Vila de Pardilhó

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Vila de

Pardilhó

Folheto concebido por Marco Pereira, Junho/2022

Ribeira da Aldeia, Junho de 2022.

Informações úteis

Como chegar

Pardilhó é uma freguesia do concelho de Estarreja e do distrito de Aveiro, localizada a norte da ria de Aveiro. População: 4232 hab. (Censos/2021) Área: 15,7 Km² Densidade: 269,55 hab./Km² Vila: Lei n.º 16/2005, de 28 de Janeiro Serviços: CTT; Extensão de Saúde; Farmácia; EB123JI. Junta de Freguesia de Pardilhó (posto CTT) | Rua Professor Saavedra Guedes, n.º 17, 3860-437 Pardilhó | https://jfpardilho.com/ | jfpardilho@gmail.com | 234 287 211

De automóvel, pela A1 (Estarreja) ou A29 (Estarreja Norte), depois de sair seguir as indicações (EN 224). Caso transite pela EN 109 sair entre Estarreja e Avanca, terminando o percurso pela EN 224. Ficam a poucos quilómetros de distância as estações de Estarreja e Avanca, na Linha do Norte dos caminhos-de-ferro.

Barco Moliceiro na Ribeira das Bulhas.

Ribeira do Nacinho.

Construção Naval.


Vendedor de aves de Pardilhó. Bruxelas, 1844.

Largo da Igreja de Pardilhó, 1892. Arquivo Municipal de Estarreja.

História de Pardilhó A Terra Marinhoa, onde se inclui Pardilhó, foi lentamente criada por aluvião, conquistando espaço ao oceano pelo depósito de areias do mar, do rio Vouga e outros rios. No ano de 929 mencionam-se salinas nos arredores de Fontela (Avanca), provavelmente em terrenos onde hoje assenta Pardilhó. Seriam talvez os muros de pedra (paredes) dessas salinas que originaram o nome de Pardilhó, documentado pela primeira vez entre 1346-1357 num caderno de pergaminho, sob o nome «Pardilhoo» ou «Pardelhoo», onde também consta «Talhadoyo» e «Marinha do Talhadeiro». Nessa época os nomes das povoações vizinhas eram já quase todos conhecidos. D. Afonso III doou em 1257 as villas de Antuã e Avanca (a que pertencia Pardilhó) ao Mosteiro de Arouca, assim formando o Couto de Antuã. O centro municipal passou mais tarde de Antuã para o lugar de Estarreja, mas foi ainda Antuã que recebeu foral em 1519. Só em meados do século XIX Estarreja deixou de pertencer ao Mosteiro de Arouca, em consequência das reformas do Liberalismo. Quanto à administração eclesiástica, São Pedro de Pardilhó adquiriu a sua autonomia, enquanto curato anexo à reitoria de Santa Marinha de Avanca, no fim do século XVI. Iniciouse em 1638 a construção da primeira igreja, substituída pela actual inaugurada em 1835, que não chegou a acolher enterramentos e mantém o pavimento dividido em taburnos. Na primeira metade do século XVI foi introduzido o milho grosso na agricultura, fruto das descobertas marítimas portuguesas. O milho tornou-se a cultura dominante, substituindo o trigo e causando o aumento da população, por isso sendo causa próxima da autonomia paroquial. Entre

Largo da Igreja de Pardilhó. Bilhete-po

Pardilhó em 1371

«Era ssobredicta, vj djas d’agosto, em Arouca, a dicta Abbadessa emprazou a Francisco Dominguez, criado de Diogo Dominguez do Pardelhoo, per el e per ssua molher, Maria Jnyaãez[sic], |2 e per huum ffilho ou filha dantr’eles anbos, o nosso cassal que esta no dicto logo do Pardelhoo [[........]] que foj de [[.....]] Castalam, o qual ora |3 jaz de fogo morto[?]. E ha de dar, el [[..]] e ssua molher, do dicto cassal [[..]] o oytauo do que hj laurarem e que pagem o fforo do Pardelhoo e a terceira |4 pessoa pagar o vjº do que hj laurar e fforo enteiro, d’entrada v duzeas de linguados. Joham Afonso[?] anotou.» Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Mosteiro de Santa Maria de Arouca, Liv. 220, fl. 11 (Livro das Notas dos Prazos)

