REVISTA SANTOS MODAL

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ANIVERSÁRIO

Revista Santos Modal chega à edição de número 50 após nove anos de muito trabalho dedicado ao Porto de Santos e à comunidade portuária

PREFEITURAS PORTUÁRIAS

Em 2004, o então candidato a prefeito Papa tinha uma visão ácida sobre a relação entre o porto e a cidade. As atuais prefeitas de Cubatão e Guarujá destacam importância do complexo portuário na vida socioeconômica dos municípios e traçam planos.

QUALIFICAÇÃO

Estado aposta na qualificação para desenvolver o porto

PERFIL PORTUÁRIO

Prestes a completar três anos, nesta edição trazemos a retrospectiva das principais entrevistas concedidas

junho | julho 2010

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:: índice

CAPA NOVE ANOS EM REVISTA

10 Papa Em 2004 o prefeito de Santos tinha uma visão ácida sobre a relação entre o porto e a cidade

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16 Offshore Petrobras quer dobrar

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o número de fornecedores locais

MODAL 19 SANTOS De uma simples ideia a uma grande revista

16

20 Ferrovias Precisam estar preparadas 28

para o crescimento de contêineres

28 Perspectivas Porto projeta o futuro

Portuário 30 Perfil Receitas de vida e sucesso profissional

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Leia também

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Em paz com a cidade

edição de aniversário nº 50 dezembro | janeiro 2012

Sérgio Aquino afirma que o grande avanço nos últimos oito anos foi a harmonização entre porto e município

Cada vez mais um porto regional

Prefeitas de Cubatão e Guarujá destacam importância do complexo portuário na vida socioeconômica dezembro | janeiro 2012

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Santos Modal

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editorial ::

:: expediente Diretora Vera Moraes

OLHANDO O PASSADO, OLHANDO O FUTURO

O

vera@santosmodal.com.br :: Editora

que mudou no Porto de Santos nos úl-

Érica Amores - Mtb 34.455

timos nove anos? Quais foram os avan-

jornalismo@santosmodal.com.br

ços? O que ainda pode ser melhorado?

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R e s p o s t a s a p e rg u n t a s co m o e s t a s

podem ser encontradas nas páginas da SANTOS MODAL, que chega a sua edição comemorativa de número 50. A conquista de ter registrado o cotidiano do cais santista é um dos nossos grandes orgulhos,

Redator Alessandro Padin :: Assinatura assinante@santosmodal.com.br ::

ampliando debates, abrindo espaço para quem faz

Distribuição

a atividade portuária acontecer e, principalmente,

Principais empresas do setor,

levando aos leitores o que está na pauta do dia de

administrações portuárias,

quem discute o segmento.

Ministério dos Transportes, representantes de

Nesta edição fazemos um balanço do que movimentou o Porto de Santos desde o início da revista, jogando um olhar sobre o passado e de que forma

órgãos governamentais e assinantes :: Santos Modal é uma publicação

ele pode influenciar o futuro. Além de números, obras

bimestral da Editora

em andamento, projetos a serem executados, damos

Oliveira & Moraes Ltda-ME

voz a quem gerencia os rumos do complexo, quem

Tel.: 13 - 2202-8070

vive o seu cotidiano como é o caso dos empresários

www.santosmodal.com.br

e quem sofre as influências do frenético e cada vez maior porto da América Latina.

Twitter: @santosmodal Facebook: Revista Santos Modal :: As matérias assinadas são de responsabilidade

Toda a equipe da SANTOS MODAL deseja aos leitores,

de seus autores e não representam,

empresários, dirigentes de todas as autarquias e aos

necessariamente, a opinião da editora.

clientes anunciantes votos de FELIZ NATAL e de um

A responsabilidade sobre as fotos publicadas

NOVO ANO repleto de realizações e bons negócios!

são das empresas cedentes e anunciantes. ::

Que venham mais 50, 100 números da SANTOS MODAL!

É proibida a reprodução completa ou parcial do conteúdo desta publicação sem autorização prévia, bem como das notas ou matérias publicadas no site www.santosmodal.com.br

Boa leitura! Alessandro Padin

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CAPA ::

por Alessandro Padin

Fotos: imagensaereas.com.br

NOVE ANOS EM REVISTA

O que mudou no Porto de Santos nestas 50 edições da Santos Modal? 6

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outubro | novembro 2011


“O

Porto de Santos passou por grandes transformações nos últimos nove anos, desde que a primeira edição da SANTOS MODAL entrou em circulação. O principal complexo do gênero na América Latina refletiu as mudanças econômicas ocorridas no País tanto nos aspectos positivos como nos negativos. Na mesma proporção que o movimento de cargas passou a bater recordes, os problemas, como o gargalo logístico, se acentuaram, exigindo planejamento e soluções urgentes. Acompanhar os cinqüenta números publicados da SANTOS MODAL é como ver um álbum de fotografias que registra esse cotidiano do cais santista. Nesta matéria, fazemos uma viagem ao tempo selecionando fatos que marcaram as primeiras edições da revista e em qual quadro se encontram atualmente. É uma forma de avaliar, com um olho no passado e outro no futuro, como caminha o Porto de Santos. Planejamento – A matéria de capa da edição da SANTOS MODAL de junho de 2004 começava com o seguinte texto: “O Porto de Santos vive uma verdadeira situação heróica. Mesmo sem infra-estrutura necessária, o cais santista é o maior porto do país, o primeiro em cabotagem e responsável por mais de 25% do comércio exterior brasileiro, além de

:: capa continuar batendo freqüentes recordes de movimentação. O maior porto da América Latina encontra-se na espera da construção das avenidas perimetrais, da realização da dragagem de manutenção, da criação do estacionamento de caminhões, de uma solução para a questão dos acessos e na espera por uma malha ferroviária eficiente. Cenário este que pode limitar tamanha competitividade, inibir o crescimento e prejudicar o comércio internacional de todo o país”. A reportagem apontava que a falta de planejamento estratégico e, principalmente, a não implementação dos planejamentos, programas e resoluções, unida a falta de fiscalização e de medidas mais rápidas criaram, na época, um cenário de incertezas. Alguns segmentos expunham seus temores sobre os rumos do complexo santista nas páginas da SANTOS MODAL, como foi o caso de Sérgio Salomão, presidente executivo da Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público (Abratec): “Será um lamentável erro de avaliação valorizar a movimentação de grãos em detrimento do contêiner. E a conseqüência natural será o agravamento da balbúrdia logística que já se verifica no porto de Santos”. Desde então, muita coisa mudou: Santos ganhou, em 2005, uma Secretaria de Assuntos Portuários e Marítimos e o País uma Secretaria

Especial de Portos, com status de ministério, que tiveram decisiva influência em questões envolvendo o complexo santista nos últimos anos. Muitos dos problemas apontados pela matéria de quase oito anos atrás persistem, mas um plano de ações e algumas obras como as avenidas perimetrais e a dragagem do canal do estuário se tornaram realidade. A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), por exemplo, apresentou um Plano de Expansão e o Estudo de Acessibilidade do Porto de Santos, que nortearão o crescimento do complexo até 2024. O objetivo foi o de definir e localizar as áreas para novos terminais e cargas, projetando demandas para os próximos 15 anos, acompanhadas da infraestrutura necessária para viabilizar o desenvolvimento. Além das perimetrais, a dragagem de aprofundamento do canal do Porto de Santos virou realidade. A obra está ampliando a profundidade de 13 para 15 metros, permitindo a atracação de navios de até nove mil TEUs e ampliando em 30% a capacidade operacional do porto, que hoje é de aproximadamente 110 milhões de toneladas por ano. O tema é, aliás, corrente nas páginas da SANTOS MODAL desde o início. Na edição de abril de 2004, uma matéria anunciava a abertura da licitação pela Codesp para a retomada dos serviços de dragagem do canal de navegação,

Com muita coisa ainda a ser feita, porto superou cenários de incerteza dezembro | janeiro 2012

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Desde o início, a revista abriu o espaço para o debate sobre a importância do modal ferroviário que estavam interrompidos desde dezembro de 2002. Estava assim no texto: “Sem dragar há quase 14 meses, o canal perdeu profundidade, dificultando a entrada de navios de grande porte no cais santista. Os trabalhos devem começar no ponto mais crítico, entre o início do canal de acesso (chamado de “Barra”) e o Corredor de Exportação, hoje com profundidade de 12,4 metros, 1,6 abaixo da profundidade de projeto, definida em 14 metros”. A relação entre o porto e a cidade também ganhou novos contornos nos últimos oito anos. Em 2004, na edição de dezembro, às vésperas de assumir seu primeiro mandato, o prefeito João Paulo Tavares

Papa expunha um muro que havia entre o governo municipal e autoridade portuária: “Se os seus representantes formais não têm a chance de interagir com a política da direção da estatal, a cidade também não tem. Uma cidade que vive, nasceu e se desenvolveu em função do porto, até hoje não ter conseguido construir essa relação, é prejudicial”. E foi mais além: “Na relação da cidade com a Codesp não houve avanço algum nos últimos anos. As diretorias se revezam e as relações são sociais. Não existe um instrumento de discussão, de contribuição efetiva entre prefeitura e Autoridade Portuária. Apenas no CAP (Conselho de Autoridade Portuária) há

Há oito anos, polêmica. Hoje, o Terminal Embraport é uma realidade que vai mudar o cotidiano do complexo santista

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um assento para ser ocupado pelo prefeito de Santos ou Guarujá. Não há um fórum permanente de discussão ou aprimoramento”. Atualmente, esse cenário de animosidade pública não existe mais. Ferrovias – “Nosso país é um continente, ele deveria explorar muito mais o modal que é o mais econômico. Tudo que chega hoje na mesa do brasileiro depende de transporte. E por que não usar o transporte que é mais barato, justamente para beneficiar de forma econômica o País?”, questionava o diretor técnico da Câmara Brasileira de Transporte Ferroviário (CBTF), Washington Soares, na edição da SANTOS MODAL de abril de 2004. Na época ele criticava a falta de visão da autoridade portuária santista em não priorizar os ramais ferroviários no transporte de cargas no porto. Os tempos mudaram e mostraram que Soares, que também é diretor da ITRI Rodoferrovia, tinha razão. O porto vive em meio a um gargalo logístico pelo fluxo de caminhões e as ferrovias voltaram, junto com o transporte hidroviário, a serem apontadas como a saída para desafogar a região do cais. A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) projeta duplicar a participação do modal no complexo santista até 2014, quanto a expectativa é de atingir 230 milhões de toneladas em movimentação de cargas. Atualmente, o transporte ferroviário representa 13% da matriz de transporte do porto, contra 80% do rodoviário. A participação das ferrovias no cotidiano portuário de Santos pode até aumentar com o projeto do Ferroanel, uma ligação férrea de 211 quilômetros entre a Região Metropolitana de Campinas e o Porto de Santos, que abrange 39 municípios da Região Metropolitana de São Paulo. A expectativa é que, com a conclusão da obra, o modal movimente entre 30 e 40%. Além disso, no País as ferrovias voltaram a chamar a atenção. O Governo Federal vai destinar R$ 35 bilhões para investimentos no setor ferroviário nos próximos quatro anos, recursos previstos no Plano Plurianual (PPA) 2012/2015, denominado como Plano Mais Brasil. Terminal marítimo – O Terminal Marítimo de Passageiros Giusfredo Santini - Concais tinha a perspectiva de receber, em 2004, 180 mil passageiros de transatlânticos turísticos e a SANTOS MODAL perguntava: “Como aumentar o aproveitamento do potencial da


