Revista valeparaibano - Novembro 2011

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POLÍTICA

NA HORA DO CONFORTO, PENSE GRANDE.

CULTURA

Como o serviço postal que já foi o melhor do mundo chegou a esse ponto? P14

Quanto custa ser um artista independente no Vale e no Brasil? P86

NA HORA DO LAZER, NÃO PENSE EM NADA. ESQUEÇA O MUNDO E DIVIRTA-SE.

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Novembro 2011 • Ano 2 • Número 20

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OCUPADO Praça Afonso Pena, um dos principais cartões-postais de São José, vive sob o regime do poder paralelo ditado por criminosos, prostitutas e traficantes

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Opinião

Palavra do editor

DIRETOR RESPONSÁVEL Ferdinando Salerno

O mercado da prostituição

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m negócio mantido com mãos de ferro. Assim funciona a rede de prostituição montada na praça Afonso Pena, no coração de São José dos Campos, onde garotas de programa trabalham sob o jugo de uma cafetina que mantém com pulso firme a exploração sexual no centro da cidade. Esse mercado do sexo, revelado com exclusividade pela revista valeparaibano, ocorre às claras, 24 horas por dia, e conta com a participação de comerciantes e agentes públicos que receberiam dinheiro para não interferir ou minar o esquema articulado pela rufiona, conhecida como Patrícia. A rede de prostituição é tão bem estruturada que a cafetina se enriquece a cada dia –ganha dinheiro de todos os lados: com a cobrança de um pedágio semanal das prostitutas e até comissão de hoteleiros sobre o valor do aluguel do quarto usado para o programa. Para se livrar da intervenção de traficantes e bandidos poderosos que atuam no centro, a cafetina alicia garotas de cidades distantes de São José e até de outros estados. Com isso, evita que criminosos interfiram em seu negócio, se perpetuando no controle absoluto do esquema. A exploração sexual na Afonso Pena há quatro anos já foi alvo de investigação do 1º Distrito Policial, que fica em frente à praça. Entretanto, a Polícia Civil nunca conseguiu chegar ao paradeiro de Patrícia. Já a Polícia Militar informou que não tem conhecimento das denúncias de rufianismo. A atuação de prostitutas na praça não é novidade para o joseense. A prática se arrasta por décadas. A questão é que não se imaginava a existência de uma rede criminosa tão estruturada nos bastidores do trabalho dessas garotas de programa. Mas é difícil entender como as polícias não conseguem desarticular a exploração sexual na Afonso Pena, considerando que, em apenas um mês, a equipe de reportagem da valeparaibano conseguiu reunir informações detalhadas de como funciona todo o esquema montado pela cafetina.

DIRETORA ADMINISTRATIVA Sandra Nunes EDITOR-CHEFE Marcelo Claret mclaret@valeparaibano.com.br EDITOR-ASSISTENTE Adriano Pereira adriano@valeparaibano.com.br EDITOR DE FOTOGRAFIA Flávio Pereira flavio@valeparaibano.com.br REPÓRTERES Hernane Lélis (hernane@valeparaibano.com.br), Yann Walter (yann@valeparaibano.com.br) DIAGRAMAÇÃO Daniel Fernandes daniel@valeparaibano.com.br COLABORADORES Cristina Bedendo, Fábio França, Filipe Manoukian Franthiesco Ballerini e Letícia Maciel COLUNISTAS Alice Lobo, Arnaldo Jabor, Fabíola de Oliveira, Marco Antonio Vitti e Ozires Silva CARTAS À REDAÇÃO cartadoleitor@valeparaibano.com.br As cartas devem ser encaminhadas com assinatura, endereço e telefone do remetente. O valeparaibano reserva-se ao direito de selecioná-las e resumi-las.

DEPARTAMENTO DE PUBLICIDADE REGIONAL Aline Furtado, Cristiane Abreu, Mellise Carrari, Tatiana Musto e Vanessa Carvalho comercial@valeparaibano.com.br (12) 3202 4000 RIO DE JANEIRO E BRASÍLIA

Essencial Mídia Carla Amaral e Claudia Amaral (11) 3834 0349

A revista valeparaibano é uma publicação mensal da empresa Jornal O Valeparaibano Ltda. Av. São João, 1.925, Jardim Esplanada, São José dos Campos (SP) CEP: 12242-840 Tel.: (12) 3202 4000

ASSINATURA E VENDA AVULSA Carina Montoro 0800 728 1919 Segunda a sexta-feira, das 8h às 18h FAX: (12) 3909 4605 relacionamento@valeparaibano.com.br www.valeparaibano.com.br

PARA FALAR COM A REDAÇÃO: (12) 3909 4600 EDIÇÕES ANTERIORES: 0800 728 1919

A TIRAGEM É AUDITADA PELA

Marcelo Claret editor-chefe

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BDO AUDITORES INDEPENDENTES

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MODA

Sumário

ESTAMPAS NAS AREIAS P76

SEGURANÇA

Praça sitiada Prostitutas, traficantes e uma cafetina que comanda uma rede criminosa no coração de São José dos Campos. Saiba como funciona o regime paralelo que dominou a praça Afonso Pena

POLÍTICA CORREIOS

MUNDO ARMAS S/A

INTERNET COMPORTAMENTO

Como chegaram nesse ponto? P14

Na mão errada

Cacildis! Eles estão vivos P96

Em 2008, a revista Forbes elegiou o serviço postal brasileiro como o melhor do mundo

O fuzil preferido pelos terroristas, traficantes e mafiosos não será mais fabricado em sua terra natal

ECONOMIA CORPORATIVO

A mão-de-obra do Vale e seus sotaques P20 Empresas adequam seu cotidiano para receber estrangeiros no seu quadro de empregados ENTREVISTA ANA CHAMI

“Nossa sociedade se encontra num momento histórico” P46

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P54

CULTURA

O custo do ofício O glamour do palco e dos holofotes está longe da realidade da maioria dos artistas que têm que bancar sua arte P86

Mussum, Nair Belo, Glauber Rocha e vários outros nomes ganham vida novamente em perfis das redes sociais TURISMO CHICAGO

Várias cidades numa só P68 Ensaio Fotográfico p60 Hi-Tech p74 Cinema p100 Arnaldo Jabor p114

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Política

Da Redação Orlando Silva é o sexto a cair no governo Dilma Ministério Público investiga participação do ex-ministro do Esporte em esquema de desvio de recursos da pasta

BRANCO & PRETO Sobre o suposto esquema de desvios de verbas por meio de convênios com organizações não governamentais no Ministério do Esporte

“50% do lucro obtido pelas empresas que ele operava através de laranjas eram destinadas à estruturação do PC do B, em Brasília” João Dias Ferreira policial militar , autor da denúncia

SOB SUSPEITA O ex-ministro do Esporte, Orlando Silva, que está no olho do furação das denúncias

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rlando Silva (PCdoB), deixou o Ministério do Esporte em 26 de outubro após 12 dias de acusações de desvio de verba. Ele é acusado de participar de um esquema de desvio de recursos do programa Segundo Tempo, que dá verba a ONGs para incentivar jovens a praticar esportes. Ele nega as acusações. Mas sua situação piorou depois que a ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia aceitou pedido do Ministério Público para a abertura de inquérito para investigar as denúncias. Orlando Silva é o sexto ministro a cair em dez meses do governo Dilma Rousseff, depois de Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Nelson Jobim (Defesa), Wagner Rossi

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(Agricultura) e Pedro Novais (Turismo). Com exceção de Jobim, todos os titulares deixam o cargo após acusações de corrupção. Sob o domínio do PCdoB desde a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva ao poder, o Ministério do Esporte permitiu a ascensão política de Orlando Silva, que ocupou diversas secretarias até assumir o cargo de titular da pasta, em 2006. Com o governo Dilma, só perdeu espaço até ser substituído em meio a acusações de desvio de recursos públicos para caixa dois eleitoral. Silva precisou do aval direto de Lula para se manter no cargo. Dilma cogitou trocá-lo durante a transição do governo. Preferia a deputada federal Luciana Santos (PCdoB-PE), ex-prefeta de Olinda. Pesavam a favor do ministro o trânsito com dirigentes esportivos e a participação dele nas vitórias para o recebimento da Copa de 2014 e dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

“Não se condena ninguém sem provas é parte do princípio civilizatório da presunção da inocência”

Dilma Rousseff presidente da república

“Quando Dilma passa a mão na cabeça do ministro, ela dá um sinal muito ruim em favor da impunidade”

ACM Neto Deputado pelo DEM

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Domingo 6 Novembro de 2011

Barack Obama, presidente dos Estados Unidos

“Os Estados Unidos vão manter o seu compromisso de retirar todas as suas tropas do Iraque até o fim de 2011” Após o fracasso na negociação de deixar os soldados no país para operações especiais de treinamento

Rodson Lima: o vereador príncipe de Taubaté gera revolta na internet

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vereador Rodson Lima Silva (PP), de Taubaté, provocou a revolta de internautas ao dizer que levava uma “vida de príncipe” paga “com dinheiro público”. O comentário foi postado no Facebook pelo parlamentar que participava no mês passado do 18º Encontro da Associação Brasileira das Escolas do Legislativo e de Contas, realizado em Aracajú. Lima estava hospedado em um hotel três estrelas, segundo ele, comparável ao “Palácio de Buckingham”, levando uma vida melhor

Audiências vão discutir criação da RM do Vale

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governador Geraldo Alckmin (PSDB) assinou em visita à região o projeto da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, enviado à Assembleia Legislativa com pedido para tramitação em regime de urgência. Os deputados terão 45 dias para votar a proposta. Mas antes da votação, os parlamentares farão cinco audiências públicas na região para discutir o projeto com a população e recolher sugestões. Para cumprir o cronograma, realizarão as audiências até o dia 18 de novembro. Somente após as audiências, de onde poderão surgir emendas para o pro-

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do que muitos estudantes das renomadas universidades de “Harvard, Yale e Michigan”. E ressaltou: “Tudo pago com dinheiro público.” “Eu descobri que o hotel é três estrelas, mas pra mim é como se fosse um palácio. Eu tô conversando com você na janela e tem uma piscina de quarenta metros com cachoeira, é brincadeira?”, escreveu o vereador na rede social. E agradeceu pela vida de príncipe que leva como vereador: “Vivo a vida de príncipe há 15 anos. Dois motoristas, assessores, celular, assessoria jurídica, gabinete com ar condicionado”, escreveu o parlamentar. Atualmente, Lima está inelegível por uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, que, baseado na Lei da Ficha Limpa, impediu ele e mais seis vereadores de disputar as próximas eleições por supostos atos de improbidade administrativa. O Conselho de Ética da Câmara de Taubaté investiga se houve quebra de decoro parlamentar nas declarações feitas pelo vereador na internet. A Câmara informou que a viagem custou R$ 9.600, entre passagem, hospedagem e inscrição para o congresso. jeto, é que o documento poderá ser votado. A expectativa é que a votação ocorra até o final deste mês. Sancionada pelo governador, o Estado terá três meses para constituir e dar posse ao Conselho de Desenvolvimento da RMVale, que terá o papel estratégico de construir o desenvolvimento integrado e planejar as ações públicas na região. Além do colegiado, o projeto autoriza o governo a criar a Agência de Desenvolvimento Metropolitano, que executará os projetos definidos pelo Conselho de Desenvolvimento. Também haverá fundo de investimento, responsável pela captação de verbas. Algumas vantagens de se tornar uma região metropolitana são o aumento de repasses estaduais e federais, eliminação de tarifa DDD e ampliação da força econômica e política. A região metropolitana é um instrumento jurídico que permite planejamento e gestão de questões que afetam cidades, com integração territorial e econômica. A RMVale terá 2,2 milhões de habitantes, 16.181 km² de área e PIB de R$ 52 milhões.

Alckmin dá aval para lei contra venda de bebida para menores O comércio que permitir o consumo de bebidas alcoólicas por menores de 18 anos será multado em até R$ 87 mil e poderá ser fechado em caso de reincidência. A lei foi sancionada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) no mês passando, quando equipes de fiscalização começaram as blitze solidárias para informar comerciantes sobre a legislação. Em um primeiro momento a fiscalização será educativa, mas a partir do próximo dia 19 fiscais começarão a aplicar as multas. A lei sancionada por Alckmin visa ampliar o combate ao consumo de álcool por menores. Antes, a punição acontecia apenas se houvesse flagrante do momento em que a bebida era vendida. A pena varia de dois a quatro anos de prisão. Assim como na fiscalização da Lei Antifumo, fiscais da Vigilância Sanitária e do Procon, com o apoio da Polícia Militar, visitarão os comércios. Quando algum adolescente for flagrado com bebida alcoólica dentro do estabelecimento, o proprietário receberá multa que pode variar de R$ 1.700 a R$ 87 mil. No Estado de São Paulo, o governo informou que haverá 500 fiscais para percorrer os estabelecimentos comerciais. Antes que a legislação entre em vigor, esses fiscais passarão por um treinamento específico para abordar os comerciantes.

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Política CORREIOS

Como chegamos a esse ponto? 014-017_Política_Correio.indd 14

Empresa que já foi considerada a mais confiável do mundo e vive hoje sua pior fase administrativa, os Correios conseguiram em apenas três anos ir do céu ao inferno nos aspectos que envolvem relações trabalhistas, serviços e gestão

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Domingo 6 Novembro de 2011

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Flávio Pereira

SUCATEAMENTO O sindicato da classe ataca e a direção da ECT concorda com a degradação da qualidade do serviço

Yann Walter São José dos Campos

recente greve dos Correios, que paralisou por quase um mês o envio de correspondências em todo o país, apontou os holofotes sobre uma situação que, segundo sindicalistas e consumidores, vêm piorando ano após ano. De acordo com estas pessoas, o movimento de paralisação nacional, que começou no dia 14 de setembro e se arrastou até o dia 13 de outubro, provocando a retenção de cerca de 200 milhões de correspondências (sendo oito milhões no Vale do Paraíba), é apenas a ponta do iceberg. O que

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tem se constatado nos dois últimos anos é uma deterioração brutal dos serviços prestados por uma instituição outrora considerada como uma das mais confiáveis do Brasil. Apesar de terem se passado apenas três anos, os Correios de hoje têm pouco a ver com os Correios de 2008, quando a empresa recebia prêmios nacionais e internacionais louvando sua confiabilidade, sua credibilidade e sua eficiência. Em setembro daquele ano, a ECT recebeu pela sétima vez consecutiva o prêmio de instituição mais confiável do Brasil na pesquisa Marcas de Confiança 2008, realizada pela revista Seleções do Reader’s Digest em parceria com o Ibope Solution. Em junho, a companhia foi considerada a mais respeitável de todas as empresas de correios do mundo, em ranking publicado pela conceituada revista

norte-americana Forbes. Na mesma pesquisa, a ECT apareceu no quinto lugar da relação das empresas brasileiras mais confiáveis. No quesito da eficiência, os Correios foram premiados pelo Grupo Padrão e pela DOM Strategy Partners no setor Atacado/Logística. Este mundo de mil maravilhas é muito distante da realidade atual descrita por Marcílio Medeiros, presidente do Sintect (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos) das regiões Vale do Paraíba e Litoral Norte. “A empresa está mergulhada em um processo de sucateamento, que se aprofundou em 2009. Somente naquele ano, 6.000 trabalhadores saíram. Ninguém foi contratado para suprir esta carência. Os Correios não realizam um concurso público há mais de dois anos. Além de funcionários, falta mate-

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Política Flávio Pereira

rial básico, como contêineres para armazenar as encomendas e até cordões para amarrar os pacotes. A situação está ficando cada vez mais precária”, afirmou. Por meio de nota divulgada por sua assessoria, a ECT admitiu a queda de qualidade nos serviços prestados, mas se justificou alegando a forte elevação da demanda. “O Brasil experimentou um grande crescimento econômico nos últimos anos. O poder aquisitivo da população melhorou muito, levando a um aumento considerável da demanda”. Terceirização O novo estatuto social da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), aprovado em maio deste ano, é apontado pelos sindicatos como um atalho direto para a privatização completa da entidade. Segundo eles, a mudança aprofunda ainda mais a política de terceirização aplicada pela direção da empresa, afetando diretamente a qualidade dos serviços e tornando mais precária a situação dos funcionários. “A intenção do governo é privatizar os Correios, e isso não é de hoje. A ideia deles é transformar a ECT em empresa de sociedade anônima, com possibilidade de abertura do capital. Assim, parte da companhia poderá ser vendida. Para aumentar o faturamento, muitos trabalhadores serão demitidos, ou substituídos por mão-de-obra terceirizada ou temporária, muito mais barata”, alertou o presidente regional do Sintect. “Os Correios estão usando cada vez mais mão-de-obra temporária. Além de ser ilegal, prejudica o trabalho. Estas pessoas ficam apenas três ou seis meses na empresa, ou seja, saem bem quando aprendem a fazer o serviço. Além disso, muitos não se preocupam com qualidade, pois sabem que não têm nada a perder. Ganham pouco, não têm benefícios. Não correm o risco de serem demitidos”, explicou. Medeiros destacou que hoje, 30% dos 500 funcionários dos Correios de São José já são temporários ou terceirizados. “A tendência é que este percentual aumente cada vez mais, até porque não há contratação de concursados”. A direção da ECT admitiu o problema, mas frisou que a situação está mudando. “Realizamos este ano um concurso público para quase 10 mil novos trabalhadores, que já estão sendo contratados. Até que este concurso fosse realizado, e as contratações iniciadas, os Correios precisaram recorrer à mão-de-obra temporária para atender a demanda da população brasileira. Mas o fortalecimento da ECT e a perspectiva de ampliação dos serviços resul-

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PRAZOS O microempresário Alexandre Arruda sente na pele a falta de compromisso da ECT

tarão na valorização de seu corpo funcional e na geração de mais empregos”. A terceirização atinge todos os setores da ECT, inclusive os de transporte e logística. O número de agências franqueadas é cada vez maior. Hoje, cinco das dez agências dos Correios de São José dos Campos estão neste caso. De acordo com Marcílio Medeiros, estas agências não têm o mesmo compromisso com a qualidade do serviço prestado ao consumidor. “Os casos de não cumprimento de serviços contratados –e já pagos– estão se multiplicando”, alertou. O joseense Alexandre Arruda vem sentindo na pele a falta de compromisso da ECT com seus clientes. Sócio da loja on-line Punkstein, que vende camisetas de filmes e de bandas de rock pela internet desde 2003, ele disse que a deterioração da qualidade dos serviços prestados pelos Correios tem dificultado bastante seu trabalho. “As falhas dos Correios nos afetam diretamente. Temos, em média, 30 encomendas por dia. A maioria de nossos envios vai para os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina, mas também temos clientes no Acre e em Roraima. Dependemos muito dos Correios para enviar nossos produtos. Os preços aumentam, e a qualidade do serviço cai. Os pra-

zos de entrega estão maiores. Há dois anos, o prazo anunciado pelos Correios para uma entrega em Santa Catarina era de cinco dias úteis. Hoje, já passou para oito. Os atrasos também são mais frequentes, e isso significa mais reclamações para nós, pois nós é que somos cobrados pelo cliente quando o produto não chega”, reclamou. Passado um tempo, cabe à loja cobrar os Correios pela encomenda não recebida. “Essa é a pior parte. Temos que abrir uma reclamação. É um procedimento complicado e burocrático, e na maioria das vezes os Correios não devolvem o valor do frete. Nós é que temos que ressarcir o cliente”. Privatização Alexandre Arruda é apenas um dos milhares de clientes insatisfeitos com os Correios, e o pior, segundo Marcílio Medeiros, é que o novo estatuto da ECT não vai melhorar a situação. “O setor privado vai privilegiar as metrópoles e as regiões centrais das cidades em detrimento das localidades e bairros mais afastados e, portanto, menos lucrativos. Nenhuma agência franqueada quer trabalhar em Monteiro Lobato, ou em São Bento do Sapucaí. Isso significa que o setor privado vai ficar com o filé, enquanto

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os Correios vão roer o osso. A privatização vai piorar ainda mais a qualidade do serviço, principalmente para os moradores das áreas rurais e das cidades menores”, analisou o presidente regional do Sintect. O novo estatuto da ECT amplia a área de atuação da estatal, permitindo que ela se torne sócia de outras empresas e abra subsidiárias no exterior. Ele ainda introduz mudanças na gestão corporativa estabelecendo, por exemplo, uma separação clara entre o conselho de administração e a direção executiva. Para a direção da empresa, o instrumento é necessário para modernizar os Correios. Na teoria, ele favorece uma governança mais transparente. Medeiros citou, porém, uma disposição específica do novo estatuto que contraria este princípio. “Agora, todos os cargos de gerência da ECT podem ser ocupados por pessoas de fora, que não têm nada a ver com a empresa. Pessoas sem experiência nos Correios podem vir a comandar setores-chave como logística, distribuição ou transporte, ocupando postos para os quais não são qualificados”, criticou, te-

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mendo uma escalada das indicações políticas. Para a ECT, porém, a informação não procede. “O que a mudança do novo estatuto permite é a cessão de servidores públicos para cargos específicos de direção e assessoria superior. Até o momento, apenas 20 servidores foram cedidos aos Correios. Em contrapartida, 420 funcionários da empresa encontram-se realocados em outros órgãos da administração”, esclareceu a empresa, por meio de sua assessoria. Assim sendo, como fazer para resgatar a confiabilidade que sempre foi a marca registrada da empresa? Segundo Medeiros, é preciso investir, tanto em funcionários concursados como em equipamentos. “Para recuperar a qualidade do serviço, precisamos contratar 30 mil trabalhadores qualificados em todo o país”, afirmou, insistindo também na necessidade de reposição e renovação do material. A direção dos Correios assinalou que já tomou providências neste sentido. “Várias medidas foram tomadas este ano. Realizamos um concurso público para 10 mil funcionários. Este número, baseado em estudos téc-

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nicos, reflete as necessidades atuais da ECT. Na região do Vale do Paraíba, as contratações em São José dos Campos, Taubaté, Guaratinguetá e Caraguatatuba estão previstas para acontecer até o fim deste mês. Além disso, investimentos significativos foram feitos no parque industrial e tecnológico da empresa”. Investir em locais e veículos próprios e conter a crescente terceirização da mão-de-obra certamente contribuiriam para recolocar a ECT nos seus patamares antigos de qualidade, mas será que as medidas são financeiramente viáveis? A direção da empresa alega que a terceirização é apenas uma “medida de contingência”, mas admite que ela também acontece “nos casos em que os estudos de viabilidade econômica apontam para a economicidade da administração pública”. É fato que a privatização elevaria significativamente os lucros da empresa, mas muitos consumidores sairiam prejudicados. Como estatal, a ECT é obrigada a atender as mais remotas regiões do país, mesmo que perca dinheiro com isso. Difícil imaginar uma empresa privada assumindo o mesmo compromisso. •

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Política

Ozires Silva

A proposta de uma nova consciência nos negócios, segundo Dalai Lama m setembro, o WTC-SP reservou um dia exclusivo para os seus membros, colaboradores, convidados e líderes empresariais para uma palestra voltada a uma discussão sobre a paz e a prosperidade nos negócios. Numa apresentação bem humorada, Sua Santidade Dalai Lama, abordou vários temas e, entre eles, propôs uma tese sobre uma nova consciência nos negócios, dissertando sobre valores para um mundo sustentável e pregando um movimento de transformação. Dificilmente, poderíamos ter uma oportunidade melhor para ouvir algo mais do que valioso do que uma fala tranquila e verdadeiramente sábia. Foram instantes quase mágicos, nos quais sentimos contrastes quando se depara com seres humanos, menos conscientes do que deveriam, mostrando comportamentos, os quais nos escandalizam e nos levam a enormes restrições quanto à ética e a procedimentos.

