Programa Blanche

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Desaconselhável para menores de 14 anos

CO “ MO O EX ORD AN TRA INÁ DY O R WA RD IO RH IN OL Á RIO ”

UMA VIAGEM EM FONEMOL, DE ANTUNES FILHO E ELENCO, PELO UNIVERSO DE TENNESSEE WILLIAMS UMA HISTÓRIA DE DUAS IRMÃS: STELLA E BLANCHE “AQUILO NÃO EXPRESSO, MAS PRETENDIDO, DAQUILO QUE NÃO FOI INTENCIONALMENTE EXPRESSO” MARCEL DUCHAMP

“A VERDADE SOB O DISFARCE AGRADÁVEL DA ILUSÃO.” TENNESSEE WILLIAMS


“C’EST LA VIE” “Rose Sélavy já nasceu plenamente amadurecida da mente de Marcel Duchamp durante o final do verão ou o princípio do outono de 1920. ‘Não foi para trocar minha identidade mas para ter duas identidades’... então me perguntei, por que não um nome feminino? Muito melhor do que trocar de religião é trocar de sexo. Na França, Rose era o nome mais banal de menina na ocasião. E Sélavy não passa de um trocadilho de c’est la vie.” calvin tomkins


Uma viagem em fonemol de Antunes Filho e Elenco pelo universo de Tennessee Williams Com CPT/Sesc e Grupo de Teatro Macunaíma

março a junho de 2016 quartas, quintas e sextas às 20h, sábados e feriados às 17h (exceto dia 25 de março)



UM DESEJO ORIGINAL O

respeito à diversidade é uma questão central no modo de vida ocidental. Nesses tempos de sociedades de massa e padronização, os diferentes ainda são, muitas vezes, hostilizados e segregados. As tensões decorrentes dessas incompreensões provocam conflitos e estranhamentos que precisam ser debatidos e desarmados. Nesse contexto, possibilitar momentos de reflexão e empatia torna-se essencial. Exemplo disso, o espetáculo Blanche, inspirado em “Um bonde chamado desejo”, de Tennessee Willians, com a direção de Antunes Filho, opta pelo minimalismo e pela transgressão de convenções artísticas e sociais, reservando aos atores e ao público a possibilidade de reconhecer e dar sentidos às sutilezas da condição humana. É nessa perspectiva que o CPT/Sesc desenvolve seu trabalho, alicerçado na pesquisa e experimentação de formas inovadoras de repercutir e ampliar ideias e preocupações contemporâneas. Para o Sesc, a vivência subjetiva pode desestabilizar preconceitos e intolerâncias revelando novos caminhos de entendimento e interação social. Danilo Santos de Miranda

Diretor Regional do Sesc São Paulo


FONEMOL

ESTE ESPETÁCULO, FALADO EM FONEMOL,* É INSPIRADO EM TENNESSEE WILLIAMS. CADA ESPECTADOR TERÁ QUE IMAGINAR E CRIAR SUA PRÓPRIA DRAMATURGIA: CENA POR CENA. TRATA-SE DE UMA HISTÓRIA DE DUAS IRMÃS: STELLA E BLANCHE DUBOIS... DUAS IRMÃS!


*Fonemol é uma língua imaginária que procura revelações através das sensações e sentimentos do ser humano. São símbolos do inconsciente, não da razão. Assim como os atores, que com o Fonemol emanam imagens inconscientes, o mesmo deve suceder com o espectador que, sensibilizado na participação, vai agir como DJ, criando sua dramaturgia particular. antunes filho


IDEIAS DIVERGENTES SOBRE BLANCHE “Eu sempre sou acusado de escrever personagens de pouca complexidade. Quase nenhum crítico comentou sobre as nuances em Um bonde chamado desejo. Certamente houve muitas ideias divergentes quanto à personagem de Blanche e grande disparidade na interpretação da personagem entre as muitas produções que assisti nos Estados Unidos e no exterior. Frequentemente se referiram a ela como uma prostituta, muitas vezes também como uma alcoólatra ou uma ninfomaníaca ou mentirosa”. tennessee williams


NÃO FAÇO CONCESSÃO “A verdade sobre uma personagem tanto no teatro quanto na vida depende do íntimo de cada espectador. Nunca dois espectadores têm a mesma impressão de uma personagem com certo grau de complexidade. E é assim que deve ser. Eu conheço muito bem as defesas e desculpas de escritores sob o peso das críticas, uma espécie autodefensiva, mas eu reafirmo que não faço concessão com o que eu sinto que seja a verdade de uma personagem. Eu jamais deixaria de expor a verdade de uma personagem”. tennessee williams


Público tem que ser DJ no espetáculo: faz dramaturgias particulares com o que vê, com o que ouve e com o que sente.

