de 31 de outubro de 2017 a 27 de janeiro de 2018
Ira Cohen
DAS FORMAS VIVAS DO TEATRO Quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem. [Rosa Luxemburgo]
A história do teatro contemporâneo foi profundamente marcada pelas experiências de exílio ocasionadas pelo contexto de guerras europeu. O encontro de práticas experimentais com o novo mundo gerou uma miríade de propostas, fomentando muito do que conhecemos hoje no campo das artes performáticas. A trajetória do grupo Living Theatre inicia-se nesse quadro, mas extrapola seus limites. Lutando contra uma presença marginalizada, sua atuação em Nova Iorque fomentou a organização do teatro off-Broadway. Fiel à sua inquietude, porém, não tardou a que o grupo buscasse novas formas para sua prática ao redor do mundo – com expressão particularmente intensa no Brasil – ensinando muito da necessidade de reflexionar permanentemente sobre a forma artística e sua adequação frente a contextos históricos e sociais específicos. A existência do grupo é uma história de busca pela relação efetiva entre arte e vida, pela potencialização da vida pelo teatro. A exposição “Living Theatre, presente!” retoma elementos essenciais da prática da companhia, buscando oferecer uma visão da complexidade de seu trabalho. Como um dos vetores de atuação do Sesc, a exploração de práticas artísticas não convencionais conduz à aposta da arte como um elemento educativo fundamental para a sociedade, permitindo-nos refletir sobre as influências e consequências de nossa atuação no mundo. Danilo Santos de Miranda Diretor Regional do Sesc São Paulo
“Ajudar na luta pela libertação, porque está na hora de os artistas levarem o conhecimento e o poder de suas artes aos danados da terra”. [Judith Malina]
LIVING THEATRE, PRESENTE! Permanência e presença. Nada é definitivo e fechado. Estamos falando e operando com o Living Theatre e esse é o ponto fundamental desta ideia viva que foi e segue pouco a pouco se construindo, em um diálogo concreto com o agora. Para nós, o espaço, os documentos, filmes, vídeos, intervenções, conversas e textos constituem uma vasta cartografia de um tempo, um lugar e uma gente que esteve de verdade no mundo procurando escapar da armadilha de estabelecer a verdade. Entusiastas que extrapolaram palcos e fronteiras, angariando grande número de artistas que, em diferentes períodos, participaram da aventura de compartilhar com o público uma poética anárquica, reivindicativa e pacifista. Neste momento elegia que estamos erguendo há algumas luas, o que buscamos fazer em conjunto não é nada mais que uma possibilidade de mapeamento do Living Theatre. Tomar como referências os tempos e lugares inventados pelo grupo fundado por Judith Malina e Julian Beck e lembrar que eles são estímulos e arremessos a um outro tempo e lugar que não os das instituições, das certezas, do definitivo, dos teatros, das salas de espetáculos, das salas de aula cátedras. Apontar no mundo e ao mundo estes pontos como explosões que nos façam acreditar e perceber o movimento interminável da vida, do cosmos, do teatro como ágora, da sala de aula como labirinto do pensamento e não de certezas e teses. “Living Theatre, presente!”, provocando-nos a nos questionar sobre o mais íntimo da aventura do viver, ou, como disse com gentileza e imensidão Sérgio Mamberti: “O que importa do Living é esta mistura entre arte e vida, esse é o sentido maior dessa coisa que estamos fazendo”. Optamos por construir um espaço inspirado nas fulgurações e descobertas de ideias e gestos do Living que ecoam e se desdobram em cada um de nós. Acampamento montado no térreo do Sesc Consolação – lugar de convivência, lugar de alimentação, lugar de passagem, lugar de trocas – lugar cheio de camadas, lugares de vida
comum dos 50 anos do espaço. Não fechamos o Living numa caixa preta mas abrimos a instalação e ampliamos a convivência, o nutrir, o trânsito entre o dentro e o fora, quebrando a separação entre público e privado, palácio e ruas, oca e terreiro, quarto e sala. De novo Sérgio vem à memória quando conta que em Ouro Preto os integrantes do Living foram presos tendo como uma das acusações, a de que sempre deixavam a porta de casa aberta. Não interessa se é verdade. O que vale é que isso importa, contamina, incendeia e por isso lutamos pelo espaço escancarado, canteiro de obras, lugar instável, mutável como a memória. Poucos registraram as ocorrências das passagens do grupo pelo Brasil. Os fatos se misturam, se perspectivam em contínua progressão e desaparecimento. Em imaginações. Naquilo que constitui o que manca em cada um. Este espaço é para se deixar estar e viver. Caberá por que é aberto a multidões e também a solitários. Uns sentados, outros em pé, alguns deitados neste pouso no meio de uma instituição, de algo vivo e pulsante. Entender e procurar a história dos 70 anos do Living, cada um construindo seu percurso, ou então simplesmente se deixar tocar e incendiar por tantas provocações que eles trouxeram ao mundo. Desmanchando-se numa rede, concentrando-se em um filme, folheando livros, descobrindo fotos. Aqui temos um terreiro para que qualquer um que queira, tomado, dance e cante em uníssono com o movimento do mundo. Andrea Caruso Saturnino Ines Cardoso Ricardo Muniz Fernandes Curadores
“Genet deixou a arte para trás. Respondendo ao clamor dos danados da terra, ele vai para onde os ouve gritar: de prisão em prisão, desafiando a zombaria, ousando ser completamente mal compreendido”, anota Judith em seu diário nos primeiros dias de setembro de 1970. [Diário de JM]
“O teatro da revolução é o teatro da alegria.” [Julian Beck]
“O que é a anarquia? A condição em que cada um pode escolher qualquer papel na vida e representá-lo a fundo.” [JB]
foto © Richard Demarco
“O movimento messiânico agora é com Marx e não com Jesus.” [JB]