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A cultura, o conhecimento e a tecnologia, realizações soberbas do nosso intelecto, mostram diferenças marcantes com o comportamento pouco respeitoso, frágil em ética, com reduzida ou zerada compaixão, em muitas das ações nas mais variadas áreas de negócios, quando o dinheiro entra em jogo. Estes, e outros exemplos, são comuns nos dias correntes, nas mais variadas partes do mundo,

TRABALHO “Ame profundamente e com paixão tudo o que faz” explicitando que aspectos materiais, diretamente representados pelos seus respectivos valores, passam por cima da convivência fraterna e amiga que precisa prevalecer entre todos nós. Numa de suas primeiras colocações, Sua Santidade expressou uma grande verdade, calcada na mais profunda realidade, enfatizando que “somente existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.” Em sequência aos seus pensamentos destacamos alguns, para a reflexão do leitor, convidando-o para uma visão prática do dia-a-dia, pois não podemos deixar escapar uma oportunidade de se tentar fazer uma viagem dentro de nós e tentar desvendar de como somos, de onde viemos e para onde vamos: “Dê mais às pessoas, mais do que elas esperam, e faça com alegria; Ame profundamente e com paixão tudo o que faz, inclusive seu trabalho; Quando você perder, não perca a lição; Lembre-se dos três ‘Rs’: Respeito por si próprio, Respeito ao próximo e Responsabilidade pelas ações; Abra seus braços para as mudanças,

mas não abra mão de seus valores; Lembre-se de que o silêncio, às vezes, é a melhor resposta; Viva uma vida boa e honrada. Assim, quando você ficar mais velho e olhar para trás, poderá aproveitá-la mais uma vez; Julgue seu sucesso pelas coisas que você teve que renunciar para conseguir; Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde; E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido; Se o seu coração é absoluto e sincero, você naturalmente se sente satisfeito e confiante, não tem nenhuma razão para sentir medo dos outros; Fale a verdade, seja ela qual for, clara e objetivamente, usando um toque de voz tranquilo e agradável, liberto de qualquer preconceito ou hostilidade; Se você quer transformar o mundo, experimente primeiro promover o seu aperfeiçoamento pessoal e realizar inovações no seu próprio interior.” Sua Santidade nos deixou e seguiu por sua peregrinação, na busca de um mundo melhor. E nós, tendo a felicidade de viver num país maravilhoso e fascinante, o que faremos? Esta é uma pergunta para ser respondida por cada um, pois, sendo melhor do que imagina, pode ao longo de vida dar contribuições para que nossos descendentes possam viver num país bem melhor do que o presente. •

Ozires Silva Engenheiro

ozires@valeparaibano.com.br

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Economia MERCADO DE TRABALHO

Mão-de-obra com sotaque Vale do Paraíba concentra 10% dos trabalhadores estrangeiros no Estado de São Paulo; adaptação dos funcionários é o principal desafio das multinacionais Hernane Lélis São José dos Campos

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os olhos de alguns estrangeiros que atravessam a fronteira, o Brasil já é mais do que futebol e Carnaval. O país se tornou referência em oportunidade de emprego e renda a profissionais de outras nacionalidades que desejam desenvolver ou consolidar carreira longe de suas origens. Devido a grande quantidade de indústrias, o Vale do Paraíba se destaca nesse movimento imigratório concentrando até 10% da mão de obra estrangeira que trabalha no Estado de São Paulo. A região é responsável por uma média de 700 pedidos de autorização trabalhistas por ano. Tal movimento, segundo especialistas, é reflexo da estabilidade econômica que o Brasil atravessa –principalmente se comparada ao cenário de crise vivenciado em países da União Europeia e nos Estados Unidos, aliada a falta de qualificação para algumas funções no país. Somente no primeiro semestre desse ano, de acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego, o número de profissionais estrangeiros em solo brasileiro aumentou quase 20% em relação ao mesmo período de 2010. Entre janeiro e junho foram concedidas 26.545

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autorizações de trabalho, ante 22.188 no primeiro semestre do ano passado. “O aumento está relacionado aos crescentes investimentos no Brasil, especialmente nos setores industrial, óleo, gás e energia. Isso também está caracterizado pela aquisição de equipamentos no exterior e implantação no país de novas empresas de capital estrangeiro. A aquisição de equipamentos e tecnologia demanda a vinda de profissionais especializados na supervisão de montagem e da execução de etapas mais sensíveis no processo de implantação e para transferência de tecnologia”, explica o Coordenador Geral de Imigração do MTE, Paulo Sérgio de Almeida. Dentro desse escopo, o Vale do Paraíba se destaca entre as regiões do Estado que dependem de mão-de-obra estrangeira nas divisões técnica e executiva de suas indústrias. Levantamento realizado pela Emdoc, uma das maiores consultorias especializadas na legalização de profissionais estrangeiros no Brasil, aponta que das 7.000 autorizações de trabalho que são efetuadas anualmente no Estado, cerca de 10% em média são para atuações em indústrias do Vale, a maioria para São José dos Campos, Taubaté, Jacareí e Guaratinguetá. Sendo São José a grande receptora desses profissionais, no mesmo nível de Campinas e acima de Sorocaba, de acordo com João Marques Fonseca, sócio-diretor da Emdoc. “Acredito que esse movimento será maior

CHINA Na Sany, os cardápios das refeições trazem comidas brasileira e chinesa

na região, principalmente no Litoral Norte, devido a exploração de gás e petróleo. Esse setor é responsável por grande parte desses trabalhadores, especialmente na área técnica. Consequentemente, cidades do Vale do Paraíba serão alvos da imigração, uma vez que ficam em uma região estratégica do Estado, próxima ao litoral e às capitais São Paulo e Rio de Janeiro. É uma mão-de-obra que vem para somar e qualificar, poucos realmente ficam ao longo dos anos”, disse Fonseca. Como o período de permanência no país varia conforme a validade do visto, não existe

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Flávio Pereira

Estudo realizado pelo Emdoc aponta que a cada ano chegam pelo menos 2.100 novos estrangeiros para morar nas cidades do Vale do Paraíba

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um registro que mostre por quanto tempo esses profissionais ficam nos municípios, mas a média é de aproximadamente dois anos, segundo a Emdoc. Por conta desse prazo, boa parte dos estrangeiros que trabalham na região traz consigo mais dois ou três familiares, fato que faz com que o número de pessoas de outros países chegue a triplicar, levandose em consideração que todos são casados e com filhos. Ou seja, com base nesse estudo, a cada ano chegam pelo menos 2.100 novos estrangeiros para morar no Vale— todos com necessidade de adaptação a curto prazo.

Adaptação Para facilitar a aculturação de seus 18 funcionários chineses, a Sany, fabricante de máquinas para construção civil instalada em São José, oferece uma série de atividades extraprofissionais dentro e fora do ambiente de trabalho, como a prática de modalidades esportivas e passeios a pontos turísticos da região. A alimentação também é uma preocupação da empresa. Todas as manhãs é servido um café especial, com iguarias chinesas e brasileiras. O tradicional pãozinho francês divide a mesa com macarrão, pão chinês, ovo cozido em chá,

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Economia

milho, amendoim e sopa de arroz. “O jantar também é servido a moda chinesa para minimizar a ‘saudade’ da comida de seu país. Buscamos celebrar alguns dos feriados importantes que têm na China, com comidas e músicas típicas da época”, disse Adenilson Carvalho, vice-presidente de Recursos Humanos da Sany. “O fato de não terem outros amigos no convívio diário é um problema para adaptação. Buscamos mensalmente criar uma atividade diferente para que participem e tenham o convívio com brasileiros e chineses, buscando estabelecer novas amizades”. Os chineses da Sany estão distribuídos em diferentes cargos. São três na diretoria, cinco na engenharia, seis na produção e quatro em setores administrativos. Aqueles que não conseguem se comunicar com os outros 332 funcionários brasileiros buscam meios alternativos para interagir. “As pessoas têm necessidade de relacionar-se devido ao trabalho. Desta forma, o fator diálogo para aqueles que não se expressam em português ou inglês é superado pela própria necessidade. Gestos, figuras, símbolos, fazem parte da comunicação”, explicou Carvalho. O visto de trabalho para os funcionários da companhia tem duração de um ou dois anos. Profissionais que vêm com missão de maior tempo (três ou cinco anos) têm visto permanente, como alguns diretores. A empresa aguarda ainda a autorização de mais 20 vistos de trabalho para técnicos que darão treinamento aos profissionais brasileiros. “A opção de ter estrangeiros no Brasil neste momento é temporária, pois o objetivo é que venham para treinar os brasileiros e ajudar no crescimento da empresa com a velocidade necessária”, concluiu o vice-presidente. És tu, Brasil Junjie Liu, 25 anos, nasceu e estudou em Xangai, maior cidade da China, e desembarcou no Brasil há um ano com a alcunha de José. O nome foi escolhido por ele durante as aulas de língua portuguesa na faculdade de letras a pedido da professora e hoje está grafado no crachá de funcionários da Sany, juntamente com o cargo de assistente da presidência. Há dois meses na empresa, Junjie já está ambientado com o sistema de trabalho e costumes brasileiros, ainda que o primeiro contato com o Brasil tenha sido através de pesquisas e filmes. “A imagem que tinha era praia, favela, violência e futebol. Mas quando cheguei, vi que não era só isso. Sempre tive o sonho de ir a

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COMUNICAÇÃO O alemão Alexander Korte tenta vencer as barreiras da língua

algum país que falasse português, para conhecer melhor a cultura e povo. Surgiu o emprego e aceitei”. Mas a oportunidade de trabalho e a vontade não foram os únicos fatores que trouxeram Junjie ao Brasil. “Portugal têm uma economia ruim e o Brasil passa por uma fase muito boa, tem uma ótima relação de mercado com a China. Se tivesse optado por Portugal, seria quase impossível conseguir emprego que valesse a pena”, disse. No Brasil, Junjie afirma que pretende construir carreira, uma vez que se estivesse na China as oportunidades seriam poucas e mal remuneradas. “O interesse dos chineses no mercado brasileiro é muito grande. Muitas pessoas que conheço querem vir ao Brasil para trabalhar. Das 20 pessoas que se formaram comigo na faculdade, metade já estão aqui. O salário na China não é tão bom, receberia menos por uma jornada de trabalho igual a brasileira, acredito que 50% menos do que ganho. A vantagem é que o custo de vida lá não é tão alto”, disse. Querer não é poder Para trabalhar no Brasil não basta apenas vontade. O estrangeiro que almeja um visto de trabalho no país precisa cumprir algumas formalidades, exigências e condições legais previstas no Estatuto do Estrangeiro. A autorização só é concedida quando não há mãode-obra brasileira especializada para ocupar

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tal função. Isso acontece principalmente em cargos de alta hierarquia, como diretores, gerentes e demais áreas de gestão. Somente na Michael Page, maior empresa especializada em recrutamento de executivos do mundo, existem 53 oportunidades de trabalho em aberto para 12 indústrias do Vale. As vagas são para diferentes setores, porém os mais demandados são: indústria pesada, petróleo, consumo e serviços, com salários que variam entre R$ 7 mil e R$ 22 mil. Além da alta remuneração, os executivos contratados possuem, em alguns casos, carro de luxo –com valor de mercado de R$ 100 mil, bônus que pode chegar a até 10 salários mínimos, previdência privada, celular, laptop e até mesmo auxílio mudança caso venha de outra cidade ou país. Tudo isso oferecido a qualquer profissional, de preferência brasileiro, que cumprir as exigências e qualificações exigidas pelo empregador. “Na verdade não é incomum fecharmos uma vaga com profissionais de outras regiões ou até mesmo do exterior”, disse Álvaro Gazda, coordenador da empresa em São José.

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Na Basf, indústria química de Guaratinguetá, trabalham seis expatriados chilenos e alemães, todos em cargos de gerência e coordenação. “Como uma empresa multinacional e globalizada, necessitamos dessa troca de expertise de seus colaboradores ao redor do mundo. Tanto a empresa quanto o funcionário ganham com a transferência internacional de seus colaboradores”, afirmou Beatrice Koopmann, coordenadora pelas transferências internacionais do grupo na América do Sul. Assim como na Sany, a companhia oferece todo tipo de apoio a seus funcionários estrangeiros, que passam em média três anos na unidade. “Por ser uma empresa multinacional, temos a diversidade cultural em nossas raízes, os colaboradores já estão acostumados a trabalharem com pessoas de diferentes culturas. Ainda sim, as maiores dificuldades estão relacionadas ao idioma e às diferenças culturais. A empresa oferece um treinamento intercultural também para a família, que acompanha o funcionário e recebe apoio para mudança, viagens, moradia, vistos e es-

cola para os filhos”, concluiu Beatrice. O alemão Alexander Korte, 33 anos, comprova a percepção da coordenadora. Gerente de tecnologia da Unidade de Proteção de Cultivos da Basf América Latina, em Guará, ele ainda se esforça para conseguir se comunicar corretamente em português. No Brasil desde junho de 2010 –na companhia da mulher e da filha de apenas dois anos, consegue vislumbrar um futuro promissor para a carreira após a experiência de trabalho em solo brasileiro. “O Brasil é um país muito grande, um dos Brics (países que formam o pelotão de elite da economia emergente), com grandes oportunidades na minha área, que é agronomia. É uma experiência desafiadora e muito gratificante. No futuro o Brasil será o mais importante do mundo neste setor”, disse Korte, que tem ainda pouco mais de um ano e meio de permanência no Brasil. “A ideia é voltar para Alemanha, onde fica a sede da empresa, mas não é impossível pensar em um retorno ao Brasil futuramente, existe essa chance”, afirmou.•

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Trabalho e Estudo Flávio Pereira

NA ESPERA O engenheiro Felipe Moniz aguarda o contato de uma família para embarcar aos EUA

EXPERIÊNCIA

Babá no exterior Programa Au Pair se firma como uma das opções mais baratas de se fazer intercâmbio; em um ano, número de candidatos aumenta 30% no Vale

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Arquivo pessoal

Yann Walter São José dos Campos

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ocê sonha em conhecer os Estados Unidos, mas sua conta bancária não lhe permite tal extravagância? Se você tem entre 18 e 26 anos, segundo grau completo, fala inglês, sabe dirigir e, principalmente, gosta de crianças, seu desejo pode se tornar realidade. Mas prepare-se: durante um ano, é exigida uma dedicação total. O programa ‘au pair’ é um intercâmbio cultural de trabalho com crianças regulamentado pelo governo americano. Funciona da seguinte forma: em troca de moradia, alimentação e um salário semanal, o ‘au pair’ cuida, em tempo integral, das crianças de uma família americana. Leva e vai buscar na escola, ajuda no dever de casa, prepara e serve as refeições, arruma os quartos, lava as roupas e, principalmente, mantém os pequenos ocupados e ativos o tempo todo. “Um dos objetivos do ‘au pair’ é incentivar a prática de atividades lúdicas e esportivas”, destacou Adriana Melo, representante em São José dos Campos da agência Cultural Care, a maior do ramo no Brasil. A experiência ‘au pair’ atrai um número cada vez maior de jovens brasileiros, e o Vale do Paraíba não é exceção. Presente no Brasil desde 1999, a Cultural Care chegou à região em 2002. A agência tem escritórios em São José dos Campos, Cruzeiro e Pindamonhangaba. “O número de brasileiros do Vale que viajou para os Estados Unidos como ‘au pair’ aumentou 48% entre 2006 e 2010. Do ano passado para cá, o crescimento foi de 30%, sendo que 2011 nem acabou ainda”, festejou Adriana Melo. “O mercado brasileiro de ‘au pair’ tem um enorme potencial de crescimento, bem maior que o europeu. Aqui, a maioria das pessoas nem sabe que o programa existe. Temos muito espaço para crescer”. O candidato tem que arcar com o custo da viagem, de R$ 1.749, além, é claro, das taxas referentes a passaporte e visto. “O valor inclui a passagem aérea de ida e de volta, os quatro dias de treinamento em Nova York que todos têm de cumprir antes do início do programa e a taxa de inscrição, de R$ 250”, destacou. O preço é, de fato, convidativo, ainda mais porque com o salário semanal, de US$ 195, pago pela família, o ‘au pair’ recupera em poucos meses todo o dinheiro investido na viagem. Outro benefício concedido

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ADAPTAÇÃO Lucas Andrade trocou de família após seis meses de experiência

pela Cultural Care é uma bolsa de estudos de até US$ 500 para fazer um curso livre em uma universidade americana. Para participar do programa, os candidatos devem ter, além dos requisitos mencionados acima, carteira de habilitação, inglês intermediário na conversação e, o que é mais importante, experiência cuidando de crianças. “O processo de seleção é mais rigoroso para os meninos. Eles precisam ter inglês avançado, e apresentar um atestado de 1.000 horas de trabalho voluntário com crianças ligado a esportes. Para as meninas, basta que mostrem uma carta confirmando que elas cuidaram de alguma criança. Pode ser até da própria família, como uma irmã mais nova ou uma sobrinha”, explicou Adriana Melo. “Estamos cientes desta diferença de tratamento, mas vale ressaltar que somos a única agência de ‘au pair’ do país a aceitar candidatos do sexo masculino. Geralmente as famílias que têm filhos mais novos ou filhas adolescentes preferem contratar meninas.

