Novembro 2010 • Ano 1 • Número 8 R$ 7,80
Exclusivo
Você é feliz no trabalho? Pesquisa encomendada pela revista evista valeparaibano avalia a satisfação profissional do joseense EDUCAÇÃO
Acompanhamos 11 estudantes em Las Vegas P88
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ENTREVISTA
Eleito, Alckmin volta os olhos à sua terra natal
”Tenho pelo Vale um amor que vai se transformar em trabalho” P18
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Opinião
Palavra do editor
DIRETOR RESPONSÁVEL Ferdinando Salerno
Está feliz com o seu trabalho?
H
á dias em que você vai ao trabalho motivado, cheio de planos e, em outros, tudo o que queria era ficar em casa. É normal que vez ou outra você questione se está feliz no emprego. Mas quando a resposta sempre é negativa, o melhor a se fazer, segundo especialistas, é repensar a vida profissional, identificar o que te incomoda e buscar condições para alcançar a felicidade profissional. Até porque existem sentimentos que não dá para disfarçar, e um deles é demonstrar felicidade quando não se tem. Na área profissional a condição de insatisfeito se torna mais evidente porque se reflete nos resultados, quase sempre insatisfatórios e incompatíveis com o que a empresa precisa. Então, lhe pergunto: você é feliz no trabalho? Para saber como anda a satisfação do trabalhador joseense, a revista valeparaibano encomendou ao Instituto Allure uma pesquisa inédita na cidade. E o resultado contraria as previsões pessimistas: 77,3% dos entrevistados disseram que estão felizes com o emprego. Pode-se constatar que os maiores percentuais de trabalhadores satisfeitos encontram-se nas faixas de 46 a 55 anos e de 36 a 45 anos de idade, e o maior número de joseenses felizes está na indústria: com 88% dos que atuam no setor. Os autônomos ocupam o segundo lugar no ranking da felicidade profissional, seguidos pelo comércio, setor dos serviços e profissionais liberais. A pesquisa também listou as razões mais citadas para justificar a felicidade ou a insatisfação. Segundo o estudo, 40% dos sondados disseram que são felizes porque fazem o que gostam e 23,7% ressaltaram o bom salário. Entre os infelizes no emprego (22,7% do total de entrevistados), os motivos mais citados foram, na ordem, salário abaixo do mercado, insatisfação com a profissão, carga horária inadequada e jornada de trabalho excessiva. Marcelo Claret editor-chefe
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DIRETORA ADMINISTRATIVA Sandra Nunes EDITOR-CHEFE Marcelo Claret mclaret@valeparaibano.com.br
EDITOR-ASSISTENTE Adriano Pereira adriano@valeparaibano.com.br
EDITOR DE FOTOGRAFIA Flávio Pereira flavio@valeparaibano.com.br
REPÓRTERES Yann Walter (yann@valeparaibano.com.br), Hernane Lélis (hernane@valeparaibano.com.br), Elaine Santos (elainesantos@valeparaibano.com.br) e Rafael Persan (estagiário) DIAGRAMAÇÃO Daniel Fernandes daniel@valeparaibano.com.br COLABORADORES Antonio Basílio, Cláudio César de Souza, Cristina Bedendo, Franthiesco Ballerini, Thiago Leon e Xandu Alves COLUNISTAS Alice Lobo, Carlos Carrasco, Fabíola de Oliveira, Marco Antonio Vitti, Marcos Meirelles, Ozires Silva e Roberto Wagner de Almeida CARTAS À REDAÇÃO cartadoleitor@valeparaibano.com.br As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, endereço e telefone do remetente. O valeparaibano reserva-se ao direito de selecioná-las e resumi-las.
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A tiragem é auditada pela BDO
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MODA
Sumário
OS LONGOS VOLTAM COM TUDO P80
ESPECIAL
O joseense trabalha feliz ? Pesquisa encomendada pela revista valeparaibano revela se jossense está contente com seu emprego
POLÍTICA DEPUTADOS
MUNDO CRIME
EDUCAÇÃO NOVA EXPERIÊNCIA
Bancada do Vale do Paraíba P14
Exploração Sexual P54
11 jovens vivendo a América P88
Parlamentares eleitos na região articulam grupo suprapartidário em defesa da região
Litoral Norte e Vale do Paraíba alimentam rede criminosa do tráfico internacional de mulheres
ESPECIAL GUERRA DOS SEXOS
Por que somos tão diferentes ? P36 A ciência explica porque homens em mulheres têm tantos problemas de relacionamento ENTREVISTA EXCLUSIVO
Alckmin fala sobre os desafios do próximo ano P18
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FUTEBOL
Vida de boleiro Os contrastes entre três realidades bem distintas nos gramados brasileiros P47
Grupo de estudantes de São José faz imersão na cultura norte-americana com os pés fincados na educação CIMENA HARRY POTTER
O começo do fim da saga P100 Ensaio Fotográfico p60 Turismo p68 Flashes & p110 Viva a Vida p114
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Palavradoleitor A revista é de bastante conteúdo e pude verificar alguns deles: questão polêmica sobre o faturamento das igrejas evangélicas, muito bem exposta e que merece mesmo toda atenção e cuidado. Observemos, pois, cautelosamente a comemorada “teologia da prosperidade”. Será que há dados estatísticos que comprovam que o cumprimento destes estatutos por parte dos fiéis impliquem aos mesmos resultados positivos em suas vidas financeiras, tal como professado? Brilhante pesquisa sobre os raios no Brasil, país campeão mundial de incidência, por conta especialmente do “aumento da temperatura provocado pela maior concentração de gases de efeito estufa na atmosfera”. Comentários de conteúdo científico riquíssimo por parte do coordenador do Departamento Elat do Inpe, o qual lança um projeto pioneiro junto à EDP Bandeirante. Folheando, achei fotos fantásticas do Rally dos Sertões. Abraços!
ENQUETE Você é feliz no trabalho?
NÃO
Constanzo De Finis - Advogado
SIM cartadoleitor@valeparaibano.com.br
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Av. São João, 1925 Jd. Esplanada, CEP 12242-840
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Foram computados 822 votos entre os dias 4 e 25 de outubro
Enquete www.valeparaibano.com.br
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Domingo 7 Novembro de 2010
A revista valeparaibano abordou como as igrejas estão faturando alto com os dízimos e transformando a evangelização em negócio
REVISTA
FILHOS ÚNICOS Conhecimento Gostaria de parabenizar a revista valeparaibano pelo excelente trabalho, com uma grande variedade de assuntos relevantes à sociedade. Na última edição, gostei muito da matéria sobre filhos únicos, pois sempre ouvi os mais velhos falarem que é errado ter só um filho, que eles serão excluídos e na reportagem nós vemos o contrário. Parabéns! Mayara Fukuoka Estudante
Reportagens Parabéns pela revista! As matérias estão sempre muito interessantes. Acho muito bacana conhecermos um pouco mais das curiosidades do Vale. A matéria sobre pedofilia e sobre os colombianos refugiados me levaram a refletir sobre como acabamos sendo tão “bairristas”. Continuem com este ótimo trabalho. Abraços! Pamela Baesso Kojima Comentou no Facebook
SUCESSO Matérias Adorei! Ótimas matérias. Cada vez mais a revista supera o mês anterior. Parabéns! Patrícia Couto Comentou no Facebook
SEXTING Tema Alertar os adolescentes e os jovens sobre os perigos da superexposição na internet foi uma sacada importante da revista valeparaibano. O momento de furor tecnológico que vivemos apresenta pontos positivos e negativos e a abordagem sensata da revista é um ganho para os leitores. Parabéns pela escolha do tema e pelo sucesso da revista! Laís Reis Estudante
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REPORTAGENS Conteúdo Gostaria de parabenizar a equipe da revista pela matéria “Em nome de Deus e do Lucro”. Sempre fui curiosa em relação a essa mixagem que determinadas igrejas fazem entre religião e dinheiro. Na reportagem pude analisar melhor os fatores, pois sou contra a essa lavagem cerebral que, muitas vezes, são feitas com alguns fiéis, por meio de argumentos embutidos na palavra sagrada. Acho que são coisas distintas e que não precisamos comprar nenhum tipo de “terreno no céu”, por exemplo, para garantir nosso espaço junto de Deus, como dizem algumas autoridades religiosas. No texto de Xandu Alves há diversas ramificações do tema, onde percebi o quão é vasta essa linguagem mercadológica que é estabelecida em templos e igrejas. Desse modo, congratulo, novamente, a equipe da revista valeparaibano, que todo o mês nos proporciona uma leitura crítica de fatos atuais. Paula Carvalho Estudante
CAPA Religião Gostei bastante da edição anterior. Ficou muito legal e a capa está demais! Caio Priante Comentou no Facebook
Sobre a entrevista: @familiapaula Gostosa a entrevista com Marília Carneiro na revista valeparaibono deste mês. Parabéns a jornalista Elaine Santos.
Sobre o editorial: @JulioSaggin Já recebi minha revista valeparaibano, onde o editorial fala pertinentemente sobre o marketing da fé das igrejas protestantes. Parabéns.
Sobre a religião: @nerosky Excelente a matéria “Deus da lucro”. O tom da abordagem mostra um veículo ousado, investigativo e independente. Gostei
@Marco_Alfredo Comprei a revista valeparaibano e gostei. A matéria de capa é “Deus dá Lucro” e fala daqueles que tranformam a fé em negócio. Muito boa.
Sobre a revista: @filipe_jor Estou lendo aqui a revista valeparaibano. Ainda não tinha parado pra ver. Tem textos muito bons. Mas renderia mais se fosse semanal.
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Política
Dois Pontos
Marcos Meirelles Jornalista
Uma nova agenda para a região
BRANCO & PRETO
Superada a etapa das disputas eleitorais, precisamos encarar a fragilidade da esfera pública no Vale Victor Moriyama/ O Vale
Aparelhamento sindical Quando sindicatos e governo caminham juntos na eleição
“Vamos carregar bandeira, vestir camisa, convencer cada um e cada uma, mostrando que nós não queremos o retrocesso” Arthur Henrique presidente da CUT
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VITÓRIA O governador eleito, Geraldo Alckmin, em visita a Pinda: esperança renovada no Vale
governador eleito, Geraldo Alckmin (PSDB), é contra a criação da Região Metropolitana do Vale do Paraíba. A construção do trem de alta velocidade tornou-se improvável. A ampliação do aeroporto de São José é medida tecnicamente inviável, mesmo que o governo brasileiro mantenha a proposta de organizar a Copa do Mundo de 2014. O programa espacial brasileiro está defasado e o lançamento do novo protótipo do VLS é uma iniciativa para recuperar a autoestima da Aeronáutica, que dificilmente será viabilizado até 2013. A descentralização da indústria da defesa vai fortalecer os investimentos em outras regiões do Estado, sem a garantia de apoio a projetos no Vale. Os moradores da região não podem passar os próximos quatro anos assistindo à reprise da novela sobre a du-
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plicação da rodovia dos Tamoios –única intervenção real na infraestrutura projetada a partir de 2011. Qual será a nova agenda do Vale? Estaremos condenados a debater essencialmente as mesmas coisas em todas as esferas da vida pública? Na área das relações trabalhistas, até quando suportaremos o embate entre os sindicalistas e as montadoras e entre os sindicatos de diferentes facções? Nas prefeituras, até quando vamos nos comprazer com a lenta marcha para o futuro conduzida pelos herdeiros dos novos clãs políticos? Na esfera cultural, até quando viveremos sob a sombra gigantesca de São Paulo? Não existem respostas fáceis, mas o primeiro passo é deixar de lado a letargia e reconhecer que o Vale do Paraíba precisa de uma nova agenda. E não serão instituições como o carcomido Codivap que irão nos apontar novas diretrizes.
“Vamos, fábrica por fábrica, dizer que esse sujeito [Serra], que tem medo de trabalhador, não pode ser candidato para depois tirar direitos” Paulo P. da Silva pres. da Força Sindical
“A oposição usou a Igreja para fazer campanha e também não poderia. O que estamos fazendo é discutir os interesses da classe trabalhadora” Isaac do Carmo pres. do Sind. dos Metalúrgicos de Taubaté
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Domingo 7 Novembro de 2010
Marina Silva, Senadora (PV)
Muita verba, pouco debate
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om uma receita estimada em R$ 1,5 bilhão e equilíbrio nos gastos com custeio da máquina, o prefeito Eduardo Cury (PSDB) terá recursos para investir em obras e novos projetos sociais em 2011. Na peça orçamentária enviada à Câmara, no entanto, não estão definidas as metas da administração municipal para o próximo ano –sabe-se apenas quais secretarias contarão com maior aporte de verbas. Com um limite de remanejamento de verbas fixado em 20% e a possibilidade de alocar livremente recursos oriundos do superávit fiscal, mesmo este ranking de secretarias com mais ou menos verbas é genérico. A única certeza é que a Saúde e a Educação devem absorver praticamente metade dos recursos no próximo ano.
Uma bancada mínima em 2011 A bancada do Vale saiu das urnas do mesmo tamanho que em 2006. Se considerarmos a candidatura de Gabriel Chalita (PSB), teremos quatro deputados federais e três deputados estaduais representando a região a partir de 2011. Se compararmos a outras regiões do Estado, o resultado foi mediano. Em São José do Rio Preto e na região metropolitana de Campinas, a representatividade parlamentar cresceu. Na Baixada Santista e em Sorocaba, as bancadas encolheram. Mas a divisão do eleitorado produziu efeitos devastadores nas microrregiões do Vale Histórico e do Litoral Norte. Em Guaratinguetá, dois nomes com forte respaldo político disputaram vagas na Câmara Federal: o deputado federal Marcelo Ortiz
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“Os marineiros são uma esfinge para as visões pré-estabelecidas, para a dicotomia direita e esquerda. ‘Decifrem-nos ou vamos devorar essas velhas concepções’ “ A votação na Câmara pode se dar às escuras porque o governo controla a maioria dos vereadores e já definiu as obras que rão beneficiar seus redutos eleitorais. Para os eleitores da cidade, no entanto, o governo do PSDB chegou ao final de outubro ainda devendo explicações sobre o Orçamento de 2011: desde que o projeto foi enviado à Câmara, no limite do prazo de 30 de setembro, o que se viu foram vagas avaliações positivas sobre a evolução positiva da receita. Muitos prefeitos acreditam que, ao serem eleitos, recebem carta branca da população para aplicar os recursos dos impostos. Quando há um entendimento político consolidado com o Legislativo, esta percepção tende a transformar a elaboração da peça orçamentária em uma questão meramente técnica, limitando aos gabinetes a definição de prioridades. Em São José, por mais que o Executivo tenha a percepção dos valores em alta entre os eleitores, como a prática de esportes e a mobilidade urbana, o governo corre o risco de engessar as discussões sobre o futuro da cidade.
Como o sr. viu o uso indiscriminado da internet e a central de boatos na reta final da campanha eleitoral? É a primeira vez que utilizamos a internet em plenitude em uma campanha. Então, isto se torna um grande laboratório, sobre o que funciona e o que não funciona. A internet se torna uma central de boatos porque as pessoas acham, erroneamente, que estão isentas de punição graças ao anonimato.
(PV) e o vice-prefeito Miguel Sampaio (PSB). Nenhum deles se elegeu e a cidade que já teve um presidente da República continuará sem representação nenhuma na Assembleia e no Congresso Nacional. No litoral, os prefeitos optaram mais uma vez pela política suicida de apoio a candidatos forasteiros ou de respaldo a lideranças desgastadas, como o ex-prefeito de Ilhabela Manoel Marcos (PSDB). Em termos de desempenho partidário, PT e PSDB mantiveram o equilíbrio, com ligeira vantagem para os tucanos em São José, onde Emanuel Fernandes foi reeleito com uma votação expressiva e Hélio Nishimoto retornou à Assembleia. Quem acredita que a queda de braço entre as duas maiores forças políticas da cidade só vai terminar com uma terceira via terá que aguardar mais quatro anos –é improvável que a administração do PSDB perca o controle da sucessão municipal com uma Câmara cada vez mais fragilizada e dependente de obras nos bairros.
O sr. acredita que a legislação e a Justiça têm instrumentos para combater os abusos? Vamos observar outro processo histórico. Em 1974, o MDB descobriu o potencial da TV, mostrou as mazelas do país e fez a maioria dos governadores. Em 1976, a Arena percebeu que a TV era um grande instrumento e aprovou a Lei Falcão. Com a redemocratização, o uso da televisão voltou a ser amplo até que, em 1989, na campanha de Collor contra Lula, todos os recursos foram utilizados, os efeitos especiais, a trucagem. A regulamentação acontece depois do uso pleno, vai ser feita depois de constatados os abusos. Para a internet, o primeiro teste foi esse. Vamos cometer alguns erros ainda, mas serão definidos limites e a internet vai se consolidar nas próximas campanhas eleitorais.
PINGUE & PONGUE Carlos Manhanelli professor e presidente da Associação Brasileira dos Consultores Políticos
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Política ELEIÇÔES 2010
A bancada dos deputados Parlamentares eleitos para o próximo mandato articulam criação de frente suprapartidária em defesa do Vale do Paraíba unindo os sete representantes regionais da Assembleia Legislativa e da Câmara Gabriel Chalita (PSB)
Padre José Afonso Lobato (PV)
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Hélio Nishimoto (PSDB)
Em
Marco Aurélio de Souza (PT)
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Emanuel Fernandes (PSDB)
Carlinhos Almeida (PT)
Cláudio César de Souza são josé dos campos
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uplicação da Rodovia dos Tamoios, construção de novas marginais na via Dutra, criação da Região Metropolitana do Vale do Paraíba, ampliação do Porto de São Sebastião, implantação de uma universidade federal na região e aumento do número de leitos nos hospitais. Antes mesmo de tomarem posse, os deputados estaduais e federais eleitos e reeleitos do Vale do Paraíba e Litoral Norte já definiram as prioridades que irão defender na Assembleia Legislativa e na Câmara a partir do ano que vem. Para reforçar a luta pelo atendimento dessas demandas junto ao governo paulista e à União, eles já articulam a criação de uma frente parlamentar suprapartidária em defesa do Vale unindo os sete representantes regionais. Atualmente, existe o grupo apenas na Assembleia. Com o pleito de 3 de outubro último, a representativi-
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Salvador Zimbaldi (PDT)
dade das 39 cidades do Vale do Paraíba, Serra da Mantiqueira e Litoral Norte nos parlamentos estadual e federal aumentou dos atuais seis para sete deputados. Em 2011, a bancada da Câmara será formada pelo reeleito Emanuel Fernandes (PSDB), pelo atual deputado estadual Carlinhos Almeida (PT), pelo ‘novato’ Gabriel Chalita (PSB) e por Salvador Zimbaldi (PDT), que retorna a Brasília para cumprir seu quarto mandato. Já o reeleito padre José Afonso Lobato (PV), o estreante Marco Aurélio de Souza (PT) e Hélio Nishimoto (PSDB) serão os representantes da região na Assembleia Legislativa. “Já temos a frente parlamentar na Assembleia, que tem ajudado bastante na luta pelas reivindicações regionais. Vou conversar com os deputados federais para que possamos ampliar este trabalho, criando um grupo único com os sete representantes da região. Com a nova frente parlamentar, ganharemos força junto aos governos estadual e federal e aumentará a chance de os anseios da nossa população serem atendidos”, pondera Lobato, que preside a Frente Parlamentar em Defesa do Vale na Assembleia.
“A criação da frente com deputados estaduais e federais será fundamental, já que uniremos esforços para cobrar a execução de obras e projetos que interessam a todos e que são reivindicados há muitos anos, como a duplicação da Tamoios e a transformação do Vale em região metropolitana”, emenda o deputado estadual. Os petistas Carlinhos e Marco Aurélio também defendem a criação da nova frente parlamentar. “É uma boa ideia, mas temos que avaliar que formato terá esta nova frente para que ela seja efetiva e ajude na solução dos problemas da região. É um assunto que tem que ser discutido com calma”, analisa Carlinhos. “Acho uma proposta muito interessante esta de criar uma frente envolvendo os deputados estaduais e federais. Espero que seja implantada, já que nossas reivindicações ganharão ainda mais força”, sustenta Marco Aurélio. Prioridades Enquanto a nova frente parlamentar não sai do papel, os deputados já elencaram suas prioridades para o mandato. “Vou enfatizar
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Política
a luta por mais leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e de internação nos hospitais do Vale, pela melhoria das estradas da nossa região, pela duplicação da Tamoios e pela criação da região metropolitana. Com a volta do Alckmin [Geraldo, governador eleito] ao Palácio dos Bandeirantes, a chance dessas obras e investimentos serem viabilizados aumenta muito, até porque ele é do Vale e conhece bem as principais demandas”, explica Lobato. A mesma confiança foi demonstrada por Nishimoto, que em sua volta à Assembleia pretende reapresentar o projeto de lei que tem como objetivo prorrogar o período para licenciamento de veículos e ampliar o número de prestações do IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) para facilitar o pagamento do tributo. “Em relação a obras, temos que lutar para que os compromissos assumidos pelo Alckmin na campanha sejam cumpridos, como é o caso da duplicação da Tamoios.” Único representante do Vale na Assembleia que irá integrar a bancada de oposição a Alckmin, Marco Aurélio promete ter uma postura ‘republicana’. “Vou fazer uma oposição inteligente, programática e construtiva, apoiando tudo que for bom para a nossa região e para o Estado de São Paulo. Quero ajudar na discussão de problemas comuns das cidades, como a despoluição do rio Paraíba e a questão do destino dos resíduos sólidos, além de lutar para que obras, como a duplicação da Tamoios, saiam do papel”, salienta Marco Aurélio. Dutra Na bancada federal, a duplicação da Tamoios também é unanimidade no grupo, mas os deputados prometem intensificar ainda a luta pela implantação de uma universidade federal na região e pela construção de novas marginais para desafogar o trânsito na Dutra. “Defini como prioridades do mandato lutar para que as políticas econômica e social implantadas pelos governos Lula tenham continuidade, para que tenhamos educação integral, com esportes e inclusão social, e para que a saúde pública seja recuperada em nossas cidades. Mas não vou me esquecer de questões como a duplicação da Tamoios, a construção de mais marginais na Dutra, a criação da região metropolitana e a despoluição do rio Paraíba”, elenca Carlinhos. “Antes de tomar posse, vou me reunir com os prefeitos e lideranças políticas da região
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As novas bancadas Deputados federais EMANUEL FERNANDES (PSDB) Reeleito com 218.789 votos, Emanuel tem 54 anos, é natural de Valentim Gentil (SP) e formou-se em Engenharia Aeronáutica pelo ITA. Casado, o tucano tem três filhos e cumprirá seu segundo mandato consecutivo na Câmara. Ele foi prefeito de São José dos Campos por dois mandatos (1997-2004) e também atuou como secretário de Estado de Habitação de janeiro de 2005 a abril de 2006 CARLINHOS ALMEIDA (PT) Atualmente exercendo seu terceiro mandato consecutivo na Assembleia Legislativa, Carlinhos foi eleito deputado federal este ano com 134.190 votos. O petista tem 47 anos e é de Santa Rita do Jacutinga (MG). Casado com a vereadora de São José Amélia Naomi (PT), formou-se em História pela Univap. Carlinhos também foi vereador em São José entre 1990 e 1998 GABRIEL CHALITA (PSB) Terceiro deputado estadual mais votado do país
este ano, com 560.022 sufrágios, Chalita tem 41 anos e nasceu em Cachoeira Paulista, onde foi vereador entre 1989 e 1992. Formado em Filosofia pela Unisal de Lorena e em Direito pela PUC de São Paulo, é solteiro. Atualmente exercendo mandato como vereador de São Paulo, Chalita já foi secretário estadual de Educação e de Juventude SALVADOR ZIMBALDI (PDT) Com 42.743 votos, Zimbaldi conseguiu este ano garantir seu retorno à Câmara, onde cumprirá seu quarto mandato. Técnico em edificações, o pedetista tem 55 anos, nasceu em Campinas (SP) e mora em São José dos Campos há dois anos. Casado, ele tem três filhos e dois netos. Ligado à Renovação Carismática Católica, Zimbaldi foi vereador de Campinas por dois mandatos (1989-1996)
Deputados estaduais JOSÉ AFONSO LOBATO (PV) Padre há 22 anos, José Afonso Lobato foi reeleito em 3 de outubro último para seu terceiro mandato consecutivo na Assembleia Legislativa com 87.674 votos. Ele tem 50 anos e nasceu em
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Flávio Pereira
nião pública”, destaca o tucano. “Também vou continuar lutando para que o empreendedorismo seja uma cultura em todo o país, assim como fizemos em São José dos Campos. Outro projeto que pretendo apresentar tem como objetivo permitir que as pessoas saibam quanto estão pagando de imposto em cada produto que compram. Entrei de novo no Congresso para radicalizar essas posições e acho que é uma grande contribuição que posso dar para o país”, disse. Ex-secretário estadual de Educação, Gabriel Chalita tem sustentado nas entrevistas desde que foi eleito que pretende utilizar o mandato para lutar por uma revolução na área de educação com o objetivo de melhorar a qualidade do ensino público no país. Ele tem apontado como prioridade do mandato a apresentação de um projeto de lei para estabelecer metas para os agentes públicos no setor, nos moldes da Lei de Responsabilidade Fiscal.