O LIVING THEATRE Fundado em 1947, em Nova Iorque, por Judith Malina e Julian Beck, o Living Theatre já estava, em seu nascimento, diretamente ligado a uma importante renovação no território teatral da segunda metade do século XX. Junto a outros grupos experimentais nova-iorquinos, deu origem ao movimento off-Broadway, ocupando pequenos teatros ou adaptando armazéns desativados e visando discutir em cena temas da atualidade e a própria natureza do fazer teatral, numa estrutura frontalmente contrária às produções voltadas para o sucesso de bilheteria e o entretenimento fácil. Bastante influenciado inicialmente pela tradição do teatro político do alemão Erwin Piscator – de quem Judith Malina foi aluna e por meio do qual tomou contato com o teatro épico de Bertold Brecht – o Living Theatre associou às teorias do teatro engajado de visão marxista outras referências poéticas, filosóficas e teatrais, direcionando-as para uma obra e uma postura política voltadas à revolução não violenta e ao anarquismo. Absorvendo e antecipando características, percepções e comportamentos típicos da revolução cultural ocorrida após a Segunda Guerra Mundial, o grupo veio a se tornar conhecido como o teatro da contracultura, engajando-se em manifestações teatrais de rua e realizando na cena uma inesperada combinação da racionalidade do teatro dialético com o teatro da crueldade de Antonin Artaud. Tendo o ativismo político e o entrelaçamento entre arte e vida como suas grandes marcas, o Living Theatre manteve constante em suas criações a colaboração com ativistas, em torno de diversas lutas e numa relação direta com as questões mais urgentes da realidade. Enfrentando, por vezes, as dificuldades práticas da manutenção de uma proposta estética contestatória – a complexa equação entre a necessidade de financiamento das produções e o desejo de não cobrar ingressos, por exemplo, além das constantes mudanças de endereço motivadas frequentemente por problemas com o Estado – o grupo obteve seu primeiro grande sucesso com A Conexão (The Connection), de 1959,
cujo hiper-realismo no retrato de um grupo de usuários de heroína gerou um misto de surpresa e encanto no público e, a partir da qual, os atores passaram deliberadamente a representar a si mesmos. Desde então, a companhia passou a excursionar pela Europa e a ser aclamada nos mais importantes festivais como o Festival das Nações, de Paris, em 1961, e o Festival de Avignon, em 1968. Ao mesmo tempo, a radicalidade de suas criações não deixou de gerar controvérsias e extremas reações repressivas, como foi o caso de sua expulsão de Avignon pelas autoridades locais com sua peça Paraíso agora (Paradise now). Em 1970, o grupo veio ao Brasil a convite de José Celso Martinez Corrêa, diretor do Teatro Oficina, que os conhecera em Paris naquele mesmo ano. No ano seguinte, quando o grupo preparava um trabalho paralelo para o Festival de Inverno de Ouro Preto, em Minas Gerais, teve sua prisão decretada pelo DOPS, o que repercutiu internacionalmente e mobilizou ações de protesto na Europa e EUA, levando-os a serem expulsos do país por decreto presidencial – Judith Malina só viria a ter sua entrada no país liberada em 1990, por meio da revogação do decreto de 1971 pelo então presidente Fernando Collor e seria condecorada, como forma de reparação, com a Ordem do Mérito Cultural pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2008; Julian Beck falecera em 1985. Nas décadas seguintes, o Living Theatre continuaria sua atuação alternando-se entre longos períodos de residência na Europa – passando pela Bienal de Veneza em 1975 –, excursões pelo interior dos Estados Unidos e o estabelecimento de sedes com maior ou menor longevidade em Nova Iorque. Mesmo com a morte de Judith Malina, em 2015, o grupo continua ativo, a seu pedido, operando coletivamente com a orientação de várias gerações de membros da companhia. Sua trajetória septuagenária, que conta com cerca de cem peças, representadas em oito línguas, em 28 países, constitui uma das maiores referências da vanguarda teatral mundial e segue inspirando novas gerações teatrais.
“Sou não violento porque reconheço a minha natureza violenta, porque lembro da violência da estrutura, do inimigo, do teatro, dos meus companheiros.” [JB]
“Eu não tenho direito de viajar sem passaporte. Eu não sei como parar as guerras. Não podemos viver sem dinheiro. Eu não tenho direito de fumar haxixe. Eu não o direito de tirar a roupa”. [Paradise now]
“(...) do Embu, para os festejos do réveillon, do Ritual de transformação das forças demoníacas em forças celestiais.” [JM]
“(...) transformar o ambiente da praça numa atmosfera de alegria e celebração, com exercícios de som e movimento, sem palavras, sem estrutura alguma que possa identificá-lo como uma peça”. [JM]
“É preciso entrar no teatro através do mundo”. [JB]
“Paixão. Agonia. Desespero. Trabalho. O trabalho, os martelos, a persistência, as vassouras, os pregos me unem à humanidade. Do contrário eu seria somente poesia e voo. Sozinho não seria capaz. O teatro é um exercício em pura comunidade. Ninguém pode fazê-lo sozinho, feito por muitos, para muitos”. [JB]
“Criamos o Oratório de suporte à greve (Strike support oratorium), uma peça de teatro de rua em apoio ao boicote de alface e uva decretado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais (United Farm Workers), liderado por Cesar Chavez.” [JM]
“Os pobres gritam: Nós sustentamos vocês. Os trabalhadores: Nós produzimos para vocês”. [JM]
“A burguesia: Nós comemos por vocês. As forças armadas: Nós atiramos em vocês. A elite: Nós confundimos vocês”. [JM]
“O que constitui a arte do teatro? É uma espécie de grande amor, de sacrifício, uma paixão obsessiva, e, se em qualquer momento você resistir a isso, esse é o momento quando a verdade some e se instala a mentira”. [JM e JB]
“O que é o monstro em vocês mesmos? E em mim mesmo? Como se movimenta? Que crimes comete? Experimentemos. Examinemos os nossos mistérios. Estabeleçamos que, como Frankenstein, não sabemos nada”. [JM e JB]
“Estou dizendo que a única técnica é, agora e sempre, atirar-se no abismo, apesar da nossa incapacidade.” [JM e JB]
“O teatro é uma cerimônia cujo objetivo é revitalizar a comunidade”. [JB]
“O teatro se renova através da revolução e se destrói através da preservação da tradição. O mesmo vale para a humanidade”. [JB]
“Fizemos antígona em 1967 a fim de que: o exemplo de antígona depois de 2.500 anos de falência pudesse finalmente encorajar um público intelectual e pagante a entrar em ação antes que fosse tarde demais.” [JB]
“Os atores que recitavam em A Prisão (The Brig) relatavam que lá em cima, na cena, na ‘gaiola’, estava acontecendo algo de especial, alguma coisa que não havia nunca acontecido em outros trabalhos. Durante estes anos nos quais os intérpretes tinham falado de reinventar cada momento (toda a pilha de testemunhos compilados de Stanislavski e de sua escola), havíamos enganado a nós mesmos. Torná-lo real necessita: a verdadeira viagem, física, inventada a cada momento, realidade, realidade que muda e se recria continuamente, a necessidade de realidade (vida) neste período de alienação; improvisação como o respiro que constrói a realidade ao vivo em cena. Não teria sido possível não improvisar. Tivemos que construir peças de formas suficientemente flexíveis, que nos permitissem continuar a descobrir como criar a vida, mais do que simplesmente reproduzi-la.” [JB]