Os meninos costumam ser escolhidos pelos casais que têm filhos mais velhos, por conta das atividades esportivas”, detalhou. Processo Para os interessados, o primeiro passo é providenciar a documentação necessária (passaporte, CNH e atestado de experiência). Vêm depois o teste de inglês e a entrevista. Os aprovados recebem um dossiê para preencher na internet, que é inserido no banco de dados da agência. A partir deste momento, o portfólio fica disponível para consulta. As famílias acessam o site dos Estados Unidos, procuram a pessoa mais adequada às suas necessidades e entram em contato com ela. As duas partes vão conversando e se conhecendo até chegarem a um acordo. Assim que o ‘au pair’ encontra uma família, tira o visto e viaja a Long Island, Nova York, onde participa de um treinamento de quatro dias focado em desenvolvimento e segurança infantil. Por fim, segue para a casa onde passará

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Trabalho e Estudo Arquivo pessoal

os 12 próximos meses. Vale destacar que a partir do momento em que um candidato coloca seu dossiê no banco de dados da agência, podem se passar seis meses, ou até um ano, antes que ele encontre uma família. “Não tem um prazo definido. É por isso que cobramos apenas a taxa de inscrição. O restante do valor é pago no ato de confirmação da viagem”, ressaltou a representante da Cultural Care em São José. “Recomendamos aos candidatos que não sejam específicos demais sobre a localização desejada. A maioria dos brasileiros quer ficar na Califórnia, ou na Flórida, mas quanto mais restrições você incluir em seu dossiê, mais demorado será o processo”, avisou. Os joseenses Lucas de Andrade Silva, 24 anos, Raíra Medina Garcia, 22, e Felipe Moniz Pirk, 23, recorreram à Cultural Care para viajar aos EUA. O primeiro, um operador logístico que mora em Jacareí, passou 13 meses nos Estados de Virginia e Maryland entre 2008 e 2009. Iniciou o processo em novembro de 2007 e viajou em maio do ano seguinte. A segunda, analista de suporte, está hospedada desde agosto em uma casa da cidade de Redding, Connecticut. E o terceiro, formado em engenharia, está de malas prontas aguardando o contato de uma família. “Gostaria de ficar perto de uma cidade grande, talvez São Francisco ou Los Angeles, na Califórnia. Mas estou disposto a ir aonde for, qualquer lugar está bom para mim”, disse Felipe, ansioso para embarcar na aventura o mais rápido possível. ‘American Dream’ Raíra, que está cuidando de gêmeos de 13 anos, disse estar “amando” a experiência. “O convívio com a família é maravilhoso. Eles me incluem em todos seus programas, fazendo com que eu me sinta bem acolhida. A casa deles fica uma hora de trem de Nova York, então sempre que tenho um tempo livre estou explorando a cidade. Além disso, já fiz amizade com muitos ‘au pair’. Conheci meninas da Alemanha, da Tailândia, da Eslováquia, da Austrália e de vários outros países. Estou praticando meu inglês e aprendendo a viver de forma independente, sem pai, mãe ou namorado para ajudar. Estou vivendo o tal do ‘American Dream’”, entusiasmou-se. Já Lucas passou por algumas dificuldades. Trocou de família no meio do processo, por motivos que não revelou. “Na primeira casa a rotina era mais pesada. Cuidava de dois meninos, um de cinco anos e o outro de dois. O mais velho ia para a escola na parte da manhã,

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SONHO A analista de suporte Raíra Medina afirma estar vivendo seu ‘american dream’

mas eu ficava o dia inteiro com o mais novo. Acordava antes das 6h, e minha jornada de trabalho terminava às 18h. Quando me mudei para a família de Maryland, passei a cuidar de dois adolescentes, um de 15 anos e outro de 18. Os meninos ficavam o dia todo na escola, então cuidava mais da casa mesmo. Arrumava o quarto deles, lavava e passava as roupas e preparava o jantar”, contou. Há algo sobre o qual Felipe, Raíra e Lucas concordam em número, gênero e grau: a relação custo-benefício do programa ‘au pair’ é realmente imbatível. “É a forma mais barata de fazer intercâmbio. Se eu fosse fazer um curso de inglês de um ano aqui no Brasil sairia mais caro”, disse Felipe. “Em cinco semanas de trabalho, recuperei mais da metade do dinheiro que investi”, frisou Raíra.

“Nenhum outro programa proporciona um período de imersão tão longo por um custo tão baixo”, confirmou Lucas. Indagados sobre se recomendariam o programa, Raíra e Lucas foram enfáticos. “Para mim, valeu muito pelo crescimento pessoal. Aprendi muito vivendo sozinho. Ainda conheci lugares incríveis e fiz vários amigos. Apesar dos inúmeros problemas que tive, esta viagem é a melhor coisa que fiz até hoje. Foi uma experiência única, que marcou definitivamente minha vida”, resumiu Lucas. “É incrível o quanto amadureci desde que estou aqui. Recomendo o programa a todos os que gostam de crianças”, encerrou Raíra. Felipe está pronto para seguir os passos dos dois. Seu dossiê entrou no banco de dados em outubro. Resta aguardar o contato da família. •

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Ciência & Tecnologia

Fabíola de Oliveira

Neutrinos, Jobs, Nicolelis e a Inexorabilidade da Evolução

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urante as últimas semanas aconteceram três fatos notáveis no campo da ciência e tecnologia, com consequências para toda a humanidade que ainda serão sentidas, analisadas, pensadas e discutidas por muitos anos, décadas talvez. A primeira foi o anúncio da possível descoberta de que os neutrinos, partículas sub-atômicas abundantes no Universo, são capazes de viajar no espaço a uma velocidade superior a da luz. Se isto for comprovado, e ainda serão realizados vários experimentos em todo o mundo para confirmar a descoberta, haverá uma revolução na física moderna. Uma segunda notícia surpreendente foi protagonizada por um cientista brasileiro, Miguel Nicolelis, neurologista responsável pelo desenvolvimento de um implante cerebral que permite a macacos examinar e perceber objetos na tela de um computador, usando um braço virtual controlado pelo cérebro dos animais. O dispositivo representa um passo significativo em direção a próteses que permitirão aos deficientes físicos interagirem com o mundo sem depender do estímulo visual. Além do mais, indica o quanto ainda temos a descobrir sobre o funcionamento de nosso próprio cérebro. Por último não uma descoberta, mas a despedida de Steve Jobs, que revolucionou a nossa maneira de

VIDA Colocada em lugar escuro, a planta crescerá toda torta à procura da luz

interagir no mundo. Sobre Jobs já foi dito tudo de bom e de ruim, que era um gênio, todos concordam, outros apontam sua incapacidade de colaborar, e um perfil autoritário. O que ficará para a história é sua genialidade. Os três fatos me fizeram pensar em uma questão sobre a qual escrevi na segunda edição desta revista, em maio de 2010, que é sobre “a força intuitiva intrínseca ao ser humano de evoluir, progredir, assim como tudo que nos cerca”. Engraçado que aquele artigo suscitou o desagrado de dois leitores, que me escreveram criticando o evolucionismo. Desta vez vou mais além e apelo para uma palavra cujo som e sentido me agradam bastante, que é a inexorabilidade, a força inexorável existente em toda a Natureza de evoluir,

ir para frente, progredir. O Universo está em expansão e com ele seguimos. E vejam que essa constatação pode nos trazer uma compreensão holística, tolerante e até mesmo amorosa com tudo que nos cerca. O espaço aqui é pouco, e o assunto é imenso, mas vou simplificar com exemplos banais, e colocando de lado qualquer julgamento moral. Um cientista, um comerciante, um ator, um escritor, todos querem fazer mais e melhor. Um ladrão, um corrupto, um agiota, querem sempre mais, pois como uma planta mal plantada, é assim que entendem o próprio crescimento. Se uma planta é colocada em um lugar escuro, por onde só entra uma fresta de luz, ela crescerá toda torta, em direção dessa luz. •

Fabíola de Oliveira Jornalista fabiola@valeparaibano.com.br

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Especial VIOLÊNCIA

A praça não é nossa Dominada por prostitutas sob o comando de uma única cafetina, a Afonso Pena é submetida ao poder paralelo de traficantes e criminosos Filipe Manoukian São José dos Campos

ma rede de prostituição com pelo menos 30 garotas sob um rígido regime ditatorial de trabalho comandado por uma cafetina misteriosa que tem o nome sussurrado com muita cautela por quem está sob seu jugo ou por quem a conhece. Um sistema obscuro, mantido como segredo inviolável pelos envolvidos e que conta com a participação de agentes públicos de segurança. Um mercado de sexo que fere o Código Penal brasileiro e funciona no coração de São José dos Campos, na mais movimentada das praças da cidade, a Afonso Pena, à vista da polícia e do COI (Centro de Operações Integradas). A revista valeparaibano desvendou a prostituição no centro de São José e descobriu que a impressão inicial de que a Afonso Pena é um local onde prostitutas trabalham por conta própria, algumas em busca de sustento e outras para manter vícios, é equivocada. Há uma lei implícita na praça, respeitada por todas que fazem dos bancos da Afonso Pena pontos de prostituição. Há um sistema que faz de comerciantes e policiais partícipes, mesmo que

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involuntariamente, do lenocínio (exploração da prostituição). O esquema começa pela estrutura física da praça. Toda a Afonso Pena é loteada. Dois terços da praça são dominados por uma única mulher, a rufiona do nome sussurrado: Patrícia. O resto da Afonso Pena não tem dono. Esse quadrado menor, que fica em frente ao prédio da antiga Câmara, atual COI, contudo, não pode ser considerado terra livre. Lá, uma norma determina que só as profissionais mais antigas ou indicadas por essas veteranas podem se prostituir. Rostos novos e aventureiros são expulsos, sem piedade. A área em questão já foi dominada, há algum tempo, por um dono de hotel ali nas proximidades, chamado Osmar. O cafetão era sabidamente o dono do pedaço. Como aluguel, ele exigia que as meretrizes do setor usassem somente o seu hotel durante os programas. O ganho vinha do aluguel do quarto. Atualmente, porém, apesar de o hotel continuar sendo usado por prostitutas em seus programas, Osmar estaria fora da cidade, o que trouxe mais liberdade às garotas que atuam no quadrado menor da Afonso Pena. No restante da praça, o esquema é diferente. Ninguém pode se prostituir sem o aval da dona da área, a cafetina Patrícia. E, em

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Fotos: Victor Moriyama

EXPEDIENTE Prostitutas da Afonso Pena são obrigadas a cumprir até um ‘horário comercial’ determinado pela cafetina chamada Patrícia

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Reportagem de Capa

praticamente 100% dos casos, ela só aprova a permanência de prostitutas de fora da cidade no pedaço que comanda. O esquema de Patrícia é bem articulado. Meninas de outros lugares significam chances mínimas de problemas com traficantes ou bandidos influentes e poderosos de São José. “Ela pega gente de fora para evitar meninas com ‘costa quente’ aqui”, relatou uma das prostitutas ouvidas pela revista valeparaibano. O domínio de Patrícia sobre as meninas vai além. Todas são obrigadas a se utilizar do mesmo hotel em seus programas, no centro da cidade, com o qual ela teria um suposto esquema comercial e receberia comissão. Além do aluguel dos quartos, as garotas ainda devem pagar um pedágio semanal. Cada uma, sem exceção, entrega R$ 50 à cafetina todas as sextas-feiras, em troca do direito de se utilizar da praça e da segurança oferecida por Patrícia. A guarda das meninas, por sua vez, é feita por cafetões e outras cafetinas subordinados à Patrícia, que vivem rodeando a praça, e por policiais, segundo narram as próprias prostitutas. O pedágio recolhido pela cafetina, num montante médio de R$ 1.500 por semana, seria oferecido integralmente aos agentes de segurança pública. Caberia à polícia zelar pela segurança das prostitutas, manter a ordem na praça e fingir desconhecer o esquema. Patrícia ainda mantém um rígido controle trabalhista sobre suas prostitutas. “Temos horário para começar a trabalhar e horário para voltar. Chegamos às 9h na praça e só podemos ficar até as 20h, no máximo 21h”, contou uma das garotas consultadas pela reportagem. “A Patrícia está sempre por aqui, circulando, de olho no que estamos fazendo”, emendou. Outra prostituta, que atua por conta própria, afirmou que as colegas de trabalho do lado grande da praça têm “medo” de Patrícia. O clima tenso foi sentido pelos repórteres. Em certo momento, algumas prostitutas foram censuradas e impedidas de dialogar com a equipe de reportagem por pessoas ligadas à Patrícia. Ao receberem a ordem para deixar de conversar com “a reportagem”, como disse uma das cafetinas, todas se retiraram, sem titubear. A rufiona não permite também, segundo apurado, que suas prostitutas apliquem golpes em seus clientes ou se droguem. Em agosto último, Patrícia riscou de sua lista de agenciadas uma das meninas que se envolveu na aplicação do golpe “Boa Noite Cinderela” e foi flagrada pelas câmaras de vigilância do COI naquele mesmo mês. Pos-

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Cafetina mantém rígido controle sobre prostitutas, que têm horário para começar a trabalhar e para deixar a praça para que outra assuma o ponto

teriormente, depois de solta pela polícia, a garota do “Boa Noite Cinderela” voltou a se prostituir na praça, mas do lado das trabalhadoras livres. Sua permanência ali é condicionada a um “costas quentes”, ou seja, alguém forte no mundo do crime lhe dá cobertura. Mistério O esquema da prostituição na Afonso Pena só foi revelado pelas fontes ouvidas pela reportagem após semanas de diálogos. Prostitutas, comerciantes dos arredores e frequentadores evitam o tema. As revelações

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MEDO ‘A Patrícia está sempre por aqui, circulando, de olho no que estamos fazendo’, diz uma das garotas de programa

eram feitas sempre da maneira mais recatada possível. E quase todos os contatados, após maior liberdade, falaram com naturalidade impressionante sobre o loteamento da praça e o pagamento do pedágio, como se fosse uma verdade comum. Quem dentro da Polícia Militar, responsável por rondas contínuas na praça, ou da Polícia Civil, instalada em frente à praça, no 1º Distrito Policial de São José, seria o contato de Patrícia não foi revelado. A vida das garotas na praça Afonso Pena é outro mistério. A começar pelo quadrado

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No quadrado livre da Afonso Pena, algumas prostitutas trabalham sob a orientação dos próprios maridos, que viram seus cafetões

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menor, entre as profissionais chamadas de livres. Mais velhas, muitas delas já constituíram família e fazem da prostituição o ganha pão mensal. O salário depende da disposição e do movimento na praça, mas, em média, elas conseguem ganhar, livre dos gastos com hotel, cerca de R$ 2.000. “Trabalho semana sim, semana não. Às vezes, tenho que ampliar esse período trabalhado quando o movimento está baixo. Quando não trabalho, viajo para ficar com minha família”, contou uma das prostitutas. Filhos quase sempre moram em outra cidade, normalmente com parentes. “Eu não conto para eles o que faço de verdade.” Ainda há, no quadrado livre da Afonso Pena, algumas prostitutas que trabalham sob a benção do marido. Enquanto abordam transeuntes ou permanecem sentadas aguardando por clientes, elas são assistidas pelos maridos, que, querendo ou não, também desempenham papeis de cafetões. Do lado da Patrícia, o mistério é ainda maior. Normalmente mais novas e ‘importadas’, as agenciadas da rufiona desconversam sempre quando perguntadas sobre suas atividades fora do expediente. A frequência de visitas à terra natal foi um tema constantemente evitado pelas garotas. Em média, 30 garotas, oriundas de outros estados, a maioria do Nordeste do país, ou com distância mínima de origem sendo a capital São Paulo ou municípios do Vale Histórico, vendem o corpo sob os olhares atentos de Patrícia. A rotatividade é grande. Muitas se aventuram e não se adaptam à prostituição em si ou ao rígido comando exercido pela cafetina. O programa na praça custa entre R$ 40 e R$ 50. As prostitutas afirmam que atendem, em média, 10 clientes por dia. Em determinadas épocas, o número sobe para 20. Histórico A rede de prostituição montada por Patrícia não é de hoje. Há muito tempo, ela e uma amiga, conhecida como Tetê, eram prostitutas na praça. Na época, segundo narrado por algumas das meretrizes mais antigas da Afonso Pena, as duas amigas já demonstravam uma personalidade forte, carregada de traços dominantes. Se alguém discordasse das duas, o conflito era resolvido “no braço”, ou seja, por meio da agressão física. Com o tempo, as duas começaram a costurar o que é hoje uma das principais redes de prostituição de São José. Tetê, segundo as testemunhas, já morreu. O império ficou, então, todo sob o controle de Patrí-

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Reportagem de Capa

PROPINA Segundo as prostitutas, a cafetina Patrícia paga propina às polícias para garantir seu domínio na Afonso Pena

cia. O único percalço ao longo dos últimos anos foi a interferência de Osmar em seus negócios. Mesmo assim, a aparição de um novo cafetão na Afonso Pena acabou por só reforçar o temido nome de Patrícia. A cafetina incorre em crimes, e exatamente por isso precisa articular o pagamento de propinas à polícia. Em seu artigo 230, o Código Penal estabelece que “tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça” é passível de “reclusão, de 1 a 4 anos, e multa”. O rufianismo, modalidade do crime em que Patrícia se enquadra, prevê ainda que, “se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima”, a reclusão é de “2 a 8 anos”. O pagamento de propinas e a formação de quadrilha para manutenção do esquema também poderiam ser configurados como crimes.

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Tráfico Outra prática criminosa que ocorre na praça, segundo as prostitutas, é o tráfico de drogas. Também às sextas-feiras, uma traficante chamada Maria Louca comercializaria drogas, entre elas, o “Boa Noite Cinderela” a um grupo de garotas. Conforme narraram algumas das prostitutas mais velhas da praça, esse grupo é composto por uma minoria de prostitutas que atuam na praça sob a proteção de “costas quentes”. A prática criminosa é mal vista pela maioria de meretrizes que não aplicam golpes e, exatamente por isso, o fato foi revelado. “Isso acaba com a praça, traz atenção demais para cá”, afirmou uma prostituta. Também há espaço na Afonso Pena para algumas meninas viciadas em crack. Não raro, elas se prostituem somente para comprar a droga, normalmente vendida abertamente nos arredores. O grupo das viciadas, no entanto, corre pelos arredores da praça, apesar de ser possível observar usuárias de drogas nos dois lados da praça, seja na área

livre, seja no campo da Patrícia, mesmo com as restrições impostas pela cafetina. Investigação A atuação de Patrícia enquanto rufiona já foi alvo de uma investigação da Polícia Civil, conforme explicou o delegado Rubergil Violante, que até o mês passado era o titular do 1º Distrito Policial de São José, delegacia instalada em frente à praça Afonso Pena. “Há uns quatro anos, por meio de uma denúncia anônima, nós investigamos a atuação dessa Patrícia. O comentário era esse mesmo, de que ela comandaria uma rede de corrupção na praça, de que ela cobraria pedágios das prostitutas. Na época, ainda investigávamos um agravante, de que ela estaria trabalhando com meninas menores [de idade]”, afirmou Violante. “Isso não é de hoje, é de muito tempo. Chegamos a apurar a história junto à Polícia Militar, a partir da denúncia de que haveria o pagamento de propinas a agentes da polícia”, emendou o delegado.

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Durante as investigaçþes, Violante afirmou que foram ouvidas dezenas de prostitutas e donos de comĂŠrcio, mas que, mesmo assim, nĂŁo se conseguiu chegar ao paradeiro de PatrĂ­cia. “Chegamos a desconfiar de que PatrĂ­cia era um pseudĂ´nimo, para despistar a atuação policialâ€?, disse Violante. O delegado contou ainda que durante as investigaçþes, verificou-se que PatrĂ­cia tambĂŠm poderia ser a dona de uma boate que funcionou durante algum tempo nas proximidades da Afonso Pena. Entretanto, a investigação nĂŁo prosperou por falta de provas concretas. “Procuramos, investigamos, mas nĂŁo chegamos a nadaâ€?, disse Violante. A PolĂ­cia Militar, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que nĂŁo tem conhecimento sobre as denĂşncias de rufianismo. Em nota, a PM disse ainda que o “policiamento ostensivo preventivo na praça Afonso Pena e imediaçþes ĂŠ realizado diuturnamenteâ€?. PatrĂ­cia foi procurada para comentar as acusaçþes, mas nos dias em que a equipe de reportagem permaneceu na praça Afonso Pena, ela nĂŁo foi encontrada. •

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Saúde

OBESIDADE INFANTIL

Tamanho No Brasil, uma em cada três crianças tem peso superior ao recomendado pela OMS; em São José, 17% dos alunos dos 1º e 2º anos estão com sobrepeso

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Fotos ilustrativas: Flávio Pereira

Yann Walter São José dos Campos

mbasados na famosa crença popular de que uma criança gordinha é uma criança saudável, muitos pais não dão a devida importância a um problema que atinge cada vez mais meninos e meninas do Brasil e do mundo: a obesidade infantil, um dos maiores desafios do século 21, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Estima-se que mais de 42 milhões de crian-

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ças estejam em situação de sobrepeso em todo o planeta. No Brasil, uma em cada três crianças de 5 a 9 anos ostenta um peso superior ao recomendado, revelou pesquisa publicada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2009. O mesmo estudo indica que em menos de 40 anos, o percentual de brasileiros de 10 a 19 anos com excesso de peso passou de 5% a 20%. Em São José dos Campos, avaliações nutricionais realizadas pela prefeitura em 5.000 crianças do 1º e 2º anos do ensino fundamental mostraram que 25% sofriam com algum tipo de sobrepeso em 2009. Cabe ressaltar também que, segundo estu-

dos, crianças que estão acima do peso aos 10 anos de idade têm 80% de probabilidade de manter o mesmo padrão na fase adulta. Reconhecida formalmente como uma doença pela OMS em 1997, a obesidade é definida como um acúmulo anormal ou excessivo de gordura corporal potencialmente danoso para o organismo. A unidade de medida utilizada para definir os diferentes níveis de sobrepeso é o IMC (Índice de Massa Corporal). Para calcular um IMC, basta dividir o peso (em quilogramas) pela altura (em metros) ao quadrado. Se o resultado obtido fica entre 25 e 30, existe uma situação de sobrepeso. As faixas de 30 a 35 e de 35 a 40

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Saúde

HAMBURGUER Sanduíche ficou de fora da lista dos 10 piores alimentos para a saúde

correspondem, respectivamente, às obesidades moderada e severa, enquanto um IMC superior a 40 caracteriza obesidade mórbida. Sobrepeso e obesidade têm duas grandes causas: o consumo excessivo de alimentos ricos em gordura e açúcar e pobres em vitaminas e nutrientes, e a falta de atividade física. Infelizmente, tanto a primeira quanto a segunda estão crescendo de forma significativa no Brasil e no mundo. Uma nutricionista canadense elaborou recentemente uma lista dos dez piores alimentos para a saúde. Os refrigerantes aparecem no topo do ranking, seguidos por, na ordem decrescente, rosquinhas (conhecidas na América do Norte como ‘donuts’), cachorro quente, bacon, salgadinhos de batata, batatas fritas, pizzas (sobretudo as congeladas de supermercado), salgadinhos de milho e sorvete. Sobre os refrigerantes, a profissional ainda alertou para o fato de que os ‘diet’, ‘light’ ou ‘zero’ são até mais danosos que os normais. “Isso acontece porque o açúcar é substituído por um adoçante chamado aspartame que, segundo estudos recentes, é responsável por diversos tipos de câncer”, explicou a nutricionista Mariana Ferri D’Ávila, de São José. “No caso dos refrigerantes normais, o vilão é mesmo o açúcar simples. Mas é bom lembrar que todos os refrigerantes

