o governo do Estado dê início à duplicação sem a necessidade de abrir um novo processo licitatório. As obras do corredor Dutra-Carvalho Pinto são executadas desde 1993 pelo

São José retoma prédio da galeria Pedro Rachid

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pós nove anos de disputas judiciais, a Prefeitura de São José dos Campos retomou o prédio da antiga galeria Pedro Rachid, no centro. O terreno foi doado em comodato ao Sindicato do Comércio Varejista por um período de 30 anos. O prazo se encerrou em 2002, mas os comerciantes não devolveram o prédio e entraram na Justiça.

Em 2004, a prefeitura obteve decisão favorável em primeira instância, mas os comerciantes recorreram ao Tribunal de Justiça. Na época, o governo municipal, com o apoio de força policial, chegou a reintegrar

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grupo Andrade Gutierrez por meio de aditamentos em um mesmo contrato.

Um novo ajuste no contrato contemplará a duplicação de parte do trecho de planalto da Tamoios, entre os km 11,5, em São José dos Campos, e o km 32,8, em Paraibuna.

O serviço tem custo estimado em R$ 390 milhões. A previsão é que as obras tenham início em janeiro de 2012.

Ao todo, o projeto prevê a duplicação de 54,4 quilômetros no trecho planalto, 39 quilômetros no trecho serra e a construção de 38,1 quilômetros de contornos viários em São Sebastião e Caraguatatuba. A obra consumirá R$ 4,5 bilhões.

Promessa A duplicação da rodovia dos Tamoios é promessa recorrente dos candidatos do PSDB desde a campanha eleitoral de 1994 e dos governos tucanos desde 95, na primeira gestão de Mário Covas. Alckmin assumiu o governo prometendo que a Tamoios seria a obra prioritária de sua gestão e que seria iniciada este ano.

16 salas vazias –a galeria possui 60 salas.

Em março deste ano, o Tribunal de Justiça concedeu a reintegração de posse à prefeitura e os comerciantes deixaram o prédio.

No local havia escritórios de contabilidade, tatuadores, salões de beleza, serviços de arbitragem e lojas de informática. Desde então, o prédio está lacrado.

Somente no último pavimento, 13 salas continuam disponibilizadas para o projeto Aquarela, da Fundhas (Fundação Hélio Augusto de Souza), que atende menores vítimas de violência doméstica na cidade.

Estratégia O prédio é considerado estratégico em razão de sua localização, e já foi sondado por três secretarias: Saúde, Desenvolvimento Social e Esportes e Lazer, mas ainda ainda não se sabe que destino a prefeitura dará ao imóvel.Dependendo da destinação dada ao prédio, segundo o governo municipal, o projeto Aquarela será instalado em outro local no centro da cidade.

Laudo aponta má gestão de recursos em Taubaté A Comissão Processante da Câmara de Taubaté pediu nova avaliação do relatório das compras de remédios feitas pela prefeitura entre 2008 e 2010. O resultado da perícia, realizada por um assessor do Legislativo, apontou que houve má gestão do dinheiro público nas aquisições.

De acordo com a análise, as compras de medicamentos sem licitação teriam ficado R$ 3,1 milhões mais caras do que se tivessem ocorrido por pregão.

O resultado da perícia foi encaminhado para a prefeitura para manifestação da defesa do prefeito Roberto Peixoto (PMDB).

A presidência da Comissão Processante informou que após o pronunciamento do prefeito será decidido se o documento será ou não anexado ao processo. Para a defesa de Peixoto, “o laudo tinha por objetivo fazer a análise das compras e não da forma de gestão. Se fosse isso, o profissional responsável não deveria nem ser um contador.”

Os vereadores tem até o próximo dia 17 para encerrar os trabalhos da comissão e apresentar um relatório. Caberá aos 14 parlamentares votar pela cassação ou não do prefeito, que também, é investigadado pela Polícia Federal sob a acusação de ormação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.

Somados, os crimes são passíveis de no mínimo 10 anos de prisão.

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Reportagem de Capa

Política

COPA 2014

Será que dá jogo?

Sem projetos e previsões de investimentos, São José fantasia estrutura esportiva para atrair delegações estrangeiras e aumentar as suas chances de abrigar um dos Centros de Treinamento na Copa do Mundo

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Fotos: Flávio Pereira

ESTÁDIO Arquibancada com as cadeiras numeradas do estádio Martins Pereira, em São José

Hernane Lélis são josé dos campos

desafio de se tornar Centro de Treinamento de um evento com a magnitude de uma Copa do Mundo independe de vontade política. A decisão esbarra na capacidade de gerenciar prazos, conquistar investimentos e, principalmente, possuir infraestrutura atrativa às seleções que disputarão o torneio. Dentro dessas prerrogativas é que São José dos Campos procura se adaptar para receber uma das 32 seleções que desembarcarão no Brasil para disputar o Mundial em 2014, nem que para isso

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“pequenas” mentiras tenham que ser contadas sobre a estrutura esportiva disponível na cidade.

São José está entre os 145 municípios brasileiros selecionados pelo Comitê Organizador Local para hospedar uma equipe estrangeira.

Dessas, 37 estão no Estado de São Paulo. Cada uma ostenta características diferentes como trunfo para ganhar a preferência de uma delegação ou confederação internacional. No caso do maior município do Vale do Paraíba, a localização e o aeroporto, ainda que deficitário, são as principais bandeiras apresentadas.

Mas a cidade também quer ganhar destaque no quesito esportivo, apresentando informações sobre os CTs oferecidos que não condizem com a atual realidade.

Ou você já viu algum helicóptero descendo no heliponto do Martins Pereira? Conhece o auditório e a sala de mídia do estádio? Os itens aparecem como estrutura local no caderno elaborado pelo Coesp (Comitê Executivo de São Paulo para a Copa), intitulado “CidadeBase: o Potencial do Estado de São Paulo para sediar os Centros de Treinamento das Seleções para a Copa do Mundo FIFA Brasil 2014”, lançado em fevereiro. O estudo lista a estrutura hoteleira e esportiva dos possíveis CTs paulistas para o mundial. São José possui outras três opções de complexo esportivo.

De acordo com a oferta municipal, a bola também pode rolar sob a proteção dos militares no DCTA (Departamento de Ciência e

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Reportagem de Capa

Tecnologia Aeroespacial). A prefeitura teria costurado um acordo para utilização total do centro, incluindo é claro, os campos de futebol, oferecendo como contrapartida uma reforma geral no gramado e manutenção durante a estadia da seleção, caso seja escolhido como CT. A estrutura da Univap (Universidade do Vale do Paraíba) também foi relacionada. Ambas as propostas têm infraestrutura completa e não foi necessário um “upgrade” na apresentação.

O mesmo não aconteceu com o Centro de Treinamento que será construído pelo clube Primeira Camisa. Na área de 252 mil metros quadrados, no Capão Grosso, zona leste da cidade, está prevista a construção de cinco campos de futebol em tamanho profissional, alojamento, refeitório, sala de jogos, sala de vídeos, academia e sala de fisioterapia. O projeto está avaliado em R$ 5 milhões e tem previsão de início das obras ainda esse ano.

A estrutura, segundo o presidente do time, Francisco Ferreira visa atender as necessidades básicas de sua equipe. O que não inclui heliponto, sauna, piscina (a que existe é para fisioterapia), pista de cooper, business center, quadra de vôlei, entre outros itens especificados no material produzido pela Coesp.

“Vou verificar isso, algumas coisas não estão previstas em nosso projeto. Nosso Centro de Treinamento é para o Primeira Camisa, essa é a prioridade. Agora, vai atender a Copa? Nós vamos ter que adequar alguma coisa, sem fugir da nossa realidade de investimentos”, disse Ferreira. “A indicação veio do comitê, entraram em contato com a gente e depois com a prefeitura. Nós passamos nosso projeto para eles (prefeitura). O que eles incluíram, se houver necessidade de adaptação para a Copa do Mundo, será feito por eles. Nós não vamos fazer além do que está programado”, concluiu.

A verdade Por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa, o Coesp afirmou que as informações que constam no guia foram encaminhadas pelos empreendedores e que serve como subsídio para que as delegações escolham os locais aonde vão se preparar. O lançamento de edições futuras, com eventuais atualizações, ainda é analisado. Segundo o comitê, a decisão de investir ou não antes do anúncio final das cidades bases para Copa deve ser feita pelo empreendedor privado e poder público municipal, no caso de envolver recursos públicos.

No final de 2013, após o encerramento das eliminatórias, os representantes das delegações poderão conhecer os locais aprovados pelo comitê com a ajuda de um novo catálogo

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PELADA Garoto se diverte jogando futebol no Campo dos Alemães, na zona sul de São José; abaixo, jogo no campo do Parque da Cidade

que deve constar 90 CTs. Desse total, apenas 32 vão abrigar as seleções estrangeiras no Brasil. “Se constarmos no caderno da FIFA que será apresentado para as delegações, atenderemos a todas as melhorias indicadas, ou seja, valores a serem investidos só saberemos em um segundo momento”, explicou o secretário de Esportes de São José, Sérgio Theodoro.

Sobre o conteúdo apresentado no guia, a secretaria esclarece que tudo foi verificado pessoalmente pela equipe técnica do Coesp.

O que não existe hoje fisicamente foi colocado no caderno após verificada a possibilidade de adequação durante esta passagem do comitê pela cidade. É o caso da sala de mídia e do auditório no Martins Pereira, onde, segundo a administração, existe um local que pode ser readequado para atender essa necessidade – no catálogo não existe indicação de “novo projeto”, assim como em outras situações semelhantes no estudo. Já o heliponto que consta no guia como estrutura do estádio, a prefeitura informou que existe a possibilidade de uso do local de pouso e decolagem de helicópteros da

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Polícia Militar, que fica próximo ao campo.

No entanto, o comando da PM adiantou à revista valeparaibano que o heliponto utilizado pelo helicóptero Águia é homologado e de uso exclusivo da corporação. Os casos excepcionais devem ser analisados e autorizados previamente –o que ainda não foi feito.

A possibilidade de adequação no projeto também foi o argumento usado pela prefeitura para o “upgrade” no CT do Primeira Camisa.

O problema é que a administração do clube já afirmou que não haverá mudança no planejamento realizado uma vez que o principal propósito do complexo é atender as necessidades do time da cidade. Para cumprir com o que foi prometido, caso São José seja alçada ao título de “cidade-base”, a prefeitura teria que estudar uma espécie de parceria público-privada com o então proprietário da equipe, o ex-zagueiro da seleção brasileira Roque Júnior.

“A prefeitura ao apresentar coisas mentirosas achando que vai ganhar pontos, ela vai é perder pontos, a cidade vai perder. Uma parceria com o setor privado não funciona desta forma, é preciso abrir uma licitação e consultar outros clubes que poderiam ter interesse nesses in-

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vestimentos. Ainda sim, uma parceria públicoprivada seria ao contrário, o setor privado entra em um projeto público. Colocando dessa forma na realidade não é uma parceria, como está sendo apresentado não pode acontecer”, explicou a vereadora Ângela Guadagnin (PT).

Exigências da Fifa O centro de treinamento deve ter, pelo menos, um campo em excelentes condições e de acordo com os parâmetros internacionais estabelecidos pela Fifa. As seleções exigem uma distância máxima de até 20 minutos de deslocamento Hotel-Centro de treinamento, via ônibus. O hotel deve ter disponibilidade de, no mínimo, 55 quartos com ar-condicionado ou aquecedor (considerando o clima na região nos meses de junho e julho). Algumas seleções podem precisar de 100 quartos ou mais. O serviço de restaurante deve atender, pelo menos, 55 pessoas, estilo buffet, que seja reservado 24 horas para uso exclusivo da seleção. A sala para conferência de imprensa deve ter estilo cinema e capacidade mínima de 100 pessoas.

A cidade deve ser próxima de algum aeroporto, com capacidade para receber aeronaves

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de aproximadamente 120 passageiros e que permita voos noturnos. O deslocamento hotelaeroporto via ônibus, não pode ultrapassar 60 minutos. Já o centro de treinamento deve ter, pelo menos, um campo em excelentes condições, além de SPA, piscina e áreas fitness. As seleções exigem uma distância máxima de até 20 minutos de deslocamento Hotel-Centro de Treinamento, também de ônibus.

Procurada pela reportagem, os técnicos da Arena Consultoria Projeto Viabilidade, empresa contratada pela FIFA para vistoriar os estádios candidatos a Centro de Treinamento, informaram que não poderiam comentar sobre a estrutura esportiva de São José.

O maior torneio futebolístico do planeta promete uma esteira de bons negócios aos municípios que conseguirem conquistar a preferência de hospedagem de uma delegação. O Brasil receberá 600 mil turistas estrangeiros para a competição, sendo 285 mil somente na capital paulista. Cada um deles deve gastar, em média, R$ 11,4 mil em solo brasileiro, segundo estimativa do Ministério do Turismo, com base nos números alcançados na Copa do Mundo realizada na África do Sul no último ano. Entre

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Reportagem de Capa

os turistas brasileiros, a expectativa é que pelo menos 3 milhões de pessoas circulem pelo país, desses 1,2 milhões em São Paulo.

Para ver parte dessa “bolada” circulando pela cidade, São José precisa ir além da estrutura esportiva. É preciso investir numa área que hoje em dia tem pouco destaque na economia local: o turismo. O município possui 7.800 leitos, sendo 300 quartos em hotéis de alto padrão, ligados a grandes redes hoteleiras. O problema é que nenhum deles passa de quatro estrelas e padecem de certos itens considerados importantes pela FIFA. “Existem grupos do ramo hoteleiro interessados em investir na cidade. Por motivos óbvios não podemos revelar seus nomes”, esclareceu o secretário de Esportes, Sérgio Theodoro.

Na visão de Antonio Ferreira Junior, presidente do Sinhores (Sindicatos dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares) de São José dos Campos e Região, mesmo que nenhum investidor resolva garantir tal empreendimento, São José tem condições de atender com conforto e segurança uma delegação estrangeira. “Hoje temos condição de receber uma seleção, mas isso é limitado por não termos um hotel do nível do evento. Um complexo com campo de futebol, academia, piscinas, entre outras comodidades que nos credenciariam com maior facilidade. Os contatos possivelmente estão sendo feitos com a prefeitura para viabilizar esse projeto devido alguns interesses fiscais”, disse Júnior.

Antonio Ferreira e o secretário Sérgio Theodoro integram o Comitê Joseense para a Copa 2014, que reúne ainda representantes do Conselho Municipal de Turismo, dos setores industriais, comerciais e da construção civil. O grupo foi criado para planejar e implantar ações conjuntas para que o município seja escolhido como uma das cidades-bases da Copa. De concreto até o momento está o empenho em qualificar a mão-de-obra existente nas áreas comerciais, hoteleira e gastronômica. A ideia é que pelo menos 3.000 profissionais recebam noções básicas de inglês e técnicas de atendimento sofisticado.

Três turmas, totalizando cem pessoas, já passaram pelos cursos. “Nosso setor quer atender bem o turista estrangeiro que vem para cá, que ele seja atendido da mesma maneira como se ele estivesse nos Estados Unidos, na Europa, queremos conseguir levar esse padrão aos nossos clientes. A Copa na verdade é o mote que a gente precisa para dar essa qualificação e fazer outros tipos de adequações porque passado o torneio tudo o que fizemos vai ficar. Estamos investindo nesta qualificação R$ 230 mil, isso até 2014” ressaltou Ferreira.

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NO GUIA Estádio Martins Pereira, que foi oferecido como opção de Centro de Treinamento para uma das 32 seleções

“A cada dia o ritmo de preparação do país só aumenta.

Estejam certos que o Brasil entregará as obras no prazo para a Copa do Mundo de 2014” De Orlando Silva, ministro dos Esportes

Copa na região Entre todos municípios brasileiros, apenas 145 concorrem ao posto de Centro de Treinamento. Na região, além de São José, também aparecem como candidatas Campos do Jordão, Caraguatatuba e Guaratinguetá. Mesmo sem a certeza de que pode conquistar a preferência de hospedagem na Copa, Campos do Jordão já tem todo o investimento esportivo e urbano programado pela administração municipal. De acordo com Sônia Beraldo, gerente de Planejamento da prefeitura, pelo menos R$ 13,5 milhões serão aplicados até 2013.

Parte desse montante será empregado na conclusão das obras do CETAR (Centro de Treinamento de Alto Rendimento), iniciada em 2008 e interrompida no ano seguinte depois que a construtora contratada abandonou o projeto. “O centro de treinamento já está licitado para conclusão do primeiro módulo, que consiste basicamente na estrutura recep-

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tiva dos atletas, os alojamentos, a administração e restaurantes. Vamos mandar o resultado para o agente técnico do governo para dar início a outra etapa. Isso deve acontecer agora na primeira quinzena de agosto. O investimento é do governo federal, por meio de um contrato firmado desde 2005”, disse Sônia.

“Fora isso, temos investimentos na área de estrutura urbana, que consiste em revitalização do nosso eixo principal. Asfalto em algumas áreas, recapeamento em outros, calçamento com acessibilidade, entre outras obras. Todo o projeto urbano e turístico está avaliado em R$ 6 milhões, com previsão de início das obras agora em agosto. Não sabemos se com essa verba conseguiremos deixar tudo concluído, mas já vamos avançar para receber melhor os turistas. Vamos também adaptar toda a sinalização para trilíngue, indicação em inglês, espanhol e português”.

A vantagem em se ter tudo bem organizado, pelo menos em teoria, já começou a dar resultados positivos a Campos do Jordão. O município foi o primeiro da região a receber oficialmente a visita de uma delegação internacional interessada em hospedar-se, caso classificada,

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na cidade. Representantes da Football Federation Australia, entidade que coordena o futebol australiano, conheceram Campos e sua futura estrutura esportiva no início do mês. A Austrália ainda não está classificada para Copa –vai disputar as eliminitórias contra países asiáticos. Na mesma data, os dirigentes aproveitaram para conhecer São José, resta saber quais projetos foram apresentados ao grupo.

Caraguatatuba tem como maior trunfo na disputa como Centro de Treinamento, pelo menos na visão da prefeitura, seus 40 quilômetros de praia e a experiência de ter sediado três Jogos Regionais. A cidade oferece como opção de hospedagem no catálogo do Coesp apenas um hotel, situado na praia da Tabatinga, e o centro esportivo municipal Ubaldo Gonçalves, como opção de CT –o trajeto entre os dois locais é feito em meia hora de carro. “Temos uma estrutura esportiva razoável, mas dependemos também de investimentos do governo do Estado para fazer todas as adaptações necessárias”, disse Rubens Antonio de Castro, secretário adjunto de Esportes.

Se Caraguá aposta no incentivo do Estado para conseguir hospedar uma delegação, Gua-

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ratinguetá deposita sua fé na relação existente entre futebol e religião. A cidade natal do primeiro santo brasileiro, Frei Galvão, levanta a bandeira da religiosidade aliado a sua pequena, porém notável estrutura. O município acomoda por ano 960 mil devotos de todo território brasileiro, pessoas que peregrinam pelo chamado circuito religioso do Vale do Paraíba, que inclui a vizinha Aparecida.

A diferença está no perfil dos aguardados visitantes que podem chegar juntamente com alguma delegação em caso de ser escolhida como Centro de Treinamento. Turistas estrangeiros que possuem na bagagem o mesmo volume de dinheiro e exigências. Para a seleção que disputará o mundial, Guará oferece como opção de hospedagem e treinamento um moderno resort. O local, conta com 74 quartos, estacionamento para 600 carros, SPA, sala de fitness, cozinha 24 horas, entre outras comodidades. O campo está sendo reformado segundo os padrões internacionais e uma sala de imprensa será construída.

