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MEMÓRIA FUTURO

ESTAÇÃO DE TRABALHO CAOCHANGDI LIVING DANCE STUDIO 12 a 21 de junho de 2015



RETORNO DA HISTÓRIA Pode-se afirmar que as contradições e urgências sociais funcionam como motores para as proposições de artistas comprometidos com os exercícios de revisão crítica e intervenção simbólica no processo histórico, com ênfase nas injustiças e dívidas daí provenientes. A partir do momento em que a autonomia artística frente aos substratos mundanos - característica do modernismo - foi colocada em xeque por criadores preocupados e dispostos a confrontar problemáticas sociopolíticas enraizadas no mundo da vida, verifica-se um decidido movimento de “retorno do real” no contexto das artes, como bem formulou o crítico e historiador Hal Foster. Este embate com aspectos da realidade torna-se cada vez mais frequente da segunda metade do século XX em diante. É nesta chave que a companhia chinesa The Living Dance Studio, fundada em 1994 pela coreógrafa Wen Hui e pelo cineasta Wu Wenguang, desenvolve seus experimentos em dança e nas linguagens audiovisuais. Interessa ao grupo remexer em feridas abertas no passado recente da China, no período em que esteve sob o comando de Mao Tsé-Tung. Ao conceber espetáculos que resgatam e transcriam as memórias da Grande Fome e das beligerantes Guardas Vermelhas, a companhia coloca o legado da Revolução Cultural Chinesa na berlinda, sugerindo que os públicos construam suas leituras acerca dos refluxos dessa história no presente do país - em que as formas não-democráticas de poder vão se sucedendo em novas bases. Tal abordagem encontra na ação socioeducativa do Sesc uma caixa de ressonância propícia, tendo em vista o trabalho da instituição no tocante ao estímulo à reflexão e ao debate, práticas fundamentais para o fortalecimento da democracia. Sesc São Paulo


ESPETテ,ULO


MEMÓRIA

dia 13/06 | sábado, às 13h (versão de 8h) dias 16 e 17/06 | terça e quarta, às 20h (versão de 2h) Galpão - Sesc Pompeia


A artista e coreógrafa Wen Hui nasceu no início da década de 1960. Sua memória mais vívida da infância envolve a apresentação de espetáculos no qual sua cama era o palco, e sua tela contra mosquitos, a cortina; a plateia, por sua vez, era composta por seus pais e seu irmão mais velho. Quarenta anos depois, Wen Hui idealizou um dossel dez vezes maior, montou-o num palco e convidou Feng Dehua para relembrar. Relembrar… relembrar o que você puder… tentar relembrar com toda sua força coisas esquecidas — esta é a motivação e o empenho que permearam a criação e a preparação deste trabalho, do início ao fim. O conteúdo dessa “lembrança” está completamente conectado com o nascimento e amadurecimento de Hui e Dehua ao longo da década de 1960 e início da década de 1970. No palco, toda uma série de materiais relacionados ao ato e ao conteúdo desse processo de relembrar se faz presente: o dossel dez vezes maior do que o normal; uma velha máquina de costura dos anos 1960; fragmentos de histórias orais da infância; marcas de seus corpos e de sua linguagem; antigas fotos de família; e trechos do documentário 1966: Meu tempo na Guarda Vermelha, de Wu Wenguang, nos quais se incluem tanto a expressão dos sentimentos do velho Guarda Vermelho Huang Ling em relação ao Presidente Mao, quanto todos os slogans e escritos que saturavam o ar naqueles tempos. Tudo isso constitui uma instância do relembrar — um esforço concentrado para perfurar a impenetrável parede do tempo.