as suas utilizações contam-se o fabrico do pão de broa e a aplicação na pecuária. A actividade económica mais significativa da história de Pardilhó é a construção naval. Segue a tradição mediterrânica (tábuas alinhadas e não sobrepostas, como na tradição nórdica), possuindo as embarcações fundo chato (adaptação local). Diversos estaleiros de construção naval estabeleceramse afastados da frente ribeirinha, construindo-se barcos típicos da ria (moliceiros, mercantéis, bateiras, etc.) e de mar. Por outro lado ocorreu a construção de outros tipos de

Banda Club Pardilhoense (Banda Velha), cerca da década de 1960.

Baile na Associação Saavedra Guedes (Clube Novo), cerca da décad


ostal do início da década de 1910.

da de 1960.

Largo da Igreja de Pardilhó. Bilhete-postal cerca da década de 1950. Vitral na fachada da igreja de São Pedro de Pardilhó. Clara Meneres Semide, 1968.

embarcações, em particular as típicas do Tejo (varinos, fragatas, etc.), geralmente na Ribeira da Aldeia. Este fenómeno esteve na origem das migrações de construtores navais, para o Tejo e outras regiões de Portugal, nos séculos XIX e XX. Soma-se a construção por pardilhoenses no Nacinho, na Murtosa e em Ovar de alguns navios bacalhoeiros, no período da Primeira República, a um dos quais esteve associada uma seca de bacalhau na freguesia. A importância do sector da construção naval é atestada pela existência do Sindicato Nacional dos Carpinteiros Navais do Distrito de Aveiro (abrangendo o de Coimbra), sede regional da corporação (1937-1977). Por tradição o mercado de Pardilhó, realizado todos os domingos, tinha lugar no largo central da freguesia, passando para recinto próprio (o actual) em 2001. Paralelamente fundou-se uma feira de gado em 1911, a realizar nos dias 9 de cada mês, e a partir de 1927 nos dias 9 e 23, extinguindose na década de 1980. A existência da feira contribuiu para a existência do vasto largo central que hoje se conhece. A ria de Aveiro foi até há poucas décadas a auto-estrada natural por onde circulavam pessoas e bens. Terra de emigrantes, Pardilhó viu parte dos seus habitantes dirigirem-se para o Brasil até meados do século XX, e desde então principalmente para os Estados Unidos da América e França. Entre uma e outra fase foi importante destino a Venezuela, onde se distinguiu o construtor civil Francisco Farinhas (1914-1990), que após o regresso à terra natal se notabilizou como criador de um género de casa. Consequência da revolução do 28 de Maio, Pardilhó pertenceu ao concelho de Ovar durante ano e meio (19261928), seguindo-se a reintegração em Estarreja. A freguesia foi elevada à categoria de vila em 2005. A casa típica da região marinhoa é a Casa de Alpendre, construída com tijolos de adobe. Os tapetes de trapos são Largo da igreja de Pardilhó, na actualidade.

a peça de artesanato mais característica e comercializada. Foram célebres as padas de Pardilhó, para cujo fabrico procuravam pinhas nas serranias vizinhas os populares com menos posses. Urbanisticamente os vários lugares de Pardilhó fundem-se numa única povoação, possuindo um centro cívico especial, pelos vários arruamentos que dele partem, como a cabeça de um polvo e seus tentáculos, possibilitando a expansão em todos os sentidos. Um novo centro tem crescido nos últimos anos na Quinta do Salgueiro, ou do Rezende, hoje com várias importantes valências sociais. Nessa quinta habitou na juventude Egas Moniz, que viria a fundar em 1901 em Pardilhó o jornal “O Concelho de Estarreja”, então destinado ao combate político e hoje um dos mais antigos de Portugal. Freguesia de forte dinâmica associativa, ganharam projecção duas bandas de música e seus clubes. Primeiro a Banda Club Pardilhoense (1874), conhecida por Banda Velha, que veio a integrar-se no Club Pardilhoense (1908) anos após a fundação deste. Originada numa dissidência desta banda, surgiu em 1928/9 a Banda Saavedra Guedes, conhecida por Banda Nova, junto da qual cresceu outro clube, que sobreviveu ao fim da sua banda e hoje tem vocação predominantemente desportiva. Entre ambas as bandas e clubes existiram rivalidades durante décadas, o que fomentou fecunda actividade cultural, seja na música, no teatro, ou até nos bailes que atraíam os rapazes das redondezas. Entre as mais destacadas personalidades de Pardilhó contam-se: D. Manuel Maria Ferreira da Silva (1888-1974), Bispo de Gurza, Arcebispo de Cízico, Bispo Auxiliar do Patriarca de Goa (Índia); Major Aurélio da Silva e Pinho (1921-2008), Maestro da Banda da Força Aérea; José Bento (n. 1932), poeta e tradutor de língua espanhola; e Maurício de Almeida (18971923), escultor.