:: capa cidade na temporada dos transatlânticos?” A matéria tratava do fato de que, apesar de receber um alto número de turistas e estar em constante crescimento, a cidade e a região ainda não se beneficiavam totalmente de seu potencial turístico. A estimativa é de que o terminal movimente, nesta temporada 2011/2012 de cruzeiros marítimos, um milhão e 150 mil passageiros. Em 130 dias de operação os transatlânticos farão um total de 283 escalas no Concais, que recebeu investimentos na ordem de R$ 6 milhões em melhorias de logística, reformulação de áreas e compra de novos equipamentos de segurança. Oito anos depois, o movimento é muito maior, mas a pergunta ainda procura respostas. Tanto a iniciativa privada e os órgãos públicos continuam discutindo formas de manter esse turista de transatlântico em Santos e região, movimentando a economia local. Uma das grandes apostas é a obra de construção e adequação para o alinhamento do cais de Outerinhos. O empreendimento da Secretaria de Portos (SEP) será concretizado por meio do Programa

de Aceleração do Crescimento (PAC-Copa) e tem a meta de ampliar a estrutura de atendimento à demanda por leitos na região durante a Copa de 2014. Santos está pleiteando ser uma subsede da competição, podendo receber uma ou mais das seleções participantes na fase pré-competição e durante o evento. Com a execução de 1.320 metros de cais, entre os armazéns 23 e 29, o Porto de Santos oferecerá a possibilidade de atracar até seis navios de passageiros, disponibilizando 15,4 mil leitos. A meta é ousada: colocar Santos como um dos cinco maiores portos em movimento de passageiros do mundo. Embraport - Em fevereiro de 2004, a SANTOS MODAL publicou matéria sobre a polêmica envolvendo o licenciamento ambiental das obras do Terminal Embraport na margem esquerda do Porto de Santos. O juiz Edvaldo Gomes dos Santos, titular da 2.ª Vara Federal de Santos, suspendeu uma audiência pública agendada pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema) para o dia 22 de janeiro no auditório da Universidade Católica de Santos (Unisantos), onde seria discutido o

projeto do grupo Coimex, responsável pelo empreendimento. O cancelamento foi proposto pelo procurador da República André Bertuol, que afirmou a imprensa local na época que o grupo Coimex “somente colocou dois anúncios sobre sua audiência publicada nos jornais. Um deles às vésperas de Natal, quando o judiciário está em recesso, e outro ontem (um dia antes da audiência), não dando tempo das pessoas conhecerem o projeto. Para mim, foram ações muito direcionadas para que não houvesse a participação popular no evento”. Hoje, passados sete anos, e superado os entraves, o empreendimento está em andamento e deve entrar em operação em 2012. Agora tem a participação da Odebrecht, que tornou-se sócia do Grupo Coimex e adquiriu 24,5% das ações da Embraport, e da Dubai Ports World (DPW), dos Emirados Árabes Unidos, que comprou 26,9% da empresa. Um investimento de R$ 2,3 bilhões está viabilizando a implantação de um terminal privado que terá capacidade para movimentar dois milhões de TEUs e dois milhões de metros cúbicos de álcool.::

Em oito anos, o número de passageiros de cruzeiros que embarcam em Santos subiu de 180 mil para 1 milhão e 250 mil

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capa ::

por Alessandro Padin

Rogério Bomfim

O MURO FOI DERRUBADO Em 2004, o então candidato a prefeito João Paulo Tavares Papa tinha uma visão ácida sobre a relação entre o porto e a cidade. Depois de quase oito anos, ele garante que tudo mudou e para melhor

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m 2004, o então candidato a prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa, concedeu uma entrevista a SANTOS MODAL, em que expunha uma visão crítica sobre a relação entre o porto e o Município: “Se a cidade continuar com esse muro entre ela e a área portuária, talvez tenhamos o porto mais nobre do País e uma cidade cheia de problemas”. Na mesma oportunidade, falou também sobre propostas para o setor que efetivamente viraram realidade durante estes sete anos de mandato como a criação da Secretaria Municipal de Assuntos Portuários e Marítimos (Seport). A nova pasta ganhou tamanha dimensão que o secretário Sérgio Aquino é pré-candidato a sucessão municipal com apoio do chefe do Executivo. Quase oito anos depois, ele revela uma posição mais positiva em relação ao porto, mesmo que alguns problemas, como os gargalos logísticos, ainda persistam. “A construção do ‘mergulhão’ na margem direita da Avenida Perimetral será um avanço importante para solucionar o conflito entre caminhões e transporte ferroviário”, afirma em relação a este assunto. Para o próximo prefeito, Papa já elenca uma pauta de ações

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como a revitalização do cais do Valongo e a expansão do porto na margem esquerda (Área Continental de Santos), por exemplo. Veja a íntegra da entrevista que o atual chefe do Executivo concedeu a SANTOS MODAL: Santos Modal- Em entrevista concedida a Santos Modal em 2004, quando era candidato a prefeito, o senhor afirmou que “se a cidade continuar com esse muro entre ela e a área portuária, talvez tenhamos o porto mais nobre do País e uma cidade cheia de problemas, desconhecendo um potencial que poderá ser bom para todos”. Esse muro foi derrubado? Quais foram as principais dificuldades encontradas e hoje superadas? PAPA- Sim, felizmente o relacionamento de Santos com o seu porto melhorou muito, num processo que teve efetivo início a partir da criação da Seport (Secretaria Municipal de Assuntos Portuários e Marítimos), em 2005. A escolha do titular da pasta, Sérgio Aquino, foi um grande acerto. Trata-se de um profissional extremamente bem preparado e respeitado em todos os segmentos portuários, que realiza um trabalho exemplar de articulação entre Prefeitura, Governo Federal, autoridade portuária, operadores, usuários e trabalhado-

res (Nota da Redação: Aquino já foi anunciado pelo prefeito como seu candidato a sucessão nas eleições para a chefia do Executivo em 2012). Outra conquista fundamental para as cidades portuárias foi a criação da Secretaria Especial de Portos da Presidência da República, oficializada no segundo semestre de 2007. A nova estrutura representa um verdadeiro divisor de águas na história dos portos brasileiros. Com uma equipe técnica de alto nível, possibilitou maior eficiência e agilidade nas respostas às questões relacionadas aos portos. A tão sonhada integração está acontecendo e se consolidando, dando sustentação à expansão do comércio exterior brasileiro e ao desenvolvimento econômico, social e ambiental do nosso município. SM - Nesta mesma entrevista, o senhor disse que criaria uma secretaria municipal para cuidar do segmento, o que acabou ocorrendo com a implantação da pasta de Assuntos Portuários e Marítimos. O que mudou na relação entre porto e cidade com a criação da secretaria? PAPA - As mudanças foram muitas, uma vez que a partir da criação da Seport, todas


:: capa as secretarias e empresas vinculadas à Prefeitura passaram a contar com um canal de interlocução com o porto. A Administração Municipal pôde assim se aprimorar em todas as questões relacionadas, o que gerou a tão desejada integração. SM - Quando candidato o senhor pretendia criar uma zona portuária industrial, uma espécie de condomínio de empresas estabelecido em uma área da cidade com uma legislação tributária especial. Como ficou essa proposta? Ainda há espaço para esse tipo de empreendimento na cidade? PAPA - O porto sempre foi a principal vocação econômica da cidade, e incentivar a sua expansão de forma ordenada e sustentável é fundamental. Por isso, o novo Plano Diretor do município, que entrou em vigor em julho deste ano, garante espaços para o futuro do porto. Ele foi construído com a participação da comunidade, entidades de classe e conselhos municipais em 61 encontros de trabalho, entre 11 audiências públicas, 44 reuniões e 6 oficinas de capacitação. O plano projeta a expansão portuária e retroportuária na Área Continental. Tais atividades deverão ficar separadas da zona urbana, onde estão as residências e desta maneira evitarão conflitos de uso. A área de ampliação da Zona Portuária e Retroportuária está localizada entre a rodovia e o estuário, sendo necessário o cumprimento de medidas mitigadoras e compensatórias, sobretudo em relação à apresentação de Estudo Ambiental, compensação de ao menos cinco vezes a área de ocupação e prioritariamente na mesma

As mudanças foram muitas, uma vez que a partir da criação da Seport, todas as secretarias e empresas vinculadas à Prefeitura passaram a contar com um canal de interlocução com o porto. A Administração Municipal pôde assim se aprimorar em todas as questões relacionadas, o que gerou a tão desejada integração

zona em que se localiza o empreendimento. O conceito da zona portuária industrial continua presente, pois gera valor agregado à movimentação. SM - O Porto de Santos enfrenta um problema de gargalo logístico. O senhor acredita que esse problema será superado em curto prazo de tempo? PAPA - O porto santista é essencial para a economia do Brasil, e a urgência na solução dos gargalos é importante para todo o país. A prefeitura tem papel importante na articulação com outros municípios da região, governos Federal e Estadual, na implementação de um sistema que harmonize as atividades portuárias com as urbanas. As soluções efetivas estão acontecendo gradativamente, a partir de algumas iniciativas fundamentais. A construção do ‘mergulhão’ na margem direita da Avenida Perimetral será um avanço importante para solucionar o conflito entre caminhões e transporte ferroviário. Por outro lado, a Prefeitura tem um projeto para aliviar o ‘gargalo’ na entrada da cidade, que envolve construção de novas marginais e viadutos, mas requer a participação do Governo do Estado e da autoridade portuária. A ampliação do modal ferroviário, em andamento, é outra medida fundamental. Outra medida importante é a implementação de um sistema hidroviário regional moderno e abrangente, que vem sendo tratada com afinco pela Câmara Temática sobre o tema, proposta por Santos no Condesb (Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista). O grupo está finalizando um projeto que atenderá todos os municípios da região. SM - Em 2012, há eleições municipais. Quais serão os grandes desafios do próximo prefeito em relação ao porto? PAPA - Alguns pontos são essenciais: a revitalização do cais do Valongo; a expansão do porto na margem esquerda (Área Continental de Santos), com a devida infraestrutura de acesso; os investimentos que promovam maior eficiência na margem direita; a continuidade no processo de capacitação e qualificação dos profissionais que atuam no porto; e uma participação ainda maior da cidade nas decisões do sistema portuário. SM - E, para finalizar, na sua opinião quais foram os grandes avanços na relação

porto/cidade nos últimos oito anos? PAPA - Um grande destaque foi a criação do Cenep (Centro de Excelência Portuária), que já promoveu a qualificação profissional de mais de 2 mil trabalhadores. Oficializado pela Secretaria Especial de Portos em dezembro de 2007, o Cenep Santos foi o primeiro do Brasil, e resultou de uma articulação encabeçada pelo governo do município. Até o final de 2011 foram qualificados 2.778 trabalhadores, entre avulsos e contratados pela Administração Portuária, por meio de parcerias com a Prefeitura, Codesp, Ministério do Trabalho, Sest/Senat, Ogmo, Sert, sindicatos e Marinha. O projeto Porto Valongo Santos representa uma enorme conquista da população, que também é fruto do bom relacionamento entre a cidade e o porto. Os estudos de viabilidade técnica (complementado com informações sobre mobilidade e acessos), econômica, social e ambiental estão sendo finalizados. O passo seguinte será promover um concurso internacional para escolha do projeto executivo. Outro avanço importante: a presidência do CAP (Conselho da Autoridade Portuária) de Santos foi ocupada por um representante da Prefeitura a partir de agosto de 2008, com a indicação do secretário municipal de Assuntos Portuários e Marítimos, Sérgio Aquino. Pela primeira vez na sua história, o Conselho, instituído pela Lei de Modernização dos Portos (8.630, de 1993), não era mais presidido por integrantes do governo federal e da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários).::

A Prefeitura tem um projeto para aliviar o ‘gargalo’ na entrada da cidade, que envolve construção de novas marginais e viadutos, mas requer a participação do governo do Estado e da autoridade portuária. A ampliação do modal ferroviário, em andamento é outra medida fundamental

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Cada vez mais um porto regional Prefeitas de Cubatão e Guarujá destacam importância do complexo portuário na vida socioeconômica dos municípios e traçam planos