A Escola de Especialistas da Aeronáutica, também consta no catálogo do comitê. Assim como o DCTA, o centro de formação ga-

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DIVERSÃO Crianças se divertem jogando bola em rua do Bosque dos Ipês, região sul de São José

rante segurança e privacidade às equipes. “O hotel está praticamente tudo certo, dentro dos padrões exigidos. Vamos também fazer adequações no estádio municipal Dario Rodrigues Leite, assim teremos outra opção de CT para oferecer. Funciona assim, fazemos primeiro as adaptações para depois receber a visita do comitê. Na estrutura urbana, pouca coisa precisa ser feita, uma vez que nossa cidade é pequena e já está acostumada a receber turistas”, disse Marcelo Hideki, coordenador da secretaria de Esportes de Guará.

Bola da vez Ao ser eleito país-sede da Copa do Mundo de 2014, o Brasil assumiu uma série de responsabilidades que vão além da tradicional cobrança pelo título do torneio a cada quatro anos. Fora das quatro linhas –que ainda não passam de rascunhos em maquetes– a administração pública precisa ajustar o cronômetro para entregar os estádios que receberão os jogos antes do início da competição. Das 12 arenas espalhadas pelo país, apenas quatro estão com as obras de reforma e construção dentro do prazo –Brasília, Belo Horizonte, Salvador e Cuiabá.

Na capital federal, o estádio Nacional, que está sendo erguido no lugar do antigo Mané Garrincha, tem previsão de custo de R$ 671 milhões. As

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obras começaram há pouco mais de um ano e se encontram na fixação de pilares e estruturas, o que corresponde a 35% do projeto, previsto para ser concluído em dezembro de 2012. No Mineirão, em Belo Horizonte, 20% do programa de reforma, estimado em R$ 743,4 milhões, já foi concluído. Os operários trabalham hoje na terraplanagem e fundações para também entregar a arena em dezembro de 2012.

Salvador foi a primeira sede brasileira a licitar as obras de seu estádio. O projeto vai custar R$ 591 milhões. Com capacidade para abrigar 50 mil pessoas, a Arena Fonte Nova está na fase de fixação de pilares e deve ficar pronta no início de 2013. Considerado um elefante branco pós Copa, a Arena Pantanal, em Cuiabá, está com 23% de seu projeto concluído. O custo da obra é de R$ 355 milhões e deve ficar pronta em dezembro de 2012. O temor é que após o mundial, o estádio fique abandonado, sem retorno financeiro, uma vez que a região possui pouca representação no futebol brasileiro.

Três anos e dez meses após o anúncio de que o Brasil seria palco da próxima Copa do Mundo, estes são os únicos projetos que o país pode apresentar à Fifa que correm dentro do prazo. No pacote de obras em atraso, o caso mais emblemático é justamente o que em tese receberá a primeira

partida do mundial: o Itaquerão, como está sendo chamada a Arena Corinthians. A previsão é que a terraplanagem da área onde será construído o estádio fique pronta no início deste mês, passando então para a fase de perfurações das fundações.

A estimativa mais otimista é que todos os trabalhos sejam concluídos em dezembro de 2013, no entanto, alguns especialistas em infraestrutura urbana acreditam que só será possível entregar a arena em condições mínimas de jogo apenas dois meses antes do início do torneio, ou seja, em abril de 2014. Os valores que serão investidos para viabilizar o projeto também estão em discussão. Um levantamento da construtora responsável pela obra apontou a exorbitante quantia de R$ 1,07 bilhão para o projeto, já o Corinthians fala em R$ 820 milhões.

“A cada dia o ritmo de preparação do país só aumenta. Estejam certos que o Brasil entregará as obras no prazo. O Brasil vive um momento muito especial de superação das desigualdades e o desafio é garantir a sustentabilidade deste crescimento econômico acentuado. A Copa do Mundo serve a este desafio. Além de torcer pela seleção brasileira, trabalharemos para bem receber o mundo em 2014”, disse Orlando Silva, ministro dos Esportes. •

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Política

Ozires Silva

Temos que ter estratégia para vencer, nem que seja copiada de um modelo Sumário Executivo do documento “Estratégia para inovação Americana”, publicado em fevereiro de 2011 pelo Conselho Nacional de Economia e pela Secretaria de Ciência e Tecnologia do governo dos Estados Unidos, começa com os dois parágrafos abaixo:

O

“O futuro crescimento econômico e a competitividade internacional da América depende de nossa capacidade de inovar. Podemos criar empregos e setores do futuro fazendo o que a América faz de melhor –investir em criatividade e imaginação das nossas pessoas. Para vencer no futuro, devemos ser os melhores do mundo em inovação, educação e construção. Também devemos assumir responsabilidade pelo nosso déficit ao investir no que fortalece a América, cortar o que não funciona e reformar a maneira como o governo funciona, assim poderá focar-se em promover nosso crescimento econômico e preparar-se para os desafios do novo século.

A estratégia do presidente Obama para a inovação americana busca utilizar a criatividade inerente dos americanos para garantir que nosso crescimento econômico seja rápido, amplo e sustentável. O crescimento econômico baseado na inovação resultará em maiores receitas, empregos mais qualificados, mais saúde e qualidade de vida para todos os cidadãos dos EUA. A estratégia para a inovação americana precisa oferecer uma abordagem multifacetada, sensata e sustentável, garantindo a prosperidade futura do país.”

IDEIAS “A inovação é atributo essencial para a vitória” Será que poderíamos adotá-los no Brasil, mesmo que seja sem o desejo de copiar, mas com as aspirações de vencer os mesmos desafios, criando, através de novos horizontes para a Educação brasileira, bons, capacitados e criativos cidadãos, hábeis e preparados para vencer na competição do mundo globalizado? Note-se que o presidente americano assinala: “Para vencer no futuro devemos ser os melhores do mundo em inovação, educação e construção”. Um trinômio que deveria nos incentivar em cada dia.

Prosseguindo na leitura do documento, e se aplicando a nós, podemos extrair: - Educando as próximas gerações de brasileiros com as habilidades do século 21 e criar competências de nível internacional; - Fortalecendo e expandindo as possibilidades das pesquisas fundamentais, - Construindo uma eficaz infraestrutura compatível com as necessidades; - Assegurando um intenso e abrangente desenvolvimento da tecnologia da informação; - Acelerando a criação de negócios, com incentivos governamentais; - Apoiando as iniciativas inovadoras; - Implementando revoluções para

conseguir utilizar crescentemente energias limpas; - Acelerando ganhos nos campos tradicionais das tecnologias e promovendo o desenvolvimento dos novos campos da biotecnologia, nanotecnologia, mecatrônica e indústria avançada; - Avançando na inovação mediante novas ideias, métodos e processos da burocracia e dos mecanismos financeiros de apoio; - Avançando nas áreas da saúde e da nutrição, entre outros; - Dando grandes saltos nas tecnologias de ensino e de aprendizagem .

A inovação, medida pelos sucessos dos países desenvolvidos e, mais recentemente entre os emergentes, tem se mostrado como atributo essencial para vencer. As novidades abrem espaços para o crescimento de longo prazo, sustentável e de competitividade.

Os papéis do setor produtivo e da administração pública devem ser o de encontrar formas e processos de melhor cooperar entre ambos. De um lado, o setor produtivo precisa encontrar campos estimulantes para investir e ganhar condições de superar a concorrência no embate das tecnologias mais avançadas. E do lado governamental, o apoio, o estímulo e a facilitação para que os geradores de empregos e de riquezas tenham sucesso.

Em resumo, temos um imenso trabalho a fazer. Brasileiros já conseguiram grandes coisas e agora precisamos, no mundo diferente no qual já vivemos, de preparar os brasileiros do futuro para que façam muito mais! •

Ozires Silva Engenheiro

ozires@valeparaibano.com.br

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Economia CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Renascida das cinzas Plataforma de lançamento de foguetes de Alcântara (MA), será inaugurada em setembro, oito anos após o incêndio que causou a morte de 21 engenheiros e técnicos do DCTA

Hernane Lélis São José dos Campos

A

nova plataforma de lançamento de foguetes do CLA (Centro de Lançamento de Alcântara), no Maranhão, será inaugurada em setembro – cinco anos após estimativa do governo federal. A torre, que recebeu investimentos de R$ 44 milhões, entra em operação em janeiro de 2012, com o envio do novo protótipo do VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites) ao espaço. A operação representa novo marco ao programa espacial brasileiro, renascido das cinzas que restaram da antiga plataforma incendiada há oito anos e que tirou a vida de 21 engenheiros e técnicos do IEA (Instituto de Aeronáutica e Espaço), de São José dos Campos.

O projeto da TMI (Torre Móvel de Integração) passou por uma modernização completa visando proporcionar maior segurança aos profissionais que irão desenvolver as atividades de preparação, controle e supervisão dos lançamentos. Entre as medidas adotadas está um moderno sistema de pressurização que irá garantir maior fluxo de ar e pressão positiva durante as operações, computadores que controlarão e supervisionarão o uso

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de equipamentos elétricos, evitando assim risco de curto circuito, além de torres de proteção contra descargas atmosféricas e um túnel subterrâneo de fuga.

Tais procedimentos visam evitar catástrofe semelhante à ocorrida em 22 de agosto de 2003, onde o prejuízo financeiro ficou muito aquém da irreparável perda humana, já que a morte de 11 engenheiros e 10 técnicos custou ao Brasil um quinto da equipe responsável pelo programa espacial brasileiro, que consumiu cerca de US$ 300 milhões até o acidente. À época, representantes do setor aeroespacial calculavam que uma reposição de equipe só seria possível num período de três a quatro anos. Este inclusive é um dos motivos apontado pela Agência Espacial Brasileira para a morosidade na conclusão do projeto da torre.

“A falta de renovação no quadro técnico dos institutos tecnológicos, INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial), é um dos fatores que mais afetam o programa espacial. A solução é ampliar as possibilidades de contratação para reposição do quadro profissional de uma forma regular e não de dez em dez anos, tem que ocorrer gradativamente na medida em que os profissionais vão se aposentado”, disse Marco Antonio Raupp presidente da AEB (Agência Espacial

Brasileira), ressaltando ainda a participação da iniciativa privada nesta questão.

“Se você tem maior participação industrial, você vai ter mais mão-de-obra qualificada. É fundamental para manter o equilíbrio. Evidentemente que se você ampliar a participação industrial você vai ter também uma parte desses recursos humanos dedicado ao programa espacial. Tem que ser abordando esses dois lados”, concluiu.

Nos últimos oito anos o governo federal investiu R$ 1,7 bilhão no programa espacial, sendo que, deste total, R$ 250 milhões foram destinados à região Nordeste do Brasil para estabelecimento, manutenção e atualização da infraestrutura dos centros de lançamento de Alcântara e da Barreira do Inferno, em Natal. O maior montante foi investido no projeto VLS, iniciado no final da década de 80, onde já foram empregados cerca de R$ 900 milhões, segundo a AEB, tendo como resultado até o momento três tentativas fracassadas de lançamento.

Assim como em todo experimento científico, os insucessos no programa espacial são estudados e, por enquanto, teoricamente solucionados para evitar novos problemas. No entanto, a dificuldade em conseguir levar adiante o VLS continua sendo a falta de dinheiro e a burocracia política. Para seguir com o crono-

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Domingo 7 D Agosto Ag Ago g de 2011

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Flávio Pereira

PROTÓTIPO Réplica do Veículo Lançador de Satélites em exposição no MAB (Memorial Aeroespacial Brasileiro), em São José

grama previsto, realizando dois testes com o protótipo (2012 e 2013), antes de mandar para os ares o novo foguete espacial brasileiro, a AEB calcula que será necessária a aplicação de R$ 80 milhões, sendo metade desse valor somente para as provas de lançamento.

A agência aponta ainda algumas irregularidades na liberação de recursos financeiros, consequência do processo licitatório baseado em menor preço, como outro fator que dificulta a execução do projeto. Sobre este assunto, Raupp afirma que busca formas para otimizar parcerias com outros setores do governo, como Comunicação, Agricultura e Meio Ambiente –que hoje dependem de pesquisa e desenvolvimento aeroespacial– para facilitar a captação de recursos e propõe alternativas que simplifiquem o acesso a recursos, financiamentos e parcerias privadas, evitando assim que o programa vá para o espaço no lugar do foguete.

“Acho defasado o sistema adotado para as operações na área de ciência e tecnologia. Os produtos usados nos projetos muitas vezes ainda estão sendo desenvolvidos pelas empresas, pode ter mudança de preço no meio do caminho porque você não conhece completamente o processo de fabricação, não é um produto de prateleira. Deveríamos obedecer a uma regra especial, sair fora da lei 8666

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Economia Fotos: Agência Brasil

(conhecida como Lei das Licitações), ter um regime especial para compras e contratações, evidentemente com fiscalização, mas com maior flexibilidade”, disse Raupp.

Homenagem Familiares dos 21 especialistas do IAE que morreram no incêndio que destruiu a plataforma de Alcântara consideram a conclusão da torre e o envio do VLS ao espaço a maior homenagem que o governo brasileiro pode prestar às vítimas da tragédia. Desde o acidente, o grupo aguarda ansiosamente o dia em que vão presenciar o sucesso do programa. “Nossos entes derramaram sangue para que isso um dia seja possível, não podemos aceitar que a tragédia caia no esquecimento e o programa fique estagnado”, disse José de Oliveira, que perdeu um irmão no acidente.

Para o próximo dia 23, a Associação das Vítimas de Alcântara, presidida por Oliveira, pretende realizar um culto ecumênico seguido de uma queima de fogos em memória dos especialistas mortos. A ideia é que a solenidade seja feita no MAB (Memorial Aeroespacial Brasileiro), situado no Campus do DCTA. A cerimônia é uma das poucas maneiras que os familiares encontraram para evitar que a data passe em branco. “Esse é um fato que merece ser aberto não só para autoridades políticas e militares, mas para toda população”, disse Oliveira, ainda indignado com o desfecho das investigações sobre as causas do acidente.

O incêndio ocorrido em 22 de agosto de 2003 foi causado, segundo relatório apresentado pelo governo, devido a ignição antecipada de um dos propulsores do foguete.

O VLS estava em solo, ligado à torre de lançamento onde trabalhavam os 21 técnicos e engenheiros do DCTA quando, em menos de dez minutos, foi consumido pelo fogo. Por falta de provas, a Justiça Militar arquivou, em março de 2005, o IPM (Inquérito Policial Militar) que apurou o caso. Nenhum dos responsáveis pelo programa foi punido, motivo de protesto de parentes das vítimas, já que não foi mencionado no documento o que exatamente provocou a ignição do propulsor.

Relatório divulgado em 16 de março de 2004 pela Aeronáutica, que formou uma comissão para investigar a causa do acidente, apontou que a hipótese mais provável para o acionamento acidental do ignitor do propulsor A do VLS foi uma descarga eletrostática no interior do detonador. E esse acionamento teria sido provocado pela retirada da blindagem dos fios da linha de fogo, que leva energia aos detonadores do primeiro estágio. Pode ter contri-

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DESPEDIDA Familiares e amigos no velório dos engenheiros e técnicos, no DCTA (acima); presidente Lula cumprimenta parentes das vítimas (ao lado)

ACIDENTE Soldados olham amontoado de aço que se transformou a torre após incêndio no Centro de Lançamento de Alcântara

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Economia

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Veículo Lançador de Satélite Localização geográfica O Centro de Lançamento de Alcântara foi instalado em 1983 como parte do Programa Espacial Brasileiro. Ocupa 62 mil hectares, mais da metade do município de Alcântara. A base ainda não é utilizada em sua capacidade total, já que o Brasil não tem produção própria de foguetes e as tentativas de lançamento de satélites fracassaram. A posição da base de Alcântara é uma das melhores do mundo, estando localizada junto à linha do Equador e entre o mar e o continente.

Manobra de lançamento A base se abre e depois se desloca sobre um trilho deixando sair a plataforma com o foguete que então é lançado

VLS-1 3

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Começou a ser desenvolvido no início da década de 80 com a missão de lançar ao espaço satélites de até 350 quilos em órbitas médias de 750 quilômetros. O foguete, construído com tecnologia inteiramente nacional, tem 19 metros de altura e pesa 50 toneladas. Classificado como de pequeno porte, o VLS já recebeu cerca de R$ 900 milhões em investimentos.

O acidente O princípio de incêncio no VLS-1 foi captado às 13h26m6seg do dia 22 de agosto de 2003 pelas câmeras de filmagem da plataforma do lançador no CLA. Naquele momento, os 21 engenheiros e técnicos do IAE mortos no acidente trabalhavam nas instalações da torre, que ficou destruída. Dez minutos depois, a plataforma, que tinha 32 metros de altura desabou e virou um amontoado de 200 toneladas de aço. Estima-se que a temperatura chegou a 3.000ºC, o que dificultou o resgate dos corpos.

Imagens meramente ilustrativas

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Economia Divulgação

buído para a causa a instalação de uma capa de plástico não-condutor na parte superior do veículo lançador de satélites, que era insuflada constantemente por ar seco e frio, além da proximidade dos fios não-blindados com fios do sistema elétrico.

O documento oficial de 130 páginas revela ainda que um mecanismo de segurança no sistema de ignição dos propulsores do terceiro protótipo do VLS poderia ter evitado o acidente. Esse mecanismo, denominado DMS (Dispositivo Mecânico e Segurança), equipava o primeiro protótipo do VLS, mas foi substituído por um dispositivo eletrônico na segunda versão do lançador. A nova peça, cuja troca foi motivada por uma falha em um dos quatro motores que não acendeu no primeiro lançamento, em 1997, não impediu o disparo do ignitor no terceiro VLS. O DMS era um pino de 20 centímetros de comprimento que criava uma barreira física entre os ignitores e propelente sólido do primeiro estágio do VLS. A manobra da peça era manual e, quando fechada, funcionava como um bloquear do fogo. Prova que a existência do DMS poderia evitar a tragédia é que as chamas somente tiveram início depois que o propulsor A do foguete permaneceu em funcionamento por 40 segundos, o que daria tempo para girar o dispositivo e evitar o contato do fogo com o combustível.

Indenização O governo federal pagou indenização de R$ 100 mil para cada uma das 21 famílias no final de 2003. Também bancou tratamento médico e psicológico e despesas com educação dos filhos das vítimas. As famílias insatisfeitas entraram na Justiça contra a União pedindo compensação por danos morais e materiais. À época, o valor reivindicado, de acordo com a AGU (Advocacia Geral da União), em cada ação seria, em média, de R$ 2 milhões. Das 18 ações propostas, todas já tiveram decisões favoráveis em primeira instância, no entanto, o caso ainda segue sem desfecho porque a AGU recorreu da decisão.

“Sentimos certo descaso do governo sobre o assunto, as indenizações deveriam ter sido pagas de acordo com a expectativa de vida de cada vítima. Pelo menos um terço das famílias está passando por problemas financeiros hoje, isso sem falar em problemas de saúde possivelmente relacionado a fatores psicológicos da tragédia. Sentimos que existe resistência do governo em encarar o desastre e apontar para sociedade onde realmente aconteceu o erro e punir os responsáveis”, disse José de Oliveira.

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OBRA A plataforma de lançamento que é construída no Centro de Lançamento de Alcântara (MA)

São José terá divisão técnica da AEB Visando otimizar e desburocratizar os trabalhos no setor de ciência e tecnologia voltada para o espaço, a Agência Espacial Brasileira pretende concretizar até o final desse ano uma espécie de fusão com o Inpe para que São José abrigue uma de suas divisões técnicas: a de satélites brasileiros.