OBRAS Construção de marginal no km 145 da via Dutra, no trecho de São José; deputados da região vão cobrar mais obras na rodovia
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Redenção da Serra. Atual presidente do PV em Taubaté, foi candidato a prefeito da cidade em 2008 e deve ser novamente candidato em 2012. É o atual presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Vale na Assembleia HÉLIO NISHIMOTO (PSDB) O tucano volta à Assembleia, após ter atuado na Casa entre janeiro do ano passado e março último. Nishimoto conquistou 78.906 adesões nas urnas, tem 47 anos, nasceu em Presidente Prudente (SP) e formou-se como técnico mecânica pela Etep e como administrador de empresas pela Univap. Casado, ele tem três filhos e atuou como vereador de São José por 12 anos (de 1997 a 2008) MARCO AURÉLIO DE SOUZA (PT) O petista estreará em 2011 na Assembleia Legislativa após ser eleito este ano com 69.465 votos. Natural de Jacareí, Marco Aurélio de Souza tem 49 anos, é casado e formou-se em Ciências Sociais e Ciências Contáveis pela Univap. O petista foi vereador de Jacareí por dois mandatos (1993-2000). Em 2001, ele foi eleito prefeito, reelegendo-se em 2004
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para que possamos definir juntos as demandas, mas posso adiantar como minhas prioridades a luta pela construção de mais marginais para desafogar a Dutra e pela melhoria das condições de saneamento básico e saúde nas cidades do Vale e Litoral Norte”, antecipa Zimbaldi. Reforma Política Paralelamente à luta por obras como a duplicação da Tamoios e a ampliação do Porto de São Sebastião, Emanuel pretende fazer de seu novo mandato uma ‘cruzada’ pela moralização da política, pela implementação da reforma política e pela disseminação da cultura empreendedora em todo o país. “Pretendo neste segundo mandato radicalizar minhas posições. Vou sair em peregrinação pelo país, junto com outros deputados, para acabar com o atual sistema eleitoral. Temos que criar o voto distrital para fortalecer o vínculo entre os eleitores e seus representantes. Essa reforma política será fundamental para resgatar a imagem do Congresso junto à opi-
União Embora considerem que a representatividade do Vale e Litoral Norte na Assembleia e na Câmara novamente ficou aquém de suas potencialidades política e econômica, cientistas políticos e lideranças consultados pela revista valeparaibano demonstraram confiança de que na nova legislatura as principais demandas regionais sejam contempladas. “Mas para isso será fundamental que os deputados trabalhem de forma integrada, deixando em segundo plano as diferenças partidárias”, alerta o cientista político da Unitau (Universidade de Taubaté) José Maurício Cardoso Rêgo. “Estou muito confiante para a nova legislatura, já que todos os nossos deputados são experientes e conhecem bem as demandas regionais. Acredito que ajudarão a reforçar as cobranças que têm sido feitas há vários anos pelos prefeitos por obras como a duplicação da Tamoios, a ampliação do porto e a construção de mais marginais na Dutra”, explica o superintendente do Codivap (Consórcio que reúne as prefeituras da região), Mário Vieira. Cada um ao seu modo, os deputados eleitos e reeleitos já definiram suas prioridades de atuação a partir do ano que vem. Terminada a batalha por votos, os eleitores esperam agora que eles também superem as diferenças partidárias e se unam para cobrar dos governos estadual e federal o atendimento das reivindicações regionais. •
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Política
Entrevista >Geraldo Alckmin, governador eleito no Estado de São Paulo, saiu vitorioso nas urnas no primeiro turno com 11.519.314 votos –50,63% do total de votos válidos
“Tenho pelo Vale um amor que vai se transformar em trabalho” Elaine Santos São José dos Campos
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m entrevista exclusiva à revista valeparaibano, Geraldo Alckmin, governador eleito do Estado de São Paulo com 11.519.314 votos, 50,63% do total de votos válidos, faz um balanço geral de seus principais desafios à frente do governo a partir de 2011. Uma das principais mudanças, também um dos pontos mais criticados durante toda sua campanha eleitoral, é o sistema da progressão continuada na área da Educação. De pronto, Alckmin garante que iniciará o governo revendo os ciclos, passando de dois a cada quatro anos para três a cada três anos. A vitória de Alckmin mantém o ciclo de administrações do PSDB em São Paulo, maior colégio eleitoral do país. O partido comanda o Palácio dos Bandeirantes desde 1994. Para os próximos quatro anos, Alckmin, que começou sua carreira política como vereador em Pindamonhangaba, promete voltar seus olhos ao Vale do Paraíba e fazer durante sua gestão duas importantes obras: a tão esperada duplicação da Rodovia dos Tamoios e a ampliação do Porto de São Sebastião. Na entrevista, o governador eleito também falou sobre seus projetos para a área da Saúde, com a promessa de implantar um Hospital Estadual em São José dos Cam-
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pos, construir um Hospital Regional no Litoral Norte, recuperar o Hospital Universitário, em Taubaté, além de ampliar o número de Ambulatórios Médicos de Especialidades para avançar no atendimento de consultas e exames. Líder isolado em todas as pesquisas de intenção do voto, o senhor já esperava uma vitória no primeiro turno? <Nós sempre trabalhamos, independentemente de pesquisas. Procuramos fazer uma campanha falando a verdade, sendo absolutamente transparentes, e despreocupados. Eu sempre confiei na vitória, fosse no primeiro ou no segundo turno. Fiquei agradavelmente surpreso com a vitória no primeiro turno. Vou retribuir a confiança dos paulistas com muita dedicação e muito empenho para fazer um grande governo. A volta ao Palácio dos Bandeirantes lhe devolve a linha de frente do PSDB. O senhor pretende alcançar o posto de candidato à Presidência da República já em 2014 ou 2018? < Nosso compromisso é fazer um grande governo em São Paulo, com honestidade e dedicação, fazendo o Estado avançar ainda mais em todas as áreas para beneficiar toda a população. Quais serão seus principais desafios no novo governo do Estado?
<São Paulo tem a grandeza de um país. Somos uma sociedade moderna e pujante. Temos alguns dos melhores indicadores de desenvolvimento humano do país. Somos uma potência na produção agropecuária e temos algumas das indústrias mais modernas do mundo, muitas delas no Vale do Paraíba. O papel do governo é estar à altura da grandeza de São Paulo. E vamos fazer São Paulo avançar mais, com ações como o Via Rápida para o Emprego, cursos rápidos para qualificar trabalhadores nas ocupações em que há carência de mão-de-obra. Vamos ampliar a rede paulista de ensino técnico e profissionalizante. Vamos inovar na educação com o conceito de aluno em tempo integral e com mais escolas de tempo integral. O governo vai pagar cursos de línguas para 600 mil jovens. Vamos abrir mais Ambulatórios Médicos de Especialidades para avançar no atendimento de consultas e exames, entre outras ações. Mudará políticas adotadas por José Serra e Alberto Goldman, seus antecessores? Se sim, quais? < Vamos dar continuidade a todas as obras e programas de governo e trazer novas propostas para o Estado, como as que já citei. Na área da educação um dos pontos muito discutidos e criticados é o da progressão continuada. O senhor pretende mudar algo para melhorar o sistema? < Vou rever os ciclos. Hoje temos dois ciclos
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Divulgação
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PERFIL NOME: Geraldo Alckmin IDADE: 58 anos NATURALIDADE: Pindamonhangaba (SP) FORMAÇÃO: Medicina, pela Unitau (Universidade de Taubaté)
ELEIÇÃO “EU SEMPRE CONFIEI NA VITÓRIA, FOSSE NO PRIMEIRO OU NO SEGUNDO TURNO. FIQUEI AGRADAVELMENTE SURPRESO COM A VITÓRIA NO PRIMEIRO TURNO”
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ESTADO CIVIL: Casado com Lu Alckmin, tem três filhos: Geraldo, Thomaz e Sophia
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Política Flávio Pereira
PEDÁGIO “AS CONCESSÕES RODOVIÁRIAS TROUXERAM GRANDES INVESTIMENTOS E BENEFÍCIOS PARA SÃO PAULO. VOU ANALISAR CONTRATO POR CONTRATO E VER SE HÁ POSSIBILIDADES DE AJUSTES” de quatro anos cada um. Como o Ensino Fundamental passou para nove anos, pretendo criar três ciclos de três anos. Também vamos ampliar muito o reforço escolar para ajudar os alunos que tiverem mais dificuldades. No Vale do Paraíba existem investimentos importantes que dependem do Estado e já são esperados e reivindicados há mais de uma década. A duplicação da rodovia dos Tamoios, por exemplo, é um deles. Será possível fazer essa obra nos próximos quatro anos? < Faremos todo o possível para concluir a duplicação em quatro anos. No trecho do planalto, é plenamente possível. No trecho da serra, será necessário fazer uma nova rodovia para o acesso a Caraguatatuba. Vamos procurar obter a aprovação ambiental o mais rápido possível para viabilizar a obra. E a ampliação do Porto de São Sebastião, outra obra aguardada há anos e considerada fundamental para o crescimento da região. É possível fazê-la
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no próximo mandato? < É nosso objetivo ampliar e modernizar o Porto de São Sebastião. Essa obra deve ser feita em conjunto com a duplicação da Tamoios para melhorar o acesso ao porto. Vamos avançar muito com essas obras. Há outros projetos para o Vale do Paraíba, sua terra natal? < Nasci em Pinda e comecei a minha vida pública no Vale do Paraíba. Tenho pelo nosso Vale um grande amor que vai se transformar em trabalho para melhorar ainda mais a nossa pujante região. Vamos fazer as obras que já tratamos, na Tamoios e no Porto de São Sebastião. Vamos avançar também na saúde. Quando governador, eu transformei o Hospital Santa Isabel, em Taubaté, no primeiro hospital estadual público da região, e agora vou trabalhar para que São José dos Campos também tenha um hospital estadual. Vamos recuperar o Hospital Universitário e construir um hospital regional no Litoral Norte. Quando governador, eu iniciei um amplo programa de sanea-
mento na região e entregamos obras importantes. Vamos avançar ainda mais para que até 2014 todos os habitantes do Vale sejam atendidos com a coleta e o tratamento de esgotos. Vamos avançar também na educação e na área dos cursos profissionalizantes. São algumas das obras importantes que eu pretendo fazer na nossa região. Há mudanças previstas para a política de concessão de pedágios? < É importante dizer que o pedágio da Ayrton Senna-Carvalho, único da região, foi reduzido em 50%. As concessões rodoviárias trouxeram grandes investimentos e benefícios para São Paulo. Vou analisar contrato por contrato e ver se há possibilidades de ajustes. E o secretariado? Quais nomes já estão definidos? Políticos do Vale do Paraíba, como o deputado federal Emanuel Fernandes e Gabriel Chalita já ocuparam cargos em seu governo. Eles farão novamente parte da equipe do pri-
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Cláudio Vieira/vp
BIOGRAFIA Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho nasceu em 7 de novembro de 1952, em Pindamonhangaba. Professor e médico, é casado e tem três filhos. Foi eleito vereador em 1972, aos 19 anos, pelo antigo MDB. Quatro anos mais tarde, foi eleito prefeito de Pindamonhangaba. Em 1982, Alckmin foi eleito deputado estadual pelo PMDB e, depois, em 1986, deputado federal. Participou da Assembleia Nacional Constituinte em 1988. No mesmo ano, ingressou no PSDB. Dois anos depois, foi reeleito deputado federal. Em 1994, foi eleito vice de Mário Covas (PSDB). Quatro anos depois, em 1998, a dupla tucana reelegeu-se. Com a morte de Covas, em 2001, Alckmin assumiu o governo e se reelegeu como governador em 2002. Após uma disputa interna no partido, conseguiu ser indicado candidato à Presidência pelo PSDB para concorrer às eleições de 2006. Acabou perdendo a disputa no segundo turno para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi reeleito.
meiro escalão? < Só vamos discutir secretariado e nomes a partir de novembro. O que o Estado de São Paulo tem de melhor? < O melhor são as pessoas. São Paulo é um Estado de oportunidades, que recebeu gente de todas as regiões do Brasil, e de muitos países também. Um Estado cosmopolista. Essa miscigenação fez uma gente excepcionalmente tolerante, sem preconceitos. São Paulo é a terra do trabalho e do desenvolvimento, é a terra das oportunidades. Vamos ajudar muito quem mais precisa
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para que ninguém fique para trás, para que todos possam melhorar. O que diria para seus eleitores? E para quem não votou no senhor? < Que vou suar a camisa para retribuir a enorme confiança depositada em mim. Vou trabalhar para todos, tenham votado em mim ou não, de maneira republicana, procurando fazer o melhor para as pessoas. Na minha concepção, o papel do governo é aumentar as oportunidades para as pessoas, especialmente para as que mais precisam. É oferecer cada vez mais oportunidades para as pessoas se realizarem e serem felizes. •
Dois anos depois, enfrentou novamente uma disputa dentro do partido e candidatou-se à Prefeitura de São Paulo. Parte da legenda preferia abrir mão de um nome tucano para apoiar o prefeito Gilberto Kassab (DEM), aliado do então governador José Serra. Alckmin conseguiu se candidatar, mas deixou a disputa ainda no primeiro turno, em terceiro lugar, com 22,48% dos votos. Kassab foi reeleito. No ano seguinte, convidado por Serra, Alckmin assumiu a Secretaria Estadual de Desenvolvimento, cargo que deixou para disputar as eleições deste ano.
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Política
Ozires Silva
O jovem indiano enxerga que a profissão do futuro é a engenharia ertamente a atualidade desmente o passado. Há uns 30 anos, poucos analistas do futuro se arriscavam a afirmar que países menos desenvolvidos, ou pobres, poderiam atingir a vanguarda das ideias, da criatividade e das inovações. E mais, a nova expressão dos “países emergentes” não teria a conotação atual de nações desenvolvendo-se sob taxas de crescimento diferenciadas, com crescentes e marcantes presenças de seus produtos em todos os mercados do mundo.
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Também não seria previsível que a sigla “BRIC” (Brasil, Rússia, Índia e China) poderia expressar realidades que podem vir a acontecer, incluindo o Brasil entre os “emergentes”. Já vivemos no mundo do conhecimento, onde a competência, a inovação e a coragem para penetrar em novas fronteiras, mesmo que desconhecidas, transformaram-se em atributos essenciais para as vantagens competitivas que teremos de conquistar na dura concorrência mundial. Assim, valem alguns comentários sobre uma recente edição da revista “Forbes India”, na qual uma discussão é levantada sobre o desenvolvimento produtivo e econômico das nações modernas e prósperas, chamando a atenção que os jovens indianos de hoje mostram expressivo interesse pelas ciências exatas, elegendo a engenharia como a profissão do futuro.
SUCESSO “ Ações diretas e práticas devem ser tomadas para vencer no mercado mundial. Em resumo, atitude” Nesse sentido, o Infosys Leadership Institute dos Estados Unidos, em seus comentários sobre o tema, o considera como uma agradável surpresa e lança uma discussão sobre a enorme importância das atitudes orientadas para o sucesso. Ou seja, ações diretas e práticas a serem tomadas para vencer no mercado mundial. Em resumo, atitude, palavra forte e direta que diz tudo. Na Índia, o mesmo Instituto mostra aspectos interessantes. Embora os indianos sejam mais intelectuais, quando comparados aos norte-americanos, e assim possam mostrar um menor pragmatismo, isto não significa necessariamente desvantagem, pois, são mais abertos às ciências e a um sem-medo para enfrentar novos caminhos, sentindo-se à vontade nas buscas do novo. Tudo isso faz pensar que o aspirado desenvolvimento das economias visto com intensidade pelos países desde o século 20, parece não mais estar baseado em modelos do passado. Nações diferentes, com estratos sociais diferentes, respeitando suas tradições seculares, podem se modernizar e avançar. O fenômeno da globalização dos mercados mostra tendências, por provocações do imperativo tecnológico,
de mais e mais depender da vocação das populações pelas ciências exatas, capazes de transformar idéias em produtos e serviços, buscados pelo mundo em escala crescente. Embora tais colocações sejam abundantemente estudadas, tem-se que assinalar que a estrutura social de uma sociedade pode não ser obstáculo ao desenvolvimento, e mais ainda, simplesmente o aumento da eficácia do sistema não parece ser condição suficiente para que sejam satisfeitas as necessidades de uma população. A coragem de mudar, de avançar, de inovar é hoje um atributo essencial. Neste contexto, surge a figura do “líder” que, exercendo sua capacidade de identificar oportunidades, produz diferenças e resultados, consegue resultados excepcionais, interagindo, relacionando-se com pessoas e acomodando o social com o produtivo. O desafio que a inovação impõe ao líder seria sua capacidade de atuar e conseguir que cada um lidere a si mesmo, expressando-se no que acredita, embora se mantenha aberto para aprender, arriscar ou questionar. Parece que somos todos sabedores disso, mas disso fazemos muito pouco. •
Ozires Silva Engenheiro
ozires@valeparaibano.com.br
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Reportagem de Capa
PROFISSÃO
Você é feliz no trabalho? Para responder a esta pergunta, a revista valeparaibano encomendou ao Instituto Allure pesquisa exclusiva que chegou à seguinte conclusão: três em cada quatro joseenses estão satisfeitos com o emprego que têm
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Fotos ilustrativas: Flávio Pereira
Yann Walter São José dos Campos
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trabalho é o lugar onde passamos a maior parte de nossas vidas. Assim, a noção de satisfação profissional adquiriu uma importância que ficou ainda mais significativa nas últimas décadas. Hoje, a maioria das pessoas a considera tão primordial quanto a própria felicidade pessoal. Na verdade, ambas caminham juntas e uma completa a outra. E você? Já se perguntou se é feliz no trabalho? A felicidade profissional é uma
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noção muito presente em São José dos Campos? Para responder a esta pergunta, a revista valeparaibano encomendou ao Instituto Allure uma pesquisa exclusiva sobre o tema, que chegou à seguinte conclusão: três em cada quatro joseenses estão felizes com o emprego que têm. À pergunta “você é feliz no trabalho?”, 77,3% dos trabalhadores entrevistados responderam “sim”, um número amplamente superior à média nacional, calculada em 61% pelo Instituto DataFolha em sua última pesquisa sobre o tema, publicada em 2002. É provável, porém, que o crescimento econômico registrado no país nos últimos anos tenha provocado um aumento significativo desta média. O percentual de pessoas felizes no tra-
balho em São José é um pouco diferente entre homens (74,3%) e mulheres (80%), provavelmente porque os primeiros continuam ocupando a maior parte dos cargos considerados mais pesados e cansativos. Sem surpresa, os joseenses da classe A apresentam o maior percentual de satisfeitos: 82,1%, contra apenas 67,9% para as classes D e E. Esta diferença pode ser constatada também no nível de estudo, que costuma repercutir na classe socioeconômica: 83,78% dos entrevistados com pós-doutorado e 100% dos titulares de mestrado e doutorado –que constituem a grande maioria dos integrantes da classe A– se disseram felizes no trabalho. Curiosamente, a pesquisa aponta que
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Reportagem de Capa
o percentual de pessoas que dizem ter uma vida profissional satisfatória é ligeiramente maior entre os sondados com ensino fundamental incompleto (73,68%) do que entre os que completaram o ensino fundamental (70,73%). Uma explicação possível é que o primeiro grupo tinha expectativas profissionais menos elevadas que o segundo. Outro dado interessante: 77,5% dos entrevistados que completaram o ensino médio são felizes no trabalho, enquanto apenas 57,14% dos que fizeram um curso técnico se disseram contentes com a vida profissional. A pesquisa espontânea foi conduzida nos dias 13 e 14 de outubro em pontos de fluxo de São José dos Campos, com uma amostra de 300 pessoas economicamente ativas dividida igualmente entre homens e mulheres e representativa da população da cidade em termos de faixas etárias e classes socioeconômicas. O Instituto Allure dividiu os 300 entrevistados em cinco faixas etárias, proporcionalmente representativas da população ativa de São José –formada por 250 mil pessoas. Pode-se constatar que os maiores percentuais de joseenses felizes no trabalho encontram-se nas faixas de 46 a 55 anos (83,3%) e 36 a 45 anos (81,4%). A faixa de 26 a 35 anos não fica muito atrás (79,2%). Isso se deve ao fato de que a grande maioria das pessoas realizadas profissionalmente, que subiram todos os degraus da empresa onde trabalham e chegaram até onde podiam, têm entre 40 e 55 anos. O número cai entre os maiores de 55 anos (74,3%) e mais ainda na faixa de 16 a 25 anos (71,3%), que concentra a maior proporção de pessoas recém-chegadas ao mercado de trabalho e, portanto, de baixos salários. Indústria lidera De acordo com o estudo, o maior número de pessoas satisfeitas no trabalho se encontra na indústria: nada menos que 88% dos entrevistados que fazem carreira no setor em São José se disseram felizes com a profissão. “Concordo com a pesquisa. Acho que o setor da indústria passa por um bom momento, principalmente o setor automobilístico, e é por isso que o percentual é alto. A cidade está em uma região muito industrializada, com alta tecnologia e, consequentemente, altos desafios”, avaliou o vice-diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo)
Maior número de pessoas satisfeitas no trabalho se encontra na indústria: 88% dos entrevistados que fazem carreira no setor se disseram felizes com a profissão em São José
de São José dos Campos, Ney Pasqualine, para quem a maioria dos trabalhadores do setor é procedente das classes A e B. “A pesquisa por faixa etária mostra isso. São pessoas mais maduras, realizadas, que já conquistaram seus objetivos”. Entretanto, segundo Vivaldo Moreira Araújo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, a realidade é bem diferente. “Este número de 88% talvez seja válido no setor administrativo, mas não nas linhas de produção. Convivo diariamente com muitos operários, e poucos são felizes no trabalho. A massa
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salarial caiu 30% a 40% em relação a quatro ou cinco anos atrás, e o ritmo de trabalho é intenso. Além disso, o assédio moral nas empresas aumentou bastante”, detalhou o sindicalista, ressaltando que a maioria dos operários é formada por homens da classe D, com idades entre 26 e 45 anos. O representante do Ciesp não negou a intensidade do ritmo de trabalho, mas rejeitou o argumento salarial. “Conheço pessoas infelizes no trabalho, principalmente por causa do ritmo imposto pelo dia-a-dia ou porque não gostam do que fazem, mas elas não reclamam de salários”. Para o presidente da ACI (Associação Comercial e Industrial) de São José dos Campos, Felipe Cury, o percentual elevado de trabalhadores felizes na indústria em São José se deve, além dos altos salários, ao fato de que o setor foi precursor no desenvolvimento do serviço social e na concessão de benefícios. “A indústria saiu na frente na política de benefícios e sempre buscou o diálogo com o trabalhador através do serviço social, consolidado no setor há três décadas. O comércio ficou para trás, está acordando agora”, afirmou. Autônomos Depois da indústria, os autônomos são a categoria que reúne o maior número de pessoas felizes no trabalho, com um percentual de 87,5%. O comércio segue, com 78,3%. O setor dos serviços e os profissionais liberais vêm atrás com, respectivamente, 69,4% e 66,7%. “Concordo plenamente com estes números. A sociedade está passando por uma evolução, na qual a noção de felicidade no trabalho é considerada primordial. E esta felicidade já não se mede mais apenas pelo salário, e sim pelas realizações profissionais. Afinal, passamos a maior parte de nossas vidas no trabalho”, disse Cury, citando como explicação para os altos percentuais de pessoas felizes profissionalmente o bom momento econômico da cidade. “São José dos Campos teve uma evolução extraordinária. Os salários estão entre os melhores do país. A maioria das famílias joseenses tem dois carros, duas TVs...”, afirmou. De fato, os números da pesquisa tendem a mostrar que a maioria dos joseenses pertence às classes C (40%) e B (38,5%). As classes D e E representam,
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PESQUISA
50%
50%
VOCÊ É FELIZ NO TRABALHO? Resultado geral
Perfil do entrevistado
não sim
NÃO
SIM
16 a 25
28,7%
71,3%
26 a 35
20,8%
79,2%
36 a 45
18,6%
81,4%
46 a 55
16,7%
83,3%
mais de 55
25,7%
74,3%
CLASSE SOCIAL
%
%
Classe A
17,9
82,1
Classe B
22,4
77,6
Classe C
21,9
78,1
Classe D-E
32,1
67,9
80%
74,3% 25,7%
IDADE
20%
não sim Homem
Mulher
P i
Faz o que gosta
Porque sou feliz no trabalho?
Bom salário Tem benefícios Não tem chefe Recebe qualificação profissional Plano de carreira/estabilidade Ambiente agradável É promovido com frequência Horário flexível
40,1% 23,7% 19,4%
8,6%
7,8%
7,8%
6,9%
3,0%
1,7%
Obs: O entrevistado apontou 1 ou mais motivos
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%
Realizada em 13 e 14 de outubro
FORMAÇÃO
Não
Sim
Fundamental incompleto
26,32%
73,68%
Fundamental
29,27%
70,73%
22,45%
77,55%
42,86%
57,14%
Pós-graduação
16,22%
83,78%
Mestrado
0%
100%
Doutorado
0%
100%
TOTAL
22,7%
77,3%
Ensino médio Curso técnico
Setores 88%
87,5%
78,3% 69,4%
66,7% 33,3%
30,6% 21,7% 12%
12,5%
não sim Indústria
Comércio
Serviços
Porque sou infeliz no trabalho?