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expansão do Porto de Santos, principalmente nos últimos anos, aumentou o raio de influência do complexo nos municípios vizinhos, em especial Cubatão e Guarujá. Não só o necessário e inevitável crescimento da estrutura, mas também as atividades retroportuárias e de apoio logístico e de negócios colocaram definitivamente o tema na pauta de prioridades dos gestores públicos destas cidades. Atualmente, por exemplo, o porto movimenta o maior número de contêineres, 56% do total do complexo, em Guarujá, atividade que responde por 65% da arrecadação de ISS do Município. Com dados como esses em mãos, a prefeita Maria Antonieta de Brito defende, inclusive, uma mudança de denominação: “Gostaria que sempre que se referissem ao Porto, utilizassem Porto de Santos na margem direita e Porto de Guarujá na margem esquerda, porque é exatamente isso que acontece. A maior movimentação de contêineres (56%) é feita no município. O Porto de Guarujá está em constante expansão e desenvolvimento e temos muitos planos para o complexo. Em primeiro lugar devemos buscar a relação harmônica entre cidade e porto, visando o desenvolvimento sustentável”. Antonieta cita outras influências socioeconômicas que o porto exerce sobre o Município, como arrecadação de IPTU dos terminais retroporuários. “Além disso, para os trabalhadores da Ilha de Santo Amaro, o nosso porto é importante porque oferece empregos estáveis com carteira de trabalho assinada e outros benefícios, como salários diferenciados, planos de saúde, cestas básicas, cursos periódicos de qualificação profissional, e outras vantagens, principalmente a aposentadoria. O porto também nos traz reconhecimento, projetando Guarujá pelo mundo”, ressalta. A prefeita acredita que o índice de arrecadação de ISS pode ir além dos 56%: “É possível aumentar a arrecadação deste imposto, até porque é um percentual do movimento. À medida que o movimento vai aumentando, 12

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Gostaria que sempre que se referissem ao Porto, utilizassem Porto de Santos na margem direita e Porto de Guarujá na margem esquerda, porque é exatamente isso que acontece. A maior movimentação de contêineres (56%) é feita no município Maria Antonieta, prefeita de Guarujá

automaticamente a arrecadação aumenta também. Além disso, o número sempre crescente de empresas se estabelecendo nesse setor influencia neste aumento. Este ano, por exemplo, a Copersucar se instalou em um terminal, arcando com todos os impostos devidos”. Perimetral – Com o objetivo de reordenar o sistema viário da margem esquerda do Porto, onde está Guarujá, está em andamento a construção da nova Avenida Perimetral. A obra, projetada em parceria entre a Codesp e a Prefeitura do Guarujá, abrange o alargamento da Avenida Santos Dumont, com a criação de nove pistas (cinco para o movimento do porto e quatro para o tráfego urbano), e a revitalização da Rua do Adubo, única ligação entre a Rodovia Cônego Domênico Rangoni e o cais. Além disso, um viaduto vai fazer a passagem dessa via sobre a Santos Dumont para facilitar o trânsito de caminhões. “No início do meu mandato fizemos um grande esforço para mudar o projeto da Perimetral, apresentado pela administração anterior. Alteramos substancialmente o tra-

çado, segregando o movimento de veículos que atendem o porto do trânsito urbano, de modo que os caminhões que se dirigirem ao Porto ou oriundos do porto não se misturem com os veículos do Município. Isso quer dizer que os nossos munícipes não terão problema com o movimento portuário e, desta forma, não serão afetados com o trânsito pesado que se dirige ao Porto. Isso significa que, a partir da entrega da Perimetral, vamos ter os benefícios do Porto, sem os problemas que o Porto traria aos nossos munícipes”, diz Antonieta. E completa: “Estamos organizando a concretização do retroporto e pólo tecnológico, ampliando e ordenando, agregando valor à atividade portuária do nosso Município, ampliando a oferta de emprego e oportunidades”. Pólo Industrial – A prefeita de Cubatão, Márcia Rosa, cita a importância, em termos estratégicos e econômicos, que o complexo santista tem para toda a Baixada Santista. Para a cidade, a principal influência é o recebimento de insumos e o escoamento dos produtos do pólo industrial, que gera empregos e


:: capa renda para moradores. “O Porto de Santos é o Porto do Brasil, da Baixada Santista e do Estado, e tem que se preocupar com o desenvolvimento regional. É importante conhecermos os seus impactos e trabalharmos para o desenvolvimento das atividades econômicas de forma integrada. O país cresceu muito nos últimos anos, inclusive em termos de gestão portuária: estamos dando exemplos de modernidade e gestão”, afirma. Márcia tem participado de visitas técnicas realizadas por lideranças empresariais e políticas a portos de outros países: “Na China, apesar do acelerado desenvolvimento, ainda existem muitas oportunidades de aprimoramento, em especial nas questões ambientais. Mas eles têm diversas experiências no uso de tecnologia, de recursos, de agilidade processual, que temos procurado implementar e usar em nossa gestão, tornando-a mais prática e procurando atender melhor ao desenvolvimento sustentável. Já nas várias visitas técnicas feitas a portos europeus, chamou a atenção a relação existente entre Porto e Cidade, em especial na Dinamarca e Alemanha”. A prefeita acredita que a concessão, por

Cubatão tem uma posição estratégica e privilegiada, a meio caminho entre o principal porto e a principal metrópole, e com o pré-sal na Bacia de Santos abrem-se muitas oportunidades para construção e reparo naval, por exemplo Márcia Rosa, prefeita de Cubatão

parte da Cetesb, da Licença de Instalação (LI) para a Carbocloro implantar um projeto de hidrovia no Rio Cubatão terá impactos positivos, com significativos ganhos ambientais em decorrência da redução do fluxo rodoviário. “Nossas estradas estão estranguladas pela falta de investimentos em sistemas alternativos como esse. Tal problema impacta na própria estrutura urbana, pois o congestionamento nas rodovias que atravessam a cidade chega

a impedir a comunicação entre as várias regiões do município, e o decorrente uso de vias urbanas para fugir ao congestionamento nas rodovias traz significativo ônus para o município”, explica. Indústria Naval - Sobre o futuro da relação porto e cidade, Márcia Rosa, destaca que tem participado de vários debates sobre o aprimoramento e melhor uso do canal de Piaçaguera, principalmente para a emergente indústria naval. “Cubatão tem uma posição estratégica e privilegiada, a meio caminho entre o principal porto e a principal metrópole, e com o pré-sal na Bacia de Santos abrem-se muitas oportunidades para construção e reparo naval, por exemplo. A Petrobrás já deixou claro que deseja apoiar empreendimentos desse tipo que se instalem na Baixada Santista, e temos recursos importantes: água, energia, áreas junto ao canal de navegação, o aço naval é produzido aqui, as indústrias de navipeças estão próximas, temos mão-de-obra qualificada. Além disso, hoje priorizamos o planejamento estratégico, para que não se repitam os erros do passado e o crescimento não ocorra de forma desordenada e sem preocupação social”.::

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Estado aposta na qualificação para desenvolver o porto Projeto Via Rápida Emprego chega ao complexo santista para capacitar profissionais em até três meses

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falta de qualificação de mão de obra vem sendo considerada um dos grandes entraves para o desenvolvimento da atividade portuária em Santos. Um estudo do economista João Carlos Gomes traz um dado alarmante: mesmo com o crescimento da atividade no segmento, o nível salarial dos trabalhadores com idade entre 18 a 24 admitidos que atuam na maior parte dos setores é inferior, na média, ao dos que estão sendo desligados. O diagnóstico, segundo o pesquisador, é que falta um direcionamento para definir que tipo de qualificação é a ideal para atender as necessidades do cais santista. O abismo que ainda há entre as empresas e o meio de formação profissionalizante e acadêmica provocam esse desvio na qualificação adequada do trabalhador do porto santista. Soma-se a isso o fato da tecnologia estar em um ciclo constante e mais acelerado de renovação, exigindo cada vez qualificação mais específica. Essa preocupação atinge, também, o Governo do Estado, tanto que o projeto Via Rápida Emprego, uma das apostas do governador Geraldo Alckmin na formação profissional, também chegou ao Porto de Santos em 2011. Realizado por meio de uma parceria entre a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (Sdect), Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO) e o Centro de Excelência Portuária (Cenep), capacitou 180 trabalhadores nos últimos meses. As modalidades são executadas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) e incluem Operador de empilhadeira de pequeno e grande porte. Os cursos são intensivos, com duração de até três meses. Em 2012, será realizada mais um ciclo da qualificação voltada à operação de guindaste. “Em 2015, toda a estrutura estará totalmente mecanizada. Essa mudança tecnológica exigirá o aperfeiçoamento dos trabalhadores para

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Divulgação

a operação dos novos equipamentos”, afirma o secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Paulo Alexandre Barbosa. A pasta, que é gestora do programa, investiu cerca de R$ 324 mil neste treinamento. Do total, R$ R$ 264 mil foram gastos para a formação de mão de obra e R$ 54 mil pagos em bolsas auxílio e de transporte. “Queremos proporcionar a estes alunos uma formação multifuncional e abrangente”, completa. O Porto de Santos gera 63 mil empregos diretos e indiretos. Em 2010 movimentou 96 milhões de toneladas e recebeu mais 5,7 mil navios. Em breve, o local passará por obras como a dragagem do canal de navegação, a reformulação do acesso viário e a expansão das instalações portuárias, conhecida como Barnabé-Bagres. Lançado em julho, o programa Via Rápida Emprego oferece capacitação profissional gratuita para os cidadãos que buscam ingressar no mercado de trabalho ou abrir seu próprio negócio. Os cursos são definidos de acordo com as demandas regionais. Neste semestre, o programa disponibilizou 33 mil vagas

em mais de 400 municípios. Para o próximo ano, a previsão é atender mais 125 mil cidadãos. Metrópole – A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (Sdect) celebrou um convênio com a Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem) para estabelecer o Plano Metropolitano de Desenvolvimento Estratégico. O objetivo é de preparar a região, em todos os segmentos, para os desafios urbanos decorrentes dos investimentos públicos e privados na próxima década, principalmente nas áreas portuária e de petróleo e gás. “O Estado e os municípios da Baixada Santista poderão traçar metas conjuntas para garantir oportunidades iguais de desenvolvimento na região, de forma sustentável e com qualidade de vida. As informações apuradas vão orientar as políticas públicas, bem como a formulação de soluções urbanísticas e tecnológicas nos segmentos de habitação, mobilidade e emprego”, afirma Paulo Alexandre. Com esse diagnóstico poderão ser desenvolvidas ações estratégicas para impedir invasões em áreas de risco e de preservação permanente e coibir a especulação imobiliária e outros riscos de impactos ambientais, por exemplo. O Estado de São Paulo, por meio da Sdect, investirá mais de R$ 529 mil neste projeto. Caberá à secretaria acompanhar e supervisionar, através da Coordenadoria de Desenvolvimento Regional e Territorial, a execução do projeto; monitorar a evolução dos projetos, mediante banco de dados que gere contribuições à elaboração de novos programas de governo; fiscalizar a execução dos convênios decorrentes do programa; analisar e aprovar as prestações de contas dos recursos financeiros transferidos; fornecer suporte financeiro necessário à realização dos trabalhos, dentro dos limites definidos no contrato; e dar apoio institucional para a rápida solução de problemas que possam ocorrer na execução do projeto.::


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Em paz com a cidade Sérgio Aquino afirma que o grande avanço nos últimos oito anos foi a harmonização entre porto e município

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á passou da hora da Autoridade Portuária passar a enxergar a cidade como parte do contexto de preocupação e de responsabilidades que os diretores de planejamento e gestão do porto têm. É preciso que a cidade tenha voz e participação efetiva, responsabilidade sobre as questões do Porto”. Essa declaração do então consultor portuário Sérgio Aquino está na matéria “Um porto na espera”, publicada na edição de junho de 2004, da Revista SANTOS MODAL. Quase oito anos depois e atuando desde 2005 no comando da Secretaria Municipal de Assuntos Portuários e Marítimos (Seport), ele destaca que esse quadro mudou: hoje, porto e município convivem harmonicamente. “Naquela época Santos era conhecida como uma cidade de conflitos, problemas. Havia grandes diferenças entre a comunidade urbana e a comunidade portuária. A pacificação entre estes setores foi fundamental para mudar isso. Hoje temos a cidade das oportunidades”, destaca Aquino, que também é presidente do Conselho de Autoridade Portuária (CAP) desde agosto de 2008. Essa mudança, segundo ele, foi fator fundamental para a Petrobras se instalasse no município: “A direção da empresa não escolheria um local onde os agentes públicos não se entendam. Outro exemplo importante é a expansão portuária no Barnabé/Bagres, resultado dessa ação organizada entre prefeitura e Codesp”. O secretário, que já foi anunciado pelo prefeito João Paulo Tavares Papa como seu preferido para sucedê-lo, faz questão de citar que esse ambiente foi criado de forma conjunta, mas não deixa de reconhecer o papel preponderante exercido pela Seport. “A secretaria atuou como uma forte interlocutora e no relacionamento com todos os intervenientes. Além disso, ajudou a estabelecer um diálogo mais técnico trazendo para os debates sobre o porto a visão urbana da cidade”, ressalta. Transição – Um grande desafio. Assim