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MEMÓRIA Duração 480 min. / 8 horas (versão estendida) Produção Living Dance Studio Coprodução Biennale de la Danse, Centre National de la Danse Coreógrafo Wen Hui Performers Wen Hui, Li Xinmin e Wu Wenguang (na versão estendida) Dramaturgia/design de vídeo Wu Wenguang Texto Wu Wenguang, Wen Hui e Li Xinmin Música Wen Bin Animação Hao Zhiqiang Designer de luz Edwin Van Steenbergen Operador de vídeo Zou Xueping Operador de som Wang Haian Fotografia Ricky Wong e Odette Scott Apoio Beijing Storm, Borneoco (Holanda) Agradecimentos especiais Estelle Zheng, Berenice Reynaud, Marilyn Ong, Jian Yi, Zheng Fuming, Tian Gebing, Zha Jianying, Zhong Su e Liu Heng


ESPETテ,ULO


MEMÓRIA II: FOME

dias 12 e 14/06 | sexta, às 20h | domingo, às 18h Galpão - Sesc Pompeia


Memória II: Fome baseia-se na Grande Fome Chinesa, período de extrema escassez provocado pelas péssimas políticas econômicas que devastaram a China entre 1958 e 1961, causando a morte de milhões de pessoas. Criado a partir do Projeto Memória Popular, este espetáculo parte do trabalho de mais de vinte “desbravadores da História”, voluntários da Estação de Trabalho Caochangdi que percorreram dezenas de vilarejos, em mais de dez províncias, para entrevistar e filmar cerca de quatrocentos “guardiões da História”. Estas pessoas, verdadeiras testemunhas vivas de um período conturbado, agora se fazem presente no palco através de projeções, contrastando com os jovens pesquisadores em cena e suas experiências cinematográficas na busca de um passado desconhecido.


MEMÓRIA II – FOME Duração 120 min. Produção Living Dance Studio Concepção e direção Wu Wenguang Coreografia Wen Hui Texto, documentários e performers Zhang Mengqi, Zou Xueping, Luo Bing, Li Xinmin, Shi Qiao, Wang Haian, Guo Rui e Jia Nannan Imagem e suporte técnico Jia Nannan e Wang Wenli Apresentado anteriormente no Crossing Festival, Estação de Trabalho Caochangdi (ETC.) (Pequim, China, 2010); OCAT Arts Center (Shenzen, China, 2010); Festival de Artes de Cingapura (2011); Festwochen (Viena, 2012; Times Museum (Guangzhou, China, 2012); Spielart Festival (Munique, Alemanha, 2013); Teatro Archa (Praga, República Tcheca, 2013); e Kamplage (Hamburgo, Alemanha, 2014)


Richy Wong

ESPETテ,ULO


OUVINDO AS HISTÓRIAS DA TIA-AVÓ

dias 19, 20 e 21/06 | sexta, às 20h | sábado, às 20h | domingo, às 17h Galpão - Sesc Pompeia


“Minha tia-avó me conta suas memórias, de 1940 até os dias de hoje — sua trajetória pessoal durante um período historicamente muito significativo na China. A trajetória de uma mulher que vivenciou diferentes dinastias; sua vida que é essencialmente a história das mulheres chinesas de então. Ela fala sobre como se casou aos doze anos, deu a luz a seu primeiro filho aos catorze e como seu marido a traiu com outra mulher quando ela tinha vinte; sobre como presenciou a libertação da China quando tinha 21; sobre as políticas de reforma agrária, um ponto de inflexão em sua vida quando tinha 22 anos: depois dela, tudo mudou — sua vida pessoal se transformou em comunal. Através de nossas conversas, percebo que ela estava esperando por mim esse tempo todo. Ouvi dizer que foi ela quem escolheu o nome de sua primeira neta: Wen Hui, o mesmo que o meu, nome e sobrenome. Ela não sabia de minha existência — e meu pai, que tinha esquecido dessa tia — minha tia-avó —, nunca havia me contado sobre ela. Talvez seja isso a que chamam destino. Sou o oposto de minha tia-avó. Cresci no período coletivista da China — cresci com minha vida coletiva. Conforme crescia, sempre questionei a mim mesma e me perguntei o que estava a meu alcance para renovar minhas experiências pessoais. Nossas memórias são experiências do corpo. Como podem essas experiências transformar a sociedade e a história? Minha tia-avó e eu somos como espectros num mesmo túnel; seu espírito me dá energia conforme tentamos nos aproximar, cada uma a seu modo.” Por Wen Hui

