Revista valeparaibano - Fevereiro 2011

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Fevereiro 2011 • Ano 1 • Número 11 R$ 7,80

Desastre anunciado Tragédia que matou cinco pessoas no Rio Comprido poderia ser evitada. Desde 2005, população nas áreas de risco aumentou seis vezes em São José _CAPA.indd 1

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Opinião

Palavra do editor

DIRETOR RESPONSÁVEL Ferdinando Salerno

Vamos fazer a diferença?

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á anos lidamos com os problemas das enchentes e deslizamentos de terra no Vale do Paraíba. E em 2011 não foi diferente. Desta vez, São José dos Campos foi a protagonista do drama que afeta milhares de famílias em nossa região. As fortes chuvas do início do ano ceifaram a vida de cinco moradores do Rio Comprido, na região sul da cidade. Foi a tragédia anunciada. Em 2005, quando a prefeitura concluiu um levantamento que apontava quantas famílias moravam em áreas sujeitas a inundações e queda de encostas, o Rio Comprido contava com 40 moradias em situação de risco. Hoje, são mais de 200. A falta de fiscalização da administração municipal para evitar novas ocupações agravou o problema. E a situação piorou em toda a cidade. De 2005, ano do primeiro mandato do prefeito Eduardo Cury, para cá, o número de casas em áreas de risco foi multiplicado por seis: passou de 242 para 1.500. O cenário seria pior se o governo não tivesse transferido 950 famílias para áreas regularizadas no último ano e meio. Mas porque demorou tanto para que as ações fossem colocadas em prática? Falta prevenção e sobram justificativas. Precisamos de soluções, chega de postergar decisões. Não podemos ser soterrados pelo descaso e pela intolerância. A questão não é distribuir casas populares, mas salvar vidas. Nos últimos seis anos, o governo Cury investiu R$ 30 milhões em obras incluídas no ‘Plano Antienchente’. Não foi suficiente. A solução definitiva seria remover as 1.500 famílias e fiscalizar as áreas para impedir a formação de novos núcleos habitacionais próximos aos cursos d’água e encostas. O investimento será alto? Sim. Será fácil? Não. Mas vamos fazer a diferença e romper esse círculo vicioso de desastres. Afinal, quanto vale uma vida?

DIRETORA ADMINISTRATIVA Sandra Nunes EDITOR-CHEFE Marcelo Claret mclaret@valeparaibano.com.br EDITOR-ASSISTENTE Adriano Pereira adriano@valeparaibano.com.br EDITOR DE FOTOGRAFIA Flávio Pereira flavio@valeparaibano.com.br REPÓRTERES Yann Walter (yann@valeparaibano.com.br), Hernane Lélis (hernane@valeparaibano.com.br), Elaine Santos (elainesantos@valeparaibano.com.br) DIAGRAMAÇÃO Daniel Fernandes daniel@valeparaibano.com.br COLABORADORES Cristina Bedendo, Franthiesco Ballerini, Rafael Persan e Xandu Alves COLUNISTAS Alice Lobo, Carlos Carrasco, Fabíola de Oliveira, Marco Antonio Vitti, Marcos Meirelles, Ozires Silva e Roberto Wagner de Almeida CARTAS À REDAÇÃO cartadoleitor@valeparaibano.com.br As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, endereço e telefone do remetente. O valeparaibano reserva-se ao direito de selecioná-las e resumi-las.

DEPARTAMENTO DE PUBLICIDADE REGIONAL Tatiana Musto e Vanessa Carvalho

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Essencial Mídia Carla Amaral, Claudia Amaral e Cristiano Correâ (11) 3834 0349 sucursalsp@valeparaibano.com.br

A revista valeparaibano é uma publicação mensal da empresa Jornal O Valeparaibano Ltda. Av. São João, 1.925, Jardim Esplanada, São José dos Campos (SP) CEP: 12242-840 Tel.: (12) 3202 4000

ASSINATURA E VENDA AVULSA Carina Montoro 0800 728 1919 Segunda a sexta-feira, das 8h às 18h FAX: (12) 3909 4605 relacionamento@valeparaibano.com.br www.valeparaibano.com.br PARA FALAR COM A REDAÇÃO: (12) 3909 4600 EDIÇÕES ANTERIORES: 0800 728 1919 IMPRESSÃO GRÁFICA OCEANO

Marcelo Claret editor-chefe

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A tiragem é auditada pela BDO

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MODA

Sumário

VALE EXPORTA BELEZA PARA O MUNDO P62

POLÍTICA

Tragédia anunciada Desabamentos que causaram a morte de cinco pessoas no Rio Comprido, em São José, poderiam ser evitados; população em áreas de risco cresceu seis vezes desde 2005

ESPECIAL CHUVAS

MUNDO LIBERDADE

CULTURA CINEMA

Previsão é de chuva forte em São Luís P16

Profissão Perigo P36

Quem leva as estatuetas? P68

Defesa Civil já se prepara para uma possível enchente durante o Carnaval

No ano passado, 53 jornalistas foram mortos no exercício profissional em mais de 20 países, segundo a Unesco

ECONOMIA SALÁRIO

Aumento com pouca representação P20 Segundo o Dieese, o salário mínimo para atender o básico deveria ser de R$2.227,53 ENTREVISTA BIENAL

João Estrella, o ex-traficante da classe média P24

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CRIME

Geração cadeia Presídios estão cada vez mais lotados de jovens criminosos P28

“O Discurso do Rei” recebeu 12 indicações, mas a “A Rede Social” continua sendo o favorito para ganhar os prêmios TURISMO CIDADE MARAVILHOSA

O Rio de Janeiro continua lindo P50 Ensaio Fotográfico p42 Curtas p66 Perfil p74 Viva a Vida p82

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Palavradoleitor Janeiro 2011 • Ano 1 • Número 10 R$ 7,80

A revista valeparaibano publicou reportagem de capa na edição anterior sobre as pessoas desaparecidas. Em São José, a cada dois dias, três pessoas somem

DESAPARECIDOS A cada dois dias, três pessoas somem em São José, deixando famílias desesperadas por notícias

COMPLETA Parabéns Fico feliz que nossa região tenha uma revista tão completa e direcionada como a valeparaibano. Há tempos merecíamos uma publicação dessa em nossa cidade. Parabéns! Geraldo Magela Comentário via Facebook

DESAPARECIDOS AMY WINEHOUSE A volta aos palcos Fui um daqueles que não esperava grandes apresentações por parte da cantora, mas que não resistiu e foi assistir. Num show de 1 hora, Amy participou 40 minutos. O show valeu porque no futuro, quem esteve presente poderá dizer: “eu assisti a Amy Winehouse”, já que não se espera uma trajetória de vida muito longa por parte da cantora. Mas como fãs da boa música ainda esperamos daqui há alguns anos por um grande retorno, com uma carreira madura e novas músicas .

ENQUETE Como você avalia a qualidade da saúde pública em São José dos Campos?

Objetiva Ótima a reportagem sobre desaparecidos. A revista é muito interessante, com linguagem objetiva, matérias com estatísticas, grande quantidade de fontes e diagramação leve. Letícia Franco Limondre Comentário via Facebook

EMOÇÃO Merece atenção

Seu cão a peso de ouro

Quero parabenizar a revista valeparaibano pela reportagem de capa sobre pessoas desaparecidas. Confesso que fiquei emocionada, pois o meu trabalho de conclusão de curso foi um vídeo reportagem sobre este tema. É uma triste realidade da nossa sociedade e merece atenção da mídia.

Diferentemente do publicado na edição anterior, a proprietária da Dog Bakery é a empresária Camila Milani

Foram computados 633 votos entre os dias 3 e 25 de janeiro

Anne Elise Silva Jornalista

Enquete www.valeparaibano.com.br

Rogério Costa Produtor gráfico e músico

CORREÇÃO

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Boa Regular Ruim

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Política

Dois Pontos

Marcos Meirelles Jornalista

A tragédia do subdesenvolvimento Quantas mortes ainda serão causadas pela omissão ou pelo estímulo à ocupação das áreas de risco? Valter Campanato/ABr

BRANCO & PRETO As chuvas e os políticos Como eles encaram a ação do Poder Público

“Não financiamos habitação em zona de risco. Não usamos nenhum recurso do governo federal para incentivar as pessoas a fazerem ocupação” Dilma Rousseff Após visita à serra fluminesne

TRAGÉDIA O cenário de destruição na serra fluminense, onde as chuvas provocaram mais de 700 mortes

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Brasil tem hoje, oficialmente, 300 áreas sujeitas a inundações e 500 áreas com risco de deslizamentos, onde moram cinco milhões de pessoas. Nas últimas cinco décadas, a ocupação desordenada das cidades deixou em situação vulnerável uma população superior à do Uruguai. São números que ajudam a explicar a tragédia da serra fluminense. E a maior parcela de culpa cabe às prefeituras, responsáveis por disciplinar a expansão urbana e impedir as invasões. A tragédia em Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis desfaz a ilusão de que estamos prestes a ingressar no primeiro mundo. As mais de 700 vidas destruídas por lama e água simbolizam, da maneira mais triste possível, nossa incapacidade de planejar cidades que valorizem o respeito ao meio ambiente e à moradia digna.

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E a morte de cinco pessoas no Rio Comprido, em São José, demonstra que este não é um problema exclusivo do Rio de Janeiro. Quem conhece as cidades da serra fluminense sabe que a ocupação desordenada das áreas de risco não se resume a um processo de favelização. Os barracos e moradias precárias estão lá, nas encostas e morros, efetivamente. Mas os mesmos prefeitos que trataram com indulgência os invasores estimularam a construção de mansões e casas de campo de luxo. Este era o cenário do Vale do Cuiabá, umas das mais belas paisagens de Itaipava, até que a natureza reclamasse o seu espaço. A presidente Dilma Rousseff (PT) observouque a ocupação das encostas e várzeas virou regra e não, exceção. Mas até quando governo e Judiciário vão assistir passivamente a este processo, sem responsabilizar criminalmente prefeitos omissos ou que estimulam ocupações? Esta é a conta do subdesenvolvimento.

“Há um conceito de permissividade de ocupação de encostas. Se houvesse um padrão rígido de ocupação, teríamos vítimas sim, mas não tantas”

Sérgio Cabral Voltando de férias

“Olhamos a cidade como um todo. Removemos 950 famílias. Infelizmente, não temos casas suficientes para remover todas as famílias das áreas de risco”

Eduardo Cury Após visitar o Rio Comprido

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Domingo 6 Fevereiro de 2011

Marco Maia (PTRS), presidente da Câmara, sobre o novo Código Florestal

Dilma ganha tempo com o F-X2

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decisão da presidente Dilma Rousseff de reavaliar toda a etapa final da licitação do F-X2 é uma tentativa de desfazer a percepção de um jogo de cartas marcadas, alimentada pelo ex-presidente Lula durante visita de Nicolas Sarkozy ao Brasil. O favoritismo da Dassault não mudou. Mesmo entre os autoridades da Aeronáutica mais céticas em relação ao Rafale, a opção pelo caça francês parece agora mais razoável do que refazer toda a logística da concorrência internacional, que se arrasta desde o governo do ex-presidente FHC. A Dassault tem acordos de parceria com a Embraer e com a Prefeitura de São Bernardo do Campo, administrada por um dos mais fiéis aliados de Lula, o ex-ministro

Um jogo perigoso para Emanuel O secretário Emanuel Fernandes (PSDB) comanda o comitê que tem a obrigação de organizar a Copa de 2014, em São Paulo. O ex-prefeito de São José terá menos de quatro anos para viabilizar um estádio para abertura da Copa e investimentos em infraestrutura para que o Estado não faça feio no maior evento esportivo do planeta. É brincar com fogo. Passada a fase de lua de mel com o governo Alckmin, as cobranças serão enormes. Cada passo em falso, cada atraso serão tratados como falhas inadmissíveis. As obras para a Copa exigirão mais do que cálculos de engenharia ou projeção de gastos: Emanuel terá que demonstrar habilidade política para administrar os interesses contraditórios do Ministério

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“Vamos discutir em fevereiro e votar em março, e todos os temas relacionados virão para o debate. Em março vamos votálo, para o bem ou para o mal. Mas vai ser só para o bem, né? ” Luiz Marinho. O Rafale ganhou a preferência de outros países em disputas simulares ao F-X2, enquanto o projeto do caça da Saab continua dependendo do marketing subsidiado pelo governo sueco. A Boeing não consegue superar as restrições legais para a transferência de tecnologia ao Brasil. Dilma promete reavaliar o F-X2 para ganhar tempo e convencer a opinião pública de que a melhor opção para o país é o Rafale. É um jogo sutil, longe do perfil histriônico do ex-presidente Lula. No final das contas, no entanto, a Aeronáutica terá que administrar as vantagens e desvantagens do supersônico francês. Para a região, as oportunidades não mudam, apesar de um certo discurso provinciano que estimula uma disputa fantasiosa entre os municípios e Estados pelos investimentos do F-X2. São José é o maior polo aeronáutico do país e não ficará de fora do aporte de recursos da concorrência da FAB. O governo francês diz que Dilma deve decidir sobre os jatos em um prazo de três meses. O cronograma parece bem adequado aos interesses do novo governo.

dos Esportes, fixar metas para as demais secretarias e conviver com os objetivos nem sempre lícitos daqueles que comandam a Fifa e a CBF. No mundo dos cartolas, o que vale é a linguagem do dinheiro. Quando o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, sai de um encontro com Geraldo Alckmin (PSDB) sinalizando que São Paulo tem, enfim, uma condução política positiva em relação à Copa, siginifica dizer que o Estado se dispôs a investir –e isto parece cada vez mais inevitável em relação ao novo estádio projetado para a abertura da competição. Emanuel dificilmente colherá os louros de uma boa organização para a Copa do Mundo. Se tudo der certo, estádio, estrutura de transportes, hotéis e segurança pública, os méritos serão atribuídos a Alckmin. Se alguma coisa der errado, o chefe do comitê paulista estará entre os primeiros a serem cobrados. De um lado, a confiança irrestrita do governador. De outro, uma prova de fidelidade política. No meio do caminho, uma pedreira enorme.

PINGUE & PONGUE Vanderlei Macris deputado federal pelo PSDB-SP

O ex-governador José Serra defende uma atuação mais vigorosa do PSDB na bancada de oposição no Congresso. Como o sr. vê esta proposta? Com certeza, precisa ser assim. Temos que construir nosso futuro e fazer esse contraponto necessário ao governo Dilma. Temos várias questões para acompanhar, como o trem-bala, a crise nos aeroportos. Estamos aguardando qual vai ser a atitude da presidente. Até agora, vimos mais propaganda do que ação. O governo já enfrenta dificuldades iniciais, com o contigenciamento de verbas. E precisa fazer isso para que a bomba não estoure nas mãos da Dilma. Agora, sim, vamos conhecer o que o Lula deixou. É a crise dos aeroportos, o caso Battisti. A oposição tem que ser firme. Como sr. vê a decisão da presidente Dilma de postergar o debate das reformas no Congresso Nacional? Isso mostra que o governo Dilma está começando mal. Na campanha eleitoral, o discurso era outro, ouvimos a Dilma dizer que o Brasil precisava de ajustes, que iria fazer a reforma tributária. Ganha a eleição e muda o discurso. Esse lenga-lenga é do DNA do PT. A gente esperava uma atitude mais positiva da presidente Dilma.

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Política ERA DAS ÁGUAS

Razões de uma tragédia

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Domingo 6 Fevereiro de 2011

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Fotos: Flávio Pereira

População em áreas de risco aumentou seis vezes em São José desde 2005; falta de fiscalização da prefeitura contribui para crescimento da ocupação em núcleos irregulares

Yann Walter São José dos Campos

tragédia ocorrida mês passado no Rio Comprido, na zona sul de São José dos Campos, onde cinco pessoas morreram soterradas por um deslizamento de encosta provocado pelas fortes chuvas, poderá se repetir em proporções muito maiores se nada for feito para conter o crescimento da população nos bairros clandestinos localizados em áreas de risco. De 2005, ano do primeiro mandato do prefeito Eduardo Cury, para cá, o total de famílias em situação de risco foi multiplicado por mais de seis: passou de 242 para 1.500. O número de núcleos habitacionais irregulares ficou estável, apesar de a administração municipal ter esvaziado, total ou parcialmente, oito favelas nos últimos anos: eram 17 em 2005, contra 16 neste ano. Ou seja, ao passo em que as famílias eram removidas das áreas críticas, outros núcleos se formaram aproveitando-se, principalmente, da falta de fiscalização, uma falha admitida pela própria prefeitura. Cabe frisar que a situação estaria pior se o governo Cury não tivesse transferido 950 famílias no último ano e meio. Em novembro de 2005, quando foi publicado o levantamento das 242 casas em situação de risco em São José, a Secretaria de Habitação anunciou a intenção de contratar uma empresa para elaborar o Plano Municipal de Redução de Áreas de Risco, que consistia no mapeamento e congelamento das áreas de risco para posterior remoção dos moradores.

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ÁREA DE RISCO Casas são destruídas em deslizamento de terra no Rio Comprido, onde cinco pessoas morreram em janeiro

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Política

O projeto também previa a realização de pequenas obras para eliminar ou reduzir os riscos. À época, a prefeitura garantiu que o plano daria uma solução definitiva ao problema das moradias em áreas de risco. No entanto, a enxurrada de lama que ceifou cinco vidas na madrugada de 11 de janeiro demonstrou que mais de cinco anos depois, a solução definitiva ainda não foi encontrada. Em 2005, havia 40 casas em situação de risco no Rio Comprido. Hoje, segundo a própria prefeitura, são mais de 200. Já apontados como áreas de risco em 2005, os bairros clandestinos de Águas do Canindú, Chácaras do Havaí, Chácara das Oliveiras, Buquirinha 2, Taquari e Travessa Jaguari, não foram esvaziados até hoje, muito pelo contrário: o número de moradores em situação de risco só aumentou. “No Buquirinha já interditamos 83 casas, 75 das quais foram demolidas. No fim do ano passado, retiramos as 124 últimas famílias do Martins Guimarães, que vai ser transformado em área de recuperação ambiental. Antes disso, realocamos 130 famílias da Orla do Paraíba”, enumerou Irene Maria Marttinen, atual secretária de Habitação de São José. No total, a prefeitura transferiu 950 famílias desde 2009, entre elas, 10 do Rio Comprido, seguindo as orientações do estudo de mapeamento de áreas de risco entregue às autoridades em 2008. Naquele estudo, o Rio Comprido aparecia apenas na nona posição do ranking dos bairros em maior situação de risco do município. “O bairro do Rio Comprido não havia sido apontado como uma prioridade. Em uma ação pontual, interditamos 10 casas do bairro que apresentavam sérios riscos de desabamento, mas priorizamos outras áreas onde o risco era, supostamente, maior, como Vila Cristina, Vila Abel, Mirante do Buquirinha e Matarazzo”, explicou Felício Ramuth, assessor de Planejamento e Comunicação da Prefeitura de São José. De acordo com José Benedito da Silva, coordenador da Defesa Civil de São José, a meta para este ano é retirar mil famílias das áreas de risco. “No entanto, nossa prioridade imediata é a transferência das 200 famílias do Rio Comprido”, ressaltou. Segundo a secretária de Habitação, estas pessoas serão realocadas no Parque Interlagos. “Mais de 520 casas estão sendo construídas, e metade delas está reservada para os moradores do Rio Comprido.