“Temos duas diretorias técnicas em Brasília, a de foguetes e a de satélites. Esta última pode funcionar em São José e a de foguetes, em Alcântara. A agência atua em várias regiões do Brasil, não deve estar só em Brasília. Toda a estrutura macro da agência, presidência, gabinetes e administração devem ficar em Brasília, pois são elementos da estrutura do governo”, explicou Marco Antonio Raupp, presidente da AEB. “A agência nunca irá 100% para São José, ela irá parcialmente, isso é o que eu defendo. Ações de gestão de contratos, gestão de convênios, gestão da descentralização dos recursos para o Inpe e DCTA, que são processos que se desenvolvem em São José e que a agência tem que acompanhar, devem ficar na cidade. É importante ter pessoas da agência

acompanhando diretamente os processos tecnológicos nos institutos e nas empresas ligadas ao setor, que em sua maioria ficam em São José”.

Raupp entende que essa convergência pode melhorar o criticado sistema governamental voltado ao espaço, uma vez que tanto Inpe quanto AEB são órgãos ligados ao Ministério da Ciência e Tecnologia e devem ter total interação para garantir maior desenvoltura e eficiência em suas atividades de coordenação. Segundo ele, o ministro Aloísio Mercadante (Ciência e Tecnologia), pediu que tudo fosse estudado visando o sucesso do programa espacial.

“Ele (Mercadante) fala sempre o seguinte: 2011 é o ano de reflexão, a partir disso temos que ter ações.

Até o final do ano temos que decidir quais serão as ações. Isso acontece porque a partir de 2012 começa a vigorar o novo PPA (Plano Plurianual), que define quais os financiamentos e recursos para os próximos quatro anos. Este ano vamos fechar tudo isso, recursos humanos, financeiros, parcerias privadas, divisão da agência, tudo”, afirmou Raupp. •

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Maison du Sabor em todos os momentos.

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Café da Manhã

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12h

Almoço

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Jantar

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Ciência & Tecnologia

Fabíola de Oliveira

Brasil: muito futebol e corrupção; pouca ciência e educação

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ei não, ando meio desanimada. Dano-me a procurar um bom assunto para a coluna do mês, e como sempre folheio jornais e revistas, zapeio a TV, navego na Internet, cutuco as ideias na cabeça. E nada de coisa boa, porque é sempre melhor ter uma boa nova para comentar, mas aqui no Brasil está difícil. Principalmente quando o assunto é ciência, tecnologia e a base de tudo isso, educação.

Enquanto pensava sobre o que escrever, assisti na ESPN a uma entrevista com o jornalista inglês da BBC, Andrew Jennings, autor de um livro que denúncia o mundo da corrupção na FIFA e o envolvimento direto do presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Muitos milhões de dólares, ou reais, ou qualquer montão de dinheiro, uma denúncia antiga, fartamente divulgada para o mundo via BBC. E o presidente da CBF continua encastelado na presidência da CBF, responsável por todo o dinheiro que vai rolando para organizar a Copa de 2014.

O jornalista Jennings parecia repetir um mantra de que a imprensa, os torcedores, os brasileiros enfim, não poderiam aceitar a continuidade de Teixeira à frente do Comitê Organizador Local da Copa. Que a presidente Dilma deveria tomar providências, que a BBC fez o papel dela, e os brasileiros não poderiam perder a oportunidade de limpar um pouco

ENDÊMICA “ Parece que nós brasileiros, nós amantes do futebol, andamos totalmente anestesiados em relação à corrupção” a fama de um dos países mais corruptos do mundo. Uma vergonha ouvir tudo isto. Parece que nós brasileiros, nós amantes do futebol, andamos totalmente anestesiados em relação à corrupção endêmica no país.

E como isso afeta a ciência e a educação? Sem necessidade de análises mais profundas, na primeira quinzena de julho a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, professora Helena Nader, falou aos jornais sobre o lamentável corte pelo governo federal de cerca de 25% no orçamento de ciência deste ano.

Alguém aí, que não seja diretamente ligado à área, sabia disto? Pois é, como dizem os americanos, “who cares”?

Enquanto isto na educação, apesar

dos louváveis esforços empreendidos pelo governo nos últimos anos, continuamos com um índice de analfabetismo que beira aos 10% da população. O Brasil terá que dobrar o ritmo de queda do analfabetismo para cumprir a meta assumida frente à ONU de chegar à taxa de 6,7% até 2015.

Vejam aí, caros leitores, não deve ser nada arriscado palpitar que a dinheirama que rola no futebol, rouba de nós o que poderíamos estar investindo em ciência, educação, em um presente e futuro mais dignos e saudáveis. Devemos fazer como nos propõe o jornalista da BBC, cada um de nós, em seu campo de atuação, reagir, denunciar e cobrar. •

Fabíola de Oliveira Jornalista fabiola@valeparaibano.com.br

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Comportamento

JOGOS ELETRÔNICOS

Proibido para menores Videogames de luta e guerra são cada vez mais procurados por crianças e adolescentes; estudos indicam que exposição exaustiva a imagens violentas torna pessoas mais agressivas, insensíveis e inseguras Letícia Maciel São José dos Campos

os últimos 50 anos, nenhum outro assunto foi estudado com tanta constância no mundo como a influência das imagens e dos videogames violentos sobre o comportamento humano. E apesar de os resultados sempre apontarem para efeitos deletérios, o mercado de jogos eletrônicos só cresce, atraindo um número cada vez maior de crianças e adolescentes. Livre de preconceitos, a revista valeparaibano conversou com jogadores veteranos, mães de jovens adeptos a jogos em rede e profissionais especializados em psicologia comportamental, para retomar o debate sobre este tema polêmico.

Em São José dos Campos, o casal Josiane Carneiro e Maurício Siqueira falou abertamente sobre a paixão do filho Arthur, de três anos de idade, por videogames recomendados para maiores, como Killzone 3, em que o jogador é um atirador. “Achar que videogame torna a pessoa agressiva é hipocrisia, é preconceito. Eu joguei a vida inteira e não sou um cara violento. Acho que isso não tem a menor influência na vida de uma criança, nem de um adolescente. O que conta é a educação que vem de casa”, opinou o pai, de 33 anos, que se considera “viciado” em games.

Para ele, o importante é explicar para a

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criança a diferença entre o mundo real e o mundo de fantasia dos jogos, além de estabelecer limites de tempo. A mãe, no início, não gostava da ideia, mas acabou cedendo.

“Se a criança já é agressiva, acho que o videogame pode ser prejudicial, mas não é o caso do Arthur. Ele é extremamente tranquilo.

Acho que ele se interessa mais pelos efeitos visuais e pela vibração do controle. Além disso, só pode jogar aos finais de semana, na companhia do pai”, afirmou Josiane.

Visivelmente preocupados com a educação do filho, eles incentivam também outras atividades, como brincadeiras no parque do condomínio e passeios no shopping, e querem colocá-lo futuramente em uma aula de taekwondo. “Mas quando chego em casa, o Arthur já pede o videogame. Se deixar, ele só quer os jogos violentos. Ele fala: ‘pai, quero aquele da arma grandona’. O Arthur joga, ouve heavy metal, assiste luta de vale tudo e nunca teve problema de violência na escola”, defendeu Siqueira, que trabalha como personal trainer e preparador físico de atletas de combate em São José.

No console do Playstation 3 que comprou há pouco tempo, o menu inclui jogos de luta como Mortal Kombat e UFC (Ultimate Fighting), Castlevania, desafio em que o jogador tem de derrotar monstros, Call of Duty, jogo de tiro em primeira pessoa, além dos infantis como Ben 10, Shrek, Homem Aranha e Batman.

Apesar da experiência própria e da segurança dos pais, especialistas advertem que todo cuidado é pouco para evitar os vícios e os danos

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Domingo 7 Agosto de 2011

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Flávio Pereira

que o excesso de videogame pode causar às crianças e aos adolescentes no futuro. Em levantamento exaustivo, a Academia Americana de Pediatria reuniu recentemente mais de 3.500 pesquisas para saber se a exposição a conteúdos audiovisuais violentos aumenta o nível de agressividade do espectador. Deste total, apenas 18 trabalhos não revelaram influência. Todos os demais mostraram que sim, na mesma proporção que existe entre o tabagismo e o câncer de pulmão.

Na contramão destes resultados, a Suprema Corte dos Estados Unidos vetou em junho passado uma lei contra a venda de jogos violentos a menores, alegando estar resguardando o direito à livre expressão das crianças.

Os juízes se apoiaram em testes científicos que falharam em comprovar ligação entre comportamento violento e videogames. Para eles, como não existem provas concretas, a decisão sobre autorizar a compra ou não fica sob responsabilidade dos pais.

O problema, na visão da psicóloga em cognitivo comportamental Keli Saito, não é só jogar, é ficar muito tempo preso ao videogame, principalmente se o grau de violência do jogo for muito alto. “Muitos jogos premiam os jogadores por mau comportamento, ou seja, por terem feito algo que não deveriam, como roubar ou matar.

O excesso de exposição a jogos violentos e imorais faz com que a pessoa passe a encarar pequenas violações como meros incidentes. Ela começa a ter dificuldade de se colocar no lugar do outro. Passa a considerar normais, inclusive, os atos de violência voltados contra si próprio”, explicou.

Segundo Keli, as maiores queixas dos pais no consultório são relacionadas à timidez, medo e insegurança, o que pode piorar com o vício por games. “É importante também que os pais observem se o videogame está atrapalhando ou substituindo as interações sociais do filho. As crianças e os adolescentes devem ter acesso somente aos jogos indicados para sua idade”, disse.

TIROS E LUTA O pequeno Arthur, 3 anos, se diverte com games violentos ao lado do pai Maurício Siqueira

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Relações virtuais Os jogos em rede, por exemplo, estão virando moda. O joseense Gabriel da Costa, 14 anos, desbloqueou seu console Xbox para jogar Halo com os amigos da escola, pela internet. Perguntado sobre por que não convida os amigos para ir até sua casa, respondeu simplesmente que todos preferem ficar conectados, jogando online. Halo é um habitat

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Especial Comportamento

espacial em forma de anel que fica entre um planeta e sua lua. Nesta aventura, o jogador é um super soldado com uma armadura de batalha que tem de dominar o planeta.

“Apesar de ser classificado para jovens, é um jogo violento, de guerra, de atirador em primeira pessoa. Eu acho horrível, porque a pessoa fica condicionada a matar e ainda encara isso com a maior naturalidade”, disse Sandra Aparecida Ferreira, mãe de Gabriel.

Ela se preocupa, mas não vê como impedi-lo.

Além de ser um bom aluno, ele está de férias e todos os meninos da idade dele jogam. “Eu pelo menos tento acompanhar, fico ali perto, perguntando quem é ele no jogo, tento entender, mas não gosto. Muitos pais nem sabem o que os filhos jogam”, resignou-se a mãe.

Na Pró-games, loja especializada no ramo há 20 anos em São José, opções não faltam para os jogadores da faixa etária de 4 a 14 anos, mas os vendedores confirmam: a preferência é pelos games violentos recomendados apenas para maiores de 17 anos. Os jogos com a classificação M (de Mature, em inglês) incluem sangue, violência intensa, nudez, temas sexuais, linguagem pesada, torturas e uso de drogas.

O ideal para crianças é o classificado como E (everyone, todos podem jogar), enquanto para adolescentes é indicado o T (Teen, a partir dos 13 anos). “Em dois anos que estou aqui, pouquíssimos pais se mostraram preocupados com os games alugados pelos filhos, talvez uns 15. No mais, todos deixam autorização para os filhos pegarem os jogos que quiserem”, disse Luty Piovesan, balconista da loja.

Mais vendidos Os games que mais saem, além dos de futebol, são Mortal Kombat (luta e violência, possui efeitos gráficos que mostram detalhes das vísceras dos mortos); Call of Duty (jogo de tiro de sucesso mundial); Battle Field (de guerra com táticas e técnicas de tortura); Bad Company 2 (outro jogo de tiro em primeira pessoa) e o temível GTA – Grand Theft Auto (roubo de carros).

“Eu trabalho com games há anos, também gosto muito de jogar, mas não recomendo jogos violentos para menores. Crianças e adolescentes devem jogar os games indicados para sua idade. O GTA, por exemplo, é um jogo perigoso, de violência imoral. O jogador ganha pontos atropelando pessoas, matando policiais e roubando carros. O certo é a criança nem ver”, disse Luty.

A opinião dele é comprovada pelos estu-

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Os 10 games mais violentos de todos os tempos Call of Duty: Modern Warfare 2 (2010) Massacre de civis

Postal (1997) Realismo ao retratar sofrimento das vítimas.

Proibido em vários países

Mortal Kombat (1992) O mais violento de sua época.

Deu início às discussões políticas sobre games violentos nos EUA e levou à criação do sistema de classificação por idade GTA - Grand Theft Auto 3 (2001) O jogador tem a opção de agredir prostitutas após o sexo se não quiser pagá-las

Mad World (2009) Jogo em preto, branco e vermelho de sangue.

Venda proibida na Alemanha

dos. De tanto absorver conteúdos violentos, as crianças acabam interiorizando as normas que lhe são apresentadas. Este processo ocorre, na grande maioria dos casos, de forma inconsciente. Contrariamente ao que se pensa, as pesquisas dizem que não basta o adulto acompanhar a criança para evitar os efeitos nocivos dos conteúdos violentos sobre a angústia ou a agressividade.

A psicóloga Ana Laura Kovacs, experiente em assuntos ligados à mídia, afirmou que até os quatro anos de idade ninguém consegue ter exata noção da diferença entre realidade e fantasia. “Explicar é válido, mas não necessariamente poupa a criança de ter medos”, disse. Os pais têm a responsabilidade de proibir o acesso de menores a conteúdos recomendados para maiores. “O ser humano se constrói muito através do que vê, do que observa. As imagens têm um papel preponderante na formação da personalidade. Então o ideal é autorizar apenas os videogames apro-

priados para a idade do adolescente”, insistiu.

Psicólogos ouvidos pela valeparaibano coincidiram em dizer que o melhor pela educação dos filhos é incentivá-los a distribuir de forma equilibrada o tempo que têm para o lazer. “Os pais precisam sair do comodismo e inventar programas criativos com as crianças. Ser bom pai e boa mãe não significa atender a todos os pedidos dos filhos. É preciso dizer não e ter paciência para ouvir a choradeira”, disse Ana Laura.

A solução é organizar o tempo da criança e do adolescente de forma a garantir seu desenvolvimento global –físico, intelectual e emocional. Além de cuidar da alimentação, do sono e dos estudos, é preciso zelar pela diversão saudável, com programas na natureza –fazer trilhas, conhecer cachoeiras, pescar e ir à praia. Dentro de casa, encontrar jogos para compartilhar com os filhos, inventar brincadeiras que exijam esforço, raciocínio e envolvimento pessoal de todos.

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Domingo 7 Agosto d de 2011

Man Hunt (2003) Enredo de filme de terror com brutalidade intensificada. O jogador pode sufocar o oponente com saco plástico

Splatter House (2010) Um dos jogos mais sangrentos já criados.

O jogador pode decepar membros de adversários e usá-los como arma. Baldes de sangue.

Soldier of Fortune (2000) O jogador é um soldado que arranca as tripas de suas vítimas

God of War 3 (2010) Sequências fortes de técnicas de torturas

Dead Space (2008) Jogo de tiros sobre ficção científica, com visual sinistro e muito sangue

Games interativos são boa alternativa Para driblar o vício por jogos violentos, pode-se optar por versões interativas, em que o jogador precisa se mexer para ganhar pontos. O console só precisa ter o sensor que detecta os movimentos do corpo de quem está brincando. Acredite se quiser, existe game até para ajudar a emagrecer. O “The Biggest Loser”, do aparelho Kinect do Xbox, incentiva o jogador a praticar atividades físicas e contabiliza queima de calorias.

Com o “Dance Central”, a pessoa é convidada a acompanhar a coreografia do dançarino que aparece na tela. Quanto mais perfeita for a imitação, mais pontos o jogador acumula. Já o “Joyride” desenvolve habilidades de direção. O motorista usa o controle para guiar os carros que aparecem na tela.

O Nintendo Wii oferece opções de jogos

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esportivos, que simulam a realidade. O jogador pode adquirir um kit de raquetes e tacos para praticar tênis, beisebol e pingpong. A pessoa tem mesmo que se levantar do sofá para avançar etapas. Na faixa etária dos 4 aos 14, os mais recomendados são os da linha lego, como Lego Indiana Jones e Lego Piratas do Caribe; além de Little Big Planet e “Uncharted” (aventura para toda a família).

Com 50 milhões de usuários, o mercado brasileiro de games é o que mais cresce no mundo, se consideradas as versões para consoles, computadores e celulares. No entanto, ainda não existem políticas definidas de compra e venda para o setor. As taxas de importação são muito elevadas, tornando os produtos bem mais caros aqui do que nos Estados Unidos.

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“Resumindo, os jogos para maiores de 17 aanos devem ficar longe do alcance dos men nores. Os adolescentes podem jogar video ogame, desde que seja o adequado para sua ffaixa etária, mas também tem que brincar ccom os amigos, praticar esportes e até ter u um tempo para ficar à toa. Só quando não eestamos fazendo nada é que começamos a p pensar na vida”, acrescentou a psicóloga.

Ela explicou ainda que o videogame é um entretenimento passivo, que exige pouco ou quase nada do telespectador. Quando uma pessoa começa a jogar, o corpo físico se prepara para uma situação de luta, mas acaba ficando parado, ou seja, não libera a adrenalina acumulada. Na frente da televisão, as emoções ficam contidas. O cérebro é enganado e não consegue distinguir se o que está vendo é fantasia ou realidade. Apesar da preferência pelo que é proibido, o mundo dos entretenimentos eletrônicos também oferece opções educativas e interativas (leia texto no box abaixo).

Violência na mídia Artigo publicado pelo jornal francês Le Monde lembrou que as crianças de 4 a 14 anos passam em média 2 horas e 15 minutos em frente à televisão, das quais 1 hora e 50 minutos vendo programas para adultos. Isto leva os jovens espectadores a ver quase 1.800 assassinatos e 9.000 atos violentos a cada ano. De acordo com outro estudo, cada hora de programa violento consumida diariamente aos cinco anos de idade multiplica por mais de quatro a probabilidade de uma criança apresentar comportamentos violentos e antissociais aos 10 anos de idade. O problema é agravado pelo fato de que muitos filmes de terror, como Jogos Mortais, e máfia, como O Poderoso Chefão, têm suas versões em videogame.

Além disso, uma simulação publicada pela Associação Americana de Medicina concluiu que “se a tecnologia televisual nunca tivesse se desenvolvido, os EUA registrariam 10 mil homicídios e 70 mil agressões a menos por ano. Isso tudo denuncia, sem dúvida, a influência negativa dos videogames e dos programas audiovisuais violentos sobre o comportamento das crianças.