Autônomo
Profissional liberal Salário abaixo do mercado Insatisfação com a profissão Não gosta da carga horária Jornada de trabalho excessiva Ambiente de trabalho ruim Não é promovido embora acha que mereça Falta plano de carreira Sofre assédio moral
36,8%
23,5%
13,2%
11,8% 10,3%
4,4%
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Reportagem de Capa
juntas, 14,1%, enquanto a classe A reúne 7,4% da população. Os números joseenses correspondentes às classes A e B são superiores à média nacional –que já melhorou muito nos cinco últimos anos– enquanto que os das classes C e D/E são inferiores: de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), a classe C –a que mais cresceu no período– congrega agora 49% da população brasileira, contra 32% em 2006. As classes A e B reúnem, juntas, 23% dos brasileiros (20% em 2006), enquanto que as classes D e E totalizam agora 26% da população (46% em 2006). Cabe destacar que o critério escolhido pelo Instituto Allure para definir a classe socioeconômica de cada indivíduo é o Abipeme, baseado em um sistema de pontos estabelecido em função da posse de determinados bens de consumo e do
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grau de instrução do chefe da família. Já o IBGE usa como método de definição a renda familiar, com base em uma família de quatro pessoas. De acordo com José Maria de Faria, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de São José, o alto percentual de pessoas felizes no comércio se deve ao fato de que setor é um dos mais fortes da região. “O comércio em São José está em plena expansão. Muitas lojas estão sendo construídas, e os shoppings da cidade fizeram reformas recentemente. O setor é um dos mais atrativos da região e até do país. Perde apenas para as grandes metrópoles, como São Paulo”, afirmou, acrescentando que “aqui se pode achar de tudo, de um alfinete a um avião”. No entanto, assim como acontece no caso da indústria, o setor do comércio também tem duas realidades: a dos empre-
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Reportagem de Capa
sários e a dos trabalhadores. Na opinião de Albino Correia de Lima, presidente do SEC (Sindicato dos Empregados no Comércio) de São José, os números apontados pela pesquisa não corresponderiam à realidade. “Os empregados do setor do comércio são os mais explorados. Os salários são baixos, a carga horária é pesada [muitos trabalham no fim-de-semana] e a cobrança é excessiva. Eu vivo essa realidade no dia-a-dia e posso afirmar que a maioria dos empregados no setor do comércio não é feliz na vida profissional”, avaliou, ressaltando que 55% das pessoas que trabalham no comércio são mulheres e que a maioria dos funcionários do setor vem das classes C e D, tem entre 18 e 27 anos e está no primeiro emprego –cuja principal característica é o baixo salário. “Os salários são mais interessantes aqui do que em outras cidades da região”, rebateu Faria. “É inevitável que haja pessoas infelizes com a situação delas. Às vezes, o funcionário leva os problemas pessoais
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“Estou feliz com meu trabalho” Sérgio Luiz de Morais, 33 anos, exerce há 12 anos a profissão de técnico mecânico em uma grande multinacional do ramo da saúde. Casado com a enfermeira Mirella de Fátima Faria, tem um filho de um ano e mora no Parque Industrial, zona sul de São José dos Campos. O casal tem uma renda familiar mensal mínima de R$ 6.000. Sérgio trabalha oito horas por dia, com uma hora de almoço. Às vezes faz o turno da manhã, das 6h às 14h, e outras vezes, trabalha à noite, das 22h às 6h. Neste caso, ganha um adicional noturno que eleva significativamente a renda da família, contribuindo para o custeio das despesas mensais.
Jornada de trabalho Trabalha seis dias por semana e folga dois. Assim, acaba passando quase todos os fins-de-semana na multinacional. “Não gosto de trabalhar sábado e domingo, mas ganho um adicional de 30% do meu salário mensal por trabalhar nesta escala, além do adicional noturno”, disse Sérgio, que entrou na empresa quando tinha apenas 20 anos. Na época, ganhava R$ 2.500. Hoje, recebe um salário significativamente maior, cujo valor prefere não divulgar. “O salário é bom, e o ambiente de trabalho é excelente. O único ponto negativo é o ruído constante das máquinas. A empresa proporciona todo o equipamento de proteção necessário –capacete, luvas, óculos–, mas mesmo assim o ruído é forte”, explicou o técnico mecânico.
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para o serviço. Outros têm problemas no relacionamento com as pessoas. Mas posso dizer que a maioria dos joseenses que eu conheço no setor do comércio está contente com a vida profissional”, minimizou. Motivos A pesquisa elaborada pelo Instituto Allure também listou as razões mais citadas pelos 300 entrevistados para justificar a felicidade ou a insatisfação na vida profissional. Vale ressaltar que várias pessoas mencionaram mais de um motivo. Segundo o estudo, 40% dos sondados disseram que são felizes no trabalho porque fazem o que gostam; 23,7% ressaltaram o bom salário; 19,4% destacaram os benefícios; e 8,6% o fato de não ter chefe. Outras razões mencionadas foram a qualificação profissional recebida (7,8%), o plano de carreira e a estabilidade (7,8%); o ambiente agradável (6,9%); as frequentes promoções (3%) e a flexibilidade dos horários (1,7%). Entre os infelizes no trabalho, os motivos
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mais citados foram, na ordem, um salário abaixo do mercado (36,8%), a insatisfação com a profissão (23,5%), uma carga horária inadequada (13,2%), uma jornada de trabalho excessiva (11,8%), um ambiente de trabalho ruim (10,3%), a falta de promoções (4,4%) e de plano de carreira (4,4%) e, por fim, o assédio moral (1,5%). Todas as partes consultadas pela revista admitem o problema de carga horária. “Muitos joseenses trabalham no sábado, não têm um fim-de-semana inteiro para aproveitar a família”, frisou o presidente da Associação Comercial e Industrial, Felipe Cury. Já os baixos salários foram denunciados apenas pelos representantes dos trabalhadores da indústria e do comércio. É interessante notar que ambos sindicatos destacaram o aumento do assédio moral –o presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio mencionou a “pressão psicológica” sofrida pelos comerciários, apesar deste motivo ter sido lembrado por apenas 1,5% dos sondados. •
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Ciência & Tecnologia Artigo
Fabíola de Oliveira
Pesquisa dá prêmio Nobel de Física a cientistas que imigraram de seu país
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lguém aí já ouviu falar de grafeno? Trata-se de uma forma de carbono, um material finíssimo e, ao mesmo tempo, o mais forte conhecido até o momento. No último dia 5 de outubro, os cientistas russos Andre Geim e Konstantin Novoselov, receberam o prêmio Nobel de Física 2010, graças à proeza que conseguiram realizar com seus experimentos na Universidade de Manchester, Inglaterra. Geim e Novoselov extraíram o grafeno de um pedaço de grafite, desses que encontramos em lápis comum. Com o uso de fita adesiva conseguiram obter um floco de carbono com a espessura de apenas um átomo. Contando parece até simples, mas a verdade é que muitos pesquisadores acreditavam ser impossível que um material tão fino e cristalino (como o grafeno) pudesse ser estável. E com qualidades admiráveis. Como condutor de eletricidade comporta-se tão bem quanto o cobre, e como condutor de calor supera todos os materiais conhecidos. É quase transparente e, no entanto, tão denso que nem mesmo o gás hélio, o menor gás atômico, consegue passar através dele. O grafeno é mais uma das boas surpresas que o carbono, base de toda vida conhecida na Terra, nos ofereceu ao longo da história do co-
ÊXODO “ Como eles, muitos cientistas têm deixado seus países em busca de melhores condições e reconhecimento por seus trabalhos” nhecimento humano. Com esse novo material os físicos de todo o mundo podem agora estudar uma nova classe de materiais bi-dimensionais com propriedades únicas e aplicações práticas incríveis, como a criação de novos materiais, a fabricação e inovação em eletrônica. Isso quer dizer que vamos, por exemplo, ter computadores ainda mais eficientes, pois os transistores de grafeno poderão ser muito mais rápidos que os atuais transistores de silício. E como é quase transparente, o novo material servirá para produzir telas mais transparentes, painéis mais leves e possivelmente células solares. A resiliência do grafeno, ou a capacidade de manter-se estável em situações de calor e impacto extremos, poderá revolucionar a manufatura de satéli-
tes, aviões e automóveis. Novoselov, com apenas 36 anos, e Geim, com 51, são parceiros há um bom tempo. Os dois estudaram e iniciaram suas carreiras de físicos na Rússia, passaram alguns anos na Holanda e atualmente são professores na Universidade de Manchester. Como eles, muitos cientistas têm deixado seus países em busca de melhores condições e reconhecimento por seus trabalhos. Cientistas, doutores e professores universitários. É o que está acontecendo neste momento na Venezuela, um êxodo de cérebros. Quando esta edição da revista estiver nas bancas, já saberemos quem será o(a) novo(a) presidente do Brasil. Vamos ver com que prioridade irá tratar a educação, a ciência e a tecnologia em nosso país. •
Fabíola de Oliveira Jornalista fabiola@valeparaibano.com.br
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Comportamento
GUERRA DOS SEXOS
Por que somos tão d
Xandu Alves São José dos Campos
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mulher quer discutir a relação. O marido prefere assistir ao jogo de futebol. O casal discute. Ela se abre, chora e aponta o que considera os problemas no relacionamento. Ele desvia o olhar, resmunga e comemora o gol do time. Atenção zero. Enquanto ele se estica no sofá, feliz com o tento, ela vai para o quarto queixar-se com os travesseiros. Nada resolvido. A vida continua. Homens e mulheres diferenciam-se em quase tudo. Relacionamentos entre os sexos
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são complicados desde que a espécie humana surgiu há 100 mil anos. Não à toa, a imagem da conquista amorosa daquela época é a de um homem batendo com um singelo tacape na cabeça da fêmea. Amor à primeira pancada. No entanto, as raízes dessas diferenças remontam a um passado muito mais distante, dos nossos antepassados, que viveram há aproximadamente quatro milhões de anos. Herdamos deles genes extraordinariamente resistentes e influentes. Ao longo de milhares de anos a evolução tratou de lapidar as características de cada sexo. Elas são quase sempre complementares, mas muitas vezes geradoras de conflitos por falta de entendimento da própria natureza. Tais distinções explicam boa parte do comporta-
mento feminino e masculino. “Somos nitidamente diferentes. Quanto antes conseguirmos perceber isto, melhor será o nosso relacionamento e compreensão em relação ao sexo oposto”, afirma a bióloga molecular e geneticista Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP (Universidade de São Paulo). Portanto, conhecer melhor as diferenças é dar um passo certeiro na relação equilibrada. E tudo começa no momento exato do milagre da vida: a criação de um novo ser. A genética entra em campo para diferenciar os sexos, a primeira e mais importante distinção entre os humanos. Essa fascinante missão nos leva a um encontro íntimo dentro do útero feminino. E não é por acaso que são as mulheres que geram a vida.
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diferentes?
Molde feminino Para deleite das feministas, todo ser humano começa mulher. O molde básico para o corpo e o cérebro humanos é feminino. Machões que duvidam devem olhar para si mesmos. Vocês possuem mamilos e glândulas mamárias que, embora pouco desenvolvidos na comparação com as mulheres, são sinas de que os homens têm características femininas. Ginecologista e especialista em medicina fetal, o professor da Unitau (Universidade de Taubaté) Gregório Lorenzo Acácio explica que a sopa de letrinhas ––a longa fila de DNA que codifica nossos genes e se encontra no interior dos cromossomos–– define todas as características do ser humano: cor dos olhos, tipo de cabelo e constituição física.
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A ciência explica porque homens e mulheres têm tantos problemas de relacionamento. Fomos atrás das respostas e descobrimos: somos como cães e gatos
O espermatozóide do homem e o óvulo da mulher carregam 23 pares de cromossomos. Juntos, eles formam os 46 pares da espécie humana encontrados nas demais células do corpo. Elas parecem um ovo frito cuja gema carrega a biblioteca de 46 “livros” que contém o DNA de cada um. Dois desses cromossomos da fileira de livros são os tipos sexuais, batizados de X e Y. Como a mulher só tem o cromossomo X, é o homem quem define o sexo do futuro bebê. Se o espermatozóide vier com X, nascerá menina. Se for Y, surgirá um menino. É o que se chama sexo cromossômico. A partir daí, inicia-se uma jornada que passará por várias fases de diferenciação sexual até chegar ao modelo definitivo: macho ou
fêmea. Antes das cinco semanas de gestação, as gônadas (testículos ou ovários) não estão formadas. Se o embrião receber o caractere X, terá ovário e os genitais internos e externos se desenvolverão sem ação hormonal alguma. Aparecerão útero, vagina e os pequenos e grandes lábios. Se herdar o cromossomo Y do pai, desenvolverá testículos e fabricará testosterona em maior quantidade. O hormônio é responsável por “desviar” a diferenciação sexual para masculino. Ou seja, mulheres se desenvolvem naturalmente sem ação hormonal e os homens surgem por ação da testosterona. Machistas inveterados podem comprovar a inclinação da natureza pelas fêmeas observando um detalhe em seu corpo. O escroto é
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Comportamento
Thiago Leon
DIFERENÇAS
Ele queria agito, ela queria ser freira Eles são tão diferentes quanto o silêncio é do barulho. Ela queria ser freira e passava os finais de semana em encontros e retiros religiosos. Ele gostava de agito e tocava na bateria de uma escola de samba. As ideias os colocavam em campos opostos. Mesmo assim, Maria Barbosa da Silva, 28 anos, e Gustavo Barbosa Ayres Veiga, 29 anos, se conheceram e engrenaram o namoro depois que perceberam um gosto em comum pelas artes. Cursando a faculdade de Letras, Marina ganhou de Gustavo o livro “Primeiras Histórias”, de Guimarães Rosa, com um botão de rosa dentro. “Aquilo me conquistou. Mesmo sendo completamente diferentes, e as pessoas dizendo que não ia dar certo, engatamos
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o namoro”, conta Marina. Dez anos depois, casados há quase três, os pombinhos abriram um estúdio de design e serigrafia e estão conseguindo encontrar equilíbrio na relação. Mas não sem antes passar por sérios problemas. Ao completar um ano de casamento, Marina e Gustavo entraram em choque e se separaram. “O peso da responsabilidade foi a pior sensação. Era cobrado em ser o provedor da casa e isso me assustou”, confessa Gustavo. As diferenças deixaram o casal afastado por três meses. As personalidades não batiam. Marina é agitada, explosiva e autoritária. Gustavo é metódico, calmo e organizado. Ela gosta de trabalhar em silêncio. Ele prefere criar ouvindo música em alto volume. Mas a arte os aproximou de novo. Marina largou as aulas em três períodos, passou no mestrado e começou a ajudar Gustavo no estúdio. “Descobri o meio
termo. Acho que a melhor coisa do casamento foi ter tomado esse baque da diferença”, explica a professora e agora administradora da empresa. Gustavo, que é designer gráfico, acha que o reencontro depois da separação deu leveza ao relacionamento. “Não temos mais que dar satisfação a ninguém. Já passamos pelo abismo e sobrevivemos.”
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dividido por uma linha, um risco medial escurecido. Acácio explica a razão da particularidade: “Trata-se dos grandes lábios vaginais que se fecharam com a atuação da testosterona”. Pois é, machões terão que conviver com isso! Cérebro Nascido o novo ser vivo, entra em campo a herança genética de milhares de anos de evolução para nos tornar ainda mais diferentes. As distinções vão bem além da anatomia e dos caracteres sexuais. As nuances biológicas de cada sexo explicam as maneiras desiguais com que meninos e meninas se desenvolvem. O mentor disso tudo é o cérebro, que também sofre mudanças dependendo do sexo. Segundo Renato Sabbatini, doutor em neurofisiologia pela Faculdade de Medicina da USP, o cérebro de homens e mulheres diverge no tamanho e na maneira de processar a linguagem, as informações, as emoções e o conhecimento. O órgão é distinto também para calcular o tempo, estimar a velocidade de objetos, fazer cálculos matemáticos mentais, orientar-se no espaço e visualizar objetos tridimensionais. Cientistas sabem que o lado esquerdo do cérebro feminino se desenvolve mais rápido. As meninas falam melhor e mais cedo, conseguem ler e aprendem mais rapidamente uma segunda língua. Com os garotos, é o lado direito que amadurece primeiro, dando-lhes habilidades de percepção, raciocínio lógico e orientação espacial antes e melhor que delas. “Isso explica o fato de existirem mais homens matemáticos, pilotos de avião, engenheiros mecânicos, guias de safári e pilotos de Fórmula 1 do que mulheres”, afirma Sabbatini. Por outro lado, completa o neurofisiologista, as mulheres são melhores em relações humanas, em reconhecer aspectos emocionais nas outras pessoas e na linguagem. Também levam vantagem na expressão emocional e artística, na apreciação estética, na linguagem verbal e na execução de tarefas detalhadas e pré-planejadas. Cerveja No livro “Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?” (Sextante), do casal Allan e Barbara Pease, especialistas em relacionamento e linguagem corporal, a diferenciação cerebral é assim explicada: “O cérebro masculino é especializado, compartimentado e configurado para se concentrar em uma atividade específica. Já o cérebro feminino é configurado para tarefas múltiplas”. É fácil entender a distinção. A mulher que
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fica em casa tem que estar atenta à panela no fogo, aos filhos brincando, ao telefone tocando e à porta batendo. Tudo ao mesmo tempo, e ainda ouvindo rádio. “Mas observem um homem assistindo a um jogo de futebol na TV. Ele se desliga de tudo”, exemplifica a geneticista Mayana Zatz. O médico e pesquisador Paulo Saldiva, doutor em Patologia pela USP, dá a receita para que as mulheres consigam anular o cérebro de um homem: “Basta lhe dar o controle da TV e duas latinhas de cerveja”. Brincadeiras à parte, resta a dúvida: quem é mais inteligente, o homem ou a mulher? A ciência aponta que não há resposta definitiva para a questão. Cada sexo possui suas habilidades específicas, mas elas podem migrar de um para outro gênero. Há tanto mulheres com excelência em matemática, física e engenharia como há homens excepcionais em linguagem e na interpretação emocional. “Nada é muito simples. Somos seres com comportamentos diferentes. É uma questão de contexto em decorrência da evolução da espécie”, resume o ginecologista Acácio. Caçador e criadora No caldeirão das diferenças biológicas, genéticas e hormonais, a evolução é que confere sentido ao caldo cultural. Em épocas muito antigas, cada sexo tinha um papel definido que assegurava a sobrevivência da espécie. Homens caçavam e mulheres recolhiam comida e cuidavam dos filhos. “As áreas do cérebro podem ter sido desenvolvidas para permitir que cada sexo realizasse suas tarefas”, aponta a Society for Neuroscience, de Washington (EUA), maior organização profissional da área. No livro “Sex on the Brain: The biological differences between men and women” (O sexo no cérebro: as diferenças biológicas entre homens e mulheres), sem lançamento no Brasil, a pesquisadora Deborah Blum confere à evolução boa parte da explicação dos compor-
O cérebro de homens e mulheres diverge no tamanho e na maneira de processar a linguagem, as informações, as emoções e o conhecimento
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tamentos atuais de homens e mulheres. Segundo ela, a infidelidade seria uma maneira pela qual os homens asseguram a imortalidade genética. Mas a autora aponta que, quando se muda deliberadamente o comportamento de papel social, os hormônios e até mesmo o cérebro respondem transformando-se também. Ou seja, nada é imutável na vida de homens e mulheres. Se qualquer marido flagrado em uma pulada de cerca justificar o desvio como “perpetuação dos meus genes”, a mulher deve dar uma panelada na cabeça dele. Faça-o se lembrar do tacape usado pelos seus antepassados. E diga-lhe: “É, está nos genes”. Bruxas Inata ou adquirida, a inteligência sempre foi considerada um atributo masculino. Homens pensam e mandam. Mulheres cuidam (do marido, da casa e das crias) e obedecem. Por séculos, a condição feminina foi relegada pelos homens. Mulheres inteligentes, criativas e de espírito independente terminavam na fogueira, muitas vezes chamadas de bruxas. A sociedade patriarcal, herdada dos agrupamentos primitivos, manteve-se dominante por centenas de anos e trouxe reflexos até nossos dias. Nessa perspectiva, as diferenças entre homens e mulheres ficaram nubladas pela sombra da intolerância. “Parteiras, curandeiras e mulheres inteligentes eram ligadas à bruxaria, o que justificava a morte delas”, diz a feminista e cientista social Dora Soares, que considera essa separação sexual a fórceps impedimento para que os sexos tenham uma relação saudável, baseada no conhecimento mútuo. “Ao longo de séculos, a ciência desrespeitou o corpo feminino.” O desequilíbrio é mais latente na cama. Quando o assunto é sexo, homens e mulheres falam línguas diferentes. Allan e Barbara Pease comparam o impulso sexual de homens a um fogão a gás e o da mulher, a um forno elétrico. Ele liga na hora e alcança o ponto máximo em segundos, podendo ser desligando com a comida pronta. Ela aquece aos poucos até chegar ao ponto de fervura, e demora para esfriar. “Para fazer sexo, a mulher precisa de motivo. O homem precisa de lugar”, escrevem os autores. Tais diferenças pendem na balança pelo viés masculino. Dora constata: “A linguagem da sexualidade ainda é masculina”. A palavra tesão, por exemplo, é largamente usada para descrever a excitação de ambos os sexos. Só que tesão vem de teso, atributo específico do órgão sexual masculino. “Homens e mulheres são educados para o
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Comportamento
prazer masculino. Nessa área, o machismo legitima a promiscuidade e os relacionamentos baseados na violência”, diz a cientista social. “Estimula-se a menina a dançar na boquinha da garrafa desde pequena e, quando ela repete o gesto aos 15, é chamada de vagabunda.” Segundo Dora, ensina-se ao homem que ele não pode fracassar nunca, sob pena de perder a masculinidade. Também não se educa a mulher para ser bem-sucedida, mas para a submissão e para disputar marido. Quem foge dos padrões é segregado. “Homem ou mulher que não casa é porque tem algum problema: é gay ou incompetente para arrumar parceiro.” Violência As diferenças biológicas acabam derrotadas pela cultura dominante, baseada na estrutura patriarcal. Segundo o psicólogo Paulo Crozariol, consultor em gestão de pessoas, tais valores são inspirados no homem, na figura do pai e protetor. Estimula-se o poder, o controle, a competição, o domínio e a conquista. Ou seja, um modelo violento de exercer a condição masculina. “Os homens são ensinados a serem fortes e guerreiros. O que possa parecer mais delicado, sensível ou sentimental é atribuído ao feminino, sinal de fraqueza”, explica Crozariol, que percebe uma maior dificuldade nos homens em sair dessa “armadura” durante os tratamentos psicológicos. Com isso, o psicólogo reconhece certa “crise de identidade e de função” em homens e mulheres, gerando comportamentos contraditórios. Num momento, eles promovem a abertura e tolerância, para no passo seguinte voltar
ao caos e à pré-história. “O reconhecimento do valor do feminino é fundamental para nossa saúde psicológica e afetiva”, completa Crozariol. “Trata-se do reconhecimento do afeto, do sentimento e do amor como essenciais para a nossa vida.” Especialista em atender adolescentes, a psicóloga e pedagoga Fabiana Luckemeyer observa que as diferenças entre masculino e feminino se reproduzem entre os jovens, muitas vezes de forma exacerbada. Meninos optam por brincadeiras agressivas e são mais desorganizados e preguiçosos. Por se desenvolverem antes dos garotos, as meninas se tornam maduras mais cedo, influenciando na sexualidade e na tomada de decisões. Elas também estão mais ativas quando o assunto é conquistar o sexo oposto, mesmo que continuem nutrindo o romantismo e procurando um grande amor. Fabiana ressalta que a entrada da mulher no mercado de trabalho modificou os comportamentos no âmbito amoroso. Ela deixou de ser submissa ao marido e conquistou seu espaço. Novamente, afirma a psicóloga, a saída para o relacionamento ideal entre homens e mulheres é cada um exercer seu papel com legitimidade, mas respeitando as particularidades do outro. “Nem mulheres masculinizadas demais, nem homens feminilizados demais. O segredo é o equilíbrio.” Compreender as diferenças é reduzir os estereótipos de cada sexo, explorando talentos, diversidades e habilidades próprios dos gêneros. É a receita para tornar o relacionamento agradável, prazeroso e feliz. “Considerando todas essas diferenças, podemos afirmar que
Homens • Maior habilidade para trabalhos manuais, como mecânica, carpintaria e serralheria • O cérebro masculino é especializado, compartimentado e configurado para se concentrar em uma atividade específica • Usam mais o lado esquerdo do cérebro, associado ao raciocínio lógico, e perdem na capacidade de perceber manifestações sutis de sentimentos. Também relutam mais em demonstrar seus sentimentos • Sede das habilidades espaciais, a parte posterior do hemisfério direito do cérebro é mais desenvolvida, dando ao homem facilidade para interpretar mapas, se orientar e maior noção espacial. Têm visão central e a longa distância mais aguçadas • Sofrem mais de calvície, distrofia muscular progressiva, hemofilia e autismo. São mais vítimas de gagueira e dislexia