O espetáculo solicita de cada espectador uma dramaturgia original. Se possível até com um bigode colocado na Mona Lisa.

Blanche DuBois encarna acima de tudo os tempos modernos que se vão.

Uma dramaturgia fantasma deve se constituir dentro do espectador.


CENÁRIO: O REALISMO DE UMA SALA DE ENSAIO FINGINDO SER OUTRA!

textos de antunes filho


BLANCHE

STELLA


É UMA PEÇA SOBRE DUAS IRMÃS, AS ÚNICAS DESCENDENTES DE UMA TRADICIONAL FAMÍLIA COMPLETAMENTE DECADENTE DO SUL DOS ESTADOS UNIDOS.

A

mais jovem, Stella, conformada com a sua nova posição social, se casa com um atraente e rude operário e se muda para uma cidade distante.

[...] Blanche permanece na velha propriedade em ruínas, Belle Rêve, mantendo seu antigo status por cinco anos. Mesmo tendo sido sempre muito decente e extremamente sensível, ela acaba se envolvendo com vários homens em busca de proteção até que tem sua honra maculada. Ela ensina inglês em um colégio da pequena cidade e é mandada embora quando seu nome é envolvido num caso extraconjugal. Sua propriedade é confiscada e Blanche, completamente falida, desiste da batalha e parte em busca de refúgio na casa de Stella.


PERSONAGENS AGARRANDO-SE TENAZMENTE AOS SEUS SONHOS

[...] entre as décadas de 1920 e 1940, muitas peças tematizavam aspectos do passado nacional, servindo de alavanca emocional contra aquele período de depressão e do fracasso do sonho americano. Frequentemente nos deparamos com personagens agarrando-se tenazmente a seus sonhos — Blanche e Scarlet O’Hara são típicos exemplos dessa perda. Seus sonhos nunca são concretizados no plano da realidade, exceto pelas fantasias dos romances lidos ou das operetas assistidas, posto que a propulsão do materialismo norte-americano destruiu todas as expectativas e sonhos, deixando o homem abandonado em um mundo sem alma… josé carlos félix

SCARLET O’HARA

REPRODUÇÃO

REPRODUÇÃO

BLANCHE


REPRODUÇÃO / SLOGAN PUBLICITÁRIO DE 1969

“TUDO VAI MELHOR COM COCA-COLA”

PEGOU O OBJETO COMUM E FEZ ARTE “Os EUA no início dos anos 1960 passavam por um período de sucesso econômico, mas muitos se preocupavam com o preço pago da prosperidade, o consumismo exacerbado. Andy Warhol mergulhou de cabeça nesse debate cultural... Warhol pegou o objeto comum e fez arte. Um modo revolucionário de ver tanto a arte quanto a cultura consumista... Transformando objetos e produtos comuns em arte ele refletiu a cultura americana... Andy Warhol fez o ordinário parecer extraordinário.” documentário biography a&e mundo

NO PROCESSO DE PRODUÇÃO “Desta maneira, a cultura foi retirada do plano ideal/metafísico e inserida no processo de produção da vida material — de ordem social — ofertando obras padronizadas seguindo modelos preestabelecidos tornando-se, cada vez mais, estereotipados, consumistas, representando a negação da arte como esfera de reflexão e do homem como sujeito pensante.” adorno e horkheimer por antunes filho

SOU O CONTRÁRIO DE UM MÁGICO DE TEATRO ”Sou o contrário de um mágico de teatro. Ele lhes dá uma ilusão com aparência de verdade. Eu lhes dou a verdade sob o disfarce agradável da ilusão”. tennessee williams


