Jornal Valor Local - Edição Agosto 2021

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Rádio Valor Local - www.valorlocal.pt - Ouça em todo o lado Jornal Regional • Periodicidade Mensal • Director: Miguel António Rodrigues • Edição nº 102 • 26 Agosto 2021 • Preço 1 cêntimo

Entrevistas com os seis candidatos à Câmara Municipal de Vila Franca de Xira

Valor Local Censos Censos 2021 2021

Pandemia está a trazer população da Grande Lisboa à procura de qualidade vida na região

Especial Autárquicas Vila Franca de Xira da 18 a 20

Azambuja e Vila Franca de Xira:

O que pediram ao Governo através da bazuca Economia na 7 Reportagem: Centro de Vacinação de Azambuja, depois do ato de vandalismo

Destaque da 12 à 16

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Suspeita de mão criminosa no incêndio de Manique

O combate ao incêndio de Manique contou com várias corporações- Foto Bombeiros de Azambuja s autoridades estão a investigar o incêndio do passado dia 18 de agosto em Manique do Intendente. O Valor Local sabe que existem suspeitas de fogo posto, até tendo em conta as evidências que já foram recolhidas e as que saltam à vista de todos. Segundo apurámos, o fogo que teve início perto das duas da tarde, e queimou cerca de 20 hectares, sendo o maior até o momento

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no concelho de Azambuja. Este fogo que chegou a ter quatro meios aéreos e combatido por mais de centena e meia de homens, trouxe no novo à tona a necessidade de cuidar dos bens e da limpeza dos terrenos como enfatizou à Rádio Valor Local, Eifel Garcia, o comandante dos bombeiros de Alcoentre que comandou as operações. As autoridades desconfiam que

por trás deste incêndio possa estar mão criminosa, até porque, poucas horas depois, deflagrava uma nova ignição em Vale das Éguas Alcoentre, quando, precisamente, todos os meios e todos os homens combatiam o primeiro fogo que chegou a colocar em perigo uma oficina e uma habitação. “Penso que esta foi a situação mais problemática”, refere o operacional que admitiu que quando

foi espoletado o segundo incêndio “à mesma hora”, houve uma maior preocupação porque os meios estavam todos alocados a Manique do Intendente o que levou à deslocação de mais meios aéreos, homens, e viaturas para o local, o que provocou um desdobramento de efetivos e que podia ter colocado em causa o primeiro sinistro em Manique do Intendente, que teve como maior inimigo o

vento forte que se fazia sentir. Eifel Garcia, que não quis confirmar a existência da investigação das autoridades, destacou igualmente à Rádio Valor Local, que esta segunda ignição queimou perto de 2,5 hectares. No entanto a proximidade e a hora em que deflagrou o segundo fogo, levou os populares e também as autoridades a suspeitar de mão criminosa.

Ainda assim, e com mais de 60 homens e meios aéreos deslocados para o segundo fogo, os bombeiros conseguiram extinguir sem grandes problemas o incêndio. Os bombeiros acompanharam de resto com preocupação as horas seguintes o incêndio em Manique do Intendente, com vigilância sucessiva até que fosse dado como circunscrito.

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Capela de Manique sofreu obras no valor de 100 mil euros

junta de freguesia de Manique do Intendente, Maçussa e Vila Nova de São Pedro levou a cabo obras na Capela de Santo António, que passou por uma remodelação e conservação do seu interior, e será colocada em breve à disposição do público. O Valor Local deu conta da aquisição do imóvel em 2017. A capela, propriedade particular, datada do século XIX, esteve anos ao abandono e os sinais disso eram bastante visíveis no exterior, levando a junta a reforçar as portas laterais e as janelas para que o templo não sofresse mais às mãos dos vândalos. Chegou a ser cape-

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la, adega, e palheiro ao longo dos últimos dois séculos. A intervenção que rondou os 100 mil euros, segundo José Avelino Correia presidente da junta, ao Valor Local, alargou-se ao telhado que foi forrado a madeira, acesso à zona do coro, piso, paredes bem como instalação elétrica nova. O intuito é fazer desta capela uma nova centralidade cultural na freguesia, mas que também possa servir para a realização de assembleias de freguesia, “até porque é um espaço com mais acessibilidades, dado que na junta a sala de sessões fica num primeiro andar”. A obra foi iniciada há cerca de sete

Obras na capela que pode servir para diversas atividades no futuro

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Depois do ato de vandalismo no Centro de Vacinação de Azambuja

Fomos conhecer quem trabalha na máquina que já vacinou mais de metade da população Sílvia Agostinho as últimas semanas foi notícia o ato de vandalismo perpetrado no Centro de Vacinação de Azambuja (CVA) que levou à indignação de muitos e à expressão de uma onda de solidariedade junto dos que ali trabalham. O Valor Local esteve no CVA local para conhecer o trabalho dos profissionais e para perceber da afluência dos jovens nesta altura em que começam a ser vacinados. Hugo Santos tem 13 anos e é um dos muitos adolescentes que por estes dias se deslocam ao Centro de Vacinação de Azambuja. Fomos encontrá-lo na companhia da mãe a aguardar vez para a primeira inoculação com a vacina da Pfizer. A maioria dos colegas já levou a vacina e é de forma descontraída e até banal que encara esta vinda ao Centro de Vacinação de Azambuja, onde milhares de pessoas do concelho e não só já foram vacinadas. Consulta o telemóvel enquanto aguarda sem razões de queixa. A mãe também já foi vacinada e encara este passo do filho com naturalidade. A escassas semanas do regresso às aulas, refere que nada lhe foi dito na escola, mas acredita que “mais cedo ou mais tarde a vacina vai ser obrigatória para todos os jovens”. “Os meus amigos já cá vieram e foi tranquilo, não dói nada”, responde Hugo Santos que desvaloriza o momento, e nem mesmo quando lhe perguntamos se é complicado andar sempre de máscara atribui grande importância – “Só mesmo quando faz mais calor”. Para os que todos os dias asseguram a vacinação no pavilhão municipal desde fevereiro, o cansaço já se começa a notar. A máquina não para e a logística é controlada ao mínimo pormenor

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desde a chegada das vacinas que são acondicionadas à temperatura correta, à preparação das doses. Antes convocou-se os indivíduos para aquele dia. O desafio passa também por fazer com que todo o percurso de cada utente decorra de forma pacífica, célere e sem complicações. O stress começa a instalar-se depois de muitos meses mas os que estão neste trabalho continuam com o espírito de missão de serviço público. Paula Cruz é assistente técnica no local e não esconde que tem sido “bastante cansativo”. O Valor Local ficou a saber que nos dias mais intensos quando ainda estavam a ser vacinadas as camadas mais velhas da população entre 300 a 400 pessoas eram atendidas por dia, e houve um dia que esse número ultrapassou as 500. Confessa que nem todos os jovens estão a ser responsáveis, porque “há muitos que agendam, mas não aparecem” sobretudo os que têm mais de 18 anos. “Já dos 12 aos 15 anos tem corrido muito bem”, talvez porque tenham de vir obrigatoriamente acompanhados dos pais. No dia 20 de agosto foram vacinados cerca de 300 jovens dessa idade. Nestes meses que já leva de centro de vacinação confessa que “há pessoas que se mostram muito agradecidas, mas também há as que ficam chateadas de esperar uma hora ou duas e começam a dizer mal de tudo e de todos”. O local foi alvo de vandalismo recentemente, com o rasgar da lona que serve de cobertura a quem aguarda no exterior do pavilhão para seguir o circuito da vacinação. Paula Cruz lamenta o sucedido porque “retira comodidade às pessoas”. A seguir ao incidente, a Câmara de Azambuja voltou a colocar a lona e apresentou

Carmina Marques e Carla Cunha testemunham o esforço de todos os profissionais

queixa. Carla Cunha, enfermeira e coordenadora do Centro de Vacinação de Azambuja, refere que uma das grandes dificuldades passou pelo contacto com os habitantes do concelho a convocar. Socorreram-se muitas vezes das juntas de freguesia. “Temos uma articulação com a Câmara, e com as juntas e esse trabalho foi muito complicado. Chegámos a ter oito administrativos para essa articulação”. Mesmo assim houve quem chegasse ao pavilhão e se queixasse de que não tinha sido ainda contactado. No pavilhão estão enfermeiros, médicos, e administrativos do centro de saúde de Azambuja e contratados de uma empresa, bem como assistentes operacionais, alguns cedidos pelo município. No centro de vacinação está sempre presente um médico e no dia da nossa reportagem estava de serviço o clínico Adriano Monteiro que presta assistência às pessoas vacinadas face a possíveis efeitos secundários.

Normalmente quem chega para a vacina costuma perguntar-lhe acerca disso mesmo. “As nossas enfermeiras dão um folheto às pessoas com a informação tida como necessária”, elucida. Os efeitos adversos também não são significativos – “Quem chega para a segunda toma não regista nada de especial após a primeira, na vasta maioria dos casos”. Depois há quem já venha com uma ideia na cabeça quanto à vacina que quer tomar, Carla Cunha, adianta que “muita gente quis fazer a Astrazeneca na primeira inoculação e na segunda”, isto tendo em conta que a dada altura a preparação biológica da Universidade de Oxford foi desaconselhada às camadas mais jovens da população. Já quanto à vacina da Jansen de dose única, Carla Cunha refere que, de acordo com as normas de vacinação contra a covid 19 atuais, esta está indicada para os homens com idade igual ou superior a 18 anos e para mulheres com idade igual ou superior

a 50 anos. No caso dos utentes com mais de 60 anos do sexo masculino e feminino está recomendada a vacina do laboratório AstraZeneca. Contudo, ressalva, que as utentes do sexo feminino entre os 18 e 49 anos “podem optar por efetuar a Janssen, assumindo por escrito a responsabilidade da administração da mesma.” O Centro de Vacinação de Azambuja tem também administrado vacinas da Moderna e do laboratório Pfizer, de acordo com as normas da Direção Geral de Saúde e orientações da Task Force. Segundo os últimos dados disponíveis e até à data de 18 de agosto de 2021 administraram-se 15 mil 520 primeiras doses de vacinas, o que corresponde a 73,72 por cento da população do concelho de Azambuja. Com a segunda dose da vacina, estão vacinados 11 mil 616 utentes, que corresponde a 55,18 por cento da população do concelho. No local já ocorreram reações

Desde fevereiro que a máquina está montada e várias pessoas envolvidas

Hugo Santos veio à vacina sem grandes complicações

adversas, “alguns desmaios” muitas vezes “por causa do calor ou do nervosismo” e “não devido à vacina que não provoca esse tipo de ocorrências”, refere Carla Cunha. Até ao momento apenas uma ou duas pessoas dos milhares que passaram pelo pavilhão registaram uma reação anafilática prontamente resolvida pelos profissionais de saúde. “Normalmente perguntamos se existe essa predisposição e se for o caso o utente é encaminhado para consulta de alergologia que vai definir se pode ou não ser vacinado, de preferência em meio hospitalar. Nestes dois casos reportados não existia histórico clínico ou qualquer indicador e como tal foram inesperadas essas reações”, descreve salvaguardando que aconteceram com esta vacina como podiam ter acontecido com outras vacinas como a da gripe. Nesta altura há menos pessoas a serem vacinadas por dia, dado que a grande maioria da população já passou pelo pavilhão. No dia da nossa reportagem estavam a ser administradas Jansen e Pfizer conservadas a uma temperatura de 4,2 graus, provenientes da sede do Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo, em Alverca. Preparar as vacinas para seguirem para a enfermeira que as irá administrar não é difícil, “mas apenas cansativo porque acabamos por estar aqui muitas horas”, conta Carla Cunha, que enfatiza – “Penso que a população não se dá conta do cansaço e do desgaste que nós sofremos porque chegámos a trabalhar dias e dias seguidos, e esta é uma máquina muito complexa”. Vacinar uma população inteira tem sido um trabalho árduo e muitas vezes “têm vindo pessoas de Lisboa, Cascais, Oeiras e Vila Franca”, porque “percebem que há vagas em Azambuja e agendam para aqui”. Uma das peças desta máquina são também as assistentes operacionais. Carmina Marques, trabalhadora do centro de saúde, está no pavilhão e encaminha os utentes para a meia hora de observação após a toma da vacina. Existe uma ordem nas filas para ser mais fácil perceber quem já pode abandonar o pavilhão porque a meia hora já passou ou quem tem de aguardar um pouco mais. Cabe-lhe a si higienizar as cadeiras. Refere que regra geral as pessoas cumprem as indicações. O trabalho acaba por ser um pouco cansativo “porque estamos sete horas em cima das pernas”, mas gosta do que faz.