“Forget the war”
“Faço teatro para vencer meus limites”. [JB]
“Há uma América em potencial, uma América do Nomadismo... Estava pensando em Julian Beck, em Judith Malina... do Living Theatre. Somente porque eles foram completamente marginalizados não há razão alguma para ignorar sua existência. Ainda assim eles existem.” [Félix Guatari, 1985]
“Julian Beck era um homem sábio, ator, brilhante, radical, social-revolucionário e teatral. As palavras de sua cabeça carregam todo o peso de sua experiência viva, ‘desejos imortais e amores’.” [Allen Ginsberg]
Parar de representar. Agir. Deixar de recriar. Criar. NĂŁo imitar a vida. Viver. NĂŁo criar imagens de idolatria. Ser. [JB]
“Passividade, esse é o perigo. É o que Prometeu nunca experimentou.” [JB]
Por que vamos ao teatro? Para abrir a cabeça e deixar entrar oxigênio. Para reavivar o cérebro, informar os sentidos, despertar o corpo, a consciência, física e mental, daquilo que está acontecendo conosco, os espectadores. Ir além de assistir. Agir. Encontrar as chaves da salvação numa cerimônia em que o ator serve de guia. Descobrir como entrar no Teatro da Vida. E entrar no Teatro da Vida Cotidiana. [JB]
“Jazz. Jazz é o herói, foi o jazz que permitiu uma abertura para a atual improvisação. Fizemos a relação com a escritura automática do surrealismo. Cronologicamente, os voos improvisados dos músicos de jazz se situavam antes das experiências de Dadá e dos Surrealistas. Nós escutávamos Charlie Parker, chapados: ele ia a fundo na improvisação de jazz. Ele criava nas nossas orelhas como David Tudor tocando Music of changes. Ele nos inspirava, nos demonstrava que ao nos engajarmos no início, para em seguida nos deixarmos levar, o grande voo do pássaro aconteceria.” [JB]
“Como precisamos ser bons e somente bons uns com os outros para compensar a brevidade da vida...” [JB]
“A peça oscila, num movimento pendular entre dois poderes libertadores: o jazz e a droga” [JM]
“O Jazz não é acompanhamento, mas uma outra polaridade.“ [Pierre Binner]
“A direção combina a falsa e a verdadeira improvisação, desorientando completamente o público.” [Pierre Binner]
“É duro, Porém, nada é fácil. Não, nem encontrar uma cama, Nem cair no sono, Nem despertar de novo pela manhã, Nem cultivar o alimento da terra, Nem degluti-lo Nem digeri-lo. É mais simples predicar sobre a vida Do que viver um único dia” [JM]
“O que é verdadeiro é também contrário A base se retrai no epítome. Na periferia há sinais Do centro” [JM]
“O tempo existe Porque somos mortais. A morte Existe porque somos Nada. O amor existe Porque somos doidos E queremos ser felizes para sempre.” [JM]
“Perguntei à Alegria, Qual é o teu significado, Já que somos destinados à morte E é triste todo desenlace?” [JM]
“E a Alegria respondeu-me: Meu nome é Delonga da Morte Abracei-a, então, E pedi que ela ficasse.” [JM]
SELEÇÃO DE FILMES Os longas e curtas-metragens de ficção e documentários cinematográficos, além dos registros televisivos aqui reunidos nos permitem uma visada do trabalho do Living Theatre através de imagens e entrevistas que revelam, não somente a pulsão de espetáculos captados na íntegra – como é o caso de Frankesntein, a Antígona do Living Theatre e Eureka! – mas também as mais variadas interações entre a obra e o pensamento do grupo e a criação audiovisual. Suas peças A Conexão e A Prisão, reencenadas para as câmeras do cinema, ganham novo estatuto, híbrido de teatro e cinema; sua participação no cinema mais tradicional é apresentada em Agonia; seu cotidiano libertário e a radicalidade de suas propostas estéticas informam a poética de documentários como Emergência: o Living Theatre e O Paraíso, Agora! O Living Theatre na América; e a imbricada relação entre sua prática artística e ativista e os contextos que contornam são expostos em Ser Livre, Resistir! e Resistência.
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A CONEXÃO (THE CONNECTION)
EMERGÊNCIA: O LIVING THEATRE (EMERGENCY: THE LIVING THEATRE)
Shirley Clarke, EUA, 1961, 103’
Gwen Brown, EUA, 1968, 35’
As aspirações revolucionárias do final dos anos 1960 que definiram o estilo do Living Theatre, entre narrativas míticas e sua política libertária e pacifista, inspiram este breve e raro documentário, que combina, com grande senso de observação, imagens dos espetáculos criados na Europa, Mistérios e peças menores, Paraíso, agora! e Frankenstein, com entrevistas com os membros do grupo e valiosos registros de seu cotidiano, compondo cenas, construindo cenários, cuidando dos filhos e desafiando os mais céticos membros da imprensa.
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Clássico do cinema underground, A conexão foi filmado com atores do Living Theatre e o quarteto de jazz de Freddie Redd. O filme ganhou o prêmio da crítica em sua estreia no Festival de Cannes de 1961, mas foi recebido em Nova York com batidas policiais e significativos processos legais envolvendo a censura. O longa documenta a produção do Living Theatre da peça homônima de Jack Gelber, premiada com três Obies do jornal Village Voice, na qual um grupo de viciados em heroína e músicos de jazz, que esperam a chegada do traficante de drogas Cowboy, a sua “conexão”.
A PRISÃO (THE BRIG)
Jonas Mekas, EUA, 1964, 67’ Jonas Mekas assistiu à última apresentação de A prisão antes de o Living Theatre ter de desocupar seu teatro. Impactado, ele convenceu o grupo a invadir o teatro e reencená-la mais vez. Na peça de Kenneth Brown, dirigida por Judith Malina e filmada por Mekas com a câmera na mão dentro do cenário concebido por Julian Beck, o retrato da dura rotina de fuzileiros navais presos, sob o comando de guardas que os obrigam a cumprir as mais humilhantes tarefas, expõe a natureza brutal e autoritária das prisões. Vencedor do Leão de Ouro no Festival de Cinema de Veneza de 1964.
SINAIS POR ENTRE AS CHAMAS (SIGNALS THROUGH THE FLAMES)
Sheldon Rochlin e Maxine Harris, EUA, 1983, 97’ Citando em seu título uma fala de Antonin Artaud, sobre o ator sublime que, do altar em que é sacrificado, faz sinais por entre as chamas, o filme faz um panorama do Living Theatre nas décadas de 60 e 70, com extensas entrevistas de Judith Malina e Julian Beck e registros de A torre do dinheiro, Sete meditações sobre o sadomasoquismo político, Seis atos públicos, Prometeu no Palácio de Inverno, O Matusalém amarelo, Antígona, Frankenstein, Mistérios e peças menores e dos filmes A prisão e A conexão.
