viver sem tempos mortos

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PROJETO Caminhos da Liberdade

viver sem tempos mortos Texto a partir das correspondências de Simone de Beauvoir para Jean-Paul Sartre

com fernanda Montenegro direção felipe hirsch De 23/05 a 28/06 Teatro SESC Anchieta



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Sempre acreditei que as idéias desses trabalhos, com a Fernanda, deveriam ser colhidas em uma fonte muito próxima do coração dessa artista. Ela, como todos nós, deveria ter um ou mais títulos daqueles livros que nunca saem do lado de nossas cabeceiras e dificilmente voltam para biblioteca. Essas páginas tão marcadas, compreendidas, que nos acompanham e continuam nos surpreendendo na vida. Clarice é isso para Fernanda. Simone também é.   Simone, cruamente, fez de sua vida, sua obra literária. Dizia só desejar ser reconhecida para um dia poder escrever sua autobiografia. E assim fez. Escreveu seis. Afirmo, com profunda admiração, que essas são as suas maiores obras.   Onde Fernanda adentra esse mundo, entende, se reconhece? O que ela fez dela, ou se entregou a que?  Fernanda instintivamente se afastou da imitação física e se aproximou da interpretação emocional de Simone. Mais do que isso, em nossas primeiras conversas, já admitia colocar em choque sua personalidade com a de Simone. Confesso que, na teoria, baseado em experiências anteriores, temia que a persona de uma mulher forte, como a Fernanda, não se entregasse à outra. Na prática dos ensaios, percebi nitidamente o contrário.   O quanto a experiência de uma vida pode iluminar esse caminho? Fernanda nos trouxe até aqui. Carregou até aqui essas imagens, lapidou sentimentos, sofreu, previu, reafirmou todos os dias felizes, mesmo os mais difíceis, mesmo os mais tristes, uma, duas, dez vezes disse nos ensaios, “nós passamos por tudo isso, por que não passaríamos de novo?”   No início, meus pensamentos pousavam num quarto de hotel na Rue de Seine, número 60. Uma mulher sentada escreve à mão, em um papel, numa pequena mesa encostada à janela do quarto. Sua bicicleta repousa ao seu lado.


Desde que me aproximei desse trabalho, ouvi o texto de “Viver Sem Tempos Mortos”, pela Fernanda, quase cento e cinquenta vezes. Não sei explicar, precisamente, como ela consegue despertar imagens tão intensas, mesmo depois de tanto tempo.   Ela me diz que levanta à noite, lembra dessas palavras e pratica, como notas das Variações de Goldberg de Bach, até adormecer. Percebi que, como Glenn Gould, ela procura, diverge, fala entre as linhas, buscando o melhor caminho para se aproximar emocionalmente daquelas palavras.   Disse que só começa a sentir satisfação depois de meses experimentando o silêncio e a respiração de uma platéia. Quem assiste a esse trabalho percebe essa sutil pulsação.   Com o passar do tempo, o que estava em volta dessa mulher sentada no quarto de hotel foi se apagando, como se as palavras ditas convidassem aos seus próprios universos e o interior delas fosse o lugar para ser imaginado.   Solitária, essa mulher flutua nesse lugar.   Um dia, Tiago, nosso assistente, chamou nossa atenção para essa cadeira. Nos disse que essa era a cadeira que Simone pediu para sentar ao lado da sepultura de Sartre.   Desse dia em diante, tudo ficou mais silencioso.   Nunca disse isso para a Fernanda, mas depois dessa temporada de ensaios, no fim do Leblon, não acredito e nem duvido de mais nada.   Nada pode ser experimentado sem surpresa.   A vida não é de quem sabe viver.   Outono de 2009  Felipe Hirsch