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Aulas de equitação no Centro Hípico Lebreiro

Crianças com necessidades especiais de Azambuja precisam de mecenas Uma atividade bem recebida por todos

Sílvia Carvalho d’Almeida s crianças com necessidades especiais no concelho de Azambuja estão em risco de perderem o apoio para as aulas de equitação, no Centro Hípico Lebreiro, na mesma localidade. A bolsa, dada pelo Instituto Português da Juventude (IPJ), termina dia 9 de setembro, e alguns pais, sem possibilidade de pagarem as mensalidades, terão que retirar os seus filhos de uma atividade que tem benefícios comprovados para a sua saúde. Luís Ilaco é instrutor de equitação há cerca de 18 anos, formado na Escola Profissional de Abrantes, nas Mouriscas. Conta-nos que já tinha trabalhado com crianças com necessidades educativas especiais

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anteriormente, e que na sua experiência o saldo é muito positivo, pois estas apresentam, logo após as primeiras aulas, “resultados bastante bons a nível comportamental e motor”. “Consigo entrar em contato com elas através de exercícios de equitação que visam o equilíbrio” e é pelo “equilíbrio que as crianças dão ordens ao cavalo e comunicam com ele”. “Trabalhando isso o aluno ganha à vontade, segurança, domínio do corpo e das emoções, e solta-se o que se reflete no dia a dia, tornando-se mais feliz e corajoso”, descreve. “Também a postura, a maneira de pensar, e as capacidades de reação melhoram, para além de ser uma forma de socialização não só entre eles, mas também com o cavalo”. O centro hípico está à procu-

Os progressos são muitos segundo o instrutor

ra de mecenas para continuar a dar curso a esta atividade, e como tal o instrutor enfatiza que “esta é uma atividade bastante importante para estes meninos e meninas, e que se alguém tiver a oportunidade de dar o seu apoio, este será bem vindo, porque vemos felicidade nestas crianças, e muitas têm a ambição de mudar o mundo, mas se mudarmos algo na nossa terra ou neste caso no nosso picadeiro, já estaremos a fazer muito.” Teresa Carvalho, com uma filha de quatro anos, Ariana, pensa que acabar com este programa “não faz sentido”. Ariana não tem necessidades especiais, no entanto Teresa está solidária com os pais que não têm possibilidades de pagar, pois esta é uma atividade bastante importante para o seu desen-

volvimento. No caso da sua filha, que era bastante insegura, verificou uma melhoria significativa da sua autoestima, com apenas um mês de aulas. “A Ariana sai daqui eufórica e vai para casa contar tudo o que fez com o cavalo, está mais comunicativa, mais calma. Esta atividade tem tido resultados muito positivos para ela”. Maria João Catarino, do Centro Social e Paroquial da Azambuja, conta que tem visto melhorias significativas nos seus “meninos” e que este programa não deveria acabar, pois faz a diferença na vida destas crianças, sobretudo as que se enquadram no âmbito do autismo ou Síndrome de Asperger “que vivem fechadas no seu mundo muito próprio, e por vezes é difícil comunicar com as que se encon-

tram neste espetro”. É o caso de Enzo uma dessas crianças que no dia da nossa reportagem mostrava a sua confiança no cavalo. No entanto, estas crianças “estão muito mais calmas, comunicativas e doces, ou seja, diminuíram os níveis de agressividade, bem como de ansiedade. Os pais em casa também notam progressos”. Há contudo, muitos pais que não podem pagar, “pois as aulas são um pouco caras para os seus orçamentos, pelo que seria uma mais valia se pudessem continuar.” Também ao nível da hiperatividade, há relatos de melhorias. Carla Gonçalves, da mesma instituição, revela-nos que o Pietro, outra das crianças, “era muito agitada” até começar a frequentar as aulas de equitação. No entanto, “os resulta-

dos estão à vista”. “Está muito mais tranquilo, e seguro. Costumava ter brincadeiras mais violentas, tais como lutas, e agora esse comportamento parece ter diminuído.” Isabel Nolasco, presidente da associação sem fins lucrativos, deu recentemente uma entrevista à Rádio Valor Local, onde nos falava precisamente deste problema da retirada dos fundos, e da necessidade de encontrar mecenas que apoiem esta atividade. “Temos que pagar ao monitor, o que é um custo de cerca de 1000 euros mensais. São três horas às terças e quintas, e ao fim de oito semanas as crianças vão para casa, pois os fundos do IPJ acabam. Lançamos o desafio de que quem tiver posses para tal ajude, para conseguirmos dar continuidade a este projeto”.

Trabalhadores da Avipronto vencem braço de ferro travado com a empresa H á mais de um ano que os trabalhadores da Avipronto estão em luta pela reposição das condições salariais e a manutenção do contrato coletivo de trabalho, depois de a empresa do grupo Lusiaves ter anunciado a rescisão do mesmo, mas o volte-face deu-se nos últimos dias. Agora o Tribunal de Vila Franca de Xira veio dar razão aos trabalhadores e ao Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB) que interpôs uma providência cautelar “contra a tentativa ilegal da empresa com vista à implementação do regime de laboração contínua”,

pode ler-se em comunicado ou seja implementação de trabalho ao fim de semana com folgas rotativas de semana e sem acréscimo de ordenado. Contudo e ainda de acordo com a mesma nota de imprensa do SINTAB, uma vez em tribunal, no passado dia 18 de agosto, “a Avipronto deu o dito por não dito, dizendo que se tratava de uma mera ação de consulta e que apenas pretendia saber da disponibilidade dos trabalhadores.” Rui Matias, dirigente sindical, considera que houve uma vitória clara “e os advogados da empresa fizeram aquilo que era mais lógico que foi retirar a ação antes dela ser julgada”.

Para o SINTAB esta é “uma vitória clara dos trabalhadores por via da sua organização, com acompanhamento total do sindicato em oposição à implementação de horários desregulados e que desvalorizam a sua vida familiar.” A decisão do tribunal “foi clara, contra a pretensão da empresa, deixando antever decisão no mesmo sentido caso a Avipronto insista nesta intenção.” Os trabalhadores da Avipronto estão também em greve a todo o trabalho suplementar, desde março, por a empresa ter decidido, “de forma arbitrária e unilateral, deixar de aplicar o contrato coletivo do setor, alegando a sua cadu-

cidade”. As estruturas de representação dos trabalhadores vão agora interpor uma ação coletiva contra a Avipronto, no mesmo tribunal, “exigindo a reposição do cumprimento do Contrato Coletivo de Trabalho do setor do abate de aves.” O sindicato recorda que a Autoridade para as Condições de Trabalho nada fez em relação ao comportamento da empresa Avipronto. “Esse aspeto ainda não está resolvido, apenas nos debatemos em tribunal até agora com a implementação do trabalho ao fim de semana sem pagamento suplementar”.

Trabalhadores há mais de um ano que se manifestam contra a empresa

Rotura deixou azambujenses sem água nas torneiras várias horas N o passado dia 29 de julho, uma rotura na zona do Rossio deixou a população de alguns bairros da vila de Azambuja sem água nas torneiras durante uma boa parte daquele dia. A empresa con-

firma que o abastecimento esteve interrompido por mais de 12 horas. Segundo a ADAZ tratou-se de uma avaria complexa, que apesar da “rápida mobilização das equipas operacionais e dos meios ne-

cessários à reparação da avaria no menor intervalo de tempo possível, obrigou à substituição integral da tubagem no local, com a utilização de acessórios especiais e a reconstrução de alguns ramais domi-

ciliários”. “Apesar de alheia à nossa vontade, não podemos deixar de lamentar todo o transtorno e inconvenientes causados à população de Azambuja”, refere a administração

da ADAZ. As condições de compensação aos utilizadores face a este caso é a prevista no regulamento de serviços. As compensações em caso de falta de água na torneira são

calculadas em torno da componente na fatura denominada tarifa de disponibilidade que tem um valor unitário. No total da fatura, esse valor será divido pelo número de dias em que a água faltou.


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Azambuja e Vila Franca de Xira: O que pediram ao Governo através da bazuca Sílvia Carvalho d’Almeida oi aprovado o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a chamada Bazuca orçamental, que usará fundos europeus, para fazer face aos constrangimentos que inibem e limitam o desenvolvimento económico do país, nomeadamente as implicações económicas e sociais trazidas pela pandemia de Covid-19 em Portugal. O Valor Local contactou algumas Câmaras Municipais da região para saber o que é que isso implicará na prática nos seus concelhos e que tipo de ações reivindicaram junto do Governo quando foram chamadas a contribuir para o documento. De acordo com o PRR preliminar, de 15 de outubro de 2020, agora aprovado, Portugal acederá a uma dotação previsível de cerca de 14 mil milhões de euros em subvenções, a preços correntes, no período de 2021 a 2026. A estes fundos acrescem cerca de 15,7 mil milhões de euros na modalidade de empréstimos, cuja eventual utilização Portugal avaliará de forma criteriosa, em conjunto com as autoridades europeias. Ouvimos a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, que elenca as medidas mais urgentes para cada uma destas dimensões no seu concelho. Estas são “em primeiro lugar, a Variante de Alverca à EN10, que do nosso ponto de vista tem um enquadramento total nos objetivos subjacentes aos investimentos rodoviários previstos no PRR”. Outros dos investimentos sinalizados como prioritários são a construção dos nós dos Caniços e do Sobralinho, de acesso à Autoestrada do Norte, assim como o complemento do Nó 2 de Vila Franca de Xira. “Por fim, são também considerados de grande importância para o desenvolvimento do concelho a modernização e aumento da capacidade da linha ferroviária entre Alverca e Castanheira e a criação de condições de navegabilidade no Estuário do Tejo, até à Vala do Carrega-

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do”. Relativamente ao documento em si, o município verifica com alguma preocupação que embora a construção da Variante de Alverca constasse na versão inicial do Programa Nacional de Investimentos 2030, essa obra deixou de constar de forma expressa na versão final do mencionado Programa Nacional de Investimentos, não constando também do Plano de Recuperação e Resiliência. Considera por isso que “essa omissão deve ser suprida, já que a variante de Alverca é um investimento público estratégico, estruturante, urgente e inadiável para o concelho de Vila Franca de Xira, para a Área Metropolitana de Lisboa e para o País.” Reforça ainda, que a construção dos nós dos Caniços e do Sobralinho, assim como o complemento do nó 2 de Vila Franca de Xira são investimentos fundamentais e prioritários. “Estes investimentos não estavam previstos na versão inicial do PRR, esperando que a argumentação aduzida pelo município permita que eles venham a constar na sua versão final”. Ainda assim, assinala “como bastante positivo o facto de estarem previstos no PRR os investimentos relacionados com o alargamento da linha ferroviária e também a melhoria das condições de navegabilidade do Rio Tejo”. Relativamente à queixa de alguns autarcas quanto à falta de investimento no interior, e que segundo os mesmos este plano continua a perpetuar, responde que “essa é uma questão que extravasa a área de intervenção do município de Vila Franca de Xira. Caberá aos concelhos visados e às associações de municípios que os representam, fazer essa avaliação”. A Câmara Municipal de Azambuja, por sua vez, responde que na dimensão da resiliência, designadamente na componente da saúde, as medidas mais urgentes são “a realização de obras de requalificação profunda no Centro de Saúde de Alcoentre e intervenções de requalificação nos restantes centros

Objetivos do PRR S

Câmara de Vila Franca reivindica acessibilidades de saúde, a construção de um novo centro de Centro de Saúde em Aveiras de Cima, a aquisição de uma unidade móvel capaz de dar resposta aos munícipes em regiões sem resposta ao nível da saúde, a dotação dos centros de saúde com infraestruturas tais como gabinetes de saúde dentária, respostas de reabilitação e teleconsulta, respostas domiciliárias e aquisição de viaturas elétricas”. Noutras matérias e resumidamente a Câmara elencou várias necessidades junto da administração central: qualificar a Zona Industrial de Azambuja/Vila Nova da Rainha enquanto Área de Acolhimento Empresarial (AAE). No âmbito das qualificações e competências, “contamos apresentar uma candidatura à criação de um centro tecnológico especializado, vulgo escola profissional com oferta formativa quer para jovens quer para adultos e alargar a implantação dos clubes de Ciência Viva aos dois agrupamentos de escolas do município que ainda não dispõem do programa bem

egundo o documento, “as políticas estruturais têm de ter assim uma ambição renovada, que promova a dupla transição – climática e digital – e, ao mesmo tempo, reforce a resiliência, a coesão e a competitividade da nossa economia, sociedade e território, e responda ao desafio demográfico, visando garantir a transformação estrutural necessária e a convergência dos níveis de vida dos cidadãos portugueses com os níveis médios verificados na União Europeia”. Este plano atuará, portanto, em três dimensões: a resiliência, a transição climática e a transição digital. Em primeiro, “o reforço da resiliência económica, social e territorial permitirá estancar os efeitos da crise, mas também para preparar o caminho para a construção de uma economia mais competitiva, mais coesa e mais inclusiva, com maior capacidade de aproveitar as oportunidades decorrentes das transições climática e digital”. A promoção da transição climática pretende “contribuir para as metas climáticas que permitirão o alcance da neutralidade climática até 2050”, e a transição digital é uma aposta na “digitalização da economia, da sociedade e da administração pública, de forma a garantir um quadro de preparação das estruturas produtivas que contribua para um país mais competitivo, reduzindo nomeadamente custos de contexto”.

como garantir o apoio à dinamização de projetos”, adianta. O município apresentou ainda ideias no domínio da habitação e no apoio aos idosos. Quanto à transição climática, refere que “o PRR tem poucas oportunidades para as autarquias”, sendo que tem esperança que “o Portugal 2030 seja o instrumento financeiro indicado para esta área”. Quanto à transição digital, designadamente no âmbito das empresas revela que é de especial importância o incentivo ao comércio local pela criação de um Bairro Comercial Digital no concelho de Azambuja, alargando o já existen-

te Market Place, a funcionar no Hubs Lisbon Azambuja. Na componente da educação dar-se-á continuação ao projeto Escola Digital nos três agrupamentos de escolas de Azambuja Relativamente às restantes componentes, ressalva que “há que reconhecer que PRR tem poucas oportunidades ao nível da transição digital para as autarquias. O Portugal 2030 será certamente o instrumento financeiro” mais adequado. O município de Azambuja apresentou, no período de consulta pública do PRR, melhorias ao documento, no sentido de descentralizar para as câmaras, investimentos que estavam concentra-

dos na administração central. Termina esclarecendo que “a transição digital e climática exclui quase por completo as autarquias, estando estas previstas apenas no Portugal 2030”. O município diz-se ainda prejudicado no âmbito dos investimentos do PRR e do Portugal 2030 “porque há muitas áreas de candidaturas que nos estão vedadas, nomeadamente na Agenda 4 do Portugal 2030”. Relativamente à autonomia da Câmara estar a ser respeitada neste processo, garante que “há uma ligação muito estreita entre as reformas da Administração Central e os investimentos previstos no PRR. Isto significa que neste instrumento financeiro não há margem para projetos fora das reformas previstas. No entanto a autonomia dos municípios é respeitada na vertente política, não se poderá dizer o mesmo no que se refere à autonomia sobre o que queremos executar no nosso município, temos de nos cingir às opções existentes, e acabamos por ser uma espécie de braço armado do poder central, pois é a nós que compete grande parte da execução de alguns dos programas. Por outro lado, aquando da elaboração do documento, as Câmaras e as Comunidades Intermunicipais foram objeto de consulta”. O que não implica, necessariamente, que as sugestões tenham tido acolhimento. O Valor Local contactou ainda as Câmaras Municipais de Alenquer, Arruda dos Vinhos e do Cartaxo, estendendo inclusive o prazo de resposta, no entanto até ao fecho do jornal não obtivemos qualquer esclarecimento.