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10 PIORES ALIMENTOS PARA SAÚDE

REFRIGERANTE LIGHT, DIET OU ZERO

REFRIGERANTE NORMAL

ROSQUINHAS (DONUTS)

CACHORRO QUENTE

BACON

SALGADINHOS DE BATATA

BATATA FRITA

PIZZA

SALGADINHOS DE MILHO

10º

SORVETE

possuem substâncias químicas que causam danos no longo prazo. Além disso, estudos mostram que o gás artificial contido nos refrigerantes atrapalha a digestão dos alimentos, fazendo com que os nutrientes não sejam aproveitados pelo organismo. Os escuros, principalmente, diminuem a absorção de cálcio, Vitamina D e ferro, podendo causar osteoporose e anemia”, detalhou. De acordo com Mariana, todos os alimentos da lista são ricos em gorduras trans, gorduras saturadas, açúcar simples e colesterol. Ingeridos em excesso, favorecem o desenvolvimento da obesidade e, consequentemente, de doenças como dislipidemia (excesso de moléculas gordurosas no sangue), hipertensão, depressão, infertilidade, diabetes e problemas cardiovasculares. Para a nutricionista joseense, os alimentos que mais favorecem a obesidade infantil são os salgadinhos de pacote, as batatas fritas, o macarrão instantâneo, as bolachas recheadas e os lanches servidos nas redes de ‘fast-food’. “São alimentos com alta densidade calórica, ou seja, pequenas quantidades que proporcionam muitas calorias e são facilmente digeridas”, concordou Durval Damiani, chefe da Unidade de Endocrinologia Pediátrica do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São

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Saúde

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BALAS Alimentos que concentram taxas altas de açúcares devem ser evitados no cardápio das crianças

Paulo). “Alimentos com uma digestão mais elaborada, como as fibras, são mais saudáveis porque não são altamente calóricos e consomem energia no difícil processo digestivo”, afirmou. “Alguns alimentos devem fazer parte da rotina de uma criança, como frutas (três porções ao dia), verduras (no mínimo uma porção ao dia, variando sempre as cores), leites e derivados magros (uma a duas vezes ao dia), pães e cereais integrais (três vezes ao dia), carnes (duas vezes ao dia), e leguminosas (uma porção ao dia)”, ensinou Mariana. Sedentarismo A segunda maior causa da obesidade infantil é a falta de atividades físicas. O domínio da televisão, a disseminação da internet e a popularização dos videogames têm levado cada vez mais jovens a trocar esportes e brincadeiras ao ar livre pelo confinamento sedentário de suas casas. O problema é agravado pelo fato de que na maioria das vezes, bolachas, salgadinhos e refrigerantes marcam presença ao lado da TV ou do computador. As secretarias de Saúde e de Educação do Estado realizaram recentemente uma pesquisa que apontou que, pela primeira vez, os alunos do ensino médio estão, em média, 20% mais ativos que os estudantes do ensino fundamental. O resultado é

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preocupante porque a tendência sempre foi o inverso: quanto mais velha a pessoa fica, menos pratica exercícios. Assim, o estudo parece mostrar que o problema da falta de atividade física está se agravando a cada geração. “O acesso precoce a equipamentos eletrônicos como computadores, laptops, iPads, iPhones e afins faz com que as crianças fiquem extasiados diante da telinha e nada afeitos a exercícios”, resumiu Victor Matsudo, coordenador do programa estadual Agita São Paulo, voltado para o incentivo da prática de atividades físicas. “Hoje, as crianças são hábeis com a tecnologia, mas não se exercitam adequadamente. Uma das consequências desta nova tendência é a obesidade infantil”, insistiu. O Agita São Paulo recomenda um tempo mínimo de cinco minutos de movimentação em pé para cada meia hora de atividade sentada. De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado, que cita uma “recomendação internacional”, as crianças devem se dedicar a alguma atividade física pelo menos cinco horas por semana. A OMS vai além, pregando 60 minutos diários de atividade física “moderada a intensa”. O combate à obesidade infantil é diário e exige a participação de todos, sobretudo dos pais. A herança genética é inegável. É

comprovado que os filhos de pais obesos são muito mais propensos ao sobrepeso que os demais. Contudo, o mais importante é o exemplo que os genitores dão a seus primogênitos. Sabe-se que os filhos tendem a imitar os pais em tudo. Por isso, é necessário que a família desenvolva uma rotina de vida saudável. Assim, cabe aos pais trocarem refrigerantes, salgadinhos e doces por sucos naturais, frutas e verduras. O IBGE publicou recentemente uma pesquisa que apontou que mais de 90% dos brasileiros consomem menos frutas, legumes e verduras que o recomendado pelo Ministério da Saúde. Ao contrário, segundo o estudo, os consumos excessivos de açúcar e gorduras saturadas atingem, respectivamente, 61% e 82% da população. “Muitas crianças dizem que não gostam de algum alimento sem nunca tê-lo experimentado, simplesmente porque os pais não têm o hábito de consumi-lo nem de comprá-lo no supermercado”, lamentou a nutricionista Mariana Ferri D’Ávila. “Na maioria das vezes, a luta contra a obesidade requer uma modificação profunda dos hábitos familiares. O processo não é fácil, pois exige a participação de todos”, alertou o médico Durval Damiani. Um exemplo de hábito saudável é incentivar as refeições em família, em horários fixos.

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Tentação Para uma criança, é difícil não ceder à tentação dos pacotes coloridos que se amontoam nas prateleiras dos supermercados. É por isso que os pais têm de ensinar seus filhos a resistir às estratégias de venda promovidas pelas grandes marcas que, por sua vez, deveriam adotar um comportamento mais responsável na elaboração e na comercialização dos alimentos destinados às crianças. Cedendo à pressão de consumidores pela disponibilização de uma comida mais saudável, a rede McDonald’s anunciou no fim de julho a reformulação do famoso McLanche Feliz, com a troca de metade das batatas fritas por uma porção de pedaços de maçãs descascados. A mudança, que vai reduzir em 20% o número de calorias total da refeição, já começou a ser aplicada nos restaurantes do país. Da mesma forma, a prática de exercícios tem que ser incentivada, e o tempo passado diante da TV ou do computador regulamentado. Uma opção é escolher uma atividade física que possa reunir a família inteira, como trilhas ou passeios de bicicleta. Assim, além de estarem estimulando um hábito saudável, os pais terão a oportunidade de passar mais tempo com os filhos. Os pais são os principais atores da luta contra o excesso de peso de seus filhos,

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CRIANÇA GORDINHA, ADULTO OBESO Idade

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Percentual de chances de ser um adulto obeso

15%

anos

5 anos

7 anos

10 anos

35%

50%

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mas não os únicos. O papel da escola também é fundamental. Cabe às instituições de ensino servirem alimentos nutritivos e oferecerem aulas de educação física aos alunos. Neste sentido, a Câmara de São José dos Campos aprovou recentemente uma política de luta contra a obesidade e o sobrepeso. Denominado ‘São José Mais Leve’, o projeto comporta diversas diretrizes, entre as quais o combate à obesidade infantil na rede escolar. A prefeitura, por sua vez, lançou em 2007 nas UBS (Unidades Básicas de Saúde) o ‘Projeto Alecrim’, destinado às crianças de dois a 12 anos de idade. De acordo com a Secretaria de Saúde, o programa, que consiste basicamente em orientações nutricionais dadas às crianças e a seus pais através de consultas mensais, permitiu reduzir em oito pontos percentuais –de 25% para 17%– o número de crianças com excesso de peso entre 2009 e 2010. É claro que não se trata de radicalizar. Como lembrou Mariana D’Ávila, é preciso evitar as proibições exageradas, até porque elas estimulam os pequenos. “Considero saudável uma criança ou adolescente comer algo que gosta muito uma a duas vezes na semana, desde que siga uma rotina alimentar no restante do tempo”, afirmou. •

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Entrevista Fotos: Flávio Pereira

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Dois Pontos >Ana Chami está no olho do furacão das questões mais polêmicas de São José dos Campos envolvendo a atuação do Ministério Público

“Nossa sociedade se encontra em um momento histórico” Filipe Manoukian São José dos Campos

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levar o status do Ministério Público de ‘órgão intermediário’ para ‘órgão social’, em que a satisfação do direito da sociedade seja, de fato, concretizada. Para a promotora de Justiça da 7ª Vara Cível de São José dos Campos, Ana Cristina Ioriatti Chami, é importante que o MP extrapole o campo judicial, voltando sua atenção também ao diálogo por meio de “recomendações, audiências públicas e ajustamento de conduta” que garantam a “resolução dos conflitos sociais”. “Atualmente não se mostra suficiente que o membro da instituição simplesmente ajuíze uma ação e passe o problema para o Poder Judiciário. O Ministério Público deve ser visto como parceiro da sociedade civil e, assim, da população, direta interessada no sucesso de suas ações e que deve, sem margem de dúvidas, participar efetivamente do processo democrático”, aponta Ana Chami. Promotora no Estado de São Paulo desde 1996, Ana Chami atua, enquanto MP, nos dois casos que envolvem o regime democrático e os interesses sociais de maior vulto em São José dos Campos. No primeiro, ela interveio numa das maiores demonstrações de concentração de poder da cidade, minando o poder de decisão das mãos do ex-presidente da Fundação Valeparaibana de Ensino, mantenedora da Universidade do Vale do Paraíba, Baptista Gargione Filho, que deixará o comando da Univap no dia 17 de abril de 2012 com a aprovação do novo estatuto feito pela promotora. No segundo caso, juntando-se ao coro de movimentos

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estudantis e populares, recomendou, em parecer à Justiça, a anulação da revogação do aumento dos subsídios dos vereadores de São José. “Nossa sociedade se encontra em um momento histórico no qual se faz necessário um salto de qualidade na aplicação do Direito de forma a que não mais se considere verdadeira a expressão segundo a qual ‘a lei permite o que a moral condena’, exigindo-se comprometimento, seriedade e honestidade de nossos governantes no trato da coisa pública e do erário”, afirma. Em entrevista à revista valeparaibano, Ana Chami defende a autonomia do Ministério Público como órgão para combater a corrupção e a ineficiência na gestão pública e lembra que não raro influências políticas tentam esvaziar o trabalho do órgão. O que é o Ministério Público e quais são suas principais atribuições? < Conforme o disposto na Constituição Federal, ‘o Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis’. Nestes termos, há uma gama imensa de atribuições, tanto na seara criminal quanto na cível, seja na esfera processual ou extraprocessual, sempre na defesa dos interesses da sociedade e dos cidadãos enquanto beneficiários de serviços de relevância, agindo como órgão de fiscalização e controle das atividades governamentais em prol do interesse público. Como exemplo de atribuições na área dos interesses difusos e coletivos, pode-se citar, entre outras, a defesa e a fiscalização do meio ambiente, da ordem urbanística, dos consumidores, dos porta-

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PERFIL NOME: Ana Cristina Ioriatti Chami IDADE: 39 anos NATURALIDADE: São Paulo

CASOS POLÊMICOS “SEMPRE HÁ INDIVÍDUOS OU PARCELAS DA COMUNIDADE QUE SE SENTEM ATINGIDOS EM SEUS INTERESSES E NÃO SE CONTENTAM COM AS SOLUÇÕES”

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ESTADO CIVIL: Solteira FORMAÇÃO: Direito

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Entrevista

Câmara SUPER SALÁRIOS O Ministério Público também recomendou que os salários dos vereadores não fossem reajustados em São José

Pressão UNIVAP Um dos casos encabeçados pela promotora diz respeito à criação no novo estatuto da universidade comandada por Baptista Gargione

dores de deficiência, do patrimônio público e social, do sistema eleitoral, da saúde pública, das fundações. Na prática, dentro da concepção na qual o MP foi criado, como funciona hoje o órgão, considerando-se dificuldades administrativas enfrentadas por todas as instituições públicas, como falta de efetivo, burocracia nos gastos? < O Ministério Público, de uma forma geral e especialmente se considerando o Parquet do Estado de São Paulo, tem intensificado esforços para se estruturar de forma adequada para o atendimento de todas as suas funções, tanto através da otimização dos serviços dos promotores de Justiça quanto pela modernização da gestão da instituição. Certamente, ainda há lacunas para sua completa instrumentação, mas há muita força e idealismo na atuação e no trabalho desenvolvido, sendo que o Ministério Público se tornou, na prática, umas das grandes instituições constitucionais de promoção social, com formato e missão únicos no mundo. Nas graciosas palavras do professor doutor Ary Oswaldo Mattos Filho, proferidas em 2002 em um seminário sobre a Democracia, ‘o Ministério Público brasileiro é como a jabuticaba, só existe aqui, sendo os seus agentes verdadeiros representantes funcionais da sociedade’. Existe estrutura suficiente para todas as diligências e trabalhos de investigação nos prazos certos? < Uma grande dificuldade ainda existente para a celeridade da atuação ministerial se concentra na área de apoio técnico e na realização de perícias, por exemplo, ambientais, contábeis, de engenharia, as quais são fundamentais para subsídios e fortalecimento da atuação. O setor técnico de apoio à execução do MP de São Paulo atende a todas as Promotorias de Justiça do Estado e o volume de

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CRÍTICAS “Não me incomodo com as críticas, inclusive ouvindo com atenção quando são feitas de forma positiva”

trabalho é imenso, muitas vezes contando com questões bastante complexas, situação que finda por inviabilizar a imediata tomada das providências adequadas aos fatos. Até que ponto o trabalho do promotor é livre de influências exteriores? < Um dos princípios institucionais do MP se encontra na autonomia, que confere a seus agentes independência em sua atuação, com absoluta liberdade funcional, sem subordinação a nenhum órgão ou poder. A autonomia funcional atinge o Ministério Público enquanto instituição e a cada um dos seus órgãos, como agentes políticos. A senhora encabeça algumas das ações mais comentadas em São José atualmente, como a questão do reajuste salarial dos vereadores para 2013 e as mudanças no estatuto da Univap. Existe algum tipo de pressão externa ao lidar com esses temas? < Obviamente, a unanimidade é difícil de ser atingida e sempre há indivíduos e/ou parcelas da comunidade que se sentem atingidos em seus interesses e não se contentam com as soluções adotadas ou mesmo com a busca de equilíbrio entre os diversos tipos de interesses existentes nos fatos quotidianos da vida em sociedade. Mas não me incomodo com críticas, inclusive ouvindo com atenção quando efetuadas de forma positiva, e procuro sempre atuar com honestidade, seriedade, isenção, integridade, ética, serenidade e independência, buscando fazer o necessário para o melhor atendimento das questões que são colocadas para minha análise e decisão. Há um clamor popular muito forte nesses dois temas. Como é o trabalho do MP nesses casos? A voz da população tem peso? Que peso é esse? < O Ministério Público deve ser visto como parceiro da

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Entrevista

DEVER “NÃO MAIS SE CONSIDERE VERDADEIRA A EXPRESSÃO SEGUNDO A QUAL ‘A LEI PERMITE O QUE A MORAL CONDENA’, EXIGINDO-SE COMPROMETIMENTO” sociedade civil e, assim, da população, direta interessada no sucesso de suas ações e que deve, sem margem de dúvidas, participar efetivamente do processo democrático. O modelo de atuação ministerial proativa tem como uma de suas premissas que as tarefas de combate à corrupção e de efetividade dos direitos fundamentais devem ser concebidas através de um compartilhamento entre Estado e sociedade, concretizando-se a participação popular na formação de políticas públicas e na realização de uma gestão verdadeiramente participativa. Afirma antiga sabedoria popular que ‘a voz do povo é a voz de Deus’ e, para mim, a opinião pública é muito importante como um dos elementos que devem ser analisados na busca do equilíbrio na atuação frente a interesses sociais. Não como espécie de pressão ou desvirtuamento do que seja adequado ou justo, mas sim como conhecimento dos movimentos populares, de seus anseios e necessidades, assim como dos efeitos das políticas públicas na vida concreta das pessoas. Na questão do reajuste salarial de 55,13% dos vereadores, que elevou os vencimentos parlamentares dos atuais R$ 8.320 para R$ 12.907 a partir de 2013, o que a motivou a agir? < Há que se salientar que o valor objeto do reajuste, em si considerado de forma simples e objetiva, encontra-se dentro do limite monetário legalmente previsto, situação que certamente influenciou a decisão proferida pelo Juízo Julgador ao indeferir a liminar pretendida na ação popular. Porém, a complexidade do Direito e de nosso modelo de democracia exige, a meu ver, análise que incorpore o princípio da moralidade no conceito da legalidade, vislumbrando-se ter havido conduta dos diretos interessados em proveito próprio e sem sustentação de suas bases de representação, situadas na comunidade e na população. Nossa sociedade se encontra em um momento histórico no qual se faz necessário um salto de qualidade na aplicação do Direito de forma a que não mais se considere verdadeira a expressão segundo a qual ‘a lei permite o que a moral condena’, exigindo-se comprometimento, seriedade e honestidade de nossos governantes no trato da coisa pública e do erário. Com relação ao tema, quero parabenizar a mobilização estudantil e comunitária no embate da questão, vendo como fundamental a ampliação de uma consciência participativa dos cidadãos nas definições de políticas públicas e na fiscalização da conduta dos administradores e políticos. Caso Gargione. A partir do seu trabalho, barrando mudanças promovidas pelo reitor e ex-presidente da FVE, Baptista Gargione Filho, criou-se uma es-

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perança dentro da comunidade acadêmica de novos tempos. Qual é a sua atuação nesse caso? < A atuação ministerial tem buscado o fortalecimento institucional e uma melhor comunicação social da mantenedora, FVE, e mantida, Univap, além da democratização do Sistema FVE-Univap e da efetiva participação comunitária nas decisões institucionais. A evolução fática da entidade causou distorções na dinâmica de sua gestão, com reconhecida concentração de poder que, independentemente de qualquer juízo de valor sobre seus resultados concretos, não mais poderia subsistir, revelando-se a premência de ser iniciada nova fase pela qual a fundação, a universidade e a comunidade possam desenvolver diálogos mais saudáveis na condução de tão importante instituição. O estatuto proposto pelo MP e que se encontra em fase de votação pelo Conselho Deliberativo buscou tanto reavivar as linhas principais de gestão e atuação instituídas no estatuto original da FVE quanto alcançar um verdadeiro equilíbrio entre os anseios institucionais e comunitários, sendo positivo que expressiva parcela dos conselheiros da fundação tenha compreendido que a atuação ministerial busca a defesa da coletividade e a abertura político-institucional a novos paradigmas de respeito e comunicação social, com garantias de legitimidade, representatividade, transparência, participação comunitária e planejamento institucional. Por que muitas vezes a Justiça simplesmente ignora os pareceres do MP e derruba muitas das denúncias ofertadas? < O convencimento do magistrado pode se embasar em argumentos e interpretações dissonantes do parecer ofertado pelo Ministério Público acerca dos fatos em julgamento e das provas produzidas durante a instrução do feito. Isso seria uma prova de que o entendimento da lei é subjetivo? < O Direito se encontra na área das ciências humanas, sendo propalado em um conhecido adágio que ‘acórdãos há de toda a casta eis que a alma é vasta’. De fato, a interpretação dos princípios, das leis e das normas que formam o arcabouço jurídico do país não é única nem exclusiva, podendo sofrer influências doutrinárias do intérprete e de suas experiências de vida e de trabalho. O grande desafio do Direito contemporâneo não é o de oferecer previsão normativa para as demandas sociais, mas sim o de oferecer uma das diversas soluções encontráveis no sistema como sendo a mais adequada, o que envolve problemas de racionalização dos princípios existentes e justificação da escolha realizada sempre a partir da realidade concreta sobre a qual incidirão as normas. •

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Vale, Brasil & o Mundo CASO KALUME

Após 25 anos, médicos são condenados em Taubaté

ANTÁRTICA

Base terá motogerador a etanol Após quatro dias de júri popular, os médicos Rui Noronha Sacramento, Pedro Henrique Torrecillas e Mariano Fiore foram condenados a 17 anos e 6 meses de prisão por retirar órgãos de pacientes ainda vivos na década de 80 em Taubaté. Os três poderão recorrer em liberdade. Eles mataram Miguel da Silva, Alex de Lima, Irani Gobo e José Faria Carneiro para extrair os rins das vítimas para transplantar em outros pacientes, entre setembro e dezembro de 1986. O caso ocorreu quando os envolvidos trabalhavam no antigo Hosic (Hospital Santa Isabel de Clínicas). Também foram denunciados os médicos Antônio Aurélio de Carvalho Monteiro, que morreu no ano passado, e José Carlos Natrielli de Almeida, que foi impronunciado a pedido do MP. Os médicos usavam diagnósticos falsos de morte encefálica para retirar os órgãos das vítimas. Segundo o Ministério Público, os pacientes receptores dos órgãos retirados das vítimas em Taubaté pagaram entre R$ 30 mil e R$ 70 mil por transplantes feitos no Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo.