“BLANCHE PERTENCE AO UNIVERSO DAS GRANDES E DECADENTES PLANTAÇÕES SULISTAS E ATUA COMO UM VEÍCULO NO QUAL O PASSADO NORTE-AMERICANO DO SÉCULO XIX É REVIVIDO, RESISTINDO ASSIM AO SEU FATÍDICO E INEVITÁVEL DESAPARECIMENTO.” JOSÉ CARLOS FÉLIX


SÉC. XV SÉC. XVII-XVIII MISTÉRIOS MEDIEVAIS COMÉDIE FRANÇAISE “Que a visualização da narração sagrada teve uma importância pelo menos igual à da dramatização é ­demonstrado pelo fato de, nos primeiros anos do século XV, as formas representativas designadas por mistérios poderem ser representações mudas: sans parler ou par signes. A compreensão do significado narrativo era às vezes auxiliada por cartazes [tituli] que tanto podiam descrever a situação como conter as palavras de uma personagem: autênticas didascálias do filme mudo. Às vezes tratava-se de simples tableaux vivants, isto é, de mistérios sans parler ni signer como se diz a propósito de uma representação realizada em Paris, em 1424, acerca da qual se especifica que as personagens pareciam imagens aumentadas numa parede.” cesare molinari,

História do Teatro

“Desde a sua fundação, a Comédie foi forçada a empenhar-se numa luta feroz em defesa do seu privilégio, ameaçado particularmente pelos pequenos teatros que vinham se instalando nos bairros onde tinham lugar as feiras de Saint-Germain e Saint-Laurent. [...] Em certos casos, a Comédie chegou mesmo a mandar destruir teatros que os forains reconstruíam imediatamente; em geral conseguia apenas limitar a área de ação dos concorrentes, impedindo que estes representassem as comédias, e, mais tarde, até os diálogos e os monólogos. Porém, os teatros da feira responderam à letra, não no plano da violência legal, mas no da invenção teatral, solicitada justamente pelas restrições impostas. Assim, enquanto os atores mimavam a ação, as falas apareciam escritas em grandes cartazes, e o próprio público cantava-as, feliz por participar ativamente daquela batalha. Ou, então, as palavras eram substituídas por sons sem sentido, mas ditos com o ritmo dos alexandrinos e imitando o tom dos grandes actores da Comédie-Française — os Romains, como escarninhamente eram chamados — numa arrebatadora paródia da tragédia”. cesare molinari,

História do Teatro


STANLEY


“STANLEY, POR SUA VEZ, ENCAPSULA A IMAGEM DA NOVA AMÉRICA, DO IMIGRANTE E DO HOMEM DA CIDADE”.

“NO ESPAÇO DA NARRATIVA, É ELE AQUELE QUE, DENTRO DO SEU GRUPO, ENCONTRA-SE DOTADO DAS QUALIDADES OU HABILIDADES NECESSÁRIAS PARA VENCER NO MUNDO PÓS-INDUSTRIALIZADO, NO COMÉRCIO, EM UM UNIVERSO RECONFIGURADO PELA MÁQUINA, PELOS CARROS E LOCOMOTIVAS.”

“NESSE CONTEXTO, ELE ASSEVERA SUA MASCULINIDADE E SUA FALTA DE REFINAMENTO; E, ONDE NÃO PODE DOMINAR SEXUALMENTE, ELE RECORRE À VIOLÊNCIA.”

textos de josé carlos félix



SITUAÇÃO-LIMITE ENTRE O REAL E O FICCIONAL “Esta situação-limite entre o real e o ficcional, que o travesti tão bem encarna e exibe, toca diretamente numa das questões centrais da obra de Nan Goldin, que realiza a passagem do cotidiano e de suas próprias experiências reais para a dimensão poética.” lígia canongia


COMMONS.WIKIMEDIA.ORG

REPRODUÇÃO

antunes filho

REPRODUÇÃO

PERFORMER

é aquele ator ou artista que se torna agente de crise, visando a quase sempre o inédito para sensibilizar e transformar o humano, o social e o político arraigado.