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FRANKENSTEIN
OS CAMINHOS PERDIDOS (LES CHEMINS PERDUS)
filmado pela emissora de televisão alemã NDR, 1966, 120’
Philippe Garrel, França, 1967, 44’ Série de 3 curtas realizada para a televisão francesa nos anos 1960 e reexibida em 1984, Os caminhos perdidos é um registro de Phillipe Garrel sobre sua geração. A parte dedicada ao Living Theatre apresenta depoimentos de Julian Beck e Judith Malina, e de alguns atores do grupo sobre a especificidade de sua pesquisa teatral e a vida em comunidade, com imagens de ensaio e cenas de Mistérios e peças menores e Frankenstein. Nos outros dois segmentos, vemos um concerto do poeta Donovan em Londres e uma gravação em estúdio da banda The Who.
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Dirigida por Judith Malina e Julian Beck, esta criação coletiva do Living Theatre estreou na Bienal de Veneza de 1965. O espetáculo, baseado no romance homônimo de Mary Shelley e nos antigos filmes sobre o tema, é encenado numa estrutura metálica de 3 andares, dividida em 15 compartimentos. Nela, o pesadelo da dominação humana surge representado nas mais diversas formas de execução: guilhotina, câmera de gás, cadeira elétrica, pelotões de fuzilamento e crucificação – as quais fornecem os cadáveres cujas partes compõem o corpo da criatura monstruosa.
CANÇÕES DE RUA (STREET SONGS) Jonas Mekas, EUA, 1966-1983, 11’
Jonas Mekas volta a enquadrar o Living Theatre e documenta um fragmento do espetáculo Mistérios e peças menores, de 1964, em Paris. Nesta que foi a primeira criação coletiva do grupo, vemos Julian Beck, sentado em um palco vazio, repetir: Parar a guerra! Alimentar os famintos! Mudar o mundo! Liberdade, agora! Os atores, na plateia, repetem e incitam o público, que se une ao protesto, misto de meditação e apelo à ação inspirado nas Canções de rua de Jackson Mac Low, poeta integrante do movimento Fluxus.
PARAÍSO, AGORA! O LIVING THEATRE NA AMÉRICA (PARADISE, NOW! THE LIVING THEATRE IN AMERIKA) Marty Topp e Ira Cohen, EUA, 1969, 48’
Nesta colagem de atuações intensas pontuadas pela música produzida pelo artista e místico Ira Cohen, o Living Theatre volta em turnê pelos Estados Unidos entre 1968 e 69, após cinco anos de autoexílio na Europa. Paraíso, agora!, a peça que dá título ao filme, estreou no Festival de Avignon em 1968 e foi a mais controvertida criação coletiva da época. O filme revela como, nas palavras de Judith Malina, “as teorias da mudança social e a experiência da libertação sexual confluem na bela revolução anarquista não violenta, em busca do sonhado paraíso terrestre”.
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SER LIVRE (ÊTRE LIBRE)
RESISTIR! (RESIST!)
O documentário apresenta os eventos e protestos que aconteceram no Festival de Avignon em 1968. A estreia de Paraíso, agora! lotou o teatro do Claustro dos Carmelitas, causando enorme comoção entre os jovens, que tentavam invadir o teatro para assistir ao espetáculo. As apresentações foram suspensas e Julian Beck convocou todos os artistas a ocupar as ruas da cidade até que as autoridades locais decidiram expulsá-los de lá. Destaque para as presenças do coreógrafo Maurice Béjart, do diretor do festival, Jean Vilar, e do ator Gianfranco Mantegna.
O ativismo político do Living Theatre e sua atuação em zonas de conflito são o foco principal deste documentário. Dirk Szuszies e Karin Kaper acompanham Judith Malina e o codiretor do grupo Hanon Reznikov nos protestos contra a reunião do G8 em Gênova em 2001, nas intervenções no Ground Zero, após os ataques de 11 de setembro em Nova Iorque, e, depois no Líbano, no forte de Khiam, prisão notória pela tortura de crianças e mulheres detidas, onde o Living desenvolveu um processo de colaboração com artistas locais que resultou numa peça tematizando estes abusos.
Karin Kaper e Dirk Szuszies, Alemanha, 2004, 89’
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Paul Berthaut e Claude Jauvert, França 1969, 78’
AGONIA
ANTÍGONA (L’ANTIGONE DI SOFOCLE)
Apresentado no Festival de Berlim de 1969, Amor e raiva compõe-se de cinco versões modernas de parábolas: A indiferença, de Carlo Lizzani, A sequência da flor de papel, de Pier Paolo Pasolini, O amor, de Jean-Luc Godard, Discutimos, discutimos, de Marco Bellocchio, além desta colaboração de Bertolucci com o Living Theatre. Inspirada na parábola da figueira infrutífera, a sequência onírica apresenta um homem (Julian Beck) que tem visões em seu leito de morte, representadas pelos outros atores do grupo, reunidos em rituais misteriosos, para fazer uma aguda crítica anticlerical.
A Antígona de Sófocles, na versão de Bertolt Brecht, foi traduzida por Judith Malina e estreou em 1967. Este registro mostra uma remontagem em Bari, na Itália, em 1979. Brecht identifica na personagem da mulher que ousa afrontar a tirania de Creonte a resistência ao nazismo e ao autoritarismo da sociedade patriarcal. Em sua encenação, Judith Malina e Julian Beck estabelecem no palco a cidade de Tebas e na plateia, Argos, direcionando o público a encarar sua responsabilidade política e o desafio em participar das lutas de sua época.
Bernardo Bertolucci, Itália, 1969, 24’ Episódio do longa Amor e raiva (Amore e rabbia)
Gigi Spedicato, para a emissora de televisão italiana RAI, 1980, 131’
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RESISTÊNCIA (RESISTANCE)
EUREKA!
O filme acompanha a aventura do Living Theatre em turnê pelo Líbano com a peça Resistência, criada originalmente com povo de Rochetta Ligure, na Itália, onde o grupo residiu de 1999 a 2003, sobre o orgulho daquela população em ter se unido clandestinamente para resistir ao fascismo durante a Segunda Guerra Mundial. De câmera na mão, na Beirute devastada por outra guerra, Santarelli registra o impacto do Living Theatre diante de um conflito bélico inacabado, entre as ruínas dos bombardeios e o cotidiano na cidade.
Eureka!, peça de Hanon Reznikov e Judith Malina, é inspirada num poema em prosa homônimo de Edgard Alan Poe sobre o Big Bang. Nela, Poe é o personagem central de uma viagem poética inspirada em seu contemporâneo, Alexander von Humboldt, naturalista e geógrafo que pesquisava as origens do universo. Numa mistura de aulas de ciências, happening, sonhos utópicos e abraços grupais, os atores assumem o papel dos elementos químicos da tabela periódica e levam o público a entrar em cena e representar ludicamente o Big Bang e a criação do mundo.