Município de Azambuja apresentou um vasto caderno reivindicativo


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Dossier Águas

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Pandemia: Qualidade da água na região não está comprometida o combate à pandemia, as empresas de abastecimento de água e saneamento da nossa região continuam com os planos de contingência em vigor. Depois do debate que levámos a cabo em plena terceira vaga, março deste ano, os diferentes operadores prosseguem o caderno de exigências que a Covid-19 veio impor. É assim no caso da Águas do Tejo Atlântico, do grupo Águas de Portugal, que trata o saneamento em alta e que serve entre outros concelhos os de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, e Vila Franca de Xira. Segundo a empresa ao Valor Local os colaboradores continuam a “tratar diariamente as águas residuais que recebemos nas nossas fábricas e ao mesmo tempo, garante-se a proteção e qualidade ambiental dos nossos rios e mar”. A empresa reforçou ainda a distribuição de Equipamentos de Proteção Individual (EPI’S), o trabalho remoto para todas as áreas de suporte, e resguardo social para os trabalhadores suscetíveis de estar em situação de risco. Já no caso da Águas da Azambuja (ADAZ), a empresa salienta que com a pandemia apostou, à semelhança do que já se fazia, num plano rigoroso de controlo de qualidade da água em todas as freguesias do concelho de Azambuja. Para isso, deu cumprimento aos seu Plano de Controlo de Qualidade de Água (PCQA) aprovado anualmente pela Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR) “em estreita articulação com a entidade em alta Águas do Vale do Tejo, que garante o fornecimento integral de toda a água distribuída no município de Azambuja, e a delegação saúde num trabalho estruturado que assegura os resultados de excelência na qualidade de água para consumo humano distribuída no

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mos que foi uma decisão certa, que o tempo veio dar razão na era digital. Através desta aplicação, o utilizador realiza todos os atos comerciais, evitando deslocar-se aos nossos balcões”.

Água da torneira na região continua a ser segura

Projetos desenvolvidos para estudar o comportamento do SARS Cov-2 nas águas Residuais

concelho da Azambuja”, refere. Todos os resultados são divulgando periodicamente no site da Águas da Azambuja. Sendo assim na implementação do Programa de Controle de Qualidade da Água, diretiva da ERSAR, a Águas da Azambuja não encontrou “grandes dificuldades no terreno” com as recolhas da amostragem e o trabalho laboratorial. “Tendo em conta o que foi o ano de 2020 e a situação epidemiológica vivida, houve um trabalho redobrado e cuidadoso no que diz respeito à escolha dos locais de amostragem. Desta forma, os pontos escolhidos refletiram de certa forma algum cuidado na escolha de amostragens no interior de habitações, privilegiando sempre locais com amostragens em acessos exteriores, por forma a reduzir um possível contágio entre a equipa operacional, colaboradores do laboratório e os nossos

estimados clientes.” No caso dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de Vila Franca de Xira “desde o início da pandemia que as medidas de controlo têm sido as habituais, cumprindo com rigor a legislação vigente para o sector, tendo, no entanto, os SMAS reforçado a fiscalização na rede de distribuição. Até à presente data, não se registaram quaisquer problemas para os nossos utilizadores.” O facto deste serviço da Câmara ter inaugurado, ainda antes da pandemia, um laboratório próprio faz com que em face dos desafios presentes tenha sido mais procurado por outras empresas, e nesse aspeto estão a ser efetivadas parcerias. Já quanto a mais necessidade de formação específica dos trabalhadores, a Águas do Tejo Atlântico assegura que a pandemia não obrigou a isso, mas houve

“um grande enfoque nas ações de comunicação interna de informação a todos os trabalhadores.” Neste âmbito e no que se refere ao trabalho da ADAZ o plano de contingência contém algumas alterações no que diz respeito ao atendimento ao público, “privilegiando sempre os canais não presenciais, ordenação diferenciada das equipas e dos meios, organização e limpeza/desinfeção dos espaços de trabalho e das instalações, recorrendo sempre que possível ao teletrabalho com equipas a funcionar em espelho num rigoroso cumprimento dessas orientações.” Já em Vila Franca de Xira, os SMAS referem que “após a inauguração do nosso laboratório, que já se encontra certificado, reforçámos o quadro técnico visando deste modo uma maior consistência no controle interno e externo na rede da distribuição de água.” Tendo em conta que neste último

Pedro Ribeiro espera que tribunal clarifique quem tem razão no caso Cartágua O

desfecho já era mais ou menos esperado, depois de muitos anos de hesitações e de existir um aditamento ao contrato por cumprir, a Cartágua, empresa privada que gere o abastecimento de água no concelho do Cartaxo, colocou o município em tribunal. Recorde-se que esse aditamento estava aprovado desde 2013 pelo antigo presidente da autarquia, Paulo Varanda, mas nunca foi colocado em prática pelo atual autarca, Pedro Ribeiro. Em causa estava o facto de prever um aumento

da água em 30 por cento no espaço de seis anos. Ao Valor Local, Pedro Ribeiro refere que vai continuar a recusar aumentos, até que estejam “devidamente fundamentados”, o que não é o caso na sua opinião. A meio deste percurso, o município pediu à Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) um parecer sobre o contrato, que acabou por ser arrasado por aquele organismo. A entidade fez um conjunto de recomendações, ressaltando que a

empresa mascarou as contas e favoreceu-se à conta das alterações de critérios variáveis como a inflação, os encargos fiscais, regras de contabilidade, e diversas alíneas financeiras. Pedro Ribeiro enfatiza que o contrato deveria ser alterado segundo as recomendações, produzidas em finais de 2018, pela entidade reguladora, mas tal não foi levado em linha de conta pela empresa. O braço de ferro tem perdurado sem que se chegue a consenso entre a Cartágua e o município. “A empre-

sa não aceita uma única recomendação e perante este impasse só por via judicial apenas conseguiremos resolver este problema”, diz Pedro Ribeiro que se diz expectante quanto aos resultados que o processo pode produzir. O autarca conta encontrar-se nos próximos tempos com Alexandra Leitão, ministra da Administração Pública para saber até que ponto pode conseguir respaldo financeiro para avançar com a rescisão no âmbito do Fundo de Apoio Municipal (FAM).

ano e meio foram privilegiados e amplamente divulgados os meios online para pagamento de faturas, a ADAZ disponibilizou, para além de todos os canais já existentes uma nova modalidade de interação – o webchat. Continuam disponíveis - o número de apoio ao cliente, o atendimento presencial por agendamento, email, site, e aplicação My Aqua. A empresa faz um balanço positivo destacando a capacidade de adaptação e de adesão aos meios disponibilizados aos clientes. Também em Vila Franca de Xira o pagamento de faturas e o contacto com os SMAS pelos canais não presenciais está cada vez mais vulgarizado. O My Aqua, para os SMAS de Vila Franca de Xira, tem sido um sucesso desde a sua implementação em 2017, com 5 mil 726 clientes, tendo hoje cerca de 30 mil aderentes em 73 mil clientes. “Considera-

A Águas de Portugal, e neste caso em concreto a Águas do Tejo Atlântico tem em desenvolvimento, o projeto Eco2Covid com o objetivo de estudar o comportamento do vírus nas águas residuais. Foi testado em ambiente laboratorial com água residual sintética, tendo depois sido realizados ensaios em ambiente real na Fábrica de Água de Chelas, em Lisboa, mas ainda não há resultados conclusivos Por outro lado, e simultaneamente foram apresentados os resultados do projeto COVIDETECT Sistema de Alerta Precoce da Presença do Vírus SARS-CoV2 através da análise de águas residuais coordenado pela Águas de Portugal. Desta forma apurouse que através de uma simples análise de rotina às águas residuais podemos prever com alguns dias de antecedência novos surtos de Covid-19. Ficou demonstrado ainda que é possível investigar a diversidade dos genomas do vírus SARS-CoV-2 que circulam numa comunidade através da análise de águas residuais, que poderá servir de apoio à vigilância clínica. Por outro lado, os dados obtidos para SARS-CoV-2 a partir das águas residuais não tratadas batiam certo com os novos casos diários para as regiões em que foram recolhidas amostras nas respetivas ETAR desses concelhos. Foi possível aferir que o tratamento de águas é eficiente para eliminar o vírus.

O presidente da Câmara continua a ver de bom grado a possibilidade de o Cartaxo aderir ao sistema intermunicipal da Águas do Ribatejo, apesar das polémicas que abalaram a confiança dos consumidores naquela empresa, decorrente da emissão de faturas com valores exorbitantes por via da inexistência de contagens reais durante o confinamento. “É tudo uma questão de avaliarmos, não vou para já adiantar nada nesse sentido, mas vamos ter em linha de conta todos esses indicadores que são públi-

cos”. Pedro Ribeiro confessa que ainda não fez as contas para saber se de facto compensa mais ou não ir para a Águas do Ribatejo. Apenas existiram algumas reuniões a nível técnico. Por outro lado, ainda não calculou os custos de voltar a assumir o serviço na sua totalidade, não esquecendo que teria ao mesmo tempo de indemnizar a empresa que ainda tem um contato para cumprir de mais 24 anos, mas esclarece – “À data de hoje não teríamos essa capacidade”.


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Rui Rio em Azambuja na apresentação da candidatura de Rui Corça Coligação Sempre a seu Lado (PSD, CDS-PP, MPT e PPM) apresenta a sua candidatura, às eleições autárquicas no concelho de Azambuja, no próximo dia 1 de setembro, onde vai estar presente o presidente do PSD, Rui Rio. A apresentação está marcada para o Restaurante Pôr do Sol em Aveiras de Cima.

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Mais tarde e no mesmo dia, Rui Rio vai estar presente ainda na apresentação da candidatura Nova Geração que concorre aos órgãos autárquicos de Vila Franca de Xira. Para além de Rui Rio estarão presentes outros dirigentes nacionais, distritais e locais dos partidos que compõem a coligação.

Em comunicado, a direção da campanha considera que” a presença do mais alto dirigente do PSD no nosso concelho diz bem da aposta que está a ser feita em Azambuja”. A coligação Sempre a Seu Lado concorre a todos os órgãos autárquicos do concelho de azambuja (7 freguesias, câmara e assembleia municipal).

Rui Rio vem pela primeira vez como presidente do partido a Azambuja

CDU quer acrescentar pesqueiros no esteiro A

António Sousa é o nome escolhido pela CDU para a junta de Azambuja

ntónio Sousa foi o nome escolhido pela CDU para cabeça de lista à Assembleia de Freguesia de Azambuja. O candidato que reside há anos em Azambuja, assume-se como militante comunista e sustenta que se for eleito terá muitos dossiers para se inteirar. Numa entrevista à Radio Valor Local, o candidato sublinha que terá de estudar ainda muitos dos assuntos que estão em cima da mesa. Em causa os acordos de transferência de competências entre a Câmara Municipal e a

Junta de Freguesia, que refere não conhecer em detalhe. Ainda assim admite a necessidade de diálogo constante entre ambas as entidades se for eleito como presidente. António Sousa, que trabalha na logística de Azambuja, tem como uma das suas preocupações o conhecimento mais detalhado dos projetos em curso. A requalificação do Esteiro e Vala Real, assim como a Vala do Valverde, merecem do candidato alguma apreensão. No entanto no caso da requalifica-

ção do Esteiro, sustenta que parece uma boa ideia, mas gostaria de acrescentar alguns pesqueiros para fomentar a prática da pesca desportiva e também os desportos náuticos, uma ideia comum também a outros candidatos. Sobre a saúde, António Sousa, que faz parte da Comissão de Utentes do Centro de Saúde de Azambuja, salienta que é com preocupação que assiste à saída de médicos. “O nosso centro de saúde está como toda a gente sabe. Cada vez temos menos médicos de família” refere António

Sousa que lembra que “os poucos que temos foram para o centro de vacinação, não deixa de ser importante, mas os médicos de família também fazem muita falta”. Ainda assim o candidato diz ser uma boa medida o facto de a Câmara Municipal querer dar incentivos aos médicos para se fixarem no concelho. António Sousa, diz que embora não conheça em pormenor o projeto, “é uma boa ideia, mas ainda não se sente o efeito prático”. Ouça a entrevista na integra em podcast em radiovalorlocal.com

Chega quer incrementar o desporto na freguesia de Azambuja M

afalda Maia é a candidata do Partido Chega à Junta de Freguesia de Azambuja. A candidata conta com Inês Louro como a sua número dois, fazendo com que a anterior presidente da junta eleita pelo PS e candidata agora à Câmara pelo Chega, concorra em simultâneo a dois órgãos autárquicos. A candidata diz que há muito por fazer em Azambuja e defende como uma das suas bandeiras a promoção do desporto na freguesia. À Rádio Valor Local,

a candidata do partido de André Ventura, defende o encerramento imediato do Aterro da Triaza e quer uma requalificação do Esteiro e da Praia da Casa Branca, referindo esta como uma necessidade em prol da promoção do turismo para a localidade. Sobre o desporto, Mafalda Maia sublinha a importância do mesmo para a localidade e recorda que a freguesia dispõe de bons recursos naturais para tal. Mafalda Maia refere ainda assim a necessidade de criar espaços

para a prática do desporto e para o lazer. “Temos de ter e aproveitar espaços para Paddel”, refere Mafalda Maia que quer maximizar a utilização do rio “que é bonito e sendo mais bonito e atrativo, as pessoas podem praticar ali canoagem, vela entre outras atividades”, sublinhando, entretanto que tal só pode ser concretizável em sintonia com as coletividades da freguesia de Azambuja. Mafalda Maia refere que será o

desporto uma das bandeiras do seu mandato. Ainda assim aponta também como meta a necessidade de fixar os mais jovens na freguesia, através da criação de novos cursos profissionais, vincando igualmente a necessidade de olhar para o urbanismo existente, até porque considera importante o setor da habitação e a valorização de casas já existenteS e reabilitadas no miolo histórico da vila. Ouça a entrevista em podcast em www.radiovalorlocal.com