Evidentemente, não significa que eles sejam responsáveis por toda a violência do mundo, mas indica que desempenham um papel importante na origem da violência real que temos acompanhado pela mídia no Brasil e no mundo. De qualquer forma, agir sobre os fatores causadores da violência significa contribuir para a construção de um mundo mais pacífico. •

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Sociedade

DECISÃO INÉDITA

São José dos Campos

Transtorno de identidade

Justiça de São José dos Campos concedeu recentemente a uma transexual o direito de alterar o nome e o gênero no registro civil e, assim, de assumir plenamente sua identidade feminina. A sentença é inédita no Vale do Paraíba. Trocar nome e gênero no registro civil pode ser uma batalha de anos. Roberta Close, conhecida por ter sido, em maio de 1984, a primeira transexual estampada na capa da revista Playboy, levou mais de 15 até conseguir a alteração, no dia 10 de março de 2005. A defesa teve que citar laudos médicos e avaliações de psicólogos para convencer a

Justiça de São José concede a transexual direito de alterar nome e gênero no registro civil para assumir plenamente a sua condição feminina

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Flávio Pereira

ESPERANÇA A transexual Marilda Guedes, 40 anos, que vai pedir na Justiça a mudança de nome e do gênero no registro civil

Justiça do Rio de Janeiro que Roberta Close, que passara por uma cirurgia de troca de sexo em 1989, tinha características femininas, e não poderia viver bem com uma identidade que não reconhecia e que a levava a ser vítima de gozações e preconceito.

Em São José, o defensor público Bruno Lopes de Oliveira usou argumentos semelhantes.

“Tudo gira em torno da dignidade humana. O conceito de dignidade inclui a adequação do registro civil à realidade dos fatos. Uma pessoa conhecida como mulher, que apresenta biótipo feminino, não pode levar uma vida normal como qualquer outra se seus documentos não refletirem esta realidade. Tem dificuldades para estudar, trabalhar, viajar, casar... Os aspectos patrimonial, profissional e sentimental ficam abalados, o que pode gerar um sentimento

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de depressão. No caso de Adriana (nome fictício), demonstramos que a alteração era necessária para que ela possa viver normalmente.

Havia uma incompatibilidade, que tinha de ser corrigida”, explicou.

De fato, não é difícil imaginar os transtornos que tal inadequação pode causar. Marilda Guedes, 40 anos, é dona de um salão em Jacareí.

Transexual desde os 15 anos, disse que já passou por todos os tipos de constrangimentos possíveis. “Já fui impedida de entrar em clubes, em boates, e até de viajar de ônibus. Quando apresentava RG, as pessoas não acreditavam que era o meu, achavam que era documento falso. Também já fui a muitas entrevistas de trabalho em que o empregador, depois de ver meus documentos, dizia algo do tipo ‘vamos te ligar’ e nunca mais dava retorno. Já sofri muito

por causa de preconceito. Felizmente, a área em que trabalho é mais aberta para a diversidade”, disse a cabeleireira e maquiadora.

A decisão judicial favorável a Adriana -que não quis dar o nome nem falar com a imprensa– é uma ótima notícia para Marilda e outros transexuais da região. “Fiquei muito animada com a sentença. O reconhecimento pela Justiça de nossa verdadeira identidade é um grande passo adiante”, festejou, afirmando que dará início ao processo “o mais rápido possível”.

Existe, porém, uma diferença entre Marilda e Adriana. A primeira ainda não fez a cirurgia para a troca de sexo. “Quero fazer, mas o procedimento é demorado. Vou entrar com o processo na Justiça antes”, afirmou. De fato, a operação de readequação sexual, feita gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde) desde 2008, é irreversível, e exige pelo menos dois anos de preparação psicológica. No entanto, nada garante que o reconhecimento judicial seja menos demorado. Há casos de transexuais que esperaram cinco anos pela retificação dos documentos.

Cirurgia O fato é que o transexual terá mais chances de ver seu pedido de alteração de identidade acolhido pela Justiça se já tiver passado pela mesa de operações. Para muitos juízes, a cirurgia é a prova definitiva da existência do “biótipo feminino”, segundo as palavras de Bruno Lopes de Oliveira. “É inegável que se trata de um argumento muito forte. Não poderia defender com a mesma convicção uma transexual que não tivesse sido operada. O registro civil tem que expressar uma realidade”, disse o defensor público de São José, confirmando que a cirurgia torna esta realidade mais verídica.

Para Marilda Guedes, porém, esta colocação não procede. “A maioria das pessoas pensa que uma transexual precisa ter um corpo feminino para ser considerada uma mulher de verdade, mas não é bem assim. Muitas pessoas que, por um motivo ou outro, não passaram pela cirurgia, se sentem totalmente mulheres e rejeitam sua identidade masculina. Elas também têm o direito de ser reconhecidas”, enfatizou.

“O mais importante é preservar a dignidade da pessoa”, insistiu Bruno Lopes de Oliveira.

“Não podemos ignorar a realidade dos fatos.

A questão tem que ser abordada de um ponto de vista mais amplo, sem preconceitos. Quem nunca passou pela situação de ter sua identidade negada não pode imaginar o que é. Ninguém tem o direito de infligir este sofrimento a um ser humano. Alterar o registro civil de uma pessoa vai mudar a vida dela para sempre, sem causar qualquer prejuízo à sociedade”, finalizou. •

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Flávio Pereira

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Entrevista

Dois Pontos >Miguel Nicolelis, o neurocientista brasileiro que trabalha numa interface entre cérebro-máquina que fará paralíticos voltarem a andar

“Estamos libertando o cérebro dos limites físicos do corpo” Xandu Alves São José dos Campos

O

neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, 50 anos, aposta que o pontapé inicial da Copa de 2014, no Brasil, será dado por um jovem tetraplégico usando um exoesqueleto, veste robótica controlada por pensamentos. O traje vem sendo desenvolvido pela equipe do cientista, que é diretor do Centro de Neuroengenharia da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, é considerado um dos 20 pesquisadores mais importantes do planeta, segundo a revista “Scientific American” e foi indicado ao Nobel de medicina. “Vai ser um desafio muito difícil, mas cientificamente é possível. Estamos construindo um protótipo que será testado ainda neste ano”, disse Nicolelis à revista valeparaibano durante sua passagem pela Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), no início de julho, para lançar o livro “Muito além do nosso eu – A nova neurociência que une cérebro e máquinas, e como ela pode mudar nossas vidas” (534 páginas, Companhia das Letras). Além do traje, as pesquisas de Nicolelis apontam para uma interação ainda mais ampla entre o cérebro e as máquinas e com outros seres humanos. No futuro, afirma o cientista, poderemos nos comunicar pelo pensamento, numa espécie de “internet cerebral”, que ele chama de “brainet”.

O que a ciência sabe sobre o cérebro?

< Muito pouco, mas o suficiente para começar a fazer

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as perguntas certas. Sabemos bem a organização, as conexões e temos uma bela noção do mapa estático do cérebro. Em 200 anos, mapeamos todas as conexões.

Conhecemos bem a microestrutura do cérebro. O que é muito difícil é conhecer o funcionamento dele, como as células interagindo geram todos os nossos comportamentos, o que chamamos de natureza humana. Para se ter ideia, temos centenas de bilhões de neurônios no cérebro. Entender a interação deles é desafiador.

As pesquisas que o senhor conduz ajudam a entender esse funcionamento? < Pelo menos em parte. É uma pequena contribuição. O salto grande é a mudança de abordagem experimental e teórica sobre o cérebro. Do ponto de vista filosófico, é importante olhar para o cérebro como uma população e não como um agrupado de células individuais. Esse é o grande salto. O cérebro que tem opinião, ponto de vista e não um puro decodificador passivo de informações, sem referência alguma.

Isso muda sensivelmente o paradigma da neurociência.

Que salto foi esse? < Havia um conflito entre duas teorias, que se digladiavam. Uma achava que o cérebro funciona como um mosaico de áreas especializadas, cada um fazendo uma coisa. E a outra que o cérebro funciona recrutando populações de neurônios, como se fosse uma eleição. Essas duas teorias se debateram durante muito tempo. Com o paradigma que criamos há 20 anos, começamos a tentar resolver esse debate, que está sendo resolvido em favor, creio eu, da visão populacional, de que o cérebro é uma grande sociedade, uma democracia neuronal.

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C A C

Flávio Pereira

Domingo 4 Abril de 2010

PERFIL NOME: Miguel Angelo Laporta Nicolelis IDADE: 50 anos NATURALIDADE: São Paulo

CAMINHO “PASSAMOS 100 ANOS ESTUDANDO O CÉREBRO ANESTESIADO. NESSA FORMA, A MENTE DESAPARECE, O CÉREBRO FICA INCONSCIENTE”

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ESTADO CIVIL: Casado, 3 filhos FORMAÇÃO: Médico e neurocientista

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Entrevista

MÁQUINA “DO PONTO DE VISTA DA REABILITAÇÃO, PODEREMOS USAR ESSAS INTERFACES PARA RESTAURAR COMPORTAMENTOS E FUNÇÕES QUE FORAM PERDIDAS” Por isso resolveu escrever o livro? < Esse é o primeiro livro que escrevo para leigos sobre o que aconteceu na neurociência nos últimos dois séculos, quando a área se desenvolveu. E como a criação desse paradigma cérebro-máquina nos permitiu testar as duas teorias conflitantes e criar um novo paradigma.

Olhar para a direção certa é o primeiro caminho para entender o cérebro? < Ir pelo caminho errado não leva às respostas corretas.

Passamos 100 anos estudando o cérebro anestesiado.

Nessa forma, a mente desaparece, o cérebro fica inconsciente. E as respostas que medimos nesse cérebro anestesiado, aos estímulos que a gente oferecia, são totalmente diferentes daquelas obtidas com o cérebro desperto, acordado e impondo o seu ponto de vista. É verdade que usamos apenas uma percentagem muito pequena de nosso cérebro? < Balela. Esse é uma ideia que veio de alguns estudos.

Usamos cada milímetro cúbico disponível do cérebro.

Se houvesse mais, usaríamos mais. O que não sabemos é entender completamente esse funcionamento.

Até onde vai a capacidade do cérebro? < Não dá para saber, mas é finita. Não é infinita. A quantidade de energia que o cérebro consome é finita. O processamento de informação é proporcional à quantidade de energia disponível.

O que é a interface cérebro-máquina, chamada de ICM? < É a ligação entre o tecido cerebral vivo, o registro da atividade elétrica nesse tecido, e qualquer artefato eletrônico, mecânico ou virtual que possa receber esses sinais elétricos decodificados e realizar um comportamento. A ideia é ler a atividade elétrica do cérebro, extrair dela os comandos motores que são produzidos para se gerar um comportamento e transformar em comandos digitais, para serem transmitidos para uma máquina que tentará realizar essa atividade motora de acordo com o pensamento do cérebro. Temos vários exemplos experimentais pelo mundo. Animais aprenderam a controlar máquinas só pelo pensamento. Já existem algumas pequenas interfaces parciais em humanos, como a prótese auditiva que, colocada dentro do ouvido, estimula o sistema nervoso na tentativa de restaurar a audição.

O cérebro vai poder curar o corpo?

< Não seria correto dizer que ele vai curar o corpo, mas

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vai ajudar a criar desvios, terapias, para restaurar funções neurológicas perdidas. Estamos tentando criar uma restauração de funções motoras usando partes do cérebro que sobreviveram a lesões. Tentamos usar essas partes para restaurar a mobilidade de pacientes que a perderam por causa de uma lesão da medula espinhal, por exemplo. O entendimento melhor do cérebro, sem dúvida nenhuma, vai levar a novas terapias.

Quais os benefícios que isso trará para os humanos?

< Do ponto de vista da reabilitação, poderemos usar essas interfaces para restaurar comportamentos e funções que foram perdidas. Do ponto de vista de aumentar o alcance do ser humano, vamos poder verdadeiramente atuar à distância simplesmente pelo pensamento. Controlar artefatos robóticos, mecânicos e virtuais, pequenos, nanométricos ou gigantescos, através da atuação mental.

O virtual e real vão se combinar?

< Gosto de dizer que estamos começando a viver a era da libertação do cérebro dos limites físicos do corpo. Evidentemente, é muito difícil prever o que vai acontecer. Mas, certamente, teremos uma ampliação do alcance do ser humano, essa é uma consequência lógica do que ocorre agora.

O cérebro separa real de virtual? < O cérebro reconhece sinais elétricos. Ele cria uma simulação do corpo da realidade e estamos descobrindo e aprendendo a interagir com o cérebro, até a enganar o cérebro, para que ele imagine e tenha a sensação de que haja um pedaço do corpo real criado virtualmente. O membro fantasma é uma dessas ilusões. A pessoa que perde uma perna, por exemplo, sente coceira no pé perdido. Isso é uma ilusão que sugere que o cérebro tem um modelo interno do corpo e, quando se perde um pedaço, o cérebro fica confuso e não perde o modelo inteiro.

Será possível sentir através do pensamento?

< Sim, estamos chegando num momento que podemos prever que o sinal de volta para o cérebro, que já conseguimos transmitir, também será possível de ser criado.

As pesquisas levaram o senhor a criar o termo “brainet”. O que significa? < Quando libertamos os sinais do cérebro, talvez num futuro bem distante possamos estabelecer contato e nos comunicarmos com outros seres humanos via sinal cerebral, sem a necessidade de vocalização ou de digitação. Na teoria, será possível estabelecer contato com outros seres humanos através do pensamento. No laboratório, com macacos, criamos um chip que permite transmitir a atividade elétrica

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Entrevista

DOWNLOAD ‘No futuro, quando teremos tecnologia não invasiva para ler a atividade cerebral, sem precisar colocar nada dentro do cérebro, isso vai permitir fazer o download de pensamentos, sensações e experiências ao longo de uma vida’

do cérebro de forma sem fio, para um receptor à distância.

Isso é o primeiro passo para, no futuro, testar a ideia de se comunicar com o pensamento, o que chamamos de brainet.

Será possível fazer um download da memória? < No futuro, quando teremos tecnologia não invasiva para ler a atividade cerebral, sem precisar colocar nada dentro do cérebro, isso vai permitir fazer o download de pensamentos, sensações e experiências ao longo de uma vida. É uma previsão muito para o futuro, para daqui a alguns séculos, mas a teoria é possível. É como um livro digital da história de uma vida.

E colocar informações dentro do cérebro?

< Já começamos a fazer, mas é bem mais difícil. Isso é algo que estamos engatinhando ainda, como estabelecer essa comunicação direta com o cérebro. Trata-se de um caminho muito mais elaborado e difícil de trilhar.

uma vez consolidado não mudaria mais. Há 30 anos essa ideia caiu. Esse modelo é continuamente atualizado.

Como assim? < Além de ser atualizado para dar conta das mudanças corpóreas naturais ao longo da vida, ele também incorpora como parte do modelo do corpo e do senso de ser todas as ferramentas criadas pelo ser humano. Tudo aquilo que manipulamos continuamente e utilizamos sob controle do nosso cérebro, como carro, caneta e computador, por exemplo, passa a ser extensões do modelo do corpo que o cérebro cria. Portanto, o corpo não é a última fronteira do senso de ser que o cérebro cria para cada um de nós. Se pudermos controlar uma ferramenta na superfície de Marte, poderemos experimentar a sensação de estar lá, de ser eu a pegar a areia e sentir a temperatura e consistência dessa areia.

O que é o projeto do exoesqueleto?

< É uma veste robótica de corpo inteiro que estamos desenÉ o que algumas pessoas chamam de “força ou poder do pensamento”? < Não, os termos poder e força do pensamento são impróprios. Não existe uma força. O cérebro produz um campo magnético. Estamos registrando, modulando e manipulando esses sinais elétricos produzidos pelo cérebro. São pequenos, mas capazes de serem registrados.

Tudo que fazemos no cérebro gera um sinal elétrico.

O cérebro está preparado para lidar com as interfaces cérebro-máquina? < O cérebro humano é um sistema dos mais adaptativos. É um simulador. Ele continuamente adquire as características do mundo para criar modelos, que chamamos de realidade. Achávamos que o modelo do nosso corpo e da nossa existência era estático. Ou seja,

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volvendo. Os pacientes eventualmente poderão usar, vestindo essa roupa, para restabelecer a mobilidade do corpo.

Ela será controlada pela atuação das áreas do cérebro ainda sadias. A ideia é criar um corpo, um novo corpo para esse paciente, e fazer com que esse corpo seja a forma como essa pessoa tenha restauradas suas funções motoras.

O senhor disse que espera que um jovem tetraplégico dê o pontapé inicial da Copa de 2014 usando um exoesqueleto. Será possível? < Vai ser um desafio muito difícil, mas cientificamente é possível. Estamos construindo um protótipo que será testado ainda neste ano. Se tivermos o apoio necessário, eu e minha equipe achamos viável conseguir essa meta, de passarmos do limiar de usar uma pesquisa científica para ajudar diretamente várias pessoas.•

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Vale, Brasil & o Mundo MONTADORA

Chery prevê 15 mil empregos diretos e indiretos em Jacareí

MÍDIA

Rupert Murdoch se diz inocente A instalação da montadora chinesa Chery em Jacareí deve gerar 15 mil empregos diretos e indiretos na nova cadeia produtiva que começa a se instalar a partir deste ano na cidade. Deste total, 12 mil seriam permanentes a partir de 2013, ano em que a fábrica será inaugurada.

A fase de construção, com início previsto para este ano, deve empregar 3.000 pessoas. Já o setor produtivo da Chery gerará cerca de 4.000 vagas, sendo 1.200 na primeira fase. O investimento previsto é de US$ 400 milhões.

A estimativa é que, para atender à produção estimada de 150 carros mil por ano, 60 empresas formem esta cadeia produtiva, gerando mais 8.000 empregos. O plano da Chery é chegar à produção anual de até 170 mil carros em 2015.

A unidade de Jacareí será a primeira fora da China a ter o processo completo de fabricação de automóveis.

Atualmente, outras 12 fábricas executam somente funções de montagem dos veículos. Inicialmente, a Chery do Brasil será responsável pela fabricação dos carros da plataforma A13, como o Fullwin e o Face.

O magnata da imprensa Rupert Murdoch disse em depoimento ao Comitê de Meios de Comunicação da Câmara dos Comuns do Parlamento britânico que não é culpado pelo escândalo dos grampos ilegais praticados pelo tabloide News of the World.

“As pessoas em quem confiei é que são culpadas. Esse é o dia mais humilhante de toda a minha vida”, disse Rupert aos deputados. Sobre as escutas ilegais, ele afirmou que não havia sido informado de que sua companhia pagou “grandes quantidades”, 700 mil libras, para encerrar processos jurídicos das vítimas dos grampos.

Ele disse ainda não conhecer Neville Thurlbeck, ex-chefe de

Frases

”Oposição tammpa” bém tem culpa”

”Agora nem saudade do filho a gente pode matar mais”

Do primeiroministro britânico, David Cameron, afirmando que os partidos ‘exageraram am em encontros com a imprensa’, no caso dos grampos telefônicos elegais l i

Do autônomo de 42 anos que teve parte da orelha decepada por um grupo de jovens porque estava abraçado ao filho em uma festa agropecuária em São João da Boa Vista

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Redação do News of the World, que é alvo de uma investigação civil sob acusação de chantagem.

O magnata de 80 anos disse aos deputados que estava “chocado, estarrecido e envergonhado” com o caso das escutas ilegais de Milly Dowler, a garota de 13 anos que foi sequestrada em 2002 e teve mensagens de celular apagadas, atrapalhando as investigações sobre seu posterior assassinato.

Rupert disse que o News of the World representa “menos de 1%” do conglomerado News Corp., que emprega 53 mil pessoas.

Sobre o fechamento do News of the World, ele negou que a decisão tenha sido motivada por considerações financeiras.

”Tenho a consciência tranquila de que não fiz nada para melhorar artificialmente meu desempenho” Do nadador Cesar Cielo, absolvido da acusação de uso de substância proibida detectada em doping

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INVASÃO NA WEB

Piratas do século 21 Bancos, multinacionais, universidades e as principais agências de polícia do mundo são atacadas por hackers. Quem são esses jovens que invadem os sites mais protegidos do planeta?