Em fevereiro de 2011, a coreógrafa Wen Hui retorna para o vilarejo em que seu pai nasceu para buscar as memórias perdidas de sua família. O vilarejo, localizado na província Yunnan, chamava-se Yi Men, e seu pai não o visitava há cinquenta anos. Durante sua viagem, Hui deparou-se com uma velha senhora, a última sobrevivente da família de seu pai — sua tia-avó. Seu nome era Su Mei Lin, 83 anos, natural do condado de Shuang Bai e agora moradora do vilarejo Da He Bian. Por três semanas a coreógrafa viveu com sua tia-avó, ao longo das quais a ajudou em sua fazenda e ouviu suas histórias sobre o passado. Suas recordações e pensamentos eram tão límpidos, suas memórias tão vívidas e detalhadas que isso instigou Hui na construção dessa performance/documentário, Ouvindo as histórias da tia-avó.


Richy Wong

OUVINDO AS HISTÓRIAS DA TIA-AVÓ Duração 75 min. Produção Living Dance Studio Produtor Wu Wenguang Coreografia Wen Hui Performers Li Xinmin, Wen Hui e Lao Xiujuan Design de luz Edwin Van Steenbergen Documentário Wen Hui Música Wen Luyuan


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PROJETO MEMÓRIA POPULAR SELEÇÃO DE DOCUMENTÁRIOS

No verão de 2009, o coletivo da Estação de Trabalho Caochangdi esboçou o início de um documentário sobre a vida durante o período da Grande Fome Chinesa (19581961). No ano seguinte, estabeleceu-se o marco inicial do Projeto Memória. Na época, Caochangdi contava com a participação de 21 pessoas. A partir daí, houve um crescimento exponencial: em pouco mais de três anos, o Projeto Memória reuniu mais de cem participantes e novecentos entrevistados. Cada um deles tinha algum laço com o vilarejo retratado. Uns haviam nascido ou crescido ali; outros ainda lá moravam; uns tinham lá parentes ou avós. Para os idosos dos vilarejos, esta era a primeira vez que alguém com uma câmera pedia que abrissem seus baús de memórias. Aqui estavam as novas gerações, saltando a geração de seus pais para indagar a seus anciãos sobre o passado. Suas histórias estão agora em documentários, dez dos quais foram selecionados para a presente exposição. Seu conjunto cria uma espécie de arquivo de memória popular, cuja força está em expor a dimensão humana da História, as contradições, medos e esperanças de um povo que está tão distante de nós, mas que ainda assim nos é tão familiar.


Zou Xueping

VILAREJO DAS CRIANÇAS Direção, fotografia e edição: Zou Xueping 85 min. _ 2012

“Este é meu terceiro filme para o Projeto Memória. No inverno de 2012, enquanto continuava a realizar entrevistas na região, comecei a investigar e a coletar dados estatísticos sobre as mortes ocorridas durante a Grande Fome, ao mesmo tempo em que recolhia doações para a construção de um memorial para aqueles que faleceram em razão desse período de escassez. Crianças de dez a quinze anos se voluntariaram a me ajudar nessas atividades: visitavam conhecidos idosos com câmeras que emprestei para elas, faziam entrevistas, colhiam informações e doações. Essa foi também a primeira oportunidade que tiveram para apren- ZOU XUEPING nasceu em 1985 e se grader e apreciar a história desse vilarejo. duou pela Academia Chinesa de Belas Com a ajuda desses anjinhos, logo Artes em 2009. Atualmente, é artista deixei de me sentir sozinha. Eu podia residente na ETC. São seus documenvislumbrar o futuro e as esperanças tários: Mãe (2008), O vilarejo faminto por ele trazidas.” (2010), O vilarejo saciado (2011) — vencedor do Prêmio de Excelência do Festival de Cinema Independente de Pequim —, Vilarejo das crianças (2012) e Vilarejo do lixo (2013).