O Projeto “Caminhos da Liberdade” tem como centro referencial a encenação “Viver Sem Tempos Mortos”, baseada em trechos de cartas e notas autobiográficas de Simone Beauvoir. Em 2008, Sergio Britto, meu amigo-irmão-camarada, propôs que fizéssemos juntos um espetáculo sobre Simone e Sartre. Mas, Sergio seguiu com seus projetos particulares de trabalho. Prossegui, apoiada por minha produtora Carmen Mello, com todo o material já trabalhado sobre essa grande mulher, um volume considerável de informações e sensibilização que sempre precede um espetáculo teatral: leituras, documentários, relações humanas, o momento histórico, a conceituação social, as atividades de engajamento político etc... , juntamente com palestras e debates. Para conhecimento do público parte desse material estará sempre sendo apresentado no lounge dos teatros onde nós estivermos em temporada. Quis o acaso que, como o projeto foi transferido para 2009, ano França-Brasil, esta encenação fizesse parte das comemorações Franco-Brasileiras, o que muito nos honra. Nem de longe é nosso intuito abranger toda a obra dessa pensadora, pois, não temos pretensões acadêmicas ou teatrais se não de dar conta de uma modesta e delicada aproximação junto a obra dessa extraordinária e inesgotável personalidade. Nessa proposta, como companheiro de viagem, agradeço a Felipe Hirsch ter vindo comigo nessa empreitada. Felipe Hirsch, um encenador contemporâneo, criativo, ousado e ao mesmo tempo altamente sensibilizado olhou, ouviu e radicalizou. Ao lado de seus dois grandes colaboradores Daniela Thomas e Beto Bruel. Essa radicalização eu a buscava faz tempo: o ator e a platéia num só corpo e numa só respiração sem interferências ou apoio de histrionismos e ruídos. Neste 2009 em que completo 80 anos de idade, 65 anos de vida pública, dedico a Fernando Torres, com quem convivi por 60 anos, este “Viver Sem Tempos Mortos”. fernanda Montenegro


20 Anos de Parceria com Fernanda

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Não sabemos se a arte pode mudar a realidade, mas a comunhão com um belo e forte espetáculo pode alimentar ou confortar a dor de uma perda. Uma homenagem da Trigonos Produções Culturais e equipe para o produtor Fernando Torres pelos 20 anos de parceria.


Torres e Fernanda Montenegro

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1 Dona Doida, de Adélia Prado / Direção: Naum Alves de Souza 2 Gilda - Um Projeto de Vida, de Noel Coward / Direção: José Possi Neto 3 Dias Felizes, de Samuel Becket / Direção: Jaqueline Laurence 4 Da Gaivota, da peça “A Gaivota” de Anton Tchekhov / Direção: Daniela Thomas 5 Alta Sociedade, texto e direção de Mauro Rase 6 Exposição Retrospectiva 50 anos de Carreira de Fernanda Montenegro, curadoria: Fernanda Montenegro e J. C. Serroni / Encontros com Fernanda, Direção: Fernanda Montenegro / Oficina de Leitura Dramática, Direção: Fernanda Montenegro 7 A Casa dos Budas Ditosos, de João Ubaldo Ribeiro / Direção: Domingos Oliveira 8 Fernando Torres - 80 anos, Mostra de filmes e exposição – CCBB – Rio de Janeiro



PROJETO Caminhos da Liberdade

viver sem tempos mortos

Texto a partir das correspondências de Simone de Beauvoir para Jean-Paul Sartre. com fernanda Montenegro direção: felipe hirsch Direção de Arte: Daniela Thomas Iluminação: Beto Bruel Seleção Musical: Fernanda Montenegro Pesquisa e Compilação: Newton Goldman Projeto Gráfico: Muti Randolph Palestra e Debate – Rio de Janeiro: escritora e socióloga Rosiska Darcy Palestra e Debate – São Paulo: professor Jorge Coli Direção de Produção: Carmen Mello Produção Executiva: Bianca Siqueira, Carmen Mello e Tiago Morena Consultoria Jurídica: Marcelo Salomão Consultoria de Leis de Incentivo: Márcia Dias Assessoria de Imprensa: Editor Web - Edison Paes de Melo Assistente Atriz: Jadir Ferreira Assistente de Direção: Tiago Morena Assistente de Produção: Juliana Henriques Assistente de Programação Visual: João Paulo Dias e Juliana Ceschini Assistente Direção de Arte: Cibele Gardin Estagiários: Fernanda Silla e Leandro Israel Miranda Controller: Ricardo Rodrigues Contador: Contsist Fotografia Capa do Programa: Vicente de Paulo Maquiagem Capa do Programa: Marcos Padilha Fotografia Miolo do Programa e Espetáculo: Guga Melgar Maquiagem Miolo do Programa: Rosa Bandeira Operador de Som e Luz: Hugo Leonardo Cenografia: Camuflagem Camareira: Antonia de Oliveira Transporte: Luiz Antônio Rodrigues e Gutman Alves A nossa equipe técnica no Rio de Janeiro: Allan Imianowsky, Gabriela de Paula, Karine Ordonio e Renato Morai Realização e produção: Trígonos Produções Culturais


SESC Consolação - R. Dr. Vila Nova, 245 - Vila Buarque - São Paulo - SP - CEP: 01222-020 Tel.: 3234 3000 - 3256 2281 - 0800 11 8220 - www.sescsp.org.br - email@consolacao.sescsp.org.br


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