Bloco de Esquerda defende asfaltamento da rua principal de Azambuja N

Sílvia Vargas é cabeça de lista do BE à junta de Azambuja

ão têm sido unânimes as opiniões quanto ao asfaltamento da principal rua de Azambuja. A autarquia quer acabar com o piso irregular e com o compactamente mal feito nas últimas obras naquela via. A obra que data de 2003, ainda no tempo de Joaquim Ramos como presidente de Câmara socialista, tem sido um alvo de discussão entre os vários candidatos à Câmara e Junta, com opiniões bem diferentes. Sílvia Vargas, a candidata do Bloco de Esquerda à Junta de Azambuja, é da opinião de que a

rua deve ser asfaltada. Uma opinião que vai ao encontro da do candidato socialista, André Salema, que também na Rádio Valor Local, defendeu essa hipótese. Sílvia Vargas, que se apresenta pela primeira vez a votos, sublinha que a obra original ficou mal feita e por isso, refere que qualquer tipo de solução é melhor porque claramente “como está não funciona”. A candidata do Bloco sustenta que a rua “está aos altos e baixos”. “Quando chove muito entra água para as casas das pessoas e para as lojas” e por isso sublinha que “este

Mafalda Maia é cabeça de lista e Inês Louro vai em número dois

é um assunto que tem de ser tratado”. Sílvia Vargas, considera que o asfaltamento é a melhor solução, mas diz ser necessário “perceber como está o terreno por baixo. Tem de ser uma obra bem feita”. A candidata também sublinha, entre outras questões, a necessidade da requalificação dos parques de estacionamento junto à estação dos comboios. Sílvia Vargas refere que é urgente esta reparação, para evitar que quem usa apenas o comboio e está em Azambuja de passagem, possa estacionar nos par-

ques de forma segura e deixe lugares vagos na vila para quem precisa de ir aos diversos serviços. A candidata sustenta ainda a necessidade de recuperar a praia da Casa Branca em Azambuja e o Palácio das Obras novas, tendo em conta o crescente turismo que temos vindo a assistir na região. Sobre as festas na freguesia, a candidata refere que há pouco a mudar, assim como a Feira de Maio, onde não mudaria quase nada. Ouça em entrevista em Podcast em www.radiovalorlocal.com


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Aterro de Ota será visitado de novo pelos deputados no início do próximo mandato Comissão de Ambiente e Ordenamento do Território da Assembleia Municipal de Alenquer promete mais fiscalização no próximo mandato ao aterro de resíduos industriais não perigosos da Proresi em Ota. João Nicolau, deputado do PS, que está à frente desta comissão pretende agendar nova visita após as eleições. Salvaguarda que daquilo que lhe foi possível observar numa vista empreendida, ainda no ano passado, pelas diferentes forças políticas ao local a empresa mostrou as instalações sem reservas. Foram manifestadas preocupações quanto aos odores e de que forma é que se podem minorar, bem como o impacto visual das células quanto à sua altimetria, mas também o crescente tráfego de camiões com destino às instalações, e que atravessam diariamente a estrada da localidade com os vários incómodos associados. O deputado diz que foi esclarecido quanto à altimetria, dado que lhe foi transmitido que “os resíduos ao longo do tempo vão ficando cada vez mais compactados no solo e a altura das células diminui por conseguinte” e como tal “não se prevê que a altimetria suba acima do que está salvaguardado”. João Nicolau adianta que a empresa ficou incumbida de diminuir o impacto visual das células do aterro com coberto vegetal mas isso é algo que ainda está longe de ser posto em prática, apesar do compromisso assumido com o município. “Pelo

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Em 2025, a Proresi terá de obter licença ambiental para continuar a laborar

que sabemos é uma operação que ainda vai levar o seu tempo pois há que assegurar a estanquicidade da célula”. Como tal, e no próximo mandato “vamos tentar fazer uma nova visita ao aterro para nos assegurarmos do cumprimento do que nos foi transmitido”. Em 2025, o aterro de Ota terá de renovar a licença ambiental, pelo que “acredito que um ano antes devem começar a tratar dos procedimentos”. O de-

putado refere que a unidade contempla seis células, mas apenas três estão em funcionamento. A empresa assegurou ainda que vai estudar a viabilidade técnica de recolha e queima de biogás no aterro de forma a minimizar a questão dos maus cheiros. No Plano Ação Aterros dado a conhecer pelo ministério do Ambiente, o aterro de Ota recebeu a visita ainda no ano passado da Inspeção Geral da Agricultura, do

Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) e pelo que sabe “não houve contraordenações de maior”. Na sua experiência como deputa-

do na Assembleia da República refere que a nova legislação para a gestão de resíduos que entrou em vigor a um de julho deste ano prevê que “nos próximos dois a

três anos não seja permitida a colocação de recicláveis em aterro bem como os biodegradáveis ou outros que não tenham sofrido um pré-tratamento”.

Criada comissão municipal para acompanhamento do aterro do Mato da Cruz F oi constituída uma comissão de acompanhamento para a atividade do aterro do Mato da Cruz que se situa entre as freguesias de Alverca/Sobralinho e Alhandra, S. João dos Montes e Calhandriz em reunião de Câmara de Vila Franca de Xira. O objetivo será principalmente acompanhar a selagem e a monitorização deste aterro que o município pretende que entre em velocidade de cruzeiro, mas que teima em arrastar-se. Recentemente a Valorsul enviou uma nota aos órgãos autárquicos a informar que pretende deixar de depositar cinzas inertes provenientes da sua central incineradora bem como desenvolver as duas fases de selagem das três células de resíduos sólidos existentes no Mato da Cruz, embora sem definir um calendário para o efeito.

Na discussão, Nuno Libório da CDU concordou com a comissão e sugeriu a integração de elementos da população para que a ação reivindicativa se consolide. O autarca recordou que também “é necessário que os municípios reassumam o controle da empresa” que passou a ter como acionista maioritária a Mota-Engil após a privatização da Empresa Geral de Fomento (EGF) ainda no governo de Passos Coelho, sublinhando que o PS deverá “encontrar uma solução na Assembleia da República”. O autarca referiu que é necessário que a população tenha uma voz nesta comissão e estranhou a ausência de um elemento da administração da Valorsul na dita comissão. Já Rui Perdigão, do Bloco de Esquerda, procurou saber onde será construído o próximo aterro, sublinhando que Vila Franca já

teve o seu ónus com estruturas deste tipo. Alberto Mesquita, presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, lembrou que na comissão de acompanhamento da Cimpor também não estão representados elementos da população ou associações, mas salvaguarda essa possibilidade de futuro “porque não podemos excluir ninguém”. Para o autarca “é necessário que se encontrem soluções no futuro que não passem apenas pelos aterros que estão a ficar saturados, e por isso há que encontrar uma saída mais tecnológica”. Quanto ao facto de não estar presente nenhum elemento do conselho de administração da Valorsul ou outrem por ele indicado, refere que assim está “garantida mais independência desta comissão na produção de relatórios e atas”.

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Censos 2021

Pandemia está a trazer população da Grande Lisboa à procura de qualidade vida na região Dez anos se passaram desde os últimos censos, pelo meio o país enfrentou uma das maiores crises económicas de que há memória. Foram os tempos da Troika em que o mercado imobiliário mudou radicalmente. O Valor Local recorreu a alguns dos maiores especialistas do fenómeno na nossa região, alguns agentes imobiliários de uma conhecida marca para nos ajudarem a compreender de que forma o mercado tem evoluído, mas também ao testemunho das pessoas que cá vivem. Nos últimos dois anos, e fartas do confinamento e de viverem em “caixotes” nas grandes cidades há quem procure os nossos concelhos em busca de um pedaço de qualidade de vida e de natureza. Sílvia Agostinho concelho de Azambuja é cada vez mais procurado por quem vive na capital mas também nas cidades circundantes. É certo que os Censos não foram muito simpáticos, mas as perspetivas são animadoras assim haja casas para corresponder à procura o que não tem sido o caso. Há mais de 10 anos que não são construídos prédios com apartamentos na sede de concelho. Em Azambuja vivem menos pessoas do que em 2011, contudo este município ribatejano escapa à hecatombe registada em municípios próximos do distrito de Santarém, mas não consegue ver a sua população a crescer em comparação com o concelho vizinho de Alenquer. A queda populacional é de 1,8 por cento. Passou de 21 mil 814 habitantes para 21 mil 421 residentes. O concelho é constituído por 8372 agregados para 12 mil e oito alojamentos. Decresceu o número de edifícios, atualmente 9456, o que representa menos 0,3 por cento. Entre quem saiu deste concelho e quem entrou, ouvimos alguns testemunhos. Soubemos através de alguns agentes da imobiliária Remax que a proximidade ao aterro tem levado a que várias famílias tenham abandonado a urbanização da Quinta da Marquesa em busca de outro local para viverem, de preferência fora da vila, devido aos maus cheiros. Luís Miguel vivia naquela urbani-

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zação e este ano foi viver para Vale da Pedra, no concelho do Cartaxo, para uma quinta que ficou a bom preço. Diz que o preço da água é mais em conta, e que o que pagava num mês em Azambuja agora chega para dois meses. Ainda procurou casa em Marinhais e Salvaterra, mas a opção foi em definitivo para o concelho vizinho, porque sempre gostou do Cartaxo. Refere que foi excelentemente recebido pelos novos vizinhos e que conseguiu o abastecimento de água para a sua rua, algo que as pessoas já reclamavam há muito. Por ser zona de quintas ainda não tinha sido prestado este serviço. Quanto à Quinta da Marquesa, vendeu a casa a uma pessoa de Sacavém. Chegou a queixar-se dos cheiros do aterro. Mas prefere desvalorizar a circunstância: “Houve dias em que os cheiros estavam piores, mas não foi isso que me levou a sair dali, apesar de sentir que havia mais melgas e moscas naquela zona onde vivia”. Os vizinhos, alguns deles queixavam-se, recorda, “mas se calhar porque dá jeito dizer mal só porque o outro vizinho também diz”. Contudo acredita que no futuro a qualidade de vida possa ficar realmente comprometida para quem viva na Quinta da Marquesa, “se o aterro continuar a receber dezenas de camiões de lixo por dia, como tem acontecido nos últimos tempos”. Para além disso, constata que passado pouco tempo de estar a viver naquele con-

celho foi-lhe atribuído médico de família, quando em Azambuja já estava há mais de quatro meses à espera em virtude de se ter aposentado uma das médicas“Não quero dizer mal de Azambuja, mas não percebo por que razão num concelho as coisas são tratadas de uma forma e noutro é ao contrário”. No outro lado da moeda, temos Paulo Tavares, que veio da Póvoa de Santa Iria e no espaço de um ano e meio, veio ele, a mulher e as filhas para a urbanização da Socasa Nova, mais uns tios, oriundos de Vialonga, para uma outra casa na mesma zona. Há ainda um outro familiar que anda, nesta altura, à procura de habitação igualmente na vila. O pai de Paulo Tavares já se encontra a morar também no concelho, em Vale do Paraíso, ou como nos diz “O Céu do Paraíso”, tendo em conta “o sossego e a liberdade” inigualáveis. Ambos acreditam que toda a família ganhou qualidade de vida com esta mudança. Conhecia Azambuja de passagem. “Sempre foi uma zona que me agradou bastante”, refere. Vivia na Quinta da Piedade, uma das urbanizações com maior densidade populacional do país, e apesar de ter mais serviços e comércio à porta, o que ganhou em qualidade de vida não tem preço. “É certo que só temos dois supermercados em Azambuja, mas o Carregado está próximo e quando queremos fazer umas compras maiores vamos até lá a es-

Urbanização da Quinta da Marquesa fustigada pelos odores vindos do aterro

Vila de Azambuja continua a ser muito procurada devido à linha de comboio

sas superfícies. Como trabalho no Carregado também facilmente me desloco a um desses supermercados”. Foi em inícios de 2019 que começou a procurar casa. Na altura estava a terminar o contrato de arrendamento na casa onde vivia na Póvoa, e o preço que propôs ao proprietário para a compra do imóvel de inícios da década de 90 não foi aceite. A sua pesquisa incidiu-se sobretudo no Carregado, Castanheira do Ribatejo e Azambuja. Localidades próximas do trabalho e com comboio à porta tendo em conta que a esposa usa aquele meio de transporte para ir todos os dias para Lisboa. Se por um lado as viagens para ir trabalhar para o Carregado são mais curtas e poupa em combustível e na manutenção do automóvel, por outro lado viu subir substancialmente a fatura da água. Paulo Tavares mantém o mesmo perfil de consumo, porque continuam a ser quatro pessoas em casa, e os usos que faz da água são idênticos aos praticados na Póvoa, mas quando antes pagava entre 30 a 35 euros por mês, em Azambuja chega a pagar entre 60 a 70 euros. “Notei de facto que a água é muito cara aqui, mas paciência!”. Em Azambuja opera um privado, enquanto no concelho de Vila Franca o abastecimento e saneamento é explorado pelo próprio município. Paulo Tavares, contudo, continua a realçar que fez um bom negócio, porque a moradia T3, onde

vive atualmente em Azambuja, se fosse na Póvoa teria um custo hipotético de “uns 350 mil euros”, quando acabou por comprar por menos de metade desse valor. O que mais gosta na sua casa é o espaço exterior onde consegue fazer “uns grelhados” e as filhas “podem brincar e apanhar um pouco de sol”, algo impensável no sítio onde residia antes. Segurança, liberdade e locais para respirar ar puro são os principais atrativos da vila de Azambuja. Ainda pensou duas vezes em sair da Póvoa por causa dos estudos das filhas, 11 e 7 anos, mas mesmo neste item Azambuja revelou-se uma boa surpresa – “As escolas são todas umas ao pé das outras. Posso mesmo dizer que para mim constatar isso foi o suprassumo e a cereja em cima do topo do bolo, porque podem ir até ao 12º ano sem saírem de Azambuja. Não precisam de transporte porque as escolas ficam pertíssimo de casa”. Mesmo na famigerada questão da falta de médicos não há razões de queixa – “Passado pouco tempo de cá estar foi-me atribuído um médico de família”. Sobre a oferta de lazer existente na vila acha que é satisfatória – “Temos uma piscina o que é ótimo bem como um espaço de ginásio e desporto no Grupo Desportivo de Azambuja nuns armazéns lá em baixo ao pé do Intermarché com várias modalidades”. O novo morador tem estado atento a algumas iniciativas culturais

e assistido aos concertos de verão do programa Artéria. “Não vejo nenhum ponto negativo em Azambuja”. Nem mesmo o problema do aterro sanitário lhe tira o sono – “Confesso que já dei por cheirar mal lá na Socasa devido ao aterro, mas foi passageiro e nada de especial. Na Póvoa era pior quando estava a laborar a antiga fábrica da Solvay devido aos químicos”. Antes de vir para a localidade já sabia da sua existência “porque passava muito aqui na Nacional e não era algo desconhecido”. “Sem dúvida que “Azambuja é para ficar”, conclui. Jorge Simões, agente da Remax, foi quem ajudou Paulo Tavares a concretizar a sua vinda para Azambuja. Apesar dos censos terem sido ligeiramente negativos para o concelho, tem a perceção de que a vila de Azambuja mais em concreto continua a ser “bastante procurada” por quem vem de fora, sobretudo pessoas oriundas de Lisboa e localidades periféricas como Loures, Santa Iria da Azóia, Vialonga ou Odivelas. No ramo há três anos, exatamente o mesmo período de tempo em que o drama do aterro veio abalar o conceito de viver em Azambuja, Jorge Simões refere que quando vende casas na Quinta da Marquesa opta por informar acerca da existência da unidade da Triaza por um dever de consciência, mas também conta que já vendeu uma casa naquela urbanização a alguém que “já residia anteriormente na vila, que conhecia a cir-