Anderson Bianchi

Naquela época Santos era conhecida como uma cidade de conflitos, problemas. Havia grandes diferenças entre a comunidade urbana e a comunidade portuária. A pacificação entre estes setores foi fundamental para mudar isso. Hoje temos a cidade das oportunidades Sérgio Aquino, secretário municipal de Assuntos Marítimos e Portuários

Sérgio Aquino classifica a transição do setor privado para o público, quando aceitou o convite para assumir a Seport em 2005: “No setor privado você tem mais flexibilidade e agilidade nos processos. Por outro lado, a atividade no setor público traz como recompensa a possibilidade de agir de forma concreta para influenciar formas de gestão e conceitos, interceder nos rumos que a atividade portuária vai seguir. Antes tinha apenas ideias de como fazer as coisas acontecerem”. Muitos desses planos, destaca o responsável pelo Seport, estão virando realidade e serão importantes para o crescimento da atividade

portuária nos próximos anos. “Podemos citar as obras de intervenções aquaviárias e terrestres, a revitalização do Valongo e a dragagem do canal envolvendo os pontos de atracação. Há outros desafios que devem ser enfrentados como a revisão dos processos logísticos e, principalmente, a modernização da Codesp com a implantação de uma gestão e remuneração baseadas nos resultados”, diz. Sérgio Aquino aproveita para parabenizar a edição de número 50 da Revista SANTOS MODAL: “A publicação é testemunha dos grandes avanços e ajuda a chamar a atenção para os debates que envolvem a atividade portuária”.::

A secretaria atuou como uma forte interlocutora e no relacionamento com todos os intervenientes. Além disso, ajudou a estabelecer um diálogo mais técnico trazendo para os debates sobre o porto a visão urbana da cidade

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por Alessandro Padin

Bruno Veiga

ÀS COMPRAS!

Petrobras quer dobrar o número de fornecedoras locais de bens e serviços mas estudo do Sebrae-SP revela que há obstáculos a serem superados

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Petrobras investiu, nos últimos 12 meses, R$ 200 milhões em compras corriqueiras só para atender as demandas da Unidade de Operações de Exploração e Produção da Bacia de Santos e a Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão. Desse total, apenas 5% ficaram com pequenas empresas fornecedoras da Região Metropolitana da Baixada Santista. Para diminuir os custos com operações logísticas e, principalmente, estimular a inserção das empresas locais na cadeia de suprimentos de bens e serviços, a meta da estatal é dobrar este índice até 2020. Esse processo, no entanto, não será simples. Um estudo realizado pelo SebraeSP com apoio da empresa, intitulado “Mapeamento da Demanda e Oferta de Bens e Serviços da Cadeia de Petróleo e Gás na Baixada Santista”, revelou que 80% das Micro e Pequenas Empresas (MPEs) ouvidas afirmam conhecer o alto volume de investimentos que cerca a cadeia, aproximadamente US$25 bilhões de dólares no estado de São Paulo, para os próximos três anos, mas apenas 45% delas conseguem se enxergar como fornecedoras deste segmento atualmente. Para que a Petrobras atinja a meta estipu16

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lada será necessário que as micro e pequenas tenham uma visão completa do segmento e busquem informação, afirma o gerente-geral da Unidade de Negócios de Exploração e Produção da Bacia de Santos, José Luiz Marcusso. “Nosso grande desafio atual é inserir as fornecedoras locais no processo. É importante as MPEs estarem atentas porque há uma grande demanda, também, de bens e serviços provenientes das empresas que fornecem para a Petrobras. O setor é bem amplo”, destaca. “As ações iniciais demonstraram que existe uma forte demanda da cadeia em comprar localmente e que muitos destes bens e serviços podem ser encontrados em pequenos negócios que cercam as grandes empresas do setor, mas a maioria das MPEs ainda não está preparada para atender as rígidas exigências de contratações do setor”, explica, no entanto, Paulo Sérgio Franzosi, gerente do Sebrae-SP na Baixada Santista. Bruno Caetano, diretor-superintendente do Sebrae-SP, chama a atenção para o potencial das MPEs atuarem neste segmento: “De cada 100 empresas existentes no País, 99 são micro e pequenas. Representam, também, 60% da força de trabalho, visto que de cada 10 empregos formais, seis são

gerados no segmento. O estudo revelou que as MPEs podem e devem crescer mais neste segmento. Estamos iniciando um projeto para auxiliá-las a fornecerem cada vez mais para a cadeia de petróleo e gás”. De acordo com a pesquisa do Sebrae-SP, mais de seis mil micro e pequenas empresas localizadas na região da Baixada Santista que compreende os municípios de Bertioga, Cubatão, Guarujá, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande, Santos e São Vicente, foram identificadas como potenciais fornecedoras da cadeia de petróleo e gás, já que produzem 87 bens e serviços agregados em 30 “famílias” de atividades presentes nas compras do setor. São 44 demandas de bens e 43 de serviços. Dos potenciais fornecedores estão divididos em Serviços (54,83%), Comércio (43,17%) e Indústria (2%). O estudo apontou que estas empresas registram uma média de funcionamento de 15 anos (sendo 61,3% há mais de dez anos) e uma evolução na força de trabalho de aproximadamente 5% durante o período analisado, empregando uma média de 11 funcionários atualmente (43,3% nas micro e 56,6% nas pequenas). Além disso, 60% das MPEs apresentam crescimento médio de 13,72% nas atividades.


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www.imagensaereas.com.br

Otimismo - O processo de levantamento de dados do “Mapeamento da Demanda e Oferta de Bens e Serviços da Cadeia de Petróleo e Gás na Baixada Santista” incluiu a realização de 600 entrevistas com MPEs que apresentam potencial para fornecer bens e serviços, 120 entrevistas com empresas que já são cadastradas como fornecedoras da Petrobras, além de 37 entrevistas com executivos das unidades da estatal, empresas sistemistas e parceiros institucionais. Mesmo que 45% micros e pequenos empreendedores não conseguem se enxergar como fornecedores desta cadeia atualmente, há um dado otimista revelado pela pesquisa: aproximadamente 86% desses entrevistados manifestaram interesse em fornecer para o segmento. A informação levou o Sebrae-SP a elaborar a lançar o Programa da Cadeia Produtiva de Petróleo, Gás, que vai intensificar ainda mais as ações de apoio as micro e pequenas interessadas em fornecer para o setor. Temas como processos licitatórios, compras governamentais, gestão de qualidade, inovação, marketing, tecnologia e análise financeira serão abordados em encontros que vão acontecer nos próximos meses. “O pré-sal ainda deve movimentar na Bacia de Santos cerca de US$ 25 bilhões, até 2015. È fundamental que as micro e pequenas empresas garantam seu lugar na divisão das riquezas que estes investimentos devem gerar. Para isso, o Sebrae-SP vai ajudá-las” , afirma Alencar Burti, presidente do Conselho

Deliberativo do Sebrae-SP. Para atrair e estimular mais empresas a participarem, a instituição utiliza dados revelados pela pesquisa como o fato de que 44% das empresas que já fornecem para a cadeia registraram crescimento no faturamento bruto anual e 43% identificaram a entrada de novos clientes, depois que passaram a integrar o cadastro de fornecimento da Petrobras. Além disso, 80% delas receberam cotações depois de se cadastrarem, 76% conseguiram enviar propostas e 59% efetivaram vendas. Em média, as MPEs cadastradas vencem 37% das cotações enviadas. A pesquisa identificou, também, que a maioria dessas empresas registrou um crescimento médio de faturamento da ordem de 19% e de 14% na expansão de sua força de trabalho. “O estudo mostra que ação do Sebrae-SP vem trazendo resultados para quem quer fornecer para o segmento. As empresas que utilizaram os serviços da instituição atingiram um crescimento anual de 16,30%, enquanto que aquelas que não utilizaram registraram 12,70%”, diz Bruno Caetano. Dentre as vantagens apontadas pelos fornecedores, os destaques são: 65% acreditam que fornecer para a Petrobras gera referência positiva no mercado, 26% acham vantajoso pelo fato de executarem trabalhos de maior aporte financeiro e 22% por terem fluxo constante de trabalho. Sebrae-SP reforça atuação na cadeia de Petróleo e Gás. Bruno completa: “Uma das missões do

Sebrae-SP é inserir os pequenos negócios nas grandes redes produtiva como fornecedores das empresas de médio e grande porte que lideram estes mercados. Com a cadeia de petróleo, gás e energia não poderia ser diferente. Já que a pesquisa identificou as oportunidades de negócios e a Petrobras nos sinalizou a vontade em aumentar a participação das MPEs nas compras corriqueiras da empresa, vamos concentrar esforços em apoiar este empreendedor paulista na sua inserção neste mercado de forma competitiva e saudável”. Ação local - O Sebrae-SP, por meio do Escritório Regional da Baixada Santista, já vem desenvolvendo ações com objetivo de inserir as MPEs da região na lista de fornecimento dos grandes players responsáveis pelos investimentos na cadeia do petróleo, gás e energia. Nos últimos cinco anos foram realizadas, na Feira Santos Offshore, rodadas de negócios em parceria com a Petrobras e o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) que reuniu cerca de 30 empresas âncoras e 310 MPEs potenciais fornecedoras, com uma expectativa de geração de negócios da ordem de R$ 93 milhões. “As ações iniciais demonstraram que existe uma forte demanda da cadeia em comprar localmente e que muitos destes bens e serviços podem ser encontrados em pequenos negócios que cercam as grandes empresas do setor, mas a maioria das MPEs ainda não está preparada para atender as rígidas exigências de contratações do setor”, explica Paulo

José Alberto Sarquis

Nosso grande desafio atual é inserir as fornecedoras locais no processo. É importante as MPEs estarem atentas porque há uma grande demanda, também, de bens e serviços provenientes das empresas que fornecem para a Petrobras. O setor é bem amplo José Luiz Marcusso, gerente-geral da Unidade de Negócios de Exploração e Produção da Bacia de Santos da Petrobras

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Ricardo Saibun

“De cada 100 empresas existentes no País, 99 são micro e pequenas. Representam, também, 60% da força de trabalho, visto que de cada 10 empregos formais, seis são gerados no segmento. O estudo revelou que as MPEs podem e devem crescer mais neste segmento. Estamos iniciando um projeto para auxiliá-las a fornecerem cada vez mais para a cadeia de petróleo e gás” Bruno Caetano, diretorsuperintendente do Sebrae-SP

Sérgio Franzosi. Além disso, foram também realizados dois workshops (Como as MPEs podem fornecer para as grandes empresas da cadeia de petróleo e gás). Petrobras – No que diz respeito a perspectivas de negócios, o futuro pode guardar grandes oportunidades para as MPEs. O plano de investimentos da Petrobras estima uma movimentação total de US$ 224,7 bilhões em todos os setores da cadeia de petróleo e gás nos próximos anos. O aumento das perspectivas de gastos com infraestrutura saltaram de US$ 12,3 bilhões para US$ 20 bilhões, quase o dobro. Os investimentos totais para o desenvolvimento dos projetos existentes no Polo Pré-sal da Bacia de Santos, até o ano de 2015, devem atingir os US$ 73 bilhões, dos quais 74% serão realizados diretamente pela Petrobras. A empresa espera que a contribuição do pré-sal na produção total operada pela empresa chegue em 2015 aos 613 mil barris diários de petróleo, um acréscimo de 108 mil barris diários em relação ao plano anterior. Desse total, cerca de 60% são próprios e os demais 40% pertencem aos parceiros. A Petrobras projetou a construção de 568 barcos de apoio, 94 plataformas e 65 sondas de perfuração (sendo que 28 serão construídas no País). As duas primeiras fases do Promef (Programa de Modernização e Expansão da 18