Frases ”A periculosidade do réu é motivo adequado para a manutenção da prisão ” Do ministro do STJ Sebastião Reis Júnior, que negou pedido de habeas corpus ao ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes de Souza

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”O resultado foi melhor do que eu esperava” De Thiago Pereira, maior medalhista de ouro do Brasil na história dos Jogos os Pan-Americanos

A Marinha do Brasil vai utilizar um motogerador a etanol desenvolvido em São José dos Campos pela VSE (Vale Soluções Energia), instalada no Parque Tecnológico, para abastecer a estação Comandante Ferraz, a base brasileira no continente gelado. A experiência pioneira é resultado de parceria firmada pela Marinha, VSE e Petrobras, que fornecerá 350 mil litros de etanol necessários à operação de avaliação do equipamento. O objetivo é validar a eficiência energética do etanol em condições de baixa temperatura. O motogerador deve entrar em operação no final de novembro e enfrentará condições

climáticas severas. No inverno, a temperatura na estação brasileira chega a 40 graus Celsius negativos. O motogerador tem 257 kilowatts de potência e pesa 6,2 toneladas. Ele mede 25 metros comprimento e tem 1,6 de largura e 2,6 de altura. O investimento no programa piloto é de R$ 2,5 milhões. Parte desse valor é patrocinada pela VSE. A avaliação do motogerador de energia elétrica vai durar um ano. O equipamento será avaliado no verão e no inverno antártico. Para isso, o sistema inclui um sofisticado equipamento de controle de comando via internet , que será instalado na estação Comandante Ferraz.

”Existem quatro ou cinco versões diferentes de como Muammar Gaddafi morreu. É preciso investigar o caso ” De Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos

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INDÚSTRIA BÉLICA

AK-47: ’arma do mal’ Fuzil de assalto mais popular do mundo, o Kalashnikov russo vai sair de linha, mas ainda ameaça cruzar o destino de milhares de pessoas

Letícia Maciel São José dos Campos

rma de fogo mais conhecida no mundo, o fuzil de assalto AK-47 (Avtomat Kalashnikov) acaba de sofrer um revés. A partir deste mês, o ministério russo da Defesa não vai mais comprar o resistente modelo criado pelo soviético Mikhail Kalashnikov. Nem por isso ele perdeu suas forças: são mais de 100 milhões de exemplares espalhados pelos cinco continentes, ou seja, praticamente um para cada dois brasileiros. “Queremos equipamentos mais avançados. Estamos projetando novos fuzis. Além disso, a Rússia tem dez milhões de Kalashnikov para um exército de um milhão de efeti-

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vos”, declarou Nikolai Makarov, o chefe do Estado Maior das Forças armadas russas. O anúncio, sem dúvida, vira uma página da história militar russa, mas os disparos ensurdecedores do fuzil continuam ecoando mundo afora e cruzam o destino de homens, mulheres e crianças, muitos deles inocentes. Lançado em 1947, o AK-47 foi projetado para salvar uma nação e acabou participando da maioria das batalhas da segunda metade do século 20. E como ele se tornou tão conhecido? Durante a Guerra Fria, a URSS armou os países do Leste Europeu, temendo uma guerra com a Europa. Mas com o fim das repúblicas socialistas, o gigantesco arsenal, incluindo tanques, aviões e estoques de Kalashnikov, ficou sem utilidade. A oferta abundante derrubou os preços das armas e elas inundaram o mercado. “A Guerra Fria foi acompanhada de uma

corrida armamentista que também envolvia a fabricação de armas convencionais, como o AK-47. Antes mesmo do fim deste período (1991), milhões de armas entraram em circulação porque a URSS fomentava guerrilhas ao redor do mundo”, lembrou o historiador César Campiani Maximiano, de São Paulo. A fabricação e a venda descontroladas da arma fizeram com que ela tivesse grande peso no saldo de vítimas destes conflitos. Informações vindas da Europa, por jornais respeitados como Le Monde e Libération, indicam que milhões de AK-47 foram vendidos a vários regimes por militares corruptos e por contrabandistas. O contrabando do fuzil, aliás, estendeu-se aos cartéis de droga, grupos mafiosos, senhores da guerra e organizações terroristas, chegando inclusive às mãos de crianças em diversos países.

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Fotos: divulgação

PODER DE FOGO Capaz de disparar 600 tiros por minuto, o fuzil tem alcance de 500 metros; bala deixa cartucho a 600 m/s

Leve e resistente, o AK-47 é feito em aço e madeira e tem apenas oito peças. Pode ser montado por qualquer pessoa em menos de um minuto. Não à toa é o favorito dos guerrilheiros e traficantes de armas e drogas. É barato, fácil de manusear e simples para manutenção. O Kalashnikov resiste a qualquer condição climática, funciona mesmo cheio de areia ou coberto de lama. Sua capacidade, peso e alcance não são tão diferentes de outros fuzis de assalto, como o americano AR-10, que deu origem ao também conhecido AR-15. Capaz de disparar 600 tiros por minuto, o fuzil tem alcance de 500 metros, embora atingir um alvo a esta distância exija muito profissionalismo. A bala deixa o cartucho a 900 m/s. O carregador em forma de banana, peça mais característica do AK-47, tem capacidade para 30 cartuchos, que acabam em

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menos de três segundos se a arma estiver no modo automático. O Kalashnikov é confiável e não desaparecerá tão cedo do mercado. Além de durar entre 10 e 20 anos, é copiado por inúmeros países, como Albânia, Bulgária, China, Coréia do Norte, Alemanha Oriental, Egito, Hungria, Iraque, Índia, Irã, Israel, Finlândia, Macedônia, Marrocos, Nigéria, Paquistão, Polônia, Romênia, Sérvia, África do Sul, Sudão, Vietnã e Iugoslávia. As cópias nem sempre são piratas porque foram devidamente licenciadas por alguns governos. O próprio Kalashnikov nunca fez questão dos direitos do projeto da arma. Na África, há registros e imagens do Kalashnikov em uso em Angola, Moçambique, Etiópia, Libéria, Serra Leoa, Ruanda e Somália. Na Libéria, especificamente, o líder militar Charles Taylor distribuiu

AK-47 até entre menores de idade para sustentar a guerra civil, entre 1997 e 2003. Assim, o AK-47 atravessou todas as fronteiras, mas não se pode afirmar com certeza que somente os exemplares russos tenham alimentado os conflitos no período pós Guerra Fria, conforme insistem vários relatos e reportagens sobre a arma. Na África, por exemplo, os fuzis chegaram primeiro pelas mãos dos cubanos. “Dezenas de países fabricaram e ainda fabricam este fuzil. Para afirmar que os AK da antiga União Soviética tenham abastecido guerrilhas africanas seria necessário ter comprovação da fabricação e origem destas armas. Nas fotos dos conflitos da década de 90, vejo mais armamento da Primeira e da Segunda Guerra Mundial do que antigas armas soviéticas”, ponderou o historiador.

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Mundo

Bin Laden e Saddam Em alguns casos, o AK-47 virou ícone da luta anti-imperialista. Hoje mortos, Osama Bin Laden e Saddam Hussein já manifestaram publicamente sua afinidade com o modelo russo em aparições e declarações contra seu maior inimigo, os Estados Unidos. No Iraque, o ex-ditador construiu uma mesquita com minaretes em forma de canos de AK. Em vídeos divulgados após os atentados de 11 de Setembro contra as Torres Gêmeas em Nova York, o então líder da rede terrorista Al-Qaeda aparece com um Kalashnikov nas mãos. Em muitas ocasiões, o fuzil de assalto russo foi distribuído gratuitamente a rebeldes e oferecido de presente a líderes políticos. Saddam Hussein recebeu um exemplar cromado e em ouro do rei da Arábia Saudita. Salvador Allende, ex-presidente do Chile, ganhou outro do cubano Fidel Castro. Aliás, a versão mais recente da morte de Allende indica que ele se suicidou com um tiro na cabeça disparado de um fuzil AK-47. Quando programada, esta arma dispara mais de um tiro. Ironicamente, o Kalashnikov foi distribuído também pela própria CIA (agência de inteligência americana) a grupos contrários aos interesses da URSS. Diversas vezes, se não na maioria dos casos, os EUA deixam seus armamentos em países onde atuam militarmente. Nos Estados Unidos, o Kalashnikov curiosamente virou brinde no mês passado. A empresa MerchantServi.com, fornecedora de caixas-automáticos e equipamentos para processamentos de cartões de crédito, ofereceu um exemplar do fuzil aos clientes que renovaram seus contratos. A loja, com sede em Sarasota, na Flórida, alegou que os comerciantes precisam se proteger de assaltos. Há pouco tempo, um grupo extremista somali suspeito de ter ligações com a Al-Qaeda promoveu um concurso de conhecimentos gerais para crianças e premiou os vencedores com rifles Kalashnikov. Apesar de ter se tornado uma referência no mundo, principalmente para membros de grupos terroristas, guerrilheiros e traficantes, o AK-47 não pode ser considerado o fuzil mais mortífero. “Existe um sensacionalismo em torno desta arma. Um fuzil AK-47 russo é de qualidade superior ao AK-47 chinês, mas acreditar que a arma seja superior graças ao seu projeto é uma falácia. Um velho fuzil Mauser, se bem empregado, pode ser mais letal do que um AK de última geração nas mãos de um amador”, comparou Maximiano. De acordo com a organização não-governa-

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AFINIDADE Osama Bin Laden aparecia ao lado da arma durante as declarações contra o seu maior inimigo, os EUA

“MERCADOR DA MORTE” VAI A JÚRI EM NY Coincidência ou não, o processo de Viktor Bout, ex-oficial do exército russo acusado de ter sido o cérebro da maior rede privada de tráfico de armas no mundo, foi aberto mês passado em um tribunal de Nova York. Este homem inspirou o personagem de Yuri Orlov, interpretado por Nicolas Cage, no filme O Senhor das Armas. O ex-piloto e tradutor do exército soviético, mais conhecido como “Mercador da Morte”, declarou-se inocente no ano passado após ter sido extraditado pela Tailândia para os EUA. Ele pode pegar entre 25

anos de prisão e prisão perpétua se for condenado. Em 2008, Viktor Bout foi detido em um hotel de Bangcoc, capital tailandesa, sob a acusação de ter tentado vender um arsenal de mísseis e fuzis, entre eles muitos AK-47 russos, a agentes secretos americanos que se fizeram passar por guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Mas ele é suspeito, principalmente, de ter usado uma frota de aviões de carga após o fim da Guerra Fria para transportar armas para África, América do Sul e Oriente Médio.

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mental Small Armas Survey, o AK-47 pode ser encontrado no mundo todo, seja na versão original ou não. O Kalashnikov estampa as bandeiras de Moçambique, Zimbábue, Timor Leste e Hezbollah (movimento radical xiita do Líbano). Além disso, foi tema do livro “AK-47, A arma que transformou a guerra”, do jornalista Larry Kahaner, lançado este ano em português aqui no Brasil. Na América, foi usado pela primeira vez na Nicarágua em 1970. Após 40 anos de ditadura, os rebeldes de esquerda tomaram o poder e construíram na capital, Manágua, uma imensa estátua de um guerrilheiro erguendo um Kalashnikov. De lá, os rifles que sobraram foram vendidos a traficantes de Peru, Colômbia e Brasil. Hoje, o Kalashnikov já aparece em todo o continente. Há informações segundo as quais Hugo Chávez, presidente da Venezuela, teria comprado 10 mil AK russos e estaria estudando fabricar o fuzil em território nacional. Sob o pretexto de estar se protegendo do que chama de “imperialismo dos EUA na América Latina”, ele está investindo bilhões em armamentos pesados, em

particular aviões de combate, helicópteros e fuzis. No Brasil, o AK-47 já foi apreendido pela polícia das mãos de traficantes em favelas de São Paulo e Rio de Janeiro, mas ainda não há dados oficiais públicos sobre a arma. Quanto vale? Em um estudo publicado recentemente, a ONG Small Armas Survey, com sede na Suíça, concluiu que o preço de um Kalashnikov pode variar de acordo com vários fatores, entre eles, oferta e procura, mecanismos oficiais de controle, situações de pós-conflito e investimentos em gastos militares. De acordo com a organização, o AK-47 é uma referência para estudar os preços de armas pequenas por causa de sua prevalência no mercado e porque suas características essenciais não foram modificadas desde que foi criado em 1947. No Iraque, por exemplo, a demanda por armas supera a oferta e isso provoca a disparada dos preços. Lá, os AK são comprados para garantir a segurança, praticar crimes ou para serem usados em conflitos. Logo, os preços são atipicamente altos. Em 2006,

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durante a invasão norte-americana, um fuzil AK-47 básico com cabo de madeira era vendido por US$ 600. Três anos antes, a mesma arma podia ser comprada por US$ 100. A Small Armas Survey concluiu ainda que países com fronteiras mais porosas tendem a ter armas com preços mais baixos. “Isso se aplica especialmente à África, onde o fraco controle das fronteiras permite que a oferta de armas supra a demanda mais rapidamente”, afirmou a ONG em seu relatório. Na África, o AK-47 pode ser trocado por diamantes. Na América do Sul, uma das moedas de troca mais comuns é a cocaína. Na China, um exemplar completo, com cinco carregadores, baioneta, bandoleira e kit de manutenção, sai por US$ 90 na fábrica. Barato ou caro, o AK-47 é uma prova do descontrole do comércio de armas no mundo. Enquanto não houver regularização global deste mercado, milhares de pessoas continuarão morrendo a tiros de armas ilegais. O Kalashnikov está saindo das linhas de produção na Rússia, mas o contrabando prossegue, ainda que em versões pirateadas. •

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Ensaio fotográfico

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MÃOS DE FÉ Mulher com terço durante Folia de Reis em zona rural da cidade de Uniaí, em Minas Gerais

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RIO NEGRO Vários barcos ficam encalhados no leito seco do Rio Negro, em Manaus; a seca veio forte como a cheia

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ORAÇÃO Diante da Santíssima Trindade, na Igreja Matriz de Trindade, Goiás, na Romaria do Divino

BORDADO Durante congada, na cidade de Bom Despacho, Minas Gerais, Nossa Senhora é protagonista

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Ensaio

PADINHO Homem carrega imagem de Padre Cícero em romaria de Juazeiro do Norte, no Ceará

ESTÚDIO Família posa ao lado da imagem de Padre Cícero, em estúdio improvisado em Juazeiro

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Coisa & Taltigo

Marco Antonio Vitti

O mais profundo significado de ‘dar a vida ao seu irmão’

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amais entenderia o verdadeiro significado do que Jesus disse: “O Maior Amor é Dar a Vida a Seu Irmão”, se não tivesse tido o privilégio de envelhecer. Agora entendo o verdadeiro significado dessa afirmação. Meus pais: Bruno e Araceles deram a vida a seus filhos: Maria de Lourdes, Marco Antonio, Iole e Jorge, meus irmãos e eu. Hoje entendo a morte de meu pai e de minha mãe. Assim como entendo a luta, a vida e a morte de muitos pais para salvar a vida de seus filhos, netos e gerações futuras das drogas e doenças mentais. Meu pai era filho de imigrantes italianos que chegaram ao Brasil corajosamente no início do século 20, com uma mala de madeira e uma muda de roupa, sem nenhum tostão no bolso, para começar a vida no Brasil. E, assim como os pais portugueses, africanos, alemães e de quase toda parte do mundo, buscou aqui a esperança de poder criar seus filhos longe das guerras e das ditaduras que sempre imperaram no mundo, mas não no Brasil. Meus avós e meus pais nunca tiveram condições de voltarem para seus países de origem porque todo o fruto de seu trabalho era investido para a educação de seus filhos e netos. Lógico que nem todos fizeram isso, mas a grande maioria faz. Hoje e sempre, é com muita gratidão e consideração que compreendo o Verdadeiro Cristo, uma vez que

FAMÍLIA “Fico indignado quando escuto dizerem que essa vida não vale a pena, que é melhor morrer” meus avós e meus pais deram suas vidas a seus filhos e netos, para seus amigos, seus filhos e seus netos, e muitos até a seus bisnetos, tataranetos, uma vez que foram privilegiados de envelhecerem mais de cem anos. Fico indignado quando escuto pessoas dizerem que essa vida não vale a pena, que é melhor morrer do que ficar aqui. Estas pessoas se iludem por seu egoísmo, uma vez que o verdadeiro significado de sua existência são sua vida e a vida de seus filhos, seus netos, etc. Muitos preferem os amigos que saem com eles para beber, comer, se divertir, jogar, viajar, gastar seu dinheiro com prazeres vãos ao invés de investirem no maior tesouro que têm, que são seus filhos e seus netos. Meu pai começou sua vida com uma profissão humilde que era a de alugador de cavalos e charretes em Poços de Caldas. Minha mãe, cuja mãe se matou quando ela tinha sete anos, teve a infelicidade de comprar, por dez cruzeiros, a soda cáustica que a mãe tomou, na frente dela, para se matar. Pequena, tentou tirar o copo fatídico das mãos da mãe, mas não

conseguiu. A soda cáustica queimou seu pé, e minha avó levou 30 dias para morrer. Isto levou minha mãe a desenvolver, após a morte de meu pai aos 48 anos de infarto, uma série de tentativas de suicídio, mais de 30, obrigando-me a interná-la mais de 30 vezes. Minha mãe morreu em meus braços sem agonia, fato que descobri que era seu maior medo, o medo de morrer agonizando como a mãe dela morreu, esperando a morte por 30 dias em seu leito. Como era e sou psiquiatra molecular, prescrevi para minha mãe, aos 67 anos dela. A partir de então ela nunca mais tentou se matar. Três anos atrás, como jamais deixei de cuidá-la, estando com ela no hospital, o médico chegou com um frasco de papa de hemácias e plaquetas. Disse a ele que se aplicasse fortaleceria as centenas de metástases de um câncer silencioso que ela desenvolvera, e pedi para que não a operassem. Minha mãe morreu em meus braços, em paz, rodeada por seus filhos, netos, amigos e principalmente de Deus aos 87 anos. Pai, mãe, vocês são meus heróis, vocês deram sua vida inteira para seus filhos, netos, familiares, amigos. Praticaram o que Jesus pediu. Dia 2 de novembro visitei seu túmulo. Para muitos pode não significar nada, mas para mim significa que vocês deram a vida a seus irmãos: que somos todos nós. Feliz Dia dos Mortos. •

Marco Antonio Vitti Especialista em biologia molecular e genética vitti@valeparaibano.com.br

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Turismo ESTADOS UNIDOS

Várias cidades dentro de uma só Chicago consegue mudar de cara da noite para o dia apenas iluminando seu horizonte repleto de arranha-céus, mas a cidade ainda reserva várias outras faces para quem a visita Adriano Pereira Chicago (EUA)

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arece até um cenário criado para um espetáculo que no segundo ato se transforma completamente. Chicago é assim, uma cidade que de dia mostra sua urbanidade e de noite transpira algo mágico, iluminado. Como se não bastasse, há faces para todos os gostos e interesses turísticos, desde museus de arte, passando pelas compras, gastronomia, diversão para crianças até chegar ao topo do mundo em um dos prédio mais altos do planeta. Para quem viaja aos Estados Unidos, principalmente com famílias, o destino certo parece ser sempre a ensolarada Flórida, com seus parques temáticos. Mas num país de dimensões continentais seria muito pouco provável que essa fosse a única opção. É aí que entra Chicago, a cidade que foi planejada para ser agradável depois do grande incêndio que desabrigou mais de 90 mil pessoas em 1871. A ideia foi construir um município que reunisse objetividade e prazer, com muitas praças e áreas de lazer. A iniciativa atraiu grandes arquitetos do mundo todo fazendo que o horizonte de Chicago se transformasse

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Fotos: Flávio Pereira

‘FEIJÃO’ A obra Cloud Gate, no centro de Chicago, dentro do Milenium Park

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Turismo

FONTE The Crowd Fountain, destino certo para se refrescar do calor

em um dos cartões-postais mais conhecidos e fotografados no mundo. Mas um prédio se destaca “na multidão”: a Willis Tower, que já foi conhecida como Sears Tower. Em um dia claro, da construção de 109 andares é possível ver quatro estados americanos. Por US$17 o visitante pode experimentar a sensação de estar suspenso a 520 metros do solo em uma caixa de vidro. A sensação é estranha e indescritível. Enquanto as crianças correm para se sentirem “flutuando”, alguns adultos correm de medo do local. Os números da construção impressionam: 40 mil quilômetros de cabos elétricos, 16 mil janelas, 1,3 milhão de visitantes por ano e 418 mil metros quadrados somente de área de chão, algo como 101 campos de futebol. A Willis Tower foi construída para ser a sede da empresa Sears. Com o fechamento da companhia, acabou se transformando em sede de várias outras empresas, abrigando mais de 12 mil “habitantes”. O prédio fica na região conhecida como Loop, no centro de Chicago. Área que lembra os cenários de filmes de gângsteres. Não seria para menos, a cidade é a terra natal de