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DESTRUIÇÃO Estragos do deslizamento no Rio Comprido; abaixo, Defesa Civil interdita imóvel no bairro; Geraldo Luiz de Freitas, vizinho das vítimas do soterramento

Raio-X

2005 242 casas

17 áreas de risco

2011 1500 casas

16 áreas de risco

Bairros em situação de risco em 2011: Águas de Canindu, Chácaras do Havaí, Altos de Santana, Buquirinha, Taquari, Chácara das Oliveiras 1, Chácara das Oliveiras 2, Costinha, Morro dos Macacos, Travessa Jaguari, Vila Paiva, Vila Sinhá, Rio Comprido, Matarazzo 1, Matarazzo 2 e Matarazzo 3

A transferência deve ser finalizada no fim de março”, afirmou. Das 16 áreas de risco em São José, a maioria fica na zona norte. No aguardo Geraldo Luiz de Freitas, 58 anos, no Rio Comprido há dez, está aguardando a decisão da prefeitura. A casa dele fica bem ao lado das duas que desabaram. Ele conhecia todas as vítimas. “Naquela noite, ouvi um estrondo. Acordei minha mulher e saí correndo para a varanda. Vi uma montanha de terra descendo morro abaixo e derrubando tudo que havia na frente. Nunca tinha visto nada igual”, relembrou o homem, cuja casa foi interditada pela Defesa Civil. Por enquanto, a moradia está em observação. Ainda não foi marcada para ser demolida. Enquanto sua situação não é definida, Geraldo mora na casa de um vizinho. “Já me cadastrei para receber o auxílio-moradia. Mas não quero sair daqui. Estou no Rio

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Domingo 6 Fevereiro de 2011

Comprido há dez anos. Tenho uma vendinha, que dá algum dinheiro. Moro numa casa boa. Pago apenas R$ 250 de aluguel. Nunca vou encontrar condições iguais em outro lugar”, lamentou. Remover os moradores das áreas de risco é uma das maiores dificuldades da prefeitura. Além do custo da operação, as autoridades têm de lidar com o fato de que muitas pessoas não querem sair do lugar onde moram, apesar dos riscos. A dona de casa Izilda Sonia da Silva, que mora com outras cinco pessoas em uma casa de dois andares na Travessa Jaguari, na zona norte da cidade, é uma delas. “A prefeitura me ofereceu uma casa de dois quartos no bairro de Boavista. Somos seis pessoas aqui dentro, mais três cachorros. Disse que iria se me dessem duas casas, mas eles negaram porque somos só uma família. Eles só dão duas casas para duas famílias, ou então para uma de no mínimo 10 pessoas. Então, recusei”, explicou Izilda, apontando para a moradia ao lado. “Esta aqui já está sendo demolida pela Defesa Civil. Minha cunhada e minha sogra, que moravam ali com suas famílias, ganharam duas casas em Boavista. Mas as duas famílias têm seis pessoas no total”, reclamou. A Travessa Jaguari, que tinha apenas cinco casas em situação de risco em 2005, aparecia na sétima posição da relação dos bairros mais perigosos do município entregue à prefeitura em 2008. E quando os moradores não querem sair, a única opção é acionar a Justiça. De acordo com Felício Ramuth, as autorizações para demolir as casas levam anos para serem aprovadas. Um caso emblemático é o da Vila Corintinha, na região central, onde uma senhora de 85 anos morreu afogada em sua casa quando o córrego Cambuí transbordou, em janeiro de 2008. Desde então, apesar da tragédia, todos os moradores ainda não foram transferidos. “Muitas famílias não quiseram sair. Os processos estão correndo na Justiça”, disse a secretária de Habitação. Depois da morte da idosa, o município investiu pouco mais de R$ 25 mil na construção de uma galeria de águas pluviais na Vila Corintinha. Obras Entre 2005 e 2010, segundo levantamento da prefeitura, pouco menos de R$ 30 milhões foram investidos em diversas obras incluídas no ‘Plano Antienchente’ de São José. Só em 2009, foram mais de R$ 11,5 mi-

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PREJUÍZOS Mulher olha casa demolida pela Defesa Civil em área de risco na Travessa Jaguari, zona norte de São José

“As previsões nunca serão 100% confiáveis” Hoje, não é possível determinar com precisão o bairro que será atingido por um temporal, ou a quantidade de chuva que vai cair. De acordo com Marcelo Seluchi, pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a ciência meteorológica atual não permite a emissão de alertas com este grau de precisão. “O Inpe enviou um primeiro alerta à Defesa Civil no dia 7 (quatro dias antes da tragédia) mencionando a possibilidade de chuvas intensas na região serrana do Rio de Janeiro, em algumas áreas de São Paulo e no sul de Minas. Não é possível emitir alertas específicos para

cada bairro. Além disso, também temos dificuldades para medir a quantidade de chuva que vai cair”, explicou, ressaltando que se trata de uma limitação mundial. A tendência, porém, é que as previsões fiquem cada vez mais precisas, graças principalmente ao novo supercomputador do Inpe, um Tupã capaz de fazer 258 trilhões de cálculos por segundo e que começou a funcionar no início do ano em Cachoeira Paulista. A máquina, que custou 50 milhões de reais e é uma das cinco mais rápidas do mundo, permitirá reduzir de 20 km2 para 5 km2 o raio de detalhamento das regiões analisadas. Entretanto, como lembrou Seluchi, as previsões meteorológicas nunca serão 100% confiáveis. “É uma área que comporta uma grande parte de imprevisibilidade”, frisou.

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Política

lhões. Além disso, uma obra de contenção do Rio Paraíba do Sul junto aos bairros de Vila Cristina e Jardim Ouro Preto de um valor superior a R$ 7 milhões será financiada pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). “Esta foi a única obra do nosso plano antienchente aprovada pelo PAC”, destacou Ramuth. Para salvar parte do Rio Comprido, teria sido necessário investir R$ 1,8 milhão. “Enviamos uma solicitação para o PAC neste sentido em agosto passado, mas ela foi rejeitada”, afirmou. “No entanto, mesmo com a obra, 31 casas teriam sido interditadas. Além disso, mesmo que nosso pedido tivesse sido aprovado, a obra não teria sido finalizada antes da tragédia”. A prefeitura não faz grandes obras de infraestrutura em bairros clandestinos devido justamente ao caráter irregular dos núcleos, mas também por outro motivo. “Há lugares em que o único caminho possível é a remoção dos moradores. Mesmo com investimentos altíssimos, bairros como Chácaras Havaí, Buquirinha ou Chácara

das Oliveira nunca vão deixar de ser classificados como áreas de risco”, disse Ramuth. No ano passado, a Secretaria de Obras iniciou uma obra de contenção de encosta e prolongamento de galeria de águas pluviais de mais de R$ 1,3 milhão no Morro do Regaço, um bairro de ocupação irregular esvaziado pela prefeitura em 2007 e 2008. Segundo o assessor, a obra era necessária para proteger uma dezena de casas do bairro do Ronda que corriam risco de desabamento, mas também duas torres de transmissão de energia, cuja queda teria afetado o abastecimento de toda a região do Vale do Paraíba.

LIMPEZA Servidor remove lama em rua na Vila Corintinha, inundada em 2008

Fiscalização A remoção de pessoas é um processo caro, complicado e demorado. Para evitar este procedimento, seria preciso aumentar a fiscalização nos bairros clandestinos e impedir a construção de novas casas, o que claramente não foi feito nestes últimos anos. Como admitiu Felício Ramuth, a fiscalização nestas comunidades não foi tratada

AQUI AS LIÇÕES SÃO PARA A VIDA TODA. MAS AS MATRÍCULAS NÃO. MATRÍCULAS ABERTAS. GARANTA JÁ. Inscrições pelo site www.objetivosjcampos.com.br

ou na Unidade Aquarius Mais informações: (12) 3904.2100

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Domingo 6 Fevereiro de 2011

como prioridade pela prefeitura. “Acabamos priorizando outras coisas”, reconheceu. “Faltou eficiência na fiscalização ao longo destes anos. Mas já estamos tomando providências. Em outubro passado, contratamos 50 fiscais, que estão agora em fase de treinamento. Neste momento, eles estão visitando as áreas de risco. Estes fiscais vão patrulhar diariamente nas comunidades em situação de risco para verificar se novas casas estão sendo construídas”, anunciou. Ramuth destacou que, além da demora da Justiça em providenciar as autorizações para demolir as moradias irregulares, outros fatores incentivam a ocupação. Ele citou, por exemplo, o fornecimento de água e luz aos bairros clandestinos, bem como a instalação de canalizações de esgoto. Por meio de sua assessoria de imprensa, a Sabesp respondeu que é legalmente impedida de operar em loteamentos irregulares e que a execução de quaisquer obras localizadas em loteamentos não-regularizados, em vias não-oficiais ou em núcleos de favelas, somente é autorizada em caráter excepcional,

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CHEIA Crianças em rua alagada no bairro Buquirinha após cheia em fevereiro de 2009

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após o parecer jurídico da municipalidade e a aprovação do gabinete do Executivo. Por sua vez, a EDP Bandeirante, responsável pelo fornecimento de energia elétrica, ressaltou que a instalação em áreas de preservação ambiental só é possível com a autorização do órgão ambiental competente. No entanto, o morador de uma área não classificada como tal pode solicitar a instalação de energia, mesmo que seja em um bairro irregular. Basta para isso apresentar RG, CPF e a relação da carga dos equipamentos. A fiscalização das autoridades é necessária, mas é preciso que haja também uma conscientização da população. Construir sua casa em encosta de morro é o mesmo que dormir abraçado com uma bomba-relógio. A tragédia é certa, só não se sabe exatamente quando ela vai ocorrer. Os deslizamentos que assolaram a região serrana do Rio de Janeiro no mês passado, deixando mais de 800 mortos e milhares de desabrigados, constituem mais um aviso de que os edifícios erguidos pelo homem não representam nada diante da fúria da natureza. •

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Política

ERA DAS ÁGUAS

Risco mensurado Previsão de forte chuva em fevereiro deixa São Luís em alerta contra enchente capaz de atingir metade das casas em áreas de inundação e parte do centro histórico; prefeitura muda endereço do Carnaval

Elaine Santos São Luís do Paraitinga

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ão Luís do Paraitinga está em alerta contra uma nova enchente capaz de atingir metade das casas em área de risco e parte do centro histórico, que concentra 450 casarões do século 19 já castigados pela cheia do rio Paraitinga em janeiro de 2010, quando metade da população ficou desalojada, casas e prédios foram destruídos e uma pessoa morreu. Segundo a Somar Meteorologia e o Cptec

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(Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), estima-se para todo o mês de fevereiro 250 milímetros de chuva –30 a menos que o registrado no início do ano passado. Essa quantidade de água seria suficiente para elevar em até quatro metros o nível do Paraitinga. Tal previsão meteorológica gerou mudanças na cidade. A prefeitura decidiu mudar o local da comemoração do Carnaval, quando 15 mil turistas são esperados por dia. Pela primeira vez, em 30 anos, a festa deixa o centro histórico e passa para uma área de 12 mil metros quadrados, próxima à rodoviária –o ponto mais alto próximo do centro. Em São Luís, há 500 casas em área con-

siderada de risco –os bairros Alto do Cruzeiro e Benfica, sujeitos a deslizamentos de terra, e centro histórico e Vargem do Passarinho, com chances de inundações. A Defesa Civil já começou a avisar os moradores sobre a previsão de chuva intensa. “Estamos monitorando esses imóveis semanalmente. As obras de assoreamento estão em andamento, mas não estarão prontas até o Carnaval. Essa é uma grande preocupação. Mas a população será informada com, ao menos, três dias de antecedência da possível enchente”, afirmou o coordenador da Defesa Civil de São Luís, José Carlos Luiza Rodrigues. “Como prevenção, estamos pedindo para

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que as casas à beira do Rio Paraitinga não sejam ocupadas nessa data [Carnaval]. Orientamos o turista para que antes de alugar um imóvel na cidade procure a Defesa Civil. Só assim poderemos identificar se o imóvel está ou não em área de risco, evitando maiores transtornos”, disse. Rodrigues afirmou que a previsão de cheia está baseada em estudos de medição mensal dos índices pluviométricos no Paraitinga, tirados dos aparelhos instalados na cabeceira do rio. São dois pluviômetros em Cunha e um em Lagoinha. “De acordo com as medições, é possível que tenhamos em fevereiro uma cheia de 3 a 4 metros do Paraitinga acima no nível normal.” A enchente atingiria 282 casas localizadas nas imediações do rio. Eduardo Gonçalves, meteorologista da Somar Meteorologia, afirma que a previsão de 250 milímetros de chuvas para fevereiro em São Luís tem 80% de probabilidade de acerto. “Não posso anunciar que a cidade sofrerá ou não uma nova enchente. Isso depende do quanto a Defesa Civil e a prefeitura estão preparados para receber esse índice de chuvas”, disse. De acordo o Cptec, a climatologia para fevereiro indica variação de 250 a 300 milímetros de chuva. “É preciso estar atento à diferença entre climatologia e previsão. Climatologia é o que se observa nos últimos 30 anos. No caso, a climatologia para fevereiro foi baseada em dados de 1961 a 1990, esses dados são do

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Inmet. Isso quer dizer que é um comportamento esperado dentro do período, mas que pode mudar”, disse a meteorologista Ariane Frassoni dos Santos de Mattos. Segundo o Inpe, em janeiro de 2010 choveu de 50 a 100 milímetros acima do normal para a região. À ocasião, o nível do Rio Paraitinga aumentou dez metros. Para este mês, a previsão de 250 milímetros de chuva é 130 milímetros maior que a registrada em fevereiro de 2010. “Esses dados nós não podemos afirmar que vão acontecer. Enquanto não existe um estudo final, vamos trabalhar com o preventivo. Estamos monitorando intensamente o rio e toda área de risco da cidade. Não só as áreas propícias a alagamento, mas as áreas de possíveis deslizamentos”, disse a prefeita de São Luís do Paraitinga, Ana Lúcia Bilard Ficherle. Como medida preventiva, já no início de janeiro, seis famílias que se encontravam em área de risco iminente foram transferidas. Elas estão recebendo auxílio moradia de R$ 300, previsto em projeto de lei do Executivo. “Temos condições de deslocar todas as famílias que ainda se encontram em área de risco. Temos tempo. Estamos preparados para isso”, disse a prefeita. São Luís tem 11 mil habitantes em 3.005 moradias. Na cheia do Paraitinga, em janeiro de 2010, 5.050 moradores ficaram desalojados. Ao todo, 97 construções foram destru-

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ídas pela força das águas, entre elas, a Igreja Matriz. Outras 38 casas e comércios foram atingidos, necessitando de reformas. Até hoje governo do Estado investiu R$ 180 milhões em obras de recuperação e a prefeitura gastou R$ 14 milhões em prevenção. Carnaval Pela primeira vez em três décadas, o Carnaval de Rua de São Luís não será realizado no centro histórico. “Todo o Carnaval será isolado na área onde fica a rodoviária. Escolhemos esse local por estar fora da área de risco e ser a área mais alta próxima do centro histórico”, disse o Secretário de Turismo, Eduardo de Oliveira Coelho. “O objetivo é ter um Carnaval sustentável, solidário, que respeite a nossa cultura. Além da parte cultural, estamos preocupados em também realizar o desenvolvimento econômico da cidade através do seu comércio, que depende do Carnaval”, disse a prefeita. O Carnaval de São Luís vinha em uma crescente demanda de novos turistas. Em 2009, a cidade contabilizou 45 mil foliões por dia. Para este ano, a previsão é que esse número caia para 15 mil por dia. Para evitar congestionamento, a Secretaria de Turismo limitou a entrada de veículos até o preenchimento das 1.000 vagas da Zona Azul. Serão cobrados R$ 50 por dia de cada veículo. Os moradores vão receber um selo de identificação para a isenção da taxa. •

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Foto Rogério Marques/VP

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Política

Ozires Silva

Mensagem para um mundo novo repleto de oportunidades em 2011 omparando com o que está acontecendo, nos chamados países emergentes, como China e Coréia do Sul, temos de identificar diferenças entre eles e o Brasil. Chama a atenção, em face dos êxitos que a nova Ásia vem conseguindo, que nosso país, na América Latina, que não consegue trilhar os mesmos caminhos de progresso e de presença nos mercados mundiais. Tudo isso que esses países conseguiram foi fruto de planejamentos cuidadosos e de execução dedicada. Assim, parece que cada um de nós deveria tomar um pouco do nosso tempo para refletir e imaginar alternativas para o nosso desenvolvimento econômico e social de forma muito mais ampla do que se conseguiu materializar até o presente.

C

Embora muitas notícias e comentários recentes tenham tentado nos transmitir que estaríamos avançando, o que, de forma limitada possa ser verdade, mas nas últimas décadas o fosso cresceu entre o chamado primeiro mundo e os demais países com severa punição à qualidade e às condições de sobrevivência dos segmentos mais pobres. E, mais grave, a distância continua se ampliando. Não é o caso de construir culpas e explicações, mas o importante seria perguntarmos o que precisamos fazer. Precisamos considerar como nossa obrigação avançar, com criatividade, coragem e espírito inovador e contribuir para o bem comum.

DESTINO “A partir do nascimento, não se tem alternativa senão envelhecer. Podemos escolher simplesmente viver ou lutar” Nossas vidas podem ser marcadas como sucessões de obrigações, de ações, sempre sujeitas a mudanças e a interrupções. Sofremos tropeços mais ou menos difíceis na nossa sociedade e constatamos que, infelizmente, não há fórmulas mágicas. Ao invés de desistir de tentar nos impor limites sobre o que podemos fazer, é possível transformar cada momento, principalmente aqueles que podem alterar o curso dos acontecimentos, em ferramentas sólidas para melhorar o nosso desempenho. A partir do nascimento, não se tem alternativa senão envelhecer. Podemos escolher simplesmente viver ou lutar, buscando construir, criar, conviver e distribuir riquezas e alegrias como produtos de trabalhos profícuos e dedicados. Nós não paramos porque ficamos velhos, ao contrário, nos tornamos velhos porque paramos. Há tantas pessoas caminhando por aí que estão mortas e nem desconfiam! Há uma grande diferença entre envelhecer e crescer. Não importa a sua idade. Parado ou não, em qualquer fase de sua vida, a cada período de 365 dias, ficamos um ano mais velho. Não se exige talento para aquele que decidiu parar. Nós somos os únicos que podemos revolucionar nossas vidas e também

somos os que podemos ajudar a nós mesmo, e ao próximo. Afinal, passar pela vida com amigos de verdade é uma experiência das mais fascinantes. No entanto, homens e mulheres podem viver ou morrer entre estranhos, sozinhos, sem terem tido a felicidade de experimentar uma amizade real. Em geral, cuidamos e guardamos com segurança aquilo que amamos, no entanto, por vezes e por tolices, não guardamos preciosas amizades, perdendo muito do que elas podem nos oferecer. Após mais um ano de trabalho, findado há pouco, é o momento de pensarmos no futuro e de como vamos moldá-lo. Devemos participar de um mutirão para a moldagem de melhores dias. Juntos, poderemos fazer muito mais do que se nos isolarmos na fortaleza da solidão. Vamos nos associar a todos os que nos acompanham e ter um grande 2011. E que, nos horizontes sob os quais vivemos, possamos criar um mundo novo, cheio de oportunidades, sempre acreditando que o realizado com sucesso continua a ser o que mais pode nos trazer satisfação e a sensação do dever cumprido. •

Ozires Silva Engenheiro

ozires@valeparaibano.com.br

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Fotos Flávio Pereira

Economia SALÁRIO

Mínimo necessário Enquanto discussão diverge em dezenas de Reais, Dieese aponta que valor deveria ser de R$ 2.227,53; poder de compra dos R$ 540 corresponde a menos da metade do que valia há 70 anos, quando foi criado

Hernane Lélis São José dos Campos

I

nês Ribeiro dos Santos, 76 anos, mora em uma casa simples no bairro Vila Nair, zona norte de São José dos Campos. Viúva e mãe de quatro filhos, sobrevive com uma renda mensal de um salário mínimo como pensionista do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). No próximo dia 7, o beneficio será depositado em sua conta bancária com um acréscimo de R$ 30, referente aos 5,88% de reajuste concedido pelo governo federal em dezembro do ano passado. Os R$ 540 que vai receber serão usados para fazer a compra do mês, pagar as contas de água, luz e telefone e, se sobrar, comprará os seis remédios que toma diariamente para combater a diabetes, osteoporose e uma hérnia de disco. “Desde que o meu marido morreu, há 25 anos, vivo apenas com um salário mínimo. Agora, o valor não dá nem para comprar todos os remédios, o mais barato custa R$ 35. Dependo de ajuda para viver”, explica Inês.

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Quando perdeu o marido, vítima de problemas cardíacos em 1985, a senhora, de passos curtos e mãos tremulas, recebia o equivalente a R$ 711,20 –31% a mais que o novo valor do salário mínimo. A quantia, segundo ela, dava para suprir as necessidades básicas da família mesmo em meio à inflação da época. “Esperava um aumento maior dessa vez. Quanto mais idosa a pessoa fica, maiores sãos as necessidades, principalmente com médico, transporte, remédios. É difícil viver assim”, disse. O atual salário mínimo corresponde hoje a menos da metade do que valia na data da sua criação, em 1º de maio de 1940, segundo cálculo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Naquela época, o decreto do então presidente Getúlio Vargas instituiu 240 mil réis como o ganho mínimo, que convertido em Reais equivale a R$ 1.125 –maior até mesmo do que o piso de alguns profissionais de nível superior em início de carreira. De lá para cá, o benefício sofreu uma série de oscilações negativas causadas principalmente a partir de 1964, devido ao regime militar que usava o salário como instrumento

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de combate à inflação. Tal período deixou famosa a expressão “arrocho salarial”. Hoje, a recomposição é feita com base na inflação, mais o índice de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos anteriores. “Infelizmente o atual valor não consegue suprir tudo o que a pessoa precisa. Para se ter uma ideia, em 1959, uma cesta básica comprometia apenas 27% do salário mínimo, ou seja, dava para comprar até quatro cestas básicas. Agora, em algumas capitais, é possível comprar quase duas”, disse José Maurício Soares, técnico e economista do Dieese. O reajuste das aposentadorias e pensões do INSS vai injetar neste mês R$ 5,07 milhões na economia de São José dos Campos. O montante é comemorado entre os comerciantes, já que fevereiro costuma ser um mês fraco para as vendas. No entanto, quem depende do benefício reclama do reajuste percentual porque ao longo dos anos seus ganhos foram reduzidos devido aos baixos valores aplicados. No maior município do Vale do Paraíba, 37.380 pessoas recebem até um salário mínimo de aposentadoria ou pensão. O grupo respondia antes do reajuste pela movimentação de R$ 14,3 milhões na economia de São José. Agora o montante subiu para R$ 15,1 milhões. Os mesmos benefícios serão pagos a 45.661 pessoas, que recebem valores superiores ao mínimo, totalizando um montante de R$ 70,7 milhões, acrescido os 6,41% de reajuste do governo. Idalina Rodrigues de Oliveira, 72 anos, moradora da Vila Tesouro, zona leste da cidade, trabalhou durante anos como faxineira ganhando apenas um salário mínimo. Ela lembra que seu primeiro emprego foi em 1958, quando o rendimento mínimo pago a um trabalhador era o equivalente a R$ 1.214 –R$ 674 a mais que o ganho de hoje. Já em 1971, quando teve seu primeiro emprego com registro em carteira, o salário

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A evolução do salário mínimo convertido em R$

Fonte: Dieese

Em 1957, salário mínimo equivalia a R$ 1.364,78, tendo o maior poder de compra em 70 anos de existência, de acordo com estudo feito pelo Dieese

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1940 1941 1942 1943 1944 1945 1946 1947 1948 1949 1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958 1959 1960 1961 1962 1963 1964 1965 1966 1967 1968 1969 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

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1.125,00 988,11 911,51 783,90 947,84 751,61 658,95 492,10 455,95 460,32 440,30 410,26 1.094,71 904,73 774,70 1.246,75 1.041,78 1.364,78 1.214,72 1.349,92 1.040,39 1.185,22 1.087,05 978,98 1.118,27 1.001,29 810,62 784,97 775,67 745,60 767,73 729,47 730,88 657,24 587,74 662,45 661,38 676,23 725,02 731,54 732,37 728,87 760,24 712,32 637,36 711,20 562,74 369,80 387,85 391,95 264,96 344,57 366,58 363,37 285,10 285,39 266,96 266,92 275,61 280,96 293,81 327,43 328,98 328,06 339,75 364,46 422,48 438,87 448,92 478,96 510,00 540,00

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Economia

correspondia a R$ 729,47. Após a morte do marido, há 29 anos, teve que abandonar o emprego para cuidar de uma filha com problemas mentais, tornando-se pensionista do INSS recebendo como benefício R$ 728,87. “Parei de trabalhar para cuidar da minha filha, que também recebe uma pensão do INSS. Mas o dinheiro dela fica todo com ela, é gasto com ela. O meu vai para as despesas da casa. Não consigo entender porque foi caindo o valor já que tudo está ficando mais caro”, disse Idalina. Valor ideal Pelos cálculos do Dieese, o salário mínimo pago no Brasil deveria ser de R$ 2.227,53. Este valor, que leva em consideração o custo médio da cesta básica calculada em dezembro de 2010, é o mínimo para atender as considerações presentes na Constituição no que se refere à alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, de acordo com o estudo coordenado por José Maurício Soares. “Sabemos que não dá para chegar de uma

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hora para outra. É uma estimativa apenas, mas possível de um dia acontecer. Depende do crescimento da economia, emprego, entre outros fatores. É difícil prever quando poderia acontecer devido à inflação e ao PIB, nunca sabemos como ficarão ao longo dos anos”, explicou o economista.