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Yann Walter São José dos Campos

BI, CIA, Sony, Nintendo, Petrobras, IBGE, Fox News, Visa, Citigroup, Presidência da República do Brasil, Senado dos Estados Unidos, polícia britânica, Apple, Microsoft... A já extensa lista de entidades atacadas por hackers nas últimas semanas vem crescendo a uma velocidade assustadora. Bancos, multinacionais, universidades, canais de TV, gigantes do petróleo e da informática, órgãos de governo ou agências de segurança: todos os sites, qualquer que seja seu setor de atividades, estão no olho do furacão. Este tsunami de

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Foto Ilustrativa: Flávio Pereira

ataques virtuais levanta diversas indagações. Quem são estes ‘ciberpiratas’? O que eles querem? Qual é seu modo de atuação?

Como conseguem desabilitar ou invadir sites que estão entre os mais protegidos do planeta? E a grande questão: é possível se defender destes ataques?

Os primeiros hackers eram estudantes universitários e programadores de computador. Há informações de que o movimento teria surgido no MIT (Massachusetts Institute of Technology) na década de 70. Para estes pioneiros, o ‘hack’ era uma façanha de programação. Eles se infiltravam nos sistemas computacionais existentes apenas para testar seus conhecimentos, sem nenhum intuito criminal.

Nas décadas seguintes, porém, a disseminação da internet e os avanços registrados no setor da tecnologia provocaram uma

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explosão do número de hackers, muitos dos quais acabaram caindo na ilegalidade.

As comunidades de hackers se dividem entre ‘white hats’ (chapéus brancos), ‘black hats’ (chapéus pretos) e ‘grey hats’ (chapéus cinzas). Todos caçam falhas de segurança em sistemas e sites. A diferença é que os ‘white hats’ revelam a seus alvos as vulnerabilidades que encontram, enquanto os ‘black hats’ –também chamados de ‘crackers’– usam estas falhas em benefício próprio, geralmente para lucrar, mas também para prejudicar uma empresa ou organização por questões ideológicas.

Estes últimos também são qualificados de ‘ciberterroristas’.

A categoria dos ‘grey hats’ é mais indefinida. Para simplificar, engloba os hackers que não são nem mocinhos nem bandidos. Por exemplo, um ‘grey hat’

que encontrar uma falha no sistema de segurança de uma empresa não vai tirar vantagem dela, nem alertar a dita empresa: vai jogar a vulnerabilidade na rede e divulgá-la para milhares de pessoas. Há, ainda, os chamados ‘script kiddies’, que tentam infiltrar sistemas usando, sem entendê-las, ferramentas desenvolvidas por verdadeiros hackers e disponíveis na internet. Desprovidos de qualquer motivação (a não ser fama e diversão) ou competência em matéria de programação, os ‘script kiddies’ são desprezados por todas as comunidades de hackers.

Os ‘black hats’ e os ‘white hats’ costumam ter motivações bem definidas, mas não é o caso da maioria dos hackers. Muitos derrubam sites somente para se divertir, e usam argumentos ideológicos confusos e contraditórios para justificar suas ações.

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Mundo

LULZSEC Símbolo do grupo que promoveu a maioria dos ataques aos sites do governo brasileiro

Cabe destacar que a grande maioria dos hackers são adolescentes, do sexo masculino. Outros, como os integrantes do grupo Anonymous, que tem mais de mil membros disseminados em todo o planeta, são verdadeiros ‘hacktivistas’.

“Para eles, expor as fragilidades das estruturas de defesa de governos e multinacionais corresponde a uma forma de protesto”, explicou à revista valeparaibano André Carrareto, gerente de engenharia de sistemas da Symantec, líder mundial no ramo da segurança de sistemas computacionais.

Outro fator importante a ser levado em conta é o instinto competitivo que prevalece em todas as comunidades de hackers.

Os que conseguem invadir os sistemas de segurança mais herméticos ganham o respeito e a admiração de seus pares.

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LulzSec Nos últimos meses, nenhum grupo ganhou tanta visibilidade quanto o LulzSec (Lulz Security) e seu braço brasileiro, o LulzSec Brasil. Responsável pela maioria dos ataques registrados desde junho, tanto no Brasil como no exterior, o grupo começou a atuar por diversão –‘lulz’ seria uma corruptela de ‘lol’, abreviação de ‘laughing out loud’ (rindo alto, em inglês)– mas acabou ganhando contornos ideológicos. Uma das metas alardeadas por LulzSec Brasil é combater a corrupção. Contudo, o grupo, minado por disputas internas, parece não ter objetivos claros. Depois da detenção de alguns de seus membros nos Estados Unidos e na Europa, o LulzSec, que dizia querer “obrigar os que estão no topo a descer do salto”, anunciou recentemente seu fim,

após “50 dias de diversão”.

Não se sabe, porém, se isso vai realmente acontecer, uma vez que alguns Anonymous e ‘black hats’ adeptos do roubo de dados bancários podem ter se juntado ao grupo.

Um ex-agente do FBI, a Polícia Federal americana, disse que os membros do grupo não passam de adolescentes rebeldes em busca de diversão que passaram dos limites, e garantiu que todos eles serão presos, mais cedo ou mais tarde.

Existem, basicamente, dois tipos de ataques. O primeiro é o ataque de negação de serviço, que ocorre por meio da sobrecarga do servidor. Ele funciona da seguinte forma: o site atacado recebe dezenas, ou até centenas de milhares de demandas de acesso ao mesmo tempo. O servidor fica saturado, e a página se torna inacessível. Trata-se do tipo

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Domingo 7 Agosto de 2011

de ataque mais comum. Foi este mesmo que tirou provisoriamente do ar os sites do FBI, da CIA (a Agência Central de Inteligência americana), da Sony, da Presidência da República do Brasil, da Receita Federal e do IBGE, entre muitos outros.

“O ataque de negação de serviço exige uma ação coordenada, com milhares de máquinas agindo de forma simultânea. Os computadores utilizados são chamados de zumbis, pois aguardam um comando para empreender uma ação. No caso, derrubar o servidor”, detalhou Carrareto. “Qualquer computador pode ser infectado e se transformar em zumbi. Uma das formas mais comuns é o usuário clicar num link publicado por um hacker em um perfil falso no Facebook ou em outra rede social”, alertou.

O segundo tipo de ataque, cometido com a finalidade de roubar informações, é a invasão. Mais elaborado, ele demanda um nível de conhecimento muito maior.

“Por ser mais complexo, este ataque é bem mais raro. O invasor tem que estudar cuidadosamente o alvo, para detectar e explorar as vulnerabilidades do sistema.

Além disso, dados de contas bancárias e cartões de crédito contam com instrumentos de proteção específicos, como a criptografia. Poucos hackers têm a competência necessária para concretizar estes ataques”, disse Carrareto. Em um dos casos mais recentes de invasão bemsucedida, um grupo de ‘crackers’ invadiu as contas de 360 mil clientes do norteamericano Citibank (propriedade do Citigroup) e roubou quase US$ 3 milhões.

Defesa De acordo com os especialistas, é bem mais fácil impedir intrusões do que ataques de negação de serviço. “Para se precaver do roubo de informação existem vários mecanismos, que não envolvem apenas tecnologia, mas também normas de comportamento do usuário”, lembrou Jarrett Benavidez, diretor para a América Latina da empresa Trust Wave, uma das maiores fornecedoras de soluções para a segurança das informações na internet. Cuidados básicos de segurança, como não abrir mensagens de procedência duvidosa ou clicar em links desconhecidos, reduzem drasticamente as possibilidades de que um computador seja infectado por um vírus ou um ‘malware’ (software malicioso).

“Para proteger as aplicações web, que são o vetor de ataque mais comum, existem diversas ferramentas, como os firewalls e os

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antivírus, que devem ser constantemente atualizados”, acrescentou. “O invasor explora as vulnerabilidades do sistema. Para impedi-lo, deve-se, portanto, caçar estas vulnerabilidades e trazer soluções para elas”, resumiu André Carrareto. É justamente o que fazem, extra-oficialmente, os ‘white hats’, que na maioria dos casos já exercem algum cargo na área de informática, como analista de sistemas ou especialista em TI (Tecnologia de Informação).

Já os ataques de negação de serviço são mais complicados de evitar. “Os servidores devem ter uma estrutura mais elástica, capaz de crescer em função da demanda e, eventualmente, aceitar uma quantidade de acesso muito superior ao normal”, explicou Carrareto. Ainda assim, quando a sobrecarga envolve milhões de demandas de acesso simultâneas, não há muito que se possa fazer.

Os especialistas afirmam que os sistemas de defesa dos órgãos governamentais e das empresas privadas são os mesmos. “Em termos de tecnologia, não há diferenças significativas”, disse Jarrett Benavidez.

“As tecnologias de defesa existentes estão disponíveis para todos”, recordou André Carrareto. Contatado pela revista valeparaibano, o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), responsável pela maioria dos sites do governo brasileiro, avisou por meio de sua assessoria que não divulga suas técnicas de defesa e disse que não falará mais sobre os ataques de hackers “para não incentivá-los”.

Relatório A Symantec publicou recentemente seu 16º relatório anual sobre ameaças à segurança na internet, e os dados divulgados mostram que os ataques de hackers, mesmo que percam em visibilidade, vão continuar aumentando, tanto em frequência quanto em sofisticação. Somente no ano passado, a empresa identificou mais de 286 milhões de ‘malwares’ inéditos, 6.253 novas vulnerabilidades, e uma rede formada por mais de um milhão de máquinas zumbis.

Além disso, segundo a Symantec, os ataques baseados na web registraram um aumento de 93% entre 2009 e 2010. Em seu relatório, a companhia ainda alertou para a disseminação na internet dos chamados ‘toolkits’, que são programas de ataque utilizáveis por qualquer pessoa. Estes ‘toolkits’ desenvolvidos por hackers são as ferramentas favoritas dos ‘script kiddies’. Pelo visto, a guerra cibernética está longe do fim. •

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Ensaio fotográfico

Lailson Santos fotógrafo

A rota do cacau Lailson Santos começou sua trajetória na fotografia aos 18 anos, em Mogi das Cruzes. De lá para cá, conquistou notoriedade na profissão, sendo requisitado para trabalhos em revistas importantes e campanhas publicitárias.

Neste ensaio, ele mostra a rota do Cacau no Brasil, que passa pelo Tocatins, Amazônia e Espírito Santo.

FRUTO Em formato de ovo, fruta mede entre 15 e 30 centímetros e pendura-se nos troncos e ramos da árvore

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EM CASA Família de Ajax e Cíntia vive em meio ao cacau no Tocantins, Amazonas

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Domingo 7 Agosto de 2011

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COLHEITA Ribeirinhos colhem o fruto dos pés de cacau, que nascem de forma espontânea

FLOR Mosca quase invisível ao olho humano é responsável por fertilizar a flor SEMENTES Fruto de polpa branca é base de um dos doces mais apreciados no mundo: o chocolate

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Ensaio

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LAR Crianças brincam ao lado da fruta, que é a principal fonte de renda dos ribeirinhos

ROTINA Trabalho com o cacau começa cedo, junto com o nascer do sol, em Linhares

BERÇO Trabalhador recolhe o fruto na bacia do Amazonas, que é o berço da semente de cacau

MULAS Transporte do fruto do cacau feito com mulas, na cidade capixaba de Linhares, no Espírito Santo

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Coisa & Taltigo

Marco Antonio Vitti

A guerra contra as drogas tem que deixar de ser instrumento político

C

rack, craque ou craca! E agora pasmem, chegou uma nova droga também produzida a partir de pasta de cocaína, querosene, éter, etc., em laboratórios clandestinos com grau de esterilização zero. Assim como o crack, esta nova droga chegou e já está fazendo estragos, pois, imaginem o gás e a fumaça que vai para o pulmão, depois corrente sanguínea dos usuários se depositando em todos os órgãos seus resíduos tóxicos altamente pré-cancerígenos.

O que me deixa indignado é como essa política de saúde pública coloca usuários de drogas lícitas, como o cigarro, a bebida alcoólica, no mesmo nível de drogas como o crack, cocaína, heroína, etc. Veja os nomes: heroína, o que ela faz de heróico a não ser mandar o usuário mais rápido para o inferno? A situação é tão grave que entendo a lei que diz que o usuário somente pode ser internado se estiver de acordo e consciente do ato.

Mas as drogas usadas que causam risco de morte como cocaína, crack, oxi, heroína, não podem ser consideradas como outras que não alteram estados de percepção, ou a consciência. Um indivíduo sob o efeito do crack não tem consciência e muito menos autoconsciência do prejuízo que está causando para seu próprio corpo, principalmente para seu cérebro, uma vez que seu juízo está completamente alterado, assim

HIPOCRISIA “Punem quem fuma um cigarro enquanto não é permitido internar pacientes em estado grave de saúde psíquica” como seu estado de consciência.

Não sou e nunca fui favorável a uma política de radicalizar nem contra e muito menos a favor de qualquer droga; políticos estão se aproveitando dessa onda para desmarginalizar ou desreprimir a maconha, pois ela é inofensiva. Inofensiva como, se ela leva ao usuário da maconha com o tempo ir perdendo sua capacidade de aprender, e principalmente sua capacidade de se manter por si mesmo, tornando-se um dependente sócioeconômico de sua família ou de serviços sociais que o sustente?

A maconha causa a Síndrome Amotivacional, que causa desmotivação para tudo, principalmente para o trabalho, para o estudo, para a vida social, para a vida amorosa, sexual.

A impotência é o principal sintoma, e, não é uma impotência somente para o sexo, mas, para tudo. E olha que esse tudo é muito para a saúde do usuário brasileiro.

Realmente eu me comovo com os familiares destes usuários de dro-

gas pesadas, pelo pouco caso que eles fazem do amor e dos cuidados que seus familiares lhes dispensam, procurando ajuda de todas as maneiras, muitas vezes até correndo risco no lugar dos filhos, providenciando a droga para que o filho não corra risco ao procurar a droga em péssimo estado de consciência e de juízo.

O que é que se passa na cabeça dos legisladores brasileiros? Punem quem fuma um cigarro comum, ou toma alguns tragos, enquanto não é permitido internar pacientes em estado grave de saúde psíquica que continuam usando livremente as drogas pesadas.

No Brasil, o certo está errado e o errado está certo. Para que o lobby de toda essa bagunça que se tornou a política de saúde. Não fazendo, sai mais barato para os cofres da Saúde que já estão vazios, não se tratando de ninguém que precisa de tratamento. E aqui cito também os pobres doentes de câncer, hipertensão, diabetes, etc., que precisam fazer uma via Crucis para conseguir o que todo ser humano deseja: ser tratado com dignidade.

Que Deus perdoe os usuários que não se tratam, mas que sua Mão Justa não seja leve para os traficantes, para políticos e também médicos corruptos que assinam o ponto e não atendem ninguém.

Perdão meu Deus, pois com isso, sofremos uma enorme perda, isto é, um “perdão”. •

Marco Antonio Vitti Especialista em biologia molecular e genética vitti@valeparaibano.com.br

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Turismo Ă SIA

Diversidade vietnamita

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Fotos: Marrey Júnior

Conhecer cultura tão diferente dos padrões ocidentais faz viagem ao continente asiático valer muito a pena; Vietnã recebe visita de 4 milhões de estrangeiros ao ano

PAISAGEM Conjunto de montanhas rochosas pontiagudas e cobertas por vegetação na Baía de Halong

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Marrey Júnior Hanói (Vietnã)

J

á na chegada Hanói assusta com uma das suas principais atrações: o trânsito. Não que a capital do Vietnã tenha congestionamentos colossais ou o melhor modelo de transporte público. O grande volume de motocicletas, bicicletas, riquixás (triciclo que faz as vezes dos táxis) e poucos carros e ônibus forma uma espécie de balé contemporâneo.

Em que nada se choca, tudo milagrosamente flui e todos chegam ao seu destino.

O tráfego provoca medo e ao mesmo tempo curiosidade aos visitantes. Atravessar a rua é o primeiro grande desafio, quase como um esporte radical. Não adianta ir para a faixa de pedestre, procurar a ajuda de um policial. É ver como fazem os nativos, olhar atentamente para todos os lados possíveis e ir aproveitar a cidade. Sempre estar em movimento, porque até ficar parado na calçada é arriscado. Com pressa, motociclistas e ciclistas invadem esse espaço com toda falta de respeito.

Observar todo esse caos faz parte do passeio. É só tomar cuidado para não ser atropelado.

No trânsito é possível ver o motorista da lambreta carregado com centenas de galinhas, o porco morto viajando na garupa da moto, a vendedora de frutas equilibrando duas cestas no ombro, as filas de riquixás transportando dezenas de turistas chineses, a barbearia montada no meio da calçada. Até na sorveteria, as motos dividem espaço com a população. É parar e se surpreender com o diferente.

No ano passado, Hanói completou o seu milésimo ano de aniversário. A capital da República Socialista do Vietnã também é conhecida como a Paris do Oriente por causa dos seus largos boulevards e prédios coloniais franceses. Grande parte deles está no centro antigo. É nessa região central que funciona um comércio setorizado e bastante diversificado.

São 36 ruas com diferentes tipos de mercadorias. Existem a Rua do Arroz, a Rua das Panelas, a Rua da Seda a Rua do Ouro e por aí vai.

Uma dela é a dos comerciantes que esculpem e vendem lápides e túmulos. Muitas lojas são bem pequenas. Quase não há espaço para se mexer. Nelas se pode ver um cenário bem típico. Velhinhos mirrados sentados envolvidos com mercadorias por todos os lados até o teto.

O cruzamento entre as ruas Ta Hien e Luong Ngoc Quyen é uma dos mais movimentados, principalmente a partir do fim da tarde. As cal-

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Turismo

CIDADE IMPERIAL Palácio da Suprema Harmonia, onde moravam os imperadores, é Patrimônio Cultural da Humanidade

çadas ficam lotadas de mesas e cadeiras com trabalhadores, estudantes e turistas. Lá há diversos bares onde é vendida uma das mais famosas Bia Hoi da cidade. Trata-se de um tipo de chope bem leve e muito barato vendido em todo país. Cada copo custa em média 7.000 dongs, ou seja, R$ 0,50. Nas cidades do interior ela é encontrada ainda mais barata.

Tio Ho O Mausoléu de Ho Chi Minh é outra atração de Hanói. Lá está embalsamado o corpo do líder da revolução comunista. Ho Chi Minh foi a liderança política mais famosa do país. Até hoje é reverenciado. Todas as cédulas de Dong, a moeda local, tem o rosto dele estampado.

Minh liderou a resistência contra os invasores do território vietnamita no século passado. O Vietnã foi dominado por décadas pela China.

No século 20, tropas japonesas ocuparam o país entre 1940 e 1945. Em seguida, foram os franceses que invadiram o território entre 1946 e 1954. Após seis anos de trégua, os Estados Unidos declararam guerra à nação e em 1975 os norte-americanos foram derrotados.

Chamado de “Tio Ho” pela população, o homem franzino nascido em uma pequena aldeia no norte do Vietnã voltou ao país em 1941 após viajar por vários países no mundo. É durante esse período no exterior, que ele conheceu e se engajou aos ideais comunistas e estimulou a população a combater os invasores estrangeiros.

Fotos do líder comunista, que posteriormente se tornou presidente, podem ser vistas de norte ao sul do Vietnã, em quase todos os lugares. Em Hanói, há um museu que explica toda a trajetória e quais eram os sonhos de “Tio Ho”. Ele mor-

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reu em 1969 e não viu a frágil população do país dele derrotar a mais poderosa nação do mundo.

A guerra foi vencida após os vietnamitas tomarem Saigon dos americanos no sul do país.