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Frota) abrangem a construção de 49 navios. Com isso, o Brasil possui atualmente a quarta maior carteira de encomendas de petroleiros do mundo. A Petrobras prevê que até 2020 a indústria naval brasileira esteja produzindo cerca de 60 navios por ano, reflexo das expectativas do crescimento da produção de petróleo e derivados, que será de aproximadamente seis milhões de barris por dia. Conteúdo Nacional – As perspectivas de fornecimento de bens e serviços para o setor podem ser ainda maiores nos próximos anos. Durante o 8º Encontro Nacional do Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural), realizado São Luís (MA), a ampliação do conteúdo nacional na indústria de petróleo e gás natural foi um dos temas mais discutidos. “É de extrema importância essa aliança com vistas à adoção de ações estratégicas de médio e de longo prazo, buscando viabilizar os meios para produzir no Brasil, de forma competitiva, os bens e serviços necessários à nossa indústria”, afirmou José Renato Ferreira de Almeida, coordenador executivo do Programa. Em sua participação no evento, o gerente executivo da Engenharia da Petrobras, Roberto Gonçalves, destacou a importância do cumprimento de prazos nos projetos: “Se esse ciclo se instalar corretamente, vai gerar riqueza para o cliente e para a própria

indústria”. Para o executivo da Petrobras, a indústria nacional já demonstrou competência e maturidade. “Temos hoje uma gama diversificada de ativos em construção, como dutos, plataformas, unidades de refino, navios etc. Mas a demanda é crescente e vem de frentes múltiplas. A indústria nacional tem que pensar em competitividade e preço internacional. E, para isso, precisa de um grande salto de produtividade”, afirmou. Ao final do 8º Encontro Nacional do Prominp, representantes dos quatro painéis que debateram os temas propostos para o evento apresentaram as deliberações aprovadas pelo Comitê Executivo. Entre outras, a integração do Prominp com o Plano Brasil Maior, do Governo Federal; a aproximação academia-indústria; a estruturação de plano análogo ao PNQP (Plano Nacional de Qualificação Profissional) para fomentar o desenvolvimento tecnológico e a inovação industrial; a isonomia entre produtos nacionais e importados; a atração de empresas estrangeiras para produzir itens não fabricados no Brasil (especialmente na indústria naval); modelos de contratação que permitam parcerias entre empresas nacionais e estrangeiras, com ênfase em engenharia básica e inovação; o investimento na educação básica e no reforço escolar de nível básico, e a inclusão de treinamento de categorias voltadas à exploração de petróleo.::


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De uma simples ideia,

uma grande revista A trajetória da Revista SANTOS MODAL até sua edição de número 50

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oda boa história tem começo, meio e fim. A história da Revista SANTOS MODAL, que este mês chega a sua edição de número 50, está sendo escrita há nove anos. Podemos dizer que estamos, no máximo, alcançando o meio desta história, que não tem data nem pretensão de ter um fim. E não poderíamos deixar de registrar nesta edição comemorativa o início desta caminhada que fizemos, ao longo de anos, graças à ideia e ao empreendedorismo do empresário Flávio Rodrigues. Foi Rodrigues quem idealizou a revista, que na época surgiu inicialmente para ser o veículo oficial de um evento, realizado por três anos na cidade de Santos, a feira de logística portuária Expomodal. Por dois anos o título foi publicado anualmente, justamente durante a realização da feira. Tomou corpo, foi bem aceito e despertou em Rodrigues a vontade de torná-lo um periódico, uma revista bimestral de circulação nacional. O desafio era levar o Porto de Santos para todo o País através das páginas da Revista. Quando a SANTOS MODAL foi apresentada ao mercado havia muito menos publicações do que as ofertadas hoje para falar de porto e comércio internacional. Quando o assunto era Porto de Santos, o leitor local tinha como opção, basicamente, o tradicional e respeitado caderno do jornal diário da cidade. “O maior desafio foi mostrar ao mercado que havia opção ao jornal regional pra falar de porto, em um formato novo com revista e site, diferente”, lembra Rodrigues. Para traçar o perfil editorial da revista, Flávio Rodrigues contou com o importante trabalho do jornalista Manoel Fernando Félix. Experiente e profundo conhecedor do cais santista, Félix por mais de 10 anos, atuou na assessoria de imprensa da Cia

Docas do Estado de São Paulo e deixou seu registro na história da SANTOS MODAL. Ainda no início do projeto, juntou-se a equipe a, então, jovem jornalista Érica Amores, que colaborou com a formação do perfil e ainda é editora da Revista. Outros importantes jornalistas da região também deixaram sua marca: Maurici de Oliveira, Gaia Rondon, Paulo de Tarso e Carolina Gonçalves. Dois após o lançamento da Revista SANTOS MODAL, o mercado editorial viveu um momento de estagnação, principalmente entre 2004 e 2008. Época em que o título da Revista passou a ser liderado pela atual diretora Vera Moraes. Mas, segundo a Associação Nacional dos Editores de Revistas, em 2010, o número de títulos existentes no Brasil saltou de 2.243 para 4.705. Ou seja, mercado editorial nunca deixou de evoluir. A escala é ascendente. Nestes mesmos anos, com o amadurecimento do trabalho, a Revista SANTOS MODAL ganhou credibilidade, espaço no mercado e inclusive, dentro da própria autoridade portuária, que sempre apoiou a publicação. “Só o fato de chegar ao número 50 mostra que a revista sobreviveu. Isso é muito positivo. O mercado devia dar mais apoio a veículos como a Revista SANTOS MODAL, isso gera diversidade”, afirma Rodrigues. Para o empresário, como estamos vivendo a era da democratização da informação na internet, em especial por conta das redes sociais, o novo modelo de comunicação requer dos veículos impressos uma reformulação quanto ao uso da internet como plataforma de continuidade e complemento do trabalho: “Não estão dando o devido valor à internet. A maioria das revistas verticais, ou especializadas, estão bem atrasadas em relação à internet. É por esse caminho que devem tentar melhorar”, conclui.::

Primeira edição da Revista SANTOS MODAL, lançada na feira Expomodal em 2002 Ivan Ferreira

Flávio Rodrigues, idealizador da Revista SANTOS MODAL dezembro | janeiro 2012

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por Érica Amores imagensaereas.com.br

Ferrovias precisam estar preparadas para o crescimento do contêiner em 2012 Na contramão, haverá queda na produção de vagões para o transporte de cargas, segundo balanço do Simefre

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indústria fabricante de vagões de carga deve desacelerar em 2012. Segundo dados divulgados pelo Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários – Simefre haverá queda de, pelo menos, 30% na produção no ano que vem. A previsão do Simefre é que sejam produzidos, em 2012, de 3.500 a 4.000 unidades, enquanto este ano deve fechar somando a fabricação e entrega cerca de 5.700 vagões (75% a mais que em 2010). Serão produzidas ao longo de 2012 cerca de 110 locomotivas, número próximo ao deste ano, que fecha com 113 unidades (65% a mais do que em 2010). Com relação à reforma de equipamentos, o Simefre estimou que em

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2012 o número seja maior do que em 2011. A indústria ferroviária deverá encerrar o ano com faturamento de cerca de R$ 4 bilhões, montante 30% superior ao de 2010. Os números do Simefre merecem atenção, pois no cenário atual, quando falamos em transporte de contêineres, apesar da primeira idéia que se vem à mente é atender uma cadeia global onde o modal marítimo, por si só, já representa 90% do transporte internacional, o uso do transporte de cargas via ferrovia nunca foi tão discutido e incentivado. O contêiner, na logística, é um elemento facilitador da cadeia de transporte para qualquer modal, ou seja, além de possibilitar uma coordenação em redes organizacionais de empresas, ao funcionar como elo físico seguro de interfaces lógicas de consolida-

ção e movimentação de cargas, pode ainda prover uma ação harmonizada de logística integrada, entre modais, seja nos transportes terrestres, aéreos, fluviais e marítimos. “O transporte de contêineres pode fomentar os serviços em portos e a multimodalidade no transporte e, sobretudo, fortalecer a capacidade de competição das empresas nacionais voltadas principalmente à exportação, além de alavancar a cabotagem no mercado doméstico”, lembra Washington Soares, vice-presidente de Ferrovias da CBC - Câmara Brasileira de Contêineres. Para ele, o futuro do transporte por contêineres é evidente e as ferrovias terão que estar preparadas para o crescimento deste equipamento na logística internacional. “Haja vista que o crescimento da exploração de


:: ferrovia cargas tradicionais em contêineres, como o açúcar, já é uma realidade”, afirma. Rotas – O transporte ferroviário de cargas, elo importante na cadeia que sustenta o crescimento da economia brasileira, precisa de condições para crescer. Porém, segundo números do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, a malha ferroviária brasileira só encolheu a partir de 1960. Fato que se deve ao alto investimento feito em rodovias, que passou a ser prioridade absoluta até então. Ao longo de 40 anos, passamos de aproximadamente 40 mil quilômetros para os atuais 29 mil quilômetros, com apenas um terço em condições de uso. Fato comum: em um país de dimensões continentais, caso do Brasil, viagens mais longas, acima de 500 quilômetros, deveriam ser feitas, inevitavelmente, pela opção mais barata e eficiente, o transporte ferroviário. Mas não é isso que acontece. “No estado de São Paulo são feitas mensalmente mais de 30 mil viagens de longo percurso. Viagens tipicamente ferroviárias”, afirma o engenheiro Orlando Fontes, que é professor da Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp. Ainda segundo estudos do Ipea, os empresários passariam a usar as ferrovias para transportar sua produção caso houvesse maior disponibilidade de rotas. Ou seja, não mais há demanda porque não temos ferrovias suficientes. Manutenção – Além do aumento da malha, a manutenção das vias em uso e investimentos por parte dos terminais portuários também são necessários. Em Santos, no maior Porto da América Latina, sabe-se que constantemente operadores ferroviários e OTMs se vêm obrigados a migrar, pontualmente, cargas de vagões para caminhões por conta da paralisação de

O transporte de contêineres pode fomentar os serviços em portos e a multimodalidade no transporte e, sobretudo, fortalecer a capacidade de competição das empresas nacionais voltadas principalmente à exportação, além de alavancar a cabotagem no mercado doméstico Washington Soares, vice-presidente de Ferrovias da CBC - Câmara Brasileira de Contêineres

No estado de São Paulo são feitas mensalmente mais de 30 mil viagens de longo percurso. Viagens tipicamente ferroviárias Orlando Fontes, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp

linhas (sem devida manutenção), por problemas com locomotivas da concessionária que opera na Cremalheira, por conta de acidentes e, até mesmo, pela falta de material rodante disponível para atender à demanda de seus projetos. O problema vem fazendo com que a iniciativa privada realize a compra de vagões e locomotivas para garantir seus serviços. Apoio – Contudo, a intensificação do uso da ferrovia para o transporte de cargas, assim como das hidrovias, conta com apoio da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Infraestrutura da Câmara dos Deputados e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários – Antaq, que promoveram em setembro um seminário para debater o tema. Na ocasião, o ministro-chefe da Secretaria de Portos da Presidência da República – SEP,

Leônidas Cristino, disse que o Brasil precisa investir mais no transporte hidroviário e ferroviário para melhorar o sistema de transportes como um todo. “O Brasil não pode depender somente de caminhões para transportar cargas”, disse Cristino ao defender a melhorar do sistema de transportes do País. O diretor-geral da Antaq, Fernando Fialho, defendeu mudança nas leis e gestão portuária profissionalizada. O diretor de Infraestrutura da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), José Torres de Melo, criticou, na ocasião, a falta de investimentos na modernização da infraestrutura de transportes do país. Ele usou como exemplo dados sobre o percentual de investimentos em transportes do Produto Interno Bruto (PIB), que caiu de 1,85% em 1975 para 0,37% em 2010.::

dezembro || janeiro janeiro 2012 2010 dezembro

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por Érica Amores

Além de trilhos, hidrovias na “bola da vez”