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o relacionamento entre homens e mulheres se constitui numa verdadeira arte”, diz Crozariol. Segunda chance Arte que os fisioterapeutas e osteopatas Antônio Fontoura, 32 anos, e Josi do Amaral, 35 anos, aprenderam na prática. Ambos saíram de casamentos frustrados para perceber a influência das diferenças na vida a dois, e a importância delas no sucesso conjugal. Ele saiu de um relacionamento de seis anos e ela, de oito. A incompatibilidade de gênios e na perspectiva profissional contribuíram para a separação mútua. Completando quatro anos de relacionamento, sendo dois de casados, Fontoura e Josi admitem que são muito diferentes, mas que assimilaram o quanto essa condição pode ser benéfica para a relação. “Trabalhamos na mesma clínica, mas em consultórios separados. Por sermos bem diferentes, um não dá palpite no trabalho do outro”, conta Josi. “Sou mais racional e calmo. Ela é mais agitada e prática. Respeitando essas condições o relacionamento vai bem”, completa Fontoura. A situação muda em casa. Ela e o marido dividem a administração do lar, das finanças e até do fogão. Mas evitam limpar o mesmo cômodo juntos. O segredo deles é simples: entrar em consenso e buscar o concílio em qualquer situação. “Nem sempre conseguimos evitar o conflito”, confessa Josi. “Os problemas que tivemos no passado nos deram maturidade para nos adaptar ao outro. A receita é estar abertos para aprender com a vida a dois”, ensina Fontoura. •
Mulheres • Capacidade verbal mais aprimorada, facilitando trabalhos em que haja comunicação. As mulheres têm várias regiões do cérebro relacionadas à linguagem • O cérebro feminino é configurado para tarefas múltiplas • São mais choronas por produzir o hormônio prolactina, responsável pela produção de leite. A substância ativa os centros nervosos dos vínculos afetivos e as mulheres tendem a demonstrar mais os seus sentimentos • Em repouso, o cérebro feminino mantém 90% de atividade, contra 70% dos homens. Por isso, elas são melhores em captar detalhes. Têm melhor visão periférica • São mais suscetíveis de serem vítimas de esclerose múltipla e de ter câncer no pulmão quando são fumantes passivas
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Meio Ambiente
COMPORTAMENTO
Tristeza em alto-mar Estudo realizado por pesquisadores da Unicamp associa quadros de depressão em caiçaras de comunidades de pescadores às mudanças socioambientais no Litoral Norte
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Fotos: Eugênio Vieira
DIFICULDADES O pescador João Fereira de Lima, 62 anos: garantir o sustento da família apenas com a pesca já não é mais possível
Hernane Lélis Caraguatatuba
A
s belezas naturais do Litoral Norte escondem por trás de suas paradisíacas praias e da agitada vida noturna na temporada de verão uma realidade ainda pouco conhecida pelos turistas. As constantes mudanças no meio ambiente têm afetado diretamente a qualidade de vida dos caiçaras que moram em comunidades artesanais e de pesca, levando essas pessoas a apresentarem quadros de depressão associados às condições socioambientais onde vivem. A análise é resultado de estudo coordenado
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pela socióloga Sônia Regina da Cal Seixas, pesquisadora do Nepam (Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais) da Unicamp (Universidade de Campinas). O trabalho relaciona os impactos da especulação imobiliária e da indústria do turismo veranista ao cotidiano dos caiçaras. Para ela, as mudanças socioambientais deflagram conflitos, abafando ou modificando valores típicos de quem mora no litoral. De acordo com a pesquisa, tais transformações têm significado negativo para determinadas pessoas, que são afetadas em sua qualidade de vida –seja em condições objetivas, como moradia, transporte, emprego e salário, ou em questões subjetivas, como culturais, afetivas e espirituais. “O resultado é o sentimento de estar fora dos padrões, de rejeição e segregação. Fatores que
conduzem a um grande desgaste psíquico e emocional”, explicou Sônia. Dentro do escopo da explosão imobiliária, a pesquisa sugere como agravante na qualidade de vida litorânea a questão da imigração. Diante das diversas oportunidades de emprego geradas no setor da construção civil, centenas de pessoas de outras cidades e estados desembarcaram na região e se instalaram desordenadamente, originando problemas de moradia, saneamento básico e estrangulamento dos serviços públicos. Durante o estudo realizado nas quatro cidades do Litoral Norte –Ubatuba, Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela–, financiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), a socióloga observou também a diminuição da população de pesca-
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Meio Ambiente
dores, diante da desvalorização da atividade pesqueira. “Para continuar sustentando sua família, o caiçara viu-se obrigado a procurar novos meios de sobrevivência, como empregos domésticos, na construção civil e em pequenos comércios regionais”, disse. As estratégias metodológicas usadas na pesquisa, segundo Sônia, são oriundas das Ciências Sociais e consistiram basicamente em observação participante, entrevistas semiestruturadas com profissionais das UBS’s (Unidades Básicas de Saúde) dos municípios e entrevistas com moradores das comunidades. O enfoque dos estudos adveio da observação de usuários de serviços básicos de saúde que se repetiam exaustivamente nas consultas com sintomas mórbidos de dores, sensações corpóreas, insônia, tristeza, medo, entre outros. Para Sônia, tais reclamações refletiam “uma dor do existir social, traduzido pela ausência de expressão verbal e política, e a inexistência de um projeto social e coletivo de vida”. De acordo com a socióloga, a trajetória clínica desses pacientes foi complicada, uma vez que precisaram passar por uma série de especialidades médicas na busca por um tratamento, até serem acolhidos na área de
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saúde mental, com todo o significado que isso implica como, por exemplo, alta medicação, internações hospitalares e até mesmo surtos psicóticos. “Observamos a presença de diagnósticos de depressão em todos os municípios de maneira semelhante, em função de que as transformações socioambientais consideradas na pesquisa atuam em todo o Litoral Norte paulista”, disse . Para ela, o resultado da pesquisa pode ser usado por médicos especializados em saúde metal como auxílio, uma visão ainda pouco explorada dentro das análises clínicas. “Espera-se que a pesquisa possa contribuir para que os profissionais de saúde que atuam nos municípios possam ter outro olhar, para os portadores de diagnósticos de depressão e possam considerar o meio socioambiental onde estão inseridos”, explicou a socióloga. Sônia ressalta ainda que o estudo quebrou o paradigma de que casos de transformações socioambientais ligados à depressão seria uma característica de grandes cidades. “A pesquisa evidenciou que essas questões estão presentes atualmente em regiões com as características dos municípios analisados. Até pouco tempo atrás se acreditava que eram
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características apenas das grandes cidades e com intensa densidade demográfica”. Diagnósticos Régis de Toledo Souza, doutor em psicologia social e pesquisador do NIPPC (Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa de Práxis Contemporânea) da Unitau (Universidade de Taubaté), considera o estudo realizado pela Unicamp uma ferramenta útil para análise clínica em saúde metal. “Essas alterações socioambientais devem ser levadas em consideração. A concepção de que a depressão é orgânica já foi constantemente questionada”, explicou. Segundo Souza, dentro do meio científico pode existir muita resistência quanto à associação estabelecida pela pesquisa, no entanto, diversos profissionais ligados a área já estão incluindo em suas análises essa nova ótica antes de prescreverem os diagnósticos. “Se o sujeito for pautado dentro de uma matriz mais orgânica ele pode correr o risco de ignorar esses fatores socioambientais”, disse. Para Eda Tassara, coordenadora do LAPSI (Laboratório de Psicologia Sócio-Ambiental e Intervenção) da USP (Universidade de São Paulo), casos de depressão ligados a fatores
FUTURO INCERTO O carpinteiro naval Miguel Carvalho, 56 anos; profissão está quase extinta no Litoral Norte por falta de capacitação
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socioambientais ainda são novidade dentro da área social e psíquica, por isso, pessoas afetadas por esse tipo de problema devem receber suporte de diversos profissionais, entre eles, antropólogos, psicólogos sociais, sociólogos e psicanalistas. “Esse rótulo de depressão não é um produto do psiquismo. É uma produção social. Podemos chamar de um desamparo de raízes. É difícil saber o que fazer, pois não existe um conhecimento específico. Acredito que um dos caminhos para incorporar essas pessoas dentro dessa nova realidade seria iniciar um trabalho interdisciplinar, com antropólogos, psicólogos sociais, sociólogos e psicanalistas.” João Ferreira de Lima, 62 anos, membro da Assopazca (Associação de Pescadores Artesanais da Zona Sul de Caraguatatuba), tenta se adaptar as novas realidades impostas pelo desenvolvimento do Litoral Norte. Para ele, que trabalha como pescador há 45 anos, garantir o sustento da família apenas com a pesca já não é mais possível. Por isso, um dos filhos que o ajudava na atividade trocou as redes pelo cabo da enxada. “O mais difícil é ver nossas raízes sendo abandonadas. Dizer que isso não causa tristeza é impossível, mas todos precisam ganhar a vida e, da pesca, está cada vez mais complicado. Alguns pescadores estão transformando seus barcos para fazer passeios com os turistas, meu filho foi trabalhar como servente de pedreiro e, aos poucos, a comunidade vai se acabando”, disse Lima. Além das mudanças sociais, o pescador também ressalta as alterações ambientais refletindo de forma negativa na atividade. Há três anos ele trabalha na reforma de um barco que, segundo ele, irá garantir maior rendimento na pescaria. “A melhor área para pescar camarão, a região da Ilha da Vitória, tem hoje tubulação de petróleo passando por lá, então não podemos entrar com nossos barcos. Temos que ir mais adiante e, para isso, é necessário um barco maior”, explicou o pescador. De acordo com Anaildo Ezequiel dos Santos, presidente da Colônia de Pescadores Z8 de Caraguatatuba, em 2000, a entidade possuía cerca de 750 pescadores associados. Hoje, esse número não ultrapassa 400. “Não posso dizer que existem casos de depressão causados pelas dificuldades do setor, mas posso afirmar que a adaptação é muito complicada e afeta demais nossas vidas. É complicado saber que tudo o que fizemos ao longo dos anos está aos poucos se acabando”, disse Santos. •
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Vida de boleiro Yann Walter São José dos Campos
Passamos um dia com três jogadores, um amador e dois profissionais, para saber como é a rotina dos atletas nos clubes, em casa e com a família
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ão é segredo para ninguém que o futebol é uma paixão nacional. Milhares de brasileiros de todas as idades, profissões e classes sociais se dedicam à prática do esporterei. Todo fim-de-semana, nos quatro cantos do país, grandes estádios e campos de várzea esburacados reúnem 22 atores, 11 de cada lado, unidos em torno do mesmo objetivo: a vitória. O Brasil é, sem dúvida, a nação com o maior número de jogadores, de todas as idades e categorias. A imensa maioria joga por prazer, mas muitos acalentam o sonho de se tornarem profissionais. Poucos conseguem chegar lá. Menos ainda conseguem virar ídolos. Como é a rotina destas pessoas, profissionais e amadores, que têm o futebol como paixão?
Para descobri-lo, a revista valeparaibano passou um dia com um jogador de um clube da primeira divisão do Campeonato Brasileiro, com o capitão do São José Esporte Clube, que luta para voltar à Série A1 do Campeonato Paulista, e com um jovem integrante do Esporte Clube Santa Rita, que disputa o campeonato da ACAF (Associação de Clubes Amadores de Futebol) em São José dos Campos. Douglas Gonzaga Leite, 30 anos, é o goleiro titular do Guarani, campeão brasileiro em 1978 e atual 15º da Série A. Natural de Itaporanga (SP), passou pelas categorias de base do S.J.E.C., onde iniciou a carreira profissional em 2002, como terceiro goleiro. Até hoje, tem uma ligação muito forte com a cidade: sua mulher, Sabrina, é joseense. Douglas jogou no Coritiba de 2003 a 2005 e passou uma temporada em Portugal, de 2006 a 2007. Em 2008, ajudou o Avaí a subir à Série A e, no ano seguinte, aceitou uma proposta do Guarani, contribuindo para a volta do Bugre à elite do fu-
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TREINO Douglas Gonzaga Leite, 30 anos, goleiro titular do Guarani, treina no campo do estádio do Bugre
tebol brasileiro. No início do ano, teve a oportunidade de ir para o Grêmio, mas acabou ficando no clube de Campinas. “Estou muito bem aqui. Tenho uma identificação muito grande com a torcida. Meu contrato vai até dezembro. Não sei o que vai acontecer, mas gostaria de continuar. Estou perto dos 100 jogos com o Guarani”. No auge Aos 30 anos, Douglas está no ápice da carreira. No Guarani, fatura R$ 40 mil por mês. “É o maior salário que já ganhei. No Coritiba e em Portugal, ganhava R$ 25 mil mensais”. Leva uma vida confortável, até simples, para quem ganha tão bem. “Jogador tem que pensar no amanhã”. Com o dinheiro do futebol, adquiriu bens imobiliários: comprou uma casa para os pais e um apartamento em Sorocaba e outro apartamento em São José, no Parque Industrial. No dia da entrevista, Douglas se apresentou em um Tucson (Hyundai) preto comprado em 2008 por R$ 80 mil. “Quero vender esse e comprar uma L200 (Mitsubishi) ou uma Hilux (Toyota)”. Além dos carros grandes, a única extravagância de Douglas é levar a família a um resort de luxo no Nordeste uma semana por ano, em dezembro. O goleiro do Bugre é um homem caseiro. “Não sou muito de balada”, garante, admitindo gostar de um chopinho “só de vez em quando”. Douglas lembrou que a maioria
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FAMÍLIA Douglas com a mulher, Sabrina, e a filha, Maria Clara, na casa da família
dos clubes profissionais insere nos contratos cláusulas que estipulam que o jogador tem que ter uma vida regrada, compatível com a de um atleta. “O Guarani, o Coritiba e o Avaí têm esse tipo de cláusula. Se o jogador for visto bêbado na noite, pode ser demitido por justa causa. Há várias outras restrições. Andar de moto, por exemplo, não é permitido”, revela. Douglas tem uma rotina bem definida. Acorda às 7h30 e vai ao clube tomar café. “O clube também serve almoço, jantar e lanche. O cardápio é elaborado por um nutricionista”, diz, destacando que não há restrições de quantidade, mas que os jogadores que têm tendência a engordar são monitorados com mais atenção. Todo dia, depois do treino, Douglas toma proteína, além de uma cápsula de CL -suplemento que reduz a gordura corporal e aumenta a massa muscular- antes de cada refeição. Quando o time joga só no fim-de-semana, são dois treinos por dia, um de manhã e outro à tarde. Além das sessões no campo, os jogadores alternam exercícios na academia com hidroginástica. Quando são duas partidas por semana, o elenco treina apenas uma vez por dia. No dia da entrevista, Douglas estava lesionado e fez uma avaliação isocinética (musculoesquelética) com um fisioterapeuta. “Quem está machucado não tem folga. Quando não está com o médico está na piscina ou na academia”.
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JOGO Leonardo Fioratti Rosa, 19 anos, (à frente) disputa lance em partida contra o Real Vale do Sol, no Poliesportivo João do Pulo
Douglas almoça todo dia em casa, às 12h. No cardápio, arroz, feijão, carne bovina ou frango, salada e suco. Nada de refrigerante ou doce. Depois de levar a filha para a escola, volta ao clube para o treino da tarde, que acontece no campo ou no CT (Centro de Treinamento) do Brinco de Ouro da Princesa, o estádio do Bugre. Como acontece em qualquer equipe profissional, os goleiros treinam em separado, com um preparador. “Trabalhamos todos os tipos de fundamentos: posicionamento, agilidade, velocidade e saída de bola. No caso do Douglas, focamos na velocidade e no posicionamento”, explicou o preparador Vander Batistella, destacando que quase todos os exercícios são com bola. “Na pré-temporada insistimos mais na parte física”. Os jogadores que conseguem entrar em clubes de ponta ganham bem, mas há o outro lado da moeda: a pressão em cima deles é enorme. Quanto maior o clube, mais exigentes os torcedores. A cobrança é constante, e às vezes violenta. “Os torcedores do Guarani são fanáticos. Quando cheguei a Campinas, em 2009, o time estava numa fase muito ruim. Os jogadores nem podiam sair de casa. Só fui conhecer a cidade depois de três meses”. A rivalidade entre Guarani e Ponte Preta é enorme. “No ano passado disputamos três dérbis, dois pela Série B e um pelo Paulistão. Ganhamos dois e empatamos um. Para os torcedores, ganhar da
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Ponte era mais importante que subir à Série A”. No futebol profissional, Douglas já passou algumas vezes por situações de alto risco. “No ano passado, quando fomos rebaixados para a Série A2 do Paulistão, um grupo de torcedores tentou invadir o vestiário para bater nos jogadores. Em 2003, quando ainda jogava no Coritiba, enfrentamos o Vasco no Rio de Janeiro. Perdemos, mas mesmo assim vascaínos invadiram nosso ônibus. Levamos socos, pontapés. Os seguranças do Vasco demoraram 15 minutos para chegar. Foi a pior situação que já vivi”, relatou.
TRABALHO Leonardo trabalhou como recenseador do IBGE por três meses
Itinerante Fábio Gomes, volante do São José Esporte Clube, já passou por uma situação semelhante. “Em 2002, jogava no Jabuticabal, perto de Ribeirão Preto. Fomos enfrentar o Osasco, pela Série A3 do Paulistão. No meio da partida, o tempo fechou. Dois jogadores se desentenderam, iniciando uma briga generalizada. Centenas de torcedores do Osasco invadiram o campo e partiram para cima de nós. Só pararam de bater quando a polícia chegou. Fui levado para o hospital, com duas costelas fraturadas”. Fábio é um itinerante do futebol. Desde os 17 anos, quando começou a carreira profissional, passou por nada menos de 15 clubes. Em alguns, teve duas ou até três passagens. Nascido em São José, ele passou em uma peneira
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da Portuguesa aos 14 anos. Em 1998, depois de uma passagem pelo XV de Jaú (SP), foi vendido ao Santos. Estreou nas categorias de base, mas no ano seguinte disputou o Paulistão e o Brasileiro na reserva do time principal. No entanto, não se firmou. Rescindiu seu contrato no fim de 2001. Na época, pensou em parar de jogar. “Estava desanimado, sem opções. Acabei aceitando a proposta do Jabuticabal”, contou. Fábio teria uma única experiência no futebol internacional, só que não chegou a concretizá-la. “Devia jogar no Pachuca, um clube da primeira divisão mexicana. Já tinha até acertado as bases salariais, mas o empresário responsável pela transação foi preso por estelionato”. A carreira de Fábio foi marcada por uma sucessão de empréstimos e de contratos de seis meses, a maioria em clubes paulistas. O volante também jogou no Paraná, em Goiás, em Minas Gerais e em Alagoas. “Em 2005 fui para o CSA. Morava em Maceió, em um condomínio de frente para o mar. O time estava bem, ganhamos o Campeonato Alagoano (da 2a div.). Foi uma das melhores fases de minha carreira”. O bom momento não durou. Os dois anos seguintes foram marcados por duas graves lesões no mesmo joelho. No fim de 2006, rompeu os ligamentos cruzados e ficou seis meses parado. O jogador passou então por um dos períodos mais complicados de sua vida. “Na época, jogava no Comercial de Ribeirão Preto. Depois de romper os cruzados fiquei quatro meses sem receber. Meu segundo filho tinha acabado de nascer e estava sem dinheiro para as contas”. Altos e baixos Tal qual uma montanha russa, a carreira de Fábio é feita de altos e baixos. Em apenas três anos, recebeu o pior e o melhor salário: de R$ 1.000 no XV em 1996, passou a ganhar R$ 30 mil no Santos em 1999. Hoje, aos 30 anos, Fábio ganha R$ 4.000 por mês e parece ter encontrado a estabilidade –está garantido no S.J.E.C. até o fim da próxima temporada. “O objetivo é subir à Série A1 do Paulistão. Se conseguirmos, jogo mais uma temporada e paro no fim de 2012. Quero encerrar minha carreira aqui”, revelou o volante, que mora na casa dos sogros no Bosque dos Eucaliptos, em São José. Os pais do jogador também moram no bairro e ele almoça todo dia na casa deles. “Na véspera dos jogos, quando estamos concentrados, fazemos refeições equilibradas, elaboradas pelo clube. Mas aqui em casa não tem restrições. Como churrasco, feijoada, torresmo. Tomo refrigerante. Também tomo cerveja, geralmente depois dos jogos. Mas não gosto muito de balada. Minha mulher também não curte, então, quando queremos sair, vamos
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GINÁSTICA Fábio Gomes, volante do São José Esporte Clube, faz musculação em academia de ginástica em São José
passear no shopping com as crianças”. Neste momento o S.J.E.C. não está em nenhuma competição e Fábio está de férias antecipadas. Malha uma hora por dia na academia para manter a forma, e só. A reapresentação está marcada para o dia 15 deste mês no Martins Pereira. A rotina de treinos no São José é basicamente a mesma que a de um clube da Série A. “Treinamos todos os dias em dois períodos, de manhã e de tarde. Nos dois primeiros dias da semana, levantamos peso na academia de manhã e treinamos com bola à tarde. A partir de quarta-feira, são duas sessões no campo, no CT ou no próprio estádio. Fazemos treinos técnicos e táticos. Também temos um preparador de goleiros”, detalhou. Assim, as maiores diferenças entre o S.J.E.C. e os clubes da Série A são o estado e o tamanho das instalações esportivas.
EM CASA Fábio almoça todos os dias na casa dos pais, no Bosque dos Eucaliptos
Futebol Amador Leonardo Fioratti Rosa, 19 anos, joga no Esporte Clube Santa Rita, um dos destaques do futebol amador de São José. O Santa Rita disputa a Série A1 da ACAF, da qual foi campeão pela última vez em 2008. Léo, como é
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conhecido, não participou desta conquista já que chegou ao time no ano passado, quando o pai da namorada, torcedor fanático do Santa Rita, o apresentou a Barone, o diretor, conhecido como ‘o Luxemburgo do Vale’ pela mania de ir aos jogos de terno. Devido à estatura (1,88 metro), Leonardo sempre ocupou posições defensivas. Hoje é zagueiro, mas já jogou de volante. Mora com os pais em um apartamento de Jardim Augusta. Quase se tornou profissional. “Em 2006, quando jogava na escolinha Moreira’s Sports, em São José, disputamos um amistoso com os juniores do São Caetano. Um olheiro do clube me chamou para fazer um teste nas categorias de base. Fui aprovado”. O sonho, porém, durou pouco. Leonardo ficou no São Caetano até o fim de 2007, quando o treinador Sérgio Baresi (recém-demitido do São Paulo), resolveu dispensá-lo. Decepcionado, o garoto ficou mais de um ano sem jogar, até entrar no Esporte Clube Santa Rita. “Agora só jogo por diversão”. Assim como Leonardo, os outros integrantes do time jogam apenas para se divertir. O sonho de fazer carreira no futebol já ficou para trás,
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até porque a maioria já está na casa dos 30 anos. “Muitos são ex-profissionais. Alguns jogaram no S.J.E.C., um até esteve na Alemanha. Mas hoje quase todos trabalham. A maioria está na General Motors e na Embraer”, explicou Dino Bianchi, treinador do E.C. Santa Rita desde 2007. De agosto a outubro, Leonardo trabalhou como recenseador pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas). “Ganhava em torno de R$ 800 por mês, às vezes mais”. O jovem está cursando engenharia civil e pretende procurar um estágio em 2011. Diversão sim, mas levada a sério. Leonardo malha todos os dias e cuida bem da alimentação. A mãe dele, dona Ieda, garante uma comida saborosa e saudável. Além disso, o jovem, que não despreza um chopinho com os amigos, procura não sair no sábado à noite. “Só saio na sexta. No sábado, fico em casa descansando ou jogando videogame”, comentou. “Todos os jogadores se cuidam. O campeonato amador de São José é um dos melhores do Estado. O nível é muito alto, então quem quer jogar tem que estar 100%”, ressalta Bianchi. É claro que ninguém é de ferro: churrascos regados à cerveja
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são organizados depois dos jogos. É o chamado ‘terceiro tempo’. Na Série A1 da ACAF, o campeão e o vice recebem um prêmio. A quantia não é extravagante, mas “dá para fazer a festa”, segundo Bianchi. “Em 2008, quando ganhamos o campeonato, alugamos uma chácara e fizemos um churrasco para todos os jogadores e suas famílias”, contou. Os uniformes do time são patrocinados por duas empresas joseenses. Modo geral, os jogos da ACAF transcorrem em um clima amistoso. “Não existe guerra de torcidas”, disse Bianchi. Consideradas as melhores equipes da ACAF, o Esporte Clube Santa Rita e o Real Vale do Sol são, logicamente, os clubes que têm os maiores contingentes de torcedores. Jogando em casa, no Jardim da Granja, o Santa Rita pode até reunir cerca de mil pessoas nas partidas mais importantes. O estado dos gramados onde são disputados os jogos varia bastante de um bairro para outro. Muitas vezes, as partidas de mata-mata acontecem em campo neutro. A final do campeonato costuma ser disputada no estádio Martins Pereira. Desta o Santa Rita não vai participar. Foi eliminado pelo Vale do Sol nas quartas-de-final. •
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Notas
Vale, Brasil & o Mundo AEROPORTO
São José tem linhas diárias para Belo Horizonte e Curitiba
VIOLÊNCIA
Afegã ganha prótese de nariz São José dos Campos ganhou mais duas linhas aéreas. Desde o dia 26 de outubro, o aeroporto da cidade tem mais dois voos diários da Azul Linhas Aéreas Brasileiras para Belo Horizonte e para Curitiba. Com a entrada de São José dos Campos na malha aérea da Azul, a empresa passa a ser a única companhia aérea a operar as rotas Curitiba-São José dos Campos e Belo Horizonte -São José dos Campos. O começo dos voos também marca outro fato importante: será a primeira operação regular com os E-Jets da Embraer a partir da cidade. Entre São José e Belo Horizonte serão duas frequências diárias, todos os dias da semana. Os voos partem às 10h30 e às 20h25. De BH para São José, os horários de voo são 6h55 e 17h59. De Belo Horizonte, os clientes da Azul podem seguir para Campinas, Fortaleza, Recife, Salvador e Porto Seguro. Já entre São José dos Campos e Curitiba também serão duas frequências diárias. As saídas de São José para a capital paranaense estão previstas para acontecer todos os dias às 8h40 e 19h35 e no sentido contrário os voos partem às 9h15 e às 18h53 para São José.