Zhang Mengqi

AUTORRETRATO COM TRÊS MULHERES

Direção e edição: Zhang Mengqi / Fotografia: Zhang Mengqi, Zhang Yan 70 min. _ 2010

ZHANG MENGQI nasceu em 1987 e se “Naquele ano eu completei 23 anos, formou pela Academia de Dança da Unia idade em que as mulheres comeversidade das Minorias da China. Desde çam a gestar sonhos. Mas, enquanto 2009 é artista residente na ETC. São cuidamos de nossos sonhos, preseus documentários: Autorretrato com cisamos ao mesmo tempo carregar três mulheres (2010) e Autorretrato: a o fardo dos sonhos de outras duas 47Km (2011). mulheres. Este filme começou a partir de uma busca pessoal e derivou rumo à minha mãe e à mãe de minha mãe — seguiu o fluxo do sangue ao longo de três gerações, de três mulheres que cresceram em tempos tão diferentes. Vítima de um casamento opressivo, minha avó tinha esperanças de que minha mãe teria um casamento bonito, perfeito. Quando minha mãe também se tornou uma vítima, minha avó voltou suas esperanças a mim. Talvez o casamento seja o sonho de todas as garotas, mas ao mesmo tempo é também aquilo que o mata.”


Luo Bing

VILAREJO LUO: REN DINGQI E EU Direção, fotografia e edição: Luo Bing 80 min. _ 2011

“Este é meu primeiro documentário e também o LUO BING nasceu em 1986 e se marco inicial de um novo estilo de vida por mim graduou na Academia Chinesa escolhido, um ano após minha graduação na unide Belas Artes em 2009. Desde versidade. Foi um reinício que começou quando 2010 é artista residente na ETC. voltei ao vilarejo de Lou, na província de Hunan, São seus documentários: Vilalocal onde nasci e fui criado. Meu retorno foi rejo Luo: Ren Dingqi e eu (2011), simultâneo à execução do Projeto Memória, que Vilarejo Luo: terra e céu inclecomeçou com entrevistas com aldeãos idosos mentes (2012) e Vilarejo Luojia: sobre suas memórias da Grande Fome. Minha adeus, ponte Luojiang (2013). tentativa de recuperar as memórias desses anciãos esbarrou numa resistência inesperada: a oposição de minha própria avó, que teve medo que eu estivesse tomando um caminho perigoso demais ao tocar em assuntos tão delicados. Mas, inesperadamente, um idoso cruzou meu caminho, me introduziu a vários anciãos no vilarejo e se tornou não só um colaborador dedicado, mas um amigo. Trata-se de Ren Dingqi, meu vizinho de porta. Eu o abordei de novo com meus pensamentos confusos, e nisso descobri realidades do vilarejo que até então eram desconhecidas para mim.”


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OUVINDO AS HISTÓRIAS DA TIA-AVÓ Direção, fotografia e edição: Wen Hui 75 min. _ 2011

“Enquanto procurava por memórias esquecidas de minha família, descobri minha tia-avó. Ela é a única pessoa de sua geração ainda viva dentre meus parentes. Ela é tia de meu pai, mas nem ele nem minha família a haviam mencionado antes. No último inverno eu a encontrei num vilarejo nas montanhas de Yunnan. Seu nome é Su Meiling e ela tem WEN HUI nasceu em 1960, é coreógrafa 83 anos; quando a conheci foi como e dançarina. Estudou coreografia na Acase ela estivesse esperando a vida demia de Dança de Pequim e se graduou inteira pela minha chegada — espeem 1989. Em 1994 fundou com Wu Wenrando por 83 anos. Permanecemos guang o Living Dance Studio em Pequim. juntas e ela me contou sobre sua vida. Nos anos seguintes criou e coreografou Por meio de suas histórias, eu consemuitas performances com apresentaguia ver como as grandes mudanças ções ao redor do mundo. Em 2005 ela da China haviam afetado a vida de e Wu Wenguang fundaram a ETC, um uma mulher.” espaço independente de arte em Pequim. Ouvindo as histórias da tia-avó, seu primeiro documentário, integrou a seleção do Festival Internacional de Viena, em 2011, e do Festival de Cinema de Pequim, em 2012.