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Hipercon é pioneira no transporte de grãos em contêineres no porto de Santos Antaq apresenta à Marinha estudo sobre as hidrovias. SEP e MT também focam esforços na modalidade de transporte

diretor-geral da ANTAQ, Fernando Fialho, e a equipe da Superintendência de Navegação Interior (SNI) apresentaram às autoridades da Marinha do Brasil, no último dia 07 de dezembro, em Brasília, o Plano Nacional de Integração Hidroviária - PNIH. Foram discutidas também parcerias entre ANTAQ e Marinha, principalmente na área de transporte interestadual de passageiros e misto. Elaborado graças a uma parceria entre a agência reguladora e a Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, o plano tem dois objetivos básicos. Primeiro, oferecer estudos sobre as hidrovias nacionais, com diagnósticos, simulações, escolha de melhores rotas e análise de áreas de influência. E ainda o Plano Geral de Outorgas Hidroviário (PGOH), que indicará novas áreas para a construção de instalações hidroviárias. “Esse estudo contribuirá de forma significativa para a sociedade. Além disso, auxiliará o governo federal a elaborar políticas públicas para o setor hidroviário”, destacou o diretor-geral da ANTAQ. O termo de cooperação entre ANTAQ e UFSC tem duração de 24 meses (iniciou-se em 8 de setembro de 2010 e termina em 8 de setembro de 2012). Ao final da parceria, o PNIH oferecerá para a sociedade diversas informações sobre a navegação interior brasileira, como, por exemplo, uma análise das bacias hidrográficas do Tocantins-Araguaia, do Sul, do Paraná-Tietê, do Paraguai, do São Francisco, do Solimões-Amazonas e do Parnaíba. A expectativa em relação aos resultados do PNIH é grande e urgente. De acordo com o Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), do Rio de Janeiro, o Brasil tem a pior infraestrutura de logística entre os países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China). Em rodovias pavimentadas, o Brasil dispõe de apenas 212 mil quilômetros, enquanto a Rússia tem 655 mil quilômetros e a Índia e a China 1,5 milhão cada. Para se ter um termo de comparação, diga-se que os Estados

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Unidos têm 4,2 milhões e o Canadá 516 mil. Mesmo assim, o Brasil continua a transportar 76% de suas cargas sobre caminhões. No Estado de São Paulo, o mais desenvolvido da Federação, a situação é ainda mais grave: 80% das cargas movimentadas passam por rodovias, o que causa numerosos transtornos para a população e para o setor produtivo. Para comparar, lembre-se que os Estados Unidos, país da indústria automobilística e das rodovias, somente 38% das cargas viajam de caminhão. Para Mauro Lourenço Dias, vice-presidente da Fiorde Logística Internacional, o desafio do governo paulista – e do brasileiro – é multiplicar a participação de outros modais no transporte de cargas, notadamente o hidroviário. Ele conta que até 2003, apenas 0,5% do tráfego de mercadorias no Estado era realizado por hidrovia, ou seja, 700 milhões de toneladas por quilômetros úteis (tku). “Naquele ano, o governo do Estado lançou o Plano Estratégico Hidroviário que previa a elevação desse índice para 6% até 202, ou seja, 16 bilhões de tku”, diz. Hoje, o transporte aquaviário está concentrado na Hidrovia Tietê-Paraná, embora haja espaço para a ampliação do modal, principalmente se o governo estadual investir mais e explorar a navegação dos rios Paranapanema, Grande, Paraíba e, principalmente, do Ribeira do Iguape, levando o desenvolvimento ao Litoral Sul e Vale do Ribeira. Segundo dados da própria Antaq, o modal hidroviário no Estado atende praticamente a grãos, farelos e óleos vegetais (soja, trigo e milho), produtos do setor sucroalcoleiro (cana, açúcar e álcool), petroquímicos e combustíveis, insumos agrícolas (calcário, fertilizantes e defensivos), madeira e celulose, além de contêineres em menor número. “Os investimentos ainda são incipientes, principalmente se levarmos em conta que o modal hidroviário é 20 vezes mais barato que o rodoviário. Uma barcaça pode transportar até 1.500 toneladas, equivalente a 60 carretas,

que podem transportar no máximo até 25 toneladas cada. É de ressaltar ainda que, nas hidrovias, não há pedágios nem buracos que causam danos aos veículos e à carga e o risco de roubo é menor. Além disso, uma barcaça pode substituir até 15 vagões com capacidade para carregar até 100 toneladas”, defende Dias. Mas o empresário e professor de pósgraduação em Transportes e Logística, confira que há obstáculos, como a profundidade dos rios, insuficiente em determinados trechos. “Há também pontes estreitas que dificultam a passagem”, acrescenta. Isso, sem contar que o transporte hidroviário é mais lento e demorado. Dependendo da época do ano, os rios ficam rasos e a navegação se torna inviável. “Mesmo assim, é um modal atraente, pois os fretes hidroviários podem ser 62% mais baratos que os rodoviários. O que falta é investimento para torná-lo uma opção factível para todo o tipo de carga”, conclui. Governo – Assim como aconteceu com a ferrovia, as hidrovias também contam com o apoio da Secretaria Especial de Portos. O titular da pasta, Leônidas Cristino, já afirmou publicamente que, ao transferir as cargas, atualmente levadas por caminhões, para navios cargueiros, será finalmente possível recuperar o sistema rodoviário nacional. “As rodovias foram dimensionadas para cargas de 20 toneladas e agora a carga está em 45 toneladas. Não há asfalto que resista. Essas cargas devem ir para as ferrovias e para hidrovias para melhorar todo o sistema”, disse. “O Ministério dos Transportes pretende investir R$ 2 bilhões nas hidrovias brasileiras”, garantiu também o ministro dos Transportes, Paulo Passos. Segundo ele, o país demorou a prestar atenção ao transporte aquaviário, especialmente ao hidroviário. “Hoje, não temos dúvida de que é a melhor opção para o transporte em longas distâncias, não apenas por ser mais barato, mas também, mais seguro e menos poluente”, ressaltou.::


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infra logística ::

por Érica Amores

SEP vai lançar Plano Nacional de Logística em 2012 Ministro José Leônidas Cristino acredita que Brasil estará entre os dez países com melhor desempenho logístico do mundo até 2022

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Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP) deverá ter ampla divulgação em meados de março de 2012, informou a Secretária Especial de Portos da Presidência da República (SEP). Elaborado em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina, irá contemplar um prognóstico (projeções e tendências) para avaliação de cenários com análises, e apresentará o conjunto de proposições de ações de médio e longo prazo que permitirão a tomada de decisões fundamentadas em seis principais áreas temáticas: infraestrutura; superestrutura e operações; logística e hinterlândia; economia e finanças; gestão; e meio ambiente. A equipe já concluiu a avaliação de todos os portos nacionais e dos Planos Diretores dos 15 principais portos. Além disso, está em fase de finalização o estudo da SEP, em cooperação com o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) para a definição de um modelo institucional de gestão. “A partir de 2012 qualquer projeto ou iniciativa envolvendo os portos brasileiros terá que se basear neste documento. Com esse plano, não é só o governo que vai poder planejar os portos para os próximos 20, 30 anos, mas também a iniciativa privada, que passa a ter maior segurança e confiança”, ressalta o ministro dos Portos, José Leônidas Cristino. O Brasil, segundo ele, estará até 2022 entre os dez países com melhor desempenho logístico do mundo. As projeções se baseiam no fato de que, em 2007, o País ocupava a 61ª posição no Índice de Desempenho Logístico do Banco Mundial e, três anos depois, já estava na 41ª. A perspectiva para 2012 é que fique entre os 30 mais bem avaliados. Leônidas lembra, ainda, que a movimentação de cargas nos portos brasileiros atingiu o índice de 232 milhões de toneladas, um aumento de 6,9% emwww.imagensaereas.com.br relação ao ano passado. Já a quantidade

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de contêineres saltou 17,3%, em comparação a 2010 e a cabotagem cresceu 7,8%. Subcomissão – O ministro participou, no dia 14 de dezembro, da última audiência do ano da Subcomissão de Portos e Vias Navegáveis da Câmara dos Deputados. Questionado pelos parlamentares, reiterou que a SEP está empenhada em diminuir os “gargalos” que atravancam o setor:“Estamos realizando dragagens em muitas hidrovias que dão acesso aos portos de Itajaí, Rio Grande, por exemplo; estamos construindo e expandindo berços, cais; diminuindo os impostos e facilitando a compra de equipamentos, como guindastes; implantando uma Inteligência Logística Portuária do país”. Cristino ressaltou que o Governo Federal está aplicando R$ 500 milhões no Programa de Inteligência Logística, que prevê um aumento de 25% a 35% na eficiência da operação dos portos. Entre os projetos estão: a instalação

do Sistema de Gerenciamento de Tráfego de Navios (VTMS), para monitorar o tráfego hidroviário; o Porto Sem Papel, criado para reduzir a burocracia dos procedimentos portuários, já implantado nos portos de Santos, Rio de Janeiro e Vitória; e a Carga Inteligente. “Vamos modernizar e sofisticar os portos brasileiros com novas tecnologias. Teremos segurança na navegação e aumentaremos a movimentação de cargas no país com o VTMS. Primeiro no Porto de Santos e, depois, no do Rio de Janeiro”, completa. Cabotagem – Não só os gargalos logísticos na navegação de cabotagem incomodam o sistema portuário no Brasil, mas também os operacionais, institucionais e financeiros. Para traçar um perfil de como esta a situação, representantes da SEP e de outras instituições do Governo Federal estão em fase final de negociações com o Banco Mundial para formalizar uma


:: infra logística cooperação técnica não reembolsável, no valor de US$ 300 mil dólares, para estudar o tema. O objetivo da parceria é a de encontrar alternativas para fortalecer as condições de integração dos transportes no Brasil reduzindo o custo geral na logística, com o foco no transporte intermodal (marítimo, rodoviário e ferroviário). Os executivos do banco acreditam que a cabotagem será a melhor saída para isso. Cristino defende a priorização deste modal que deverá ser melhor aproveitado em mais de 40 mil km de hidrovias. “Além de mais barato é ecologicamente correto. O Brasil precisa retomar esta matriz”, ratificou o Ministro. Pensando em meio ambiente, revitalização portuária e integração porto-cidade, o Banco Mundial já atuam na área do Porto de Santos, na revitalização da área portuária do Valongo. Os executivos do banco discutem sobre a possibilidade de utilização do “Programa Crédito de Carbono”, também gerenciado pela instituição, como forma de incentivo e incremento das receitas dos projetos selecionados. O assunto será melhor detalhado e discutido em próximas reuniões entre técnicos da SEP e do Banco Mundial.::

“ Com esse plano, não é só o governo que vai poder planejar os portos para os próximos 20, 30 anos, mas também a iniciativa privada, que passa a ter maior segurança e confiança

Vamos modernizar e sofisticar os portos brasileiros com novas tecnologias. Teremos segurança na navegação e aumentaremos a movimentação de cargas no país com o VTMS. Primeiro no Porto de Santos e, depois, no do Rio de Janeiro José Leônidas Cristino, ministro dos Portos

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rodovia ::::

por Alessandro Padin

Rodovias concessionadas são as melhores do país De acordo com a 15ª Pesquisa CNT, 48% das vias sob concessão foram classificadas como ótimas enquanto que aquelas sob gestão pública obtiveram índice de 5,6%

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Divulgação CNT

s melhores rodovias brasileiras estão sob gestão de empresas concessionárias. Isso é o que mostra a 15ª Pesquisa CNT de Rodovias 2011 divulgada recentemente. Das vias sob concessão (15.374 quilômetros), 48% foram classificadas como ótimas; 38,9% como boas; 12% como regulares; 1,1% como ruins e nenhuma foi avaliada como péssima. Já entre as rodovias sob gestão pública (77.373 quilômetros), apenas 5,6% foram avaliadas como ótimas; 28,2% como boas; 34,2% como regulares; 21,5% como ruins e 10,5% como péssimas. O objetivo do estudo, realizado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e pelo Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest Senat), é avaliar as condições das rodovias brasileiras pavimentadas segundo aspectos perceptíveis aos usuários, identificando as condições das vias – em relação ao pavimento, à sinalização e à geometria da via – que afetam o conforto e a segurança. Para fazer a análise, 17 equipes da CNT percorreram o Brasil durante 39 dias, entre 27 de junho e 4 de agosto deste ano. Os resultados são apresentados por tipo de gestão (pública ou concedida), por tipo de rodovia (federais ou estaduais), por região e por unidade da Federação. Foram avaliados 92.747 quilômetros, o que representa 100% da malha federal pavimentada, além das principais rodovias estaduais pavimentadas e concessionadas. São 1.802 quilômetros a mais do que o analisado na pesquisa anterior. Mantendo a tendência do ano passado, as melhores rodovias do País estão nas regiões Sudeste e Sul do País, segundo o levantamento. Do total de 26.778 quilômetros avaliados no Sudeste, 24,6% são classificados como em ótimo estado; 30,7% como bom; 28,2%, regular; 13,2%, ruim e 3,3%, péssimo. Logo em seguida, a Região Sul é a que apresenta 26