Evan True, EUA, 2008, 57’
reprodução
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Marco Santarelli, Itália, 2001, 9’
DEPOIMENTOS
Vídeo criado especialmente para a exposição O vídeo reúne depoimentos de pessoas que conviveram com o Living Theatre em suas passagens pelo Brasil, como o ator Sérgio Mamberti, que os acompanhou nos anos 1970 e 1990; o advogado Iberê Bandeira de Mello, que cuidou do caso da prisão em Minas Gerais; a atriz e bailarina Dorothy Leinner, que acompanhou o trabalho desenvolvido pelo grupo na EAD, de São Paulo, onde lecionava, em 1970; a atriz Helena Ignez, que participou dos workshops que o grupo conduziu em São Paulo, Rio de janeiro e Minas Gerais em 1993; Tom Walker, integrante do grupo também preso em Minas; entre outros.
ENTREVISTA COM JUDITH MALINA NO LANÇAMENTO DE THE PISCATOR NOTEBOOK
gravado pela New School, EUA, 2012, 97 min. Entrevista com Judith Malina durante o lançamento de seu livro The Piscator Notebook, na New School. Ela comenta sua trajetória no teatro, a criação do Living Theatre e sua relação com a Dramatic Workshop, a escola de Piscator, na New School, em Nova Iorque, onde estudou entre 1945-46. Conta também com depoimentos de Brad Burgess, ator e diretor do Living Theatre, Tom Walker, ator e integrante do Living Theatre, Jack Garfine, ator e diretor, também aluno de Piscator, e Louise Kerz, viúva do cenógrafo Leo Kerz.
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BECK, MALINA E O CINEMA
ENTREVISTA DE JUDITH MALINA E JULIAN BECK COM HENNING RISCHBIETER
Vídeo criado especialmente para a exposição
Durante a turnê de Frankenstein em 1965, Malina e Beck concedem esta entrevista falando sobre a montagem do espetáculo, da relação entre vida e arte que permeou a trajetória do Living Theatre, além das influências de Artaud, Piscator e outros em suas obras.
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Seleção de trechos de filmes em que Julian Beck e Judith Malina participam como atores: Beck aparece em Édipo rei, de Pier Paolo Pasolini, de 1967; Cotton club, de Francis Ford Coppola, de 1984; Poltergeist II: o outro lado, de Brian Gibson, de 1986; e na série televisiva Miami vice, de 1985. Malina atua em Um Dia de cão, de Sidney Lumet, de 1975; A Era do rádio, de Woody Allen, de 1987; Tempo de despertar, de Penny Marshall, de 1990; e A Família Adams, de Barry Sonnenfeld, de 1991.
ENTREVISTA COM AL PACINO Al Pacino conta sobre a forte influência que o Living Theatre teve em sua formação pessoal e profissional. Ele descreve a importância do grupo no teatro, sobretudo no final dos anos 60, com peças como The Brig, Frankenstein e Paradise Now. Em relação a esta última, o ator relata sua experiência marcante quando foi assistir ao espetáculo em Nova York.
ARQUIVO REDE MINAS – LIVING THEATRE NO BRASIL EM 1993 Em sua volta à Ouro Preto em 1993, o Living Theatre realizou uma Cantata, relembrando os momentos no Brasil durante os anos 1970. O programa Agenda, exibido pela Rede Minas, realizou um especial sobre o grupo, abordando a primeira passagem pelo país, a prisão de seus integrantes nos anos 1970 e a volta a Ouro Preto em 1993.
ATIVIDADES PARALELAS Lugar de referência e da memória, a exposição se abre à convivência e à criação. À trajetória retratada, somam-se criadores que adentram e dialogam com seus conteúdos numa programação especial que promove, ao longo de três meses, leituras, encontros, oficinas, apresentações e intervenções de artistas visuais, músicos e coletivos teatrais.
Gaia Squarci
arquivo Living Theater
ESPECIAL
APRESENTAÇÃO
ENCONTRO COM ILION TROYA, SÉRGIO MAMBERTI E JOSÉ CELSO MARTINEZ CORRÊA
DESPERTAR ELÉTRICO
mediação de Cynthia Petnys
Ilion Troya passou a integrar o Living Theatre nos anos 1970, quando era um estudante de Ciências Sociais que viu na experiência em participar de criações do Living Theatre no Brasil a possibilidade de vivenciar um encontro mais direto com a realidade do país, o que não encontrava no cerceado ambiente acadêmico da época. O ator Sérgio Mamberti, naquele período, hospedou o grupo em sua estadia em São Paulo, e foi a Minas, junto com Ruth Escobar, amparados por um advogado a fim de tentar sua liberação da prisão. Na década de 90, participou de Seis atos públicos em Campinas, e, mais tarde, atuando no Ministério da Cultura, propôs a condecoração pela Ordem do Mérito Cultural dada a Judith Malina pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2008. O diretor teatral José Celso Martinez Corrêa encontrou o Living Theatre em Paris, e propôs ao grupo que viesse ao Brasil naquele mesmo ano, para realizar uma colaboração artística com o seu Teatro Oficina. Ainda que a parceria não tenha sido bem-sucedida, engendrou toda a série de eventos que marcam a passagem do grupo pelo país.
dia 01/11, às 20h
com Living Theatre e artistas brasileiros Criada coletivamente num workshop conduzido pelos atores do Living Theatre com artistas brasileiros entre os dias 27/10 e 03/11, Despertar elétrico investiga como podemos despertar nossas forças interiores adormecidas e, coletivamente, desmantelar os sistemas de corrupção e morte que nos escravizam. Trata-se de um tratado sobre a revolta do corpo em que memórias e identidades são escritas sobre a carne para que, retornando ao corpo, possamos criar novas relações que nos permitam desfrutar, em vez de sofrer, com a existência. O ciclo da vida humana é invocado de modo reverso, a partir da morte, até a concepção, num ritual de renascimento radical, inspirado pelo escrito de Artaud, A peste. A experiência da morte permite ao público conectar-se com sua própria inevitável passagem encarando-a, através do uso do ritual, da música, do movimento e da linguagem, não com medo, mas com consciência, paixão e um revitalizado senso de rebelião contra tudo aquilo de mentiroso que nos foi ensinado desde o nascimento. – Criação coletiva: Ilion Troya, Brad Hamers, Brad Burgess, Dennis Yueh-Yeh Li, Equiano Mosieri, Jessica Daugherty, Leah Bachar, Mattias Kraemer, Monica Hunken, Natalia de Campos, Philip Santos Schaffer, Tom Walker e artistas brasileiros.