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VILAREJO SHUANGJING, SOU SEU NETO Direção, fotografia e edição: Shu Qiao 78 min. _ 2012

“Este trabalho é inspirado na minha árvore genealógica; meu avô une as pontas dessa história. No começo ele a achava sem sentido, mas, conforme passou a contá-la, senti que algo nele mudava, e ao final nos tornamos mais próximos.” SHU QIAO nasceu em 1989 e se graduou na Academia de Belas Artes de Tianjin em 2012. Participa do Projeto Memória desde 2010 e atualmente é artista residente no ETC. São seus documentários Vilarejo Shuangjing, sou seu neto (2012) e Vilarejo Shuangjing, quero me casar com você (2013).


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O INVERNO DE MEU AVÔ Direção, fotografia e edição: Jia Nannan 30 min. _ 2011

“Senti que devia filmar meu avô para tentar entendê-lo melhor. Nunca pensei sobre como ele passava seus invernos; agora, depois de ter gravado o filme, entendo um pouco mais. Conheço um pouco mais de seus pensamentos.” JIA NANNAN nasceu em 1991 e agora trabalha na ETC. Meu avô chamado Jia Fukui é seu primeiro documentário.


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ATACANDO O VILAREJO ZHANGGAO Direção, fotografia e edição: Wang Haian 86 min. _ 2012

“Depois de aderir ao Projeto Memória Popular em 2010, voltei a meu vilarejo e comecei a entrevistar meu avô e outros anciãos. Eu estava escavando memórias da Grande Fome e esperava me unir aos outros participantes para erguer um monumento comemorativo para os aldeãos mortos em 1960; a ideia, no entanto, encontrou muita WANG HAIAN nasceu em 1988 e se resistência em minha família e no formou pela Academia de Belas Artes vilarejo. Mesmo já tendo coletado os de Tianjin em 2012. Participa do Pronomes e idades dos falecidos, não jeto Memória desde 2010 e retornou me permitiram fixar o monumento no ao vilarejo em que nasceu. São seus cemitério público.” documentários Atacando o vilarejo Zhanggao (2012) e Acreditando no vilarejo Zhanggao (2013).


Li Xinmin

HUAMULIN, MENINO XIAOQIANG Direção, fotografia e edição: Li Xinmin 76 min. _ 2013

“Este filme é sobre um menino de quatro anos de idade. Sua mãe é Xiaoqun e tem a mesma idade que eu. Filmei Xiaoqun e sua família em 2013 e, no processo, achei Xiaoqiang muito interessante. Eu e ele brincávamos e juntávamos entulho. Também presenciei a vida real de pessoas idosas e descobri que os aldeãos estavam destruindo LI XINMIN nasceu no ano de 1986 em o meio ambiente. Tudo isso constitui um vilarejo nas montanhas da provínmeu filme.” cia Yunnan. Iniciou sua educação formal, mas teve de interrompê-la depois de quatro anos, em razão de problemas financeiros. Começou a trabalhar na cidade para sustentar sua família quando tinha 16 anos. Trabalha na ETC desde 2007. São seus documentários De volta a Huamulin (2011), Huamulin 2012 (2012) e Huamulin, menino Xianqiang (2013).


Still

AVÔ, GRANDE FOME Direção, fotografia e edição: Guo Rui 75 min. _ 2013

“Nunca conheci meu avô, ele morreu antes do meu nascimento. Meus pais nunca o mencionaram muito, e por isso eu sabia pouco sobre ele. Em 2013, voltei para o vilarejo em que meu pai havia nascido e crescido para entrevistar os aldeãos que eram vivos na época da escassez de 1958-1961. Esse procedimento levou à revelação gradual da imagem de meu avô. Por que voltei a essa vila? Não nasci nem fui educada aqui. Não tinha nostalgia. Acredito que estou traçando a origem e a força de meu nome. Ao longo de minhas entrevistas, revelei com frequência que era neta de Guo Gaoling — e esse era o único jeito de me aproximar das pessoas do vilarejo. Eu ficava cada vez GUO RUI nasceu em 1988, no conmais curiosa sobre meu avô. Como ele dado de Linying, na província Henan, passou pela Grande Fome? Como era sua graduou-se em 2009 no Departavida diária? Quais eram suas forças e seus mento de História da Universidade deveres? Ao mesmo tempo, eu estava Henan e fez mestrado no Departacoletando as histórias e nomes da morte mento de História da Universidade na Grande Fome. Para mim, meu avô e a de Nankai em 2012. Trabalha na ETC. Grande Fome parecem ser a oportunidade desde 2012. Avô, Grande Fome é e os guias para minha cidade natal.” seu primeiro documentário.