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cunstância em causa, que desvalorizou e continua lá a morar sem grandes problemas”. O que nota sobretudo é que muita gente saiu daquele local, mas rapidamente as habitações foram ocupadas de novo. “Também vendi uma casa na urbanização ao pé do Intermarché relativamente perto do aterro, e segundo os vizinhos a quem perguntei antes de mostrar o imóvel, o que me foi dito é que acaba por não transtornar diariamente”. O grande atrativo de Azambuja, na sua opinião, é o transporte ferroviário, e quem o procura já fez o trabalho de casa nesse sentido. Quando mostra os atrativos de Azambuja, as pessoas identificam-se ou não, regra geral acabam por se queixar “principalmente da escassa oferta de supermercados”. Uma das principais dificuldades que encontra no seu trabalho é encontrar novas habitações. Nesta altura tem na sua carteira de clientes um casal que quer ir para uma habitação de um segmento superior, mas como não há casas novas em Azambuja a procura está mais difícil. O último edifício de apartamentos foi construído em 2010 perto da estação de comboios. Já quem sai “é por motivos de força maior, como divórcios, questões profissionais, mas é raro encontrar alguém que queira vender a casa porque alega que não gosta de cá viver ou se sinta mal em Azambuja”, reforça Jorge Si-

mões. Maria da Luz Fuzeiro, igualmente agente da Remax, já estava na profissão antes dos censos de 2011, e sendo assim consegue fornecer uma visão que contempla o hiato de 10 anos, em que “o mercado se alterou profundamente”. Divide-se entre Almeirim e Azambuja, e neste concelho relembra que no início da década passada e em plena crise e período da Troika “muita gente perdeu as casas para a banca e basicamente eram esses imóveis que vendíamos”. Quem passou pela inevitabilidade de perder as suas casas em Azambuja, naqueles anos, logo depois “procurou ir viver para fora daqui por vergonha”. Maria da Luz Fuzeiro já adivinhava que a bolha imobiliária estava a adensar-se antes da crise de 2011, porque em 2007 e 2008 “a banca emprestava a rodos, e o dinheiro dava para a casa, para comprar carro e viagens, e pressentia-se que mais cedo ou mais tarde a corda ia rebentar para algum lado”. Naquela altura para comprar casa não era necessário dar uma entrada, apenas em 2019 passou a ser obrigatória essa questão. Paralelamente “muitos construtores aqui da nossa região tiveram de entregar imóveis à banca, que deixou de poder emprestar dinheiro para a construção”, sendo que “alguns desses empresários não se conseguiram reerguer”. Também constata que “muita gente de fora, da zona de Lisboa,

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Paulo Tavares está mais do que satisfeito por ter vindo viver para Azambuja e o pai adora Vale do Paraíso escolhe Azambuja, porque fica mais em conta, mesmo com a agravante de passar mais algum tempo em transportes”. Embora “seja muito difícil encontrar novas casas para essas pessoas”. Apesar dos prós e contras, “em geral as pessoas gostam de Azambuja para viver e muitos casais jovens que saíram têm regressado para junto da família”. Segundo Maria da Luz Fuzeiro: “Aveiras de Cima também tem procura, mas a partir daí para cima as pessoas não gostam, sobretudo quando falamos em Alcoentre, porque é uma localidade que já fica longe do comboio e não compensa”. Manique do Intendente, Maçussa e

Vila Nova de São Pedro “são localidades atrativas pela paisagem, mas apenas para quem possui capacidade para ter uma segunda habitação”, ou seja, uma casa no campo para as férias ou fins de semana. Já no mercado das casas para regeneração urbana são procuradas por alguns investidores, com o objetivo da sua recuperação, para depois as colocarem para arrendamento, sendo esta uma nova faceta do mercado imobiliário mais recente. “A Câmara tem incentivos e é questão de as pessoas procurarem esse tipo de casas, porque há benesses que são uma mais-valia”.

Contudo sabe que em breve será construído um novo complexo de apartamentos na zona do Intermarché. A agente imobiliária sabe de terrenos na freguesia em zonas que seriam ótimas para a construção de mais prédios “mas a banca está a pedir valores para tal muito altos” o que no fundo é mais um entrave ao surgimento de nova construção, nomeadamente, fala em terrenos na zona da escola Boavida Canada, propriedade do Montepio. Já no setor do arrendamento, não há praticamente casas, e sempre que um imóvel é colocado no mercado para esse fim, chovem ofertas e os negócios são fecha-

dos a grande velocidade, praticamente em 24 horas. Nesses casos há interessados em vir para uma casa de renda em Azambuja de localidades como Lisboa ou outras próximas porque os preços são ainda mais exorbitantes nas grandes urbes. “Muitas dessas casas são arrendadas a preços proibitivos e penso eu que tem de existir algum tipo de ajustamento. Ninguém pode pagar 500 quando recebe 700 euros de ordenado”, desabafa, adiantando – “Felizmente os meus clientes com casas à renda em Azambuja são conscientes e têm noção de que o nosso mercado não comporta determinados preços”. PUB


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Alenquer com mais população desde há cinco anos Alenquer registou um dos mais significativos aumentos de população

ais pessoas vieram viver para o concelho de Alenquer nos últimos 10 anos. Em 2011, residiam neste concelho 43 mil 267 indivíduos, quando hoje esse número chega aos 44 mil 428, representando uma varia-

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ção de 2,7 por cento. O número de agregados também subiu – cerca de 3,2 por cento, sendo hoje 17 mil 304. Aumentou em 0,2 por cento o número de alojamentos – 2533 bem como o número de edifícios se bem que de

forma praticamente insignificante numa variação de 0,1 por cento – 16 mil 351. Pedro Folgado, presidente da Câmara, demonstrou ao nosso jornal o seu regozijo pelo aumento populacional, contudo refere que o desafio “é tam-

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bém muito significativo” dado que as escolas do concelho estão cheias e são necessárias soluções que deverão passar por mais estabelecimentos escolares. Para nos ajudar a compreender o fenómeno no concelho, falámos com mais um agente imobiliário ligado à Remax, neste caso Hugo Silva que tem a sensação de que nos últimos cinco anos, o preço “proibitivo” das casas em localidades como Odivelas, Lisboa, Loures, Alverca, entre outras, levou a um aumento da apetência por Alenquer. Poucos anos depois da saída da Troika os valores aumentaram significativamente nesses locais. Hugo Silva ilustra – “Imagine um T3 nas Colinas do Cruzeiro no concelho de Odivelas pode custar 300 a 400 mil euros, mas em Alenquer fica entre os 120 e os 130 mil euros”. O seu cliente tem preferência pela sede de concelho em detrimento do Carregado, mas tudo

depende também dos preços. A pandemia no seu entender não veio abalar o negócio, e nos últimos dois anos tem registado que a procura vai para moradias com o denominado quintal ou jardim “nem que seja com 30 metros quadrados de relva onde os filhos possam estar a brincar”. Mas se na envolvente existirem espaços verdes “onde as pessoas podem passear então é o pleno”, isto à exceção da “Barrada procurada por uma classe com menos posses e onde a qualidade de vida é menor bem como a segurança”. Hugo Silva refere que de um momento para o outro começou a ser importante para as pessoas “a sensação de poderem andar na rua, sobretudo em zonas verdes, para passearem os filhos, e os animais”, nomeadamente na Quinta do Bravo, na Romeira, mas em parte também no Carregado, o que não acontecia “nas zonas onde moravam antes, onde há sempre

muito trânsito e os parques infantis para os miúdos estão sempre atolados de gente”. Fatura da água é fator desmoralizador no concelho Quem vem viver para este concelho, enfrenta na sua perceção um ou outro revés, sendo que a fatura da água é um dos principais – “Não só a água é intragável como é caríssima e isso é relatado pelos meus clientes que vêm para cá morar”. Por outro lado, e por ser uma zona húmida há queixas de que isso se sente nas habitações que ganham humidade com facilidade. Já quanto a quem sai do município, “estamos a falar de pessoas que viviam nos limites do concelho como Aldeia Gavinha ou Abrigada que preferem ir morar para zonas mais próximas da capital como por exemplo Vila Franca” para evitarem deslocações mais cansativas para o trabalho.

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Arruda dos Vinhos, o concelho que mais cresce em população á era mais ou menos esperado, o concelho de Arruda dos Vinhos registou uma subida populacional de 4,4 por cento, passando de 56 mil 658 residentes em 2011 para 58 mil 411. Já quanto ao número de agregados familiares regista uma subida de 3,6 por cento com 22 mil 612 famílias. Há ainda mais alojamentos (0,3 por cento) – 30 mil 184, e mais 0,2 por cento de edifícios – 21 mil 033. O presidente da Câmara de Arruda, André Rijo, contudo, esperava que esse aumento fosse mais substancial, até porque há mais 600 pessoas recenseadas desde as eleições de 2017. “De acordo com o retrato territorial de 2019 pensávamos que teríamos uma taxa superior, dados estes resultados preliminares dos Censos que nos parecem contraditórios, mas já fizemos sentir isso junto de quem de direito”, refere. Sofia Rodrigues e Nuno Figueiredo são um jovem casal de Odivelas que vai assentar arraiais na localidade de Ajuda, na freguesia de Arranhó. Estão a dar curso há cerca de um ano a este sonho depois de terem comprado um terreno. “Somos ambos entusiastas da natureza e da qualidade de vida e este foi o local que nos fez sentido, apesar de também termos procu-

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O futuro deste jovem casal de Odivelas passa por Arranhó

rado casa na Malveira e em Venda do Pinheiro, mas Arruda não foi segunda escolha”, enfatizam. O entusiasmo destes jovens é visível e já começaram a frequentar

o comércio local, nomeadamente, uma barbearia existente na zona, bem como, alguma restauração na sede de concelho. Trabalham ambos por turnos. Sofia Rodrigues é

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enfermeira numa clínica do setor privado em Lisboa e Nuno Figueiredo é gestor aeronáutico no aeródromo de Cascais, e “como tal o nosso grande objetivo é passar,

com qualidade de vida, os poucos dias de folgas que teremos no futuro”. Entre os fatores que pesaram na opção esteve também o facto de um dos familiares residir

na zona de Bucelas, e ser mais económico em comparação com o concelho de Mafra “que está a ficar saturado” a nível das deslocações para o trabalho de Sofia Rodrigues. Apesar de ainda não viverem em pleno no concelho, “está a ser como idealizámos”. “É estar perto da cidade no meio do campo”. Para ser o pleno “bastava existir mais um acesso da autoestrada a esta zona”, refere Nuno Figueiredo. “Não se pode ter tudo mas demora um bocadinho mais a cá chegar”, junta Sofia Rodrigues que elogia, ainda, o mercado local e a abundância de produtos da terra. No trajeto para o aeródromo de Cascais, Nuno Figueiredo vai demorar uma hora e dez minutos a chegar ao trabalho, num total de ida e volta de 106 quilómetros. Já Sofia Rodrigues, demora 20 a 30 minutos a chegar à clínica. O casal confessa que em tempos tinha uma ideia desfasada quanto a estas localidades do distrito de Lisboa, mas mais afastadas da capital, como sendo longínquas e que não compensavam sequer uma deslocação a um restaurante para ir jantar. Os dois referem ainda que têm amigos que já estão à procura ou que já encontraram casa para viver neste concelho.