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ninguém menos que Al Capone, e se você procurar, podeconhecer alguns dos locais preferidos do mafioso. Um deles é o Green Mill Cocktail Lounge. Não espere algo no prato, tudo lá é servido no copo. Parques Uma das atrações mais visitadas no Loop é o Milenium Park. O famoso “feijão prateado” fica bem ali. A escultura da artista inglesa Anish Kapoor foi a primeira instalação ao ar livre dos Estados Unidos. O nome da obra é “Cloud Gate” (algo como o Portal das Nuvens) e é ponto certo de visitação durante o dia e a noite. Bem ao lado fica a The Crown Fontain, uma obra do espanhol Jaume Plensa inspirada no povo de Chicago. Duas grandes paredes recebem projeções de rostos e são iluminadas por luzes coloridas, dos topos delas desce água constantemente. E se você estiver visitando a cidade no verão, não fique com vergonha, não são só as crianças que se refrescam nessa brincadeira. Ainda no Millenium Park, o Lurie Garden é um convite aos sentidos. O jardim abriga diversos tipos de perfumes, de temperos a

lavandas. É como se você estivesse entrando numa outra dimensão, até o barulho da cidade desaparece. Os cheiros se misturam, criam lembranças e com facilidade é fácil observar lebres se alimentando de algumas da plantas. Bem próximo ao Millenium Park fica o pier de Chicago, outra atração daquelas obrigatórias para quem visita a cidade. O local abriga restaurantes, lojas de lembrancinhas, parque de diversões, cinema e várias opções de passeios de barco pelo lago Michigan, de onde se tem a melhor vista do horizonte da cidade. Gastronomia Chicago é sem dúvida uma das cidades com a gastronomia mais diversificada dos Estados Unidos. Você pode (e deve) experimentar desde o famoso Chicago Hot Dog –feito com picles, tomate e tempero picante– até conhecer o Alinea, considerado o sétimo melhor restaurante do mundo. Entretanto, se for o caso de ir à segunda opção, reserve com seis meses de antecedência. A mesa tão disputada tem sua razão de ser, o cuidado é tão grande que seu prato chega sobre uma almofada perfumada com ervas que harmonizam

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Turismo

com seu pedido. Mas se a sua preferência não é a alta grastronomia, o leque de opções cresce assustadoramente. Um dos ícones nessa área é a pizzaria Gino’s. Vá com bastante fome para encarar a “Deep Dish Pizza”, uma receita que mais parece uma torta e leva molho por cima de tud0 –em tempo, um molho realmente diferente. Compras Os Estados Unidos são o paraíso das compras para os brasileiros. E isso serve para qualquer cidade americana. Em Chicago não é diferente, ainda mais dentro da região do Loop, onde fica uma sub-região conhecida como Magnificent Mile. Lá há lojas de grifes famosas como Channel, Louis Vuitton, Hugo Boss, Michael Kors, Tifanny, Giorgio Armani e afins. É uma mistura de Champs-Elysées, em Paris, com a Quinta Avenida de Nova York. Claro que essa área não é para qualquer bolso. Mesmo sendo bem mais barato do que no Brasil, grife é grife em qualquer lugar do mundo. Ainda assim, a região abriga outras marcas mais “populares”, mas se esse for o caso, o Premium Outlet de Aurora é a melhor opção. A 50 minutos de carro é possível chegar ao complexo que abriga as marcas mais cobiçadas pelo turista brasileiro: Nike, GAP, Fossil, Guess, Adidas, entre outras. Ali o consumo dá lugar a qualquer paisagem e os preços convidam a extrapolar o cartão de crédito. O shopping possui convênios com alguns hoteis de Chicago, oferecendo transporte em vans e micro-ônibus. Crianças E se mesmo depois de tudo isso você ainda estiver balançado pela Flórida por causa das crianças, essa é a hora de se convencer. Se em Orlando há a Sea World, Chicago tem o Shedd Aquarium, onde é possível conhecer os segredos do fundo do mar, ver baleias, tubarões, pinguins, raias, leões marinhos, enfim o museu é na verdade um completo zoológico aquático, são mais de 25 mil peixes e 1.500 espécies diferentes. A uma hora de Chicago fica também o Six Flags Great America, um parque com 14 montanhas-russas, além de outros brinquedos, e um parque aquático no estilo Wet n’ Wild. A melhor época para aproveitar isso tudo vai de junho a setembro. O resto do ano o frio toma conta da paisagem e transforma de novo a cidade que não deixa de ser charmosa. Trocar o Mickey por Al Capone pode ser difícil, mas é recompensador. •

LOOP Região central da cidade com o trem que faz a volta inteira no ‘loop’

NO TOPO Do último andar da Willis Tower turistas se aventuram no chão de vidro

* A equipe viajou com o apoio da Foot Company

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Educação e conhecimento sem

“O Poliedro tem uma atenção toda especial com os alunos. Aqui a minha filha é respeitada e valorizada.” Gabriela e Josiane

“Com o plano de estudos, meu filho aprendeu a organizar o seu dia a dia tanto nos estudos como na vida pessoal, permitindo que ele tenha tempo para ser criança.” Luciana, Vinícius e João Henrique

fronteiras

“O amadurecimento do meu filho foi evidente. Aqui ele aprendeu sozinho a organizar e a planejar seus estudos de uma forma muito natural.” Marcelo, Ricardo e Nelva

“Minha filha é uma criança feliz, que estuda com prazer e que tem gosto de vir para a escola. Ela se sentiu valorizada no Poliedro.” Helio, Vitoria e Maria Djanira

Rua Irmã Maria Demétria Kfuri, 700 – Jd. Esplanada II – 12242-500 – São José dos Campos – SP Tel.: 12 3942-2271– www.sistemapoliedro.com.br

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Hi-Tech

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CONFORTO Assentos traseiros em couro e bipartidos também permitem regulagem da inclinação do encosto

Preço

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R$ 110 mil

FADIGA

Sem o aumento no IPI, o carro chegaria às lojas com o valor sugerido de R$101 mil

O sistema monitora seus primeiros 15 minutos de direção para depois detectar o cansaço do motorista

LANÇ LA NÇ ÇAM AMEN EN NTO

Na rua, na fazenda Tiguan, da Volkswagen, garante desempenho e tecnologia na estrada de terra e no asfalto; utilitário é o primeiro importado lançado no Brasil após aumento do IPI pelo governo federal Hernane Lélis Belo Horizonte (MG)

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uem se recorda daquele comercial onde um menininho, no banco de trás de um Tiguan, da Volkswagen, ajuda o pai a estacionar o veículo usando apenas uma varinha e algumas palavras ‘mágicas’? Pois, se fosse hoje, o garoto teria muitas outras formas para impressionar o amigo que o acompanhava na viagem. A montadora alemã acaba de lançar a nova versão do seu SUV, que oferece aos motoristas facilidades que vão além da simples tarefa de realizar balizas com o apertar de um botão, o carro realiza diversos outros ‘truques’ com o auxílio da tecnologia. O utilitário chega ao mercado com tração 4x4 permanente (4Motion), câmbio automático com trocas de comandos no volante, sistema Kessy para trava e ignição sem chave, “Detector de Fadiga” do condutor, Auto Hold –um freio de estacionamento automático– e, sob o capô, um motor 2.0 TSI de 200 cavalos. Todas essas melhorias são acompanhadas por uma boa performance do veículo, tanto em estradas pavimentadas quanto no barro –ambientes testados pela revista valeparaibano. O Tiguan pode estacionar em sua garagem pela bagatela de R$ 110 mil –valor que sem o reajuste do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) ficaria em torno de R$ 101 mil. “O Tiguan antigo foi lançado por R$ 100 mil. Dá para perceber que esse aumento do IPI não foi tão forte”, disse Henrique Sampaio, gerente de Marketing de Produto da Volks. Duas das principais novidades são o Park Assist 2 e o Kessy. O primeiro é opcional e trata da assistência para estacionamento. A versão anterior estacionava

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em vagas paralelas, já o novo modelo faz também manobras em vagas de 90°. O Kessy serve para que os motoristas consigam trancar ou destrancar o veículo sem precisar ativar manualmente. Por meio de um sensor, o carro é travado ou destravado apenas com a proximidade do controle remoto. Outro item de fábrica é o Auto-Hold, que permite que o carro permaneça parado em ladeiras ou aclives em geral, evitando-se recuos nas arrancadas. Avaliação Ao volante, pelas ruas e estradas de Minas Gerais, o Tiguan não mudou em nada frente ao antigo modelo, o que é uma vantagem. A suspensão ajuda dar estabilidade nas curvas e absorve bem os trancos de estradas de terra e ruas com buracos ou de paralelepípedos. Apesar do apelo off-road, a transmissão não conta com caixa de redução, componente que aumenta o poder de tração do veículo para superar obstáculos mais difíceis. No entanto, se você não é adepto a estradas de terra, com situações complicadas, não sentirá falta do equipamento. O interior é confortável, tanto para o motorista quanto para os passageiros e possui acabamento de qualidade. O computador de bordo com GPS é de fácil manuseio, assim como as demais funções embarcadas. Mesmo com um motor de 200 cavalos, em algumas situações o carro demora nas respostas de retomadas e ultrapassagens. Segundo dados da Volks, o Tiguan vai do zero aos 100 km/h em 8,5 segundos e atinge a velocidade máxima de 207 km/h. Já o consumo médio durante o test-drive por estradas oscilou entre 6 km/l e 10 km/l, conforme indicação do computador. O resultado é que mesmo mais caro, compensa levá-lo para casa devido a quantidade de equipamentos frente aos concorrentes, ainda que o visual externo não tenha muita novidade e apelo. •

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Moda&estilo TENDÊNCIA

Estampas à beira-mar Cristina Bedendo São José dos Campos

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eriados e fim de ano à vista, todos os desejos se concentram nos dias de descanso perto do mar. E nada melhor que ficar por dentro de todas as novidades do setor de moda praia antes de renovar seus biquínis, maiôs ou saídas de praia. Entre as estampas, o ponto alto da estação são os desenhos étnicos ou o mix de padronagens, como listras e florais. As estampas tropicais também têm lugar garantido nas araras, assim como os detalhes com metais, que garantem um toque sofisticado às peças. As franjas e os acabamentos com materiais naturais aparecem principalmente nas opções usadas como saídas de praia, como crochê, ráfia, corda e tramas naturais. Além das estampas, os biquínis e maiôs ganham diversas coordenações de cores, dentro da tendência Color Blocking. Nesse caso, as combinações podem aparecer na mesma peça ou no conjunto, o que proporciona um intercâmbio entre seus biquínis. Entre as principais combinações estão as duplas laranja + pink e verde + azul. O clássico estilo navy (combinação de azul marinho + branco) remete a um estilo refinado e atual e, por isso, é sempre uma ótima opção, principalmente para as peças póspraia, ideais para um jantar à beira-mar ou passeio num resort. •

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Tempos ModernosArtigo

Alice Lobo

Rastreabilidade é a palavra-chave para o consumo consciente

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ocê sabe a procedência dos produtos que você compra? Como são feitos? Por quem e em quais condições? A maioria das pessoas nem pensa nisso na hora de consumir. Elas veem um produto e, se gostam, pronto. A escolha está feita. Mas a verdade é que até ele chegar à loja existe um imenso caminho a percorrer: desde a produção de suas matérias-primas até sua confecção e finalização. E saber todo este caminho já uma realidade para algumas empresas, pois este controle garante a qualidade e a segurança do que é vendido. Além disso, caso apresente algum problema, estas informações sobre a cadeia produtiva ajudam a achar o responsável pelo erro. Um exemplo simples é o melão que matou mais de 15 pessoas dos Estados Unidos em setembro. Ao conseguir rastrear de onde ele veio é possível recolher outros que ainda não foram consumidos. Além do controle de qualidade, outros pontos positivos para as empresas fazerem este rastreamento também são óbvios: diferencial na exportação, identificação da origem da matéria-prima, possibilidade da certificação de processos produtivos, garantia de um comércio responsável e socioambientalmente positivo e, principalmente, ganhar a confiança do consumidor.

PROCEDÊNCIA Conhecer a cadeia produtiva de uma mercadoria é o primeiro passo

Mas não basta somente as empresas se preocuparem com isso. Aliás, elas não farão com a devida seriedade se o mercado não exigir isso delas. É por isso que o nosso papel como consumidor é cada vez mais importante. Você gostaria de comprar móveis de madeira de área ilegal? E comer uma carne cuja procedência é de local desmatado? Ou ainda, de usar roupa feita com trabalho escravo? Por isso, pense antes de comprar. Um exemplo nacional bem-sucedido é o programa Qualidade Desde a Origem criado pelo Grupo Pão de Açúcar. Alguns produtos, como carnes e hortifrutis, têm um código na embalagem que mostra o rastreamento no mesmo. Basta entrar no site do projeto, colocar o número

para saber a procedência. O mesmo faz a organização holandesa MadeBy, mas por se tratar da indústria da moda seu rastreamento é ainda mais complexo. Marcas filiadas têm a sua produção controlada, do processo inicial das matéria-primas até o produto final. E cada peça tem um código que aparece na sua etiqueta e pelo site é possível ver todas as informações da cadeia produtiva. Não são bons exemplos a serem seguidos? Será que não é nosso papel começar a perguntar de onde vem e quem faz o que compramos? É claro que é impossível fazer com tudo. Mas comece e prefira produtos que você saiba a origem. Já é um passo a favor do consumo consciente. •

Alice Lobo Jornalista alice@valeparaibano.com.br

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BELEZA

Cheia de luz Cristina Bedendo São José dos Campos

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beleza do verão 2012 é natural e iluminada. Nos principais desfiles e editoriais de moda, a maquiagem é bem jovial, com uma pele leve e pontos de luz nas têmporas e nos lábios, que ganham aplicação de gloss em tons suaves ou batons com cores mais vibrantes, como laranja, por exemplo. “É tudo muito fresco. Outra tendência é um brilho mais intenso nos olhos e cor ao mesmo tempo na boca e nos olhos”, contou a maquiadora sênior da M.A.C, Fabiana Gomes, que trabalhou nos bastidores dos desfiles do São Paulo Fashion Week. Para os batons, um dos itens preferidos na nécessaire, a dica é investir nas versões com textura opaca para as cores fortes –vermelho, magenta, laranja e violeta– e gloss para tons levinhos ou até mesmo transparente. Confira os principais lançamentos do setor.

GLITTER CREAM PALETTE Entre as novidades da NYX está a Glitter Cream Palette, que combina cinco cores de gel com glitter que podem ser aplicadas nos olhos, lábios e rosto. A paleta conta com dois aplicadores que possuem três pontas de esponja e uma de pincel. R$ 49

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PARA AS UNHAS O Boticário ampliou seu portfólio de produtos e a partir deste mês conta também com uma linha de esmaltes. Os tons ethereal blue, lilas cream, sparkling grape, juicy coral e fuchsia purple foram inspirados no Modernismo. R$ 9,90 CADA

CLINIQUE A novidade da Clinique é o batom Chubby Stick Moisturizing Lip Colour Balm em três cores que garantem super fixação. R$ 75 CADA

SOMBRA MAC CLARITY MAC SOMBRA FAUXGOLD MAC - PÓ GOLDSTONE) Marca queridinha entre as antenadas, a M.A.C tem lançamentos: a Semi Precious, inspirada em pedras semipreciosas. A coleção conta com sombra, pó, batom, gloss e máscara. A sombra custa R$ 86 e o pó, R$ 125

AVON SUMMER BRONZE A nova coleção Avon Summer Bronze traz novidades para incrementar os looks da temporada, como Glazewear Sparkle Lipgloss (R$ 15), Pó de Efeito Bronzeado Face Bronzer (R$ 45) e Sombra para os olhos. R$ 25

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NATURA BLUSH/ NATURA BATOM) A linha Natura Una conta com novidades para a temporada quente. Uma delas é o Blush Mousse (R$ 29), com textura leve e cremosa. Com fácil aplicação, o produto deixa um toque sedoso e aveludado, proporcionando um efeito natural e saudável, perfeito para o verão. Disponível nos tons coral rosado e bronze. Já o Batom Pérolas (R$ 33,50), pode ser encontrado nos tons de boca, rosa e laranja. A novidade promete fazer sucesso, pois proporciona um efeito natural e hidrata por 24 horas

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Notas & fatos Ke$ha vai lançar linha de relógios e avisa que isso é somente o começo

Mariana Rios pode ser Gabriela no remake A atriz Mariana Rios pode dar vida à personagem Gabriela, no remake da série, previsto para julho de 2012. As apostas aumentaram depois que a atriz anunciou que não particiaria mais da novela “A Vida da Gente”, como havia sido divulgado. “Galera! Houve uma mudança! Não A cantora Ke$ha fechou parceria com a Baby-G by Casio para criar uma linha com dois relógios –um com a bandeira norte-americana e o outro com estampa de um leopardo. “Eu escolhi o tema da bandeira porque, para mim, a bandeira representa a liberdade de expressão, um direito que eu exercito todos os dias”, contou. “Já o tema do leopardo me faz lembrar que somos todos animais por dentro”, acrescentou Ke$ha, que foi uma das atrações do Rock in Rio. Ela ainda revelou que desenhava suas próprias roupas quando criança, e explicou que a coleção de relógios é apenas o começo de sua carreira no design. “Eu definitivamente estou traçando meus próximos projetos de design. Fiquem ligados!”, avisou a loira.

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farei mais a novela das 18h, “A Vida da Gente”! Aguardem novidades!”, escreveu Mariana em sua página no Twitter. Na segunda quinzena de setembro, as apostas pairavam sobre Juliana Paes. Gabriela foi interpretada por Sônia Braga na versão original, exibida em 1975 pela TV Globo.

LGBT

Transexual quer ser rainha do Carnaval Em tempos de reconhecimento da união homoafetiva pelo Supremo Tribunal Federal do país, uma outra corte pode dar um grande passo contra o preconceito. Tudo isso porque Carolina Porto, um transexual de 32 anos, acaba de se inscrever no concurso que vai eleger a rainha do Carnaval carioca 2012. “Sempre gostei de Carnaval, e não tive medo de preconceito, não. Tenho beleza, tenho carisma e tenho certeza que vou levar esse título”, diz a morena (o). É o Carnaval da diversidade!

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Quem falou o quê?

iCaprio

Leonardo D GALÃ

Leonardo DiCaprio está solteiro de novo A fila andou para os dois lados. E ainda mais rápido para Leonardo DiCaprio. Enquanto Bar Refaeli, a ex do ator, está de romance com o filho de Nicolas Sarkozy, DiCaprio volta para o time dos solteiros. A People divulgou que o namoro do astro de Hollywood com a estrela de Gossip Girl Blake Lively acabou. Uma fonte disse à publicação que o motivo teria sido a distância e os compromissos profissionais de Leo. “Mas eles continuam amigos”, contou.DiCaprio e Blake começaram a circular juntos em maio no Festival de Cannes, na França.

Aqui Você Aprende a Nadar com a Melhor Metodologia

”Acho que ele nos expõe, fala besteiras desnecessárias para algumas meninas nos shows”

• METODOLOGIA DO ENSINO DA NATAÇÃO • PISCINAS COBERTAS E AQUECIDAS • TRATAMENTO DAS PISCINAS COM OZÔNIO

Padre Marcelo Rossi , em entrevista ao jornal “O Estado de São Paulo”, expõe sua opinião sobre o Padre Fábio de Melo

• VESTIÁRIO INFANTIL SEPARADO DE ADULTOS • MUSCULAÇÃO E TREINAMENTO FUNCIONAL

”Hoje é dia de rock, bebê!”

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Christiane Torloni, durante uma entrevista no Rock in Rio, a atriz pareceu estar bêbada e não entender as perguntas

• JUDÔ E BALLET • PILATES ESTÚDIO, SOLO E BOLA • ESTACIONAMENTO GRATUITO COM MANOBRISTA

”Se tivesse que me prostituir para dar comida aos meus filhos, eu faria”

Mallu Magalhães não toma banho sozinha Mallu Magalhães contou em entrevista à revista “Alfa” que não gosta de tomar banho sozinha e se disse aflita quando é forçada a fazê-lo. A cantora, que tem 19 anos e namora o músico Marcello Camelo, contou também que chora ao ver mendigos. “Acho tudo muito lindo e choro”, disse Mallu, que também afirma ser altamente sensível.