PENSIONISTA Idalina Rodrigues de Oliveira, 72 anos, recebe R$ 728,87 de benefício do INSS

Novo Cálculo A oposição à presidente Dilma Rousseff pretende lançar mais um elemento no debate sobre o novo salário mínimo, defendendo o aumento para R$ 600. O valor tem dividido até a base governista, que estuda reajuste de até R$ 580. O deputado Eduardo Cunha (PMDB) pretende apresentar emenda com o valor de R$ 560, enquanto o líder do PDT e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, vai sugerir R$ 580. A Medida Provisória sobre o mínimo deve ser votada logo no início da nova legislatura, neste mês. “Todo o mundo sabe que R$ 540 é um valor político a ser negociado. Se vai ser R$ 545, R$ 580 ou R$ 600 ninguém sabe. O Congresso é soberano e vai decidir”, afirmou Cunha. •

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Ciência & Tecnologia

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Fabíola de Oliveira

Meio ambiente e defesa podem nortear a agência espacial no novo governo

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oi recebida com grande apoio de cientistas e políticos da região e de todo o país a nomeação do matemático Marco Antonio Raupp para comandar a AEB (Agência Espacial Brasileira), sob a batuta do Ministério da Ciência e Tecnologia e de seu novo ministro, Aloizio Mercadante. Não é por pouca coisa. Raupp tem trajetória acadêmica e experiência em direção de instituições científicas como raros no Brasil. Atualmente é presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e dirige o Parque Tecnológico de São José dos Campos, funções das quais terá que se afastar para assumir o novo desafio. Coordenar o programa espacial brasileiro por meio da AEB pode mesmo vir a ser um grande desafio, o que aparentemente não o foi até o momento. Criada em fevereiro de 1994, a agência tem mostrado pouca força política e de articulação das instituições envolvidas com o espaço, como o Inpe, o CTA e a indústria aeroespacial. Como em outros países mais avançados na área, seria função da AEB coordenar e definir as políticas e os programas espaciais, no entanto os dirigentes anteriores não demonstraram habilidade suficiente para tal empreendimento. Um dos principais motivadores para a criação da agência foi demonstrar ao mundo desenvolvido, sobretudo aos países com assento

AVANÇO “ Coordenar o programa espacial brasileiro por meio da AEB pode mesmo vir a ser um grande desafio, o que aparentemente não o foi até o momento” no Conselho de Segurança da ONU, a intenção brasileira de não-militarização das atividades espaciais. Tanto que no mesmo ano o país aderiu ao Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis (MTCR, na sigla em inglês). No entanto, vivemos tempos em que o desenvolvimento e o uso de satélites, assim como a capacidade de lançá-los ao espaço (foguetes), são largamente utilizados nos países que detêm essas tecnologias para garantir a segurança e a defesa de seus territórios. A defesa do território, sobretudo em um país continental como o nosso,

pressupõe o controle de nossas riquezas naturais, o que é possível com o uso da tecnologia espacial. Portanto, meio ambiente e defesa podem justificar largamente o fortalecimento da Agência Espacial Brasileira e consequentemente das instituições e da indústria aeroespacial. O novo diretor da AEB, pelo perfil empreendedor e visão arrojada que já demonstrou em várias oportunidades, poderá elevar a agência a exercer esse papel fundamental para o desenvolvimento do programa espacial brasileiro. •

Fabíola de Oliveira Jornalista fabiola@valeparaibano.com.br

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Entrevista >João Guilherme Estrella, considerado o maior traficante da zona sul do Rio de Janeiro nos anos 90, teve sua vida biografada no cinema com o filme “Meu nome não é Johnny”

“ A droga sempre vai existir e pessoas vão ganhar dinheiro” Hernane Lélis Rio de Janeiro

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le já foi um típico garoto carioca, frequentou as melhores festas da alta sociedade, conviveu com autoridades e personalidades do showbiz e, aos 28 anos, construiu um império que lhe rendeu o título de “Barão do Pó”. O nome dele não é Johnny, é João Guilherme Estrella, maior traficante de drogas da zona sul do Rio de Janeiro no início dos anos 90. Hoje, a única carreira que investe é na de produtor musical, bem diferente da traçada com cartão de crédito em superfícies lisas para depois ser aspirada, como fazia antigamente. João Estrella começou a traficar para financiar o próprio vício e regar as festas que costumava dar em seu apartamento no Leblon com cocaína. O negócio surgiu por acaso. Foi pagar cinco gramas do pó que havia comprado de um traficante e saiu de lá com outras 50 gramas. Com os contatos que tinha na elite carioca, passava a droga sem muita dificuldade, injetando em uma expressiva parcela burguesa a mais fina cocaína que existia na época. “Quando os caras chegavam ao Rio de Janeiro com muita quantidade me ligavam. Além de distribuir eles queriam também desfazer da droga e eu fazia isso com facilidade”, diz Estrella, que foi convidado para

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participar em abril da retomada da Bienal do Livro, em São José dos Campos. Também conhecido como “Traficante do Asfalto”, Estrella costumava transformar o lucro das drogas em viagens para Europa, onde também distribuía cocaína, e em noitadas com os amigos. Mas a farra acabou no dia 25 de outubro de 1995, quando agentes da Polícia Federal invadiram seu apartamento e encontraram quase seis gramas de cocaína. No mesmo dia os telejornais noticiaram: “O poderoso traficante Johnny foi preso hoje pela Polícia Federal”. A manchete incomodava, já que aquele não era seu verdadeiro nome. Afinal, quem é Johnny? < Johnny está quase virando um personagem. Não é um Bonnie e Clyde porque não era ladrão, mas saiu da minha esfera pessoal. Três pessoas me chamavam assim, duas eram amigas e a outra não. É um nome estranho. Tinha um fornecedor, que me chamava de Johnny, que a polícia prendeu e ele deve ter me denunciado. A polícia tinha escutas telefônicas de conversas entre a gente. Meus amigos todos não me chamavam assim, por isso estranhei quando vi no jornal dessa maneira. Em certo momento de depoimento ao Guilherme Fiuza, meu primo, para ele escrever o livro, comentei sobre esse assunto. Pegou como título provisório, só para constar mesmo, mas a editora gostou e até hoje está aí. Acredita que existem muitos João Estrella, o Jonnny, vendendo cocaína para alta sociedade ainda hoje?

< Acho que sim, sempre vai existir. É uma demanda real já que o consumo é um fato. As pessoas consomem e formam um capital de giro. Acho que não tem como fugir disso, pode mudar alguma coisa, aumentar a demanda ou diminuir, a cocaína ficar mais famosa em uma época e menos na outra, como aconteceu uma vez com o êxtase, tornandose mais glamurizado que a cocaína. A droga sempre vai existir e pessoas se aproveitam disso para ganhar dinheiro. Quais motivos levam um jovem de classe média, com uma família estruturada e boa educação, entrar no mundo das drogas? < Não necessariamente a família precisa estar se desmoronando ou passando por problemas. Mesmo em uma situação confortável em relação a esses temas, a curiosidade, as festas e amizades também podem levar a pessoa a fazer essa experiência. No meu caso foi mais essa coisa da rua, da curiosidade. Na época que comecei a experimentar minha família estava bem. Antes de começar a se desestruturar eu já tinha experimentado LSD, cogumelos, maconha... O que mais? Acho que já está bom, né? A cocaína já foi mais para frente e o álcool também, eu não era de beber muito. O álcool foi lá para os 19 anos, mais para perder um pouco da timidez nos bailes de Carnaval e tal. Eu tinha bastante diálogo com a minha família, mas esse era um tema muito escondido, meus pais não tinham muita informação sobre o assunto. Acredito que o diálogo é fundamental, eu poderia ter conversado com

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Fotos: Flávio Pereira

Domingo 4 Abril de 2010

PERFIL NOME: João Guilherme Estrella IDADE: 49 anos

LEGALIZAÇÃO “ACHO QUE PODERIA USAR COCAÍNA E MACONHA COM REGRAS BEM DEFINIDAS, QUE RESPONSABILIZASSEM QUALQUER TIPO DE CONSEQUÊNCIA A TERCEIROS”

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NATURALIDADE: Rio de Janeiro- RJ ATUAÇÃO: Produtor musical e escritor

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Entrevista Foto divulgação

meus pais sobre isso, mas era um dos medos. É difícil pontuar uma coisa que leva o jovem às drogas, é uma série de fatores. Como um usuário virou o maior traficante de drogas da elite do Rio de Janeiro? < Foi uma coisa muito por acaso, não houve planejamento. Nunca tinha comprado cocaína na minha vida. Nas raras vezes que usava cocaína, já que eu gostava mais de LSD, que é totalmente diferente, era quando me apresentavam. Não tinha costume de comprar. Numa dessas vezes eu e meus amigos fazendo vaquinha, não deu certo o negócio do dinheiro e eu fiquei devendo. Quando eu fui pagar me ofereceram mais e eu falei: “Dá aí”. Fui comprar nesse dia cinco gramas e quando fui pagar peguei mais 50 gramas. Depois passou para dois, três, cinco, seis quilos. No final estava trabalhando com 15 quilos, foi o máximo que peguei. Você tinha noção da grandiosidade do seu negócio através do volume de dinheiro que vinha parar em suas mãos ou pela quantidade de droga? < Quinze quilos de cocaína dão um susto, você não tem lugar para guardar. Por isso, quando os caras chegavam ao Rio de Janeiro com muita quantidade me ligavam. Além de distribuir, eles queriam também desfazer da droga e eu fazia isso com facilidade. Demorei uns dois meses para vender os 15 quilos, acho que cinco quilos me renderam algo em torno de 150 mil dólares na Europa e o restante aqui. Já separadamente deu muito mais. Gastava tudo em noitada e viagens, já cheguei a faturar até US$ 1 milhão com o tráfico. Durante os anos em que ostentou o título de “Barão do Pó” você chegou a pensar em parar com o tráfico? < Parar de cheirar eu parei duas vezes. Acho que fiquei seis meses sem usar. Estava pensando em parar antes de ser preso, ia começar a trabalhar. Não tinha reservado nenhuma grana para isso, ainda bem porque se tivesse juntado dinheiro ia ter mais tempo de cadeia, se caracteriza uma organização maior. Parei de passar mesmo por falta de produto, pensava em parar sempre, mas não parava. Qual foi a maior loucura que fez por causa das drogas? < Já fui da Bélgica para Holanda com quatro quilos de pó, já fui da Barra para o Leblon com 15 quilos em alta velocidade, acho que fiz várias loucuras. Tomar dois ácidos e cheirar cinco

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MANICÔMIO “QUANDO CHEGUEI FIQUEI NUMA SALA. OS CARAS PASSAVAM E ME OLHAVAM COMO SE EU FOSSE UM PEIXE NUM AQUÁRIO” gramas de pó também é uma loucura expressiva. Cinco não, 20 gramas.

Comparando a corrupção policial de hoje com a que encontrou naquela época, o que mudou? < Acho que ainda existe muita corrupção. É espantoso no Rio de Janeiro, por exemplo, nego apreende de tudo, menos dinheiro, menos ouro. Eles invadem o Alemão e não acham um centavo, só arma e droga, nada de dinheiro. Esses caras não andam sem dinheiro não.

no manicômio? < A pior lembrança é a sensação de você não poder decidir seu destino. Isso fora o calor, agressão, porradaria, ameaça de morte. Tentaram me matar três vezes e eu salvei três vidas também, parece que foi uma troca. Deus ajudou muito lá. Passei um mês e meio com um cara que cismou comigo, não me encarava, sempre com um estoque (faca improvisada nos presídios). Uma vez na galeria, vazia, sem ninguém, o cara pulou na minha frente com dois estoques e viu que eu também tinha um. Nessa, ele amarelou e não partiu para cima. Queria me pegar pelas costas, de frente não vinha. Achava que eu tinha pedido para transferir ele de uma cela porque roubava coisa dos outros, que eu tinha denunciado isso. Mas de qualquer forma eu não me importava, o cara era psicopata, não tinha como tirar isso da cabeça dele. Fiquei no manicômio a titulo de tratamento. Não sei se era o mais normal dos outros internos, é difícil a gente saber o que é normal. Quando eu cheguei fiquei numa sala que era meio gaiola, os caras ficavam passando e me olhando como se eu fosse um peixe dentro de um aquário. Eu guardo essas experiências com bastante carinho, pois elas são valiosas.

Como foi o período preso na cadeia e

Tinha droga lá dentro?

Quando foi preso com pouco mais de cinco quilos de cocaína teve ciência de que era o fim ou ainda acreditava que sairia tranquilamente da situação depois de um “acordo” com a polícia, como fez algumas vezes? < Pensei até em conversar, mas depois que eu vi todo o aparato que armaram para minha prisão achei que seria impossível. Vi que eles iriam querer fazer delação premiada, uma coisa que eu não faria. Então, não ia ter jogo. O cara tava com uma arma apontada para minha cabeça enquanto eu estava deitado no chão, tentei falar alguma coisa do tipo e ele disse: “Vamos conversar sim, mas depois a gente vai ver isso”. Deu a entender o assunto delação premiada.

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maconha e de outras drogas ilícitas?

< O que seria ideal para sociedade é a coe-

TRÁFICO “GASTAVA TUDO EM NOITADA E VIAGENS. CHEGUEI A FATURAR 1 MILHÃO DE DÓLARES COM O TRÁFICO DE DROGAS” < No manicômio rolou, mas eu não usei. Manicômio tinha tudo, na cadeia da Polícia Federal não tinha, era mais rígido. É possível ressocializar alguém num ambiente prisional como existe hoje? < É difícil viu. Talvez 1% dessas pessoas, no máximo. No caso do manicômio, a galera que começa a ficar bem para sair enfrenta uma burocracia tão grande que regride no tratamento. A família esquece, a Justiça esquece. Trabalhei num escritório jurídico lá dentro e conheço bem como funciona isso. Foi justo o cumprimento de dois anos de pena depois de negociar tanta droga? < Justiça é resultado. Se o resultado deu certo, acho que está bom. Se a pena tivesse sido maior, acredita que estaria aqui dando essa entrevista? <Não sei viu. O “se” não existe. A pena foi de quatro anos. Se eu estivesse cheirado dentro do manicômio poderia estar lá dentro até hoje cheirando. A juíza me deu um voto de confiança. Medida de segurança não é uma sentença exata, os dois anos que cumpri só seriam dois se eu tivesse um parecer favorável da perícia judicial, se não eles viram mais dois, mais dois, mais dois... Vão sendo renovado. Para conseguir perícia é uma bu-

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rocracia enorme, tem juízes que nem sabem disso, que uma medida de segurança é isso. O confinamento foi o principal motivo da sua mudança de vida? <Não, eu já estava com vontade de parar. Quando você tem que lutar pela sua liberdade isso se torna um assunto muito mais importante, primordial que qualquer outro, qualquer cocaína, qualquer álcool, qualquer assunto que você tenha que resolver deixa de ser primeiro plano. Você está preso, não pode fazer nada. Lutar pela liberdade foi primordial. Seu sonho de adolescente era ser músico. Hoje você trabalha como produtor musical e lançou um CD próprio em 2008. Se não tivesse sido preso, acredita que estaria aonde agora? < Não tenho a menor ideia. Talvez tivesse parado com as drogas. Não seria o homem que sou hoje, isso eu tenho certeza. Estaria incompleta minha estrutura. É de total importância essa minha passagem por essas instituições e conhecer esses lugares que a raça humana criou para punir a si mesma. Isso faz parte da minha maturidade, criatividade, sensibilidade no relacionamento com a minha família. Ser preso foi fundamental, o dinheiro não era importante. Como você vê a questão da legalização da

rência. Se você pode tomar cachaça e existe lei para punir as consequências do consumo irresponsável, acho que poderia utilizar cocaína e maconha com regras sociais bem definidas, que responsabilizasse qualquer tipo de consequência a terceiros, assim como o álcool tem. O problema é que essas leis são mal aplicadas. Você viu o filho da Ciça Guimarães? Os caras saíram do túnel, atropeladores, e a polícia foi subornada imediatamente. Ao invés de socorrer o cara foram arrumar dinheiro. Essas coisas que precisam ter melhores definições. Você quer encher a cara, você pode, agora pegar o carro depois e sair a 150 km/h dentro de um túnel, tem que pegar 20 anos de cadeia. Ficar lá, sem esse papo de sair daqui a três anos ou ganhar liberdade provisória. O cara tem que saber que quando for tomar o porre dele, acabou. Se pegar o carro é 20 aninhos. A cocaína mata muito menos que o álcool. É legalizar, definir as regras, fazer com que elas sejam cumpridas. Agora, nessa corrupção é até desaconselhável sair liberando tudo. Mantém contanto com seus antigos clientes? Como eles vivem hoje? <Olha, todo mundo que eu tive contato em relação à venda de drogas já consumiam muito antes de eu mexer com isso. Alguns pararam, alguns morreram, alguns se internaram, cada um tem sua história. Não me sinto responsável por nenhum deles. Fui um dos últimos a começar, nunca mexi com os jovens em relação a isso. Era uma relação diferente, nunca usei arma, nunca roubei, nunca negociei com menor de idade, uma situação diferente as que estamos acostumados a ver nos noticiários. A grande maioria já consumia antes de mim, me apresentava. Algumas pessoas eu conhecia, moravam perto da minha casa, uns amigos e outros não. João Guilherme Estrella é a prova viva de que é possível recuperar uma pessoa do mundo das drogas? <A própria pessoa tem que se recuperar. O mundo das drogas é um chavão muito usado por estadistas para gastar dinheiro e desviar a população de assuntos que ele não está conseguindo dar conta, como saúde pública, a própria segurança, entrada de armamento no país. O Rio de Janeiro parece que está fazendo um trabalho razoável, mas ouvi boatos de que as armas apreendidas no Alemão já estão sendo revendidas. Não quero acreditar nisso, mas ouvi esse boato. •

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SISTEMA PRISIONAL

Geração cadeia Celas dos presídios estão cada vez mais lotadas de jovens; nas unidades prisionais do Vale do Paraíba, 63% dos detentos têm menos que 29 anos de idade Xandu Alves São José dos Campos

P

amela* já sabe onde vai passar os próximos 30 anos: na cadeia. Ela e o irmão foram presos, em 2006, pelo assassinato de quatro pessoas de uma mesma família, em Embu das Artes (SP). Foram flagrados pela polícia tentando esconder os corpos. Agiram por ódio ou vingança? “Não tinha motivo”, confessa a moça, condenada a 76 anos de prisão, dos quais cumprirá ao menos três décadas. Ela entrou com 20 anos na cadeia e vai sair com 50. O ímpeto juvenil descontrolado selou o destino de Pamela. Aos 26 anos, cumpre pena na Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé. “Vivo um dia de cada vez, sem pensar no futuro. Senão entro em parafuso.” A faculdade, o trabalho na empresa do pai e a boa vida foram insuficientes para tirar Marina* do caminho das drogas. Ela não sabia que se tratava de uma estrada de mão única, que leva sempre para baixo. Aprendeu descendo a ladeira em alta velocidade. Aos 18 anos, Marina começou a usar drogas nas baladas com amigos. Mas o salário tornou-se pequeno para manter o vício. Então, ela passou a ganhar dinheiro como “mula”, transportando drogas por dinheiro, não raro escondidas no próprio corpo. “Fiz isso uma vez por semana por mais ou menos um ano. Eram 250 gramas de drogas no meu corpo em cada transporte”, revela Marina. Numa das vezes, em 2008, um minúsculo pedaço de papel alumínio num dos pacotes foi acusado pela máquina de detecção de metais do presídio. Marina foi presa por tráfico. “O mundo desabou sobre a minha cabeça”, lembra.