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Cartaxo e Salvaterra não acompanham o passo do crescimento populacional Sílvia Carvalho d’Almeida e acordo com o relatório preliminar dos Censos 2021, houve no Distrito de Santarém uma diminuição generalizada da população, à exceção de Benavente, que pelo contrário, aumentou a sua densidade populacional. Chamusca, foi no entanto, o concelho que mais pessoas perdeu. Os concelhos de Salvaterra de Magos e do Cartaxo, também se juntaram aos concelhos onde esta perda se observou, relativamente aos resultados de há dez anos. Face a estes dados, o Valor Local quis saber os motivos deste abandono da região, e em particular o que pode ser feito para inverter este êxodo. O concelho de Salvaterra de Magos tem atualmente cerca de 21 632 habitantes, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, o que corresponde a uma diminuição da população em 2,4 por cento face aos números de 2011. Já no concelho do Cartaxo a quebra foi mais acentuada, ficando esta localidade com menos 5,1% de habitantes, perfazendo o total de 23 211. Quanto ao número de agregados, surpreendentemente, aumentaram em 1,2 pontos percentuais em Salvaterra de Magos, apesar da perda populacional que se registou nesta região, havendo neste momento cerca de 8 579 pessoas contabilizadas. O Cartaxo registou uma descida de 0,1 por cento, totalizando cerca de 9 579. Em Salvaterra de Magos houve um aumento em 2,0 por cento no número de edifícios, e de 1,7 por cento em alojamentos, sendo que no Cartaxo os valores são de 0,3 por cento e houve um decréscimo em alojamentos de 1,1 pontos percentuais. Para André Santos, agente imobiliário da Remax na zona do Cartaxo, e de acordo com a sua experiência profissional, sente contudo que “existe uma grande procura de habitação nesta localidade”. Cerca de 70 por cento dos seus negócios “são feitos com pessoas que vêm de fora do Cartaxo, e principalmente da região de Lisboa e arredores”. Existe, segundo o seu entender, falta de oferta suficiente para a procura, e isso deve-se à escassez de investimento, resultante da “burocracia existente por parte da Câmara Municipal do Cartaxo”. Normalmente as pessoas que põem casa à venda saem do concelho por razões laborais, e deslocam-se para o estrangeiro, ou para Lisboa. No entanto, existe quem queira, mesmo trabalhando na capital, ir morar para esta zona do país, e isso deve-se fundamentalmente ao preço das casas. André Santos explica que “pelo mesmo preço é

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Concelho do Cartaxo já esteve na moda, mas regista a maior queda populacional da região. preferível comprar uma casa maior no Cartaxo do que uma pequena em Lisboa”, o que é uma tendência atual, em grande parte devido à pandemia e aos confinamentos, em que muitos portugueses estiveram em teletrabalho, e viram assim as suas necessidades, em termos habitacionais, incrementadas, e a suspirarem por mais espaço. Também os níveis de desemprego, que como se sabe, aumentaram podem ter contribuído para esta procura por prestações à banca mais baixas. Com isto, “pelo preço de 150 mil euros, uma pessoa pode comprar uma casa que em Lisboa ou na periferia, custaria cerca de 300 mil”. O concelho continua a ser pouco atrativo, na sua opinião, porque faltam espaços verdes de qualidade e em número suficiente, acessibilidades dentro da sede de concelho e nas freguesias, mas também mais empresas, para que as pessoas que trabalham em Lisboa possam exercer a sua atividade no concelho, e gerar riqueza também noutros setores, tais como a restauração e demais comércio. Existe falta de dinamização deste último por parte das entidades competentes, segundo nos conta. Para André Santos, “o Cartaxo parou”. Havia vida noturna e diversão, e muita gente deslocavase até aquelas paragens, mas esses tempos dourados já acabaram. Os restaurantes costumavam estar cheios. “Agora a localidade mais parece uma cidade-fantasma, sendo que se pode andar na rua a partir de determinada hora e não ver vivalma, e isto já se verificava anteriormente à pandemia de Covid-19”. No entanto, as áreas do desporto e cultura merecem nota positiva, já que existem vários eventos deste género ao longo do ano. O principal problema para André Santos, é

que há “falta de condições para fixar pessoas no Cartaxo”. Ao longo dos cerca de 16 anos em que trabalha como consultor imobiliário nesta cidade, apercebeu-se de que anteriormente, os jovens a partir de determinada idade mudavam-se das freguesias para a cidade, e neste momento a tendência inverteu-se. Existe toda uma nova filosofia de regresso ao campo, às origens e ao contacto com a natureza, ao contrário do que aconteceu nas gerações anteriores em que se deu o êxodo em direção às cidades grandes. Todavia, o emprego continua a ser uma questão central na escolha do sítio para morar, “e ainda é necessário fazer muito para que mais gente se mude definitivamente para o interior de Portugal.” Cartaxeiros consideram que endividamento da Câmara contribuiu para a fraca procura do concelho Também quem está a vender casa na região explica o porquê desta decisão, e o que poderia ser melhorado no Cartaxo de modo a promover a chegada de pessoas, em especial jovens casais que se queiram estabelecer. Pedro Pacheco tem a casa da mãe à venda, um apartamento de tipologia T2 no centro do Cartaxo. Esta é uma habitação de investimento, e já esteve no mercado de arrendamento por 350 euros. Acontece que recentemente a casa esteve alugada por três meses, e o inquilino deixou de pagar a renda por cerca de um ano, o que levou a família a ter de pedir a intervenção de advogados para resolver a situação. Para Pedro Pacheco, o aluguer “não compensou”, pois as despesas daí resultantes foram muito superiores.

Considera mesmo que o Cartaxo não é um bom local para investimentos deste género. Questionado sobre o perfil de quem pretende alugar-lhe a casa, refere que são na sua maioria estrangeiros, particularmente brasileiros, e jovens. Quando lhe perguntamos qual será a causa de as pessoas não terem dinheiro para uma renda relativamente baixa, especialmente se comparada com o preço do arrendamento em Lisboa, confirma as nossa suspeitas de que será provavelmente devido aos baixos salários que se praticam na região, e também à falta de emprego que lhe é típica. Acrescenta que para que as pessoas se desloquem à capital para trabalhar, devia existir mais transportes que fizessem o trajeto até à estação de comboios e que circulassem dentro da localidade. Para além disto, conta que investimentos falhados da Câmara Municipal que a levaram quase à bancarrota, influíram na qualidade dos serviços prestados à população por esta entidade. Já Joaõ Batista não teve dificuldade em vender a sua casa, por cerca de 80 mil euros. A viver atualmente em Rio Maior, conta que existe muita gente a investir no mercado de compra e venda no Cartaxo, e que muitos têm segundas e terceiras habitações, como investimento. Reclama que os políticos que têm governado esta cidade não possuem visão, e que se “esquecem de que também moram lá”. Como exemplo diz-nos que a indústria é praticamente inexistente, o que não pode ser bom para a criação de emprego. “As grandes empresas fecharam” sendo uma delas a GM, que “dava muito trabalho” à população. Ainda, no seu entender, a zona industrial está ao abandono, tendo permanecido “igual ao que era há 20

anos”. Para além disto, “obras recentes por parte da Câmara Municipal não contribuíram para embelezar a cidade, bem pelo contrário”. No Centro de Saúde os tempos de resposta são muito lentos, e ineficazes, e muitas vezes não há vagas para consultas. João Baptista recorda que teve que ser reencaminhado para o Hospital de Santarém por algo que “poderia muito bem ter sido tratado neste serviço”. Para além disto, o centro da cidade foi também “esquecido”. O facto de a Câmara Municipal estar bastante endividada, foi certamente um fator que contribuiu para um fraco investimento na região. Contudo, recorda saudosista o tempo em que o Cartaxo era “a Las Vegas do Ribatejo” há não mais de 20 anos, em que a cidade era procurada pela vida noturna que tinha, sem comparação possível dentre os concelhos da região de Santarém. Presidentes de Câmara do Cartaxo e Salvaterra preferem olhar para o copo meio cheio Pedro Ribeiro, presidente da Câmara Municipal do Cartaxo, opina quanto ao decréscimo de população no concelho, avançado pelos Censos 2021, que esta é uma tendência do país e que no distrito de Santarém o Cartaxo é o que “perde menos” habitantes, estando na oitava posição. No entanto, este não é um facto que o “deixe descansado”, pois “em dez anos, o Cartaxo, à semelhança do país, têm observado um recuo demográfico”. Isto requer, na sua perspetiva, uma panóplia de políticas a nível nacional que façam um esforço para fazer regressar, em particular, os jovens que emigraram, para que estes em virtude da sua

juventude, possam gerar maiores taxas de natalidade. Para a resolução deste problema contribuiria também um efetivo combate à pobreza e a promoção de emprego bem remunerado e de qualidade, para que as pessoas se possam “enraizar nos nossos territórios”. Explica que os territórios litorais têm sabido captar pessoas pelas condições que oferecem e que os do interior do país têm perdido população, sendo o caso do distrito de Santarém, e em particular o do concelho do Cartaxo um exemplo disso. Quanto ao mercado de arrendamento do Cartaxo diz-nos que está de boa saúde e recomenda-se, no entanto, há falta de casas para arrendar para a classe média. Na sua opinião o concelho continua atrativo, pois tem uma boa rede escolar, ao nível de creches e jardins de infância passando pelo ensino primário, com escolas de qualidade, “muito bem posicionadas no ranking nacional”. Relativamente à questão acerca do endividamento da Câmara Municipal e se o facto de não ter podido realizar mais investimentos ter contribuído para o cenário atual, dá-nos exemplos de localidades do distrito cujas Câmaras têm contas estáveis e que perderam mais população do que o Cartaxo. O presidente da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, Hélder Esménio, contactado pelo Valor Local relativamente ao mesmo tema, referiu que não poderia fazer referência a medidas em concreto que pretende tomar para mitigar o problema do decréscimo populacional no seu concelho, porque poderia ser entendido como estando a usar-se do facto de ser presidente para publicitar medidas enquanto candidato. No entanto comentou brevemente a questão, dizendo que “perante os dados dos Censos de 2021 fica claro que Salvaterra perdeu população em linha com a média nacional, na ordem dos dois por cento”, devido à diminuição da natalidade. Apesar disto, reitera que o concelho foi o quarto com a melhor performance do distrito de Santarém. Também chamou a atenção para o facto de que anteriormente a 2011, a diminuição do número de população foi algo mais acentuado, e que o concelho tem conseguido recuperar habitantes. Isto deve-se a uma indústria da construção civil “muito ativa”, e à construção de novos imóveis, como de resto está patente nos Censos, e que “têm trazido empregabilidade para a localidade”, acredita “numa melhoria geral das condições vida das populações”. Refere ainda que durante o ano de 2020, no início da pandemia, Salvaterra de Magos foi um dos nove concelhos do país que diminuíram a taxa de desemprego.


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Opinião

(Des)Valorização ambiental ocorrência de chuva no ponto mais alto da Groenlândia é, simultaneamente, a prova e a consequência da problemática da (des)valorização ambiental. Quanto mais as crianças conhecerem o meio natural no presente, mais valorizado será o ambiente no futuro.O relatório do Painel Intergovernamental da ONU sobre a problemática das alterações climáticas, publicado no início de agosto de 2021, confirma o que vai sendo cada vez mais evidente com o aumento da frequência dos fenómenos climatéricos extremos. Coincidentemente, nos dias em que este artigo foi escrito, choveu, pela primeira vez no ponto mais alto da Groenlândia, que é considerado o local mais frio do Hemisfério Norte. De acordo com o relatório do Painel Intergovernamental da ONU, a razão para o alarmante quadro climático da atualidade é a excessiva utilização de combustíveis fósseis, que está a asfixiar o planeta, colocando biliões de pessoas em risco emergente. A (des)valorização ambiental está na ordem do dia e parece ter sido o fator determinante para as opções políticas que foram sendo tomadas nas últimas décadas um pouco por todo o mundo. Apesar de ser um assunto muito complexo, que resulta de um con-

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junto alargado de fatores, os especialistas ambientais não têm dúvidas de que o sucesso a este nível dependerá sempre da eficácia do trabalho realizado, à escala global, com as franjas mais jovens da população. Neste contexto pedagógico muito específico, muitos pedagogos defendem que as questões relacionadas com a crise climática não devem ser abordadas antes dos dez anos de idade. Um destes especialistas é David Sobel, da Antioch University New England. O Professor David Sobel refere que quando as preocupações

ecológicas dos adultos são passadas para as crianças, estas tendem a desenvolver ceticismo em relação ao meio natural e a adquirir uma condição que o académico designa de “Ecofobia”. De acordo com Sobel, quando os adultos interagem com crianças acerca da importância ecológica, fazem-no enfatizando as chamadas “ameaças ambientais”. O Professor Sobel refere que essa abordagem pode ser contraproducente, pois muitas crianças evitam a exposição contínua a problemas que não conseguem resolver. E se assim for, afastando-

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se da problemática, os decisores do futuro não terão a oportunidade de aprofundar conhecimento em relação ao valor real do ambiente. Portanto, as suas decisões, na fase adulta, acabarão por refletir isso. Será a ideia de Sobel a mais

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João Santos acertada nos dias de hoje, com a Terra a aquecer rapidamente? Na verdade, este é um assunto que gera discórdia no seio da academia. Também há quem no meio académico defenda que a crise ambiental não deve ser escondida das crianças. Para estes pedagogos, os medos e emoções relacionados com problemas reais, que vão surgindo nos seres humanos à medida que a consciência se vai adensando, devem ser reconhecidos e trabalhados, em vez de prevenidos. Apesar das duas posições conceptuais divergentes no seio da academia, ambos os lados convergem relativamente à importância da consciencialização precoce para a valorização do ambiente, defendendo que os pais são centrais neste processo e que estes devem encorajar nos filhos condutas e comportamentos ecológicos responsáveis ??desde muito cedo. Promover o contacto real das crianças com ambientes naturais

também merece consenso generalizado. As evidências científicas revelam que, quando as crianças passam muito tempo em ambientes naturais, acabam por adotar comportamentos pró-ambientais no futuro. É por isso fundamental garantir esse contacto, que se torna mais difícil se as crianças viverem em áreas urbanas. A atual tendência para a “renaturalização” dos espaços urbanos contribuirá para esbater esse défice de contacto com o ambiente natural. Concluindo, seja prevenindo a “Ecofobia” no seio dos mais jovens ou, ao contrário, conversando abertamente com eles acerca da crise ecológica, o que parece não suscitar controvérsia são os benefícios ambientais resultantes do contacto efetivo das crianças com o meio natural.