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METÁFORA DE UM ESTADO FRONTEIRIÇO “Entendido como uma alternativa transgressiva ao universo formalista e figura constante nas vanguardas desde Duchamp, o travesti retorna sempre na história da arte como metáfora de um estado fronteiriço, limítrofe entre a realidade e a representação [...] No travesti, ‘o corpo se torna uma coleção de imagens’, na medida em que ele se converte em ator de múltiplas facetas, sempre a propor a reconstrução de personagens.   O travestimento seria, assim, a explicitação cabal dos artifícios da representação, do agenciamento ambíguo de seus signos, verdadeira síntese do processo de construção figural. E Michaud acrescenta: ‘Transformando a feminilidade em imagem, o travesti dá a ver o trabalho secreto da figurabilidade, um puro fenômeno de incorporação’.” ligia canongia



UM NÍVEL MAIS UNIVERSAL DE COMUNICAÇÃO A

lguns anos atrás fui ver um espetáculo com um brilhante ator japonês chamado Hisao Kanze, que já morreu. Muitos críticos sugeriam que era a qualidade de seu trabalho que encorajava toda uma geração de jovens a se interessar pelo teatro nô. Uma coisa que notei em sua interpretação foi que a narrativa era extremamente clara. Essa era provavelmente uma das razões pelas quais ele era tão popular entre o público jovem. Infelizmente, isso me desapontava um pouco. Sua interpretação era excelente, mas a história era contada de maneira tão óbvia, que eu sentia como se estivesse assistindo a um melodrama na televisão. Então uma vez ele veio a Paris e apresentou a mesma peça. Era absolutamente maravilhosa.   Após o espetáculo, fui até os bastidores falar com ele. Ele disse que

quando interpretava no Japão, concentrava-se na história e na situação dramática. Como a língua usada no teatro nô é extremamente arcaica, a maioria dos japoneses tem dificuldade para entender o significado exato do texto. Por isso ele sentia que era importante ressaltar o encadeamento das ações.   Na Europa, não havia nenhuma possibilidade de o público acompanhar o texto, de modo que teve um objetivo diferente. Em vez de tentar contar a história tão claramente, pôs seu foco em cada gesto, em cada som, em cada detalhe de cada movimento. Era hipnótico assisti-lo, e causava impacto emocional apesar da ininteligibilidade da história.   Acho que o fato de Hisao Kanze não ter mais se preocupado em contar a história do ponto de vista da emoção, do sentido ou da psicologia, possibilitou-lhe alcançar outro nível de interpretação. A necessidade de se concentrar em cada momento com seu eu inteiro, em vez de se preocupar em viajar pelo texto, obrigou-o a se afastar da forma convencional da narração teatral. Foi levado a descobrir um nível mais universal de comunicação — de ser humano para ser humano. yoshi oida


NO JOGO DO TEXTO “Sem dúvida que o teatro de Hove está bem distante de um teatro realista. Ele incorpora e usa o realismo — como se pode dizer no pós-modernismo — ultrapassando-o, criando outras formas para um ator interpretar uma personagem. Melhor ainda, ele ‘performa-o’, exige sua presença para desdobrá-lo diante do espectador, mostrando suas dobras e seus recônditos. É no jogo do texto e nesse desdobramento que reside o grande prazer do espectador e a performatividade do espetáculo.” josette féral por antunes filho


ARTISTA E PESSOA “Num sentido mais específico, o performer é aquele que fala e age em seu próprio nome (enquanto artista e pessoa) e como tal se dirige ao público, ao passo que o ator representa sua personagem e finge não saber que é apenas um ator de teatro. O performer realiza uma encenação de seu próprio eu, o ator faz o papel de outro”. patrice pavis


NÃO ENTENDEMOS NENHUMA PALAVRA DOS DIÁLOGOS, MAS MESMO ASSIM FICAMOS ATORDOADOS. “Tarkovski me ofereceu uma das maiores e inesquecíveis experiências de vida e de cinema. Certo dia, em 1971, eu assistia a um filme em companhia de Kjell Grede [cineasta sueco] numa sala da SF [companhia estatal sueca de filmes]. Olhamos para a cabine de projeção, onde havia uma caixa de rolos de filme. Perguntei ao projecionista o que era aquilo, e ele me respondeu que era uma droga de um filme russo. Daí vi o nome de Tarkovski anotado na

caixa e disse a Grede que precisávamos ver do que se tratava. Demos um trocado ao projecionista… e era Andrei Roublev. Depois, lá pelas duas e meia da madrugada, saímos cambaleando da sala, com os olhos fundos e completamente tocados, entusiasmados e oscilantes. Nunca esquecerei. O que foi notável é que não havia legendas em sueco! Não entendemos nenhuma palavra dos diálogos, mas mesmo assim ficamos atordoados.”