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“Perdi tudo por causa de um erro banal.” Hoje, aos 23 anos, cumprindo pena de cinco anos no CRF (Centro de Ressocialização Feminino) de São José dos Campos, ela chora ao se lembrar da história. Lamenta ter deixado para trás os estudos universitários e a vida familiar. Diz que seus pais perderam a confiança nela, e que isso é o mais doloroso. “A lição é muito dura, a vida na cadeia é só sofrimento. É uma batalha diária pela sobrevivência e para reconquistar a confiança da família”, relata a moça, que faz artesanato na penitenciária como terapia. “Quero sair daqui e recomeçar a vida do zero.” Os presídios estão cada vez mais cheios de pessoas como Marina e Pamela: jovens, impetuosos, inconsequentes e criminosos. O tráfico é a principal via de acesso da juventude que busca, no crime, ganhar dinheiro, status ou fugir da realidade. Por paixão ou revolta, a diversão vira ao avesso e acaba em tragédia. Outras vezes é o desespero que os leva ao mundo cão. Dados da Secretaria de Administração Penitenciária revelam que 63% do total de detentos nas unidades prisionais do Vale do Paraíba têm menos de 29 anos. Os jovens são 6.124 da população carcerária de 9.722 pessoas. O índice é maior que a média estadual de 58% de presos com menos de 29 anos. Eles são 94 mil entre os 162,5 mil presos. No Vale, as unidades mais “jovens” são a Penitenciária Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra (P1 de Tremembé) e os CDPs de São José e Taubaté, com respectivamente 77,46%, 75,38% e 67,35% da população com idade inferior a 29 anos. São justamente os presídios mais lotados do Vale. Juntos, têm capacidade para abrigar 1.818 detentos, mas acolhem 3.804 pessoas. E é na cadeia que o jovem sente na pele a violência do mundo que entrou. “O cara chega aqui e tem que seguir as normas (da cadeia e dos presos). Ele tem que se adaptar ao meio em que vai viver”, afirma Marcelo Martins, diretor do CDP de São José.

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Fotos: Flávio Pereira

NA PRISÃO Juliano, 20 anos, está detido no CDP de São José por tráfico; jovem se envolveu com as drogas aos 12 anos e já foi ameaçado de morte

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“Por mais revoltado que esteja, ou por mais dinheiro que a família tenha, no presídio ele será igual a todos os outros.” Ser como todos os outros é o que está tentando Bruno*, 19 anos, condenado a quatro anos por tráfico. Por causa do bom comportamento, ele trabalha na limpeza de alguns setores da penitenciária. Fala com fluência e clareza sobre a sua vida. Admite as escolhas erradas, que o levaram a ser preso em 2009, e diz que quer se recuperar. “Sempre fui uma pessoa boa e humilde. A minha ruína começou quando experimentei drogas aos 12 anos”, conta. Vendendo drogas, ele ganhava R$ 300 por dia. Dez vezes mais do que ganharia pintando paredes, seu ofício antes de entrar para o tráfico. “Criei uma ilusão. Não enxergava mais nada”, diz Bruno, acreditando que sairia ileso do mundo do crime. Ele foi preso em uma casa abandonada. Drogas O caminho mais curto para o crime é a droga. “A praga do mundo é a droga”, afirma Eliana Capostagno, diretora do CRF de São José. Envolver-se com entorpecentes significa chegar ao fundo do poço mais rápido do que se imagina. Na linguagem dos presos, a droga leva a três destinos, conhecidos como CCC: cadeia, caixão ou cadeira de rodas. A primeira atração do adolescente é pelo consumo, quase sempre na escala: álcool, maconha, cocaína e crack. Os mais abastados ainda experimentam LSD e ecstasy. A balada leva ao vício. O jovem precisa arrumar dinheiro para manter o consumo. Vira traficante. Como o dinheiro começa a entrar fácil e rápido, a ilusão se instala e o pseudo criminoso se sente poderoso, independente e invencível. “O aumento de jovens presos deve-se a diversas causas, como a desigualdade social, a falta de perspectiva de futuro, o incremento da cultura do individualismo e do consumismo”, opina Antonio Maffezoli, procurador do Estado de São Paulo e membro do grupo de trabalho de Direitos Humanos da Procuradoria Geral do Estado. Silvana* sentiu o gosto do consumismo logo aos 16 anos, quando começou a traficar para ter acesso ao luxo. Os anos se passaram e ela acumulou dinheiro suficiente para comprar um carro e uma casa. Evoluiu na criminalidade e passou a controlar a venda de drogas para o “patrão”. Sofisticou-se a ponto de fazer tudo pelo telefone. “Ligava e mantinha as vendas sob controle. O dinheiro entrava rápido. Cheguei a ganhar R$ 2.000 por semana. Em qual emprego conseguiria o mesmo”, pergunta a moça, que foi

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SEQUESTRO Júlia, 24 anos, presa em 2005 por assalto e sequestro, em São José; jovem condenada a 17 anos cumpre pena em presídio de Tremembé

“Hoje converso com meu filho todo o dia” ma mãe desesperada com o filho adolescente preso, acusado de assassinato. De um dia para o outro, a vida de Matilde*, moradora de São José, virou pelo avesso. Em entrevista à revista valeparaibano, ela conta um pouco do drama que viveu. E faz um alerta: “Hoje eu converso com meu filho todos os dias. Os pais devem agir sempre assim”.

U

O que houve com seu filho? Ele tinha 15 anos e estava envolvido com uns garotos da mesma idade que não eram boas pessoas. E eles tiveram atritos com um menino também barra pesada. Tiveram a infelicidade de tentar resolver essa briga da maneira mais infantil, e acabaram matando o menino. Foi cruel o que eles fizeram. Meu filho ficou na Febem por mais de dois anos. Como você se sentiu quando tudo isso aconteceu?

A pior das mães. Era como se eu não tivesse chão. Fiquei muito chocada e chorei muito. Como era a sua relação com ele? Sempre foi muito boa a nossa relação, temos uma família unida e nunca havia acontecido nenhum crime. Depois ficou um pouco difícil, pois toda vez que eu olhava para meu filho, lembrava do que ele fez. Até hoje eu ainda jogo na cara dele e sempre vou fazer isso, pois é uma coisa que não dá pra esquecer. Mexeu muito comigo. O que levou seu filho ao crime? Ele foi leviano e não pensou nas consequências. Eu não acredito que ele foi influenciado. Talvez tivesse faltado diálogo. E agora, depois que ele deixou a prisão, como está a relação de vocês? Converso com meu filho todos os dias e temos uma conversa aberta, sem esconder nada. Ele tem toda confiança em mim. Acho que não fará mais nenhum tipo de crime, pois cobro muito e estou de olho. * nome fictício

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presa pela Polícia Civil, que grampeou o telefone dela. Agora, diz que precisa se acostumar com o “luxo” da cadeia: sandália e sabonete. “A gente se apega a Deus quando o sofrimento bate. Não sei o dia de amanhã, quero viver o hoje”, admite.

CRIME Meire, 24 anos, foi criada no mundo das drogas: os pais consumiam e traficavam; quando a mãe foi morta, ela recorreu ao tráfico para se manter e acabou na prisão

POPULAÇÃO CARCERÁRIA EM 2010 NO ESTADO DE SÃO PAULO

NO VALE DO PARAÍBA

162,5 mil População carcerária (com menos de 29 anos): 94 mil Índice: 58%

9.722 População carcerária (com menos de 29 anos): 6.124 Índice: 63%

POPULAÇÃO CARCERÁRIA (18 a 20 anos): 1.009 - Índice: 10,37% (21 a 23 anos): 1.710 - Índice: 17,58% PRESÍDIOS MAIS JOVENS P1 de Tremembé - Presos: 1.278 (com menos de 29 anos): 990 Índice: 77,46% CDP de São José - Presos: 853 (com menos de 29 anos): 643 Índice: 75,38% CDP Taubaté - Presos: 1.602 (com menos de 29 anos): 1.079 Índice: 67,35% PRESÍDIO MAIS VELHO P2 de Tremembé - Presos: 387 (com menos de 29 anos: 98 Índice: 25,32%

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(24 a 26 anos): 1.736 - Índice: 17,85% (27 a 29 anos): 1.669 - Índice: 17,16% RAIO-X Presídios no Vale: 10 Capacidade: 5.695

População: 9.722 Acréscimo: 4.027 Variação: +70,71%

UNIDADES SUPERLOTADAS P1 DE TREMEMBÉ Capacidade: 538 - População: 1.292 Acréscimo: 754 - Variação: +140,14% CDP DE TAUBATÉ Capacidade: 768 - População: 1.620 Acréscimo: 852 - Variação: +110,93% CDP DE SÃO JOSÉ Capacidade: 512 - População: 892 Acréscimo: 380 - Variação: +74,21%

Ameaça de morte Foi a promessa de ganhar R$ 5.000 que convenceu Juliano*, 20 anos, a ser preso. Ele precisava do dinheiro para cobrir dívidas com traficantes. Consumia drogas desde os 12 anos e estava ameaçado de morte. Tentou simular uma tentativa de furto, o que lhe daria uma pena leve e garantiria a saída rápida do cárcere, mas a ação deu errada e ele acabou preso por assalto a mão armada em novembro do ano passado. Após ser detido, sua missão era levar para dentro do CDP de São José três celulares. Os aparelhos foram colocados em um preservativo e introduzidos no corpo do rapaz. A prisão de Juliano virou conversa de botequim na cadeia. As tatuagens pelo corpo são as marcas que a vida tem deixado no jovem. “Tive uma infância dolorosa. Meu pai batia em todos na minha casa”, conta, assumindo o risco que corre. “Posso ser morto a qualquer instante.” Problemas sociais misturam-se à desestruturação familiar e culminam na ebulição da vida dos adolescentes. Fase de conflitos e questionamentos, a adolescência é próspera em criar falsas expectativas nos jovens desacostumados ao convívio equilibrado e amoroso. Faltam-lhes limites. Exageram na paixão juvenil. A psicóloga Patrícia Matta, ex-professora de Psicologia Jurídica da Unisal (Centro Universitário Salesiano), em Lorena, propõe um debate sobre a parcela de culpa da sociedade na influência negativa que os jovens recebem desde muito cedo. “Também a sociedade, que é cada vez mais individualista, de consumo e imediatista, tem sua parcela de influência. O que vale a pena é a conquista do prazer, a busca pelo gozo total”, aponta a especialista. Patrícia percebe contradição nos limites, que também são conflitantes. Ao mesmo tempo em que se impõem restrições ao jovem, ele vê na mídia que o importante é sempre romper os limites e buscar o que se quer a todo custo. “Isso é perigoso.” Foi a paixão por um jovem desconhecido que levou Carol* do céu ao inferno em 20 dias. Separada e com duas filhas, ela se enamorou de um rapaz que conhecera em Taubaté, onde morava com os pais. Mesmo a contragosto da mãe, engataram um rápido namoro. Para comemorar três semanas de relacionamento, o jovem reuniu dois amigos e uma amiga e convidou Carol

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Especial Especial

para uma noite de baladas, que terminou com um taxista baleado na cabeça, roubo do carro e outro homem morto a tiros. Carol e os demais suspeitos foram presos no dia seguinte, em outubro de 2003. Ela levava na bolsa um cheque de R$ 150 de uma das vítimas, principal prova da ligação dela com os crimes. Olhando em retrospectiva, a moça de cabelos compridos pintados de preto ainda chora de tristeza por não ter ouvido os pais e se deixado levar pela paixão desmedida. Ela tenta há seis anos apelar à Justiça para reduzir a condenação de 40 anos por duplo homicídio. Não deu certo. Hoje, aos 30 anos, Carol espera numa das celas da penitenciária de Tremembé o dia em que ganhará a liberdade, só depois de 2017. “Quero acompanhar a juventude das minhas filhas, porque a infância eu perdi”, lamenta, tentando evitar confusão. “A cadeia é um lugar agressivo.” “Acho que a imaturidade faz os jovens cometerem erros que os levam à prisão”, afirma Elisane Piovam, diretora substituta da penitenciária de Tremembé. “Falta de emprego, de oportunidade e de estrutura familiar e a sensação de ganhar dinheiro fácil também influenciam.” Trabalho, oração e esperança. Essas são as “armas” de Tatiana*, 23 anos, para superar o cárcere. Ela acabou presa por causa de um amor. Casou-se aos 16 anos e descobriu, da pior maneira possível, que marido vendia drogas quando a polícia invadiu a casa e levou os dois presos, em 2008. O amor acabou naquela hora. “Ninguém está preparado para a prisão. É um impacto forte”, diz Tatiana, condenada a cinco anos. “A lição foi dura demais para mim. Meu objetivo é sair daqui e retomar a minha vida.” “A paixão é um sentimento desgovernado, impulsivo e que não mede regras”, explica a psicóloga Maria de Fátima Ferreira, doutora em Psicologia Clínica e professora da Unitau (Universidade de Taubaté). “É preciso chegar antes que uma criança se torne um prontuário médico, um boletim policial, um processo judicial, um dossiê psicossocial, uma notícia de jornal ou um corpo no necrotério”, escreveu em sua tese. Crime em família Meire*, 24 anos, foi criada no mundo das drogas. Os pais consumiam e traficavam. A mãe foi assassinada. Aos 14 anos, a menina teve que cuidar do irmão menor. Onde foram buscar dinheiro? No tráfico e no roubo. Ambos foram presos e passaram pela Fundação Casa, a extinta Febem. De volta às ruas, Meire engravidou aos 19 anos e voltou ao tráfico para sobreviver. O irmão fez o mesmo. A revolta os unia. Ambos foram presos e

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DROGAS Silvana se envolveu com o tráfico aos 16 anos de idade e chegou a controlar a venda de drogas até que foi presa em São José

”Quando a família acompanha os detentos, eles têm a auto-estima mais elevada e fica mais fácil evitar que caiam no crime de novo” Do padre Valdir Silveira, coordenador da Pastoral Carcerária no Estado

cumprem pena em São José. Ela tem cinco anos para tirar por tráfico. “O que me fortalece é o sofrimento. Não tenho nada. Só eu e Deus”, diz Meire, que planeja voltar a viver com a filha, que nasceu no cárcere, e com o irmão. “Ainda tenho esperança, mas sei que vai exigir muito esforço.” De história oposta, Antônio*, 20 anos, foi preso no final de novembro vendendo drogas na região central de São José. Não tinha casa, nem parentes, nem amigos. Estava só no mundo. “Vendia droga para conseguir comer”, diz o jovem, ainda trêmulo pela crise de abstinência do crack. Os olhos injetados e o jeito de criança espantam quem conversa com ele. A primeira impressão é de desilusão com a incapacidade da sociedade em cuidar dos mais carentes. Eles estão por aí, perambulando pelas calçadas da vida. Antônio mostra-se confuso e nem sabe ao certo quando e como foi preso. Ex-morador de várias favelas, diz que sua mãe morreu na rua. Já

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passou pela Fundação Casa e agora caiu no sistema prisional. Fato de que ele agradece: “Um cara do meu lado morreu baleado. Eu estou vivo e preso, graças a Deus.” Muitos especialistas consideram a prisão o lugar inadequado para a recuperação dos jovens. Eles defendem penas alternativas e de restrição de liberdade, combinadas com tratamento de saúde, psicológico e educacional, para preparálos e motivá-los a voltar ao convívio social. Presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo, o advogado criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso é uma das vozes mais críticas ao sistema prisional. “A pena de prisão é um mecanismo que faliu no mundo inteiro.” Segundo ele, a questão dos jovens presos é um drama mundial. “Os que estão no mundo do crime não vivem muito”, aponta D’Urso, acrescentando que as causas da criminalidade juvenil são difíceis de classificar. Ele lista impunidade, drogas, pobreza e ausência de oportunidades como fatores que potencializam o crime. Padre Valdir João Silveira, coordenador da Pastoral Carcerária do Estado de São Paulo, afirma que o afastamento da família é um dos principais motivos que levam o jovem ao crime. Quando estão presos, a família também é o elo mais forte na recuperação deles. “Eles têm a auto-estima mais elevada e é mais fácil evitar que caiam no crime de novo.” Recair na criminalidade é o que mais amedronta os jovens condenados. Eles temem não ter forças para encarar a realidade das ruas quando estiverem fora da penitenciária. Aos 19 anos, presa desde o ano passado, Carolina* ainda se horroriza com a paisagem geométrica da penitenciária. As barras de ferro, os corredores e o pátio se tornaram o mundo dela desde que começou a se envolver com drogas. “Fumei maconha aos 11 anos. Com 14 anos, fui presa e mandada para a Febem”, lembra. O tráfico a chamou de volta e ela obedeceu. Nesse meio tempo, engravidou de um homem de 30 anos. Foi presa levando drogas para ele na prisão. “A gente passa por humilhação. Me chamavam de ‘ovo recheado’. Não tem dinheiro que pague essa vida no crime.” Parecendo uma adolescente de filmes juvenis, Gláucia*, 21 anos, casou aos 14 anos e perdeu o marido com 16. Ele foi preso. A jovem acolheu em casa uma mulher também casada com presidiário. A polícia invadiu e as duas acabaram presas. Motivo: tráfico de drogas. A sensação de entrar na cadeia pela primeira vez, segundo ela, é a de ter “borboletas no estômago”. Agora, ela só pensa em voltar para a família. “Hoje penso

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TRÁFICO Bruno, 19 anos, condenado por tráfico está no CDP de S. José; abandonou a família aos 16 para viver nas ruas e vender drogas

”Defendo formas mais autênticas de prisão. Cárcere para os perigosos e penas alternativas aos não-perigosos. A prisão é uma escola para o crime” De Luiz Flávio Borges D’Urso, presidente da OAB

diferente de quando estava na droga.” Os cabelos longos e o jeito de universitária disfarçam o passado de Júlia*, 24 anos, presa em 2005 por assalto e sequestro, em São José, junto com o pai da filha dela. A moça, que foi condenada a 17 anos de prisão, vê a filha uma vez por mês e não soube mais do companheiro. Tenta manter a sanidade e voltar à vida em sociedade. Sabe que não será fácil. “Me amparo na família para voltar à vida. Quero recomeçar do zero”. Nas histórias dos jovens encarcerados, o zero é tudo o que sobra depois que a droga e o crime levam a vida deles para o esgoto. Sair de lá, nem todos conseguem. Muitos se tornam a “geração cadeia”, entrando e saindo do cárcere pelo resto da vida. Mas a esperança ainda vive e vale a pena lutar por ela. Como escreveu Carlos Drummond de Andrade: “A infância está perdida. A mocidade está perdida. Mas a vida não se perdeu”. * nomes fictícios

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Vale, Brasil & o Mundo

Frases “Pela cultura, só posso dizer que a censura é sempre lamentável”

TRANSPORTES

ANTT quer reduzir índice de reajuste de pedágio na Dutra

Da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, sobre a decisão do governo do Irã em proibir a publicação dos livros do escritor Paulo Coelho

“Vou à Inglaterra para ouvir uma proposta mais concreta. E se o contrato me persuadir, devo acertar“ Diego Maradona, sobre a proposta do time inglês Blackburn, que pretende contrata-lo como técnico

“Eles podem esperar o máximo de mim. Voltei ao Brasil e vim jogar no Flamengo para dar isso” De Ronaldinho Gaúcho A Agência Nacional de Transportes Terrestres enviará ao Tribunal de Contas da União uma nova metodologia para reduzir o índice de cálculo para futuros reajustes de pedágios da via Dutra a partir deste ano. O valor cobrado na estrada está entre os mais caros na comparação com outras rodovias federais. O preço é reajustado em agosto. O novo sistema foi aprovado em audiências públicas e deve ser sancionado pelo TCU, entrando em vigor ainda no primeiro semestre de 2011. A determinação do TCU para reavaliação dos pedágios foi feita em 2007. Com as novas regras, a ANTT irá reduzir a taxa interna de retorno da concessionária NovaDutra de 20% para 8% nos novos projetos a serem implantados na rodovia. Significa que a empresa terá uma parcela menor de lucro nos investimentos que não estavam previstos no contrato de concessão, assinado em 1995. Na prática, a ANTT está aplicando no contrato da NovaDutra a atual taxa interna de retorno usada no mercado. O ganho será do usuário, que paga o pedágio e financia os investimentos –97% da receita da empresa vem da cobrança da tarifa. De acordo com a ANTT, a tarifa básica aplicada na estrada é de R$ 9,20, contra R$ 1,30 na Fernão Dias, R$ 1,50 na Régis Bittencourt e R$ 3 na Transbrasiliana, também rodovias federais sob concessão.

GRUPO SEPARATISTA

GOVERNO FEDERAL

ETA pede trégua “permanente e geral” na Espanha

2.969 servidores acabam expulsos

O grupo separatista basco ETA pediu trégua “permanente” e “geral”, que possa ser verificada pela comunidade internacional. Segundo o comunicado, a medida seria um “compromisso firme”, com um “processo de solução definitivo e com o fim da confrontação armada”. O governo da Espanha afirmou oficialmente que o anúncio não é o suficiente. O ETA defendia, por intermédio da luta armada, a criação de um Estado basco independente no norte da Espanha e sudoeste da França. O grupo tem sido enfraquecido pela repressão policial e pelo aumento do apoio basco à saída política.

A Controladoria-Geral da União informou que o governo federal expulsou, nos oito do governo Lula, 2.969 servidores públicos por corrupção. Somente em 2010, foram 521 os servidores penalizados por práticas ilícitas no exercício da função, um aumento de 18,94% em relação ao ano anterior. Em 2009, 438 servidores foram expulsos do serviço público. O principal tipo de punição aplicada em 2010 também foi a demissão, com 433 casos. Foram aplicadas ainda 35 penas de cassação de aposentadoria e 53 de destituição de cargo em comissão.