Ficha técnica: Valor Local jornal de informação regional Propriedade e editor: Propriedade: Metáforas e Parábolas Lda – Comunicação Social e Publicidade • Gestão da empresa com 100 por cento de capital: Sílvia Alexandra Nunes Agostinho • NIPC 514 207 426 Sede, Sede do Editor, Redação e Administração: Rua Engenheiro Moniz da Maia, Centro Comercial Atrium , nº 68 Loja 17 2050-356 Azambuja Telefones: 263 048 895 • 263 106 981 • 96 197 13 23 • 93 561 23 38 Correio eletrónico: valorlocal@valorlocal.pt; comercial@valorlocal.pt Site: www.valorlocal.pt Diretor: Miguel António Rodrigues • CP 2273A • miguelrodrigues@valorlocal.pt Redação: Miguel António Rodrigues • CP 2273 A • miguelrodrigues@valorlocal.pt • 961 97 13 23 • Sílvia Agostinho • CP 6524 A • silvia-agostinho@valorlocal.pt • 934 09 67 83 • Sílvia Carvalho d’Almeida • TPE-360 Multimédia e projetos especiais: Nuno Filipe Vicente • Nuno Barrocas • multimédia@valorlocal.pt Colunistas: Rui Alves Veloso • Augusto Moita • Jorge Laureano Jacinto • João Santos • António Jorge Lopes Paginação, Grafismo e Montagem: Milton Almeida • paginacao@valorlocal.pt Cartoons: Bruno Libano Departamento comercial: Rui Ramos • comercial@valorlocal.pt Serviços Administrativos: Metaforas e Parabolas Lda - Comunicação Social e Publicidade N.º de Registo ERC: 126362 Depósito legal: 359672/13 Impressão: Gráfica do Minho, Rua Cidade do Porto –Complexo Industrial Grunding, bloco 5, fracção D, 4710-306 Braga Tiragem média: 8000 exemplares Estatuto Editorial encontra-se disponível na página da internet www.valorlocal.pt

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CDU

Joana Bonita quer apostar em melhorar os transportes e captar mais investimento

urista de profissão, militante do PCP, com 33 anos, assume o desafio de ser cabeça de lista da CDU na corrida à Câmara de Vila Franca de Xira, que foi governada até 1997 pelo seu partido. A CDU aposta no que diz ser o cansaço da população em relação ao projeto do Partido Socialista para ganhar a Câmara. Joana Bonita refere que nos contactos de rua falam-lhe em estagnação, e necessidade de mudança. Uma governação sem rumo, e que segundo a candidata ficou bem patente na forma como geriu o dossier referente ao concurso internacional para o transporte rodoviário no concelho. Pretende minimizar, se for eleita, esta problemática, em que “muitas pessoas de aldeias do concelho não têm transporte para a sede de concelho ou sedes de freguesia”. Parte da força do partido no concelho tem estado nas freguesias, a maioria delas CDU, contudo neste mandato, Mário Cantiga, presidente da União de Freguesias de Alhandra, S. João dos Montes e Calhandriz, bateu com a porta, e é agora candidato àquela autarquia, mas nas listas do PS. Por outro lado, Luís Almeida, atual

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Joana Bonita deixa antever que Nuno Libório será o presidente dos SMAS

presidente da junta de Castanheira do Ribatejo/Cachoeiras eleito pela CDU, segue agora como independente depois de um processo interno conturbado no partido para a escolha dos cabeças de lista. Joana Bonita desvaloriza a deserção de ambos, preferindo colocar a ênfase nas mais valias das suas substitutas nas listas: Ana Fajardo, por Castanheira/Cachoei-

ras e Cláudia Martins a Alhandra, S. João dos Montes e Calhandriz. No que respeita ao projeto para a Armada, Joana Bonita começa por enfatizar que o município gastou 8,1 milhões de euros numa infraestrutura que por via da transferência de competências poderia ter vindo para às mãos da Câmara a custo zero. Pode servir a população de Vila Franca e Alhandra e

defende a possibilidade de ser construído um auditório naquele local, que precisa de ser enquadrado na revisão do PDM, mas também “pode dar resposta às necessidades desportivas do Alhandra Sporting Club e da União Desportiva Vilafranquense”. Mais habitação no local, conforme a atual gestão da Câmara prevê, está fora dos seus planos, “porque a área

situa-se em leito de cheia”. O mesmo defende para a Póvoa de Santa Iria, com a famigerada urbanização Vila Rio que se está a desenvolver também junto ao rio, apesar de estar prevista aquela zona como urbanizável no PDM já desde o tempo em que a CDU era Câmara – “Agora não queremos e também somos capazes de evoluir”. Desde inícios de junho que a gestão do hospital voltou ao setor público, depois de 10 anos em regime de parceria público-privada. A CDU sempre se debateu pelo abandono do grupo Mello, e não deixa de ver com bons olhos a nova fase. Contudo a adaptação não está a correr da melhor forma, muitos profissionais deixaram o hospital e há muitos atrasos em diversas especialidades. Joana Bonita compreende que o novo administrador ainda pode estar a conhecer os cantos à casa, mas diz que vai estar atenta à forma como o hospital terá de voltar a ser apetrechado – “Não deixaremos de fazer pressão nesse sentido”. Depois de anos de interregno, deu-se o relançamento recentemente do projeto da Plataforma Logística da Castanheira com a

entrada em cena da Merlin Properties. Recorda que em 2008 “enterraram-se quatro milhões nos terrenos”, e a “primeira nave é inaugurada em 2021”. “Teremos uma postura de diálogo e perceber até que ponto é que pode funcionar e gerar emprego”. A candidata comunista não descarta captar investimento junto de grandes grupos desde que respeitem os direitos dos trabalhadores. Joana Bonita lança a ideia de Vila Franca poder abraçar um projeto para a produção de comboios e maquinarias, algo que não existe no país. Se for Câmara, Joana Bonita vai nomear Nuno Libório, número dois nas listas CDU, como o futuro presidente dos Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento “Pretendemos dar mais meios e melhores condições de trabalho aos funcionários da Câmara.” Joana Bonita identifica que é necessário reforçar o quadro de trabalhadores dos SMAS, “e aligeirar as condições desse trabalho porque é muito duro”. A candidata quer ainda investir nas instalações em Povos. “Dizer ainda que foi graças à CDU que esses trabalhadores começaram a receber o subsídio de penosidade e insalubridade”, conclui.

Bloco de Esquerda

Carlos Patrão promete transparência e critica os “conluios” entre PS e PSD C

arlos Patrão, 54 anos, engenheiro de sistemas informáticos candidata-se pela terceira vez à Câmara de Vila Franca de Xira, e tem pautado o seu mandato como vereador com algumas tomadas de posições mais polémicas. Foi assim no caso do empréstimo bancário no valor de 2,6 milhões de euros para financiamento das obras do novo estádio da União Desportiva Vilafranquense em que votou contra. Carlos Patrão diz que não foi mostrado um projeto nem em que condições a SAD do clube vai utilizar as novas instalações em perspetiva. E vai mais longe – “Se calhar tudo isto é para as eleições e nem sequer vai ser concretizado”. Posição diferente tem em relação à aquisição do espaço da Armada, onde a Câmara investiu 8,1 milhões de euros, embora sem projetos fixados até ao momento. Carlos Patrão, neste tema, acredita que será um bom ponto de partida para se definir uma política de aposta em empregos qualificados quanto a empresas que ali se venham a fixar, e com isso “fazer evoluir o tecido produtivo” do concelho. “Embora não se veja nada no terreno, isto porque esta Câ-

mara agacha-se muito perante os governos, sobretudo se forem da mesma cor”. No tema da plataforma logística da Castanheira lamenta o investimento de quase cinco milhões de euros em acessos e compra de terrenos por parte do município com a promessa de 40 mil postos de trabalho, e ao fim de 10 anos “não temos nada”. Com a segunda inauguração decorrida recentemente continua a ser cético e opina que no fundo “o concelho tem servido de plataforma para algumas pessoas do PS darem o salto e irem para a Assembleia da República e posicionarem-se muito bem dentro do aparelho socialista” numa alusão à antiga presidente de Câmara, Maria da Luz Rosinha. Até porque “benefícios para Via Franca não estão à vista”. “Se for Câmara não investirei um cêntimo na plataforma” conclui. No que respeita à habitação, o candidato bloquista censura projetos como aquele que está em marcha neste momento, o Vila Rio que vai fazer-se à custa da “apropriação da paisagem”, com apartamentos que vão ser vendidos por um milhão de euros, quando “ o concelho possui 11 mil fogos de-

Patrão assume pela terceira vez uma candidatura à Câmara de VFX volutos”, segundo os censos de 2011 e a “prioridade deveria ser a regeneração urbana”. O candidato acredita que um dos grandes investimentos a concretizar na Póvoa, deveria passar pelo seu mouchão, sendo que o investimento de três milhões de euros anunciado recentemente só vai dar para as primeiras impressões, dado que a obra deverá rondar os 50 a 60 milhões de euros tendo em vista a reparação dos diques.

Será uma obra no seu entender para mais do que um mandato mas que valerá a pena ser concretizada. No dossier do hospital e da sua recente passagem para entidade pública empresarial, Carlos Patrão diz esperar que a questão do estacionamento seja ultrapassada dado que a Câmara adquiriu terrenos tendo em vista esse fim. Já sobre a antiga gestão do grupo Mello, elogiada por muitos, o can-

didato afirma-se pessimista, e lembra que o facto de o hospital ter sido muitas vezes acreditado por uma entidade americana como uma unidade de excelência, tal “não é exemplo”, “e quando os Estados Unidos têm uma das piores gestões de saúde do mundo”, em que “as pessoas que não têm seguro de saúde morrem num canto qualquer”. Contudo deixa a promessa que será tão exigente com este modelo de gestão como

foi com o anterior “até porque chegam relatos de coisas horríveis que se estão a passar no hospital”. No problemático dossier da Cimpor, o Bloco de Esquerda foi o único partido que participou na consulta pública de avaliação de impacte ambiental, desencadeada em 2020, para aumento da capacidade de queima, e diversificação dos materiais que podem entrar para incineração. Prevê-se que para atingir a capacidade e tenha rentabilidade “vá ter de importar lixo do estrangeiro”. “Todos os outros partidos têm falado pouco disto porque são coniventes com o que a Cimpor faz, por causa das compensações que a empresa tem oferecido”. E por isso “a empresa tem de assumir que está a poluir no concelho, porque tem sacudido essa responsabilidade, os filtros de manga não estão a funcionar”. A Câmara tem sido conivente nas palavras do candidato, que no fim da nossa entrevista apesar de ser demolidor em muitos dos assuntos face à postura do município não descarta acordos pontuais ou algo mais com o Partido Socialista e/ou outras forças de esquerda.


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PS

Fernando Paulo Ferreira aposta no combate às alterações climáticas e melhor ambiente ernando Paulo Ferreira, 48 anos, é o cabeça de lista do partido que governa a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira desde 1997, o PS. Já esteve em dois mandatos da antiga presidente da autarquia, Maria da Luz Rosinha, e ficou conhecido o seu abandono a escassos meses do final do mandato de 2013-2017, quando foi vereador de Alberto Mesquita. Agora assume a candidatura à presidência da autarquia, numa altura em que muitos falam na necessidade de renovação dos socialistas de Vila Franca. Embora seja uma cara a que muitos já se habituaram, acredita que reúne as condições para vencer as eleições. Trazer “mais emprego e investimento privado e público”, mas também “qualificar e tornar as nossas comunidades mais capazes” são alguns dos seus objetivos. Combate às alterações climáticas, aposta na transição digital, na competitividade e qualidade de vida são alguns dos objetivos inscritos na sua campanha. Com um passado já extenso na atividade política diz não temer os rótulos de boy do PS ou de delfim de Maria da Luz Rosinha. “Não me preo-

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Fernando Paulo Ferreira garante que haverá mais fiscalização da Cimpor cupam, sinto antes que estou há muitos anos a trabalhar por Vila Franca de Xira”. Muito badalada tem sido a transferência de Mário Cantiga da CDU para o PS, na corrida à junta de Alhandra, S. João dos Montes e Calhandriz, após ter entrado em rotura com o seu antigo partido. Neste aspeto, Fernando Paulo Ferreira, diz que assume essa preferência e que no dia 26 de se-

tembro “veremos a opinião das pessoas” tendo em conta que os políticos vira casacas não gozam de particular popularidade. “Tem feito um trabalho ótimo e defendido as populações”, resume. Se ganhar as eleições vai continuar a apadrinhar o projeto para a construção do novo estádio da União Desportiva Vilafranquense cujo empréstimo bancário foi contraído recentemente no valor de

2,6 milhões de euros. O candidato entende que possa servir não só este como outros clubes, sobretudo tendo em conta a formação. Em questões ambientais ou que possam ter impacto como é caso da urbanização Vila Rio na Póvoa de Santa Iria e o facto de estar em leito de cheia, desvaloriza as polémicas. Para o candidato, este tipo de habitação de qualidade é importante para atrair população

bem como reter a existente, “o que não significa que não se invista na requalificação do parque habitacional existente”. O candidato diz que está atento às questões relacionadas com a subida do nível médio da água do mar e como tal lançará um roteiro no âmbito do combate às alterações climáticas. Já sobre a Cimpor e o aumento da sua atividade em perspetiva, Fernando Paulo Ferreira refere que questionou o ministro do Ambiente, enquanto deputado na Assembleia da República, sendo que uma das soluções passa por existir mais fiscalização do Estado sobre estas empresas poluidoras, referindo que obteve esse compromisso por parte do governante. “Esperamos obter uma fotografia mais fina em relação a tudo o que se passa na Cimpor”. Uma das áreas mais importantes na gestão da Câmara de Vila Franca diz respeito aos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento, e Fernando Paulo Ferreira deixa no ar que pode ficar à frente desta pasta, interrompendo a tradição de ser o número dois à Câmara a ficar com os SMAS. Como principais desafios para este setor, elenca a necessidade

de modernização das redes de abastecimento, mas também apostar na reutilização das águas residuais tratadas, “aproveitando todo o ciclo da água” numa parceria com a Águas do Tejo Atlântico. Já quanto à plataforma logística continua a considerá-la muito importante e um importante motor de emprego, e ao contrário de outros opositores não exclui a logística porque esta continua a ser importante, e o facto de existirem mais empresas deste tipo não significa que não possam vir empresas de cariz tecnológico ou de outros tipos para o concelho. “A excelente localização geográfica e as acessibilidades fazem do nosso concelho um atrativo para todo o tipo de empresas”, deduz. No capítulo da nova gestão do Hospital Vila Franca de Xira, dá a garantia de que vai acompanhar de muito perto este assunto, porque tudo o que se conseguiu lá foi fruto de “muito esforço e de empenho dos autarcas socialistas”. “Vamos aguardar um pouco mais tendo em conta este período de adaptação mas de resto não transigiremos no que se refere ao patamar a que chegámos e do qual não abdicaremos”.