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De acordo com o levantamento 10,5% das estradas gerenciadas pelos governos estão em péssimo estado os melhores índices, com 19,7% do total de 16.199 quilômetros analisados como em ótimo estado; 40,7% em bom estado; 26,3% classificados como regulares; 10,7% como ruins e 2,6% como péssimas. De acordo com a Pesquisa CNT, a média dessas duas regiões supera os resultados obtidos na avaliação geral das rodovias brasileiras. Em todo o País, o estudo revela que 12,6% da malha estão em ótimo estado; 30% são consideradas boas; 30,5%, regulares; 18,1%, ruins; e 8,8% estão em péssimas condições. O Nordeste foi o que apresentou os piores índices. De 25.820 quilômetros estudados, possui 3,8% das estradas ótimas; 33%, boas; 32,8%, regulares; 17,7%, ruins e 12,7%, péssimas. Dos 14.151 quilômetros de rodovias avaliados no Centro-Oeste, 6,4% estão em ótimas condições; 22,7% em bom estado; 35%, regulares; 26,7%, ruins; e 9,1% em péssimo estado. O Norte, por sua vez, com 9.799 km analisados, conta com apenas 0,8% das estradas avaliadas como ótimas; 12,7% como boas; 31,4% como regulares; 31,8% como ruins e 23,2% como péssimas. O levantamento traz, também, um ranking de 109 ligações rodoviárias de todo o Brasil. As

ligações são trechos regionais que interligam territórios de uma ou mais unidades da Federação. Essas extensões têm importância socioeconômica e volume significativo de veículos de cargas e/ou passageiros. A primeira colocada na lista é a São Paulo SP - Itaí SP – Espírito Santo do Turvo SP, composta pelas rodovias SP-255, SP280/BR-374. Por sua vez, em último lugar (109ª posição), está a Belém PA - Guaraí TO, composta pelas rodovias BR-222, PA-150, PA-151, PA-252, PA-287, PA-447, PA-475, PA-483, TO-336. Prejuízos - O diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, ressaltou que, em 2010, apenas R$ 9,85 bilhões foram investidos em infraestrutura de rodovias, o que corresponde a 0,26% do Produto Interno Bruto (PIB). O prejuízo causado a transportadoras devido a falhas nas vias somaram R$ 14,1 bilhões, ou 0,4% do PIB. “No ano em que o Governo Federal fez mais investimentos, as condições de rodovias não melhoraram. E esse custo tem sido repassado para a população com acréscimos nos valores de produtos que nós todos consumimos e também no número de mortos, que não para de crescer no Brasil. Só em 2010 foram mais de oito mil nas nossas rodovias federais”, afirmou.


:: rodovia Batista ressaltou, ainda, que 60% da carga transportada no Brasil passa pelas rodovias.“Essa falta de infraestrutura adequada diminui a competitividade do país. O Brasil precisa manter uma tradição de investimento, que é o que o governo não tem conseguido fazer. Isso faz com que as melhores rodovias do Brasil, com menores índices de acidentes, sejam as concedidas”, reforçou. Pavimento - Em relação à qualidade de pavimentação, os resultados da Pesquisa CNT de Rodovias 2011 mostram que 46,6% das estradas apresentam pavimento ótimo; 5,5%, pavimento bom; 33,9%, regular; 11,2%, ruim; e 2,8%, péssimo. Nesse quesito são observados itens como se o pavimento está perfeito, com buracos e se obriga redução da velocidade. De acordo com o estudo, o pavimento das rodovias, em geral, apresenta defeitos que acabam prejudicando a atividade de transporte de cargas e de passageiros no país. Sobre os aspectos de sinalização, são conferidas as condições das faixas, visibilidade e legibilidade de placas. Da malha analisada, 16,6% tiveram sua sinalização classificada como de ótimo estado; 26,5% como bom; 28,7%, regular; 14,3%, ruim e 13,9%, péssimo.

Fabio Pozzebom

No ano em que o Governo Federal fez mais investimentos, as condições das rodovias não melhoraram Bruno Batista, diretorexecutivo da CNT

A variável geometria da via identifica as soluções de engenharia implantadas nas rodovias para atenuar o impacto das condições de topografia e relevo sobre o deslocamento de veículos, aumentando a segurança dos usuários. Geometria da via inclui itens como pista simples de mão dupla, faixa adicional de subida, pontes e viadutos, entre muitas outras variáveis. Da extensão pesquisada, 88,3% é de pista simples de mão dupla e 42,1% não possui acostamento. O estudo da CNT identificou que 4,2% da extensão avaliada teve sua geometria

classificada como ótima (3.895 quilômetros). Outros 19% foram classificados como bom; 27,3% como regular; 17,5%, ruim; e 32%, péssimo. Por isso, ainda de acordo com o documento, melhorias do tipo duplicação, implantação ou melhoria da faixa adicional de subida, e melhoria da sinalização e proteção das curvas e pontes precisam ser urgentemente empregadas.::

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perspectivas ::

por Alessandro Padin

imagensaereas.com.br

Porto projeta o futuro Com a perspectiva de movimentar 230 milhões de toneladas/ano até 2024, complexo santista deve receber investimentos de R$ 7,5 bilhões

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m estudo financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) prevê que, em 2024, a demanda de carga a ser movimentada pelo Porto de Santos será de 230 milhões de toneladas/ano. O complexo, no entanto, vai sentir o impacto do crescimento dessas atividades já nos próximos anos, quando estiverem em pleno funcionamento, os dois grandes terminais multipropósito (BTP e Embraport) que estão em construção e que praticamente triplicarão a capacidade de movimentação de contêineres e granéis líquidos do complexo. Para atender as demandas que essa nova realidade vai acarretar, a Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo) aposta nos recursos federais provenientes do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para viabilizar uma série de obras de infraestrutura e nos empreendimentos particulares que o complexo vem atraindo. Entre recursos públicos e privados estima-se que sejam investidos cerca de R$ 7,5 bilhões até 2024.

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Em 2012 já estão previstos, pelo PAC, o início das melhorias no sistema viário da região do Saboó e a conclusão, até o final do ano, da Avenida Perimetral em Guarujá. A execução de obras para melhoria do sistema viário na região do Saboó, que integra a margem direita da Avenida Perimetral, abrange a construção de uma via atrás da área do Tecondi, local de grande fluxo em função da alta movimentação de contêineres na região e por ser ponto situado próximo ao extremo do Porto, recebendo tráfego de praticamente todos os terminais. Desta forma, a nova pista, quando concluída, atenderá o tráfego de passagem, sem impactar o fluxo viário do Saboó. As obras terão início na Avenida Engenheiro Augusto Barata (reta da Alemoa), próximo à entrada do Tecondi, estendendo-se por 822 metros, até que se interligue com a avenida Engenheiro Antonio Alves Freire, com seção de até 10,50 m, passeio e iluminação pública. Obras – Com recursos também aportados pelo PAC, a Avenida Perimetral do

Guarujá envolve as obras de alargamento da Avenida Santos Dumont, com a criação de nove pistas (cinco para o movimento do porto e quatro para o tráfego urbano), e a revitalização da Rua do Adubo, única ligação entre a Rodovia Cônego Domênico Rangoni e o cais. Um viaduto vai fazer a passagem dessa via sobre a Santos Dumont para facilitar o trânsito de caminhões. Outro empreendimento, o Mergulhão do Valongo, faz parte da Avenida Perimetral da Margem Direita e prevê a construção de passagens subterrâneas para o tráfego rodoviário. As vias vão acompanhar a avenida portuária indo das proximidades do prédio da Alfândega até a direção da Rua Cristiano Otoni, por cerca de 1,5 quilômetro. O empreendimento integra o programa de revitalização da área portuária do Valongo. A implantação do Sistema de Gerenciamento e Monitoramento de Tráfego de Navios (VTMIS) é uma iniciativa também em andamento no Porto de Santos. Com o objetivo de auxiliar o controle de tráfego de


:: perspectivas embarcações e tornar mais segura a espera, a movimentação e atração de embarcações, o empreendimento será composto por quatro torres instaladas em pontos estratégicos e uma central de processamento e supervisão de dados provenientes das torres. O valor total do investimento é de R$ 15 milhões. A Codesp projeta, ainda, a conclusão do projeto de aprofundamento do canal de navegação do porto para 15 metros e seu alar-

gamento para 220 metros. O empreendimento possibilitará o acesso de navios com maior calado e, consequentemente, a expansão da capacidade de movimentação do cais santista. Copa do Mundo – A intenção de Santos ser uma das subsedes da Copa do Mundo, podendo receber uma ou mais das seleções participantes na frase pré-competição e durante o evento, foi o mote para as obras de construção e realinhamento do cais de Outerinhos, em

frente ao Terminal Marítimo de Passageiros Giusfredo Santini - Concais, fosse inserido no PAC Copa. Com a execução de 1.320 metros de cais, entre os armazéns 23 e 29, o Porto de Santos oferecerá a possibilidade de atracar até seis navios de passageiros, disponibilizando 15,4 mil leitos. A meta é colocar Santos como um dos cinco maiores portos em movimento de passageiros do mundo.::

Empresários apontam o que ainda pode melhorar Com a experiência de quem acompanhou as principais mudanças no Porto de Santos nos últimos anos, o diretor comercial do Grupo Hipercon, Eduardo Ennis, acredita que houve grandes avanços como o processo de privatização iniciado pela Lei Federal 6.830. “Provocou melhorias no movimento de cargas e contêineres, custos mais econômicos e benefícios para os exportadores. Podemos destacar, também, as obras das avenidas perimetrais, que vêm favorecendo o trânsito no porto em harmonia com os moradores da Cidade”, afirma. Ennis defende, no entanto, que para Divulgação

Eduardo Ennis

descongestionar ainda mais o cais santista é preciso investir em terminais retroportuários alfandegados: “Seriam mais eficientes e evitariam o acúmulo de cargas no porto, além de possibilitar melhores preços”. Leonardo Sorbello Júnior, diretor operacional da Transporte Estrela, também aponta a privatização como um fator preponderante para o aperfeiçoamento da atividade portuária mas pede mais fiscalização: “Acredito que para melhorar este processo é preciso que a Codesp, o órgão competente, faça uma fiscalização rigorosa junto aos terminais portuários. É importante que os mesmos cumpram com o agendamento no recebimento das cargas evitando assim a criação de filas enormes pelo sistema viário do porto, por falta de pátios reguladores ou de estacionamento que é obrigação deles. Ou seja, não cumprem o agendamento e ainda fazem das avenidas públicas seus pátios de estacionamento para caminhões”. Santos Modal – Ennis e Sorbello destacam, também, a importância da revista SANTOS MODAL, que chega ao número 50, para o crescimento da atividade do Porto de Santos. “A SANTOS MODAL é um orgulho para nós que trabalhamos na atividade portuária, principalmente por levar para o todo o País o que acontece aqui. A publicação é fundamental para promover a transferência de conhecimento e é referência no mercado, não só por isso, mas também por ter assumido a dianteira de temas como o petróleo e gás. A família Hipercon sabe dos desafios de manter uma publicação dessa qualidade e parabeniza

pelo número 50”, diz o diretor da Hipercon. O diretor operacional da Transportes Estrela concorda e destaca, também, o caráter vigilante da imprensa: “A importância dessa publicação, por ser uma revista do setor portuário, é de alertar as autoridades para os abusos, pois quem está pagando essa conta são as empresas de transportes e os caminhoneiros. Recebemos diariamente multas da CET e Guarda Portuária , por conta dos caminhões estarem estacionados em lugares muitas vezes proibidos , pois não há outra opção , esperando autorização para adentrar nos terminais de embarque”. Vera Moraes

Leonardo Sorbello

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perfil portuário ::

por Érica Amores

“Perfil Portuário”: receitas de vida e sucesso profissional

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Prestes a completar 3 anos, a editoria da Revista Santos Modal conta histórias de vida e trabalho de grandes personalidades do setor portuário

as 50 edições comemoradas neste mês de dezembro, as últimas 16 publicações contaram histórias e curiosidades que despertaram a atenção, o carinho e tiraram até lágrimas de nossos leitores. Em 2009, a Revista SANTOS MODAL inovou ao lançar a série de matérias especiais trazendo um pouco da história profissional e de vida de grandes personalidades ligadas ao comércio exterior e principalmente ao Porto de Santos com o “Perfil Portuário”. A entrevista de lançamento da editoria, em fevereiro de 2009, contou com um convidado de peso, Dr. Ronaldo de Souza Forte. Um desafio enorme, pois Forte renderia uma revista inteira e não apenas algumas páginas. Outro perfil importante foi o feito para o então Ministro da Secretaria Especial de Portos (SEP) e atual diretor da Antaq, Pedro Brito. Ele estava visitando o porto de Santos e dentro de toda sua disponibilidade, depois de fazer vários anúncios sobre questões pontuais ao desenvolvimento do cais santista e atender a um grande volume de jornalistas presentes para uma coletiva de imprensa, Brito dedicou um pouco mais de seu tempo para conversar com a Revista SANTOS MODAL, reservadamente, na sala da presidência, acompanhado pelo presidente da Codesp, José Roberto Correia Serra.