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Fotos: divulgação

PROTESTO Manifestantes pedem o fim da impunidade nos casos que apuram os assassinatos de jornalistas nas Filipinas

RISCO IMINENTE

Profissão perigo Yann Walter São José dos Campos

Mais de 53 jornalistas foram executados por motivos ligados ao trabalho em mais de 20 países no ano passado, segundo relatório divulgado pela Unesco

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uhammad Khan Sasoli, 36 anos, Paquistão. Luis Carlos Santiago Orozco, 21 anos, México. Luis Antonio Chevez Hernandez, 22 anos, Honduras. Mazen Mardan al-Baghdadi, 18 anos, Iraque. Francisco Gomes de Medeiros, 48 anos, Brasil. Estes homens de idades e nacionalidades diferentes têm algo em comum: são jornalistas que foram assassinados no exercício de sua profissão em 2010. Foram baleados na porta de casa, saindo de seu local de trabalho ou durante uma re-

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portagem por desconhecidos que dispararam vários tiros, sobretudo na cabeça, com a clara intenção de matar. De acordo com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), 53 jornalistas foram assassinados por algum motivo ligado à profissão até o dia 28 de dezembro do ano passado. A organização francesa de defesa da liberdade da imprensa Repórteres Sem Fronteiras registrou 57 para todo o ano. Já a ONG (Organização Não Governamental) Press Emblem Campaign publicou em seu site o número de 109 jornalistas mortos em 2010. Quase todos eram locais, ou seja, foram assassinados em seus países de origem. As diferenças entre os dados se devem ao fato de que a ONG também contabiliza as mortes

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Domingo 6 Fevereiro de 2011

suspeitas, em que os profissionais também podem ter sido vítimas de crimes comuns. A Unesco e a RSF registram apenas os casos confirmados de jornalistas assassinados por causa de seu trabalho. O número de baixas é inferior ao de 2009, ano do pior massacre de profissionais da imprensa da história: no dia 23 de novembro daquele ano, em plena campanha eleitoral nas Filipinas, o exército particular do governador da província de Maguindanao, uma ilha do sul do país, armou uma emboscada para o comboio do candidato da oposição. Balanço do ataque: 60 mortos, entre eles, 30 jornalistas. Segundo a RSF, profissionais da imprensa foram executados em 25 países em 2010. Tratase da primeira vez em pelo menos, 15 anos que tantas nações diferentes são atingidas. Sete destes países se encontram no continente africano, mas as regiões mais mortíferas do mundo para os jornalistas são a Ásia, devido principalmente à explosão de violência no Paquistão, e a América Latina. Na última década, os países mais perigosos para os profissionais da imprensa foram o Iraque, o México e o Paquistão. Junto com Honduras, estes dois últimos países ainda ocupam o topo do ranking de 2010, com pelo menos 10 casos cada um. As três nações vivem realidades distintas, embora as dos dois países da América Central apresentem semelhanças. No México, os jornalistas –e o restante da população– vivem sob a ameaça constante dos poderosos cartéis da droga, responsáveis pela morte de 30 mil pessoas nos quatro últimos anos. Lá, os profissionais que escrevem sobre os narcotraficantes sabem que suas horas estão contadas. Em 6 de julho, Hugo Alfredo Olivera Cartas, 27 anos, publicou matéria sobre o crime organizado. Foi morto no mesmo dia. Pouco antes de deixar o jornal, ligara para a esposa, pedindo-lhe que “cuidasse bem dos filhos”. Impunidade Em Honduras, o golpe de Estado de 28 de junho de 2009 criou uma situação de instabilidade política que impulsionou a violência “tradicional” do crime organizado. Além disso, tanto México como Honduras são assolados pelos flagelos da corrupção e da impunidade, um mal que, aliás, acomete a maioria dos países onde são perpetrados crimes contra os profissionais da imprensa: de acordo com o CPJ (Comitê de Proteção dos Jornalistas), com sede em Nova York, cerca de 90% dos assassinatos de jornalistas permanecem impunes. “As autoridades das nações citadas têm uma responsabilidade direta na luta contra a impunidade que envolve estes crimes. Se os governos não se esforçam para punir os assassinos de jornalistas,

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EM GUERRA Soldado norte-americano revista repórter fotográfico no Iraque

MANIFESTAÇÃO Fotos de jornalistas assassinados em Ciudad Juarez, no México

Máfias e milícias são os maiores matadores de jornalistas no mundo, e está cada vez mais difícil identificar os assassinos, diz dirigente da RSF

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se tornam cúmplices”, acusou Jean-François Juillard, secretário-geral da RSF, em declaração publicada no site da organização. A realidade do Paquistão é bem diferente, mas igualmente perigosa. Lá, os profissionais da imprensa enfrentam duas grandes ameaças: os grupos radicais islâmicos e os ataques suicidas. No Iraque, o número de vítimas voltou a aumentar em 2010 após dois anos de relativa calma. A RSF contabilizou sete mortos, contra quatro em 2009. Cabe ressaltar que quase todos foram assassinados após a retirada das tropas americanas, no fim de agosto. Em 2006 e 2007, no ápice do conflito iraquiano, a Unesco registrou, respectivamente, 29 e 33 jornalistas mortos naquele país. “A grande maioria dos assassinatos de profissionais da imprensa se deve a três elementos: os conflitos armados, os regimes totalitários e o crime organizado. O caso do México demonstra o envolvimento cada vez maior do crime organizado nas violências perpetradas contra jornalistas. Trata-se de um problema de difícil resolução. As guerras acabam, e os ditadores são obrigados a levar em conta a pressão dos organismos internacionais. Já os criminosos não se importam nem um pouco com a Unesco”, explicou Guilherme Canela Godoi, coordenador do setor de comunicação e informação da Unesco no Brasil. “O número de jornalistas mortos em zonas de guerra diminuiu em relação aos anos anteriores. As máfias e as milícias são os maiores matadores de jornalistas no mundo, e está cada vez mais difícil identificar os assassinos”, destacou Juillard. Espancamento Em países como o Iraque, o Afeganistão, o Paquistão, a Índia ou a Somália, os jornalistas têm de enfrentar situações de guerra. No México, em Honduras, na Colômbia e na América Latina de um modo geral, o maior problema é o crime organizado. Já na Rússia e na maioria dos países africanos, os profissionais da imprensa mais expostos são os que publicam matérias negativas sobre as autoridades. Nações como a Coreia do Norte ou Mianmar –sob tutela do regime militar– também entram nesta categoria, mas não aparecem nos relatórios por falta de dados. O número de jornalistas assassinados na Rússia está em baixa, mas, como lembrou Godoi, os homicídios representam apenas o lado mais extremo dos crimes cometidos contra os profissionais da imprensa. “Existem outros tipos de violência, como ameaças, espancamentos, detenções arbitrárias, apreensões ou destruições de material. Muitos destes ataques não são computados”,

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Mundo

ÁSIA Grupo de manifestantes pede fim dos assassinatos de jornalistas nas Filipinas (à esq.), onde 30 profissionais da imprensa morreram em uma emboscada em 2009, e no Sri Lanka

GUERRA Atentado no Iraque, um dos países mais perigosos do mundo para jornalistas

em baile funk da comunidade) é emblemático”, comentou o representante da Unesco, acrescentando que os poucos jornalistas brasileiros não assassinados por criminosos na última década foram vítimas de políticos locais. “Neste último caso, a impunidade é um fator agravante”, destacou. A ONG PEC registrou outros três casos de jornalistas brasileiros assassinados em 2010, mas, pelo que tudo indica, foram vítimas de crimes comuns. Menos de uma semana antes do assassinato de Medeiros, Wanderlei dos Reis, dono do jornal Popular News, foi baleado na perna por um homem que invadiu sua casa em Ibitinga, interior de São Paulo. O tiro perfurou a artéria femoral, e o jornalista morreu no hospital. E no dia 30 de outubro, José Rubem Pontes de Souza, 39 anos, diretor-presidente do jornal Entre Rios, de Paraíba do Sul (RJ), foi assassinado por um ex-policial militar, supostamente por ter vetado a instalação de caça-níqueis nos bares em que tinha participação. O ex-PM, que alugava as máquinas aos estabelecimentos da região, teria decidido se vingar. No dia 24 de junho, o radialista e cronista esportivo Clóvis Silva Aguiar, 48 anos, foi baleado na porta da casa da mãe por dois desconhecidos de moto em Imperatriz, no Maranhão. O homicídio, que tem todas as características de um crime encomendado, ainda não foi elucidado. Diante da violência à qual são submetidos em seus países, muitos jornalistas acabam escolhendo o caminho do exílio. Segundo a RSF, 127 profissionais da imprensa fugiram de seu país de origem em 2010. Pelo segundo ano consecutivo, o Irã, do presidente Mahmud Ahmadinejad, lidera este ranking de exilados, com 30 casos. Outro fato marcante foi o exílio forçado de 18 jornalistas cubanos, detidos em 2003 e expulsos para a Espanha logo após sua saída de prisão.

Pressão O que se pode fazer para acabar com esta onda de violência contra jornalistas? Para Guilherme Canela Godoi, o mais importante é manter a pressão nas autoridades e cobrar resultados. “É preciso denunciar cada caso, e exigir respostas. Além disso, é necessário dar aos jornalistas equipamentos adequados, como coletes à prova de balas e cursos sobre como se comportar em zonas de conflito”, explicou. Segundo ele, a necessidade de proteger os profissionais da imprensa está ficando cada vez mais evidente em todo o mundo, graças principalmente à ação conjunta dos organismos internacionais. “Até os anos 90, somente a Unesco se manifestava sobre o tema. Nos últimos 10 ou 15 anos, este debate sobre a necessidade de proteger os jornalistas ganhou muita força. Cada vez mais organizações falam sobre o problema, e isso é positivo. É fundamental para que a liberdade da imprensa seja garantida”, afirmou. Alguns governantes já começaram a tomar providências. As autoridades do Estado mexicano de Chihuahua, o mais violento do país, na fronteira com os Estados Unidos, decidiram punir com prisão perpétua o assassinato de jornalistas. Pressionado pelas reações indignadas da comunidade internacional após o bárbaro espancamento de Oleg Kashin, o presidente russo, Dmitri Medvedev, prometeu tomar medidas para proteger os jornalistas no país. Além disso, o comitê de investigação do Ministério Público anunciou a reabertura de duas investigações arquivadas pela polícia, referentes a dois ataques a jornalistas ocorridos em 2000 e 2008. Resta, agora, a transformar estas boas intenções em resultados concretos, pois, como disse o carioca Jorge Antônio Barros em seu blog “Repórter do Crime”, hospedado no site do Globo, “assassinar um jornalista que serve ao público é como tentar abafar a voz de toda a sociedade”. •

frisou. De acordo com o CPJ, 145 profissionais da imprensa estão atrás das grades em todo o mundo, sendo 34 na China e 34 no Irã, os dois ‘campeões’ do ranking. Não se registrava um número tão alto desde 1996. Na Rússia, os casos de espancamento de jornalistas se multiplicaram. Na madrugada de 6 de novembro, Oleg Kashin, 30 anos, foi brutalmente agredido por dois homens na frente de sua casa. Teve os dois joelhos e todos os dedos quebrados, a mandíbula fraturada e sofreu um severo traumatismo craniano. A mensagem dos agressores foi bem clara: Kashin, que cobria as atividades da presidência russa e as manifestações da oposição, não deveria mais escrever, nem falar. A impunidade também é um problema sério na Rússia: nenhum dos crimes perpetrados contra jornalistas nos últimos dez anos foi solucionado. Brasil O Brasil teve um caso confirmado de jornalista assassinado por causa de seu trabalho em 2010. Francisco Gomes de Medeiros era radialista e repórter policial no jornal Tribuna do Norte, do município de Caicó (RN). Ele também tinha um blog, no qual postava denúncias sobre o tráfico de drogas e outros delitos. Um mês antes de sua morte, noticiara a existência de um esquema de troca de votos por crack no município vizinho de Seridó. “O número de casos mortais deste tipo no Brasil é próximo de zero, não se compara com outros países onde a situação é muito mais séria. O Brasil é uma democracia, e não está em guerra. Assim sendo, a maior ameaça à imprensa no país é o crime organizado. O caso de Tim Lopes (jornalista da TV Globo de 51 anos torturado e morto por traficantes da favela carioca Vila Cruzeiro em 2002, quando fazia reportagem sobre venda de drogas e exploração sexual de menores

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Ensaio

Ensaio fotográfico

Bruno Kelly fotógrafo

Amazônia de contrastes O fotógrafo joseense Bruno Kelly revela momentos antagônicos da mãe natureza; a cheia e a seca que se revezam na região que é conhecida como o pulmão do mundo

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Domingo 4 6 Abril de Fevereiro de2010 2011

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PELADA Com o campo inundado, populares da zona rural de Manaus aproveitam o petroleiro para jogar uma partida de futebol

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Ensaio

RIO NEGRO Vários barcos ficam encalhados no leito seco do Rio Negro, em Manaus; a seca veio forte como a cheia

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Domingo 6 Fevereiro de 2011

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SECA Com a função de auxiliar os pequenos barcos, a oficina flutuante está empacada no leito do rio

MORTE A rápida descida do rio e o forte calor deixou o nível de oxigênio da água quase nulo, provocando a mortandade de peixes

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Ensaio

CHEIA Área inundada na Feira da Manaus Moderna, localizada no centro de Manaus

RECORDE Maior cheia registrada no Amazonas atingiu também a região do Alto do Solimões

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Coisa & Taltigo

Marco Antonio Vitti

Casais homoafetivos têm o direito ao amor assim como todo o mundo

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o dia 6 de janeiro, o Conselho Federal de Medicina determinou as novas regras para a reprodução assistida, mais conhecida cientificamente como inseminação In Vitro e popularmente, como inseminação artificial, para que pessoas sem uma união estável não-heterossexual possam se utilizar desse recurso para gerar um filho. Segundo a secretária geral do Instituto Brasileiro do Direito de Família de São Paulo, Viviane Girardi, a resolução representa um avanço, pois, no estilo do me engana que eu gosto brasileiro, casais homoafetivos, anteriormente tinham de recorrer a barrigas de aluguel, prática proibida no Brasil, ou forjar casamentos heterossexuais para ter um ou mais filhos. E onde fica a religião nesta história? A religião deve continuar na parte espiritual, não tendo nada a ver com o mundo material. Sou católico praticante e me orgulho de seguir os ensinamentos de Jesus, que diz que devemos amar até nossos inimigos, que dirá então amar uma pessoa do mesmo sexo? Em nenhuma parte dos Evangelhos Jesus ressalva que deveria existir diferenças sexuais. Na minha maneira de pensar e acreditar, Jesus deu a entender que o amor não tem sexo, uma vez que sexo é uma invenção humana, tanto que os animais o praticam de forma mais avançada que os humanos. Os animais somente o fazem quando no cio, fora isto eles lu-

RELIGIÃO “Em nenhum Evangelho, Jesus ressalva que deveria existir diferenças sexuais” tam pela sobrevivência de sua prole e de seu grupo. Enquanto o ser humano, em sua grande maioria, se relaciona com seu parceiro somente sexualmente, o afeto, que tempera a relação, nada, por isso, vive caçando novas presas, o que explica a promiscuidade sexual. O ser humano na maioria das vezes busca no sexo descarregar sua ansiedade e suas frustrações, esquecendo-se do afeto. Escuto esposas reclamarem que seus maridos não as procuram, e homens que reclamam da falta de interesse de suas esposas. Quando o sexo enfraquece é porque o amor já está no fundo do poço, falta afetividade na relação, intimidade, e não intimidação, que são termos que apresentam a mesma raiz etimológica: Íntimo. E você é íntimo com quem? Com quem você tem intimidade? Isto é, com alguém que não o intimida, com alguém que afeta com o amor, daí o termo afeto, afetividade. Quando não existe o afeto, surge o infecto, daí as doenças sexualmente transmissíveis, os relacionamentos fracassados e as amizades que se transformam em inimizades. Quem de nós não tem amigos e amigas íntimas? Se você sexualizar esta amizade,

você a infecta, e ela acaba, morre. É preferível manter um amigo, uma amiga do que perdê-la pela infecção. Se você deseja a mulher de seu melhor amigo, é inveja. Na realidade você gostaria de possuir dele, o que deveria ser dela; e a mesma coisa a mulher que deseja o parceiro de sua melhor amiga. Você também é invejosa, deseja o que é dela e não o amor que você pensa que sente por ele. Mas, se ambos estiverem solteiros, que sejam felizes “até que o amor os separe”. O que mantém uma relação estável é o amor, e não a paixão. Por isso, o amor não causa dependência, mas a paixão intoxica mais do que a droga mais fatal que possa existir. Quantos homens não são casados com mulheres que se comportam como homens, e mulheres casadas com homens que se comportam como mulheres. É preciso lembrar que dentro do homem existe uma contraparte feminina, denominada anima; e na mulher a contraparte masculina denominada animus. Grande sacada de meu mestre Jung. Melhor dois homens ou duas mulheres que se amam e fazem sua sexualidade entre as quatro paredes, cuidando de seu filho com amor, do que um homem alcoolizado que, além de não amar a mulher, a espanca na frente de seus filhos; ou uma mulher que não ama o marido e descarrega suas frustrações em seus filhos. Espero ter afetado meus leitores. Um abraço heteroafetivo e homoafetivo. •

Marco Antonio Vitti Especialista em biologia molecular e genética vitti@valeparaibano.com.br

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Divulgação

PINHÕES Ingredientes regionais seguem como tendência na culinária

TENDÊNCIAS O chef Alexandre Righetti, do Grande Hotel Campos do Jordão

GASTRONOMIA

O tempero de 2011 São José dos Campos

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gastronomia virou moda, mas não se comporta como tal. Não existem temporadas de inverno e verão, mas é cada vez mais comum identificarmos tendências que acabam se tranformando no “modelito” do ano. Quem não se lembra do trio inseparável tomate seco, rúcula e mussarela de búfala? Brincadeiras à parte, fomos ouvir o chef Alexandre Righetti, do Grande Hotel Campos do Jordão, o Hotel-Escola Senac, para saber o que será tendência em 2011. “Uma das coisas que estará em alta é a sustentabilidade. O conceito de slow food, de conhecer os ingredientes e de usar alimentos que não foram cultivados com agrotóxi-

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cos. Isso tudo respeitando a sazonabilidade”, explica Righetti. Além disso, segundo o chef, a regionalização da cozinha continua sendo um das apostas para 2011. “Somos tão massacrados com a cozinha globalizada que as pessoas acabam preferindo uma coisa mais original”. Em Campos do Jordão, por exemplo, os produtos locais, como o pinhão e as trutas, sempre ganham temporadas gastronômicas . De acordo com Righetti, o exótico já não é mais tão bem visto como no passado. É o conceito de Comfort Food, que traz a necessidade das pessoas de voltarem às suas origens à mesa. Entretanto, a sofisticação de detalhes e combinação de sabores constinuam em alta. “Isso não significa um preço alto pela comida, mas a forma criativa de cozinhar é valorizada”, diz.•

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Turismo PROGRAME-SE

Ele continua de braços abertos Rio de Janeiro está prestes a vivenciar sua maior festa, mas nem só de desfiles vive o turista; Cidade Maravilhosa oferece muito mais que escolas de samba na Marquês de Sapucaí

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Divulgação

Elaine Santos Rio de Janeiro

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epois de tantas turbulências na área de segurança no final de 2010 e um começo de ano trágico por causa das fortes chuvas que provocaram a morte de centenas de pessoas, o Rio de Janeiro está novamente na disputa do topo da lista como destino para o feriado mais cobiçado do ano: o Carnaval. Não há quem não sonhe em conhecer a Cidade Maravilhosa e fazer os passeios mais tradicionais. Para os que já conhecem, não há quem não queira voltar. É assim, com uma magia particular, que os cariocas enchem o peito para falar do Rio e indicar seus melhores lugares. Rezar aos pés do Cristo Redentor, passear de bondinho, admirar a beleza do Pão de Açúcar, os arcos da Lapa, as praias e ainda o jeitinho todo especial que o carioca tem de curtir um bom boteco com chope gelado e bons petiscos fazem do Rio um destino especial. Tudo isso, sem contar com o lado histórico da cidade que respira arte, poesia e música. Estão nos bairros mais tradicionais as melhores programações da cidade: Copacabana, Ipanema, Botafogo, Leblon, Centro e Santa Tereza. E a melhor forma de conhecer os lugares

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é tirar o dia para andar a pé. Nas redondezas do Arpoador e de Ipanema, a tradicional feira reúne todos os domingos na Praça General Osório centenas de turistas. Para quem não dispensa uma comida tradicional, a dica é uma caipirinha acompanhada de uma boa feijoada na Casa da Feijoada, que fica ao lado da praça. Em Copacabana, fora a praia, no calçadão estão os restaurantes mais badalados. A dica é curtir o pôr-do-sol na filial da tradicional Confeitaria Colombo, que fica dentro do Forte de Copacabana. Chegando ao Leblon, onde a vida noturna é bem agitada, o polo gastronômico do bairro gira em torno dos arredores da Rua Conde de Bernadote. São várias quadras lotadas de bares, restaurantes e botecos muito bem frequentados. Em Botafogo, o Pão de Açúcar, o Museu do Índio, a Casa de Rui Barbosa, a Cobal do Humaitá, também recheada de bares e restaurantes, e o calçadão da Enseada de Botafogo, garantem finais de tardes memoráveis. Já no centro da cidade o turista vai respirar história. Não pode faltar uma visita ao Theatro Municipal, que passou por uma reforma recentemente, a Biblioteca Nacional e o Museu Nacional de Belas Artes, que ficam lado a lado. O Mosteiro de São Bento e o Centro Cultural Banco do Brasil também devem estar na lista. E para um fim de tarde mais tradicional, uma ida à matriz da Confeitaria Colombo deve fazer parte do roteiro. O pastel de Belém da casa faz sucesso há mais de 100 anos.