03/11 às 20h30 (ensaio aberto), 04/11 às 16h, 06 e 07/11 às 20h30
arquivo Living Theater
divulgação
OFICINA
WORKSHOP E INTERVENÇÃO
BijaRi VISITA LIVING THEATRE: ATO PÚBLICO OFICINA DE LAMBE-LAMBE COM LIVING THEATRE com Coletivo BijaRi
Há 20 anos aliando o ativismo político à utilização de diferentes tecnologias e plataformas na criação em artes visuais, multimídia e arquitetura, o coletivo BijaRi é um reconhecido núcleo de vanguarda em criação audiovisual e referência no circuito artístico nacional e internacional, com ações e exibições na América Latina, Estados Unidos e Europa e o título de “um dos cinco melhores grupos de VJ’s do mundo” dado pela revista Time Out, de Londres, além de diversos outros prêmios. Incensando o ambiente inodoro dos museus e galerias comerciais com obras de grande contundência, o coletivo encontra também no espaço público o lócus para a disseminação de seu trabalho. Nesta oficina o coletivo introduzirá os participantes às questões que envolvem o projeto e a realização de um cartaz: tipografia, símbolos e mensagens, para a criação de lambe-lambes que alcançarão a paisagem urbana – os participantes serão convidados a intervir com seus trabalhos no Ato Público com Living Theatre, que acontecerá na rua em 15/11.
06 a 10/11, das 15h às 18h Inscrições na Central de Atendimento do Sesc Consolação a partir de 01/11
com Ilion Troya, Natalia de Campos e participação do Coletivo BijaRi Lançando mão dos conteúdos e técnicas desenvolvidas pelo Living Theatre de Judith Malina, Julian Beck e Hanon Reznikov – como o conceito de Teatro Total, a intercomunicação além das palavras e a visão de Antonin Artaud segundo o grupo – e inspirados por uma seleção de escritos de Julian Beck e Judith Malina, os participantes do workshop se engajarão na criação coletiva de uma intervenção de rua, o Ato público com Living Theatre, no centro de São Paulo. Buscando os temas relevantes e assuntos pertinentes às práticas artísticas e culturais do contexto local, o trabalho encorajará os participantes a encontrarem no seu compromisso pessoal com a realidade aquilo que têm urgência em expressar, a fim de tomar a praça pública de assalto com obras de arte e com ações coletivas que almejam dar voz a todos, denunciar, anunciar, prestar solidariedade, realizar mistérios, rituais e visões de transformação. WORKSHOP: 13 e 14/11, das 18h às 21h30 Inscrições na Central de Atendimento do Sesc Consolação a partir de 06/11
INTERVENÇÃO PÚBLICA: 15/11, às 16h
arquivo Dorothy Lenner
divulgação
WORKSHOP E INSTALAÇÃO
MANIFESTAÇÃO
Concepção geral: Lucas Bambozzi Imagens e edição: Edouard Fraipont, Lucas Bambozzi, Lucas Gervilla e Mariana Lacerda Os artistas conjugam sua experiência em registros de manifestações de grupos sociais multitudinários numa proposta que consiste em criar uma programação audiovisual para um tríptico de telas de vídeo aéreas, onde participantes de workshops poderão decidir sobre as possibilidades de produção de sentido entre as imagens. Cada um dos canais exibe sequências audiovisuais distintas, imagens de manifestações, textos poéticos e de filosofia e cenas de performances de grupos como o Living Theatre, em um processo de construção de narrativas cuja compreensão acontece pela visualização simultânea das 3 telas. O público participante poderá testar as possibilidades de elaboração conceitual e prática de uma videoinstalação a partir de dinâmicas associadas à produção de sentido através da montagem cinematográfica paralela de Eisenstein e construção de narrativas para instalações audiovisuais. WORKSHOP: “Manifestação: montagem”
21 e 22/11, das 15h às 18h com Edouard Fraipont, Mariana Lacerda e Lucas Bambozzi WORKSHOP: “Manifestação: (des)montagem”
22 e 23/01, das 15h às 18h com Lucas Gervilla e Lucas Bambozzi
LEITURA
LIVING THEATRE NO BRASIL: A FEBRE DOS SONHOS
Leitura encenada a partir de escritos de Julian Beck e Judith Malina Em 1970, no auge da ditadura militar, quando o casal Judith Malina e Julian Beck, fundadores do Living Theatre, desembarca no Brasil, traz consigo um projeto, um sonho: reinventar o teatro junto aos povos oprimidos do Terceiro Mundo. A leitura encenada a partir de escritos do casal acompanha o périplo da trupe pelo país, desde a chegada a São Paulo e o contato com artistas locais – como Ruth Escobar, o Teatro Oficina etc. – até a célebre performance nunca realizada no Festival de Inverno de Ouro Preto, impedida pela prisão e consequente expulsão dos integrantes do grupo do país. – Direção: Maria Thais | Concepção original, seleção e tradução dos textos: Ilion Troya Dramaturgia: Felipe de Moraes | Atores: Sérgio Mamberti, Maria Esmeralda Forte, Antonio Salvador, Bruno Garcia, Carol Badra, Flávia Teixeira, Gustavo Xella, Mauricio Schneiderman e Marina Merlino
27 e 28/11, às 20h30
Fernando Martins
divulgação
INTERVENÇÃO
INTERVENÇÃO
OS QUE FICAM
VOZES INSURGENTES OU... A NÃO VIOLÊNCIA PARA COMBATER A VIOLÊNCIA... (JUDITH MALINA)
com Companhia do Latão A Companhia do Latão tornou-se, ao longo de 11 anos de existência, referência para o teatro de São Paulo no que se refere à pesquisa estética avançada e à politização da cena, devido ao seu interesse na reflexão crítica sobre a sociedade atual. No experimento Os que ficam, que estreou em 2015 como parte da exposição dedicada à Augusto Boal, realizada no CCBB – RJ e que terá algumas de suas cenas adaptadas para o espaço cênicoexpositivo, o grupo retrata uma companhia de teatro que ensaia Revolução na América do Sul – uma peça de Boal de 1960 – no início dos anos 1970. Trabalhando com uma situação histórica posterior, assistimos às dificuldades de realização da arte política diante de várias pressões: censura, violência da ditadura, necessidade de sobrevivência econômica, apelo de trabalho na televisão, e exílio do autor. – Atores da Companhia do Latão: Érika Rocha, Helena Albergaria e Rogério Bandeira | Atores convidados: Bruno Marcos, Higor Campagnaro, Kiko do Valle, Lourinelson Vladmir, Nívea Magno e Virginia Maria | Direção musical e música: Martin Eikmeier | Figurinos: Helena Albergaria, Lara Cunha e Victor Hugo | Produção: João Pissarra | Trechos incidentais da peça Revolução na América do Sul, de Augusto Boal | Dramaturgia e direção: Sérgio de Carvalho