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POR CAUSA DA FOME: DIÁRIO 1 POR WU Direção e edição: Wu Wenguang 90 min. _ 2013

“Este filme trata dos primeiros dois anos do Projeto Memória. Todas as imagens são de ângulos da minha câmera.” WU WENGUANG é autor de inúmeros documentários, como Bumming in Beijing (1990), 1966, Meu tempo na Guarda Vermelha (1993), Jiang Hu: vida na estrada (1999), Fuck Cinema (2005) e Treating (2010). Em 2005, cofundou em Pequim o espaço de arte independente Estação de Trabalho Caochangdi com Wen Hui. Lá, além de produzir e coodenar experimentos multimídias, ministra cursos e oficinas sobre produção independente de documentários. Desde então, inaugurou dois projetos principais: o Projeto Documentários de Vilarejo, em 2005, e o Projeto Memória Popular, em 2010.



INSTALAÇÃO

RETRATOS DA FOME

A cada visita aos vilarejos, a cada entrevista durante o Projeto Memória, novas histórias e novos rostos foram sendo revelados. Esta exposição reúne cem retratos de algumas dessas pessoas que sobreviveram à Grande Fome Chinesa.



INSTALAÇÃO

Reprodução

Seleção de trinta pôsteres utilizados como propaganda política da República Popular da China na época da Grande Fome (1958-1961)

“As dezenas de camadas de pôsteres tornavam cada parede grossa como a parede de um forte. (...) As pessoas tocavam tambores quando saíam para colar pôsteres na rua. Eles carregavam grandes barris de cola de farinha branca e grosseiramente a espalhava nas paredes. Naquele tempo, farinha branca era comida rara. Toda casa tentava poupar o máximo de farinha possível para que pudessem ter o suficiente para fazer guiozas na celebração de Ano Novo. E aí o cheiro da cola de farinha branca era muito tentador (...)”


ESTAÇÃO DE TRABALHO CAOCHANGDI (ETC)

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foi fundada em Pequim, em 2005, pela coreógrafa Wen Hui e pelo cineasta Wu Wenguang, em conjunto com o estúdio de filmagem de Wenguang e o Living Dance Studio. A partir de então, Wu e Wen deram início à construção dessa plataforma, um espaço independente voltado para o desenvolvimento de documentários e de performances de jovens artistas. Desde então, o espaço, desenhado por Ai Weiwei e construído com o apoio do Beijing Storm, é palco para uma série de projetos de artistas e documentaristas, tanto chineses quanto de outras partes do mundo. A Estação recebe gratuitamente todos os interessados em estudar, praticar e dividir informações, promovendo workshops e palestras. Em sua sede há, ainda, um arquivo com uma vasta coleção de textos, vídeos e catálogos sobre documentários, performances, espetáculos de dança e teatro contemporâneo.


LIVING DANCE STUDIO foi a primeira companhia de dança independente da República Popular da China, fundada em 1994 pela coreógrafa Wen Hui e pelo cineasta Wu Wenguang. Há mais de vinte anos é um dos grupos mais vanguardistas da China, misturando diversas mídias e técnicas na criação de seus espetáculos. Sua abordagem da dança e das artes performáticas é a mais “aberta” possível, incentivando a participação de todo tipo de gente em seus espetáculos, com e sem formação, de qualquer gênero ou idade. Seu trabalho experimental já foi apresentado em inúmeros festivais de arte internacionais, entre os quais pode-se citar a Bienal de Veneza. Por tratar de temas de relevância social com um enfoque mais crítico, até hoje nunca recebeu apoio do governo chinês.