REPRODUÇÃO

ingmar bergman


DE MODO INDEPENDENTE

INGMAR BERGMAN TARKOVSKI HORKHEIMER ANDY WARHOL ADORNO TENNESSEE WILLIAMS MARCEL DUCHAMP

REPRODUÇÃO

“Eu sabia que o filme estaria aberto a várias interpretações, mas evitei deliberadamente indicar conclusões específicas, pois achei que o público deveria encontrá-las de modo independente.” andrei tarkovski, sobre seu filme O Sacrifício, 1984


O GRANDE TEMA EM TODA MINHA OBRA É O IMPACTO DESTRUTIVO DA SOCIEDADE NO INDIVÍDUO SENSÍVEL E INCONFORMADO (INADAPTÁVEL). tennessee williams, carta para audrey wood

CENA VIII




“O estupro de Blanche por Stanley é o ato mais vital de toda a peça, sem o qual a peça perderia todo o seu sentido, que é a violação do sublime pelas forças selvagens e brutais da sociedade moderna”. tennessee williams,

carta para Joseph Breen, 1950



“O estupro é um programa político preciso: esqueleto de um [sistema] opressor, é a representação crua e direta do exercício do poder. Designa um dominador e organiza as leis do jogo para que possa exercer seu poder sem restrições. Roubar, arrancar, extorquir, impor, se assegurar de que sua vontade se exerça sem entraves e de que possa gozar de sua brutalidade sem que a outra parte manifeste resistência. O gozo da anulação do outro e da sua palavra, da sua vontade, da sua integridade. O estupro é a guerra civil, a organização política através da qual um sexo declara ao outro: tenho todos os direitos sobre você e te forço a se sentir inferior, culpada e degradada”. virginie despentes,

Teoria King Kong


O PARTICIPADOR “o artista não mais como um criador para a contemplação mas como um motivador para a criação — a criação como tal se completa pela participação dinâmica do espectador, agora considerado ‘participador’.“ hélio oiticica

A ARTE NÃO É A IMITAÇÃO DA VIDA “Artaud quer portanto acabar com o conceito imitativo da arte. Com a estética aristotélica, na qual se reconheceu a metafísica ocidental da arte. ‘A Arte não é a imitação da vida, mas a vida é a imitação de um princípio transcendente com o qual a arte nos volta a pôr em comunicação’.” jacques derrida


REPRODUÇÃO

PERFORMATIVO CARACTERÍSTICAS A PARTIR DE ERIKA FISCHER-LICHTE

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Deixa de ser obra de arte objeto para ser evento de arte ao vivo. Encontro que propicia um embaçamento das fronteiras entre artistas e público na construção da obra ou do evento.

Homens jogam no palco com máscaras que escondem e se revelam, performers assumindo personas em oscilação.

5 2 Espaço-tempo compartilhado em presença de corpos que percebem pelos sentidos, cérebro, mente, coração, inconsciente, alma....

Importa o homem-artista-cidadão com seu posicionamento ético, filosófico, estético, político, espiritual, suas loucuras, utopias, pequenezas, vícios, extravagâncias.

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Manifestação por palavras, silêncios, imagens, músicas, perfumes, atmosferas, emanações, sentidos, sensações, sentimentos...

Busca-se a emancipação do homem por meio do (re)encantamento do mundo. O palco usado para uma celebração social e espiritual.

Texto de THIAGO BRITO a partir da leitura de textos de Erika Fischer-Lichte.The Transformative Power of Performance: a new aesthetics. Londres: Routledge, 2008; e Culture as Performance: Theatre history as cultural history, disponível em <ww3.fl.ul.pt/centros_invst/teatro/pagina/Publicacoes/Actas/ erika_def.pdf>.