Ao sair na reportagem de capa da revista Time, em 9 de agosto, o rosto da afegã Bibi Aisha, 18 anos, assustou o mundo. O nariz da jovem, assim como suas orelhas, foram cortados a faca. Bibi era a mais nova vítima da violência contra as mulheres no Afeganistão. No dia 8 de outubro, a jovem começou a dar um novo rumo à sua vida ao fazer sua primeira aparição pública com uma prótese de nariz, em Bervely Hills (Los Angeles). Bibi está nos EUA sob a proteção da Fundação Grossman para Queimados, que vai custear as cirurgias de reconstrução do rosto da afegã. A mutilação foi causada pelo marido da vítima com a ajuda
Frases
”Podemos garantir antir is que nunca mais se trabalhará ”Não está certo [que nenhum brasileiro tenha rece- em condições bido o prêmio]. Deveriam ter tão desumanass como na mina recebido. Guimarães Rosa San José”
mereceria, sem dúvida”
Mario Vargas Llosa, nobel de literatura em 2010
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De Sebastián Piñera (PV), presidente do Chile
dos irmãos dele. O motivo foi a fuga da jovem, depois que ela levou uma surra do marido, que a agredia com frequência. Com a ajuda de um vizinho, Bibi conseguiu chegar a Kandahar, uma das principais capitais do país. Mas como não estava sob a guarda de nenhum homem, foi detida na rua e levada a uma prisão feminina, onde ficou por quatro meses. De alguma forma o pai conseguiu libertá-la e a devolveu ao marido, como é de costume. Possesso com a desobediência, ele cortou o nariz e as orelhas da jovem. Depois fez com que os irmãos a levassem às montanhas para morrer. Mas a jovem sobreviveu e sua triste história foi revelada ao mundo.
”Não nos tratem como celebridades” De Mario Sepulveda Espinace, o segundo mineiro a ser resgatado pela cápsula “Fênix 2” depois de ficar soterrado por 68 dias
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EMPREGO
Mais magras ganham mais
Uma pesquisa feita pela Universidade da Flórida (EUA) mostra que empregadores tratam as mulheres do mesmo modo que a indústria da moda: recompensando as mais magras com salários mais altos e penalizando as mais gordinhas . Com os homens, o que acontece é o contrário: quanto mais encorpados, maior o pagamento (com exceção dos obesos).
SALÃO DO AUTOMÓVEL
Atração da feira, Bugatti Veyron custa R$ 8 milhões Um time de 5.000 pessoas trabalharam sem intervalo na preparação do 26º Salão Internacional do Automóvel, em São Paulo. O evento, o maior de sua categoria na América Latina, segue até 7 de novembro. Nesta edição comemorativa de 50 anos, foram exibidos 450 modelos, de 42 marcas distintas, em um espaço de 85 mil metros quadrados. E um dos destaques foi o Bugatti Veyron, o carro mais caro do evento –custa R$ 8 milhões. Pela primeira vez no Brasil, o modelo de 16 cilindros, 4 turbos e 1.011 cavalos, foi uma das atrações e o carro que recebeu mais cuidados. Para manuseá-lo eram usadas luvas de veludo. Todo esse cuidado tem motivo: o Bugatti é um carro que “virou” avião –atinge velocidade máxima de 407 km/h e é equipado com caixa-preta. O plano da montadora é vender um ou dois Bugatti por ano. POLÍCIA FEDERAL
Passaporte fica mais caro A Polícia Federal pretende aumentar o valor da taxa para emissão de passaporte em 21%, segundo informações do Ministério da Justiça. O reajuste, no entanto, não está vinculado à mudança do documento, que passará a ter um chip de informações a partir de dezembro. Atualmente, ele custa R$ 156 –com o reajuste,
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Brasil gastará R$ 500 milhões com La Niña O fenômeno climático La Niña, que influencia o clima no Brasil, vai custar ao consumidor brasileiro de energia a soma de R$ 500 milhões. Segundo o diretor geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Hermes Chipp, esse é o valor necessário para a geração térmica durante o período seco, enquanto os reservatórios das hidrelétricas estão em baixa. valor subiria para quase R$ 190. A nova taxa, que será cobrada a partir de janeiro de 2011, repõe apenas a inflação do período entre dezembro de 2006 e 2010, de acordo com o ministério. A implementação de chips, que aumentam a segurança contra falsificações, permite ampliar o armazenamento de dados e facilita a leitura no controle migratório. O valor da mudança não será repassado ao cidadão, segundo a pasta.
TECNOLOGIA
iPhone com algumas restrições
Uma polêmica patente solicitada pela Apple, fabricante do iPhone, foi finalmente aprovada. Trata-se de um sistema que previne o envio de mensagens SMS com conteúdo ilícito ou obsceno. A tecnologia visa proporcionar aos pais controle sobre o conteúdo das mensagens enviadas pelos filhos, garantindo que palavras e imagens consideradas pornográficas sejam deletadas ou alteradas. O dispositivo é tranquilizante para muitos pais aflitos, mas recebeu críticas por aqueles que consideram que este tipo de sistema pode afetar a privacidade das pessoas.
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Mundo EXPLORAÇÃO SEXUAL
Vidas perdidas Milhares de brasileiras viajam para o exterior cheias de sonhos e acabam em prostíbulos; Litoral Norte e Vale alimentam o tráfico internacional de mulheres
Yann Walter São Sebastião
S
imone Borges Felipe, 25 anos, morava com os pais, a irmã e o filho de quatro anos em uma casa humilde da região norte de Goiânia. Convencida por duas vizinhas, viajou para a Espanha com o objetivo de juntar dinheiro e melhorar a situação financeira da família. A ideia era trabalhar como babá e depois como garçonete. No entanto, assim que desembarcou no país europeu, foi obrigada a entregar o passaporte e a se prostituir em uma casa noturna de Bilbao. Teve que assumir uma série de dívidas referentes a alojamento, comida e roupas. Morava no andar superior da boate, em um pequeno quarto frio e insalubre que dividia com várias outras mulheres igualmente exploradas. Era forçada a fazer cerca de dez programas por noite. As saídas e as ligações telefônicas eram extremamente limitadas, e sempre sob supervisão. Incentivado pelos exploradores, o consumo de drogas era constante. Em três meses, Simone estava morta, em circunstâncias não esclarecidas até hoje. Este caso aconteceu em 1996, mas poderia
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ter ocorrido na semana passada. Ano após ano, milhares de brasileiras como Simone viajam para o exterior com a cabeça cheia de sonhos e acabam exploradas em algum prostíbulo. Nem todas perdem a vida, mas o trauma fica para sempre. Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), o tráfico de pessoas faz 2,5 milhões de vítimas e movimenta em torno de US$ 32 bilhões por ano. Destes 2,5 milhões, 83% são mulheres, e 48% são menores de idade. Trata-se da terceira maior fonte de renda ilegal do planeta, perdendo apenas para drogas e armas. É o tipo de tráfico que mais cresce, isso por dois motivos: as penas de prisão são bem mais brandas e as margens de lucro são consequentes. Em uma pavorosa demonstração de cinismo, um explorador canadense explicou que preferia traficar mulheres pelo motivo de que “drogas e armas podem ser vendidos apenas uma vez, enquanto a mesma mulher pode ser revendida inúmeras vezes até morrer de Aids, ficar louca ou se matar”. A Espanha é o destino da maioria destas mulheres, mas muitas também são enviadas para prostíbulos da Itália, de Portugal, da Holanda, da Suíça e da Alemanha. No continente americano, os principais destinos são Venezuela, Guiana Francesa e Suriname. De acordo com
PROSTITUIÇÃO Mulheres podem ser revendidas diversas vezes nos prostíbulos até “morrerem, ficarem loucas ou se matarem”
Tráfico de pessoas faz 2,5 milhões de vítimas e movimenta em torno de US$ 32 bilhões por ano no mundo. 83% das vítimas são mulheres
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a ONU, o Brasil é o país das Américas que fornece a maior quantidade de ‘matéria-prima’ para exploração sexual no exterior. As regiões brasileiras que mais alimentam este tráfico são o Norte, o Nordeste e o Centro-Oeste. O Sudeste, que conta com os dois maiores aeroportos do país, é o principal ponto de partida das mulheres brasileiras enviadas para a Europa. Devido a sua localização estratégica no eixo Rio-São Paulo, o Litoral Norte e o Vale do Paraíba foram rapidamente incluídos no mapa do tráfico internacional de pessoas. “Não temos estatísticas, mas sabemos que muitas
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mulheres destas regiões são enviadas para casas de prostituição no exterior”, afirmou o delegado Inacy Pereira de Jesus, da Polícia Federal de São Sebastião. Em 2005, a polícia da cidade portuária desarticulou uma quadrilha que enviava mulheres para Madri. As jovens eram aliciadas em Mogi das Cruzes e Suzano, na Grande São Paulo, e em Jacareí, no Vale do Paraíba. Os policiais suspeitaram da existência de um esquema ao constatarem uma quantidade incomum de mulheres daquelas cidades procurando a delegacia de São Sebastião para tirar um passaporte. Em um período de três
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meses, mais de 30 mulheres da mesma faixa etária solicitaram um passaporte anunciando a intenção de ir à capital espanhola para ser professora de ginástica ou dançarina. Algumas delas acabaram confessando aos policiais que trabalhariam como prostitutas. A PF não teve como negar o passaporte. “É um direito do cidadão”, ressaltou o delegado Pereira. De acordo com a PESTRAF (Pesquisa sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual Comercial no Brasil), o único relatório nacional sobre o assunto, o envio de mulheres à Espanha é quase sempre creditado à Conexão Ibérica, uma rede formada por diversas organizações criminosas entre as quais se destaca a temida máfia russa, conhecida pela truculência. Em 2002, segundo a Pestraf, somente a Conexão Ibérica movimentava US$ 8 bilhões por ano, através de centenas de prostíbulos e casas noturnas espalhadas pelos territórios da Espanha e de Portugal. Lisboa é, inclusive, a principal porta de entrada das brasileiras que vão se prostituir na Europa. Estima-se que 3.000 brasileiras entram em Portugal a cada ano. Segundo as próprias autoridades portuguesas, 40% das mulheres vítimas de tráfico humano no país são brasileiras. “Desde que foi desbaratada aquela rede em 2005, não detectamos a existência de uma quadrilha com um nível de organização comparável ao da Conexão Ibérica. Constatamos apenas casos isolados. Neste momento, estamos reunindo informações sobre algumas pessoas, mas não posso falar nada a respeito, para não atrapalhar o andamento das investigações”, disse o delegado Pereira. A jornalista Priscila Siqueira, 70 anos, é uma das precursoras do combate ao tráfico de mulheres e adolescentes no Brasil. Em 1991, ela ajudou a fundar a ONG (Organização NãoGovernamental) SMM (Serviço de Prevenção ao Tráfico de Mulheres e Meninas). “Em 1991, nossa missão era lutar contra a exploração sexual comercial de mulheres e crianças. Em 1996, participamos do primeiro congresso mundial sobre o tema, em Estocolmo, na Suécia. Foi neste momento que ficamos cientes da existência do tráfico de pessoas. Depois desta conferência, decidimos focar nosso trabalho na prevenção ao tráfico de mulheres e adolescentes”, explicou Priscila, que recebeu a revista valeparaibano em sua casa, em São Sebastião. “Em 1996, quando levantei esta questão no Brasil pela primeira vez, as pessoas me chamaram de louca. Ninguém acreditava na existência deste tráfico, nem aqui, nem nos outros países da América Latina”, comentou,
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Mundo Fotos: Flávio Pereira
destacando que, “de lá para cá, a situação só piorou”. “Nunca se vendeu tantas pessoas quanto nos dias de hoje”. O crime de tráfico de pessoas recebeu sua primeira definição oficial em 2000, com a instauração do Protocolo de Palermo. “A expressão tráfico de pessoas significa o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade (...) para fins de exploração”, diz o texto. O Brasil ratificou o Protocolo de Palermo em 2004. Enganadas e exploradas A multiplicação dos casos permitiu o estabelecimento de um perfil das mulheres e adolescentes aliciadas no Brasil. Segundo a PESTRAF, elas têm entre 17 e 25 anos, são oriundas de classes populares, têm baixa escolaridade, habitam em espaços urbanos periféricos, são mães solteiras e exercem atividades laborais de baixa exigência e remuneração. Muitas já tiveram passagem pela prostituição. “No Litoral Norte, a maioria das mulheres traficadas para o exterior tem de 20 a 30 anos de idade e baixa ou média renda”, afirmou o delegado Pereira. No Brasil, as mulheres que alimentam o tráfico internacional para a Europa e os Estados Unidos têm mais de 18 anos. As adolescentes são destinadas ao mercado interno ou são enviadas por via terrestre ou marítima a países fronteiriços como Venezuela, Suriname ou Guiana Francesa. As motivações das mulheres são óbvias: fugir da pobreza, ter uma vida melhor, ganhar em dólares ou em euros, comprar casa própria e ajudar a família. Grande parte dos aliciadores é formada por brasileiros, mas também há muitos estrangeiros. Às vezes, trabalham com conhecidos da vítima, como no caso de Simone Borges Felipe, convencida a viajar por duas vizinhas. Muitas das mulheres traficadas sabem que vão trabalhar como prostitutas, mas nenhuma delas tem consciência de que pode se tornar uma escrava sexual e ser submetida a todo tipo de violência. Porém, a maioria, como Simone, é enganada por promessas de lucros rápidos em empregos de babá, garçonete ou dançarina. O aliciador adianta o dinheiro necessário para a passagem e a documentação, mais uma quantia extra para roupas. Assim que as mulheres pisam em solo europeu, são recebidas por outro membro da rede, que lhes toma imediatamente o passaporte. Elas são então levadas ao seu destino final, onde são informadas de que não poderão ir embora antes de reembol-
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INVESTIGAÇÃO O delegado da Polícia Federal de S. Sebastião, Inacy Pereira de Jesus, que investiga o tráfico internacional de mulheres
”No Litoral Norte, a maioria das mulheres traficadas para o exterior tem de 20 a 30 anos e vem de famílias de baixa e média rendas” Do delegado da PF de São Sebastião, Inacy Pereira
sar todo o dinheiro adiantado pelo aliciador. A maior perversidade do sistema reside no fato de que é impossível para as mulheres pagarem a dívida já que esta cresce dia após dia: os donos dos prostíbulos cobram todas as despesas como moradia, alimentação, produtos de beleza ou de higiene pessoal. “É um círculo vicioso”, define Priscila Siqueira. Tudo é cobrado, com exceção das drogas. O consumo é, inclusive, estimulado, como forma de manter as mulheres sob controle. Algumas são forçadas a fazer 40 programas por dia, o que representa uma jornada de trabalho superior a 12 horas. “Poucas conseguem sair deste inferno. Muitas enlouquecem ou acabam morrendo de Aids ou overdose. Quase todas usam drogas para aguentar”, disse a jornalista. É raro que o aliciador trabalhe por conta própria. Na maioria das vezes, ele é apenas o primeiro elo da corrente. As redes internacionais de tráfico de pessoas são máquinas estruturadas e complexas, onde cada um tem sua função. Os guias recepcionam as vítimas e as acompanham de um ponto de trânsito a outro. Os cobradores são encarregados de manter um clima de terror entre as mulheres, por meio de ameaças e
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como objetivo a detenção dos aliciadores, que alimentam as redes internacionais. Para prender estas pessoas, fazemos um trabalho de inteligência. Às vezes, passamos vários anos monitorando atividades suspeitas, sem prender ninguém. Aliás, nenhum aliciador foi preso na região nos quatro últimos anos. Repassamos informações às polícias dos países de destino, principalmente às da Alemanha e da Itália”.
COMBATE A jornalista Priscila Siqueira, 70 anos, uma das precursoras do combate ao tráfico de mulheres no país
violências físicas. Os investidores, geralmente donos de boates ou de casas de prostituição, financiam e supervisionam o esquema. Segundo a PESTRAF, muitas destas redes contam com a conivência de servidores públicos, policiais e funcionários de aeroportos. Elas se escondem atrás de empresas de fachada voltadas para os ramos do entretenimento, do turismo, da moda, do transporte, dos serviços e da indústria pornográfica. O desenvolvimento da tecnologia e da internet abriu novas possibilidades de aliciamento, além de facilitar a interação entre todas as partes envolvidas no esquema. “O tráfico de mulheres e adolescentes é globalizado, com pequenas, médias e grandes redes estruturadas como empresas. É como uma linha de montagem, onde cada protagonista desempenha um papel específico”, exemplificou Priscila Siqueira. “Os criminosos trabalham com recursos tecnológicos cada vez mais avançados. Eles caminham mais rápido que a polícia porque não têm regras. Já os policiais precisam atuar no respeito dos direitos individuais”, lembrou o delegado Pereira. “A Polícia Federal de São Sebastião tem
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”São Sebastião recebe muitos estrangeiros e vai ser a sede do Comitê Regional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas no Litoral Norte” Da jornalista Priscila Siqueira, da ONG SMM
Prevenção Segundo Priscila Siqueira, o combate ao tráfico de mulheres e adolescentes tem três grandes vertentes: prevenção, criminalização do culpado e atendimento à vítima. A SMM se dedica exclusivamente à prevenção, através do desenvolvimento de programas de informação. A ONG elaborou um “Guia do Professor” sobre o tráfico de pessoas para a exploração sexual comercial, distribuído gratuitamente em algumas escolas de São Sebastião e Uruaçu (GO). As cidades não foram escolhidas ao acaso. “São Sebastião é uma cidade portuária, que recebe muitos estrangeiros, e Uruaçu tem um percentual altíssimo de mulheres jovens que viajam à Espanha”, explicou. A jornalista participou no fim de setembro em São Sebastião de um seminário sobre o tráfico internacional de seres humanos, durante o qual foram adotadas diversas metas. “A Secretaria de Educação de São Sebastião prometeu levar o programa de informação a todas as escolas públicas. A cidade vai ser a sede do Comitê Regional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas no Litoral Norte. Além disso, foi enviada aos candidatos à Presidência do Brasil uma carta cobrando uma posição sobre o tema”, enumerou, pedindo mais empenho das autoridades. “Precisamos de uma resposta organizada. Afinal, o crime é organizado”. Em quase duas décadas de luta, Priscila ouviu inúmeras histórias trágicas. Ela se recusa a falar sobre casos que envolvam mulheres ainda vivas, pois as vítimas que conseguem voltar para o Brasil continuam correndo sério risco de vida. “Em maio deste ano, uma goiana foi trabalhar em um bordel na Espanha. Sabia que seria prostituta, mas não imaginava as condições de trabalho às quais seria submetida. Eram 12 horas por dia, com um programa a cada 20 minutos. Conseguiu fugir. No Brasil, denunciou o esquema à polícia. Foi incluída no programa de proteção a testemunha, mas não adiantou. Pouco tempo depois, foi assassinada”. •
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Ensaio fotográfico
Leandro Pereira e Cyro Watari ALPINISTAS
O gigante branco Os aventureiros Cyro Watari e Leandro Pereira, do Portal Vale Aventura, de São José dos Campos, encararam um mergulho de 18 dias para conhecer a cultura dos Incas no Peru e enfrentarem o desafio de escalar o Illimani, a maior montanha da Cordilheira Real, com 6.442 metros, na Bolívia.