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Gretchen, cantora foi flagrada por turista brasileiro trabalhando como garçonete fala sobre a vida nos EUA

”Comecei a adolescência com depressão e terminei na prostituição” Raquel Pacheco, a Bruna Surfistinha, revelou que a insegurança e instabilidade emocional foram motivos que a levaram a se prostituir

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ValeViver CULTURA

Quanto vale o show? Se para o público o preço do talento está na etiqueta ou na gôndola de promoções, o outro lado mostra que viver da própria arte envolve mais do que somente o talento Fábio França São José dos Campos

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ois reais. Este é o preço que custa a arte dos rappers de Jacareí. Vendendo seus CDs pelo centro da cidade sem pontos específicos, os artistas do selo Rua do Flow são identificados somente pela camiseta com a frase “Música boa por 2 reais”. Durante a semana de lançamento de cada disco, a organização promove um mutirão de vendas com cinco pessoas para vender nas ruas. A ação dos rappers, explicita a faceta quixotesca e frágil, em um retrato fiel sobre quanto custa ser um artista na vida real, onde a glamourização só tem espaço sobre o palco. “Fazemos ao menos um show por final de semana e para fazer negociamos os valores. Pode ir só da passagem ou até ter cachê”, revela Axel Alberigi, 20 anos, que mesmo com nome de rockstar, atua como rapper sob a abreviação do nome com três letras (AXL). Ele também é dono do selo responsável por fazer algum barulho na cena cultural de Jacareí. Para os shows, é mobilizada uma equipe de vendedores, rappers e o DJ, cuja pick up custa em torno de R$ 4.000. “Seja somente com shows de outros ou com o meu show

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junto, sempre sou eu quem negocia, que arruma transporte e hotel para todo mundo e que luta para pagar o cachê na hora para o artista”, conta AXL. Para vender os CDs a R$ 2, o lucro não faz parte do objetivo principal da Rua do Flow. “Para vender por este preço, negociamos para fechar um estúdio por R$ 1.100. Vendemos barato para pagar o gasto que tivemos e só. As pessoas compram por dois fatores: curiosidade e preço”. Ex-contratado do selo Laboratório Fantasma (do rapper Emicida), AXL explica que para gerir a música como negócio e meio de vida, realiza planejamento de vendas e trata todos os detalhes com os contratantes de uma apresentação. “É um ponto delicado. Já passei situações chatas deixando a negociação por conta de outras pessoas. Já por outro lado, acaba sendo um pouco problemático você ser artista e fechar um preço para o seu próprio show. Ao mesmo tempo que cansa, acaba gerando um respeito maior”. Mesmo sem ter o apoio da maior parte da mídia, a Rua leva cerca de 2.000 pessoas em um show em casa. “Mas conseguir isso em Jacareí é um feito”, pondera. Ao lado de Jacareí, São José dos Campos, a cidade da tecnologia, mesmo com a diferença de estrutura (e seus R$ 20,7 bilhões de Produto Interno Bruto), não se mostra

Artistas independentes assumem o comando da carreira e vendem seus discos nas ruas ou após os shows que fazem nos bares do Vale do Paraíba

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Fotos: Flávio Pereira

RAP Axl, o rapper de Jacareí que sai para a rua vendendo o próprio CD

muito mais facilitadora para os artistas. A cantora Cinthia Jardim é um exemplo da batalha cultural que um artista trava quando opta por viver de música. “Eu me dedico totalmente à música. Eu e meu marido, Fabiano Whyte, sustentamos nossa família com nosso ofício que tanto amamos, temos dois filhos: Pedro (8 anos) e João (4 anos). Trabalhamos em bares, restaurantes, hotéis e festas particulares e coorporativas com trabalho cover, além do projeto autoral, que menos nos agrega valor financeiro.” Sem contar com verba para promover

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uma divulgação que não está relacionada ao mérito (leia-se o famigerado “jabá”, pago para que rádios e emissoras insiram as músicas na programação) ou contar com uma grande vendagem de álbuns (mesmo com seu segundo álbum, “Beba o Novo”, tendo sido um dos mais procurados entre os artistas locais no ano passado), ela conta com a tática da abordagem para fazer as pessoas tomarem contato com sua arte. “Vou de mesa em mesa oferecendo o meu trabalho, as pessoas que compram, acabam levando o disco porque gostaram da minha

voz. Nem sempre tenho a oportunidade de cantar as músicas do disco nas apresentações, mas deixo de vender muito disco porque as pessoas preferem comprar discos de músicas conhecidas. Mas fico muito feliz a cada disco vendido. O carinho daqueles que compram e apostam no meu trabalho, é muito gratificante”. Se para os artistas de outras épocas ter contrato unilateral com uma gravadora era um sonho, hoje a arte tem que caminhar lado a lado com uma gestão equilibrada artística e financeiramente. “O investimento

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não foi muito alto graças à parceria com a Oversonic Music (gravadora pela qual a cantora lançou o trabalho). Pagamos a prensagem do disco, que na época era R$ 2.500. A gravação, mixagem, masterização, fotos e capa foram pagos para a gravadora com a venda do disco. Para nós é um ótimo negócio, já que o investimento não sai do nosso bolso logo de cara durante as gravações. Não teria condições se fosse esse o caso”, confessa ela, que atualmente seleciona repertório somente com compositores regionais para seu terceiro disco, ainda sem data de lançamento definida. Renome nacional Em escala ascendente no pop brasileiro, a banda Pedra Letícia é uma referência para músicos que tocam na noite –não somente pela carreira em si, mas também pela autoria da canção “Como nossos pais (nos aguentam)”, que narra com ironia as agruras de quem opta pela carreira de músico. O vocalista e compositor Fabiano Cambota conta que tocar de graça faz parte

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da noite. “Sabe esse esforço de montar o som? Já o fizemos sem que aparecesse nenhuma pessoa para nos assistir. O bar vazio é triste. Ainda mais se você pensar que não tocará para ninguém, não receberá nada e ainda terá que desmontar tudo. Tocar de graça faz parte, desde que não seja uma exploração do estabelecimento. Festivais, concursos de banda, encontros musicais, tudo isso é válido e necessário no caminho. Mas tocar a noite inteira num bar para o dono ganhar uma grana dizendo que está te ajudando a divulgar sua banda, isso é malandragem”, adverte. “O pior é que muita banda topa porque não precisa do dinheiro. Mas acaba enfraquecendo todo um movimento de bandas iniciantes. Cobrar um cachê, mesmo que pequeno, não é deselegante. É, ainda, valorizar o trabalho de quem se garante no palco, de quem se preparou ensaiando, estudando. É o nosso trabalho também. Temos dívidas, contas, carnês. Mas tem que se garantir e fazer valer, né?” Mesmo com o reconhecimento em nível

nacional, as histórias do início da carreira continuam bem vivas para os integrantes. “No começo, o Thiago (percussionista) tinha uma pequena aparelhagem de som que eu e ele montávamos e deixávamos pronta para a noite. Quando o show acabava, exaustos, tirávamos todos os instrumentos do palco e depois desmontávamos o som. Era um eterno carregar de caixas de som. Os amigos é que traziam água, e nos diziam se o som estava bom. Todo mundo que não seja rico, começa assim. É muito bom para valorizar os caras que hoje trabalham com a gente, montam nosso som, cuidam do nosso instrumento, da luz”, conta Cambota. Hoje a estrutura de shows da banda conta com 14 pessoas. “É pequena, se comparada a outras bandas, mas é extremamente funcional. E prezamos, claro, pela capacidade de trabalho, mas também pela facilidade de convivência de cada um. Dentro da nossa banda evitamos rótulos e hierarquias. Acaba que todos se ajudam. Por isso faço questão de apresentar no palco, um a um, cada membro da equipe”.

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Donos da grana Se para os artistas cuidarem da carreira é um estilo de vida, uma gravadora que não faz parte de nenhuma rede multinacional de entretenimento também faz parte de um empreendimento de gestão autossustentável. Vagner Alba, um dos sócios da gravadora de médio porte Oversonic Music, que tem sede em São José dos Campos, conta que o investimento feito em um artista é proporcional ao resultado que se deseja atingir. “Hoje, para se produzir um CD e deixá-lo pronto para entrar no mercado, em pé de igualdade com outros trabalhos de ponta, a gente investe pelo menos R$ 12 mil por artista (para uma tiragem mínima de mil cópias). Apesar de alto, esse é um valor bem menor do que já se custou fazer um CD há tempos nem tão distantes. É fruto da nossa busca contínua por redução de custos sem cair a qualidade”. Porém, a história de um disco não se resume à produção e o preparo artísticomonetário tem que corresponder às expectativas do próprio artista. “Depois, na fase de divulgação e distribuição, os valores podem variar muito mais, dependendo do objetivo. Uma divulgação mais ampla, em nível nacional pode chegar a dezenas de milhares de reais (isso sem incluir TV, a mídia mais cara) para veiculação em rádios, revistas e jornais. Regionalmente esses números diminuem, mas ainda assim são salgados”. O custo de ser artista de uma gravadora também envolve uma série de fatores, dentre eles, o desempenho junto ao seu público. “Além obviamente do talento, ele precisa ser engajado na carreira. Isso significa ser ativo e não esperar que a gravadora vá resolver tudo sozinha. Ele precisa ter uma história, uma carreira acontecendo. Muitas vezes as gravadoras dão preferência aos artistas que chegam com o material pronto e um público consolidado, ainda que regionalmente. Daí a gravadora trabalha no crescimento desse universo”, resume ele sobre a cansante preocupação de retorno por parte das gravadoras. Já sobre os contratos, Alba explica que podem funcionar de diversas maneiras, mas é enfático sobre a parte que cabe à gravadora. “Em linhas gerais, quando a Oversonic Music banca toda a produção e distribuição de um trabalho, o acordo de vendas é feito na proporção de 70% para a gravadora e 30% para o artista. Isso nas primeiras mil cópias, depois o acordo pode ser estudado novamente, dependendo do desempenho nas vendas”.

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AUTORAL A cantora Cinthia Jardim que tenta cantar nos bares as canções do próprio disco

FIM DOS CDS SERÁ EM 2025 Enquanto gravadoras –de todos os tamanhos– têm tentado se adaptar à economia volátil que se tornou a indústria fonográfica, a maior das companhias internacionais do disco já decretou que o mercado de CDs deve acabar em 2025. Ou em 2015, caso o processo de venda de músicas online se consolide formalmente. O anúncio foi feito por Simon Gillham, vice-presidente da Vivendi, grupo francês de mídia que controla a Universal. Embora continue na lideraça do mercado (US$ 1 bilhão, o que corresponde a um terço de toda

a receita das gravadoras em 2010), a Universal se uniu a EMI, Sony e Google para criar a Vevo, a maior loja de downloads de músicas nos EUA e Canadá –que já conta com 60 milhões de clientes. As propagandas, espalhadas principalmente pelo YouTube, colocam em evidências os lançamentos das gravadoras e artistas com grande apelo junto ao tipo de público que costuma acessar clipes de música. Na prática, a tendência se torna lançar artistas que dão mais o que falar porque têm maior visibilidade. •

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ValeViver Fotos: Flávio Pereira

NO PALCO

A banda no Lollapalooza, em Chicago

MÚSICA

Os gênios do YouTube Só o anúncio de que um novo vídeo da banda Ok Go será lançado já causa rebuliço na rede; integrantes do grupo falam com nossa reportagem sobre como é ser um fenômeno da música em meio a crise da indústria fonográfica Adriano Pereira Chicago (EUA)

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os anos 50, 60 e 70, o sonho de qualquer artista era assinar um contrato com uma gravadora e gravar um disco. Nos anos 80 e 90, era poder gravar um clipe e vê-lo na MTV, sendo pedido pelos fãs. Hoje, o sonho de quase toda banda é ter um video viral no YouTube, daqueles que reúnem 1 milhão de acessos em menos de uma semana e que seja replicado em redes sociais à exaustão. Pois é, nesse

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mundo interligado, ninguém conseguiu maior sucesso na área da música do que o pessoal do Ok Go, uma banda de Chicago que quando anuncia que vai lançar um clipe a máquina se movimenta como se fosse um disco inédito. Marcam dia, hora e criam uma ansiedade nos fãs fora do normal. Para quem nunca assistiu um clipe do Ok Go, basta entender que eles já fizeram coreografias em cima de esteiras de academia, dançaram com cachorros, construíram uma “traquitana” digna de desenhos animados e até fizeram uma animação num pão de forma torrado. Uma ida rápida ao YouTube mostra alguns nú-

meros. Somente o primeiro vídeo postado pela banda já teve mais de 8 milhões de acessos. O grupo se apresentou no festival Lollapalooza, em 6 de agosto, mas dois dias antes tocaram no aniversário do presidente americano Barack Obama. Diferentemente de outras bandas que “explodem” na internet e desaparecem na mesma velocidade, a Ok Go perdura por conta das boas composições. Para falar de tudo isso, o baixista Tim Nordwind e o baterista Dan Kornopka nos receberam para uma conversa descontraída às margens do Lago Michigan, em Chicago.

Vocês conseguem imaginar o Ok Go sem o YouTube? Tim - Eu me lembro como era antes do YouTube, nós éramos uma banda que existia antes disso tudo. Dan - É necessário entender que o YouTube é uma ferramenta para divulgarmos as coisas que sempre fizemos. Não mudamos nada por causa dessa ferramenta, apenas aproveitamos melhor, como se fosse um playground. De que maneira a tecnologia mudou o mundo da música? Tim - Não acredito que tenha mudado o jeito de se fazer música, mas definitivamente mudou a indústria da música. Hoje

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podemos criar projetos que nem poderiam ser pensados há 20 anos. Hoje tudo é digital e a indústria ainda tenta descobrir como se encaixar em tudo isso, de repente não existe mais um produto físico. Tenho certeza que ninguém descobriu qual a melhor forma de resolver esse problema. Vocês se sentem pressionados a sempre inovar de alguma maneira em seus vídeos? Tim - Não me sinto necessariamente pressionado pelos fãs ou qualquer pressão interna. Acredito que a maior pressão é interna, entre nós quatro. Nos empolgamos facilmente com nossas ideias, se elas parecem interessantes vamos tentar tornálas realidade. Não interessa se 100 pessoas ou 100 mil vão ver o que fizermos. Nossa intenção é

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nos divertir antes de tudo. Dan - Por exemplo, fazer uma coreografia com 12 cachorros foi uma das ideias mais desafioadoras, e por isso tentamos executá-la. A pressão é: será que vamos conseguir? Gosto quando nossas ideias dão certo. A interação que vocês têm com o público na internet chega ao “mundo real”? Tim - É uma relação bastante natural. Nós colocamos um vídeo que não tinha nada a ver com música, era só uma brincadeira para mostrar como a amizade é importante, e esse tipo de coisa. Esse vídeo teve uma repercussão tão grande entre nossos fãs que eles começaram a produzir suas próprias versões. Não esperávamos nada disso. Essa é a uma maneira nova e criativa de se comunicar com os fãs. Eles nos dão algo de volta.

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Dan - Em alguns concertos, quando tocamos músicas das quais fizemos coreografias marcantes é possível ver o público fazendo as danças. Eles estão conectados conosco ali no show. Uma vez postei um vídeo de um garoto tocando “This Too Shall Pass” e consegui vê-lo na plateia de um dos shows. Acabamos convidando o garoto e ele tocou conosco no palco.

temos nada definido.

Falando sobre música, houve uma mudança significativa do segundo para o terceiro disco, principalmente nas guitarras. O que podemos esperar do próximo? Tim - Provavelmente iremos mais ainda por esse caminho. Muitas das músicas do último disco soaram eletrônicas e com muito ritmo. Mas nós apenas começamos a escrever as músicas do próximo disco e ainda não

Conheceram alguma coisa da música brasileira? Tim - Os Mutantes! Grande banda, o trabalho deles é sensacional. Também gosto do CSS e conheci um cara na festa do VMB... como era o nome dele? Otto! Gostei muito do som dele. Curto também o som do Cachorro Grande. Mas não conheço muita coisa. •

Vocês estiveram no Brasil no ano passado, tocando no VMB. Como foi a experiência? Tim - Ah, foi uma festa louca (risos). Nós adoramos o Brasil, dos músicos de lá e da festa. Mas ficamos muito bêbados para lembrar-mos de tudo com clareza (risos).

* A equipe viajou com o apoio da Foot Company

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REDES SOCIAIS

Renascidos na internet Mussum, Zacarias, Nair Belo, Glauber Rocha e mais uma quantidade enorme de artistas ‘revivem’ em perfis falsos criados por fãs noTwitter, Facebook e blogs Filipe Manoukian São José dos Campos

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a televisão, onde ganhou a simpatia de quase toda uma nação por mais de duas décadas, o último papel foi a Dona Santinha, no humorístico Zorra Total, da Globo. A fama chegara antes, em 1982, interpretando Dona Nonna, na minissérie homônima da Band. Hoje, Nair Bello Souza Francisco, ou simplesmente Nair Bello, a Nonna mais querida do Brasil, é sucesso absoluto na internet, mais precisamente no microblog Twitter. Em dois anos de rede social, a Nonna é seguida por cerca de 100 mil internautas. Outro que não aparece mais nas telinhas mas é unanimidade no microblog é o dono do eterno “cacildis”: Antônio Carlos Bernardes Gomes, o humorista Mussum. “Quero morrer pretis se eu estiver mentindo”, diria o repórter, parafraseando o trapalhão. Comprove você mesmo: as twittadas de Mussum são acompanhadas por mais de 110 mil fãs diariamente. Ao sucesso de Nair Bello (@nairbello) e Mussum (@MussumAlive), juntam-se a outros famosos, das mais variadas áreas. Oscar Wilde, Nelson Rodrigues e a cantora Maysa são alguns do que também aderiram ao microblog para compartilhar pensamentos e críticas com outros internautas. Os três últimos, porém, são mais reservados, twittam quando bem entendem, desatentos ao imediatismo da internet. Nair Bello e Mussum, entretanto, fizeram

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da rede social um ofício. Passam horas exercendo o papel de humoristas no microblog, por vezes o dia inteiro. Palpitam sobre assuntos do dia, escrevem sobre o que estão fazendo, falam de cinema. “Emmy não tem graça nenhuma, não sei quem são essas pessoas. Eu gosto mesmo é do TROFÉU IMPRENSA!”, escreveu (ou twittou) Nair Bello durante a cerimônia do Emmy Awards, o Oscar da TV americana. “Estou assistindo Capitão América, quem assistiu gostouzis?”, postou Mussum em seu Twitter. Na casa dos 70 e 80 anos, respectivamente, Mussum e Nair Bello se adaptaram facilmente ao século 21 e suas tecnologias e, com certeza, souberam cultivar o carinho do público nesse. O feito, contudo, restringe-se apenas aos personagens eternizados por Nair Bello Souza Francisco e Antônio Carlos Bernardes Gomes. Explica-se: as espirituosas twittadas dos humoristas, precisas e tão próximas dos tre-

”Em jogos do Brasil contra França, eu sempre fico em dúvida: bebo cachaça ou perfumis?” ‘Twittada’ ,de Leandro Santos, o Mussum das redes sociais

jeitos e das manias que os imortalizaram na tevê brasileira, são comandas por dois jovens bem humorados, os “palhaços da turma”, que, carentes dos ídolos, resolveram prestar uma homenagem bem humorada no Twitter. Aos muitos desatentos, é fácil confundir. Ou não seria justificável perguntar “ele ainda está vivo ou já morreu” ao ver um perfil no Twitter, com o nome do Mussum, dizendo “Pra mim é melhor perder a comanda do que pagar o valor totalzis! Sempris!”, ou “Em jogos do Brasil contra França, eu sempre fico em dúvida: bebo cachaça ou perfumis?” E como imaginar outra pessoa, senão Nair Bello, rindo como uma criança ao twittar “Eu leio as respostas das Palavras Cruzadas quando ninguém está olhando...”, ou “É muita rede social para muito pouco remédio antidepressivo”? Com pouco esforço, vêm as recordações. Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, faleceu em 1994, aos 53 anos, vítima de complicações causadas por um transplante de coração, e a atriz e humorista Nair Bello Souza Francisco em 2006, aos 75 anos, após uma parada cardiorrespiratória. Se a lacuna e saudade que deixaram na televisão brasileira são eternas, pelo menos na internet as memórias da Nonna e do Mussum estão mais vivas do que nunca. Graças ao esforço –e diversão– dos jovens Gustavo Braun e Leandro Santos. Personagens Com uma média incrível de twittadas por dia, Nair e Mussum estão entre os perfis fake (ou falsos) mais famosos no universo dos microblogs. Atrás do perfil da Nonna está Gustavo Braun, 27 anos –ou seria o contrário: “Eu es-

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Fotos: divulgação

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IDEIA NA CABEÇA

Até o cineasta Glauber Rocha tem perfil do Twitter

crevo um fake aqui no Twitter. É o @Braungustavo! Inventei um bambino judeu pra poder fazer meu cotidiano menos chato...”. “Na minha idade a gente precisa inventar essas coisas, se não fica só samambaia, tartaruga, tranca, novela... Vida besta”. “As pessoas até acreditam que ele existe! RISOS. Ah, como eu me divirto!”, postou, seguidamente, Nair Bello numa terça-feira de setembro. “A Nair tem vida própria”, brinca Braun. Diversão à parte, ele explica o sucesso do perfil. “Eu não preciso fazer muita coisa. A Nair Bello era sensacional e seu carisma, fora de série. Ela ria em velório, ria durante as cenas. Ela ria! É alguém que tem um jeito de viver que precisa ser lembrado sempre, um jeito feliz de Nonna italiana”. Braun, que criou o perfil Nair Bello em 2009, conta que, à época, “trabalhava numa multinacional espanhola, sendo responsável por várias gerências, mesmo muito jovem. Precisava de alguma forma de desestressar e um twitter fake foi a melhor ideia que eu tive. Eu podia escrever frases curtas e me distrair rapi-

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damente, voltando ao trabalho em seguida”. Com o perfil da Nonna no Twitter, Braun alcançou a fama, que ele prefere desconversar. “É muito bom dizer fama no microblog. Então é quase uma ‘microfama’ no blog. Acho que a Nair Bello virou referência dentro do twitter, pois é uma personagem muito divertida e viva, fazendo com que muitas pessoas, inclusive famosos, se perguntassem se é ela mesmo ou não”. Com ou sem fama, Braun largou o emprego estressante na multinacional espanhola e hoje é apresentador. “Trabalho na televisão assim como ela trabalhava. Não sou ator, mas sou apresentador da MIXTV, uma oportunidade que me foi oferecida depois do grande sucesso do perfil do twitter”, conta. Perguntado sobre as postagens mais interessantes que criou no período, Braun soltou, ao “jeitão italiano” da parodiada Nair Bello: “Ma che! Esse é o tipo de pergunta que nem eu nem ela saberíamos responder! O Alzheimer já nos atacou!”, brinca. Por fim, ele revela: “acho que ‘posts’ sobre o BBB [Big