Folia Fora a exuberância histórica da cidade, no feriado não dá para dispensar a programação especial. Este ano, os foliões cariocas trazem mais uma vez o encanto do Carnaval de Rua, com as saudosas marchinhas, que contam o dia-a-dia dos bairros e de seus ilustres moradores. Ao todo serão 424 blocos e bandas. A estimativa da Riotur (Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro) é que a folia de rua reúna 3 milhões de pessoas neste ano –600 mil a mais que em 2010. Os blocos crescem a cada ano, não só em número e quantidade de público, mas em criatividade e animação. São tantos que é preciso organizar a agenda. Os horários e locais são divulgados no site www.rioguiaoficial.com.br. Mas se você faz parte dos foliões que não esperam a data oficial, a dica é participar dos ensaios das Escolas de Samba que seguem com programação até o dia 27 de fevereiro. A temporada começou no primeiro domingo de janeiro. Os ensaios acontecem todo sábado e domingo, com as arquibancadas franqueadas ao público, que ainda conta com a apresentação dos grupos de samba Deita e Rola, Regente e Estrela Negra, que se revezam para o tradicional Pagode da Marquês, sempre aos domingos, logo após a apresentação da última escola. Vários nomes consagrados do samba carioca já confirmaram a sua participação. • A repórter Elaine Santos viajou a convite da rede de hoteis Mercure, do grupo Accor

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Turismo Thiago Leon/arquivo vp

Guará Os desfiles na cidade voltam à avenida neste ano; escolas investiram até R$150 mil na folia

CARNAVAL

A Capital da folia está de volta Elaine Santos Guaratinguetá

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brilho das alegorias e adereços dos carnavalescos de Guaratinguetá estará de volta à Avenida Presidente Vargas em 2011. Seis escolas disputam o título: Acadêmicos do Campo do Galvão, Beira Rio da Nova Guará, Bonecos Cobiçados, Embaixada do Morro, Mocidade Alegre do Pedregulho e Unidos da Tamandaré. O luxo estará mais presente esse ano, uma vez que cada escola teve investimento estimado entre R$ 80 e R$ 150 mil.

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“O Carnaval vai acontecer na terça-feira (dia 8) com as seis escolas de samba. Como não saímos no ano passado, todas as escolas vão utilizar o mesmo samba enredo e as mesmas fantasias feitas para 2010. A diferença é que dessa vez tivemos mais tempo para nos preparar. Com isso, com certeza, o público vai ganhar um melhor acabamento no visual das alegorias de cada uma das nossas escolas”, disse Guaracimir Jorge Nascimento, o ‘Guará’, presidente da OESG (Organização das Escolas de Samba de Guaratinguetá). Cada escola recebeu da prefeitura R$ 80 mil, sendo R$40 mil referente à indenização devido ao cancelamento do Carnaval em 2010. “Acreditamos que esse ano o Carnaval do Vale se concentre em Guará. Lorena está sem

programação e São Luís do Paraitinga terá uma festa mais restrita. Com isso, estamos contando com um público de mais de 30 mil pessoas dia”, disse Nelson Baracho, secretário de Turismo de Guaratinguetá. A estrutura de arquibancada montada na avenida terá capacidade para 5.000 pessoas. O Carnaval começa na sexta-feira, dia 4 de março, com uma seresta, “O baile da saudade”, na Avenida do Samba. Sábado é a vez da Banda Mole. Com mais de 30 mil pessoas, o bloco sai da praça Conselheiro Rodrigues Alves, no centro, às 20h, e segue até a avenida. Domingo e segunda é a vez dos desfiles dos dez blocos de embalo –cada um deve concentrar cerca de 500 foliões. Já os desfiles das escolas de samba têm início às 21h de terça-feira. •

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Paladar

Roberto Wagner

Romanée-Conti: como pode um vinho custar quase 11 mil reais?

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e você quiser comprar uma garrafa do vinho Romanée-Conti, da safra 2004 disponível no Brasil, prepare-se para desembolsar R$ 10.980,00. Pudera, você estará comprando o vinho mais famoso do mundo. A história dele daria um romance, com muitas intrigas na corte de Luís XIV, o Rei Sol. Conta-se que, depois de ser submetido a uma cirurgia invasiva, o rei ficou à beira da morte. O médico da corte lhe recomendou, então, que bebesse um raro vinho da Borgonha do qual se diziam maravilhas. Era produzido na vila de Vosne-Romanée pelos monges da Abadia de Saint Vivant. Luís XIV o bebeu e recobrou a saúde. Tido como “o salvador da França”, tempos depois o vinho viria a se chamar Romanée-Conti. Muitos anos após o aparente milagre, o vinhedo dos monges foi comprado por Louis François de Bourbon, o príncipe de Conti. Da mesma dinastia do rei, ele se destacou como general do exército francês e depois assumiu a chefia do Serviço Secreto, passando a espionar os inimigos de Luís XIV. De Conti tornou-se o homem mais rico da França, proprietário de três castelos em Paris e outros doze nas cercanias. Em um deles, deu guarida a seu amigo Jean-Jacques Rousseau, quando o filósofo estava ameaçado de prisão. Tanta riqueza e poder

despertaram a inveja de toda a corte, em especial de Madame Pompadour, amante do rei. Quando o famoso vinhedo em Vosne-Romanée foi posto à venda pelos monges, Pompadour fez saber que iria adquiri-lo. Só por capricho, o príncipe de Conti impediu que ela o fizesse, pagando pelo vinhedo um preço absurdo, para que o vinho nele produzido fosse servido unicamente à sua mesa. Mas quando o vinhedo já havia passado às mãos de seu filho, veio a Revolução Francesa. O comitê revolucionário confiscou a propriedade e a pôs à venda, fazendo com que viesse a pertencer a sucessivos milionários franceses, até ser adquirida em 1896 por DuvaultBlochet, do qual descende seu atual diretor Aubert de Villaine. Quem compra uma garrafa de Romanée-Conti paga também por essa história que perpassa onze séculos, pois os monges deixaram registros sobre a bebida que produziam desde o século 10. Acima de tudo, paga-se por um vinho que provém de um pequeno vinhedo de menos de 20 mil metros quadrados, onde se produzem anualmente apenas 450 caixas na vinícola que o crítico Robert Parker Jr. considera “a mais importante do planeta”. Para encerrar, duas curiosidades. Em 2002 o publicitário Duda Mendonça abriu para Lula uma garrafa de Romanée-Conti, safra 1997, para comemorar a conquista da Presidência. E saiba que o maior colecionador mundial desse vinho é brasileiro e se chama Paulo Maluf.•

VALOR Quem paga este preço pelo Romanée-Conti compra sua história

Roberto Wagner jornalista

robertowagner@valeparaibano.com.br

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Hi-Tech ELETRÔNICOS

Top dos tops Seu aniversário está chegando? Quer presentear uma pessoa querida? Ou simplesmente acha que está na hora de dar arr uma modernizada em seus equipamentoss eletrônicos? A revista valeparaibano preparou parou pa arou uma seleção com alguns dos melhores eletroeletrônicos disponíveis no mercado brasileiro, entre televisores, notebooks, telefones celulares, mp3 players, câmerass fotográficas, filmadoras, caixas de som e GP GPS. PS. É claro que qualidade tem seu preço, e estes tess produtos não são baratos. Confira! Yann Walter São José dos Campos

CAIXAS DE SOM Esqueça tudo que você sabe, ou acha que sabe, sobre caixas de som. Grave apenas seis letras e um número: Beo Lab 5. O carro-chefe da dinamarquesa Bang & Olufsen não é uma simples caixa acústica: trata-se de uma verdadeira obra de arte, sem nenhum equivalente no mercado mundial. Uma aliança perfeita entre sofisticação e tecnologia. Em termos de tamanho, a Beo Lab 5 nem é tão imponente assim. Difícil acreditar que dali sai o som mais puro e cristalino já produzido em toda a história. Totalmente digital, para evitar qualquer interferência indesejada na reprodução, a caixa contém um amplificador de 2500 watts, portanto, não se preocupe com potência. E se você quiser usá-la como caixa de home theater, fique sabendo que ela dispensa subwoofer, já incorporado na estrutura. Mas o melhor ainda está por vir. Quem sempre busca o som mais natural possível sabe como é difícil tratar os graves em uma sala, ou escutar com nitidez os médios e os agudos. Pois a Beo Lab 5 tem um microfone e um conjunto de processadores para modular os sons em função do ambiente. Ou seja, o som chega a você com a mesma nitidez e clareza em todos os lugares da sala, independentemente da presença de móveis e outros obstáculos. O preço gira em torno de R$ 90 mil. Animado?

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NOTEBOOK A Apple conquista cada vez mais adeptos com sua linha de MacBooks, que combinam beleza e eficiência. Enquanto o MacBook Pro privilegia o desempenho, o MacBook Air, considerado o mais fino (0,28 a 1 cm de espessura) e o mais leve (até 1,5 kg) do mundo, aposta suas fichas no estilo. Ultra slim, compacto, moderno e sofisticado, o aparelho de 13 polegadas conta com armazenamento Flash de até 256 GB e resolução de 1440x900 pixels, superior à do MacBook Pro do mesmo tamanho. Ambos contam com tela widescreen brilhante retroiluminada por LED e processador gráfico NVIDIA GeForce 320M, mas a versão Pro é mais eficaz: tem mais memória (4 ou 8GB contra 2GB para o Air), e um processador mais potente (2,66GHz contra 2,13GHz). Além disso, a bateria dura mais (10 horas contra 7 para o Air). O quesito beleza, porém, puxa os preços para cima: o MacBook Air de 13 polegadas custa R$ 4.599 –R$ 800 a mais que o MacBook Pro do mesmo tamanho. Vale ressaltar que ao contrário do Air, o Pro tem uma versão de 17 polegadas, que custa R$ 8.199.

CÂMERA FOTOGRÁFICA Se você pedir para uma pessoa citar duas marcas de câmeras fotográficas, há 99% de chances que ela responda Canon e Nikon. Porém, quem realmente entende do assunto e acha a qualidade de imagem primordial terá outro nome na cabeça: Leica. Com a M9, a empresa alemã alcançou um novo patamar na fotografia digital. Não se deixem enganar por seu aspecto simples: extremamente compacta, a Leica M9 também é extremamente poderosa, com 18 megapixels de resolução, sensor full-size de 24x36mm, obturador super silencioso, ausência de filtro anti-moiré garantindo nitidez absoluta na captura, e ISO de 80 a 2500. Cabe frisar que o aplicativo para processamento nativo incluído no pacote é o Adobe Photoshop Lightroom. Interessado? Então verifique que tem pelo menos R$ 25 mil em sua conta bancária. Se achar pouco, a Leica também tem o modelo S2, um monstro de 37,5 megapixels que pode ser seu por... R$ 56 mil.

TELEVISOR Antes mesmo de ser ligado, o televisor LED de 55 polegadas da série C9000 da Samsung já impressiona. Com menos de um centímetro de espessura, este monitor com laterais de titânio escovado está entre os mais finos existentes no mercado. No entanto, o design ultramoderno não é o maior trunfo do aparelho. A tecnologia Internet@TV permite acessar diretamente os conteúdos da internet. A qualidade da imagem é garantida pelas tecnologias Full HD e Clear Motion Rate – que aumenta em 16 vezes a velocidade de processamento de imagem, bem como pela resolução de 1920x1080 pixels e o Ultra Clear Panel, que absorve a luz externa e elimina o reflexo. Obviamente, o aparelho também possui a tecnologia 3D. O preço? R$ 14 mil. É caro, mas em compensação você não precisará mais ir ao cinema.

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Hi-Tech

TELEFONE CELULAR Hoje em dia, quem quer um bom telefone celular procura um smartphone. E quando se pensa em smartphone, um nome vem logo à cabeça: Blackberry. No Brasil, um dos melhores aparelhos disponíveis é o 9520 Storm 2, que vem com todos os recursos imagináveis (câmera de 3,2 MP com flash automático, autofoco e zoom digital, GPS integrado, Mediaplayer, gravação de vídeos, e-mail sem fio, organizador e navegador). A tela LCD touchscreen de 3,2 polegadas e alta resolução (480x360 pixels) é sensível à luz, e apresenta mais de 65 mil cores diferentes. A duração da bateria é de 6 horas (15 dias em modo de espera). Desbloqueado, o aparelho custa em torno de R$ 2.400.

MP3 PLAYER Assim como para os notes, não dá para deixar de citar a Apple quando o assunto é MP3 Player. O recém-lançado iPod Touch com memória de 64GB permite armazenar nada menos que 16 mil músicas. Mas este não é o único atrativo deste aparelho, de apenas 7.2 milímetros de espessura: sua tela widescreen multi-toque de 3,5 polegadas tem uma resolução de 960x640 pixels, ou seja, uma incrível densidade de 326 pixels por polegada. Esta densidade é obtida graças à tela retina, retroiluminada por LED e com sensor de luz ambiente que ajusta o brilho da tela para melhor visualização. A nitidez dos textos e das cores e a qualidade das imagens reproduzidas pela tela do iPod Touch é realmente impressionante, superior à dos modelos mais antigos lançados pela empresa de Steve Jobs. Trata-se, sem dúvida, do principal diferencial deste aparelho, que ainda tem o aplicativo FaceTime (conversa com vídeo) e permite gravar vídeos em alta definição. Preço do brinquedinho: R$ 1.299.

GPS Em se tratando de GPS para carros, duas grandes marcas dominam o mercado: Garmin e TomTom. A primeira é mais forte nos EUA, enquanto a segunda é líder na Europa. O Nüvi 3760, da Garmin, chegou ao Brasil no fim do ano passado. Com espessura de 0,8 cm, é o equipamento de navegação portátil mais fino do mercado. Além disso, pesa somente 115 gramas. O aparelho, que usa mapa da Navitech, inclui 893 cidades brasileiras totalmente navegáveis, e 1.393 identificadas. Um dos grandes diferenciais está na tela LCD multi-toque de 4,3 polegadas. A qualidade da imagem é realçada pela resolução de 800x480 pixels. O novo brinquedo da Garmin ainda vem com Bluetooth e visualizador de fotos. Uma crítica: não exibe prédios em 3D. Aos amantes de velocidade, o sistema único de aviso de radares fornece alertas em tempo real. Tudo isso por pouco mais de R$ 1.000.

FILMADORA Difícil falar em filmadora sem mencionar a Sony. E neste quesito, o carro-chefe da firma japonesa é sem dúvida a Hadycam HDR-XR350. Além da alta definição (Full HD), a tecnologia I Auto, que ajusta automaticamente o contraste entre brilho e luminosidade, garante uma qualidade de imagem acima da média. O sensor CMOS Exmor R permite a gravação de vídeos com imagens de alta resolução e sensibilidade com muito mais brilho e detalhes, mesmo em ambientes escuros, e a tela LCD de 2,7 polegadas sensível ao toque proporciona excelente visualização. Outro destaque do aparelho é o Face Detection, que detecta as faces existentes no ambiente e ajusta automaticamente o foco, a cor e a exposição. Detalhe: a HDR-XR350 tem memória interna de 160 GB, o que representa uma capacidade de gravação de 67 horas. Ou seja, por pouco menos de R$ 4.000, você pode passar quase três dias filmando sem parar. Divirta-se!

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Moda&estilo CARREIRA

Super tops Modelos do Vale do Paraíba ganham renome internacional no currículo, com direito a campanhas de moda e publicidade pelo mudo afora

Cristina Bedendo São José dos Campos

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consolidação na carreira de modelo, com direito a campanhas internacionais no currículo não é tarefa das mais fáceis para quem escolhe a profissão. E o Vale do Paraíba hoje está muito bem representado por jovens modelos com trabalhos de peso pelo mundo. Um desses nomes é a joseense Gracie Carvalho, 20 anos, considerada uma das tops mais requisitadas entre as revistas de moda brasileiras e, há algum tempo, também no circuito internacional. Quando começou na carreira, há dois anos, o principal sonho de Gracie era desfilar para a grife Victoria’s Secret. Após algum tempo morando em Nova York e muitos trabalhos realizados para a marca, ela

GRACIE CARVALHO Modelo joseense é uma das tops mais requisitadas pelas revistas de moda no circuito internacional

FERNANDA HERINGER FE Modelo começou ccarreira na região e já fez trabalhos no México e Europa para marcas co como Dolce & Gabbana

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realizou esse desejo comum entre as meninas que buscam a carreira. “Já trabalho com a Victoria’s Secret há um ano e meio, mas só agora fui convidada para participar do desfile. Realizei meu sonho”, conta a modelo. Mas o sucesso da moça não para por aí. Apesar de morar em Nova York, ela tem clientes em Londres, Paris e Milão, e anda com a agenda cheia. “Também acabei de fotografar em Dubai e achei incrível. Gostaria muito de trabalhar mais no Brasil, mas por enquanto a minha agenda não permite”, afirma. No Brasil, aliás, ela começou o ano com um editorial para a revista Vogue, fotografado por Bob Wolfenson. Entre as campanhas internacionais, a joseense já estrelou trabalhos para a GAP, Tommy Hilfiger e Express. E tem muitos planos para 2011, claro. “Estou estudando inglês com um professor que dá aula para atrizes famosas de Hollywood, acabei de renovar o meu contrato com a Victoria’s Secret e tenho muitas propostas de trabalho. Continuo ajudando a minha família, acabei de construir uma casa ótima para a minha mãe em São José e estou p comprando dois apartamentos: um em São Paulo e outro em Nova York”, conta Gracie. ue a top gostaria de trabalhar Entre as marcas que no futuro está uma campanha de beleza de uma

linha específica para mulheres morenas. “Também adoraria fazer a campanha da Versace”. Outro nome de São José dos Campos é a modelo Fernanda Heringer, 27 anos, que começou sua carreira na região e já fez trabalhos internacionais no México e na Europa para marcas como Dolce & Gabbana e Avon Internacional. No Brasil, Fernanda acaba de estrelar as campanhas do Banco Santander e da Unimed e já trabalhou com diversas revistas, como Nova, Vip, Corpo a Corpo e Boa Forma. Atualmente, Fernanda trabalha com duas agências: a WR Modelos, em São José, e a Elite, em São Paulo. Para 2011, a modelo pretende retomar sua carreira internacional e deve viajar para quatro países. “Tenho muita vontade de fazer trabalhos para a Calvin Klein, pois gosto do estilo da marca”, conta a modelo. E não são apenas as mulheres que se destacam na carreira de modelo. Pedro Cavalca, 23 anos, de Guaratinguetá, conta com um currículo de peso. Entre os seus primeiros trabalhos no Brasil estão o editorial para a Audi Magazine, campanhas da Vide Bula e Fause Haten e desfiles para marcas como Ricardo Almeida. Na esfera internacional,, Pedro ficou uma temporada na Europa e trabalhou com nomes como Dolce & Gabbana, Bottega ga Veneta e Ballantyne Cashmire. “Não tem m um único

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trabalho que considero mais bacana dentre todos até hoje, pois cada um teve seu significado especial pra minha carreira em questão de projeção, oportunidades e crescimento como profissional”, afirma. Para 2011, os planos do modelo é ficar no Brasil no primeiro semestre cursando a faculdade de Administração e Comércio Exterior, em São Paulo. “Mas acredito que retorno para Paris ou Nova York no segundo semestre. Sempre gostei muito de viajar e a carreira de modelo me proporcionou conhecer novos lugares”, conta Pedro, que sempre está em Guará nos finais de semana para curtir a família e os amigos. Já o modelo Bruno Santos, 26 anos, de Taubaté, se concentra em trabalhos fora da esfera da moda. Ele deixou o curso de Arquitetura de lado e resolveu investir de verdade na carreira a partir de 2008, com trabalhos que envolvem marcas como a Cerveja Itaipava, Nutrilatina, Centauro, Áquarius Fresh, Purina e, recentemente, uma campanha para a TAM. Além dos trabalhos no Brasil, Bruno passou dois meses em Abu Dhabi e Dubai para alguns trabalhos como presença vip em festas e eventos como a Fórmula 1 e Mundial da Fifa. “Entre março e abril pretendo ir trabalhar em algum outro país novamente, que tenha mais o meu perfil de campanhas”, conta. •

PEDRO CAVALCA

Nascido em Guará, modelo viaja o mundo e carreira ganha, cada vez mais, projeção internacional BRUNO SANTOS Modelo de Taubaté voltou recentemente de uma temporada de trabalho em Abu Dhabi e Dubai

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Tempos ModernosArtigo

Alice Lobo

Após a temporada no Rio, parece que voltamos à Idade da Pedra

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nfelizmente não é sempre que vemos uma boa idéia, ou boa iniciativa, ir adiante. Defender o fim do uso de peles de animais da moda, apesar de já ter sido bandeira de grandes estilistas parece ter perdido seu apelo.

Nesta última edição do Fashion Rio e do Fashion Business, que aconteceram na semana passada, no Rio de Janeiro, foi possível ver uma verdadeira procissão de modelos usando peles. E, muitas delas, verdadeiras! Estilistas conhecidos inclusive por trabalhos com sustentabilidade, como Carlos Miele, colocaram na passarela modelos trajando peles de animais. Uma cena triste de se ver. Talvez a “consciência” ecofriendly de algumas pessoas do mercado da moda não passe de mera jogada de marketing. Se for isso mesmo, o fato da diretora da maior revista de moda do mundo, Anna Wintour, defender publicamente o uso de peles de animais seguramente não ajuda. Essa posição, aliás, já custou a ela uma torta na cara na saída de um desfile, em 2005. Bem merecido, por sinal. Por outro lado, nem tudo parece estar perdido. Alexandre Herchcovitch, em 2010, me disse pessoalmente no backstage de um de seus desfiles que não há porque usar peles verdadeiras e que todas as do seu desfile na época eram falsas, há outros exemplos que merecem

MERCADO “ Talvez a ‘consciência’ eco-friendly de algumas pessoas do mercado da moda não passe de mera jogada de marketing” ser citados. Karl Lagerfeld, estilista da Chanel, por exemplo, colocou icebergs no seu cenário, no último desfile de inverno da Chanel, em alusão ao derretimento do gelo polar. Neste mesmo desfile, todas as

peles usadas eram falsas. Afinal, esse é o sinônimo do luxo contemporâneo. Consciência, aliada à atitude e ao estilo. Pensando bem, é a primeira vez em que usar algo falso é chique. •

Alice Lobo Jornalista alice@valeparaibano.com.br

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BELEZA

Fragrâncias do verão Conheça as novidades do universo dos perfumes e as notas mais indicadas para a estação mais quente do ano

Cristina Bedendo São José dos Campos

á pessoas que identificamos pelo perfume. E há perfumes para lembrarmos das pessoas. No verão, apesar do clima quente, o brasileiro não deixa o hábito de se perfumar. Mas as fragrâncias para a temporada quente devem ser mais leves, frescas e menos invasivas. As notas mais usadas nesta estação são os florais frescos, verdes e frutados, fougere fresco e marine e chipre cítrico e frutado. Outra dúvida que pode surgir é em relação à quantidade do produto. O ideal é prestar atenção nos frascos. Colônias sem válvulas são indicadas para o uso em abundância e, por isso, são ideais para o verão. Já aquelas com válvulas, você pode borrifar de duas a três vezes em regiões como pescoço, pulso e colo. Os frascos pequenos, com aplicadores delicados, provavelmente guardam produtos concentrados e devem ser aplicados com apenas um toque. E não custa lembrar: evite o uso de perfume na praia ou piscina, pois algumas matérias-primas, como os cítricos, são fotossensíveis e podem causar alergias e manchas na pele. Para as mulheres, as fragrâncias mais indicadas no verão são as florais, leves e adocicadas, que remetem a uma sensação de bem-estar e aconchego. Para os homens, a dica é escolher aromas frescos, com notas cítricas. E mais: quanto mais hidratada estiver a pele, maior é o tempo de fixação da fragrância.