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PREPARO À 1h da manhã, os alpinistas se preparam para atacar o cume da montanha
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Ensaio
ALTO Entardecer do acampamento alto Nido de Condores, a 5.500 metros de altitude
ATAQUE Antes de tentar subir até o topo da montanha, essa é a última base de apoio fora da neve
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PERIGO Illimani: não é tão procurada pelos alpinistas, mas é a montanha com o maior índice de mortes da Bolívia
TITICACA Réplica de um barco de totóra para passeios turísticos no lago Titicaca, na Bolívia
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Ensaio
FLUTUANTES Família na Ilha de Uros, uma das muitas fltuantes no lago Titicaca
CONTRASTE A mãe preserva suas raízes, mas o filho já está inserido no mundo globalizado
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Coisa & Taltigo
Marco Antonio Vitti
A humanidade está em extinção e o mundo não se preocupa
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omo se não bastasse a lambança que a política já fez e faz com a medicina brasileira, uma vez que temos uma política médica de saúde pública digna de um campo de concentração nazista, os políticos querem piorá-la ainda mais. Por que em vez de aborto não se criam clínicas que tratem os brasileiros com humanidade? Por que não equipar o SUS para a vida em vez de equipá-lo para a morte? Se aprovado o aborto no Brasil, esta técnica tão violenta quanto apedrejar um ser humano será usada com a legalização como método anticoncepcional. Também não sou a favor de nenhum tipo de pena de morte, uma vez que sendo médico, aprendi a lutar pela vida com dignidade e humanidade. Mas, no Brasil, parece que os políticos somente querem trabalhar perto da época de eleições. E o que assistimos: mandatários do poder sem a menor vergonha na cara indo até o Santuário da Padroeira do Brasil cometer sacrilégios em busca de votos dos incautos brasileiros. Podemos ser incautos, mas não somos burros, sabemos muito bem o que pensam os dois candidatos ao segundo turno da eleição para presidente, falando de aborto sem o menor conhecimento da gravidade desse ato para o corpo de uma mulher, uma vez que uma gravidez interrompida causa danos físicos e principalmente cerebrais. Como psiquiatra que atende pacientes
ABORTO “Uma gravidez interrompida causa danos físicos e, principalmente, cerebrais” de todo o Brasil, escuto as palavras de dor e de culpa, e com a depressão que acompanha esses atos, descarregando muitas vezes a energia negativa em seu próprio corpo, uma vez que somos nós mesmos que criamos a nossa realidade. Alguns países exercem a prática do aborto oficializada pelos políticos de seus países, mas nem tudo que importamos de países mais avançados economicamente é mais moderno, e muitas mulheres que cometeram aborto, e que atendi, disseram que fizeram porque o corpo pertence a ela e que países mais avançados que o Brasil já fazem. Ser moderno é lutar pela vida, uma vez que a ideologia destrutiva da morte é retrógrada por trazer um passado doloroso da saudade do filho que não nasceu. Como médico e brasileiro acho que as mulheres que cometem o aborto são descuidadas. São adolescentes que no frescor de sua juventude e de seus hormônios se apaixonam e engravidam. Enquanto elas recebem um embrião, o parceiro geralmente foge de cena. Outras mulheres, na maioria das vezes carente de afeto, se apaixonam por parceiros irresponsáveis que as engravidam e a solução que encontram, é
a morte do feto: o aborto. Usem o preservativo pois, além de evitarem a morte do feto, evitarão também sua própria morte por Aids, uma vez que um rosto bonito, um corpo malhado, pode estar contaminado pelo hediondo HIV. Por que muitas mulheres que não engravidam procuram a inseminação in vitro? Porque estão estressadas. Porque o estresse causa na mulher um aumento do hormônio luteinizante [LH] e do hormônio folículo estimulante, e quando estes dois hormônios estão aumentados diminui e muito a serotonina, o neurotransmissor da vida. A mulher então não ovula e, portanto, não engravida. Depois de muitas tentativas de inseminação com dois, três ou mais embriões, o nível de estresse diminui, diminuindo também o LH e o FSH, produzindo serotonina e então os embriões grudam no útero. Nascem então duplos, triplos, quantos forem os embriões implantados, sendo que o tratamento mais simples seria tratar o estresse e ter uma gravidez normal. Lógico que existem exceções, mas a maioria não engravida pelo estresse. Já na gravidez indesejada o estresse é substituído pelo que eu chamo do orgasmo insano. Quando meu irmão e eu saíamos para farrear nos anos 60 e 70, meu pai nos dizia: “Meus filhos! Cuidado! A cabeça não sabe o que faz”! Sábias palavras que se fossem praticadas até hoje nenhuma lei para o aborto seria necessária. Que inveja dos animais! Eles não praticam a política e muito menos o aborto! •
Marco Antonio Vitti Especialista em biologia molecular e genética vitti@valeparaibano.com.br
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Turismo
ará
a, no Ce d a r b e u Q a o n a C de • Vista da praia
Fortaleza:destino certeiro Elaine Santos Fortaleza (Ceará)
S
e você está à procura de paz e tranquilidade vá para o Ceará. Se preferir adrenalina e esportes radicais, vá para o Ceará. E se quer passar momentos românticos inesquecíveis...vá para o Ceará. O fato é que nos seus 574 quilômetros de litoral é possível ter muito de tudo. O Nordeste está preocupado em receber bem os
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turistas e vem se especializando cada dia mais para servir a todo tipo deles. Hotéis luxuosos, pousadas aconchegantes e repletas de opções de conforto estão espalhados por belíssimas praias de águas cristalinas e clima de verão o ano inteiro. Outro grande atrativo da região é o cardápio. Na capital Fortaleza, os chefs de cozinha nada deixam a desejar para os melhores bistrôs de São Paulo. Sem contar os preços e a fartura das porções. Um prato de lagosta, por exemplo, não sai por menos de R$ 150 em São Paulo e serve, no máximo, um casal –em Fortaleza, o mesmo
DESTAQUE
CANOA QUEBRDA Local ainda conserva o clima ‘riponga’ dos anos 70, mas já consegue receber com conforto e refinamento
prato sai por R$ 98 e serve quatro pessoas tranquilamente. Para facilitar a escolha de que destino seguir por lá, selecionamos algumas dicas que vão do litoral leste ao oeste do Ceará. Visitamos Canoa Quebrada, Fortaleza e Jericoacora, algumas das praias mais belas do mundo. Fortaleza A cidade respira turismo, história e cultura. Em todos os lados se escuta frequentemente pelo menos quatro idiomas, além do português: francês, italiano, alemão e inglês. Na cidade o lema é não ficar
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LEÕES Construída em 1877, seu nome homenageia um general cearense que participou da Guerra do Paraguai
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CENTRO
PRAIA DO FUTURO
A antiga Cadeia Pública, de 1866, sedia o Centro de Turismo do Estado (EMCETUR), com lojas e museus
Com aproximadamente de sete quilômetros de extensão, a praia de águas límpidas é a preferida dos banhistas Fotos: Tales Azzi/Divulgação
parado. Já no aeroporto Pinto Martins pipocam na frente do desembarque guias turísticos oferecendo pacotes de passeios. O aeroporto internacional, recebe vôos diretos de Miami, Atlanta, Cayena, Lisboa, Cabo Verde e Buenos Aires, sem contar com os vôos nacionais que chegam dos quatro cantos do país. Pinto Martins está entre os três maiores aeroportos do Nordeste e recebeu até julho deste ano 2,8 milhões de passageiros. Os preços dos roteiros turísticos às praias são variados. O que vale mesmo é pedir para as empresas o credenciamento junto à Secretaria de Turismo e escolher a melhor opção, de acordo com sua preferência e bolso. O que mais tem por lá são roteiros de off-road. Picapes 4x4, geralmente com ar-condicionado, apanham o turista já no saguão do aeroporto e seguem para o roteiro que a pessoa escolher. Nos 25 km de praias urbanas de Fortaleza: Iracema, Meireles, Mucuripe e Praia do Futuro, a temperatura marca 30 graus já às 8h. As barracas de praia –verdadeiros boulevards– oferecem ao visitante tudo o que se possa imaginar, de protetor solar a salão de beleza. Sem contar com os ambulantes. Em Fortaleza eles têm de tudo: bijuterias, biquínis, chapéus, petiscos, acessórios de carros e até peças íntimas masculinas e femininas “É pra usar mais tarde, limpinho”, brinca uma vendedora. Na Barraca Crocobeach, uma das mais movimentadas da praia do Futuro, passam mais de 90 mil turistas por mês. Lá, o visitante encontra cyber café, sala de massagem, loja de conveniência, artesanato, salão de beleza, aulas de surfe, piscinas, sauna, bar molhado, jardins, deck panorâmico, sem contar o cardápio com mais de 30 tipos de frutos-do-mar e sa-
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TRANQUILIDADE É UM PASSEIO PELAS LAGOAS DE JIJOCA, EM JERICOACOARA, NA COSTA OESTE CEARENSE ladas. A estrutura faz com que o turista passe o dia inteiro na praia sem se preocupar com nada. Só na praia do Futuro são 180 barracas, todas com boas opções de gastronomia e lazer. Para quem prefere um cardápio mais elaborado ou um jantar romântico a dica é o restaurante Coco Bambu, no bairro do Meireles. Chão de areia e decoração rústica inspirada em florestas tropicais, o cardápio vasto oferece tapiocas, crepes e uma variedade de pratos com frutos-do-mar e a tradicional carne-de-sol com macaxeira. Outro bom endereço, esse
mais descontraído, é o Colher de Pau, no bairro Varjota. Lá, o prato é servido generosamente para até quatro pessoas. Por R$98 é possível saborear a especialidade da casa, o Trio Delícia, que leva camarão, lagosta e palmito regado ao creme de leite, leite de coco e azeite de dendê. Entre dunas e falésias Canoa Quebrada, uma pequena vila de pescadores, fica a apenas 175 km de Fortaleza, no município de Aracati. São 17 km de pura beleza natural e, não à toa, foi escolhida pelo Ministério do Turismo como um
dos 65 melhores locais para se passar as férias no Brasil. A vila nasceu em cima de uma duna e é por isso que nenhuma das 57 pousadas instaladas por lá fica à beira-mar, mas o conforto e a simpatia dos nativos garantem uma excelente hospedagem. Os moradores fazem questão de contar, com sorriso no rosto, que o pequeno paraíso foi descoberto nos anos 70 por hippies que deixaram a marca ‘paz e amor’ pela vila. Na época, nada de eletricidade e muito menos asfalto. Maria Aldenizia Cajazeiro que o diga. Hoje, aos 71 anos, ela acompanhou todo
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Turismo
MORRO BRANCO NO LABIRINTO DE FALÉSIAS , AS PAREDES CHEGAM A TER 12 CORES DIFERENTES o desenvolvimento de Canoa e hoje é dona das seis lojas que ficam na movimentada “Broadway”. “Aqui não tinha nada. Os visitantes chegavam e alugavam os quartinhos de casa, nem cama tinha, era tudo na rede mesmo. Fui conhecer o gosto de uma água gelada já era moça”, conta. A famosa ‘Broadway’ de Canoa Quebrada é uma rua que virou calçadão e teve o piso de areia substituído por pedras portuguesas. O corredor é formado por bons restaurantes com frutos-do-mar, bares e boates com estilos variados e as lojinhas de dona Maria Aldenízia. É ali que os turistas passam boa parte da noite até que, nos finais de semana, transferem o agito para as barracas de praia que oferecem luaus e festas . Apesar da chegada das facilidades modernas à vila, encravada no alto de uma falésia, ela mantém seu astral alternativo. Na praia, centenas de jangadas con-
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tinuam cruzando o mar esverdeado, enquanto as formações multicoloridas das falésias espalham-se por todas as direções. A praia central de Canoa é repleta de barracas que oferecem frutosdo-mar frescos aos turistas, sem contar a diversidade de batidas e sucos com as frutas locais. Bugues A melhor maneira de circular pelas praias, falésias e arredores de Canoa Quebrada é de bugue. Em uma manhã é possível percorrer parte do litoral leste do Ceará e se deparar com paisagens inigualáveis. Ainda na praia de Canoa Quebrada, a ‘Duna do Por-do-Sol’ é um espetáculo à parte. Além do colorido das falésias, que vão do branco ao vermelho barro, a praia exibe uma água esverdeada transparente, com piscinas naturais que se formam ao baixar da maré. Algumas horas entre dunas e mangues, o visual da praia de Sucatinga surge
no município de Beberibe. O clarão chega a doer os olhos. Jericoacoara No outro extremo do litoral Cearense o turista é forçado a acreditar que a palavra paraíso só tem sentido no dicionário a partir dessa viagem. São seis horas de passeio, percorrendo mais de 15 praias. Mas não se preocupe, os carros oferecidos pelos guias de off-road geralmente são bem confortáveis e com ar-condicionado, sem contar com o serviço de bordo: água de coco, cerveja e lanche natural –tudo para que o cliente não desista no meio do caminho e perca a oportunidade de conhecer Jericoacoara. O percurso Fortaleza/Jericoacora, também pode ser feito de carro alugado pela rodovia CE-085, que acabou de ganhar revitalização do asfalto e sinalização. Depois, em Jijoca, 24 quilômetros até Jeri, o conselho é deixar o carro particular e se-
guir com os 4x4 oferecidos pelos guias. Os veículos de tração seguem pelas dunas ou pelas vias alternativas do mangue seco e praia do Preá –uma dificuldade que, ao mesmo tempo, faz parte de uma aventura inesquecível. Chegando em Jeri, todo o percurso se faz valer a pena. A vila de pescadores, de apenas cinco ruas, se conserva rústica, mas repleta de opções de pousadas que oferecem muito conforto. Jericoacora ganhou luz elétrica, lojas, restaurantes refinados e até um ecoresort, mais afastado do vilarejo. Suas ruas ainda são de areia e a fiação elétrica é subterrânea para não estragar o visual da vila. Todo final de tarde os turistas hospedados na praia seguem, como em um ritual, para a duna de 30 metros. É lá o palco para o pôr-do-sol. É comum ver a multidão aplaudir o espetáculo da natureza. • A repórter Elaine Santos viajou a convite da Fundação CTI Nordeste
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A Helbor desenvolve empreendimentos imobiliários em São José dos Campos e Taubaté, preparando a região para a nova fase de crescimento que se aproxima. Nossos lançamentos atendem quem quer morar bem ou trabalhar nos melhores pontos do Vale do Paraíba. É por isso que os apartamentos e salas comerciais da Helbor são os mais desejados e os mais valorizados também. É assim que a Helbor faz, desenvolve projetos e realiza sonhos, sempre acreditando na força das cidades, respeitando as pessoas e apostando no desenvolvimento do Vale do Paraíba.
33 anos de experiência Presença em 25 cidades, 10 estados e o Distrito Federal 3,3 milhões de m2 de área construídas em projetos imobiliários lançados, em construção ou entregues
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www.helbor.com
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PaladarArtigo
Roberto Wagner
O Verão vem aí, é tempo de desfrutar dos prazeres de um bom vinho branco
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em gente que, em relação aos vinhos, age como uma Ku-KluxKlan às avessas: não gosta dos brancos. Só me resta ter pena dessas pessoas. Porque entre os verdadeiros amantes dos vinhos não se encontra ninguém assim, todos sabem que há brancos excelentes. Tudo bem que se tenha preferência pelos tintos. Numa boa adega doméstica é normal ter-se 60 a 70% do espaço reservado aos vinhos tintos, mas nem por isso se deixará de ter um bom número de brancos, porque são imprescindíveis. Sobretudo para nós que vivemos num país tropical, no período mais quente do ano os vinhos brancos chegam geladinhos, são um bálsamo. Mas, pelo amor de Deus, nada de vinho “estupidamente gelado”, que anestesie as papilas da língua. A temperatura adequada para se servir um branco fica entre 8 e 11 graus. E deve ser reduzida a 6, quando se tratar de espumante. Gostaria de lhe fazer algumas sugestões. Se estiver disposto a gastar, há montrachets e meursaults vindos da Bourgogne que são ótimos, mas também caros. Pessoalmente, doume muito bem como opções mais em conta, de ótima qualidade. Começo lhe falando de duas castas tão aromáticas que se pode dizer que seus vinhos são perfumados. Uma é a torrontés, típica da região de Salta, na Argentina, que dá vinhos cujo aroma
ESPAÇO É normal ter mais tintos na sua adega, mas os brancos são imprescindíveis
IDEAL “A temperatura adequada para se servir um branco fica entre 8 e 11 graus” lembra um buquê de flores. Outra é a gewurztraminer, que dá vinhos brancos com perfume de rosas. Mas, cuidado. Ambas precisam provir de bons produtores, porque se seus vinhos não forem bem feitos podem deixar um leve retrogosto amargo. Para evitar isso, experimente o torrontés Crios de Susana Balbo, fácil de encontrar, que custa em torno de R$ 35,00 a garrafa. Quanto à gewurztraminer, recomendo dois produtores franceses da Alsácia, Dopff au Moulin e Dopff & Fils, com garrafas entre 40 e 60 dólares à venda na importadora Mistral (11-3372-3400).
O vinho branco mais fácil de conquistar o paladar provém da uva chardonnay, uma varietal dócil, que se aclimata bem em quase todos os países, inclusive no Brasil. É muito agradável. São tantos os bons produtores, que é melhor você mesmo encontrar seu predileto. E não deixe de experimentar e descobrir as maravilhas da riesling em vinhos secos provindos da Alemanha e da Alsácia. Recomendo os de Zind-Humbrecht, na importadora Expand (11-3847-4747), e do Dr. Bürklin-Wolf, na Mistral. Mas evite os brasileiros, feitos de riesling itálica, que são decepcionantes. Por fim, delicie-se com os sauvignon blancs da Nova Zelândia, que têm aroma de frutas tropicais como o maracujá. A melhor coleção deles está na importadora Premium, de Belo Horizonte (31-3282-1588). Você também pode encontrar boas opções nas lojas especializadas. •
Roberto Wagner jornalista
robertowagner@valeparaibano.com.br
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Gastronomia
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Fotos: Flávio Pereira
ALQUIMIA
Fabricando a própria loira Yann Walter São José dos Campos
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magine: você está em sua casa, numa tarde de sábado, relaxando em sua poltrona favorita ou tomando sol em seu quintal, ocupado com a degustação de uma deliciosa cerveja preparada por você mesmo. Parece ótimo, não é? Pois não é tão difícil de realizar. Lembre-se que os egípcios da época dos faraós já fabricavam a bebida há 4.000 anos. Qualquer pessoa pode fazer cerveja em sua própria cozinha. Basta ter tempo, vontade e paciência. “E também uma esposa compreensiva”, brinca Mark Samways, um inglês de 38 anos, que mora há nove em São José dos Campos. Casado, com duas filhas, Mark é represen-
Qualquer pessoa pode fazer cerveja em sua própria cozinha. Basta ter tempo, vontade e paciência para produzir uma bebida exclusiva e que satisfaça o seu paladar
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tante comercial da Ametek, uma fornecedora da Embraer. “Comecei a fazer cerveja em casa há seis ou sete anos por um motivo simples: não conseguia achar uma cerveja que eu gostasse nos supermercados daqui”, explicou o britânico. Mark é um apreciador das cervejas de tipo Ale, de fermentação alta, baixo teor de gás carbônico e gosto mais marcante que as Pilsen, o gênero mais consumido no Brasil e no mundo, que inclui rótulos como Brahma, Antártica, Skol, a holandesa Heineken, a norteamericana Budweiser e a argentina Quilmes. Para satisfazer seu exigente paladar, o simpático inglês resolveu arregaçar as mangas e pôr as mãos na massa. Ou melhor, no malte. Começou fazendo uma leva de 20 litros a cada dois meses, para consumo próprio. Mark investiu pouco mais de R$ 500 no equipamento: uma panela de 32 litros com tampa, uma torneira para afixar na base da panela, um filtro de 36 centímetros de diâmetro com quatro empunhaduras, um galão de água de 20 litros, uma peça de plástico chamada ‘airlock’, ou borbulhador, colocada no galão para liberar o excesso de CO2, um cilindro de inox de 19 litros, uma serpentina de cobre com extremidades de plástico, um termômetro e um moedor de café antigo, usado para triturar o malte. O filtro, o borbulhador e o cilindro foram adquiridos na internet. “Quem não quiser comprar o filtro com empunhaduras, que custa em torno de R$ 80, pode usar uma forma de pizza furada”, ensina. “O cilindro de inox é a peça mais cara do equipamento. Aqui, custa, no mínimo, R$ 300. Eu comprei em um site dos Estados Unidos por R$ 60”. Cabe ressaltar que o cilindro serve apenas para armazenar a cerveja destinada a ser tomada sob a forma de chope, ou seja, quem preferir utilizar garrafas não precisará do aparelho. Para fabricar 20 litros de cerveja, são necessários quatro quilos de malte, ou cevada maltada, um saquinho de fermento de 11 gramas, 20 gramas de lúpulo e 150 gramas de açúcar invertido (para fazer chope, bastam 80 gramas de açúcar). Existem vários tipos de malte, mas o mais comum e mais fácil de achar é o Pilsen. Um saco de cinco quilos de Pilsen sai por um preço incluído entre R$ 15 e R$ 30. Outros tipos de cevada, como Pale Ale, Vienna, Carafa (também conhecido como chocolate), Carared ou Caramünch, custam o dobro, ou mais. Passo a passo Em primeiro lugar, é preciso moer quatro quilos de malte e aquecer 15 litros de água na panela a 70ºC, sem deixar ferver. Quando a água estiver quente, despeje o malte moído na panela, em cima do filtro, e deixe esquen-
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Processo de fabricação
Cozimento do malte
Resfriamento
Adição de fermento
Adição de açúcar invertido
Mãos à obra Depois de aprender tudo sobre a arte de fazer cerveja, estava na hora de o repórter pôr seus conhecimentos em prática. A oportunidade veio no dia 9 de outubro, quando Mark e Fabrício organizaram o terceiro Festival de Cervejeiros da Three Lions. O encontro reuniu pouco mais de 20 pessoas em uma casa na Vila Ema, em São José. Duas destas 20 pessoas tiveram a chance de fabricar a própria cerveja. O repórter preparou uma Pale Ale, com malte Pilsen. Já o segundo participante elaborou uma Dunkel, uma cerveja escura feita com uma combinação de três maltes: Vienna, Caramünch e um pouco de Carafa para dar uma cor. Dois lúpulos diferentes foram utilizados: a Dunkel levou um lúpulo mais amargo. A passagem da teoria à prática sempre reserva algumas surpresas. Em primeiro lugar, descobrimos que não é tão fácil transferir os 20 litros de líquido da panela para o galão e vice-versa sem assistência. O ideal é que o cervejeiro tenha um ajudante.
Outra constatação: o cheiro da fervura, muito forte segundo Mark, não é tão marcante assim. Na verdade, é bem suave. “É porque esta casa é bem arejada. Se você for fazer cerveja em uma cozinha fechada, vai perceber a diferença”, afirmou o inglês. A fabricação transcorreu sem maiores problemas. Durante as longas pausas entre uma etapa e outra, tivemos a oportunidade de provar o pão de cevada. E, como disse Mark, é muito bom. Muitos participantes levaram para casa um saquinho cheio do bagaço utilizado pelos ‘mestres cervejeiros’ do dia. No Dia D, em 22 de outubro, finalmente pudemos provar nossa ‘produção’. E o resultado foi animador. O chope saiu claro, suave, refrescante, com um leve amargor. Perfeito para o verão. Segundo Mark, o teor alcoólico ficou entre 4,8º e 5º, e o chope estava numa temperatura de 5 graus. “Não é tão gelado para os padrões brasileiros. Mas se estiver muito gelada, a cerveja perde um pouco de seu sabor”, avisou o inglês.
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ValeViver
THREE LIONS Fabrício Spigolon e Mark Samways na microcervejaria em São José
tar por 90 minutos a 65º. “A mistura tem que ficar homogênea”, avisa Mark. Em paralelo, esquente 10 litros de água a 80º em outra panela. “A temperatura é crítica, não pode ser mais nem menos”, alerta o inglês. No fim dos 90 minutos, abra a torneira afixada na panela para verificar se o líquido, de cor dourada, está livre de partículas. Se não estiver, devolva-o para a panela principal e repita a operação, até o líquido sair limpo. Quando estiver limpo, abra a torneia e transfira todo o líquido para o galão. Neste momento, despeje a água a 80º na panela principal para aproveitar o bagaço da cevada. “Este procedimento é chamado de lavagem”, disse Mark. Se o líquido obtido após a lavagem estiver limpo, transfira-o também para o galão. Em seguida, retire o filtro, com o bagaço, da panela. O bagaço pode ser descartado ou utilizado para fazer pão de cevada. “É muito bom”, garante o inglês. Devolva o conteúdo do galão para a panela, acenda o fogo e deixe ferver. Assim que isso acontecer, acrescente o lúpulo. Para uma Pilsen básica, jogue 20 gramas. “O processo de adição de lúpulo, chamado fervura, exala um cheiro bem característico”, avisa Mark. Tampe a panela e deixe no fogo por uma hora. Não descuide da panela: a pressão do líquido quente pode ser forte! Depois, tire a panela do fogo e coloque a serpentina dentro dela, com uma extremidade na torneira de água e outra na pia. A parte de cobre fica submersa no líquido. O objetivo deste
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processo, que dura meia-hora, é esfriar o conteúdo da panela. Após os 30 minutos, abra a torneira afixada na panela e deixe escorrer o líquido novamente no galão. Acrescente o fermento, previamente hidratado (para hidratar o fermento, jogue os 11 gramas em água limpa com um pouco de açúcar e deixe meia-hora). Coloque o airlock, e deixe repousar uma semana, de preferência em uma área escura. É o processo de fermentação. Após uma semana, se você optar por armazenar sua cerveja em garrafas, devolva o conteúdo do galão para a panela e acrescente 150 ml de açúcar invertido (xarope de açúcar). Conecte na torneira da panela um pedaço de mangueira um pouco mais comprido que a garrafa, abra a torneira e encha as garrafas. Em seguida, fixe as tampinhas (existe um aparelho específico para isso). As garrafas devem ficar mais uma semana repousando na temperatura ambiente. É o processo de maturação, também chamado de segunda fermentação. Depois, guarde as garrafas na geladeira. Se você preferir fazer cerveja para chope, jogue o conteúdo do galão no cilindro de inox, com 80 ml de açúcar invertido. Deixe repousar uma semana na temperatura ambiente antes de guardar na geladeira. English beer em São José Desde o ano passado, Mark é o orgulhoso dono da microcervejaria Three Lions, a primeira cervejaria artesanal do Vale do Paraíba, cuja única fábrica fica no Chácaras Reunidas, em São José. A Three Lions foi fundada em 2009, mas a unidade começou a produzir no início deste ano. Mark se lançou na empreitada com o amigo Fabrício Spigolon, 31 anos, engenheiro na Embraer. A fábrica, tocada por um único funcionário, produz mil litros de cerveja por mês. Por enquanto, a bebida é comercializada apenas em barris, mas os amigos devem começar a vendê-la em garrafas antes do fim deste ano. Hoje, cinco estabelecimentos –quatro em São José e um em Santo Antonio do Pinhalservem a iguaria. Mark e Fabrício vendem três tipos de cerveja sob o rótulo Three Lions: a Stonehenge, de tipo Pale Ale, a Pride (Amber Ale) e a Big Ben (Red Ale). “O segredo é a dosagem. O sabor e o aroma de cada cerveja são definidos pela mistura dos maltes com os demais ingredientes. A Big Ben, por exemplo, é feita com quatro maltes: Pilsen, chocolate, Pale Ale e Carared”, entregou Mark, citando entre suas cervejas favoritas no Brasil a Baden Baden 1999 e a EikBier Golden, uma cerveja artesanal de São Paulo. “E, é claro, a Three Lions Pride”, ressaltou. •
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Hi-Tech INTERNET
Foto: João Vasconcelos
Fama Virtual Diários em vídeos, conhecidos como Vlogs, viram mania na rede e transformam internautas em celebridades Hernane Lélis São José dos Campos
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udo começou com o diário de papel. Seu uso inicial era guardar os desejos e intimidades da vida de uma pessoa. Depois, com a chegada da internet, descobriu-se a repercussão que existe em divulgar para o mundo o que já não era tão íntimo assim. Para isso, vieram os blogs e flogs, dedicados não somente para expor a própria vida, mas também expressar pensamentos e opiniões sobre os mais variados assuntos e postagem de imagens. Agora, a febre da vez são os Vlogs. Também conhecidos como videoblogs e videologs, têm o mesmo conceito dos “logs” anteriores, porém com a vantagem –ou desvantagem– do conteúdo ser exclusivamente em vídeo, como o próprio nome sugere. O modelo não é nenhuma novidade no Brasil, mas só ganhou repercussão esse ano com a explosão de acessos no canal
PC Siqueira Câmera Canon T2i, Editor VideoPad Iluminação Luz natural Vlog: youtube.com/maspoxavida
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Felipe Neto t Câmera Sony HDR XR-150 Editor Sony Vegas Iluminação Duas luminárias de supermercado com difusor de papel A4 na frente Vlog: youtube.com/felipeneto
Foto Divulgação
“Mas poxa vida”, estrelado pelo paulistano PC Siqueira, e o “Não faz sentido”, do carioca Felipe Neto, vencedor do VMB (Video Music Brasil) 2010 na categoria webstar. A dupla recebe a cada vídeo postado mais de três milhões de acessos. Com humor ácido, os temas abordados vão desde música e religião a celebridades e coisas simples do cotidiano, como tomar banho ou assistir televisão. Para conquistar reconhecimento na web eles afirmam que não basta ligar a câmera e começar a falar o que vêm à cabeça, tentando arrancar um sorriso de quem está assistindo ao vídeo. Dá para deixar as piadas de lado e partir para uma linguagem mais politizada. “Eu falei de política num vídeo onde não faço uma única piada e, no momento, ele já passa de dois milhões de visualizações. O humor é o caminho mais fácil para a viralização, porém é o caminho mais difícil para execução”, disse Felipe Neto, que hoje vive praticamente com a renda de anúncios em seu canal. “Não posso dizer pelos outros vloggers, mas no meu caso, sim, dá para ganhar dinheiro”, disse Felipe Neto. “Tento aproveitar a fama que consegui. Não era o meu propósito, mas já que ela veio quero tirar proveito disso. Vou me afastar da ilustração, que é o meu trabalho hoje, para conseguir me dedicar ao Vlog e tudo o que vem com ele. Consigo ganhar dinheiro também pelo twitter, falando de algum produto”, explicou PC Siqueira.