Elenco (por ordem de entrada): EUNICE VIZINHA STANLEY MITCH PABLO STELLA BLANCHE STEVE JORNALEIRO MÉDICO ENFERMEIRA

Stella Prata Vânia Bowê Felipe Hofstatter Alexandre Ferreira Luis Fernando Delalibera Andressa Cabral Marcos de Andrade Bruno Di Trento Luis Fernando Delalibera Antonio Carlos de Almeida Campos Guta Magnani

Diretor de palco _ Luis Fernando Delalibera Assistente de direção _ Francieli Fischer Figurinos _ Telumi Hellen Assistente _ Tainara Dutra Adereços _ Clau Carmo Costureira _ Noeme Costa Ambientação _ José de Anchieta (O realismo de uma Sala de Ensaio fingindo ser outra Sala de Ensaio) Assistente _ Emerson Mostacco Cenotécnico _ Fernando Brettas Trilha sonora _ Raul Teixeira Sonoplastia _ Lenon Mondini Iluminadores _ Edson FM e Elton Ramos Produção executiva _ Emerson Danesi Preparação de corpo e voz e direção geral _ Antunes Filho Programa _ Ricardo Muniz Fernandes e Érico Peretta Fotos _ Inês Correa Pesquisas _ Thiago Brito Assessoria de imprensa _ Marina Reis Agradecimentos _ Klaus Kühn e Marichilene Artisevskis


SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO Administração Regional no Estado de São Paulo PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL   Abram Szajman DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL   Danilo Santos de Miranda SUPERINTENDÊNCIAS Técnico Social Joel Naimayer Padula Comunicação Social Ivan Paulo Giannini Administração Luiz Deoclécio Massaro Galina Assessoria Técnica e de Planejamento Sérgio José Battistelli GERÊNCIAS Ação Cultural Rosana Paulo da Cunha Adjunta Kelly Adriano Estudos e Desenvolvimento Marta Colabone Adjunto Iã Paulo Ribeiro Artes Gráficas Hélcio Magalhães Adjunta Karina Musumeci Sesc Consolação Felipe Mancebo Adjunta Simone Avancini SESC CONSOLAÇÃO Coordenações – Programação Tiago de Souza Comunicação Elaine de Sousa Administrativo Marco Antonio da Silva Alimentação Edna Ribeiro da Silva Fachetti Manutenção e Serviços Antonio Zacarias de Carvalho Centro de Pesquisa Teatral Coordenador Antunes Filho Produção Executiva Emerson Danesi Secretaria Ligia Alves de Lima Blanche Adriana Souza, Cleber Paes, Edson FM, Elton Ramos, Emerson Pirola, Marina Reis, Priscila Sayuri Oliveira Fukuda, Renan Abreu, Rodrigo Eloi, Sabrina Popp Marin, Sérgio Luis, Tayná Guimarães



ALÉM DO BEM E DO MAL E

m um dado momento é mais fácil para nossos olhos produzir uma imagem já produzida com frequência do que se fixar sobre o que é diferente e novo numa impressão que exige mais força, mais “moralidade”. Para o ouvido escutar alguma coisa nova é difícil e doloroso; ouvimos mal uma música desconhecida. Quando ouvimos o falar de outra língua, tentamos involuntariamente transformar seus sons em palavras que já conhecemos e com as quais temos maior familiaridade. […] O novo encontra em nossos sentidos hostilidade e relutância. […] Assim como hoje em dia um leitor não lê todas as palavras (sem falar nas sílabas) de uma página — prefere ler cinco de cada vinte palavras e “adivinhar” o provável sentido do resto da oração —, nós também não vemos completamente os detalhes de uma árvore, suas folhas, galhos, cores e formas; achamos mais fácil imaginar a sua forma. Mesmo em meio às mais marcantes experiências nós fazemos a mesma coisa; fabricamos a maior parte da experiência e dificilmente somos capazes de contemplar um evento, a não ser como “inventores” dele. […] Somos muito mais artistas do que imaginamos. FRIEDRICH NIETZSCHE


“Para mim, esse espetáculo é o bigode colocado na Mona Lisa.” antunes filho


Sesc Consolação Rua Dr. Vila Nova, 245 CEP 01222-020 São Paulo - SP TEL.: +55 11 3234 3000 email@consolacao.sescsp.org.br /sescconsolacao sescsp.org.br


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