06 e 07/12, às 20h30
com Núcleo Bartolomeu de Depoimentos Desde 1999, o grupo investe na oralidade ritmada e na póetica musical e utiliza elementos do hip-hop para expor as urgências, dificuldades e contradições da vida nas metrópoles em seus trabalhos teatrais, cuja linguagem híbrida é marcada pelo tom de denúncia social, sem, contudo desenvolver um discurso panfletário. Explorando a voz como personagem, sua intervenção na exposição focaliza personagens que levantaram sua voz em diferentes tempos históricos a favor da liberdade, e comenta o anacronismo do medievo cruento que se instaura sobre nós como um véu tardio, invocando utopias futuras. – Concepção Geral: Núcleo Bartolomeu de Depoimentos | Direção e Dramaturgia: Claudia Schapira | Direção Musical e DJ: Eugenio Lima | Atrizes: Roberta Estrela D´Alva e Luaa Gabanini | VJ: Bianca Turner | Produção: Mariza Dantas
11/12, às 20h30 12/12, às 17h
Luba Lubova
Guilherme Kramer
WORKSHOP
WORKSHOP
O SUBCONSCIENTE DA FALANDO ATRAVÉS CIDADE: O NOMADISMO COMO DE IMAGENS com Luba Lukova PRÁTICA ARTÍSTICA com Guilherme Kramer
Do trabalho de Guilherme Kramer emergem rostos vívidos e paisagens detalhadas, vistos nas ruas, bem como nas profundezas de sua imaginação. Seu fascínio pelas multidões resulta em estudos das massas em diferentes contextos. São a tradução de dias passados em transportes públicos, festivais populares e manifestações. Nesta oficina, seus objetivos são desenvolver a capacidade de improvisação dos participantes através da memória visual e auditiva e estimular a vivência da cidade e a expressão pessoal das percepções urbanas por meio do desenho, partindo da ideia que a expansão do espaço significa também a multiplicação de pontos de vista sobre o mundo, num processo em que o subconsciente é protagonista e o nomadismo é o fio condutor da prática artística.
11 e 13/12, das 15h às 17h 12 e 14/12, das 19h às 21h 15/12, das 17h às 20h Participação mediante retirada de ingresso com 1 hora de antecedência na Central de Atendimento do Sesc Consolação.
Nascida na Bulgária e baseada em Nova Iorque, Luba Lukova é reconhecida como uma das mais originais criadoras de imagens contemporâneas e como mestre do design de cartazes, com trabalhos exibidos ao redor do mundo e incluídos nas coleções de importantes museus. Responsável por inúmeros cartazes do Living Theatre, suas mensagens refletem a condição humana, a igualdade e a justiça. Seja usando uma economia de linhas, cor ou texto para apontar temas essenciais da humanidade ou para enquadrar sucintamente comentários sociais, sua obra é inegavelmente poderosa e provocadora. Nas 3 sessões do workshop, os participantes trabalharão individualmente com a artista para criar imagens abordando alguns dos assuntos candentes do nosso tempo, com uma discussão do trabalho ao final de cada dia e uma exibição dos trabalhos realizados no seu encerramento.
11 a 13/01, das 14h às 17h Inscrições a partir de 04/01 na Central de Atendimento do Sesc Consolação.
BATE-PAPO com a artista aberto ao público: 13/01, às 17h
reprodução
divulgação
OFICINA E APRESENTAÇÃO
LANÇAMENTO DE LIVRO
MÚSICA NAS RUAS
NOTAS SOBRE PISCATOR – TEATRO POLÍTICO E ARTE INCLUSIVA
com Livio Tragtenberg
Livio Tragtenberg se autodefine como de-compositor, o que reforça o viés apropriativo de seu trabalho. Conjugando frequentemente a música com outras linguagens, como teatro, cinema, poesia e artes visuais, na fronteira entre o erudito e o popular, sua obra se caracteriza pela variedade de formas, materiais e meios. Duro crítico da indústria cultural, Tragtenberg criou a Orquestra de Músicos das Ruas, grupo que revela a dimensão social e política de sua obra, a qual se dá por meio de uma intervenção artística na cidade que revela a pluralidade de suas vozes e escancara sua diversidade. Nesta oficina, o artista envereda por este caminho e tematiza a criação sonora e musical para teatro de rua e performance. Ao longo de 5 dias, os participantes imergirão num processo de criação coletiva de músicas, as quais serão reunidas numa apresentação pública que percorrerá as ruas de São Paulo no aniversário da cidade.
15 a 19/01, das 19h às 21h Inscrições a partir de 04/01 na Central de Atendimento do Sesc Consolação.
APRESENTAÇÃO PÚBLICA: 25/01, às 15h
de Judith Malina, tradução de Ilion Troya Poucas pessoas se dão conta que Judith Malina iniciou seus estudos com um dos gigantes nomes da cultura do século XX, Erwin Piscator, em seu Dramatic Workshop na New School em Nova Iorque. Piscator fundou o Workshop após emigrar para Nova Iorque. Notas sobre Piscator – Teatro Político e Arte Inclusiva documenta o intenso treinamento de Malina nesta escola. Parte diário, parte tratado teatral, o volume combina transcrições completas dos diários de Malina em seus tempos de estudante; reproduções de programas e materiais de estudos de Piscator; notas de Malina sobre seus professores e colegas e as produções da New School; estudos do processo e influência de Piscator; e um ensaio sobre a relação entre seus ensinamentos e o trabalho de Malina com o Living Theatre.