A troca de nome de Saigon é a maior homenagem ao líder comunista. A mais populosa cidade do Vietnã hoje se chama Ho Chi Minh. Com 7 milhões de habitantes, é lá que está o principal e mais desenvolvido centro comercial e industrial do país. A cidade é o reflexo do Vietnã que se apressa em recuperar o tempo e o dinheiro perdidos em quase 100 anos de guerra.

Ho Chi Minh é bem diferente do interior tomado pelos arrozais. Esse tipo de plantação cria uma paisagem quase uniforme em todo o território. O arroz é o principal produto agrícola. O café também é bastante importante na economia. De acordo com a Organização Internacional do Café, o país é o segundo maior produtor do mundo –atrás somente do Brasil.

No sul do país também está um dos maiores focos de resistência dos vietnamitas durante o período de guerra, Cu Chi. A 70 quilômetros de distância de Ho Chi Minh, nesse vilarejo foi construído um complexo sistema de túneis subterrâneos que serviram de refúgio durante a guerra contra os franceses e que foi aperfeiçoado no combate aos Estados Unidos. Esses túneis com até 60 centímetros de diâmetro eram inacessíveis aos soldados ocidentais, que tinham estatura muito maior que os nativos. Dentro havia hospital, cozinha, armazéns entre outros cômodos em um complexo sistema com mais de 200 quilômetros de interligações.

Hoje Cu Chi é um museu a céu aberto no meio da floresta tropical. O vilarejo atrai turistas

curiosos em saber, na prática, como foi o conflito com os Estados Unidos. Nesse local, os visitantes, além de entrarem nos túneis um pouco mais largo que os utilizados no tempo da guerra, também conhecem como eram armadilhas letais feitas de bambu, os truques para confundir os invasores e como foi projetada toda a estrutura desse imenso formigueiro humano.

Antes de Ho Chi Minh e Hanói serem as principais cidades do país, Hue serviu de capital política do país. Entre 1802 e 1945, o Vietnã foi governado por 13 imperadores da dinastia Nguyen, em Hue. Na cidade estão luxuosos templos e as tumbas dos antigos monarcas. É nela que também foi construída a cidade imperial. Amuralhada é rodeada por um fosso de quatro quilômetros de extensão e dentro dela está o Thai Hoa, Palácio da Suprema Harmonia, onde moravam os imperadores. Esse local foi bombardeado e saqueado durante os períodos em que o país esteve em guerra. Em 1993, o palácio virou Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).

Hoje tanques lotados com carpas gigantes chamam a atenção dos visitantes, assim como o revestimento em laca dos móveis e paredes de madeira. A laca é uma espécie de resina produzida por árvores do oriente. Estátuas e pinturas de dragões, serpentes e outras criaturas da mitologia asiática também decoram as paredes e os muros da cidade imperial. Elas impressionam por causa do colorido e pelos minuciosos detalhes. Diversidade de cores também encontrada nas diferentes lanternas que iluminam Hoi An, uma das mais charmo-

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sas cidades do Vietnã. Parece que o tempo não passou no centro antigo desse município no centro sul do país. As velhas casas amarelas ainda estão bem preservadas.

Carros são proibidos nas ruas mais antigas, o que aumenta a tranquilidade. Um dos lugares perfeito para relaxar é a margem do rio Thu Bon, que ainda tem pescadores com barcos a remo bem tradicionais. Esse local fica mais charmoso quando a noite chega.

Reflexos das casas e das luzes de coloridas lanternas dão um efeito especial ao rio. A cidade abrigou um dos mais importantes portos do sudeste asiático entre os séculos 15 e 19. Por causa dessa invasão de estrangeiros, Hoi An recebeu influências das culturas chinesa, japonesa e europeia em sua formação.

Um dos mais famosos cartões-postais da cidade tem o estilo de um dos seus invasores: a ponte japonesa. Construída em 1593, ela é coberta com um telhado todo decorado. Dentro, há um pequeno templo onde os budistas que passam por lá fazem a prece deles. Ela serve de cenário de recordação para álbuns de muitos noivos. O porto trouxe para Hoi An vocação comercial famosa em toda a Ásia. Quem domina o mercado central da cidade são as mulheres. A maioria delas ainda usa o traje local, uma espécie de pijama e o chapéu cônico.

Famosa pelo comércio de pimentas no passado, hoje a indústria da confecção a é a principal fonte econômica da cidade. São 500 costureiros espalhados em toda a cidade. Por causa disso, muitos turistas não saem de Hoi An sem comprar pelo menos uma peça. Atraídos pelos baixos preços e boa qualidade, muitos aproveitam para renovar o guarda-roupa. Ternos, saias, coletes, vestidos, tudo é feito sob medida para o cliente seguindo as mais recentes tendências da moda em todo o mundo.

COMÉRCIO Vietnamitas vendem frutas, verduras e legumes nas calçadas da capital

Mar de montanhas Se Hoi An teve o mais movimentado porto no passado, hoje é Halong que registra o maior movimento de barcos. O porto fica na costa norte do país, cerca de três horas e meia de Hanói. É de lá que partem os turistas rumo a um dos mais belos cenários do mundo: a Baía de Halong. Os barcos são fiéis modelos da Indochina dos anos 30. Feitos em junco, levam os viajantes em excursões para explorar esse parque nacional, onde ficam 3.000 ilhas que brotam de um mar verde esmeralda. Alguns deles são enfeitados com velas feitas de tecido e armação de bambu e se parecem com grandes barbatanas de dragão.

O conjunto de montanhas rochosas pontiagudas e cobertas por vegetação na Baía de Halong impressiona. Elas são feitas de

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calcário. Parecem imensas esculturas, moldadas pela ação do vento e da água há séculos. Lembram cães, elefantes, enfim, o que vier à imaginação. Por causa de sua beleza, o local virou até cenário de filme. É nesse lugar que o detetive 007 viveu suas aventuras em “O Amanhã Nunca Morre”.

O clima de mistério das histórias de suspense aumenta no inverno vietnamita, quando a Baía de Halong amanhece coberta de neblina em algumas manhãs.

Existe uma famosa lenda sobre esse lugar que diz que um dia os dragões desceram do céu e despejaram gotas de jade sobre as águas da Baía de Halong, formando esse arquipélago que protegeria o povo vietnamita de ataques piratas. Em muitas dessas ilhas há cavernas que fazem parte do roteiro de quem passeia pelo Golfo de Tonkin. A principal delas é Dau Go. O conjunto de estalactites e estalagmites ganha efeito especial com coloridas luzes de gosto um tanto duvidoso.

Outra forma de explorar as cavernas da baía é em pequenos barcos ou caiaques alugados em uma vila de pescadores, que vivem em aldeias que flutuam no meio do mar. Longe da terra firme, essa população se sustenta pesca, do cultivo de mexilhões e do comércio de frutas e artesanato. O passeio de barco é um convite para novas amizades.

Turistas trocam experiências sobre o que é melhor no país. Apesar da exigência do visto à maioria das nacionalidades é crescente o número de curiosos por esse país do sudeste asiático. São 4 milhões de visitantes estrangeiros ao ano. Todos curiosos em conhecer esse lugar, onde tudo é um tanto exótico para os padrões ocidentais. Estar aberto a uma cultura tão diferente é que faz essa viagem valer muito a pena. •

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Gastronomia

BOM APETITE

Agosto repleto de sabor em Caraguá Festival gastronômico criado para esquentar a baixa temporada chega a sua sexta edição com 32 restaurantes apresentado receitas criadas especialmente para o evento, de pratos sofisticados aos petiscos Adriano Pereira Caraguatatuba

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gosto é época de descer a serra. Pelo menos para quem aprecia a boa gastronomia e abre mão da badalação que o verão proporciona. Há seis anos funciona assim, um grupo de restaurantes, bares e quiosques de Caraguatatuba, no Litoral Norte, se reúne para criar receitas que vão desde o uso de ingredientes típicos como peixes e frutos-do-mar, até pizzas artesanais de dar água na boca.

Nesta edição, o evento vai até o dia 28 de agosto e conta com a participação de 32 estabelecimentos da cidade. A expectativa da Secretaria de Turismo é receber 35 mil pessoas neste ano. Na última edição, em 2010, o evento gastronômico contou com a participação de 25.213 clientes de 108 cidades, 16 estados e 7 países. O objetivo é aumentar 40% nas vendas em relação ao ano anterior.

Para selecionar melhor cada especialidade dos estabelecimentos, neste ano foram criadas as categorias “A La Carte”, “Bar”, “Quiosque” e “Pizzaria”. As receitas passeiam pela criatividade dos chefs. Por exemplo, o Kiosk Canto Bravo, na praia Martin de Sá, criou uma porção de sororoca temperada com sal marinho e ervas que leva até um toque de curry. Na cantina Bela Vista vale experimentar o inusitado enroladinho de massa de pizza . •

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Fotos: divulgação

CARAGUÁ A GOSTO ONDE Em 32 restaurantes, bares e quiosques de Caraguatatuba QUANDO Até o dia 28 de agosto

“Uma fusão da cozinha brasileira e mediterrânea, em um ambiente com a vista mais bonita da cidade”

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Hi-Tech

ESPORTE S TE

Raquetes Yann Walter São José dos Campos

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untos, eles arrebataram 25 dos 31 maiores torneios de tênis disputados no circuito mundial desde 2005. Um deles já conquistou seis vezes o Aberto da França.

O outro é hexacampeão em W Wimbledon, pentacampeão do US Open e ttetracampeão na Austrália, e é considerado o melhor tenista de todos os tempos. Seus n nomes: Rafael Nadal e Roger Federer.

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s das feras Dois ídolos, dois estilos, duas raquetes.

Federer é puro talento. Joga com extrema facilidade. Pratica um tênis vistoso, de encher os olhos. Coloca a bola onde quer.

Gosta de atacar seu adversário, de encurtar os pontos chegando junto à rede para finalizar. Mas também sabe esperar a hora certa para dar o bote. Uma combinação letal de técnica primorosa e tática afiada.

Já Nadal é um monstro na parte física. Vence na raça, impondo seu ritmo de jogo. Sufoca seus oponentes com intermináveis trocas de bola do fundo da quadra, e golpes de direita cheios de efeito. É um guerreiro, que não de-

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Hi-Tech

siste nunca. Pode jogar cinco horas a fio com a mesma intensidade. A raquete do Federer é a Six.One Tour BLX, da Wilson. Já Nadal joga com a Aero Pro Drive GT, da Babolat.

A Six.One Tour tem todas as características de uma Wilson: é relativamente leve (289 gramas, contra 300 gramas para o modelo da Babolat), e tem uma cabeça pequena (90 sq. in, contra 100 para a raquete do Nadal). Além de aumentarem o grau de precisão, as raquetes com área de contato menor conferem um maior controle da bola. Precisão e controle são as principais qualidades da Wilson. Mas o modelo específico do Federer ainda tem um trunfo a mais: a linha BLX foi desenvolvida a partir de uma tecnologia que utiliza o basalto, uma rocha vulcânica. O basalto é trabalhado até se transformar em fibras finas, que são incorporadas ao material usado no corpo da raquete.

O composto, um dos mais avançados disponíveis no mercado, oferece uma maior resistência às vibrações. Assim, a tecnologia BLX garante ao jogador uma sensibilidade acima da média, e a resposta mais limpa possível ao contato com a bola. Para a Wilson, a Six.One Tour não deve ser simplesmente uma raquete, mas uma extensão do braço do tenista.

Cuidado, porém: a raquete do Federer não é fácil de manusear. Não é imprescindível ser profissional para jogar com ela, mas é preciso ter alguma intimidade com o esporte. “A Six.One Tour BLX é muito dura. Não é recomendada para iniciantes”, afirmou à revista valeparaibano o ex-tenista Fernando Meligeni, que esteve recentemente em São José dos Campos para comandar uma clínica de tênis. O brasileiro, que já foi o 30º do mundo e chegou às semifinais do Aberto da França em 1999, conhece bem as raquetes da Wilson: jogava com o modelo 6.1 até se aposentar, em 2003.

Conforto A Aero pro Drive GT do Nadal é mais confortável. Quanto maior a cabeça, maior o ‘sweet spot’.

O ‘sweet spot’ –ponto doce, em inglês– fica na parte central das cordas da raquete. É basicamente a área mais confortável onde a bola pode tocar. Uma bola batida fora desta zona produz uma vibração muito maior, e perde em velocidade e potência. Assim, um ‘sweet spot’ mais amplo facilita as jogadas e aumenta a margem de erro. “A cabeça maior também favorece o efeito top spin”, lembrou Meligeni.

Obtido batendo a bola de baixo para cima, o top spin aumenta a pressão exercida sobre a

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SIX.ONE TOUR BLX Peso:

289 gramas (sem corda) Cabeça:

90 square inch Balanço:

305 mm Comprimento:

68,5 cm Padrão de cordas:

16x19 Composição:

Karophite Black/Basalto AERO PRO DRIVE GT Peso:

300 gramas (sem corda) Cabeça:

100 square inch Balanço:

320 mm Comprimento:

68,5 cm Padrão de cordas:

16x19 Composição:

Carbono/ Tungstênio

parte de cima da bola e tem duas grandes vantagens: faz com que a bola caia mais rapidamente –diminuindo assim as chances de ela sair da quadra– e também garante que ela não perca altura ao quicar no chão, dificultando a resposta do adversário. Rafael Nadal usa e abusa deste efeito na hora de desferir seus poderosos ‘forehands’ do fundo da quadra.

Assim como a do Federer, a raquete do espanhol tem suas especificidades. A GT é fabricada com um composto híbrido, que mistura carbono trançado com filamentos de tungstênio. O material proporciona um maior controle e aumenta a sensação de firmeza. Além disso, conta com a tecnologia Cortex System, a resposta da Babolat à BLX da Wilson. Tratase de uma interface entre o cabo e o coração da raquete que permite filtrar as vibrações.

Em resumo, mobilidade e jogabilidade são as principais qualidades da Aero Pro Drive GT. Exigente, a Six.One Tour BLX é recomendada para as pessoas que já têm um nível bom e buscam o melhor controle e a maior precisão possíveis. Já a Aero pro Drive GT é indicada para os jogadores de nível intermediário para cima, que prezam a versatilidade e o conforto.

“A Wilson do Federer é uma raquete mais rígida, é preciso ter braço para jogar com ela. A Babolat do Nadal despacha mais a bola, mas dificulta o controle”, comparou José Nilton Dalcim, diretor editorial da revista Tênis Brasil.

De um modo geral, as raquetes usadas pelos profissionais são recomendadas somente para as pessoas que jogam e treinam com bastante frequência. Campeões como Federer e Nadal utilizam raquetes mais pesadas que o normal, pois o peso agrega força aos golpes e, portanto, velocidade à bola. Mas os mesmos modelos são disponíveis em versões mais leves, mais adaptadas para o grande público.

“Usar uma raquete muito pesada sem o treinamento adequado aumenta a possibilidade de se machucar”, advertiu Meligeni.

Antes de escolher sua raquete, defina seu estilo de jogo. Você busca mais potência, mais precisão, mais conforto? Bate ‘reto’, ou abusa dos efeitos? Treina quantas vezes por semana?

Todos estes elementos têm que ser levados em consideração na hora de bater o martelo.

Onde comprar Em São José, é possível encontrar estes modelos em lojas especializadas, como o Daher Tennis Lounge (Urbanova) ou a Tennis House (Vila Adyana). Elas custam entre R$ 550 e R$ 600. •

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Moda&estilo NOVA COLEÇÃO

Verão multifacetado As tendências da temporada que vem por aí passeiam por vários contrastes: das cores puras ao color blocking e das formas amplas às estruturas minimalistas.

Selecionamos os principais hits para você

Cristina Bedendo São José dos Campos

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ocê pode pensar que o verão ainda está longe de chegar ao seu guardaroupa, mas o fato é que a maioria das lojas já começou a receber as coleções para a temporada primavera/verão 2011/2012. É hora, portanto, de ficar de olho nas tendências que vêm por aí e identificar aquelas que mais combinam com o seu estilo.

E para você preparar sua lista de desejos para a próxima temporada, elegemos os principais caminhos e as peças que prometem deixar o verão mais elegante e, acima de tudo, contagiante. Aproveite!

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ANDRÓGINO Desde a década de 1950, com o tailler criado por Coco Chanel, as mulheres têm inserido cada vez mais peças masculinas em seu vestuário.

Atualmente, temos o sucesso do blazer boyfriend que, nas próximas temporadas, deve ser substituído pelas formas do smoking, uma referência importante do estilista Yves Saint Laurent.

Nos pés, sapatos oxford, mocassins e os novos slippers são ideais para equilibrar peças bem femininas.

Look: Animale

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ANOS 70

PANTALONAS

Referências da década marcada pelo movimento hippie, as saias longas, em alta há algumas temporadas, continuam com força e garantem conforto aos looks de verão. Entre os tecidos fluidos, os destaques são as versões plissadas, que garantem produções descoladas para o dia a dia e mais sofisticadas para a noite. Versatilidade é palavra de ordem!

Do mix de anos 70, as calças mais soltas, como as pantalonas, têm seu espaço garantido nas araras de verão. Elas aparecem em diversas versões, das modelagens mais contidas às super largas. Se você acha a modelagem muito ousada, pode optar pela calça flare, mais ajustada nas pernas e com as barras mais largas –o que garante uma valorização de praticamente todos os biotipos.

Look: Ausländer

Look: Animale

JEANS

MINIMALISMO

Versátil e eterno, o denim volta a fazer parte das peças mais desejadas do verão 2012. E as combinações de jeans com jeans continuam em alta, em lavagens semelhantes ou diferentes tanto para as mulheres como para os homens.

Vale usar a criatividade e iluminar os looks totais em jeans com acessórios coloridos ou estampas florais, por exemplo.

Em contraponto ao color blocking, cores puras e looks monocromáticos prometem agradar homens e mulheres mais discretas e garantem frescor para os dias quentes. O visual total branco foi unanimidade nos desfiles e pode ser incrementado por texturas diferenciadas. Na onda minimalista, as formas são limpas e retas.

Menos é mais.

Look: Maria Bonita

Look: TNG

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Moda

TROPICAL

NATURAL

A grife italiana Prada usou estampas de bananas e listras para o seu verão 2011 e o tropicalismo caiu no gosto de muitas outras marcas. E as estampas de animais (como pássaros, por exemplo), folhagens e frutas prometem uma profusão de cores para um verão empolgante.

Rendas, crochê e muitos detalhes em corda, ráfia e couro tressê deixam o verão com um toque natural, principalmente para os calçados e acessórios. As espadrilles (anabelas com solado de corda), que apareceram no verão passado, prometem estar na lista de desejo das mulheres mais antenadas.

Aproveite para combinar texturas artesanais com peças minimalistas.

Look: Triton

Look: Maria Filó

COLOR BLOCKING E já que o assunto são cores contrastantes, os looks com blocos de cores também permanecem na lista de tendências.

Combinações de verde com azul e laranja com rosa são unanimidade nas coleções, inclusive nos sapatos e bolsas. Para as mais discretas, o toque de cor pode ficar por conta de um acessório para iluminar um look em tons neutros.

VINTAGE Poás, lavagens desgastadas e bolsas com fechos inspirados nos modelos antigos têm retorno garantido na estação quente, que continua com o toque vintage que vem conquistando os homens e mulheres há algumas temporadas. Uma boa dica é começar pelos acessórios: misture peças de brechó ou de herança de família com outras mais moderninhas

Look: Afghan Look: Patrícia Vieira

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Tempos ModernosArtigo

Alice Lobo

Como é possível ser ecologicamente correto com esse frio que anda fazendo?!