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Seu canal Qualquer pessoa pode criar um vlog desde que possua uma câmera de vídeo digital, microfone e uma boa conexão de internet. Claro, quanto melhor o equipamento, maior será a qualidade de som e da imagem de seu vídeo. Além disso, para fazer um trabalho um pouco mais profissional também é preciso conhecimento básico dos softwares de edição. “Se eu venho conseguindo, todo mundo também pode, é só ter muita vontade e realmente fazer. Não comece achando que vai ficar famoso, faça por outros motivos”, disse Neto. “Acho que usar o Vlog para ficar famoso é um caminho errado. A dica é ser você mesmo, não tentar ser outra pessoa, Vlog não é um programa de TV”, explicou Siqueira. •
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Moda
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Fotos: Agência Fotosite/Divulgação
Moda&estilo VISUAL SETENTISTA
Os longos estão de volta Saias e vestidos invadem as araras das marcas mais bacanas às lojas de departamento para composição de looks no melhor do estilo hippie chic
FLORAL Estampas tropicais garantem frescor para o verão Look Lulu Brasil
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Cristina Bedendo São Paulo
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om a influência da estética dos anos 70 para o verão 2011, as saias e vestidos longos invadem as araras das marcas mais bacanas às lojas de departamento para a composição de looks no melhor do estilo hippie chic. Enquanto as peças curtas ou curtíssimas garantem frescor e sensualidade à temporada, as versões longas são exemplos de conforto e muita feminilidade para os dias quentes. Além do clima “paz e amor” –diretamente ligado ao espírito da década setentista–, o estilo boho favorece a combinação de diferentes estampas e um mix étnico que é a cara do verão brasileiro. Na temporada brasileira, marcas como Maria Bonita Extra, Alessa, Cori, Rosa Chá, Iodice, Graça Ottoni, apostaram nos comprimentos longos para traduzir a leveza do verão. Além das passarelas nacionais e internacionais, celebridades ao redor do mundo são exemplos constantes do estilo boho: despretensioso e, ao mesmo tempo, elegante e atual. Os comprimentos longos, aliás, aparecem em diferen-
tes tecidos: desde o algodão e a malha aos materiais mais nobres, perfeitos para festas mais sofisticadas. E não pense que apenas as mulheres com silhueta longilínea podem aderir à tendência: basta apenas compensar as proporções do seu corpo. Assim, baixinhas também podem usar os comprimentos longos, desde que recorram a um modelo com cintura mais alta –que também pode ser marcada por um cinto fininho– e sem muito volume, que dão a impressão de um corpo mais alongado. Para as baixinhas, aliás, outra dica: vale também combinar as saias longas com regatas e camisetas da mesma cor, já que a unidade também dá impressão de alongar a silhueta. Nos pés Um dos pontos mais importantes na hora de compor os looks com saias ou vestidos longos é o calçado escolhido. Os mais indicados são as anabelas com solado de materiais naturais, como corda ou cortiça, espadrilhes (que também têm solado de corda e amarram na perna) e rasteiras. Os clogs também são bem-vindos, pois seguem essa estética dos anos 70 e garantem um peso a mais aos pés, graças aos solados de madeira. Evite modelos mais formais, como scarpins, sandálias com saltos finos e peep toes, que não combinam com o estilo mais despretensioso da peça. •
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Moda
PERFIL
Flávio Pereira
Estilo clássico Cristina Bedendo São José dos Campos
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la dá dicas de moda para milhares de telespectadores brasileiros, tem um estilo bem clássico e esbanja simpatia. Depois de uma carreira de sucesso entre as tops, Isabella Fiorentino comanda o programa “Esquadrão da Moda”, no SBT. E a modelo, que mantém muitas peças clássicas no guarda-roupa, ensina: na moda é importante seguir a lei da compensação e equilíbrio nas composições. O que não pode faltar em sua necessaire de maquiagem? Um protetor solar com cor, que já dá uma cobertura legal na pele. Curvex também não saio de casa sem, além de rímel e protetor labial. E do cabelo, como você cuida? O cabelo é o meu xodó. Faço tratamento num salão em São Paulo que usa produtos orgânicos, sem química e conservantes. É bom porque lido com química nos cabelos todos os dias –spray e outros produtos– e o tratamento faz uma limpeza profunda no couro cabeludo. Como você define o seu estilo? Sempre fui muito clássica, com roupas mais fechadas, sem decotes. Mas quando comecei a apresentar o “Esquadrão da Moda”, o lema era “abra sua cabeça, experimente coisas novas” e, como falo isso para as participantes, eu também precisava fazer. Então, estou inserindo peças mais curtas no meu guarda-roupa, sempre equilibrando com alguma coisa mais coberta: tipo uma minissaia com blazer mais larguinho. A lei da compensação é muito importante na moda. Sempre tive um estilo mais romântico, com peças arredondadas, e agora passei a usar algumas coisas mais rock e estou amando roupas arquitetônicas. Também estou usando muito sapatos no estilo oxford, que dão um peso e um toque masculino aos looks. •
ISABELLA Apresentadora do “Esquadrão da Moda” esbanja simpatia por onde passa
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Tempos ModernosArtigo
Alice Lobo
Até onde a sustentabilidade consegue sobreviver na sociedade atual?
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ra um fim-de-semana véspera de feriado, data perfeita para descansar. Mas preferi ver de perto o SWU Music and Art Festival, realizado em meados de outubro em Itu, interior de São Paulo. Muito mais do que os shows, meu interesse estava focado no Fórum Global de Sustentabilidade que aconteceu durante o evento, antes do início da maratona diária dos shows. Eu poderia aproveitar este espaço para fazer críticas à organização e à produção do evento. Mas confesso que isto pode ser visto pela internet em inúmeros sites, blogs e até na versão online de veículos de grande mídia. Então me abstenho dessa função bem como de criticar ou apontar defeitos em como a sustentabilidde esteve presente neste evento. Afinal um festival que foi vendido como movimento pela sustentabilidade merecia um pouco mais que um fórum fechado para convidados e instalações de arte feita com lixo ou plantas. Se a ideia era disseminar o conceito para um público jovem, por que não transmitir no telão ao vivo o fórum que acontecia por lá? E ainda porque a produção não preparou nenhum vídeo ou ato diferente para cada banda apresentar no palco antes ou durante seu show? Enfim, poderia ficar aqui divagando, mas não é a intenção visto que acredito que este canal artístico de disseminação do conceito de sustentabilidade nas atitudes do dia a dia é
SWU “ Um festival que foi vendido como movimento pela sustentabilidade merecia mais que um fórum fechado para convidados” extremamente importante. Realmente acredito que pequenas ações geram grandes mudanças. O ponto principal e assustador é como a nossa sociedade não está preparada para assimiliar esta consciência. Muito menos preparada ainda para transformá-la em atitudes. Isto porque o próprio princípio de cidadania está longe de estar incorporado na maioria dos brasileiros. E é a cidadania a grande base para parar de ser indivudualista e pensar em causas mais amplas para uma sociedade, país e mundo melhores. O que me assustou no SWU foi a falta de educação da população. Copos de plásticos, depois de usados, eram jogados no chão, em qualquer lugar. A própria pista estava um lixo. Isso porque a quantidade de cestos de coleta espalha-
dos não era pequena. Esse é só um exemplo, sem falar no instinto animal que tomou conta de várias pessoas que acabaram fazendo xixi em qualquer lugar ou ainda se descontrolaram para chegar perto do palco ou fazer alguma bagunça que resulta em pessoas machucadas. Será que esse tipo de atitude não é o extremo do egoísmo? Esse comportamento é típico das pessoas que não estão nem um pouco preocupadas com os outros muito menos com o futuro das próximas gerações e do planeta. São individualistas que não sabem –ou não querem– viver dentro de um coletivo. Aí eu me pergunto: a nossa sociedade está preparada para a sustentabilidade? Até onde ela pode ir hoje? •
Alice Lobo Jornalista alice@valeparaibano.com.br
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Notas & fatos Solange Frazão deve voltar para TV com programa de saúde
Fernanda Pontes se casa em dezembro
Solange Frazão anda descontente com sua situação amorosa. “Estou bastante chateada de estar solteira”, disse. Mas parece que a má fase no amor terá um fim em breve. Depois de quatro anos, Solange reencontrou um amigo empresário e, ao que tudo indica, a amizade está evoluindo bem. “A gente está tomando café. Quem sabe nosso próximo café não seja em Milão”, desejou a apresentadora, que nasceu em São José dos Campos. Se no amor Solange está ajeitando os ponteiros, na vida profissional está tudo bem encaminhado. Além de um programa na internet, ela é colaboradora do programa “Dois em Um”, da Rádio Transamérica, e está prestes a assinar contrato com uma emissora de TV. “Vamos manter segredo até eu assinar, teremos novidade. Mas vou voltar para a TV para falar de saúde, que é bem importante”.
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A atriz Fernanda Pontes e o empresário Diogo Boni já decidiram o mês do casamento: dezembro. A data é que ainda não foi definida. “Tenho três datas em aberto para fechar. Ainda não decidimos”, disse a atriz, que namora o rapaz há 11 meses. Diogo é filho de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, e irmão
do diretor da TV Globo, Boninho. O destino da lua de mel já está escolhido: a Disney. “É muito bom virar criança e, cada vez que vou lá, sinto que a minha vida prospera na volta. Já perdi as contas de quantas vezes estive nos parques da Flórida e também da Europa”, conta Fernanda, que em breve vai poder ser vista na Globo.
RECORDE
‘Glee’ supera os Beatles Com seis novos singles entre os 100 mais vendidos da lista da Billboard, publicada em 7 de outubro, o elenco de “Glee” bateu o recorde dos Beatles em número de canções de um artista ou grupo nas paradas americanas. Ao todo, “Glee” emplacou 76 canções na lista, contra 71 dos Beatles, o grupo com a maior quantidade de hits até hoje. Mas enquanto a banda britânica obteve a façanha em 32 anos (entre 1964 e 1996), o seriado superou o recorde em um ano, quatro meses e duas semanas.
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Quem falou o quê?
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Emma Sto CINEMA
Emma Stone estará no novo Homem-Aranha A Sony confirmou oficialmente a atriz Emma Stone (“Zumbilândia”) como interesse romântico de Peter Parker (Andrew Garfield) no novo filme do HomemAranha. Mas ao contrário do que todos imaginavam, a atriz, que aparece ruiva em “Zumbilândia”, não viverá a também ruiva Mary Jane Watson, mas sim a loira Gwen Stacy, que nos quadrinhos foi o primeiro grande amor do herói. O diretor Marc Webb não poupou elogios à atriz.
”A moçada hoje joga o cabelo para um lado e para o outro. Na ausência de cabelo, a gente faz com o bigode” Lima Duarte falando sobre vaidade e sobre seu eterno bigode
”Já nem sei mais como é uma investida” De Xuxa, que gosta de tomar a iniciativa
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FALIDA
Toni Braxton deve US$ 50 milhões
A cantora Toni Braxton entrou com um pedido de falência pela segunda vez na Califórnia. A dívida, estimada entre 10 e 50 milhões de dólares, inclui desde lojas como a Tiffany até o cartão American Express e a Cia de Energia Elétrica de Nevada. BARRACO
Ex de Mel Gibson achou que ia morrer
”Os caras chegam gam porque veem minha cara dee menina. Mas, quando eu mee imponho, se assustam”
Gisele Bündchen constrói nova mansão Gisele Bündchen e o marido Tom Brady estão construindo uma mansão na Califórnia. O valor estimado do imóvel é de US$ 20 milhões, sem contar os US$ 11 milhões que pagaram pelo terreno. A mansão terá oito quartos, uma garagem para seis carros, uma ponte, uma piscina em formato de lagoa, um spa, um elevador e um berçário para o filho Benjamin.
Milena Toscano, atriz, revelendo sua personalidade forte
”Já experimentei droga. Não quero incentivar ninguém a nada disso, mas tenho de ser sincero com minhas experiências” Fiuk, ator e cantor
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Oksana Grigorieva, ex-namorada de Mel Gibson, disse que o ator e diretor de Hollywood a maltratou e que ela temeu por sua vida. “Pensei que ele fosse me matar”, disse a modelo e cantora russa, sobre uma discussão na qual, afirmou, Gibson bateu nela enquanto ela estava com a filha deles, Lucia, no colo. Gibson e Grigorieva estão envolvidos em uma batalha acirrada pela guarda do bebê.
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ValeViver INTERCÂMBIO
Imersão cultural em Las Vegas Dificuldades e surpresas de 11 jovens de S. José que deixaram os pais em casa para estudar e conhecer o ‘Parque de Diversões da América’
Hernane Lélis Las Vegas (EUA)
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iajar é chegar de muito longe, de alma aberta e coração cantando, escreveu o poeta Mário Quintana. Para o estudante Pedro Silva Franco, a distância percorrida foi de quase 10 mil quilômetros com o coração embalado pela emoção de deixar a casa dos pais e seguir com os amigos para os Estados Unidos. Na bagagem, 15 anos de sonhos e dúvidas que foram colocados em xeque durante duas semanas num processo de amadurecimento pessoal. Juntamente com outros dez alunos do 9º ano do ensino fundamental de São José dos Campos, Pedro desembarcou no “Parque de Diversões da América”, a miscigenada Las Vegas, para um programa de imersão cultural. A atividade propõe a convivência com
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outros costumes e tradições, permitindo ao jovem se socializar com diferentes pessoas, lidar com adversidades, trabalhar a autoconfiança e aperfeiçoar o idioma inglês. Para ele, o processo de maturidade começou antes mesmo de cruzar a fronteira. O primeiro desafio foi conseguir um emprego para ajudar os pais a custear a viagem. A oportunidade veio como monitor de buffet infantil. Juntamente com a colega de classe, Vitória Abreu, também de 15 anos e com o mesmo propósito, Pedro abriu mão dos finais de semana com a família e amigos para ganhar cerca de R$ 20 por festa. “Sabia que meus pais teriam dificuldades para pagar, por isso, contei com a ajuda dos meus avós. Passei um ano planejando essa viagem, mas tínhamos o problema de dinheiro. Para não perder a oportunidade fiz vários currículos e comecei a entregar, até que fui chamado para fazer festas”, disse o jovem. Com a situação financeira estabilizada, ele fez as malas e partiu no último dia 2 de
LUZES Las Vegas Boulevard, a famosa Strip, que concentra luxuosos hotéis e cassinos
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Fotos: Hernane Lélis
outubro rumo à Terra do Tio Sam. Foram 15 dias longe da proteção, dos conselhos e da responsabilidade paterna para descobrir a América. A revista valeparaibano acompanhou toda essa odisséia, desde a despedida na rodoviária de São José dos Campos, às surpresas, dificuldades, agonias e superações nessa viagem de imersão e, consequentemente, de introspecção. A viagem Logo na rodoviária, onde pegaríamos um ônibus até o aeroporto Governador André Franco Montoro, em Guarulhos, uma diferença já é nitidamente notada no grupo. Dos onze estudantes –quatro mulheres e sete homens– apenas cinco alunos e alunas optaram em dar adeus aos pais ainda em São José. Desses, somente dois meninos, Pedro e Nathan Silva, que ainda contou com a companhia da mãe até o embarque em Cumbica. Célia Terlizzi, diretora pedagógica do colégio Mater Dei, responsável pela organização da viagem, também observou o fato. Para ela, as meninas, principalmente na faixa etária entre 14 e 15 anos, começam a receber estímulos dos pais para serem independentes, enquanto os meninos nessa mesma idade são mais resguardados. “A insegurança é comum na adolescência, principalmente entre os homens. As meninas tendem ser mais decididas, trabalham a maturidade mais cedo”, explicou a diretora. A estudante Laís Yurie, 14 anos, integrou o grupo de “meninas independentes”, ou nem tão independentes assim. Acompanhada dos pais e da irmã mais velha, ela demonstrava dificuldade em lidar com a euforia de viajar com as amigas e a tristeza em passar dias longe da família. Ao se despedir, lágrimas foram inevitáveis, mas a maior motivação para a aventura veio de um conselho dado pela mãe. “É como minha mãe fala: ‘Tudo o que fazemos hoje irá influenciar no nosso futuro’. Além disso, acredito que essas oportunidades apareçam poucas vezes”, disse Laís. Já no aeroporto a tristeza diminuía com o passar das horas. Quanto mais próximo do horário da decolagem, maior era a empolgação. Quando o avião deixou o solo brasileiro, ficou para trás não somente casa, amigos, escola e família, mas também parte da insegurança de cada um dos adolescentes que aproveitaram, ou mesmo, criaram essa oportunidade classificada por eles como: “a maior experiência da minha vida”.
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Experimentando a América Algumas pessoas chamam Las Vegas como a “Cidade do Pecado”, outras de o “Parque de Diversões da América”, já para os estudantes que desembarcaram na cidade, Vegas será para sempre “uma escola para a vida”, onde os professores foram nossos anfitriões, dispostos a ensinar um pouco da cultura que os caracteriza, acima das inúmeras máquinas de caça-níqueis, mesas de carteado e de seus luxuosos hotéis. Depois de enfrentar quase 15 horas de viagem, chegamos ao Aeroporto Internacional McCarran, em Las Vegas –o 15º mais movimentado do mundo. Ao desembarcar no saguão, máquinas de caçaníqueis já dão as boas vindas aos turistas, que contam ainda com telões luminosos compondo o cenário. No estacionamento, a primeira surpresa dos alunos: as limousines paradas à espera de passageiros endinheirados que estivessem dispostos a pagar para chegar em grande estilo em seus hoteis na famosa Strip. Como não era nosso caso, seguimos em um veículo escolar direto para o Hotel La Quinta, afastado cerca de dez quilômetros da Las Vegas Boulevard. As acomodações não fugiam muito do que encontramos no Brasil, tirando o fato de que todos os quartos possuem microondas para que os hóspedes façam suas próprias refeições. Devidamente instalados, saímos para conhecer as intermediações do hotel e procurar um lugar para almoçar. Depois de andar alguns minutos, paramos no principal centro gastronômico norte-americano: o Mc Donald’s. O local era um paraíso para fãs de hambúrgueres e batata frita, com lanches mais baratos que os encontrados em qualquer restaurante brasileiro da marca, algo em torno de US$ 6. Além disso, os refrigerantes eram em refil, ou seja, você podia tomar a quantidade que quisesse. O que parecia uma ótima opção para as principais refeições do dia-a-dia, logo se tornou um tormento para a turma. Os números servidos no Mc Donald’s já não agradavam mais, a apimentada comida mexicana do Taco Bell era uma alternativa utilizada por poucos, por isso, a solução foi abarrotar o carrinho de compras do Walmart com diversas especiarias congeladas e, enfim, utilizar o microondas do quarto –o que geralmente deixava um forte odor em todo o corredor do hotel. A falta de referência na cozinha também incomoda certos cidadãos norte-ame-
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DIVERSÃO Os alunos em hotel da cidade conhecida como o “Parque de Diversões da América”
Alguns chamam Las Vegas de “Cidade do Pecado”, outros de “Parque de Diversões da América”. Para os alunos de São José, Vegas será “uma escola para a vida”
ricanos. Foi o que observou o estudante Gustavo Pompílio, 14 anos, em conversa com um transeunte que nos parou na rua curioso sobre a nossa origem. Ao descobrir que éramos brasileiros ele contou que em visita ao Rio de Janeiro, perguntou a um carioca onde poderia encontrar um restaurante com comidas típicas dos Estados Unidos. Seguiu as orientações corretamente e deu de cara com um Mc Donald’s. “A questão da alimentação foi uma das piores coisas. As opções são poucas nos Es-
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tados Unidos. No início, pensei que ficar à base de hambúrgueres seria bom, mas não dá. A saída foi procurar alguns restaurantes de verdade, mas eles ficavam afastados do nosso hotel. Soube que existem bons lugares que servem carnes, o problema é que ia enjoar do mesmo jeito”, disse Gustavo. Miscigenação Reunir um grupo de estudantes em uma cidade conhecida mundialmente como o “Parque de Diversões da América” pode parecer sugestivo se o objetivo fosse apenas o entretenimento. No entanto, Las Vegas tem atraído cada vez mais jovens que buscam junto ao lazer uma boa oportunidade para a prática do idioma inglês e imergir em novas culturas, já que diferentes nacionalidades se esbarram em cada rua, loja, restaurante, cassinos e escolas. Na SSU (Southern States University), onde estudamos durante as duas semanas de imersão, por exemplo, mais de 20 nacionalidades frequentaram diariamente as salas de aulas. Os corredores ecoavam todos os tipos de sotaques junto ao inglês –a maioria de intercambistas vindos de países asiáticos, como Japão, China e Coréia do Sul. De acordo com Mário Gomide, gestor da universidade, isso acontece devido aos acordos diplomáticos que os EUA mantêm com esses países, facilitando a entrada de estudantes. “A participação de brasileiros na unidade de Las Vegas é em torno de 5% ao ano, mas vem crescendo. A vantagem em se ter poucos alunos brasileiros é que a comunicação em português é quase nula, permitindo assim um intensivo no inglês. Mas o maior mote dessa imersão é a experiência de vida, ela transcende o próprio domínio do idioma. Futuramente isso vai ser útil, tanto na vida pessoal quanto na profissional”, explicou Gomide. O estudante Mathias Sallit, 14 anos, conseguiu através da imersão em Vegas avaliar seu nível de inglês e praticar o idioma interagindo com os demais alunos da universidade. “Algumas vezes era difícil entender os coreanos. Eles falavam que a Coréia estava se tornando um país tecnológico, desenvolvendo novos negócios. Também achei curioso o costume de uma síria, que passava um dia inteiro rezando, sem poder comer ou tomar água”, disse Sallit. Christian Philip Klein, mestre em multiculturalismo em marcado globalizado pela Universidade de Brasília, acredita que a experiência de assimilar a cultura estrangeira e consolidar novos relacionamentos
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IMERSÃO DE VANTAGENS Psicológico: A experiência de assimilar a cultura estrangeira e consolidar novos relacionamentos representa uma grande conquista e desenvolve a autoconfiança Relacionamento: O jovem adquire desenvoltura e habilidade no relacionamento humano em um meio social diferente
ATRAÇÃO Entrada da loja da Harley Davidson, na Las Vegas Boulevard
Na SSU (Southern States University) alunos de mais de 20 nacionalidades diferentes frequentaram as salas de aulas, a maior parte de países asiáticos
Preconceito: Adquire maior flexibilidade em julgamentos e atitudes ao familiarizar-se com modelos de comportamentos não-habituais em seu ambiente Autoestima: A coragem em imergir em meio desconhecido e de se submeter a surpresas e obstáculos com retorno triunfal Consciência global: Desperta tolerância, respeito entre nações e seus costumes, desenvolvendo uma consciência de cidadania global Idioma: Mostra as dificuldades e facilidades em relação ao domínio do idioma estudado
ESTUDOS Os alunos em frente à Southern States University, em Vegas
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por forças próprias, sem a intermediação dos pais, representa uma grande conquista aos jovens. Além disso, desenvolve a autoconfiança, estrutura determinadas atitudes, flexibiliza o relacionamento humano e ajuda a eliminar preconceitos. Para ele, não existe hora certa para fazer intercâmbio. O jovem precisa apenas desejar amadurecer, uma vez que a maturidade não vem pronta, ela é resultado de um processo que pode acontecer em momentos de muita dor –decorrente de uma perda ou mudança delicada na vida– ou quando expostos a situações que exigem respostas decisivas, o que ocorre constantemente em experiências longe do conforto e da proteção da família. “O grande fator para gerar resultados é a motivação do jovem que parte para a imersão, independentemente da idade. É difícil precisar quando os resultados comportamentais vão aparecer, eles podem ser pequenos e até mesmo grandes gestos. Quando se vai para o exterior, o choque cultural para alguns pode ser muito grande, uma pessoa extrovertida pode ficar introvertida durante todo o período por não se adaptar aos costumes”, explicou Klein. Logo no primeiro dia de viagem, a estudante Laura Magri, 14 anos, também revelou apreensão quanto ao fato de ficar, pela primeira vez, afastada dos pais por tantos dias. “Estava pensando: Meu Deus, vou sentir muita falta da minha família e dos meus amigos”, disse. No entanto, já próximo do retorno ao Brasil a opinião era diferente. “Prefiro ficar a voltar para casa. Estou amando e me sentindo como se estivesse em casa”. Luiz Fernando Magri, 50 anos, pai de Laura, já confiava na maturidade da filha
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SALA DE AULA Pedro Silva, 15 anos, (à frente) com os outros estudantes do Colégio Mater Dei na SSU
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para encarar essa experiência. Ainda sim, se surpreendeu com a facilidade com que ela se adaptou a essa nova situação. “Existe uma dependência, a Laura é a única filha que mora com a gente e o apego é muito grande. Acho que o fato de ter passado isso com as amigas também pode ter ajudado, se fosse sozinha poderia ter sido diferente”, afirmou Magri. Ele espera que a saudade que sentiu da filha seja compensada pelos diversos benefícios que a imersão propõe. “Acredito no crescimento pessoal e motivacional, a questão do idioma é importante, porém secundária diante dos outros fatores que irão ajudá-la no futuro, em uma carreira profissional, por exemplo. Em nenhum momento teve que procurar a gente para tomar alguma decisão, inclusive sobre dinheiro”, disse orgulhoso. Os passeios pela Las Vegas Boulevard, a Strip, onde estão localizados os mais tradicionais cassinos da cidade –MGM, Mirage, Bellagio e Caesar Palace–, foram uma oportunidade de conhecer o mundo em poucos passos. Nos primeiros dias, apesar da empolgação, cada metro percorrido parecia o de uma maratona, já que o cansaço era evidente em cada um. Isso porque, o fuso horário ainda estava sendo assimilado. A diferença, de quatro horas a menos no relógio, foi uma das coisas que mais castigaram no início da viagem –amenizado somente por algumas latas de energéticos. Assim como o impacto do fuso, Las Vegas surpreendeu a todos, desde a arquitetura moderna dos imponentes hotéis, às réplicas de famosos cartões-postais do mundo, como os canais de Veneza, Estátua da Liberdade e a Torre Eiffel, a receptividade da população local e turistas. Outra coisa que chamou atenção durante as diversas caminhadas pela Strip foi a educação no trânsito. Atravessar a rua, somente na faixa de pedestre. No Brasil também existe essa lei, mas em Vegas ela realmente funciona e rende multa para quem desobedecer. Radares estão espalhados por toda a cidade, o que de certa forma, força os motoristas a seguirem os limites estabelecidos, sem reduzir a velocidade somente próximo aos equipamentos. Além disso, atravessar o sinal vermelho é permitido para quem vira à direita. A cinematográfica cena em que um homem ou uma mulher aparece com o corpo para fora do teto-solar de uma limousine não foi presenciada em nenhum momento. A explicação veio de um pri-
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TURISMO Jovens descansam sob a sombra de uma enorme pedra no Red Rock Canyon
vilegiado passeio em um desses veículos pela Boulevard. Abordo de um Ford F250, o aluno Gabriel Lourenzo, 14 anos, notou um recado deixado no interior do luxuoso carro avisando sobre uma multa no valor de US$ 500 a cada metro percorrido a quem colocar a cabeça para fora do automóvel. “Conversava com meu pai em um dia poder andar de limousine, conseguir fazer isso em Las Vegas foi demais. Antes de ir, estava preocupado se conseguiria fazer amigos, achava que seria difícil me relacionar com os outros, de conviver com pessoas de nacionalidades diferentes, mas foi tranquilo”, disse Gabriel. Aprendizado Depois dessas duas semanas longe de casa, a famosa frase: “What happens in Vegas, stays in Vegas” será apenas um conjunto de palavras que estampa camisetas vendidas em lojas de souvenir. Tudo o que aconteceu em Las Vegas ficará para sempre dentro de cada estudante, não como uma remota lembrança, mas como ferramenta que um dia, mesmo que não percebam, será usada em suas vidas, seja pelo lado pessoal ou profissional. • PASSEIO Alunos caminham pelo Mount Charleston, a estação de esqui de Las Vegas
O repórter Hernane Lélis viajou a Las Vegas a convite do Colégio Mater Dei, de São José dos Campos
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CULTURA
Silêncio em São Luís
4ª Semana da Canção Brasileira é cancelada por falta de apoio financeiro e cidade perde seu segundo maior evento cultural Divulgação
CANCELAMENTO Show do músico Almir Sater na edição de 2009; este ano o coreto fica vazio
Elaine Santos São José dos Campos
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m ano de lamentações para São Luís do Paraitinga. Depois das enchentes no início do ano que desolou a cidade, o cancelamento do tradicional Carnaval de Marchinhas, agora o município perde a quarta edição Semana da Canção Brasileira por conta de um entrave burocrático. Com o cancelamento, São Luís deixará de receber 60 mil pessoas e, segundo o Conselho Municipal de Turismo, perde também
um incremento de R$ 1 milhão no comércio. No ano passado, a Semana da Canção movimentou 100% da rede hoteleira, que corresponde a mil leitos, sem contar com as casas particulares, cujos proprietários abrem as portas para locação. Depois de meses de negociação com a Secretaria de Estado da Cultura, os organizadores receberam como incentivo R$ 400 mil –apenas 16% da verba orçada para a realização do evento, que tinha custo estimado inicialmente em R$ 2,5 milhões. De acordo com Suzana Salles, curadora do evento, esse ano a iniciativa privada, representada pelas empresas Natura e Itau S/A, ofereceu ajuda financeira substancial condi-
cionada ao artigo 18 da Lei Rouanet, porém o uso deste artigo como forma de angariar fundos foi negado pelo Ministério da Cultura. No item “g”, o artigo beneficia a “preservação do patrimônio material e imaterial” com o uso da Rouanet. “O Ministério alegou que a Canção Brasileira não se configura como patrimônio imaterial. Somente dessas duas empresas privadas a Semana da Canção receberia algo em torno de R$ 1 milhão, e perdemos”, disse Suzana. Para o ministério, a decisão de indeferir o pedido dos organizadores é justa, pois o evento não se enquadra no artigo. Em documento oficial o governo federal respondeu: “(..) Fica claro nos próprios documentos in-
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terpostos que a vocação cultural de São Luís de Paraitinga (SP) não é musical.” O documento final, assinado pela procuradora M. C. Cabral, deixa claro que o projeto ‘não se restringe a um evento musical’. “É, na verdade, instrumento e oportunidade para a pequena São Luís do Paraitinga se restabelecer do desastre que a atingiu em janeiro próximo passado. (...)Assim sendo, somos de parecer contrário ao que solicita o recurso”. Devido ao impasse, o Coletivo de Produção, empresa responsável pelo evento, avaliou que seria logisticamente inviável manter a programação, uma vez que o recurso da Secretaria do Estado da Cultura, de R$ 400 mil, só estaria disponível a partir do final de novembro, o que inviabilizaria o pagamento necessário à infraestrutura da Semana da Canção. “Nós até chegamos a reestruturar o evento. Passamos da semana de 20 a 26 de setembro, organizada com 24 shows, um festival e 21 palestras e oficinas, para uma semana de atividades que iria de 8 a 14 novembro totalmente gratuito e um final de semana de shows. Teríamos nomes como Milton
Nascimento e Dominguinhos ”, disse Gisele Jordão , produtora responsável pela comunicação do Coletivo de Produção. “É uma situação nova a ser enfrentada. Sabemos que o prejuízo cultural para a cidade é imenso, mesmo por que, depois do Carnaval, esse evento é um dos mais importantes no que diz respeito a referência cultural dentro do Estado”, disse Benedito Filadelfo de Campos Netto, diretor Cultural de São Luís. A expectativa de público para esse ano era de 10 a 12 mil pessoas por dia só nos shows, e mais pelo menos 500 pessoas por dia, atraídas pela programação voltada para a educação musical –palestras, oficinas e aulas de música. “Seria a quarta edição e a cidade se projetou economicamente em cima da semana cultural. Comerciantes, moradores, todos criaram expectativas. O sentimento nosso é de pura frustração. É um momento importante para São Luís que ainda está em fase de reconstrução”, disse Eduardo Coelho, Secretário Municipal de Turismo. “Estamos carentes em todos os sentidos.