WEN HUI, dançarina e coreógrafa chinesa, estudou e trabalhou com a coreógrafa alemã Pina Bausch. Seu trabalho, marcado pela interdisciplinaridade, coloca em cena uma intensa e viva discussão entre o passado e o presente, entre o particular e o universal. Hui é uma das pioneiras da dança contemporânea na China. Começou a dançar muito nova em Yunnan, no vilarejo onde nasceu e se dedicava à dança folclórica. Depois de passar pela Academia de Dança de Pequim, frequentou inúmeros cursos no exterior. Sua atuação, no entanto, não se restringe ao cenário da dança. Hui defende que o trabalho artístico deve e pode intervir na sociedade. Desde 2005, ela trabalha com Wu Wenguang na Estação de Trabalho Caochangdi (ETC). WU WENGUANG nasceu em 1956 na província de Yunnan, no sudoeste chinês. Depois de terminar o colegial em 1974, Wu foi mandado para o interior, onde trabalhou como fazendeiro por quatro anos. Entre 1978 e 1982 estudou Literatura Chinesa na Universidade Yunnan. Depois disso, trabalhou como professor colegial por três anos, e, mais tarde, como jornalista em uma emissora de televisão. Em 1988, deixou a televisão e se mudou para Pequim para se tornar cineasta independente, escritor freelancer e autor e produtor de dança/teatro. Wu completou diversos documentários. Em 2005, cofundou em Pequim o espaço de arte independente Estação de Trabalho Caochangdi com Wen Hui. Desde então, inaugurou dois projetos principais: o Projeto Documentários de Vilarejo, em 2005, e o Projeto Memória, em 2010.


Serviço Social do Comércio Administração Regional no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Danilo Santos de Miranda SUPERINTENDÊNCIAS Técnico Social Joel Naimayer Padula Comunicação Social Ivan Giannini Administrativo Luiz Deoclécio M. Galina Técnico e de Planejamento Sérgio Battistelli GERÊNCIAS Ação Cultural Rosana Paulo da Cunha Adjunta Kelly Adriano de Oliveira Assistentes Claudia Garcia e Juliano Azevedo Artes Visuais e Tecnologia Juliana Braga Adjunta Nilva Luz Estudos e Desenvolvimento Marta Colabone Adjunto Iã Paulo Ribeiro Artes Gráficas Hélcio Magalhães Adjunta Karina Musumeci Sesc Pompeia Elisa Maria Americano Saintive Adjunto Sérgio Pinto Coordenadores de Áreas Cristina Tobias, Marcelo Coscarella, Paulo Rogério Delgado, Raquel Lopes Py, Ricardo Herculano, Roberta Della Noce e Thiago Freire

MEMÓRIA FUTURO – ESTAÇÃO DE TRABALHO CAOCHANGDI / LIVING DANCE STUDIO Realização Sesc São Paulo Idealização Estação de Trabalho Caochangdi, Living Dance Studio e prod.art.br Produção prod.art.br Apoio WHITE RABBIT – Contemporary Chinese Art Collection


MEMÓRIA FUTURO ESTAÇÃO DE TRABALHO CAOCHANGDI LIVING DANCE STUDIO

ESPETÁCULOS MEMÓRIA II: FOME dias 12 e 14/06 | sexta, às 20h | domingo, às 18h

MEMÓRIA dia 13/06 | sábado, às 12h (versão de 8h) dias 16 e 17/06 | terça e quarta, às 20h (versão de 2h)

OUVINDO AS HISTÓRIAS DA TIA-AVÓ dias 19, 20 e 21/06 | sexta, às 20h | sábado, às 20h | domingo, às 17h *INSTALAÇÕES

DOCUMENTÁRIOS PROJETO MEMÓRIA RETRATOS DA FOME PÔSTERES CHINESES de 12 a 21/06 | de terça a sábado, das 13h às 18h | domingo, das 13h às 17h *No sábado, dia 20/06, Virada Cultural, a atividade acontece também das 22h às 2h

12 a 21 de junho de 2015 _ Galpão Sesc Pompeia


Sesc Pompeia Rua Clélia, 93 - São Paulo tel. +55 11 3871.7700 facebook.com/sescpompeia sescsp.org.br/pompeia

Espetáculo “Ouvindo as histórias da tia-avó”_ foto © Richy Wong

prefira o transporte público sescsp.org.br/transporte público Barra Funda 2000m CPTM Água Branca 800m ou Barra Funda 2000m Terminal Lapa 2100m


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