Brother Brasil] e as eleições sempre marcam os seguidores. Uma frase que ela gosta muito é ‘quem ama o fake bonito lhe parece’ e também ‘o cérebro é uma coisa maravilhosa, acho que todos deveriam ter um’”, diz. A versão internet de Mussum, por sua vez, é filha de Leandro Santos, também de 27 anos. O antes técnico mecânico, conforme contou ao portal IG no youPIX (festival que discute a cultura de internet) deste ano, inspirou-se no fake do ator Vitor Fasano e, sendo fã do Trapalhões, especialmente do Mussum, resolveu criar o @MussumAlive. Santos dedica-se unicamente às mídias sociais atualmente e chegou a dizer durante o youPIX que está engordando para ser respeitado. “Butequis”, “cachacis” e “mé” não são problemas para ele. Ou, em último caso, Braun dá a receita para um regime de engorda. “Quem conta piadas às vezes é engraçado e às vezes não é. Para lidar com a frustração existe o chocolate. Por isso muitos dos engraçados são gordinhos”. Engordando ou não, Mussum é exigente

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com seus amigos nas redes sociais. Para os que quiserem compartilhar de suas pérolas, fica a dica: “Só vou aceitar quem gosta de uma biritis, não tentem me enganarzis!”, avisa o perfil de Mussum. “O humor é uma das marcas humanas mais interessantes. A possibilidade de trabalhar com isso, brincar com isso, e ainda manter um nome sagrado como o da Nair Bello vivo na mente das pessoas é algo que me deixa muito feliz”, revela Braun. “Muita gente considera a Nonna como a avó que eles não têm mais. Ela é realmente muito fofa e carinhosa na medida do possível”, continua, lamentando não ter tempo para atender a todas as solicitações e pedidos que recebe pelo Twitter. Uma ida ao “butequis” com o Mussum ou uma macarronada de domingo com a Nonna Nair Bello não são coisas da geração passada. Em tempos do politicamente correto, um sambista e comediante apaixonado por cachaça e uma humorista que brincava com as raízes italianas do paulista continuam vivos na internet, sem travas na língua.•

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MAYSA

A cantora que voltou a ser assunto depois da minissérie em 2009, também tem Twitter

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CINEMA

Os vampiros do bem voltaram ‘Amanhecer’, a primeira parte do final da saga ‘Crepúsculo’, chega neste mês à telona trazendo o tão esperado casamento entre o vampiro galã e bonzinho e a moça ingênua e apaixonada Franthiesco Ballerini São Paulo

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uando “Crepúsculo” fora lançado em 2008, ele chegava às telas com vários problemas de produção. Com um orçamento relativamente baixo para um filme de Hollywood (US$ 30 milhões), o filme baseado na obra de Stephenie Meyer tinha problemas de som, de iluminação, roteiro sem tratamento adequado e uma atuação que deixava a desejar. No entanto, faturou mais de US$ 200 milhões no mundo inteiro, tornando-se uma surpresa até para os produtores, que não esperavam que filmes de vampiros pudessem ressuscitar nas bilheterias com tamanha força. O segredo, no entanto, não estava nos personagens mutantes, mas na história de amor entre Bella Swan (Kristen Stewart) e Edward Cullen (Robert Pattinson), feita na dose sensual-erótica ideal para os adolescentes do novo século. Formou-se uma franquia e os filmes seguintes –“Lua Nova” (2009) e “Eclipse” (2010)– tiveram um orçamento muito maior, problemas técnicos resolvidos (embora a atuação continuasse problemática, artificial) e conquistando públicos cada vez maiores. Seguindo a estratégia da franquia recém extinta “Harry Potter”, os produtores decidiram dividir o último livro da autora, “Amanhecer”, em dois filmes. A primeira parte chega às telas no próximo dia 18, com um toque especialmente brasileiro, visto que o Rio de Janeiro fora a locação escolhida para ser a lua-de-mel

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Fotos: divulgação

BRASIL

As cenas de amor entre Bella e Edward foram gravadas no Rio de Janeiro

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do casal protagonista, que se casa no início deste filme. Em meio a um forte esquema de segurança, a trama foi rodada no bairro da Lapa e em Paraty, em novembro do ano passado. Como já era esperado pelos fãs da franquia, “Amanhecer – Parte 1” é o filme mais intenso e pesado até agora. O astro Robert Pattinson chegou a afirmar publicamente que os dois últimos filmes da saga serão “filmes de terror”. Em entrevista ao Entertainment Weekly, nos Estados Unidos, ele afirmou que a trama tem “coisas interessantes e estranhas, elementos realmente muito, muito estranhos”. E completou: “Para um filme blockbuster, me parece ser até uma história obscura e bem diferente das anteriores. É um filme de terror. Não sei como ele terá censura 13 anos, só se cortarem tudo”, disse. A classificação indicativa era realmente uma dor de cabeça para os produtores, uma vez que é preciso estar livremente disponível para adolescentes para manter o sucesso da trama. Amanhecer teve um orçamento de US$ 127 milhões e o filme anterior faturou nada menos do que US$ 310 milhões no mundo todo. Filho O diretor Bill Condon teve uma dificuldade extra na cena do parto de Bella, de modo a ser forte o suficiente como o livro, porém não prejudicasse a produção na classificação indicativa. “Bella vê diversas coisas, e ouve tudo, mas não vê o corte dos dentes pela carne. Você certamente sabe o que se passa por ali”, disse Condon em entrevista ao Boxoffice Magazine. O nascimento da filha de Bella com Edward, Renesmee, é uma das mais esperadas pelos fãs e o diretor disse que o resultado foi tão forte quanto um filme de terror. Mas a polêmica da classificação indicativa não ficou apenas nas cenas de terror. Houve também preocupações com o excesso de erotismo na trama. Afinal de contas, agora Bella e Edward estão casados e, como no livro, há cenas intensas de sexo. E muitas delas foram filmadas nas praias e cachoeiras de Paraty e nas ruas da Lapa, no Rio de Janeiro. No entanto, o resultado de tudo isso é que “Amanhecer” ganhou classificação 13 anos nos Estados Unidos e 14 anos no Brasil. Manteve sua classificação no país de origem e também por aqui, certamente graças a um lobby pesado dos produtores na MPA (Motion Picture Association). A trama toda gira em torno da gravidez de risco de Bella. Após o casamento, ambos têm sua primeira relação sexual e não imaginavam que um vampiro pudesse conceber um filho

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GRAVIDEZ

O nascimento do filho de Bella e Edward é uma das cenas mais esperadas pelos fãs

em uma mulher normal. Edward e Carlisle querem abortar a criança antes que ela mate Bella, mas ela continua com a gravidez com a ajuda de Rosalie. Mas ao descobrir que Bella está grávida, Sam, líder do bando de lobos, decide eliminar o bebê, que seria um perigo para todos. Mas Jacob (Taylor Lautner, o outro astro da trama), não concorda, pois Bella também morreria. Jacob abandona o bando. A gravidez de Bella avança em uma velocidade espantosa e sua chance de sobreviver é de 50%. Caso o coração parasse de bater, nem o sangue dos vampiros poderia salvá-la. Para se sentir melhor, Bella decide tomar sangue humano,

para alimentar o bebê-vampiro. O bebê nasce e, como era de se esperar, Bella não morre, mas vira finalmente uma vampira. O resultado é um filme que não impressiona muito. Nem pelos efeitos especiais, nem mesmo os cenários. O Rio de Janeiro aparece como puro clichê, mas os pontos altos do filme são de fato o parto e as cenas de sexo, o que devem atiçar os adolescentes. O filme poderia ter uma roupagem diferente se o estúdio tivesse prosseguido com a ideia de contratar Gus Van Sant para dirigilo. Imagine o que o diretor –especialista em dramas adolescentes– de “Paranoid Park” e

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“Elephant” faria com uma franquia dessas? Certamente algo bastante original. Até Sofia Coppola se mostrou interessada em dirigir o filme, mas o estúdio não topou porque ela teria que dirigir os dois longas baseados no último livro, e ela só poderia dirigir um deles. Com trilha musical assinada pelo novo hit teen mundial, Bruno Mars, “Amanhecer – Parte 1” ganha um tom ainda mais sensual ao som de “It Will Rain”, de Mars. “Amanhecer – Parte 2”, já está em fase de pós-produção. Ou seja, grande parte do filme foi rodada junto com o primeiro para economizar tempo e dinheiro (como em “Harry Potter”), e separada por um ano de distância, para dar tempo de faturar em DVD, games e TV paga. Ou seja, para quem gostar da primeira parte, terá que esperar mais um ano para ver a conclusão da história. Ou ler o livro e se saciar com a imaginação própria. E assim como o bruxinho saiu de cena neste ano, em 2012 será a despedida dos vampiros e dos lobos. Que outro ser exótico poderá vir para ocupar o lugar desta trupe tão rentável? Façam suas apostas. Hollywood está aceitando sugestões. •

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LOBO

Jacob é quem deve defender a ideia de que Bella precisa ter o filho de Edward

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FILME

Luz, câmera, educação ! Apostando na temática ambiental, projeto transforma alunos em cineastas na região Yann Walter Taubaté

A

té dois meses atrás, José Roberto Jacob Neto, 11 anos, não sabia quase nada sobre cinema. Mas as portas da sétima arte se entreabriram para ele através de um projeto cultural voltado para os alunos de 60 escolas municipais e estaduais do Estado de São Paulo. Impulsionado pela CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista), o projeto Circuito Cultural Cinema, Música e Teatro na Escola, que está em sua segunda edição, tem como objetivo promover a reflexão sobre meio ambiente e consumo responsável através da prática de atividades lúdicas e culturais. Ao todo, a iniciativa abrange 3.000 crianças em sete cidades, entre elas, São José dos Campos e Taubaté. A ideia é que os pequenos, divididos em grupos, escrevam uma história sobre algum assunto relacionado aos temas pré-definidos pela empresa. As histórias são avaliadas por uma comissão julgadora, e as sete melhores –uma por cidade– são transformadas em curtasmetragens. José e três amigos da Escola Municipal Sargento Everton Vendramel de Castro Chagas, foram os vencedores de Taubaté.

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Em São José, cinco alunos da Escola Municipal Professor Moacyr Benedito de Souza, no Campo dos Alemães, tiveram sua história transformada em curta. “Nosso filme é sobre reciclagem. É a história de um menino chamado Isaac que costuma dormir na escola, com a cabeça deitada em seu caderno. Um dia, o caderno fala com ele. Isaac não acredita e chama os amigos, mas aí o caderno fica mudo. Os amigos riem dele e o chamam de louco. Irritado, Isaac arranca páginas do caderno e as joga em cima dos outros garotos, que revidam. Na confusão, uma janela da sala de aula é quebrada. Quando volta para casa, Isaac volta a ouvir o caderno, que lhe diz: ‘Em vez de brigarem, você e seus amigos poderiam fazer reciclagem. Ganhariam um dinheiro para pagar a ja-

nela quebrada e fariam uma coisa boa para o planeta’. Isaac gosta da ideia e fala com seus amigos. Aí todo mundo sai catando papel e latinhas e separando o lixo”, contou José, animado por ter sido escalado para o papel principal. “Não conhecia esse mundo do cinema, não sabia nada sobre produção de filmes. Me diverti bastante, e ainda aprendi várias coisas sobre a reciclagem. Aprendi porque é importante reciclar o lixo, para não poluir o meio ambiente”, acrescentou o garoto. “As crianças amam ver seus projetos transformados em filmes. Viram atores, produtores. Para a maioria, é o primeiro contato com o cinema. Elas aprendem de forma lúdica e adquirem uma visão mais ampla sobre temas relevantes no mundo de hoje. Em resumo, tratase de uma iniciativa de inclusão

social através da cultura”, definiu Doralice Ferro, gerente de gestão estratégica da CTEEP. As fases de captação de imagens e edição foram concluídas em setembro e outubro, respectivamente. Os sete curtas são apresentados este mês, em exibições públicas e gratuitas. “Na edição de 2010, tivemos 1.700 espectadores. A expectativa para este ano é de um público maior, até porque no ano passado somente seis cidades eram contempladas pelo projeto”, destacou. Em São José, uma programação de três curtas –entre eles o dos alunos da EMEF Professor Moacyr Benedito de Souza– está prevista para o próximo dia 17, no Parque da Cidade. Em Taubaté, a exibição está marcada para o dia 23 de novembro no Centro Cultural. •

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CINEASTA

Jos茅 Roberto Jacob Neto, 11 anos, autor e protagonista do pr贸prio roteiro

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Música&mais SWU mostra line-up diversificado no festival Do pop americano do Black Eyed Peas ao som alternativo do Sonic Youth, a 2ª edição do festival muda de cidade, mas continua apostando na diversidade de artistas e na causa sustentável para atrair fãs de música de todo o Brasil Adriano Pereira São José dos Campos

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e todo mundo reclamou do Rock in Rio pela falta de do gênero que dá o nome ao festival, no festival SWU a diversidade é celebrada pelos fãs. Entre os dias 12 e 14 de novembro, em Paulínia, no interior de São Paulo, o evento se propõe a reunir músicos de diversos estilos e ainda discutir sobre sustentabilidade com nomes como Neil Young e Bob Gelfdof. Bem menor que o Rock in Rio, o SWU conseguiu reunir um line-up mais atrativo do que seu concorrente, apostando justamente nas mesmas falhas da escalação. A diferença é que a curadoria apostou na qualidade e não na quantidade. Por exemplo, o “dia do rock” do RIR foi na realidade o “dia do metal”, deixando os outros dias “livres” para serem pop. No SWU, o “dia do rock” consegue se dividir em várias frentes dentro de um mesmo estilo. Vejam só: do grunge dos anos 90

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vieram Alice in Chains e Stone Temple Pilots; ainda dos 90, mas não grunge, o Faith no More; do metal o Megadeth; do alternativo, Primus e Sonic Youth, e nessa tendência seguem todos os três dias do festival. Desta vez, o SWU terá quatro palcos (três ao ar livre) e cerca de 70 atrações em uma área quatro vezes maior do que no ano passado. A expectativa é atrair 70 mil pessoas por dia. A área vip será menor, não ficará na frente do palco, mas nas laterais, e terá capacidade para 4.000 pessoas. Quem quiser pode inclusive acampar durante os três dias do evento. O ingresso para o camping são vendidos pelos mesmos canais de venda dos ingressos para o festival: pelo site www.ingressorapido.com.br, pelo telefone (11) 4003-1212 (de segunda a sábado, das 9h às 22h, domingo e feriado, das 11h às 22h) ou nos 67 pontos de venda espalhados pelo Brasil (confira o site www.swu.com.br) Grunge revival Chris Cornell (foto), Alice in Chains, Stone Temple Pilots e Sonic Youth. O SWU nesse aspecto

parece um flashback dos anos 90. “Há um revival das bandas das décadas de 90”, diz Mac Chriesler, diretor-geral do SWU. O empresário, responsável pela organização artística do festival, considera a inclusão de um grande número de artistas oriundos do começo da década de 1990 no pacote deste ano como uma tendência natural iniciada pelo Rage Against the Machine: a banda de rap metal formada por Zach de la Rocha em 1991 se separou em 2000 e teve um retorno triunfante sete anos depois. “Isso começou quando eles se reuniram em 2007 no Coachella, em uma noite que bateu recorde de vendas. Isso inspirou bandas daquela época, como o Faith No More, a voltarem”, diz. “O público estava carente. O cenário de 1989 para 1990 estava parado, com a exceção do Pearl Jam. E o que aconteceu é que essas bandas voltaram cinco vezes mais forte do que eram. Antes elas tocavam para 5.000, agora são para 30 mil”, argumenta. Graças a Deus ninguém cogita um revival da onda de pagode e sertanejo dos anos 90 no Brasil!

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DVD

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Escrita pelo próprio Steven Tyler, vocalista do Aerosmith, o livro segue o roteiro: drogas, sexo e rock ‘n’ roll

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LOLLAPALOOZA

CD’S & MAIS

Muitos boatos e nada confirmado

VALE DESTAQUE THE BEACH BOYS “Smile Sessions” Gravado entre 1966 e 1967, o disco nunca fora lançado pelos Beach Boys. Agora, o material original ganha edição especial

NOEL GALLAGHER “High Flying Birds” Disco de um dos irmãos brigões e talentosos do Oasis. Lembra a banda, mas tem personalidade

FLORENCE + THE MACHINE “Ceremonials” Segundo disco da banda liderada pela voz ruiva poderosa de Florence Welch

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O line-up da edição do festival Lollapalooza no Brasil ainda está cercada de segredos, mas os boatos ganham força nos blogs especializados. O primeiro nome que surgiu nessa conversa foi do Foo Fighters, que se apresentou na edição americana deste ano. A banda anunciou turnê na América Latina mas não incluiu o Brasil no caminho. Além deles, o Arctic Monkeys e o Foster The People, que também se apresentaram na edição de Chicago, surgiram como possíveis nomes do festival no Brasil. Ambos também confirmam passagem pela América Latina, mas não confirmam os shows em São Paulo. O último nome dessa lista de suposições é o do Soundgarden, que não anunciou nada em nenhum lugar, mas surgiu como possibilidade. A organização do festival não confirma nenhum dos artistas, mas os indícios são bastante fortes.

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Ponto Final

Arnaldo Jabor

Steve Jobs criou uma ‘ciência alegre’

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teve Jobs me lembra aquela célebre foto de Einstein fazendo careta com a língua de fora. Einstein virou um ‘cult’ instantâneo. ‘Cool’, com suéter rasgada, cabelo de hippie velho, Einstein nos tranquilizou, como se dissesse: ‘Para além do incompreensível há o riso, o humano’. Jobs também diminuiu nosso medo diante da espantosa evolução científica. A ciência parece marchar sozinha sem o rosto humano de autores, se reproduzindo em incessante ebulição a caminho de um futuro ‘distópico’, como dizem os filósofos, apavorados pela falência de seus ‘universais’. Jobs nos restituiu a ideia de que nós, humanos, é que fazemos a ciência e que ela não aponta para um futuro terrível e negro, como nos livros de ficção científica. A tecnologia pode ser lúdica, compreensível, mesmo que não saibamos que porra é um gigabyte ou como se monta uma placa-mãe. Jobs humanizou a criação técnica, deu um rosto à máquina. Ansiávamos por um autor, por alguém que criasse tecnologia e não foi apenas ‘criado’ por ela. Vivemos em um mundo pós-ideias, um mundo onde grandes ideias iluministas que não sejam imediatamente “monetizadas” são cada vez mais raras. Steve Jobs restaurou a ideia de ‘sujeito’ para nós, ‘objetos’ de uma marcha insensata de incompreensões. De certa forma, ele nos devolveu uma utopia, sim, através da visão de uma tecno-ciência dominável, fácil, brincalhona. Como queriam os arquitetos do século 20, forma e função foram pa-

CONCEITO “Ele trouxe de volta um pensamento modernista” lavras idênticas na cabeça de Jobs, que claramente não era um ‘pós-moderno’, mas um ‘modernista’ renascido. Ele provou que, na mutação digital, instrumentos podem ser ideias concretas, impregnadas nos aparelhos, conteúdos na forma. Chips são conceitos. E é verdade, pois estão mudando o mundo até politicamente, como nas manifestações por democracia como vemos no mundo árabe e nas recentes marchas nos EUA, onde há um (ainda leve) “revival” dos movimentos dos anos 60. A ideologia que se desenha no ar é a de uma informação democratizada. Muitas revoluções derivam para o totalitarismo, mas o que Jobs fez é uma mutação sem rumo, misteriosa como a vida, sempre se reinventando. O século 21 começou com decepções e tragédias. O futuro era negro. Pode até continuar assim, mas Jobs foi um dos que nos fizeram acreditar que não seremos mais robôs sem alma ou desejo, mas que podemos agir no mundo, que o humano se revigora, se ‘vira’, renasce para além das ‘distopias’ que os metafísicos predizem para nos amedrontar. Marx tem uma frase genial: “O capital não cria apenas objetos para os ‘sujeitos’ consumirem, mas cria também ‘sujeitos’ para os objetos de consumo.” A frase tem um som de agouro trágico, pois seriamos sujeitos ‘programados’ pelo consumo. Até acho que já somos e seremos, mas, e daí? Jobs nos dá o ‘toque’

de que esses tais ‘sujeitos’ não serão necessariamente tortos ‘objetos’ de um capital tenebroso. Podemos ser sujeitos-objetos mais livres. Meu filho tem um IPod do tamanho de um relógio de pulso, que custou 100 dólares e que armazena 10 mil músicas e não está nem um pouco preocupado com o futuro terrível, nem tem medo de ser ‘fetichizado’ como mercadoria. Quem tem medo do futuro são os coroas como eu ou tristes ‘hegelianos’ sem assunto. Steve Jobs, filho da contracultura, da arte crítica, de Dylan e Picasso, do LSD que o ‘descaretizou’, criou uma espécie de filosofia prática, ‘de mercado’, indutiva, para além de explicações genéricas, de grandes narrativas universais. Desqualificou a busca de explicações finais, criou instrumentos para acessarmos o mistério que sempre haverá e sugere até que podemos chegar a generalizações discretas. Claro que ele não está sozinho, entre outros craques, como o careta Gates e o espertíssimo Zuckerberg –mas ele sintetizou e humanizou esta nova era. Ele tirou o computador dos laboratórios e fez a ciência cair na mão das pessoas. O indivíduo se sentiu importante de novo e não apenas um asno batendo cabeça para invenções incompreensíveis. Ele nos ensinou a transgressão contra uma sociedade conformista e obediente, quando disse (seja por marketing ou não): “Pense diferente! Meus computadores são para os rebeldes, loucos e desajustados”. Não me esqueço de 1998, quando ele lançou o genial slogan cartesiano: “I think, therefore, Imac!”. Não é lindo? Só entendi a importância profunda da ‘ciência alegre’ de Steve Jobs agora que ele se foi. •

Arnaldo Jabor Jornalista e cineasta

jabor@valeparaibano.com.br

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