23/01 às 19h30 com a presença do tradutor Ilion Troya Às 18h haverá a exibição comentada por Troya do filme Sinais por entre as chamas (Signals through the flames)
SESC - SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO Administração Regional no Estado de São Paulo PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL Abram Szajman DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL Danilo Santos de Miranda SUPERINTENDENTES TÉCNICO SOCIAL Joel Naimayer Padula COMUNICAÇÃO SOCIAL Ivan Giannini ADMINISTRAÇÃO Luiz Deoclécio Massaro Galina ASSESSORIA TÉCNICA E DE PLANEJAMENTO Sérgio José Battistelli GERENTES AÇÃO CULTURAL Rosana Paulo da Cunha ADJUNTA Kelly Adriano ASSISTENTE Rodrigo Eloi ARTES VISUAIS E TECNOLOGIA Juliana Braga de Mattos ADJUNTA Nilva Luz ASSISTENTES Kelly Teixeira e Sandra Leibovici ASSESSORIA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS Áurea Leszczynski Vieira Gonçalves ASSISTENTE Heloisa Pisani ARTES GRÁFICAS Hélcio Magalhães ADJUNTA Karina Musumeci CONSOLAÇÃO Felipe Mancebo ADJUNTA Simone Avancini CONSOLAÇÃO COORDENADORES DE ÁREA Antonio Zacarias de Carvalho, Cynthia Petnys, Edna Ribeiro S. Fachetti, Elaine de Sousa e Marco Antonio da Silva EQUIPE Adriano Alves de Campos, Alexandre Babadobulos, Edson Fernandes Machado, Flavia Reis Nocetti, Gabriela Franco, Luiz Fernando Figueiredo, Sabrina Marin e Tayná Guimarães
Curadoria Andrea Caruso Saturnino, Ines Cardoso e Ricardo Muniz Fernandes | Consultoria artística Ilion Troya | Concepção e projeto espacial Simone Mina | Arquiteto assistente Vinicius Cardoso | Concepção de luz André Boll | Ambientação sonora Livio Tragtenberg | Vozes Alessandra Fernandez, Antonio Salvador, Beatriz Sayad, Helena Albergaria e Sérgio Mamberti | Tradução de textos Beatriz Sayad, Ilion Troya e Julio Jeha | Videoinstalação Lucas Bambozzi, Mariana Lacerda, Edouard Fraipont e Lucas Gervilla | Pesquisa Alessandra Vanucci, Ilion Troya e João Moreira | Design gráfico e comunicação visual Érico Peretta e Nika Santos | Fotos (programa) Leo Feltran | Revisão e edição de conteúdo Daniel Cordova | Coordenação técnica Julio Cesarini e Carol Bucek | Coordenação de vídeo, legendagem e edição Rodrigo Gava | Cenotécnicos Enrique Casas, Fernando Zimolo, Rafael Alcântara e Wanderlei Wagner da Silva | Assistentes de montagem Rick Nagash, Jemima T e Carolina Bertier | Produção Performas Produções Artísticas e prod.art.br | Direção geral Andrea Caruso Saturnino e Ricardo Muniz Fernandes | Coordenação de produção João Moreira | Produção executiva Ricardo Frayha | Assessoria de imprensa Ofício das Letras Agradecimentos Álvaro Machado, Brooklin Academy of Arts (BAM Haam Archives) – Louie Fleck, Carlos Granés, CINUSP - Patricia Moran, Thiago André - Dorothy Lenner, Garrick Beck, Helena Ignez, Hemeroteca Histórica de Minas Gerais, Iberê Bandeira de Mello, Isha Beck, José Celso Martinez Corrêa, Márcia Abujamra, Marco Santarelli, Maria Thereza Vargas, Morgan Harris, Rede Minas – Luciana Duarte Barbosa, The New School, The New York Public Library for the Performing Arts – Jacqueline Davis, Doug Reside, Tom Lisanti – Pierre Biner, Toby Marshall, Tom Walker, Will Cameron | Agradecimento especial Sérgio Mamberti Fontes Diário de Judith Malina – O Living Theatre em Minas Gerais – Arquivo do Dops – Secretaria de Cultura de Minas Gerais | Théandrique – Il testament artistico del fondatore del Living Theatre – Julian Beck – Edizioni Socrates | Living in Volkswagen buses – Julian Beck – Broken Moon Press | The Living Theatre: art, exile, and outrage – John Tytell – Grove Press2 | Les Voies de la Création Théâtrale – CNRS Editions | Le Living Theatre: de la toile à la scéne – Stéphanette Vendeville – L´Harmattan | La vita del teatro – Julian Beck – Einaudi Editore | Full Moon Stages: Personal Notes from 50 Years of the Living Theatre – Judith Malina – Three Rooms Press | Le Living Theatre – Pierre Biner – La Cité | The Piscator Nootebok – Judith Malina – Routledge | Theandric – Julian Beck’s Last Notebooks – Julian Beck – Routledge | Paradise, now! – Collective creation of the Living Theatre – Judith Malina and Julian Beck – Random House | The Life of the Theatre – Julian Beck – Limelight | Having Loved – Judith Malina – Fast Books
Realização Sesc São Paulo
PROGRAMAÇÃO
NOVEMBRO
DEZEMBRO
Especial Encontro com Ilion Troya, Sérgio Mamberti e José Celso Martinez Corrêa 01/11, às 20h
Intervenção Os que ficam com Companhia do Latão. 06 e 07/12, às 20h30
Apresentação Despertar elétrico com Living Theatre e artistas brasileiros. 03/11 às 20h30 (ensaio aberto), 04/11 às 16h, 06 e 07/11 às 20h30 Oficina BijaRi visita Living Theatre: oficina de lambe-lambe com Coletivo BijaRi. 06 a 10/11, das 15h às 18h Inscrições na Central de Atendimento do Sesc Consolação a partir de 01/11 Workshop Ato público com Living Theatre com Ilion Troya, Natalia de Campos e participação do Coletivo BijaRi. 13 e 14/11, das 18h às 21h30 Inscrições na Central de Atendimento do Sesc Consolação a partir de 06/11. Intervenção Pública: 15/11, às 16h Workshop Manifestação: montagem com Edouard Fraipont, Mariana Lacerda e Lucas Bambozzi. 21 e 22/11, das 15h às 18h Leitura Living Theatre no Brasil: a febre dos sonhos. Leitura encenada a partir de escritos de Julian Beck e Judith Malina. Direção de Maria Thaís. 27 e 28/11, às 20h30
Intervenção Vozes insurgentes ou... a não violência para combater a violência… (Judith Malina) com Núcleo Bartolomeu de Depoimentos. 11/12, às 20h30; 12/12, às 17h Workshop O subconsciente da cidade: o nomadismo como prática artística com Guilherme Kramer. 11 e 13/12, das 15h às 17h; 12 e 14/12, das 19h às 21h; 15/12, das 17h às 20h. Participação mediante retirada de ingresso com 1 hora de antecedência na Central de Atendimento do Sesc Consolação
JANEIRO Workshop Falando através de imagens com Luba Lukova. 11 a 13/01, das 14h às 17h. Inscrições a partir de 04/01/18 na Central de Atendimento do Sesc Consolação. Bate-papo com a artista aberto ao público geral: 13/01, às 17h Oficina e apresentação Música nas ruas com Livio Tragtenberg. 15 a 19/01, das 19h às 21h. Inscrições a partir de 04/01/18 na Central de Atendimento do Sesc Consolação. Apresentação pública: 25/01, às 15h Workshop Manifestação: (des)montagem com Lucas Gervilla e Lucas Bambozzi. 22 e 23/01, das 15h às 18h Lançamento de livro Notas sobre Piscator - Teatro Político e arte inclusiva de Judith Malina, com tradução de Ilion Troya. 23/01, 19h30, com a presença do tradutor Ilion Troya. Às 18h haverá a exibição comentada por Troya do filme Sinais por entre as chamas (Signals through the flames)