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Signature Story, de David e Victoria Beckham Super contemporâneas, as novas fragrâncias assinadas por David e Victoria Bekham trazem notas sofisticadas.

Natura Águas de Viver A Natura acaba de lançar a coleção Águas de Viver, inspirada nos cheiros e intensidade dos dias ensolarados. São três fragrâncias florais –uma refrescante, uma envolvente e uma sensual. São cítricos vibrantes e frutais exóticos, com florais delicados, em um fundo marcante de madeiras, âmbar e um toque de vanila. Preços sugeridos: R$ 48,50 (150 ml)

Preços sugeridos: R$ 99 (30 ml), R$ 129 (50 ml) e R$ 189 (75 ml)

Sarah Jessica Parker New York City SJP NYC foi inspirado na essência de Carrie Bradshaw, personagem de Sarah Jessica Parker em Sex and The City. Fragrância floral frutal, composta por notas suaves e sensuais de morango silvestre e gardênia exuberante.

Dsquared² He Wood Ocean Wet e She Wood Crystal Creek São ideais para os amantes da natureza. Na versão masculina, destaque para as notas de âmbar cinza, folhas de violeta, almíscar, madeira de cedro, patchuli e vetiver. Já a feminina é um floral aquoso amadeirado, composto por notas de espinheiro-alvar, jasmim, almíscar, folhas de violeta, vetiver, madeira branca e sândalo.

Preço médio: R$ 117 (30 ml)

Preços variam de R$ 214 a R$ 304

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Mila Kunis revela em entrevista que já foi cega de um olho

Notas & fatos

Mila Kunis, 27, revelou ter sofrido por anos com uma irite crônica, que é uma espécie de inflamação na íris --a parte colorida do olho. “Fui cega de um olho por muitos anos, e ninguém sabia”, contou à revista “Cosmpolitan”, cuja capa de fevereiro é estampada por ela. “Mas não sou mais cega”, disse. “Fiz uma cirurgia há alguns meses. Eles cortaram, abriram e colocaram uma lente lá dentro.” Ela se negou a comentar sobre o relacionamento com o ator Macaulay Culkin, que terminou há alguns meses. “Nunca falei sobre isso e nunca falarei. A razão pela qual consigo ter um relacionamento é porque eu não falo sobre ele”. A atriz também elogiou os astros com quem já trocou beijos na tela, como Justin Timberlake, Ashton Kutcher, James Franco e Natalie Portman --em polêmicas cenas lésbicas no filme “Cisne Negro”.

Victoria Beckham espera seu quarto filho David e Victoria Beckham estão esperando seu quarto filho, disse a porta-voz de Victoria. O astro do futebol inglês e sua mulher estilista vivem em Los Angeles, onde ele joga pelo LA Galaxy. O casal já tem três filhos –Brooklyn, de 11 anos, Romeo, de 8 anos, e Cruz, de 5 anos. “David e Victoria Beckham estão encantados em confirmar que estão esperando seu

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quarto filho para o verão”, disse Jo Milloy, em comunicado enviado por e-mail. “Brooklyn, Romeo e Cruz estão muito animados com a chegada de seu novo irmão ou irmã.” A notícia foi divulgada em janeiro, no mesmo dia em que a proposta de empréstimo de Beckham para o clube inglês Tottenham Hotspur fracassou, mas ele ainda irá treinar com a equipe londrina.

BBB 11

A mesma marmelada Como sempre, o Big Brother Brasil vira assunto do brasileiro no início do ano. Até os que juram odiar acabam tecendo comentários sobre o programa. Mas desta vez a marmelada está escancarada na escolha dos participantes. Nunca mais, uma “Cida” ganhará um prêmio. Pelo menos seis integrantes dessa nova casa têm ligações com ex-BBBs. Entre os competidores, dançarina do cantor Latino, ex-misses, uma transsexual, um blogueiro homossexual, enfim, a receita do marmelo.

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CINEMA

Spike Lee vai filmar no Brasil

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gla Michael Dou CURA

Michael Douglas diz que venceu o câncer O ator americano Michael Douglas diz que conseguiu vencer sua batalha contra o câncer na garganta que o obrigou a fazer quimioterapia nos últimos meses. “Me sinto bem, aliviado”, declara o ator em entrevista ao apresentador Matt Lauer, do programa “The Today Show”, da rede “NBC”. Em agosto passado, Douglas, de 66 anos, foi diagnosticado com um tumor maligno na garganta em fase 4. Agora, o ator está otimista sobre sua vitória contra o câncer.“Acho que as apostas são de que o tumor terminou”, ressaltou.

Quem falou o quê? ”Nunca brigamos, mas a energia dela não tem nada a ver com a minha” Da apresentadora Glória Maria, ao dizer que não é amiga de Renata Ceribelli, também apresentadora da rede Globo

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Universal vai pagar R$ 150 mil para Xuxa A Editora Gráfica Universal terá que pagar R$ 150 mil de indenização por dano moral à Xuxa Meneghel. O motivo foi ter publicado na “Folha Universal” de agosto de 2008 que a apresentadora é “satanista” e que teria vendido sua alma para o demônio por US$ 100 milhões. Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, na petição inicial do processo, Xuxa declarou que “tem uma imagem pública a zelar, principalmente no meio infantil, e que a conduta da ré lhe causou danos morais, sobretudo por ser pessoa de muita fé”. Já a editora se defendeu alegando seu direito de informar e que não o fez com abuso, já que os fatos mencionados em sua reportagem já foram objeto de outras matérias em outros veículos.

Spike Lee tem uma quedinha pelo Brasil, isso não é novidade. Dessa vez, Lee quer rodar um longa por aqui. “The Beautiful Game” vai girar em torno do futebol e deve ser lançado na Copa do Mundo de 2014. Para dirigir o filme, Spike Lee deve escolher algum brasileiro. Não existem favoritos ainda. HOLYWOOD

Andrew Garfield posa em revista

”Diziam que a bicicleta ia entrar na minha bunda”” Leandro Hassum, ator, lemmbrando o preconceito que sofria quando era mais novo por ser gordo

”Está em um armário, bem escondida” Mel Lisboa, atriz, mostrando-se preocupada em esconder do filho de dois anos a edição da “Playboy” na qual estampou a capa

O ator Andrew Garfield, sucesso em “A Rede Social”, posou para edição de fevereiro da revista norte-americana “Details”. Em entrevista à publicação, o ator inglês falou sobre os desafios de aceitar o papel de Peter Parker em Homem Aranha 4. “São muitos. Fazer isso ser autêntico, fazer o personagem viver e respirar de uma forma diferente. O público já tem uma identificação com outras interpretações do herói”, disse.

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ValeViver

ValeViver CINEMA

And the Oscar goes to... Apesar das 12 indicações para ‘O Discurso do Rei’, o filme que conta a história do Facebook pode repetir a dose do Globo de Ouro; Brasil está representado por ‘Lixo Extraordinário’ Franthiesco Ballerini São Paulo

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economia norte-americana pode até cambalear, mas o Oscar continua sendo a premiação cinematográfica de maior prestígio do mundo. Em parte graças ao poderio de Hollywood, outra parte se deve ao próprio esquema de votação, como veremos nas linhas abaixo. Mas antes disso, falemos sobre os candidatos deste ano, a qualidade das produções e suas chances. Para os brasileiros, a boa notícia foi a indicação do filme “Lixo Extraordinário” ao Oscar de Melhor Documentário. Co-produção Brasil-Reino Unido, o filme mostra o trabalho do artista plástico Vik Muniz com catadores de lixo do Rio de Janeiro. Vik Muniz foi quem criou, por exemplo, o cenário da abertura da novela “Passione”, que terminou recentemente na Globo. E a co-produção tem grandes chances de amealhar o Oscar, especialmente porque sua temática – envolvendo a valorização do lixo e a consciência ambiental e social de quem trabalha com ele – está em voga no

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mundo inteiro. Co-produzido pela O2 Filmes, de Fernando Meirelles, e dirigido pela inglesa Lucy Walker, “Lixo Extraordinário” não tem concorrentes fortes, a citar, “Exit Through the Gift Shop”, do artista plástico Bansky, “Trabalho Interno” (Charles Ferguson), “GasLand “(Josh Fox) e “Restrepo” (Tim Hetherington e Sebastian Junger). Rodado ao longo de três anos com catadores de lixo em Duque de Caxias (RJ), o maior lixão da América Latina, também cenário de Estamira, que em 2004 amealhou vários prêmios para Marcos Prado. Fora o documentário brasileiro, as indicações trouxeram poucas surpresas. “Biutiful”, filme de Alejandro Iñarritú que perdeu feio o Globo de Ouro, ganhou indicação a melhor ator para Javier Bardem. Annette Bening, grande favorita, ganhou indicação pela homossexual vivida em “Minhas Mães e Meu Pai” – estranho foi Julianne Moore ter ficado de fora, já que seu papel como companheira de Annette também é marcante. Na categoria de ator, Christian Bale é um dos favoritos por “O Vencedor”, especialmente porque ganhou o Globo de Ouro pelo papel que o fez perder muito peso. A boa notícia foi o reconhecimento de “A Origem”, que passou praticamente despercebido no Globo de Ouro.

O filme de Christopher Nolan – uma espécie de quebra cabeça futurista e surrealista interessantíssimo – recebeu oito indicações, incluindo Melhor Filme e Roteiro Original. Boas chances de levar este último para casa. Entre os indicados a Melhor Filme, embora “Cisne Negro”, “O Vencedor” e “O Discurso do Rei” sejam chamativos, chance mesmo tem “A Rede Social” (que conta a história da criação do Facebook) repetir o êxito do Globo de Ouro. Ou pelo menos amealhar os principais prêmios. Dirigido por David Fincher (“Seven”, “Clube da Luta”), é o grande favorito, inclusive para Melhor Diretor, onde só tem como forte concorrente os Irmãos Coen por “True Gift”. Embora “O Discurso do Rei” tenha levado 12 indicações, pois a Academia tradicionalmente gosta de filmes de época, especialmente falando do universo anglo-saxão, é capaz de “A Rede Social”, com oito indicações, levar mais estatuetas, já que o Oscar tem se seduzido por histórias mais contemporâneas. Aliás, aqui reside a grande disputa do ano, entre o Rei George, monarca gago que conduziu a Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial, ou Mark Zuckerberg, norte-americano criador do maior site de relacionamentos do século 21. Tradição ou modernidade? A disputa será acirrada.

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Natalie Portman, indicada ao prêmio de melhor atriz pela interpretação em ‘Cisne Negro’

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ValeViver Tessa Posthuma

CAMPEÃO

’O Discurso do Rei’ indicado a 12 prêmios, incluindo melhor filme e melhor ator para Colin Firth

Como funciona o Oscar? O Oscar nasceu como uma grande panelinha e se tornou democrático ao longo das décadas. Explico. Os anos 1920 marcam o início da Era de Ouro de Hollywood, quando as produções dos estúdios localizados em Los Angeles já haviam dominado o mercado interno dos EUA e, graças à Primeira Guerra Mundial, que enfraqueceu a Europa, abriu caminho para a dominação do mercado cinematográfico mundial. Milionários, os donos dos estúdios conseguiam concretizar nas telas qualquer história, pois não havia concorrência nenhuma no mundo – lembre-se que a TV ainda não existia. Faltava o que para eles? Prestígio. Foi quando Louis B. Mayer, chefe da MGM (estúdio que fechou as portas recentemente, mas que era o mais rico da época), propôs aos colegas dos outros estúdios a criação de um prêmio que consagrasse suas próprias produções, surgindo, então, em 1929, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Ou seja, pura panelinha, já que as produções estrangeiras (fora de Hollywood), até hoje só ganham espaço significativo na premiação em anos de produções fracas dos estúdios ou de queda de audiência da premiação. E o nome Oscar, como surgiu?

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Esta é uma história controversa. Há duas versões para o nome popular da estatueta folhada a ouro de 35cm e 4kg que vale em torno de US$ 200. Criada pelo diretor de arte Cedrig Gibbons e pelo escultor George Stanley em 1929, a primeira versão conta que a secretária executiva da Academia, Margareth Herrick, ao ver pela primeira vez a estátua, disse que parecia muito com seu tio Oscar. A versão é sustentada até hoje, pois fora ouvida por um jornalista que publicou a história num jornal. Já a versão menos aceita é de que a atriz Bette Davis o teria apelidado assim por sua semelhança física com o primeiro marido, chamado Oscar. E apesar de dar a maior parte dos prêmios para as produções da panelinha dos estúdios de Hollywood até hoje, o Oscar tem seu prestígio mantido por conta de seu esquema de votação. Ao contrário do Globo de Ouro, no qual votam apenas alguns poucos correspondentes estrangeiros que cobrem o cinema dos EUA, no Oscar são quase 6 mil votantes, chamados membros, e formados por todos que já receberam uma indicação ao prêmio, membros de sindicatos de Diretores e Atores etc. Ou seja, a cada ano, em tese, há mais e mais votantes no Oscar. Em tese porque, para votar, é preciso

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FAVORITO

Com oito indicações, ‘A Rede Social’ pode repetir o sucesso de premiação conseguido no Globo de Ouro

estar em dia com uma taxa de anuidade, o que nem sempre acontece. Ou seja, ver os indicados que é bom, isso é secundário. Quando dizem que o Oscar é o ápice da carreira dos filmes é porque as produções concorrem, antes, a diversos prêmios de Associações de Críticos, Roteiristas, além de prêmios de sindicatos, Guias etc. Estes servem como termômetro e até uma espécie de pré-seletor dos que vão levar o Oscar. Há surpresas de vez em quando, mas a regra é que o Oscar seja o prêmio final da trajetória bem sucedida do longa metragem em outras premiações prévias, até porque todos estes críticos, roteiristas e membros de sindicatos votam no Oscar e reafirmam os prêmios ganhos anteriormente. O Brasil, infelizmente, tem perdido representatividade no Oscar. Primeiro porque são raros os anos nos quais chegamos a ter um indicado – neste ano, tentamos com “Lula, o Filho do Brasil”, mas não chegamos nem perto dos finalistas. Segundo porque mesmo os seus membros votantes nem sempre votam porque não assistem a todos os concorrentes ou simplesmente porque não pagaram a taxa de anuidade. É o caso de Fernando Meirelles. Indicado em 2004 por “Cidade de Deus”,

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desde 2007 ele não paga a taxa anual de US$ 250. Pão-duro? Diz ele que não é por razões financeiras, mas porque não tem tempo de acompanhar os indicados e porque cinema é uma arte subjetiva e, portanto, difícil de classificar melhores e piores. O mesmo acontece com a atriz Fernanda Montenegro, indicada por “Central do Brasil” em 1999, e o roteirista Bráulio Mantovani (“Cidade de Deus”). Argumentam que não recebem todos os filmes, só de alguns que os estúdios fazem um “esforço” para emplacar entre os candidatos. Ou seja, embora seja impossível controlar o voto de 6 mil pessoas, em tese quem tiver mais força financeira (grandes estúdios por trás) têm mais chances de levar a melhor no Oscar. Em suma, os brasileiros votantes têm diversos argumentos para justificar não participarem da votação. Mas como numa eleição presidencial, deixar de votar significa também permitir que outros decidam por você. E, neste quesito, perde a diversidade, perde a representatividade do cinema latino-americano, ou não hollywoodiano. No cinema, estudar os candidatos é mais prazeroso que na política. Basta ver os filmes. Só não é de graça. Mas o que são US$ 250 para quem já foi indicado ao Oscar?

Consulte-nos! Para falar diretamente com Claudia Panella, ligue direto do Brasil para os Estados Unidos ao custo de uma ligação local: (11) 3957-0493, ou mande um email para: Claudia@cpanella.com

CLAUDIA PANELLA

CIPS - Certi ied International Property Specialist TRC - Transnational Referral Certified FAR, NAR, ORRA Member Radicada em Orlando, na Flórida, há 14 anos associada à Coldwell Banker, empresa mundial com mais de 100 anos de existência.

Brasil: (11) 3957-0493 • Cel: 0-XX-1-407-947-5026 Coldwell Banker Of ice:0-XX-1-407-352-1040 r: 142 7626 Sandlake Rd • Orlando, Fl • 32819 Email: claudia@cpanella.com www.ClaudiaPanella.com * Sujeito à aprovação, inanciamento com 30% de entrada para imóveis acima de 150 mil dólares. ** Mais de 3.300 escritórios presente em mais de 50 países. Top Imobiliária nos Estados Unidos. Coldwell Banker Real Estate LLC. Coldwell Banker®, Coldwell Banker Previews International®, e Previews® são marcas registradas licenciada a Coldwell Banker Real Estate LLC. An Equal Opportunity Company. Equal Housing Opportunity. Owned And Operated By NRT LLC.

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INDICADOS Filme “Cisne Negro” “O Vencedor” “A Origem” “Minhas Mães e Meu Pai” “O Discurso do Rei” “127 Horas” “A Rede Social” “Toy Story 3” “Bravura Indômita” “Inverno da Alma” Ator Javier Bardem - “Biutiful” Jeff bridges - “Bravura Indômita” Jesse Eisenberg - “A Rede Social” Colin Firth - “O Discurso do Rei” James Franco - “127 Horas”

Atriz Annette Bening - “Minhas Mães e Meu Pai” Nicole Kidman - “Reencontrando a Felicidade” Michele Williams - “Namorados para Sempre” Jennifer Lawrence - “Inverno da Alma” Natalie Portman - “Cisne Negro” Diretor Daren Aronofsky - “Cisne Negro” David Fincher - “A Rede Social” Tom Hooper - “O Discurso do Rei” David O. Russell - “O Vencedor” Joel Coen e Ethan Coen - “Bravura Indômita” Ator coadjuvante Christian Bale - “O Vencedor” John Hawkes - “Iverno da Alma” Jeremy Renner - “Atração Perigosa” Mark Ruffalo for - Minhas Mães e Meu Pai Geoffrey Rush - “O Discurso do Rei” Atriz coadjuvante Amy Adams - “O Vencedor” Helena Bonham Carter - “O Discurso do Rei” Melissa Leo - “O Vencedor” Hailee Steinfeld - “Bravura Indômita” Jacki Weaver - “Animal Kingdom”

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Roteiro Original “A Origem” “Minhas Mães e Meu Pai” “O Discurso do Rei” “Another Year” “O Vencedor” Documentário “Exit through the Gift Shop” “Gasland” “Trabalho Interno” “Restrepo” “Lixo Extraordinário” Efeitos visuais “Alice no País das Maravilhas” “Além da Vida ” “A Origem” “Homem de Ferro 2” “Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1”

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SHOW

Ultraje invade a praia do Sesc São José dos Campos

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Ultraje a Rigor toca no dia 26 de fevereiro no Sesc São José dos Campos. Sucesso nos anos 80, o grupo comandado por Roger sobe ao palco com grandes clássicos da carreira, entre eles, “Mim quer Tocar”, “Pelado”, “Vamos Invadir sua Praia”, “Eu gosto é de Mulher” e “Inútil”. Em 20 anos de estrada, o Ultraje a Rigor acumula 19 álbuns. Formada nos anos 80, a banda paulista começou como cover de outros conjuntos da época e de outras gerações, como Beatles. O show está marcado para as 20h30 e os ingressos custam de R$ 7,50 a R$ 30. Neste mês, a banda lança sua biografia “Nós Vamos Invadir Sua Praia”, escrita pela jornalista Andréa Ascenção, com edição da Belas-Letras. O livro terá 352 páginas e contará a história do grupo, trazendo declarações dos atuais e ex-integrantes e mais de 100 fotos. •

ROGER Músico canta maiores sucessos da banda no próximo dia 26 no Sesc

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PERFIL

Dez anos longe do Raimundos Ex-vocalista da banda de rock, Rodolfo Abrantes, 37 anos, segue dedicado ao trabalho de evangelização através da música Hernane Lélis São José dos Campos

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odolfo Abrantes, 37 anos, não usava calças coloridas, não alisava o cabelo com chapinha e pouco menos tinha uma legião de seguidores no Twitter. Com roupas largas, cabelo raspado e fora do mundo virtual, liderou uma das maiores bandas de rock do Brasil, os Raimundos. Foram seis CDs gravados e pouco mais de 2,5 milhões de cópias vendidas até abandonar o grupo no auge da carreira, há dez anos, para se dedicar à vida cristã. O microfone que servia para cantar refrões recheados de palavrões é usado agora para pregar o evangelho, transformando o palco em um verdadeiro altar. “O Rodolfo daquela época morreu ou está morrendo a cada dia. Ele tem que morrer para o novo homem aparecer”, diz. O novo homem que vem aparecendo ao longo dos anos se considera um “velho desinformado” quando o assunto é a nova geração do rock nacional. Influenciado no início da carreira pela banda punk Ramones, Rodolfo considera-se livre para tocar o que quer, mantendo-se fiel apenas a Deus. “Não vou perder tempo falando nada numa música só para entreter. Vou usar a música com todo poder que ela tem”.