E

u trabalho 365 dias no ano falando de sustentabilidade, defendo o consumo consciente, compro produtos de empresas responsáveis e que não agridem o meio ambiente, reciclo meu lixo, dou sempre preferência para produtos orgânicos, incentivo os pequenos agricultores, compro só o que preciso, levo minha ecobag ao supermercado, quase eliminei as sacolinhas de plástico da minha vida (as que ainda uso são biodegradáveis ou feitas de canade-açúcar), reduzi muito o meu consumo de carne. Agora... como é que se resiste a ficar um pouco mais no banho quentinho, ligar o aquecedor antes de dormir neste frio e sair da frente da televisão?

Sou mortal, e escrevo aqui para confessar o quanto o aumento de gasto de energia no inverno está pesando proporcionamente na minha consciência. É muito difícil ser sustentável em tudo e sempre, principalmente no frio! Mas também não acho que tenho que deixar de lado o meu conforto.

Para conseguir diminuir o peso na consciência e a conta de luz, comecei a colocar em prática algumas dicas que vou revelar abaixo.

Para economizar na energia, prefira o aquecedor de água a gás ou solar. Se o seu for elétrico, troque o quanto antes! Seu bolso agradece.

Já o aquecedor de ambiente elé-

QUASE IMPOSSÍVEL Como é que se resiste ficar um pouco mais no banho quente?

trico pode ser substituido por bolsa de água quente, cujo líquido pode ser reaquecido e reaproveitado.

Experimente colocar embaixo das cobertas antes de deitar ou sobre a barriga e pés. Para se aquecer, beba chá à vontade. Lembre-se que ingerir líquido faz bem (ainda mais se for chá verde ou branco). E, quando chegar da rua ou antes de dormir, faça um “escalda pé”. Coloque água quente numa bacia funda –se quiser, adicione gotas de um óleo essencial de sua preferência– e relaxe com os dois pés dentro. Como alternativa à televisão e filmes, livros e jogos de tabuleiros são boas opções. Mas se tiver um sol, que tal ir ao parque ou fazer programa ao ar livre?

Mas se você não quiser aderir às práticas acima, que tal negociar com o planeta e economizar mais em coisas que às vezes a gente esquece?

Por exemplo, deixe mais seu carro

em casa e vá trabalhar a pé, de transporte público ou de carona. Calor humano é tudo: convide seus amigos para reuniões em casa, assim todo mundo economiza com deslocamento (desde que vão juntos, de carona), comida (os restaurants são sempre mais caros) e energia.

Abuse da luz de velas para aproveitar o clima romântico do inverno.

Se o seu chuveiro demora para esquentar, não esqueça de colocar um balde e reutilizar a água para lavar roupas, o terraço ou regar plantas. E que tal aderir aos hábitos europeus de comprar livros de sebos e roupas de brechó –o inverno é a única estação em que o clássico sempre faz sucesso. Ah, e para fechar com chave de ouro, não esqueça dos vinhos orgânicos e naturais que, quando feitos sem adição de sulfitos, não dão dor de cabeça nem para aqueles propensos à enxaqueca. •

Alice Lobo Jornalista alice@valeparaibano.com.br

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Moda

ESTILO

Acessórios de desejo Designer Camila Klein é sinônimo de bom gosto e requinte na criação das peças para sua grife homônima

Cristina Bedendo São Paulo

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e você adora acessórios statement precisa conhecer o trabalho da designer Camila Klein. À frente da marca que leva seu nome e se tornou referência no mercado há 10 anos, Camila é dona de um bom gosto incrível na criação de suas peças que, além da beleza, retratam muito o que as mulheres modernas procuram. “A mulher está numa fase de transição.

Percebo isso nas minhas clientes. Elas começam a pedir mais ousadia”, conta.

Com um mix de estilos rústico e sofisticado, a designer trabalha com misturas de cores, texturas e formas para garantir peças exclusivas. E a maior vantagem da marca, segundo ela, é criar para mulheres de todos os estilos e idades. “Os acessórios ganham cada vez mais força nos looks”, afirma.

No seu estilo pessoal, Camila conta que gosta de diversos tipos de peças, mas atualmente

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está numa fase de maxicolares, também conhecidos como colares statement. “Tem dias que estou mais clássica, em outros opto por um brinco grande, por exemplo”, revela.

Na coleção de verão, são cinco linhas inspiradas nos desenhos do cientista e filósofo Ernst Haeckel. Entre os destaques estão o couro de tilápia tingido de azul marinho e caramelo, e a sofisticada mistura de pedras –em versões grandes e pequenas– como rubi, branco, verde e ametista, que contrastam com tons de nude e cristais.

A marca conta com seis lojas próprias no Brasil –quatro em São Paulo e duas no Rio de Janeiro– e também é vendida em multimarcas. E a designer detém o título de primeira brasileira convidada pela Swarovski a manter um corner com suas peças em todas as lojas da marca espalhadas por Nova York, Shangai, Londres, Wattens e Viena.

Para o futuro, a ideia é amplicar os negócios para países como Japão, Portugal, Espanha, Alemanha, Áustria e Rússia, além da abertura de uma nova loja por ano em São Paulo e nas principais capitais brasileiras. •

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Rodrigo Santoro será marido de Jennifer Lopes no cinema

Notas & fatos

Rodrigo Santoro terá mais um filme internacional em seu currículo. O ator foi confirmado no elenco de “What to Expect When Your’re Expecting”, interpretando o marido de ninguém menos do que Jennifer Lopez, segundo informações do site da revista “Hollywood Reporter”. O longa será uma adaptação do livro de mesmo nome, que aborda histórias de casais e suas experiências com a chegada de uma criança na família. No caso, Santoro viverá um homem que decide adotar um filho com a esposa, mesmo não estando muito convencido de que quer isto realmente. Outros atores já confirmados no elenco são Cameron Diaz, Anna Kendrick e Brooklyn Decker. De acordo com a publicação, Matthew Morrison, da série Glee, e Chris Rock negociam com a produção, que será dirigida por Kirk Jones.

Quanto mais obsceno melhor, diz Jennifer Aniston Jennifer Aniston não tem receio de ficar nua nas telonas. Em seu mais recente trabalho, Quero Matar Meu Chefe, a atriz aparece em cenas picantes, mas encarou isso apenas como mais um desafio em sua carreira. Durante entrevista ao jornal norte-americano Chicago Sun, Jennifer revelou: “Quanto mais obsceno, melhor.

Para este filme, eu queria assumir alguns riscos, encarar desafios. Eu queria fazer algo que me permi-

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tisse ir a uma direção diferente, nunca antes eu tive um roteiro que me deixasse inovar tanto”.

A inovação é tamanha que Jennifer até mesmo escureceu os cabelos para fazer o papel, que é o personagem de uma dentista que dá em cima de seu assistente a todo momento.“É geralmente um personagem masculino que age desta maneira, por isso pensei como um homem para interpretar as cenas.

Foi bastante provocante”.

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Flávio Pereira

MÚSICA

Sons da Serra O Photozofia Arte & Cozinha realiza o 8º Encontro de Cordas na Mantiqueira, no distrito de São Francisco Xavier, trazendo expoentes do violão brasileiro e novos artistas que começam a trilhar o bom caminho da música

Adriano Pereira São José dos Campos

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a fama de boêmio a instrumento oficial da música popular brasileira, o violão tem papel central na nossa cultura.

Serviu para a criação de várias manifestações populares assim como para compor peças complexas e singulares nas mãos de gente como Guinga, Toninho Horta, Ivan Vilela, Ulisses Rocha e tantos outros. É desse instrumento que nasceu também há oito anos o Encontro de Cordas na Mantiqueira, organizado pelo Photozofia Arte & Cozinha, no distrito de São Francisco Xavier, em São José dos Campos.

Uma celebração ao instrumento, mas também a quem trata bem dele. Nesta oitava edição, que começa no próximo dia 3 de setembro e se estende até o dia 25 do mesmo mês, esses grandes nomes estarão lá mostrando a versatilidade das seis cordas, às vezes 10, que num passe de talento parecem mil.

Na verdade, a diversidade é a grande marca desta nova edição do Cordas na Mantiqueira.

Além do violão, o contrabaixo, a viola, a rabeca, o violino e até a guitarra entram em cena. A dinâmica de cada apresentação reúne dois shows e uma jam session ao final das apresentações, quando os músicos se unem para improvisar e transformar o palco num local de ensaio e, antes de tudo, divertimento.

Logo de cara, no dia 3, a compositora e intérprete cubana Yusa mostra a nova onda da música cubana. No caso dela, uma mistura temperada de rock, jazz, pop, sonoridade brasileira e raízes cubanas. A moça já rodou o mundo mostrando canções dos

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8º CORDAS NA MANTIQUEIRA Dia 3, às 21h Yusa Ivan Vilela Dia 10, às 21h Luis Felipe Gama João Paulo Amaral Guinga Dia 17, às 21h Grupo Dharana Toninho Horta Dia 24, às 21h (gratuito na praça) Tuia Lencionni e Banda Irmandade do Blues Dia 25, às 14h (gratuito na praça) Danilo Brito Ulisses Rocha Zé Alexandre Carvalho

OFICINAS Dia 4 Oficina para músicos com Yusa Dias 24 e 25 Oficinas de viola com Braz da Viola

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ValeViver Fotos: divulgação

quatro discos gravados na carreira.

Na mesma noite, Ivan Vilela traz a conjunção do erudito com o popular na delicadeza de seu trabalho mais recente, “Mais Caipira”. No disco, com a participação mais do que boa da cantora Suzana Salles e do tenor Lenine Santos, até canções “populescas” como “Fio de Cabelo” ganham interpretação gratificante. O músico também mostra composições de discos anteriores como o experimentalismo de “Do corpo à raiz”. A jam session entre Vilela e Yusa deve ser um dos pontos altos do evento.

No final de semana seguinte, dia 10, Luis Felipe Gama e João Paulo do Amaral mostram o entrosamento adquirido numa parceria que já rendeu bons frutos. Acompanhado por Ana Luiza, os dois receberam críticas bastante positivas do show “Entrelaço”. Gama é pianista, arranjador e compositor e sua parceria com Ana já é antiga.

Amaral, aluno do mestre Ulisses Rocha na Unicamp, vem se destacando com um dos grandes expoentes da viola caipira no Brasil. Depois deles, o genial Guinga confirma porque se festeja tanto seu talento. Parceiro de quase toda a nata da MPB, seu disco mais recente, “Noturno Copacabana”, lançado em 2009, foi considerado pela crítica especializada como o melhor do ano. Já foi parceiro inclusive de Gama e Amaral, o que garante que a jam session desta noite seja algo bem além do improviso.

Depois de mais de 20 anos separados, o quarteto Dharana juntou novamente seus três violões e um violino revivendo a originalidade do som do grupo. A apresentação acontece no dia 17. O grupo se reuniu em 2009 para alguns shows mas não conseguiram ficar só no “alguns”. Logo depois deles, Toninho Horta prova que a árvore genealógica da família (o pai e maestro João Horta e o irmão e contrabaixista Paulo Horta) rende notas e não frutos. O guitarrista Pat Metheny chegou a dizer que Toninho Horta “é um dos músicos mais inspirados do mundo no que diz respeito a harmonia e melodia”. Este ano, seu CD “Harmonia e Vozes” foi indicado ao Grammy Latino.

Gratuito “Queremos crescer e estamos conseguindo aos poucos”, diz Patrícia Ioco, uma das organizadoras do Cordas na Mantiqueira. E se o Photozofia não pode perder o ar intimista que deixa o local charmoso e único, o evento vai para a praça, e de graça.

Nos dois últimos finais de semana, a pro-

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BEBIDAS Drinks seguem os mesmos preços na maioria das casas

GUINGA O músico se apresenta no dia 10 de setembro

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YUSA A cubana mostra seu talento no palco e em uma oficina de música

gramação do encontro é gratuita. No primeiro deles, dia 24, o local abre o palco para o pop e o blues. O músico local Tuia Lencionni mostra canções do seu trabalho mais recente lançado em formato DVD, em 2010. Depois dele, a banda Irmandade do Blues, liderada pelo gaitista, guitarrista e vocalista Vasco Faé, traz a turnê “Ao Vivo”, que reúne músicas dos dois discos lançados pela gravadora Eldorado. O grupo desconstrói clássicos do estilo adicionando peso e criatividade nas versões. Composições como Mercedes Benz (Janis Joplin) e Rock ‘n’ Roll (Led Zeppelin) estão no repertório.

No dia seguinte, única data do evento na qual as apresentações começam mais cedo, às 14h, o jovem e já consagrado bandolinista Danilo Brito mostra porque foi considerado o melhor instrumentista brasileiro da atualidade pelo júri do Prêmio Visa. Com apenas 19 anos, é normal ser ovacionado de pé em suas apresentações. Sua música é o choro, gênero propício para o improviso e o virtuosismo do músico considerado um dos herdeiros “jacobnianos” no Brasil. Em 2011, Brito lançou seu quarto CD, que deve ser a base do repertório desta apresentação.

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Logo em seguida, Ulisses Rocha traz a bagagem de 11 CDs lançados na carreira e a parceria com nomes como Gal Costa, Zé Renato, Olívia Byington, Heraldo do Monte, gravou com, Hermeto Pascoal, Hugo Fatoruso, Roberto Carlos, Sá e Guarabira, Ritchie, Diana Pequeno, Cida Moreira, Ronnie Von, Marlui Miranda, Vânia Bastos e dividiu o palco em encontros especiais com Egberto Gismonti, Al di Meola, Toquinho, Eliane Elias, Canhoto da Paraíba, Marco Pereira, Paulo Belinatti e com grupo Boca Livre . É um dos músicos mais influentes de sua geração.

Oficinas Finalizando a programação musical, o contrabaixista e arranjador Zé Alexandre Carvalho.

O músico tem uma carreira tão ativa e diversificada que torna quase impossível a tarefa de defini-lo em um gênero. Só para contar as atividades atuais, Carvalho toca nas formações de Divina Caffé, Banda Savana, André Mehmari Trio, Ulisses Rocha Trio, Mane Silveira Quinteto, Toninho Ferragutti e banda, Ná Ozetti e Monica Salmaso.

Além dos shows, o Cordas na Mantiqueira

também realizará duas oficinas abertas, porém com vagas limitadas, durante sua programação. A primeira será com a musicista Yusa, que fará uma introdução e apresentação de modo interativo sobre sua música, mostrando de maneira prática o uso dos gêneros e ritmos tradicionais da música cubana, bem como outros que a influenciam, tendo a improvisação como mote fundamental. Yusa toca contrabaixo, violão e o tres, instrumento de três cordas em que ela foi a primeira mulher cubana a ser graduada. Yusa incentiva o uso de conhecimentos prévios de gêneros musicais da cultura de cada país, tomando aí os elementos que formarão parte vital da criação e evolução das pessoas que se dedicam a música como carreira.

A segunda oficina, que dura dois dias, será com Braz da Viola, obviamente, sobre viola.

Com duração de 15 horas, usando de mais de 12 anos de experiência em salas de aula, Braz ensina tudo da viola caipira. As vagas limitadas por ordem de inscrição.

Ingressos e informações podem ser obtidas no www.cordasnamantiqueira.com.br ou pelo telefone (12) 3926 1406. •

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LITERATURA

A saga da primeira obra Novos escritores optam pela produção independente para driblar inúmeras barreiras para a publicação do primeiro livro e apostam na sorte e no próprio talento Filipe Manoukian São José dos Campos

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elissa, menina curiosa e muito inteligente de cinco anos de idade, preenchera dezenas e dezenas de folhas ao longo dos últimos dois anos com suas histórias de vida sob a escrita cuidadosa de sua criadora, a professora Stefânia Andrade, hoje com 28 anos. Então, a pedagoga decidiu compartilhar as histórias da pequena além dos limites da sala de aula, onde Melissa já era um sucesso, pelo menos entre os alunos de Stefânia. Era o começo do ano de 2010. Sete meses depois, histórias compiladas, ilustrações feitas: um livro pronto para ganhar as livrarias.

Foi aí que Stefânia, com o ‘boneco’ – espécie de manuscrito – de sua obra em mãos, começou a se preocupar com a produção do livro.

“Como publicar meu livro?”, perguntava-se.

Sobrou até para o Google. “Como produzir meu livro? Coloquei essa pergunta diversas vezes no Google”, lembra a professora.

Em contato com outros escritores da região e após suas infindáveis buscas pela internet, Stefânia, que é de São José dos Campos, uma das cidades onde leciona –a outra é Taubaté–, enxergou duas possibilidades, num cenário a princípio não muito agradável. “Eu tinha duas alternativas. Procurava uma editora comercial, dessas mais conhecidas, o que logo de início me deixou

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chocada, porque um escritor tem no máximo direito a 6 ou 7% das vendas, os mais felizes 10%”, conta. “Mesmo assim, você manda o original, eles pedem uma média de 90 dias para dar uma resposta, que quase sempre vai ser negativa”, afirma.

O outro caminho, segundo narra Stefânia, pode parecer mais fácil, mas exige grandes investimentos, muita força de vontade e uma avalanche de outros detalhes que certamente são desconhecidos ou ignorados por escritores de primeira viagem, mas essenciais para retorno financeiro ou mesmo para se começar a estruturar uma carreira.

“A outra opção era fazer uma produção independente, correndo atrás de tudo por minha conta”, diz. “Muitos me disseram que para um autor ter seu primeiro livro publicado numa grande editora, ele já tem que ser uma pessoa midiática, com currículo muito grande, ou indicando por alguém muito forte. Fiquei arrasada ao descobrir”.

Era setembro de 2010. A decepção editorial a fez engavetar o projeto. “Entendo o lado das editoras, que devem receber muita coisa para avaliar por dia. Mas, para o escritor é muito difícil, ele fica batendo cabeça. Nessas conversas, me disseram que 80% dos autores de primeira viagem desistem, por não ter dinheiro para continuar”.

Em 2009, último ano em que toda a produção literária no Brasil foi objeto de uma pesquisa, coordenada pela CBL (Câmara Brasileira do Livro) e Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) e executada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas

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Divulgação

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ValeViver Flávio Pereira

MÃO NA MASSA A professora Stefânia Andrade, de São José, uma das autoras que bancou o próprio projeto

Econômicas), 22.027 livros, em sua primeira edição, foram lançados no país. Considerando que cada um desses livros tenha sido lançado por um escritor diferente, apenas 0,01% dos 190 milhões de brasileiros publicaram um livro em 2009. Destaque-se que a totalidade de livros lançados leva em conta todas as temáticas: obras religiosas, didáticas, atlas, autoajuda, literatura infantil, juvenil, adulta, entre outras.

Uma das obras publicadas em 2009 foi “Estética Marginal”, do fotógrafo Victor Moriyama. Durante quase cinco anos, ele vivenciou situação similar à narrada por Stefânia, ‘batendo cabeça’ até chegar à materialização de sua obra, devidamente impressa em centenas de exemplares. “É um processo burocrático, difícil. Lançar um livro, pelo menos para quem está começando, não é uma coisa rentável. O escritor virou refém dos captadores de recursos. Quem faz, faz por amor mesmo”, afirma Moriyama.

Paulistano, Moriyama vive hoje em São José. “Estética Marginal” expõe um pouco da “diversidade cultural do Brasil” por meio do grafite. “O grafite brasileiro saiu das amarras

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do que vem de fora. Partiu para outro campo, tem muito do que é nosso”. Com isso em mente, Moriyama começou, a partir de 2004, a entrevistar e fotografar, junto com o também paulistano Felipe Lopez, os personagens que fazem o grafite de São Paulo.