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Infelizmente, no momento em que a cidade mais precisava, a Semana da Canção veio a falhar num momento muito inoportuno. Aqui as pessoas ainda sentem a cicatriz das enchentes e a Semana da Canção chegaria como um grande estímulo para todos os moradores”, disse Galvão Frade, compositor. Segundo os organizadores do evento, a edição de 2011 já começa a ser pensada e estruturada junto ao governo estadual para não correr o risco de ser desmarcada. A data está prevista para setembro, como nos anos anteriores. “Tenho até receio de falar desse projeto porque simplesmente devolve à cidade o exemplo de vivência cultural, musical que ela sempre teve. Compor e celebrar suas músicas próprias pelas ruas e, o mais importante, a cultura que a cidade de apenas 10 mil habitantes tem de compor sua musicalidade. Isso não se vê nos demais municípios do interior, não como em São Luís, que se destaca desde Elpídio dos Santos, Galvão Frade, Grupo Paranga e muitos outros”, disse Suzana Salles. •
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CINEMA
O começo do fim A primeira parte do fim da saga ‘Harry Potter’ chega este mês aos cinemas da região mirando no sucesso de bilheteria que seus antecessores alcançaram Franthiesco Ballerini São Paulo
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ara um estúdio de Hollywood, uma franquia milionária é um bem tão importante que se torna algo quase insubstituível. Com o que substituir uma franquia que rendeu, nos últimos anos, nada menos do que US$ 4,5 bilhões só nos cinemas? Isso sem falar de jogos, DVDs e venda de direitos para canais de TV. Esse é o grande dilema da Warner Bros. E uma das decisões tomadas no ano passado foi um meio de alongar a franquia e empurrar o problema para frente. Embora haja apenas sete livros da saga Harry Potter, o estúdio fez toda pressão possível para dividir a última obra de J. K. Rowling em dois filmes. O primeiro, “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1”, estreia neste mês, dia 19. A segunda parte já tem data marcada, 15 de julho de 2011. Até lá, o estúdio tem menos de um ano para arranjar um bom substituto da franquia mais rentável do cinema de todos os tempos. E não adianta pressionar J. K. Rowling a escrever um oitavo livro, pois a autora já deixou claríssimo em entrevistas que não cederá a pressões, que acredita que a saga do bruxinho esteja completa e, aos 45 anos, quer seguir com outros projetos literários. Palavras da mulher que, graças a estes sete livros, se tornou uma das três mulheres mais ricas do Reino Unido, atrás apenas da Rainha da Inglaterra. A primeira parte do final tem tudo para acrescentar bons milhões aos cofres do estúdio. Apesar de filmado em versão 3D, o hit
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tecnológico do momento, a Warner emitiu comunicado dizendo que no Brasil as cópias serão apenas em 2D. Segundo o estúdio, não seria possível ter cópias com qualidade para a data de estreia, 19 de novembro. Entretanto, a empresa promete que a segunda parte, em 2011, terá cópias em 3D. Para os muitos que já se perderam na história após intervalos tão longos, Harry agora tem 17 anos e a saga começa terminando diversos conflitos não resolvidos do sexto filme. O livro foi lançado em 2007, uma década depois da primeira publicação, “Harry Potter e a Pedra Filosofal”. O sétimo e último se tornou o livro mais rapidamente vendido da história, com 11 milhões de exemplares em apenas 24 horas. A parte 1 do filme começa com os três amigos, Harry, Ron e Hermione, tentando descobrir uma forma de destruir o segredo da imortalidade e destruição de Voldemort, sem a ajuda de professores nem a proteção de Dumbledore. Em Hogwarts, uma guerra está sendo aguardada a qualquer momento e a situação piora quando os Comensais da Morte de Voldemort tomam o controle do Ministério da Magia e de Hogwarts, instaurando o terror no local. Os comensais têm ordens de levar Harry vivo para Voldemort. Enquanto procura pistas para destruí-lo, Harry descobre uma lenda antiga, as tais Relíquias da Morte, uma lenda que se Voldemort descobrir o dará um incalculável poder. Os dois últimos filmes são dirigidos por David Yates, que comandou “Harry Potter e a Ordem da Fênix” e “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”. Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson parecem ainda mais velhos nos papéis de Harry, Ron e Hermione. No elenco, destaque para Helena
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AMIGOS
Harry, Ron e Hermione continuam juntos na saga, tentando descobrir como derrotar Voldemort
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TENDÊNCIA
Seguindo o hit do momento, o longa chega às telas em versão 3D nos EUA
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ValeViver Bonham Carter –mulher de Tim Burton e a Rainha Vermelha de “Alice no País das Maravilhas”– bem como Ralph Fiennes, Bill Nighy, Alan Rickman etc. Ator que interpretava o vilão Davy Jones em outra franquia bilionária, “Piratas do Caribe”, Bill Nighy entra na saga de Harry Potter em sua fase final como o personagem Rufus Scrimgeour. “Estava começando a me preocupar não ser da saga. Sério, Harry Potter é uma instituição na Inglaterra. Tornou-se um tesouro cultural nacional. As pessoas se fixaram aos livros e agora eles estão ligados ao filmes. E depois de interpretar um zumbi, um polvo e um vampiro, eu certamente serei capaz de retratar um velho bruxo”, brincou Nighy à revista francesa Premiere sobre sua escalação à franquia. Mais de um quarto deste filme foi rodado em locação, um número superior às outras edições que tinham quase 90% de suas sequências filmadas em estúdio. Isso garantiu ao filme belas cenas em campos abertos, florestas etc. Outra mudança notável tem relação às doses de mágica, que ficaram muito mais agressivas do que qualquer outro filme da franquia. Isso nas palavras do próprio Rupert Grint, o Ron. “As cenas são bem mais inspiradas em lutas de espada, todas orquestradas por um coreógrafo”, disse o rapaz à revista Empire. Grint foi um dos últimos atores do elenco a ler o sétimo livro da saga, pois tinha medo de que seu personagem morresse. “Eu ouvi tanto falar de personagens morrendo e não chegando até o fim que fiquei receoso. E eu queria sobreviver!”, brincou à revista. Em entrevista à francesa Premiere, Grint comentou também sobre o beijo caliente que dá em Hermione neste novo filme. “Nós estávamos com medo. Eu estava um pouco ansioso para fazer essa cena. No fim, as coisas correram melhor do que eu imaginava. Mesmo que na primeira tomada eu tenha achado muito estranho ver meu rosto ficar tão perto do de Emma. Sem mencionar que estávamos encharcados até os ossos... Felizmente, precisamos de apenas quatro tomadas. É um momento bonito, muito sensível.” Daniel Radcliffe, que já tem 21 anos e já fez peças bastante adultas na Inglaterra –uma delas mostrando-o totalmente nu– não se animou muito com a tecnologia 3D aplicada à franquia. “Esta tecnologia não combina comigo. Já assisti a filmes em 3D e creio que ela não substitui os atores. É engraçado, pois eu simplesmente não entendi bem este tal de 3D. Pelo menos por enquanto”, disse ele ao site collider.com. Sobre as filmagens da última parte da saga, Radcliffe disse que as filmagens foram um pouco diferente por conta de Emma Wat-
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Emma causou polêmica ao dizer que a saga dos vampiros só quer ‘vender sexo’
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Nos EUA, o filme não foi recomendado para menores de 13 anos
son. “Foi um pouco estranho porque Emma não estava lá o tempo todo, ela está na universidade. Por conta disso parece ser um pouco mais desorganizado”, diz ele, que criou uma amizade forte com os dois atores fora das telas. Em uma entrevista recente, Emma Watson acabou causando polêmica quando foi perguntada sobre as semelhanças entre Harry Potter e a saga “Crepúsculo”. A atriz disse que a saga dos vampiros só tem interesse em “vender sexo”. Ela está com toda razão, mas a frase repercutiu mal entre os agentes do filme. Uma notícia que desanimou o estúdio nos Estados Unidos foi a classificação indicativa do penúltimo filme, que acabou saindo PG13 (maior de 13 anos), por conta de uma “intensa sequência de ação violenta e imagens assustadoras”. Uma outra preocupa-
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ção da Warner é com relação à segurança do material filmado. Isso porque os dois filmes finais foram rodados simultaneamente, e separados por razões comerciais. O problema é segurar informações importantes por tanto tempo sobre a última saga a sete chaves, bem como evitar vazamento de imagens, que valem milhões nas mãos de piratas. Rodado ao longo de extensos 14 meses, “Harry Potter e as Relíquias da Morte” foi uma despedida triste entre os atores que por décadas conviveram, ainda mais porque as cenas finais incluem mortes de personagens importantíssimos da saga. Mas isso só será visto nas telas em julho do ano que vem, quando o elenco já estará envolvido em outros projetos, e quem sabe até em uma nova franquia. O estúdio adoraria. •
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ValeViver Flávio Pereira
PERFIL
Chique com estilo Elaine Santos São José dos Campos
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imples, porém com estilo. É desse jeito que Fábio Arruda conquistou seu lugar ao sol como consultor de etiqueta. Na mídia desde 2001 é dele uma das agendas mais lotadas para consultoria de estilo em festas, casamentos, decoração de interiores e etiqueta social. Você já precisou de dicas de moda? Sim, claro (risos). Eu, sempre que vou viajar, além de fazer muitas pesquisas de cultura, religião e costumes do local, procuro por alguém que já conhece a cidade, ou o país, para me dar dicas de o que levar, como se vestir, bons lugares, etc. Enfim, todo o mundo precisa de dicas um dia! E qual é o seu estilo de moda? Dizem que você é consumista declarado. É verdade.Tenho loucura por comprar. Não é vício, é prazer, não me é obrigatório. Gosto de comprar coisas para a casa e agora estou louco por echarpes, que na verdade começou na Fazenda (reality show da Rede Record) devido o frio e agora incorporou meu visual. Já tenho pra mais de 200. Tenho um leitura de echarpe para homens como se fosse uma gravata informal, mas o homem para usar tem que ter estilo. Isso não significa opção de sexualidade, e sim estilo. Já para as mulheres é tudo de bom sempre, a qualquer hora em qualquer lugar. Como não pecar com a moda? Primeiro: nunca deixe que a moda tire partido de você. Você tira partido da moda. Essa frase: “Está se usando muito isso lá fora”, tá por fora. Está se usando o quê cara pálida? Você é quem tem que saber o que gosta. Chique é isso, você ter o seu próprio estilo e se sentir bem, sempre. Faça do espelho seu melhor termômetro, pois não existe elegância sem segurança, sem conforto. •
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FÁBIO ARRUDA
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Cultura&mais Chance Ăşnica Aos 68 anos de idade, esta talvez seja a Ăşltima oportunidade de ver Paul McCartney ao vivo no Brasil
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DVD
SOLTA O PAUSE!
FARC
Aclamado pela crítica, mas com pouca bilheteria, Kick-Ass chega em formato DVD
A revista tem agora um blog sobre o mundo da música. Acesse: www. valeparaibano.com. br/soltaopause
A história dos anos de cativeiro na Colômbia contada pela protagonista Ingrid Betancourt
Adriano Pereira São José dos Campos
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epois de 17 anos de espera impaciente dos fãs, boatos infindáveis, anúncios falsos e muita especulação, Paul McCartney volta ao Brasil para três shows, um em Porto Alegre, no dia 7, e dois em São Paulo nos dias 21 e 22, com a “Up an Coming Tour”. Muitos já estavam descrentes, afinal, foram tantos anúncios de um show dele no Brasil nos últimos anos que até o mais otimista pensava que dessa vez era só mais um boato. O fato é que “levantar” um show de Sir McCartney não é trabalho fácil. Além do cachê alto e da produção caríssima, ainda tem a vontade de um artista que não precisaria mais trabalhar para ser um dos maiores da história da música. Se ele quer, acontece. Essa turnê, que começou em março deste ano, nos Estados Unidos, é uma das maiores da carreira do músico –só perde para as incansáveis perambulações na época dos Fab Four. Para se ter uma ideia, para transportar as 57 toneladas de equipamentos são necessários 31 caminhões, 150 pessoas trabalhando nos bastidores, que contém 14 camarins, onde são servidas 450 refeições vegetarianas durante a estadia da equipe. Tudo isso para se ouvir dos 130 alto-falantes um passeio enorme pelas composições da carreira solo e dos Beatles. Sim, nessa tour Paul McCartney sem rendeu à algumas canções que ele nunca executava
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WEB
ao vivo. O caso mais óbvio é de “Day in The Life”, composta por Jonh Lennon para o álbum “Sgt Peppers”. A música é considerada por muitos críticos como a melhor do disco, que teve todo o conceito construido por McCartney. Era uma briguinha de ego, felizmente, superada. Tão superada que ele chega a tocar “Give Peace a Chance”, a famosa balada composta por Lennon e entoada como hino pela “vilã” Yoko Ono. Não é só isso, nas quase três horas de show, das 39 canções tocadas costumeiramente, 24 são dos Beatles –um presente sem precedentes para os fãs que não viveram a época de ouro dos Beatles. Em alguns shows da turnê, o músico também homenageou o guitarrista Jimi Hendrix tocando a clássica “Foxy Lady”. Por falar em presente, esta talvez seja a última presença do beatle em solo brasileiro. Com 68 anos de idade e uma agenda ainda repleta, uma nova vinda de McCartney ao Brasil ficará mais difícil depois destes shows, haja vista a demora para esses shows fossem confirmados. O único problema, nesta altura do campeonato, é conseguir um ingresso. A pré-venda para as duas datas foram encerradas em menos de 5 horas. Quando os ingressos foram para a bilheteria, filas enormes surgiram numa desorganização triste e os ingressos também se esgotaram em poucas horas. Se você já conseguiu, pagou entre R$ 140 e R$ 700 pelo ingresso. Mas se esse não foi seu caso, o negócio é tentar chorar na porta do estádio por um desconto com cambistas. É triste, mas é a saída. •
Música
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Norah Jones de graça em SP
VALE DESTAQUE ELVIS COSTELLO Apesar de já ter tocado 13 das 17 canções inéditas do álbum em shows, as restantes valeriam o disco PREÇO: R$ 35.-
A cantora volta ao Brasil para divulgar “...Featuring”, disco que será lançado neste mês no mundo todo. O trabalho é repleto de parcerias com nomes como Herbie Hancock, Ray Charles e o inusitado dueto com a banda Foo Fighters. O show acontece no dia 14, às 16h, no Parque da Independência. Grátis.
Cinema
AS FAVORITAS DE DIAMOND Neil Diamond lança CD com suas covers favoritas. Beatles, Leonard Cohen, entre outros PREÇO: R$ 37.-
STEREOLAB: NOT MUSIC o sucessor de “Chemical Chords” vê a luz do dia em 16 de novembro PREÇO: R$ 30.-
Star Wars em 3D chega só em 2012
Os seis longas-metragens da cinessérie Star Wars deverão voltar aos cinemas a partir do início de 2012 e em 3D. As obras chegarão às telonas em ordem cronológica, começando por “A Ameaça Fantasma”. A ideia é que depois, no início de cada ano, um novo filme seja relançado.
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Social
Flashes& Oktoberfest em São José Os empresários Paulo Cunha, Nilson Nagaoka e Rogério Souza aproveitaram o espaço de quase 400 metros quadrados de deck do Guten Bier, com vista para o Banhado, em São José, e organizaram uma pequena Oktoberfest. Não está confirmado se a festa entrará para o calendário do restaurante alemão, que após as 23h vira uma badalada choperia, mas quem estava lá, mais de 350 convidados, aprovou o menu e os mais de 12 barris de chope servidos na festa. Agora é só esperar para mais uma boa novidade da casa ainda para esse mês.
Vera e Delvio Buffulin
Elaine Rennó Oliveira
Fotos: Antônio Basilio
Patricia Coutto, Leila Ramacciontti, lucia Gomes e Silvia Máximo
Paulo Cunha, Nilson Nagaoka e Rogério Souza
Fabiano Bazzo e Tatiana Reichel
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Mary Helen Coutinho e Rodrigo Abad
Luane Rodriguez e Paula Souza
Flávio Alvim
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Michele Rossato
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Roger Ramos e Eduardo Ishikawa
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Flávia Serrano e Beatriz Hernandez
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Elaine Siqueira e Priscila Mestieri
Carolina Grassi e Gisele Quirino
Cleber Bueno, Luiz Antônio Lourenço, Osmar Silvestrini e Marco Aurélio Silva
Bruna Dileo e Ana Flávia Dileo
Elizandra Rodrigues
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Social
Moda e estilo feminino As irmãs superpoderosas da moda em São José, Renata, Mariana e Fernanda Cury inauguram nos próximos dias mais duas boutiques, transformando o espaço da avenida Rio Branco, no bairro Jardim Esplanda, em um aconchegante mini mall. O local já conta com a primeira franquia da grife Bobstore, exclusiva no Vale, e agora terá uma boutique Stroke, conhecida grife carioca, e a Depot, uma multimarcas que chega com novidadas das grifes Osklen, Lelis Blanc, Cris Barros, Lenny, Talie e Bobô. Renata Cury e Mariana Cury Fotos: Flávio Pereira
Marina Passos
Ivone Spani
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Renata Valias
Kelsy Hardt
Karyna Brandão
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Domingo 7 Novembro de 2010
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Decoração de alto padrão Depois de ser destaque em decoração de alto padrão em Guaratinguetá e Taubaté, os empresários Flávia e Ronaldo Mariano conquistam São José dos Campos com a imponente loja Sierra Móveis, na área nobre do Jardim Aquarius. O espaço traz peças exclusivas importadas da Indonésia, China e Tailândia, que ganham toque de cores e acabamentos nacionais na fábrica Sierra, em Gramado, no Rio Grande do Sul. Lá, as peças ganham banho de prata e ouro e revestimentos de tecidos com estampas exclusivas da marca.
Ronaldo Mariano e Flavia Bissoli
Fotos: Flávio Pereira
Maria de Fatima Lourenço
Luciana Salles
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Luciene Nicoli e Antônio Carlos
Maralice Massa
Marcia Quaglia e Carmela Stanisce Neves
Caio Pinez e Claudia Soares
Claudine Araujo
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Viva a Vida
Carlos Carrasco
Tenho e sempre terei saudades; serei um eterno saudosista do meu tempo
A
h, sou saudosista sim! Não nego e acho que essa saudade contribuiu para o que sou hoje e mantém minha alma alimentada de boas recordações e boas lições para enfrentar as coisas que ainda estão por acontecer, boas ou ruins, para mim e para quem eu amo e gosto. A gente chega numa certa idade e começa a sentir saudades de simplesmente tudo. Compara as coisas da atualidade ao que aconteceu no nosso passado e começa a achar que está tudo chato, desinteressante, errado. Não é rabugice, não. É uma coisa boa que bate dentro da alma e que traz aquela sensação gostosa de ter vivido o melhor para comparar, aconselhar e mesmo criticar com propriedade. Se bem que dar conselho é meio sinônimo de velhice, né? Pensando bem, é mais ou menos assim: a gente, às vezes, se sente meio que aquele diabinho e o anjinho que aparecem nos desenhos animados. Dar conselho de “transgressão adolescente” também é revigorante para quem já viveu experiências de alto teor de adrenalina! Porque estou falando isso? Me perdendo nesta máquina do tempo? Porque a vida era bem mais simples. Era só estudar e passar de ano, estas eram as duas únicas obrigações da vida. Nada de contas para pagar, formalidade chata e cotidiano desgastante.
PASSADO “A gente chega em uma certa idade e começa a sentir saudades de simplesmente tudo”
A gente não precisava de nada material para se divertir. Só bastava ter amigos. Eles eram o que os aparelhos eletrônicos são hoje (qualquer coisa, videogame, celular e outras tralhinhas que hoje eles não vivem sem). Ninguém ficava em casa mofando não! Passava um amigo, berrava seu nome no portão e a gente gritava: - Manhê, tô saindo . Vou brincar na rua, na casa de “fulano”. Volto mais tarde! E ela sempre retrucava: - Olha lá com quem anda e cuidado com a más companhias! Você vivia cada momento como se aquilo fosse de uma intensidade incrível. Ai, ai...o que são os hormônios hein? (e as espinhas e cravos que vêm com com eles para nosso desespero juvenil) Eu era uma esponja que sugava tudo e sem saber arquivava uma coleção infinita de informações que serviriam de base de dados e compa-
ração para a minha vida toda. E nem me tocava, né? E pior que quando a gente senta para conversar com pessoas ou amigos da mesma idade, parece que é tudo igual. Todo mundo leu e viveu o mesmo manual! Agora vamos deixar claro que saudade não é sinônimo de congelamento. Sou contra um saudosismo burro e cristalizado. Viver é continuar a sugar tudo o que a vida nos apresenta (moda, música, tecnologia, cultura, etc) e acrescentar, mesmo que numa velocidade um pouco mais lenta, itens interessantes a esse mosaico que chamamos vida. Buscar sempre novidades que nos impulsionem a gostar mais e mais de viver e nos despertem a alma para nos sentirmos atuantes e aptos para passar nossa vivência de felicidade adiante. •
Carlos Carrasco cabeleireiro
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