Ribeira do Nacinho, na actualidade (fotos de Armindo Senos).


Igreja de São Pedro de Pardilhó, na actualidade. Altar da igreja de São Pedro de Pardilhó.

Quando vir ▪ São Pedro de Pardilhó (29 de Junho); ▪ Festival Gastronómico de Pardilhó – Tasquinhas (primeiro fim-de-semana após o São Pedro); ▪ Mártir São Sebastião (20 de Janeiro); ▪ Senhora dos Remédios (invocação local de Nossa Senhora da Conceição, padrodeira de Portugal, 8 de Dezembro); ▪ Senhora da Rocha (1 de Agosto); ▪ Mercado (domingos de manhã).

O que visitar ▪ Igreja de São Pedro de Pardilhó, inaugurada no dia de São Pedro de 1835, e o Largo da Igreja, vasto espaço que cresceu para acomodar uma feira de gado, a Feira dos 9 e dos 23 (1911-1970). ▪ Capela de Nossa Senhora dos Remédios, o edifício mais antigo da freguesia, datado de 1717. ▪ Capela de Santo António (1937), construída por António Joaquim de Rezende, na quinta que comprou a Egas Moniz e onde este viveu na sua juventude. ▪ Fonte da Samaritana, com um painel de azulejo, retratando o encontro de Jesus com a Samaritana. Painel da Fábrica de Cerâmica das Devesas (Gaia), inaugurado em Maio de 1911 e custeado por Joaquim Maria de Rezende, emigrante no Brasil, talvez gratidão pelo uso terapêutico que havia feito das águas dessa fonte. ▪ Construção Naval em madeira, de embarcações típicas da ria de Aveiro (moliceiros, mercantéis, bateiras, barcos de mar), encontrando-se ainda quatro mestres cartpinteiros Rojões.

Pormenor do painel de azulejos na Fonte da Samaritana.

navais em Pardilhó: António Esteves, Felisberto Amador, Arménio Almeida e Firmino Tavares. No passado construíramse igualmente varinos e fragatas destinados ao rio Tejo, assim como lugres para a pesca do bacalhau e, mais recentemente, embarcações de recreio. ▪ Ribeiras de Pardilhó, canais da ria de Aveiro que penetram pela terra adentro: Ribeira do Telhadouro, Ribeira do Nacinho, Ribeira da Tabuada, Ribeira das Bulhas, Ribeira da Aldeia, Ribeira das Teixugueiras. A Ribeira da Aldeia é a mais importante de Pardilhó, tendo sido no passado um importante ponto de entrada e saída da freguesia. Aqui se encontram as instalações desportivas da secção de canoagem da Associação Saavedra Guedes, existe um parque de merendas, parque infantil e parque de caravanas. O arranjo urbanístico que lhe dá a feição actual foi inaugurado em 25 Junho de 2022. ▪ Aves, num total de mais de 150 espécies, entre as quais se destacam as garças, águia-sapeira, guarda-rios, cegonha e flamingos.

O que comprar ▪ Tapetes e trapos; ▪ Várias peças de artesanato.

O que comer ▪ Padas de Pardilhó; broa de milho; ▪ Rojões; ▪ Caldeirada de enguias; sopa de enguias; enguias fritas em molho de escabeche; ▪ Arroz doce; rosca doce (regueifa). Caldeirada de enguias.

Tecelagem artesanal de tapetes de trapos.


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