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Adriane Gonzalez
PARA MINHAS IRMÃS AFEGÃS
Escrevo para essas mulheres sofridas, que têm sua sina marcada por homens, que têm suas feridas sangradas por homens. Escrevo para essas mulheres, minhas irmãs de longe, mas de tão perto em alma. Minhas irmãs afegãs, que têm seu destino ditado por homens, que têm sua vida cravada de dor por causa dos homens e seus desmandos. Escrevo por essas mulheres trancadas
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em casa
por homens, que têm sua voz calada por homens. Que são sujeitadas, reprimidas, violentadas, sucumbidas, dilaceradas, submetidas, mutiladas, agredidas, assassinadas por homens. Escrevo por elas e para elas. O grito delas, seja alto ou silenciado, é meu grito. A dor delas é minha dor. Suas lágrimas, derramadas ou trancadas, são minhas também. Sua voz, violentamente calada, é minha voz. Escrevo para minhas irmãs afegãs e por elas, sempre.