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Como está a vida do Rodolfo na caminhada cristã, dez anos após ter deixado o Raimundos? Vejo os frutos dessa minha decisão em vidas transformadas, é um trabalho muito gratificante. Por onde a gente passa tem o feedback das pessoas em relação ao nosso trabalho. Venho de uma geração que era tida como perdida por muita gente, que não tomava apenas uma cervejinha. Era uma galera que fumava pedra, que mexia com coisa pesada. Mas, quando a gente acredita no chamado de Jesus e segue os ensinamentos Dele, a vida muda. Por que muitos artistas que se convertem duram pouco tempo na fé? A gente nunca tem como julgar nem como saber o que acontece. Só posso falar por mim. Tive uma experiência com Deus que me deu alegria, que me deu paz, sentindo e foi resposta para muitas perguntas que eu tinha. Minha vida foi realmente transformada por Ele. Agora, existe todo tipo de gente, alguns que nunca tiveram uma experiência com Deus e precisam que algo aconteça para se convencerem que Ele realmente existe e outros que só quer usar disso como estratégia para mudar a sua imagem. Acho que a grande diferença é o nível de entrega. As tatuagens foram as únicas coisas que sobraram do Rodolfo da era Raimundos? O Rodolfo daquela época morreu ou está morrendo a cada dia. Ele tem que morrer para o novo homem aparecer. É um processo que se não for pelo espírito a mudança não vem de dentro para fora. Então, leva tempo para poder se transformar, mas sei que até o dia em que morrer serei tocado, aprenderei uma coisa nova. Espero que não tenha sobrado nada do Rodolfo de antigamente. Você ainda escuta Ramones? Não escuto. Não me identifico com os temas das músicas, não acrescenta nada em meu modo de

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vida. Não me atrai mais. Nem uma batidinha com o pé se passar um carro ao seu lado tocando Pet Cemetery? Não é impossível ter esse desapego quando se está numa obra de Deus. É uma obra Dele e não nossa. Vou falar a real. A galera olha para mim e acha que eu ainda curto som pesado. Isso não tem mais nada de novo para mim, curti isso minha vida inteira e sei exatamente o que vem depois. Me atrai muito mais ver uma pessoa fazendo um som com violão, uma coisa simples e pura. Na época que estava com o Raimundos não tinha som ou CD em casa e no carro, música para mim tinha virado emprego de chato. E o que você escuta hoje? Tudo aquilo que eu me identifico, mais músicas voltadas para o louvor e adoração a Deus. Hoje em dia tem bandas maravilhosas, falando sobre aquilo que acredito. É nesse caminho que eu vou. Acompanha o cenário do rock brasileiro, as novas bandas? Não. Sou do tipo que ficou velho e não sabe de nada do que está acontecendo nesta área. O que você diria a um fã que ainda o idolatra como Rodolfo vocalista dos Raimundos? Conheça o novo. É possível um dia ver o Rodolfo fazendo rock com a mesma pegada dos Raimundos, mas sem os palavrões da banda e o propósito de evangelizar? Não, acho que não. Não teria propósito algum. Seria só um passatempo ou pior, uma perda de tempo. Se eu tenho alguma coisa para falar eu vou falar. Não vou perder tempo falando nada numa música só para entreter. Vou usar a música com todo poder que ela tem. •

”Tive uma experiência com Deus que me deu alegria, que me deu paz, um sentindo para a vida e foi uma resposta para muitas perguntas que eu tinha”

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CULTURA

Profissão DJ: o disco segue riscado Mais de 50 mil profissionais ganham a vida agitando as baladas noturnas de todo o país; mas trabalho visto com glamour e adotado até por grandes nomes do meio artístico, ainda não é reconhecido legalmente

Elaine Santos São José dos Campos

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em o status das pistas de dança, nem os milhares de adeptos da música eletrônica e nem tão pouco os mais de 50 mil profissionais espalhados por todo o país foram suficientes para a aprovação da legislação que regulamentaria a profissão de DJ. O veto do ex-presidente Lula à lei, uma das suas últimas ações à frente do governo federal, deixou no ar a pergunta: DJ não é uma profissão? O veto à lei, que tramitava no Congresso Nacional desde 2007, de autoria do deputado Romeu Tuma (morto em outubro de 2010) foi baseado no artigo 5º, inciso 8, da Constituição Federal, que assegura o livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, cabendo a imposição de restrições apenas quando houver a possibilidade de ocorrer algum dano à sociedade. “Pois bem, sendo assim, os DJs vão continuar na luta para a legalização da profissão. Nem que tenhamos que começar tudo novamente perante o Congresso, ou seja, mais pelo menos três anos de luta. Com essa decisão, falando basicamente, ficamos sem direito a uma aposentadoria. Nenhum direito comum de um trabalhador, nada!”, disse Dárcio Correa, secretário geral do Sindecs (Sindicato dos DJs e Profissionais de Cabine de Som).

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A briga do sindicato da categoria é para que o DJ tenha direito a uma melhor qualidade de trabalho e o reconhecimento profissional diante do Ministério do Trabalho. Um dos pontos mais discutidos na regularização da profissão era a qualificação do profissional, com dispositivo de lei que obrigava a formação em cursos regulamentados nacionalmente e ainda o seu reconhecimento dentro do ministério. Ainda dentro da proposta de lei, os DJs que comprovassem posição no mercado ficariam livres de testes e bancas de estudos. A atitude mudaria o perfil de centenas de novos DJs que, segundo o sindicato, surgem a cada dia sem experiência no mercado apenas pelo glamour da profissão. “Hoje, a grande dificuldade do profissional DJ é não ter uma Carteira de Trabalho assinada. Mesmo tendo contrato como autônomo, não está adequado junto ao Ministério da Fazenda, por exemplo. Sendo assim, não há como declarar o Imposto de Renda como DJ, sem contar os inúmeros outros benefícios que um profissional comum tem, como por exemplo, o direito de adquirir um financiamento junto a uma instituição financeira, além de não ter amparo nenhum legal na área da saúde”, disse Correa, alegando que, sem a regulamentação da profissão, o DJ estaria “às margens da sociedade como trabalhador”. “Até um sacoleiro hoje está amparado pela lei. E o DJ não. Hoje esse profissional, muitas vezes é a atração principal da casa noturna, é ele quem leva o público, e

é considerado já um formador de opinião. Atualmente alguns contratantes não têm preocupação nenhuma em oferecer um espaço devido ao profissional que fica à mercê de valores oferecidos e gerenciados pelos mesmos. Não existe um piso, não existem critérios para um contrato de trabalho. E é isso que precisamos mudar”, disse Antônio Carlos dos Santos, presidente do Sindecs. Na prática, se aprovada a lei, o que mudaria para o DJ seria reconhecimento de seus direitos trabalhistas. Já para quem contrata, mudaria o contrato profissional, que deveria se enquadrar à lei, com horários, piso salarial e demais imposições trabalhistas. A profissão DJ está em crescente ascensão, mas o sindicato ainda não tem um número exato de quantos profissionais existem no país. Estima-se que existam cerca de 50 mil em todo país, 8.000 só no Estado de São Paulo. Contratantes Sócio de quatro casas noturnas, uma em Jacareí e três no Litoral Norte, Ralf Rodrigo Titicow afirma que a regularização ou não da profissão DJ não mudaria em nada as contratações habituais das casas noturnas. Hoje, ele e os sócios contratam 24 DJs por semana, como profissionais liberais. “A maioria dos DJs hoje é agenciado por uma produtora. Já os DJs regionais são contratados como prestadores de serviço. Alguns caracterizamos como residentes, que são àqueles que tocam semanalmente, e os demais, chamamos de diaristas. Fechamos um cachê diário por

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Tessa Posthuma

VETO

Antes de deixar o governo federal, Lula vetou a lei que regulamentaria a proďŹ ssĂŁo de DJ

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INFORMAÇÃO

O joseense Danilo Stellet acredita que falta informação sobre o que é ser DJ

apresentações.. Os valores variam de R$ 400 a R$ 600 por noite”, explica. “Acredito que antes de ter uma regulamentação da profissão a população deveria ter mais informação do que é ser DJ. DJ é uma arte, envolve sentimento, criação. Não é só fazer um curso e pronto. É algo como um jogador de futebol, um artista plástico, existe a técnica, mas tem que haver dom”, disse o DJ Danilo Stellet. Aos 25 anos, o joseense é hoje um dos mais requisitados nas baladas regionais e já ganha destaque na capital. “Há pelo menos três anos, a profissão do DJ era muito mais forte no Vale. Ultimamente são poucas as baladas que valorizam o trabalho. A região é carente de noite, pista de dança. Em São José, por exemplo, só tem três casas noturnas com espaço destinado ao ‘house’. Talvez, com a profissão regularizada, abrissem novos caminhos para os profissionais locais”, disse Stellet. Na contramão Camilo Rocha, DJ e jornalista, é considerado hoje na cena eletrônica um formador de opinião conceituado e tem ponderações

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sobre a regularização da profissão. Uma delas seria o excesso de regulamentações. “O projeto foi pouco discutido entre os DJs, poucas pessoas sabiam os detalhes e o que isso implicaria na classe. Muitos profissionais também foram contra e apoiaram o veto. Acredito que faltou informação. Sem contar que a categoria de DJ hoje tem vários tipos de profissionais. Temos que ser um pouco mais realistas quanto a nossa situação no mercado. Hoje há profissionais que trabalham em tempo integral, como empregados de uma única casa noturna, que seriam os chamados residentes, assim como há àqueles que trabalham sem nenhum vínculo empregatício, o que acontece com a grande maioria dos mais renomados profissionais”, disse Camilo Rocha. Para ele, talvez um dos únicos pontos positivos da regularização da profissão seria a possibilidade de ter uma visão mais clara do faturamento do mercado que envolve a música eletrônica. Atualmente, nenhum órgão oficial ou extra-oficial possui informações sobre quando se fatura no meio. “Não temos ideia de quanto gira em torno

do mercado da noite, não há quem tenha uma informação precisa. Isso mensuraria melhor o valor a ser cobrado por cada profissional dentro de sua situação específica.” Atualmente, a única regulamentação existente na profissão de DJ é a exigida pelo ECAD, que fiscaliza as casas noturnas e recolhe os direitos autorais do material (música) tocado na casa. Já quanto aos remixes (novas músicas que utilizam bases de canções já gravadas), cada profissional tem o dever de se reportar ao artista de origem da música antes de gravar seu trabalho. Considerado um dos monstros da profissão DJ no país, o carioca Memê divide a mesma opinião que a do colega de ofício Camilo Rocha. Memê começou aos 11 anos de idade criando as próprias baladas e hoje coleciona mais de 7 milhões de discos vendidos entre compilações e álbuns completos com sua produção em parceria com gravadoras de todo o país. “O DJ hoje é regulamentado sim, mas como operador de áudio. Para quem faz questão de um reconhecimento oficial, está aí há tempos. Então, em minha opinião, esse tipo de pro-

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MEMÊ

Para quem já vendeu 7 milhões de discos, a profissão de DJ já está regulamentada há muito tempo

blema nunca existiu. O que existe é uma vontade de criar um sindicato, regras e normas. O DJ é um solitário, na grande maioria um nerd que inicia sua carreira dentro do quarto escolhendo suas músicas”, disse Memê. Segundo ele, dentro do mercado de DJ, que ele atua há mais de 30 anos, não há espaço para mais burocracias. “Hoje já recebemos de algumas gravadoras pelos direitos conexos, que é uma participação pelo trabalho de remix do material que está em evidência no mercado. Isso é uma conquista, mesmo porque nem sempre um DJ é um remixer e vice e versa”, disse. Business Representando 80 nomes de artistas da música eletrônica, o empresário Marcelo Dangot lamenta a falta de regulamentação da profissão de DJ e explica que mesmo para os contratantes a aprovação da lei seria favorável. “Estou no negócio de DJs desde que virou business. No começo era tudo mambembe. Em 1998 foi quando começou realmente a ter valor no Brasil, quando começaram a surgir grandes festas voltadas à música eletrônica.

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Antes disso, na década de 80, era comum que os DJs se apresentassem somente em casas noturnas e os discos gerados pelo remix pertenciam somente às casas. Hoje, grande parte dos DJs não é vinculada a uma determinada casa noturna e são donos de suas ‘músicas’ (Remix)”, explicou Dangot. No mercado atual, artistas já com nome valorizado e com referência na música eletrônica ganham, em média, R$ 1.500 por cada duas horas. Já os mais renomados chegam entre R$10 e R$25 mil a cada apresentação que pode ser de uma a duas horas de duração. “Toda regularização profissional só tende a valorizar o mercado. Se aprovada a lei, a profissão de DJ passará a ser melhor reconhecida e valorizaria ainda mais no mercado. Essa regularização faria com que o profissional ganhasse benefícios sociais que hoje nem sonha em ter, como por exemplo um auxilio saúde. Isso é importante para a maioria deles. Já para o contratante não muda nada. O que muda é que ele não poderá contratar qualquer pessoa que se diga DJ, hoje uma deficiência do mercado”, disse. •

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Cultura&mais Fotos: Divulgação

Pop sessentista Adriano Pereira São José dos Campos

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uando a inglesa Kate Nash apareceu em 2007 com o disco “Made of Bricks”, a mistura pop de pianos, melodias doces e uma voz soberba conquistou a Inglaterra com o hit “Foundations”. Mesmo cantando sobre coisas ácidas, como o fim de um relacionamento, ela conseguia ter uma doçura instigante, chegava a ser comparada a Lily Allen. Em 2010 voltou com “My Best Friend is You”, segundo disco que trazia a mesma doçura, mas dessa vez acompanhada de um peso de guitarras e um clima sessentista, à la Manfred Mann. Delicioso. Em cima dessas duas frentes que a britânica se apresenta no Brasil em fevereiro. No dia 24, o palco é o Circo Voador, no Rio de Janeiro, e no dia 25 ela canta no HSBC Brasil, em São Paulo. A mudança na música de Kate Nash foi algo bastante renovador. Se antes suas canções beiravam o pop comercial, no segundo disco a produção de Bernard Butler, ex-guitarrista do Suede, trouxe ao universo da cantora estruturas mais sólidas e complexas, fazendo com que a antiga combinação de piano e bateria fosse deixada de lado. As guitarras, que antes apareciam eventualmente no background das canções, assumiram espaços maiores em um bom número de faixas . Tem momentos de flerte com o rock e até o punk dos Los Campesinos. Em dezembro de 2010, Kate divulgou um vídeo no YouTube dizendo que estava “muito empolgada” em poder tocar no Brasil pela primeira vez. “Eu nunca estive aí e mal consigo esperar para me divertir muito”.

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MENESCAL

PAUSE

PEDIU PRA SAIR

Não é uma biografia, mas traz histórias pra lá de interessantes sobre a Bossa e a música brasileira

Acompanhe as notícias do mundo da música em www.valeparaibano.com.br/ soltaopause

E saiu. Chega às locadoras o sucesso absoluto do cinema nacional. Sua chance de ver um bom filme.

WEB

MÚSICA

BEATLES

CD’S & MAIS

Leiloado terno usado por Lennon

VALE DESTAQUE

Cher e Aguilera: burlescas e dantescas

‘MÚSICA Ú GOSPEL’ Gravado numa igreja do século 19, o novo da cantora chega às prateleiras no dia 14 deste mês PREÇO: R$ 37.-

O terno branco usado por John Lennon na capa do disco “Abbey Road”, dos Beatles, foi vendido em um leilão por US$ 46 mil (cerca de R$ 76 mil). O terno foi feito sob medida para Lennon pelo estilista francês Ted Lapidus. Um carro que foi de Lennon e Yoko Ono foi vendido por US$ 5.500 a outro comprador. CINEMA

Entre as estreias deste mês no cinema, “Burlesque” é a que consegue ser a maior representante da máxima “ame ou odeie”. Indicado como pior filme do ano, entre outras indicações, pelo Razzie Awards (um anti-Oscar da indústria americana), também recebeu duas indicações para o Globo de Ouro, incluindo melhor filme de comédia. O fato é que “Burlesque” não tem nenhum roteiro inovador. Traz aquela velha história da cantora novata e talentosa que se deslumbra com o mainstream, sonha em ser famosa e é ajudada por uma colega aposentada experiente. Nem precisa dizer que Christina Aguilera é a novata –tanto no personagem como nas telas de cinema– e que Cher é a aposentada experiente –tanto no papel quanto em suas várias facetas. Cher canta, interpreta, produz, tem

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tatuagens e, reza a lenda, fez ínúmeras cirurgias plásticas, mas boa parte de sua fama foi alavancada mesmo por conta de seu comportamento polêmico. Basta dizer que, entre os grandes ícones pops como Madonna e Britney Spears, por exemplo, seu nome é sempre uma referência. Já a blondie Christina estreia no cinema como protagonista. Não seria difícil imaginar que uma das indicações do Razzie é justamente na categoria de pior atriz principal. “Burlesque” teve uma série de negativas de atores convidados para outros papeis no filme. Até a “maluca” da Lindsay Lohan rejeitou o convite. A lista ainda teve nomes como Robert Pattinson, Kellan Lutz, Taylor Lautner, Emma Stone e Jessica Bell, entre outros. Ou seja, se você tem curiosidade sobre o teatro burlesco, dê um Google em Dita Von Teese e fique longe deste filme.

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TESTE DE PACIÊNCIA Se você ainda aguenta o Capital Inicial tem disco novo na parada PREÇO: R$27.-

Tarantino elege ‘Toy Story’ o melhor

O diretor Quentin Tarantino divulgou a lista de seus 20 filmes favoritos de 2010. Surpreendemente, em primeiro lugar, está a animação “Toy Story 3”. O diretor elegeu ainda os grandes favoritos ao Oscar, como “A Rede Social” e “O Discurso do Rei”.

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Viva a Vida

Carlos Carrasco

O ano começou igual (como sempre), com desgraças e mortes desnecessárias

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eliz Ano Novo! Todos desejam isso, mas todos os anos é a mesma história: desgraças, mortes, muito sofrimento, pessoas perdendo tudo, vidas que se vão, famílias que perdem tudo que construíram, crianças morrendo. O que está acontecendo? Porque isso? Efeito estufa? Aquecimento do planeta? Ou simplesmente o que seria natural está se mostrando o grande destruidor, dos sonhos, das vidas das pessoas? Estou muito triste com tudo isso. Vendo os noticiários percebo que não é só aqui. A Austrália está embaixo d’água. Extintos vulcões voltando à atividade, secas e falta de água em outros lugares do mundo. Tanta coisa horrorosa acontecendo! Que tristeza! Não sinto vontade de ver notícias, elas me deixam mais triste ainda. Fico pensando: o que cada ser humano poderia fazer para pelo menos tentar mudar ou tentar reverter o quadro? Temos solução? Estamos desmatando, poluindo rios, mares, lagos e terras. Óbvio que vamos ser cobrados, a natureza não vai deixar barato. Quantas mortes serão necessárias para enxergarmos o que fazer? Primeiros dias de 2011, dias tristes que me fazem pensar se realmente precisamos destruir para crescer. Escuto empresários, professores, todos falam sobre sustentabilidade. Será que a tal sustentabilidade pode ser um caminho para resol-

vermos todas estas desgraças? Reaproveitar tudo que a natureza nos dá de presente, reflorestar áreas, tirar famílias de áreas de risco, fazer com que estes lugares sejam o que eles nunca deveriam ter deixado de ser, lugares naturais, cheios de bichos, plantas, vida natural, sem a intervenção humana. E se um dia precisarmos destas áreas, que seja algo programado, estudado, arquitetado. Lembro quando São Luís do Paraitinga foi destruída. Meu coração ficou destruído junto com a cidade. A população se juntou, mostrou ao país que juntos reergueriam uma cidade. Lindo de se ver, mas muito triste para sentir. Porque não nos juntamos para tentar evitar tudo? Não seria mais racional? Ainda acredito que a educação, pode ser uma das formas mais adequadas de ensinar um povo inteiro. Talvez conseguíssemos evitar desgraças naturais. Uma vez, junto com minha amiga Fafá de Belém, fui à Ilha de Marajó. Fiquei impressionado com tanta beleza natural, que lugar lindo! Mas o que mais me impressionou foi a falta de sensibilidade, ou melhor, a falta de educação e respeito de muita gente com a natureza. Vi uma embarcação, destas cheias de redes penduradas, despejando tambores de lixo nos rios. Fiquei horrorizado. Eles não sabem que todo o lixo despejado se acumula no fundo dos rios? Porque não recolhem o lixo? Vi garrafas de plástico, fraldas sujas, sacos plásticos, muito lixo boiando no rio. Lembro que pedi à Fafá para conversarmos

COBRANÇA Estamos desmatando, poluindo rios, mares, lagos e terras. Óbvio que vamos ser cobrados, a natureza não vai deixar barato! com o governador do Estado e ver o que poderíamos fazer. Ela até tentou, mas quando falei do assunto com um assessor, ele me disse que seria difícil uma hora com o governador. Olha, eu tentando resolver uma coisa que talvez só eu fique incomodado. Não consegui ajudar em nada, mas pelo menos tentei. Devemos tentar, de alguma forma. Espero um dia que realmente isso mude. Estou tentando trabalhar via internet, movimentando meus perfis em vários sites de relacionamentos, tentando divulgar a informação, me juntando com mais pessoas conscientes. Espero que em 2012 tudo comece diferente, sem desgraças, e que a previsão dos Maias não aconteça. Deixo aqui algo para se pensar, que escuto muito de pais: que planeta vamos deixar para nossos filhos? Aí, deixo a todos a minha pergunta: que filhos vamos deixar para o nosso planeta? •

Carlos Carrasco cabeleireiro

carrasco@valeparaibano.com.br

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