ENTREVISTA A...
RITA NABEIRO, ADMINISTRADORA DA ADEGA MAYOR Arquitetura, vinho, arte e turismo numa adega de autor “Sendo o setor vitivinícola altamente competitivo, a relação que mantemos com cada cliente é o nosso maior património.” Com apenas 25 anos superou um dos seus primeiros grandes desa os: perante uma audiência composta por vários diretores e administradores, fez a apresentação da estratégia para a comunicação e imagem daquele que é um dos projetos mais arrojados do GRUPO NABEIRO – a ADEGA MAYOR. O seu avô – o comendador Rui Nabeiro – gostou das ideias. Hoje, com 32 anos, Rita Nabeiro é administradora da “adega de autor” que fez renascer a tradição vitivinícola em Campo Maior. A GO MAG quis saber mais sobre o êxito deste posicionamento estratégico, que é já reconhecido como sendo altamente diferenciador no mercado nacional. Com 6 anos de existência já alcançou mais de 100 prémios. O nome Nabeiro está incontornavelmente ligado a Campo Maior, mas Rita nasceu e cresceu em Lisboa. Licenciou-se em design de comunicação e depois de passar por uma agência de publicidade em Itália e outra em Portugal, a vontade de contribuir para o negócio de família falou mais alto. Com a assinatura do arquiteto Álvaro Siza Vieira, a Adega Mayor foi a primeira adega de autor em Portugal e, hoje, é já uma referência no panorama vinícola, com a qualidade dos seus vinhos reconhecida nos principais concursos nacionais e internacionais da especialidade.
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A Adega Mayor é considerada uma referência de sucesso no mercado nacional. Conte-nos como tudo começou. Campo Maior, apesar de ter tido uma tradição de vinhos há muitos anos, tinha perdido essa ligação à cultura vinícola e o meu avô tinha o sonho de trazer de volta esse costume às terras de Campo Maior. Os primeiros passos rumo à concretização deste projeto de vinho foram dados pelo meu avô e pelo meu pai no princípio da década de 90. Em 1997 deu-se início à plantação das primeiras vinhas e as primeiras garrafas nasceram cinco anos
mais tarde e foi de imediato reconhecida a qualidade superior que se saboreava nesse vinho, pelo que a aposta do Grupo Nabeiro foi natural, um simples retomar de usos mas com olhos postos no futuro, num projeto diferenciador. Qual o papel da Rita neste projeto? A minha entrada deu-se em 2006. As premissas de “sensibilidade, alma e simplicidade” estavam lançadas no projeto que o meu pai e avô haviam idealizado. Eu identifiquei-me, desde cedo, com a ideia e com a estética da obra que estava
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a ser desenhada pelo Siza Vieira, pelo que aceitei no imediato o desa o de apresentar uma estratégia para a imagem e comunicação da adega. O dia da apresentação foi um dia difícil, confesso…(e estava nervosa!). Tinha de realizar uma apresentação (aquela que era a minha ideia e estratégia) para uma audiência de vários diretores e administradores do Grupo Nabeiro. Felizmente, correu muito bem… o mais importante foi o meu avô ter gostado. Sei que se ele não tivesse aprovado, teria arranjado uma forma simpática e carinhosa de me fazer desistir… mas ele gostou e aprovou! Desde então, temos evoluído em conjunto, num constante e permanente trabalho de equipa. Por outro lado, a oportunidade de trabalhar e aprender com o meu avô é acima de tudo, um privilégio imenso, pois tem uma personalidade encantadora e é uma fonte de inspiração a cada dia.
A Adega Mayor assume um posicionamento de “produto diferenciador”. Quais são as características que fazem essa diferenciação? Na Adega Mayor procuramos a excelência na produção do vinho e acreditamos que a dedicação e a criatividade se estendem, também, para além das características gustativas. A experiência começa na garrafa, no olhar, mas prolonga-se através de todos os sentidos. Os nossos vinhos diferenciamse, sobretudo, pelos elevados padrões de qualidade e ino-
vação em que estão posicionados. São vinhos frescos, elegantes e, acima de tudo, diferentes das características que pautam os vinhos alentejanos. Por outro lado, apostamos fortemente nas relações humanas. Para nós esse é o verdadeiro capital a preservar. Sendo o setor vitivinícola altamente competitivo, a relação que mantemos com cada cliente é o nosso maior património e é aquilo que, verdadeiramente, nos diferencia no mercado em que atuamos. Focou a sua estratégia na internacionalização. Já pode fazer um balanço? Sim, a exportação constitui um eixo fundamental no nosso negócio, representando já 30% do total de vendas. O nosso objetivo é atingir os 50% dentro dos próximos cinco anos. A Adega Mayor está já presente na Alemanha, Luxemburgo, Suíça, Inglaterra, Brasil, Angola, Cabo Verde, Moçambique, EUA e Canadá. Aproveitámos, obviamente, uma grande parte da estrutura que o Grupo Delta Cafés nos oferece nos mercados internacionais, mas as nossas exportações aumentaram 71%, como consequência de um trabalho árduo que todos temos feito para promover a qualidade dos vinhos portugueses e dos seus excelentes atributos, nos mercados externos. O Enoturismo é também uma área de negócio importante da adega… Sim, também. Esta área representa já cerca de 5% do nosso negócio está a crescer acima
dos 20 a 30%. Estruturámos um conceito que capta a atenção e o entusiasmo turístico: o visitante experiencia o que é ser “enólogo por um dia”. Começa nas vindimas e segue para a adega para acompanhar o processo de produção do vinho, desde a escolha da uva, à fermentação, maturação e ao estágio em garrafas e tem ainda a oportunidade de disfrutar de uma espécie de piquenique junto ao espelho de água do terraço do edifício, com vista sobre a magní ca paisagem alentejana. Materializamos um conceito integrado e irreverente que junta a qualidade do produto - vinho - à relação que estabelecemos com cada cliente… e também à cultura da nossa região, à arquitetura e à arte.
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