“Foi um processo longo. Com o material pronto, algumas editoras ficaram interessadas, outras nem responderam. Então, começamos nós mesmos a montar, fazendo a diagramação, correndo atrás de patrocínios”. A insistência resultou numa parceria. Já com patrocínio, uma editora abraçou o projeto e colaborou na finalização do livro. A 1ª edição teve 2.000 exemplares a um custo de R$ 38 mil.

Diferenças Stefânia e Moriyama são exemplos de uma indústria que, enquanto começa a apresentar alguns sinais de evolução –como a Festa Literária Internacional de Paraty, ou aqui na região o Festival da Mantiqueira e a Bienal do Livro–, mostra ainda engatinhar. “Tem muitos bons escritores que não conseguem sequer publicar uma obra”, afirma o jornalista e curador do Espaço Literário Cassiano Ricardo do Festival da

Mantiqueira, Julio Ottoboni.

O problema? “O editor usa seus recursos. Ele tem que realmente acreditar que o projeto vai para frente. Nesse horizonte, aparecem muitas coisas boas e ruins, e olha que recebemos muitas coisas ruins. Avaliar também traz despesas”, avalia a presidente da Snel, Sônia Machado Jardim. “O custo para a produção de um livro é realmente muito alto. Pensando num exemplar de 150, 200 páginas, com um bom acabamento, isso custa entre R$ 12 e R$ 14”, emenda Ottoboni.

Uma grande editora representa para um autor contar com assessoria de imprensa, que busca inúmeras formas de divulgar obra e escritor em veículos de comunicação, ações de marketing e, inclusive, eventos de lançamentos oficiais em festivais ou livrarias. Mais importante: a editora banca, ou busca patrocínios para a produção do livro. O escritor entra com a literatura, ou seja, a escrita. Seu livro será publicado, chegará às bancas e, se der sorte e cair no gosto do público, ainda terá retorno financeiro.

Por outro lado, existe a produção independente. Nesse caso, depois de todo o processo

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Adenir Britto/ PMSJC/ divulgação

REGIONAIS Espaço criado no Festival da Mantiqueira para que escritores de São José mostrassem seus trabalhos

criativo, que por vezes pode durar anos, pelo qual o autor se submetera até completar sua obra, ele ainda terá que correr atrás de diagramador, ilustrador, editor de texto e gráfica. Os custos são todos lançados na conta do próprio artista. A divulgação do produto também caberá a ele. Força de vontade é imprescindível. E, às vezes, pode dar certo.

Exemplo é o caso da personagem Melissa.

A criança sonhadora que nasceu na mente da pedagoga Stefânia deixou de ser só um manuscrito para se tornar 1.000 exemplares –e em breve mais 1.000, já contratados. “No começo de 2011, pensei: ‘foi um ano de trabalho, não vai ficar engavetado. Se é para ser uma produção independente, vamos ver os

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preços”, lembra Stefânia. Meses e meses de pesquisas e contas, a sorte, diriam alguns, ou a competência, ou ambos levaram a professora até a Jac Editora, empresa de São José.

Stefânia conta que, à época, estava prestes a fechar com uma editora de São Paulo apenas para ter os livros à mão. Até então, ela nem imaginava a importância de eventos de lançamentos, entre outras assessorias. Na Jac Editora, apesar de custear os livros, Stefânia encontrou pelo menos assessoria editorial. “Fechei o contrato no dia 30 de abril com o objetivo de lançar o livro no Festival da Mantiqueira”. Os 1.000 primeiros livros a um custo de R$ 16 mil estão prestes a se esgotar. Outra edição já foi encomendada.

Estratégias Diretora da CBL, Karine Gonçalves Pansa lembra que é “importante o autor conhecer o catálogo de uma editora antes de mandar o seu produto”. “Como presidente da CBL e editora, posso dizer que a maior razão para respostas negativas a autores ocorrem porque ele manda um material diferente da proposta de uma determinada editora”, diz.

“Temos infinitos nichos e possibilidades, mas é um mercado em desenvolvimento, então essa demora, essa dificuldade faz parte do processo”, defende-se.

Mais próxima às dificuldades enfrentadas pelos autores, Sônia concorda que “só o original ser bom, não é garantia”. “O autor precisa ser uma pessoa com inserção pública. É uma realidade triste, mas é a realidade. É o lado cruel do mercado. É importante então que o autor tenha seguidores nas redes sociais, torne-se conhecido. Melhor ainda é participar de concursos literários, pois aí ele já garante publicação e publicidade”, afirma.

Por fim, considerando todas as dificuldades, Sônia diz que, o mercado alternativo é um começo para qualquer autor. “Se o escritor realmente acredita na sua obra e tem como bancá-la no começo, uma hora ou outra ele vai ser reconhecido em nível maior”.

Todo esse cenário, no entanto, poderia ser melhor, pensa Ottoboni. “Nos Estados Unidos, você tem revistas literárias que soltam textos de autores, formando público para que um autor venha lançar a sua obra. A revista literária é a grande alavanca para lançar um autor, mas não fazemos isso no Brasil. As revistas literárias daqui no máximo publicam texto de autores já consagrados. As editoras poderiam avançar nesse sentido”, opina.

Só no último Festival da Mantiqueira, realizado em maio deste ano, 50 novos escritores de São José expuseram suas obras, segundo Ottoboni. Para um país que será pela segunda vez homenageado na Feira de Frankfurt (Alemanha), a maior feira do livro mundial, a produção literária poderia ocorrer de forma mais suave.

“O que falta é uma política cultural voltada para o incentivo à literatura. O livro é muito caro, porque sua produção é cara, e as pessoas não leem”, destaca Ottoboni.

Se nada mudar no mercado literário, a vida poderá ser incompleta para muitos, que podem não fechar o ciclo pré-determinado por um famoso ditado popular que versa sobre plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. •

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CINEMA

Super 8, E.T. ou Lost?

Se a parceria entre o mestre Steven Spielberg e o criador da série “Lost”, J.J. Abrahms, é uma novidade, a mistura de suspense com um grupo de crianças numa missão que envolve um extraterrestre não é nada nova

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Fotos: divulgação

Franthiesco Ballerini São Paulo

O

cinema não é uma especialidade de J. J. Abrams.

Ele não impressionou quando dirigiu “Missão Impossível 3” (2006), mas não fez feio em “Star Trek”, tendo faturado mais de US$ 300 milhões mundo afora, bem como indicações e prêmios no Oscar. Sua maior revolução foi mesmo na televisão. “Lost”, considerada por muitos a melhor série de TV já feita em todos os tempos, criou um universo tão complexo e atraente que poucos filmes de Hollywood chegaram perto de tal sofisticação. Foi graças a esta e outras séries que críticos norte-americanos chegaram a dizer que, nos últimos anos, a televisão dos

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EUA tem sido muito mais inovadora e ousada do que o cinema de Hollywood.

Mas J. J. Abrams parece querer agora seguir a carreira cinematográfica. Está com muitos projetos anunciados como produtor –como as sequências de “Missão Impossível”, “Cloverfield” e “Star Trek”.

Como diretor, chega neste mês em sua terceira empreitada, “Super 8”, uma parceria promissora com Steven Spielberg, produtor do filme, que conhece Abrams desde que este tinha 15 anos, quando foi contratado por Spielberg para consertar sua câmera Super 8 pessoal. Em outras palavras, uniram-se quem revolucionou a televisão e quem já revolucionou o cinema décadas atrás. O resultado?

A trama se passa no final dos anos 1970, em Ohio, e acompanha seis garotos que querem fazer seu próprio filme de zumbi com uma câmera Super 8. Mas eles aca-

bam testemunhando a colisão de um trem com uma caminhonete, que liberta um ser estranho, absolutamente diferente de tudo que eles já viram antes. “Tudo o que as pessoas precisam saber é que o filme é uma aventura em uma cidadezinha, com humor e o mistério envolvendo a presença dessa criatura na cidade e como elas afetam os habitantes”, comentou Abrams em uma das poucas vezes que falou do filme no ano passado, em Los Angeles. “Não há super-herói nem elenco famoso, não é uma franquia, nem baseado num livro. Mas acho que é um ótimo filme”, finalizou.

“Super 8 tem no elenco Kyle Chandler (“Friday Night Lights”), Elle Fanning, irmã de Dakota Fanning, Noah Emmerich (“O Show de Truman”), Zach Mills (“A Troca”), Ryan Lee (“A Pedra Mágica”), entre outros.

Os atores se mostraram bastante entrosados, percebe-se uma química muito boa

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SEGREDO

Todas as imagens que divulgam o filme escondem o mistério principal da trama

entre os adolescentes, muitos deles atores novatos. O problema é que, mesmo num casamento Spielberg-J.J. Abrams que tinha tudo para dar certo, “Super 8” parece pecar pela falta de novidade, dando a sensação de que já vimos tudo aquilo antes no cinema. Os efeitos, claro, são incríveis, como a batida do trem com o caminhão, um espetáculo visual.

No entanto, o grande problema de ter J. J. Abrams e Steven Spielberg em letras garrafais nos cartazes do filme é que simplesmente os cinéfilos vão elevar suas expectativas à altura de quem criou “Lost” e quem dirigiu “Tubarão”, “E. T.” e “Indiana Jones”. Se o público for conferir o filme com expectativas menores com relação à dupla, há mais chances de entretenimento. Aliás, há referências óbvias a trabalhos anteriores de Spielberg, como a relação de crianças com um ser extraterrestre, como em “E.T.”, e a relação do governo –que tudo esconde da população– na descoberta de vida inte-

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ligente fora da Terra, como em “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”.

J. J. Abrams faz homenagens ao diretor George A. Romero, que fez diversos filmes de zumbis ao longo de sua carreira. O diretor também contou com a presença constante de Spielberg no set de filmagens. Spielberg é considerado quase um co-diretor do filme, visto que se envolveu bem além dos limites do produtor. Abrams diz que o filme é uma homenagem às produções dele sobre vida extraterrestre, que dominaram os cinemas nos anos 1970. Mas o próprio J. J. Abrams já teve uma experiência com seres bizarros antes no cinema, especialmente em “Cloverfield”, que fez relativo sucesso nos cinemas, –mas poderia ter ido mais longe, não fosse o fato do espanhol REC ter usado as mesmas técnicas– como câmera trêmula e amadora um ano antes nos cinemas.

“Super 8” custou US$ 50 milhões. Já estreou em países como os Estados Unidos,

onde faturou US$ 107 milhões desde o início de junho. Parte pela bem-sucedida tática de manter em segredo, até o dia da estreia, os detalhes da criatura que foge do vagão do trem. Ou seja, o estúdio e todos os envolvidos no filme foram proibidos de mostrar qualquer imagem que remeta ao grande mistério do filme.

O diretor de Fotografia, Larry Fong (“300”, “Watchmen”) foi o responsável para dar um tom de efeitos especiais do século 21 num filme ambientado nos anos 1970, uma exigência de J. J. Abrams para dirigir o filme. Fong trabalhou com Abrams em várias temporadas de “Lost” e seu trabalho é um dos pontos altos de “Super 8”.

O filme foi rodado no chamado Corredor do Aço, entre Ohio e Pennsylvania, ao longo do rio Ohio. A maior cena de batalha teve o apoio logístico do exército norteamericano. Filmado em cidadezinhas com menos de 20 mil habitantes, o estúdio teve

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que mandar recados via rádios e jornais locais dizendo que naquela noite, haveria explosões no céu e que “não se tratava de uma guerra, mas sim, de um filme”. Isso porque uma parte do filme não é feita de efeitos especiais de computador, mas sim, fogos e explosões reais.

“Super 8” provavelmente não terá uma sequência, pelo menos nas mãos de J. J. Abrams, envolvido nos próximos anos com outros projetos, todos como produtor. O diretor de “Lost” e “Fringe” talvez não tenha encontrado ainda o projeto cujo impacto no cinema será tão grande quando “Lost” foi na televisão. Aos 45 anos –e uma conta bancária que ultrapassa os US$ 100 milhões, no posto da revista Forbes como um dos homens mais ricos e poderosos de Hollywood na atualidade– J. J. Abrams ainda tem muito tempo para achar tal projeto. Se “Super 8” não foi a revolução cinematográfica que ele desejava, ao menos é um entretenimento visualmente caprichado e uma divertida nostalgia dos queridos ETs típicos dos anos 1970. •

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REFERÊNCIAS

Assim como em E.T., um grupo de crianças se vê envolvida em uma aparição extraterrestre

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MĂşsica&mais

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e você é da geração que cresceu em festinhas, não em raves, já deve ter dançado ou pelo menos ouvido um dos hits do Erasure. A dupla inglesa fez muita trilha de namoros adolescentes nos anos 80. Enfim, é com sucessos como “A Little Respect”, “Chains of Love” e “Always” que os dois desembarcam no Brasil depois de 14 anos com a turnê “Total Pop” para um total de cinco shows. Em São Paulo, eles se apresentam no dia 9, no Credicar Hall.

Os shows marcam a volta aos palcos da dupla pop formada por Andy Bell (vocalista) e Vince Clarke (teclado e guitarra) depois de quatro anos.

A nova tour traz uma mistura de grandes sucessos como com músicas do mais recente álbum de inéditas “Light At The End of The World”, lançado em 2007.

“Total Pop!” chega ao Brasil depois de passar pelos EUA, Inglaterra, Irlanda, Alemanha, Suécia e Rússia. A última vez em que o Erasure esteve no Brasil foi em 1997 (“Cowboy Tour”), com passagens por Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Antes disso, a dupla passou por aqui em 1990, com a turnê “Wild”. Foi em 1990 que o Erasure foi eleito grupo do ano (1989) pelo British Awards.

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SHOW

re A dupla Erasu tal o ‘T ê traz a turn Pop’ para São Paulo

O duo entrou no cenário musical em 1985 com seu primeiro single “Who Needs Love Like That”.

Após o lançamento do seu quarto single “Sometimes”, a dupla se fixou nas paradas britânicas e se tornou um dos artistas de maior sucesso do final dos anos 80 e início dos 90.

De 1986 a 1997, o Erasure emplacou 24 consecutivos hits na parada inglesa, enquanto os 20 maiores sucessos dos EUA (na lista da Billboard dos Top 100), incluíam as já citadas “A Little Respect”, “Chains of Love” e “Always”. Em 2009, 34 dos seus 45 singles e EPs chegaram ao Top 40 das paradas do Reino Unido, sendo que 17 alcançaram o Top 10.

Rotulados como “os astros definitivos do synthpop” a dupla é muito popular em seu país, o Reino Unido, bem como Alemanha, Dinamarca e Suécia. São também muito queridos na América do Sul. No total, Erasure já vendeu mais de 25 milhões de álbuns no mundo.

Os ingressos custam de R$70 a R$350 e podem ser comprados pelo site www.ticketsforfun.com. br ou pelo telefone (11) 4003-5588 , das 9h às 21h, de segunda a sábado.

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No ano passado, foram mais de 90 shows em todo o Brasil além de shows e oficinas de percussão na Irlanda, Inglaterra e Dinamarca. Em 2008, participou também dos dois principais festivais de música da Oceania: o Sydney Festival, na Austrália, e o Jambalaya Festival, em Rotorua, na Nova Zelândia.

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Ponto Final

Arnaldo Jabor

A crise por baixo da crise americana

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oje é o dia D, de “default”. Não sei se hoje a América está em moratória ou não, pois escrevo no passado do domingo. Quando enviei o artigo, tinham chegado a um acordo que ainda será votado pelo plenário na segunda-feira (30 de julho), um acordo que muitos democratas acham uma vitória republicana, depois de um torturante suspense diante de um abismo.

Estive em Nova York e senti de perto o cheiro de uma coisa nova: a estranha sensação de que há um desejo de desastre no ar, como se quisessem conhecer o impensável. O incrível é que caos político foi criado pelo mito de um ‘equilíbrio’ democrático, pela fantasia de que há uma democracia bem azeitada, com dois partidos com opiniões ‘discordantes’. Isto é uma mentira.

O Paul Krugman escreveu no NY Times: “O culto ao ‘equilíbrio’ exerceu um papel importante para nos levar até a beira do desastre”. Comentaristas tratam da crise política como se os dois partidos fossem igualmente ‘intransigentes’, o que não é verdade. Krugman dá um exemplo: “se um dos partidos dissesse que a terra é plana, os jornais diriam: ‘há duas visões que divergem quanto ao formato do planeta’. Não; os republicanos não aceitam que a terra seja redonda. Há o óbvio, claro: briga política, eleições em 2012, vingança desde Nixon, racismo, interesses corporativos. Tudo bem: jogo político sujo normal... Mas, há mais que isso.

Essa obstinação autodestrutiva dos republicanos é tão brutal que aponta para razões mais profundas na cons-

ABISMO “Uma América oculta reaparece no mundo atual” ciência americana. O prejuízo por essa chantagem escrota será imenso; mas, topam tudo para arrasar a América de Obama. A novidade patológica é este recente ‘quase-suicídio’. É como se eles quisessem testar até onde vai o fundo do poço.

Em 1957, morei na Florida, reduto de reacionários à direita de Genghis Khan e vi de perto as duras ‘certezas’ desse povo.

Vi os negros humilhados, vi brancos terríveis jogando ácido em piscinas que negros ousaram frequentar e lembro-me sempre de um episódio imperceptível, mas que me impressionou muito.

Eu viajava num ônibus onde havia uma família branca em pé, uma mãe e duas filhas. Vestiam-se com roupas longas, coloniais, tapando o corpo todo. Mas, o que me espantou foi o fato de que nem a mãe nem as meninas olharam uma só vez para os passageiros. Era como se nós não existíssemos. Não era desprezo; era uma absoluta negação de nossa presença, dos seres humanos em geral.

Eram de uma seita puritana pesada.

Senti que ali estava o traço básico do reacionarismo atávico do país. Os olhos que não nos viam eram a caricatura triste do fundamentalismo individualista, assim como a frieza fanática que vemos nos rostos do famoso quadro de Grant Wood, “American Gothic”.

O dogmatismo do puritano colonial se rarefez nos séculos e se adoçou um pouco na ideologia mais tolerante dos

democratas, mas persiste no coração americano. E esse veneno está renascendo. A cruel estupidez dos “tea parties” é o sintoma óbvio: a complexidade da vida atual provoca a recaída dessa doença atávica. Ela já assassinou os Kennedies, essa doença contaminou o Watergate e foi desinfetada, tentou o impeachment de Clinton, perseguido como um cão obsceno pela fogueira de Kenneth Starr. Essa doença político-religiosa sempre foi agressiva, mas, o fato novo é que agora ela começou a ficar autodestrutiva.

Essa fé individualista criou a sociedade mais forte do mundo, mas, agora, esse isolamento empreendedor não é mais possível, pois essa crença apenas em si mesmo ficou inviável num mundo revolucionado pela tecnociência, pelo multiculturalismo, pela incessante circularidade política e econômica.

E, ainda por cima, lhes chega o negão reformador e lhes mostra a imperiosa necessidade de mudar o país para uma sociedade mais compartilhada, com mais aceitação das diferenças, com sacrifício comum a todos. É intolerável para os velhos individualistas. Aí, instala-se a fome de irracionalismo, que me faz lembrar a paranóia anticomunista da guerra fria: “Better dead than red”.

Exatamente como Osama Bin Laden e os jihadistas, os republicanos e os psicóticos dos “tea parties” querem impedir a modernização deste mundo acelerado. O grave é que isto pode arruinar a América no pior momento: China, duas guerras e crise econômica e política no mundo todo. Estamos assistindo ao ‘retorno do reprimido’ do inconsciente americano. Vai sobrar para nós. •

Arnaldo Jabor Jornalista e cineasta

jabor@valeparaibano.com.br

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