Coligação Nova Geração

David Ferreira assume postura disruptiva e aposta na Economia D avid Pato Ferreira, 29 anos, gestor de projeto abraçou o desafio do PSD e é o cabeça de lista por aquele partido que em coligação com o CDS-PP, MPT e PPM concorre à Câmara Municipal de Vila Franca de Xira nestas autárquicas. Apesar do PSD se ter coligado nos últimos anos com o PS, partido que tem vindo a ganhar as eleições em Vila Franca desde os anos 90, de forma a permitir o governo da autarquia, David Pato Ferreira quer encabeçar uma candidatura disruptiva e não se coíbe de criticar a sua antecessora, Helena de Jesus por ter tido uma postura passiva no município, “porque houve uma margem de trabalho político que podia ter sido mais trabalhado”. “A postura que teremos após as eleições com mais ou menos votos será certamente diferente”, declara numa crítica a Helena de Jesus. O desporto é uma das áreas em que pretende apostar e como tal pretende contribuir para que o novo estádio da União Desportiva Vilafranquense seja uma realidade. A obra tem um custo de 2,6 milhões de euros, mas na sua opinião deve ser “antes um complexo desportivo que sirva ainda

o Alhandra e as modalidades” e que seja “mais do que solução coxa e eleitoralista”. No que se refere a uma das problemáticas do concelho, o Vila Franca Centro, que fechou há escassos anos, e que é preocupação de todas as forças políticas, David Pato Ferreira, não defende a sua implosão como chegou a sugerir Rui Rei, presidente da concelhia laranja. Para o candidato o modelo de gestão do centro nasceu torto, porque a preferência foi por venda das lojas aos comerciantes, que agora continuam a pagar IMI mas sem acesso ao interior do edifício – “A Câmara deve em articulação com os lojistas tentar vender em bolo o conjunto de lojas que ali temos, através da constituição de uma comissão nesse sentido”. Recordese que o edifício está entregue à banca nesta altura. Mais tarde o Vila Franca Centro podia servir para serviços diversos e habitação na opinião de David Pato Ferreira. Já no que respeita ao investimento na aquisição da Escola da Armada como forma de requalificação do eixo Vila Franca/Alhandra, acredita que a sua revitalização poderia assentar em espaços de

David Pato Ferreira lança várias ideias para a Economia no concelho coworking, cluster empresarial, “de características tecnológicas ou não”, relacionado “eventualmente com engenharia aeronáutica”, mas também “com componente de habitação”. O ensino superior é outro desiderato de David Pato Ferreira para a Armada. O candidato pondera que a longo

prazo o município possa sair da unidade administrativa (NUT II) em que se encontra de forma a poder captar mais fundos estruturais “Infelizmente somos o concelho coitadinho da Área Metropolitana de Lisboa, mas sobretudo devido à nossa falta de estratégia. Não compreendo por que razão é

sempre mais valorizado o eixo Lisboa- Cascais e não o eixo Lisboa- Vila Franca”. Em termos práticos elenca algumas das medidas que pretende colocar em prática como um fundo de apoio às pequenas e médias empresas do concelho, nomeadamente, start-ups; criação

do Programa + Emprego em parceria com as IPSS do concelho; promoção do comércio local. O candidato quer ainda criar um Hub Local Teck para projetos de inovação. Levar a cabo um fórum empresarial regional é outro dos seus desígnios bem como um Business Cluster no concelho. No campo ambiental, o candidato dá a entender que gostava de implementar uma rede de transportes amiga do ambiente, com recurso ao transporte elétrico, e com isso aumentar o número de postos de carregamento. Descarbonizar é a meta. Mas também livrar o concelho do epíteto de município do lixo de que são exemplo as “centenas de fotos de resíduos em ilhas ecológicas a abarrotar”. Acerca da muito falada urbanização Vila Rio na Póvoa de Santa Iria e o facto de estar construída, para muitos em leito de cheia, não é um bicho de sete cabeças para o candidato porque vê neste empreendimento uma forma de valorizar o concelho. Concebida para famílias de classe média alta, tem dado que falar. A urbanização contempla um total de 606 frações destinadas a habitação e comércio.


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Valor Local

Especial Autárquicas Vila Franca de Xira

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PAN

Adélia Gominho cortará touradas do Colete Encarnado e critica abate de árvores Sílvia Carvalho d'Almeida délia Gominho, de 52 anos, é a candidata do PAN à Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Veio morar para Portugal desde os sete anos, e vive desde então no Sobralinho, em Vila Franca de Xira. É profissional de comunicação e marketing. Ao Valor Local, e acerca dos resultados das anteriores eleições onde também foi candidata, afirma que as expetativas para esta eleição passam por eleger o desejado representante no órgão executivo, algo que o PAN não conseguiu até à data e reforçar o número de eleitos na Assembleia Municipal. A também eleita no órgão deliberativo, e num balanço destes quatro anos salienta que tem tentado passar ideias e valores em questões importantes para o concelho. “Temos trazidos temas relativos ao ambiente, mas também às pessoas e animais, com uma visão ecocêntrica do mundo, pois está tudo interligado”. O partido volta, à semelhança de 2017, a apresentar apenas candidatos para a Câmara e Assembleia Municipal e não para as freguesias,

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Adélia Gominho promete mais atenção aos fenómenos decorrentes das alterações climáticas

“Em 2017 deixámos as juntas para trás, não por desprimor, mas porque estávamos a iniciar a nossa atividade política no concelho, portanto, as listas foram as que arranjámos. Este ano, porém, achámos que ainda não era o ano para concorrer, e também porque os assuntos e propostas ambientais que temos são mais no âmbito da

competência da Câmara e Assembleia.” Quanto ao ambiente e à notícia, de que uma parte de Vila Franca de Xira corre o risco de ficar submersa devido às alterações climáticas, é perentória: “São evidências científicas e não políticas, e como tal, os políticos devem segui-las. Por vezes pensa-se que a

subida do nível do mar possa afetar apenas as zonas costeiras, mas o facto é que também afeta as zonas estuarinas”. Relativamente a Vila Franca de Xira, é da opinião de que não se tem feito o suficiente ao nível de políticas para mitigar este problema. E isto deve-se principalmente ao facto de que se “olha para a zona ribei-

rinha como expansão urbana, em que se colocam pessoas a morar nesta área, e o que me ocorre é o Vila Rio, onde as pessoas estarão a cerca de poucos metros entre o rio e uma linha de comboio. É de estranhar que os alertas que têm sido dados não se convertam em preocupações” e medidas políticas concretas. Pensa que não tem sido apenas no caso da autarquia que isto ocorre, e sim a nível nacional, e acrescenta: “Os diagnósticos estão feitos e servem para planear. Temos o Plano de Adaptação às Alterações Climáticas, mas é preciso que este seja levado à gestão do dia-a-dia. Aqui é que por vezes há falhas”. Um dos problemas que apresenta é o facto de muitas vezes se abaterem árvores em parque urbano com a desculpa de que põem em risco pessoas e bens. Por exemplo, refere que “à boleia da questão ambiental, se abateram árvores saudáveis para a construção da ciclovia entre Alverca e Forte da Casa num total de 200 exemplares”. Relativamente ao assunto das touradas, em que defende que os aficionados devem ter alternativas dentro da ruralidade, mas sem to-

mar uma posição em concreto, discorda da acusação de eleitoralismo, e responde: “Sou totalmente contra todas as formas de tauromaquia. Não só as touradas, mas também as largadas e garraiadas, e não por ser o cavalo e touro em concreto. Uma das minhas primeiras propostas foi que a Câmara não licenciasse circos com animais selvagens. A minha preocupação em não usar os animais para entretenimento é transversal e não tem que ver apenas com a cultura tauromáquica”. Na sua opinião, “os animais têm valor intrínseco por si só” embora compreenda a tradição, até porque reside na zona desde a infância. Explica que a partir de determinada altura na vida, e particularmente depois de ter sido mãe, as touradas passaram a não fazer sentido para si. Se o PAN vencer estas eleições, não haverá largadas, nem touradas nem garraiadas. Recusa a palavra conflito para o que seria o seu relacionamento com a parcela da população que é aficionada, e acrescenta: “Isto é um processo evolutivo, que mais tarde ou mais cedo terá de acontecer.”

Chega

Barreira Soares promete que não vai cortar a eito nos apoios sociais B arreira Soares, tem 44 anos, é gestor, e natural de Vila Franca de Xira. É a primeira vez que o Partido Chega se candidata no concelho de Vila Franca de Xira, mas Soares tem expectativas “altas’’, de “ganhar a Câmara”. Relativamente ao que o move nesta candidatura, explica que é o facto de os partidos tradicionais não terem conseguido apresentar soluções concretas para os problemas das pessoas. “Vou mostrar que é possível, um cidadão que nunca fez política, fazer melhor, com a ajuda de todos”, enfatiza. Diz que espera ainda “ser a voz de todas as pessoas” e que se for eleito presidente ou vereador, andará nas ruas para as ouvir. O partido candidata-se também às juntas de freguesia da Póvoa, Vialonga, Vila Franca de Xira e Assembleia Municipal. Sobre a dificuldade em fazer listas para a Câmara Municipal e ainda sobre alguma resistência ao Chega por parte das pessoas, diz que tem sido complicado, porque há quem tenha medo de dar a cara por medo de represálias por parte dos “partidos instalados”. Explica ainda que numa democracia, nomeadamente, no nosso país, há medo de ouvir pessoas com ideias diferentes, mas que no

fundo apenas “buscam resolver os problemas que outras se mostraram incompetentes para os resolver”. Uma das premissas do partido que representa relaciona-se com uma maior fiscalização no controle dos apoios dados às populações, como forma de se evitarem abusos. Sobre este assunto, esclarece que concorda inteiramente, “pois todos nós temos o direito a trabalhar, e não nos podem fazer acreditar que não conseguimos, e com isso entrar-se no facilitismo. Todos nós tivemos problemas na vida, mas temos que puxar uns pelos outros. Somos todos diferentes, mas somos todos um.” Revela-se contrário ao individualismo crescente na nossa sociedade, bem como ao egoísmo, em que “cada um olha pelo seu próprio umbigo.” Também esclarece que o papel assistencialista do Estado praticava-se anteriormente ao 25 Abril, num regime não democrático de caráter fascista, mas também em estados comunistas. No seu entender, “o estado deve ser minimalista, não deve carregar a população às costas”. O cidadão, com direitos e deveres, deve, portanto, ter a “preocupação de olhar pelo próximo”, papel que é atribuído ao Estado, neste momento,

Barreira Soares prefere ser cauteloso quando se fala da comunidade cigana

através das políticas sociais que implementa. No âmbito da autarquia, no entanto, ainda não tem ideia onde é que poderá começar a cortar nos apoios indevidos, pois tal como indica, não tem ainda conhecimento de casos em concreto. “Se eu tenho muito respeito pelo meu di-

nheiro, devo ter ainda mais pelo que é de todos. Vivemos num país pobre. Não podemos esbanjar.” No entanto refere que não se está aqui a tratar de números, mas de pessoas, e que cada caso tem que ser analisado individualmente, “sem cortar a eito”. Relativamente às pessoas de et-

nia cigana, identificadas pelo Chega como quem mais recebe estes apoios de forma indevida, nomeadamente o RSI, explica que o par-

tido em que se insere é democrático, e que cada indivíduo tem liberdade de “fazer as coisas à sua maneira”, pelo que não dizendo que discorda do Chega, esclarece que tem liberdade dentro e que não fala em específico desta etnia, contemporizando assim a questão. “O André Ventura tem a sua abordagem e eu tenho a minha”, embora acrescente que o admira imenso, considerando-o um “líder carismático’’. Relativamente ao Vila Franca Centro, e sobre o que pode ser feito, e como avalia a atuação do PS, responde que não tem visto ação por parte dos socialistas. Diz que gostaria de fazer algo relativamente a este assunto, que é um “grande imbróglio” na cidade, no entanto reconhece que no seu programa não consta nenhuma medida em específico, mas que vai “lutar com todas as forças para dar vida” ao centro. Diz ainda que a Câmara “não pode estar nas mãos de quem não tem sabido gerir dinheiros públicos” e dá o exemplo da Marinha e da Cimianto.

Este trabalho é apenas uma pequena resenha das nossas entrevistas. Ouça em www.radiovalorlocal.com os nossos podcasts e com mais detalhe todos os assuntos que interessam a Vila Franca de Xira nas cinco entrevistas levadas a cabo pela nossa equipa.


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Saúde

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Hospital Santarém

Consulta descentralizada para a Hepatite C Unidade de Doenças Infecciosas do Hospital Distrital de Santarém (HDS) pretende chegar a mais de 400 doentes através de consultas descentralizadas com vista à micro eliminação da Hepatite C. Este projeto visa cumprir o objetivo da Organização Mundial de Saúde (OMS) de erradicar esta doença até 2030. No sentido de cumprir este objetivo têm sido implementadas várias estratégias a nível mundial, uma delas a micro eliminação da doença, ou seja trabalhar contexto a contexto – que podem ser concelhos, distritos ou agrupamentos de centros de saúde, por exemplo. “Eliminamos a Hepatite C em cada contexto e depois vamos progredindo e replicando. É desta forma que se conseguirá a eliminação total deste vírus”, explica Fausto Roxo, responsável pelo Hospital de Dia de Doenças Infecciosas do HDS, em comunicado de imprensa. E para que esta intervenção seja possível e realmente eficaz é fundamental “ que sejamos nós a ir ter com os doentes, a procurar os infetados e a deslocar os meios, a consulta, para onde estes estiverem” sublinha o médico. Esta consulta descentralizada surge como complemento à

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Fausto Roxo, responsável pelo Hospital de Dia de Doenças Infecciosas do HDS

consulta das doenças infeciosas, promovida no Hospital de Dia de Doenças Infeciosas do HDS, onde já foram seguidos e tratados largas centenas de doentes com esta patologia. A consulta descentralizada contempla ainda a realização de análises clínicas e exames de diagnóstico no próprio local e já levou a equipa do HDS a deslocar-se ao Estabelecimento Prisional de Torres Novas, “onde foram tratados e curados todos os reclusos com Hepatite C”. Desde junho deste ano que estes profissionais estão a replicar a intervenção noutro contexto, levando agora a consulta descentralizada ao Centro de Acolhimento a Toxicodependentes (CAT) de Santarém. “Nos CATs, existe um potencial muito grande de doentes e somos dos primeiros hospitais do país a deslocarnos a estes locais” afirma o responsável, acrescentando que nestes contextos, prisões e CATs, “o tratamento funciona muito bem porque a toma é assistida, garantindo uma taxa de sucesso de 100%”. O objetivo é levar a consulta descentralizada a toda a área de influência do HDS e o próximo passo será a promoção de rastreios nos centros de saúde.

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