Depois da edição de Brito, foi o próprio Serra que nos presenteou com sua entrevista. Foi muito interessante descobrir que, por de trás do gestor do maior porto da América Latina, encontraríamos um apaixonado por futebol, que enchia os olhos ao ver Pelé jogar e um amante da música, que conviveu com Renato Russo (Legião Urbana). Tão ou mais reveladora do que a entrevista de Serra, foi feita com Sérgio Aquino, atual presidente do Conselho de Autoridade Portuária de Santos e secretário de Assuntos Portuários e Marítimos de Santos, um portuário de “carteirinha”. Negociador nato, Aquino já entregou doces e biscoitos nos armazéns do cais santista antes de trilhar uma rica carreira dedicada ao Porto e a cidade de Santos. A cada edição do Perfil Portuário novas histórias iam surgindo e o respeito pelos profissionais só aumentava. Foi assim ao conhecermos de perto Fábio Mello Fontes. Com uma bela história de vida e de sucesso profissional, aos 73 anos de idade, Fontes esbanja saúde, vigor, ótima forma física, e uma vontade invejável. Sua grande paixão: exercer a atividade de prático. Há que se frisar que quando ele começou a exercer a profissão tudo era muito diferente. Manobrar um navio era na verdade um engenho, uma arte, que o presidente da Praticagem de Santos sempre tirou de letra.

E nada foi talvez mais inusitado do que saber que Martin Aron (Libra e ABTTC) jogava futebol à beira do rio Tietê. Isso mesmo! Muitos campos de várzea ficavam localizados em terrenos às margens do Rio Tietê. E, segundo Aron nos contou ao participar do Perfil Portuário, muitos craques surgiram jogando nesses campos. Com o crescimento de São Paulo, esses espaços tiveram de ser cedidos à implantação das Marginais. Mas ele nos contou que uma das tarefas mais difíceis (e divertidas) era recuperar a bola quando caía no Tietê. Aos domingos de manhã seu pai o levava para ver esses jogos. A entrevista concedida por Alberto Neiva Ferro Filho, então técnico na área de marketing da Codesp à Revista SANTOS MODAL, foi emocionante. Sua demonstração de amor pelo porto de Santos, sua trajetória na Codesp, sempre defendendo com “unhas e dentes” a Autoridade Portuária e da chegada do momento mais difícil de sua carreira, a aposentadoria, marcaram a editoria. Pelas páginas dedicadas ao Perfil Portuário já passaram também Agnes Barbeito, José Roberto de Sampaio Campos, Gustavo Pecly Moreira, Alexander Grieg, Rui Ramos, Eduardo Ennis e João Batista Costa. Esperamos que, em 2012, muitos outros profissionais deixem aqui, sua marca, um pouco de sua história.::

Divulgação

Levando-se em conta os princípios básicos da operação portuária, em que o último contêiner a ser embarcado em um navio, é na frente dos outros, o primeiro a desembarcar, sairemos da crise como um país renovado, desde que saibamos aproveitar as chances criadas e tomarmos as medidas necessárias para tanto Ronaldo Forte, diretor regional do Fiesp/Ciesp estreou o Perfil Portuário na edição de Fevereiro de 2009

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:: perfil portuário Divulgação Codesp

Eu vivo o porto de Santos 24 horas. Não posso dizer que tenho outras atividades, pois não tenho mesmo. Minha família já entende e sabe das dificuldades, pois eu tenho como prioridade este trabalho até 2010 e vou cumprir com dedicação exclusiva. Este é um trabalho que me preenche completamente José Roberto Correia Serra, presidente da Copanhia Docas do Estado de São Paulo - Codesp, foi o Perfil na edição de Junho de 2009

Sérgio Furtado

O sujeito olha para você e desconfia da tua capacidade técnica, e confunde, muitas vezes, a tua humildade - que é uma característica de quem tem o mínimo de inteligência - com falta de conhecimento Agnes Barbeito, presidente do Tecondi e da ABTRA - Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfândegados, foi o Perfil de Agosto de 2009

Érica Amores

Sim, sou apaixonado, adoro este porto. Acho ele espetacular e com possibilidades de crescimento muito grandes, como as apresentadas no projeto de expansão. Temos que aprofundar este porto, cuja conclusão aguardo ansiosamente Fábio Mello Fontes, presidente da Praticagem de Santos, foi o Perfil de Abril de 2010

Vera Moraes

” Acho que nasceu quando eu nasci (risos). Tenho sangue portuário, defendo com unhas e dentes o nosso Porto de Santos. Já fiz greves, piquetes ao lado de fuzileiros navais, com as baionetas viradas para o nosso lado, enfim, sou um apaixonado, e cada dia que chega a minha hora definitiva de me aposentar, eu balanço! Alberto Neiva Ferro Filho, técnico na área de marketing da Codesp, foi o Perfil em Fevereiro de 2011

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eventos ::

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VI Seminário SEP de Logística Vera Moraes

ntre os dias 22 e 25 de novembro, em Fortaleza/CE, aconteceu o VI Seminário SEP de Logística, promovido pela Secretaria Especial de Portos e organizado pela Prática Eventos. O evento contou com a participação do ministro dos portos Leônidas Cristino, do deputado Ciro Gomes, representantes das autoridades portuárias nacionais e portos de línguas portuguesa como Portugal e Panamá. O objetivo foi de discutir o projeto Janela Única, a logística do país e a competitividade do setor. Em paralelo ao seminário aconteceu a III Feira de Tendências de Logística do Norte e Nordeste com estandes das Companhias Docas expondo seus produtos e serviços. Confira algumas imagens do evento.

Ministro Leônidas Cristino Fotos: Janine Moraes

Agnes Barbeito, presidente da ABTRA - Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfândegados, Mário Lima Junior, secretário executivo da SEP e deputado Ciro Gomes

José Serra, presidente da Codesp e Leônidas Cristino

Leônidas Cristino e Matheus Miller, secretário executivo da ABTRA

Glen Gordon Findlay, Presidente da FENAMAR

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:: eventos

Carlos Mladinic, Secretário Executivo da CIP e Luiz Cláudio Montenegro, Diretor do Departamento de Sistemas de Informações Portuárias da SEP

Riano Valente Freire, presidente da Coampanhia Docas de Santana

Leônidas Cristino e Gustavo Pecly, diretor do grupo Libra

Paulo Simões, APM Terminals e Mario Lima, SEP

Paulo Pantojo, técnico de marketing da Codesp e Leônidas Cristino

Antonio Carlos Sepúlveda, diretor-presidente da Santos Brasil e Leônidas Cristino

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Jantar anual da Praticagem de Santos

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encontro anual entre jornalistas e mídias especializadas em porto já se tornou tradição nos jantares realizados pela direção da Praticagem de Santos. O evento deste ano aconteceu no dia oito de dezembro no auditório da sede da Praticagem, que foi todo remodelado e que em 2011 recebeu 2.285 visitantes entre estudantes, empresários e autoridades. Veja a seguir algumas imagens desse encontro.

Fábio Mello Fontes, presidente da Praticagem de Santos

Vera Moraes - Revista Santos Modal, Lu Fernandes e Ivani Cardoso - Lu Fernandes Comunicação, Nivea e Clarissa Francisco - Programa Amigos do Mar

Carlos Conde - A Tribuna e Lu Fernandes

Marta e José Carlos Silvares e Matusevicius - Praticagem de Santos

Marcos Salomão - Jornal da Orla 34

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Fernanda Pires - Valor Econômico

Humberto Challoub - Boqueirão News


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Porto de Santos opera tonelagem recorde no acumulado

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Porto de Santos movimentou um volume recorde de cargas no período de janeiro a outubro de 2011. Foram registradas 81,96 milhões de toneladas no total, número que supera em 0,8% as 81,28 milhões de toneladas do mesmo período de 2010. O aumento de 8,8% nas importações assegurou o índice recorde, contrabalanceando o decréscimo de 3% nas exportações. Os três produtos mais exportados por Santos – também os mais operados no ranking geral – foram o açúcar, com 14,79 milhões de toneladas; a soja, com 10,56 milhões de toneladas e o milho, com 3,99 milhões de toneladas. O açúcar, mercadoria mais movimentada do complexo, decresceu 15% quando comparado ao acumulado até outubro de 2010. A soja, que vem a seguir neste ranking, sofreu alta de 2%; enquanto o milho, terceiro colocado, subiu 8,9% em relação ao ano anterior. Nas importações, ganham destaque o adubo, com 3,01 milhões de toneladas; o carvão, com 3,00 milhões de toneladas e o enxofre, com 1,63 milhão de toneladas. O crescimento nas cargas de adubo atingiu 80,2% em relação ao acumulado até outubro do ano anterior (1,67 milhão de toneladas). No período analisado, se sobressaem a carga conteinerizada e automóveis, ambos com alto valor agregado. O volume de contêineres operado entre janeiro e outubro cresceu 10% em relação a 2010. No caso dos veículos, a movimentação foi recorde: 353.449 unidades, 21,4% acima do registrado em igual período do ano passado. O incremento também foi considerável nos embarques de óleo combustível, café e óleo diesel (com gasóleo). A quantidade movimentada de óleo diesel subiu de 1,04 milhão de toneladas no acumulado de outubro de 2010 para 1,34 milhão de toneladas neste ano, alta de 29,2%. No caso do café em grãos, 2011 superou em 20,3% o período correspondente do ano anterior. O óleo combustível, por sua vez, passou de 1,49 milhões de toneladas no ano passado para 1,74 milhões de toneladas em 2011, crescimento de 16,9%. Porto e a balança comercial - Nos últimos dez meses, as operações do Porto de Santos contribuíram com 24,5% da balança comercial brasileira (US$ 398,9 bilhões), totalizando US$ 98 bilhões. Os produtos brasileiros exportados por Santos somaram US$ 52 bilhões; nas importações, o montante operado resultou em US$ 46 bilhões. Em termos de valor agregado, os países que mais receberam produtos brasileiros embarcados em Santos foram a China, participando com US$ 5,48 bilhões ou 10,6% do total exportado; os Estados Unidos, com

10,2% (US$ 5,32 bilhões), e a Argentina, com 7,7% (US$ 4,02 bilhões). Entre os principais países de origem das mercadorias operadas pelo porto estão Estados Unidos, China e Alemanha, que participaram, respectivamente, com US$ 7,69 bilhões (17,3%), US$ 7,94 bilhões (17,3%) e US$ 4,92 bilhões (10,7%). As mercadorias mais relevantes em termos de valor comercial foram, nas exportações, o açúcar, que contribuiu com US$ 8,76 bilhões ou 16,84% do montante exportado; o café não torrado, com US$ 5,19 bilhões (9,98%) e a soja, com US$ 4,05 bilhões (7,78%). No caso dos produtos importados, os destaques foram os veículos automóveis (US$ 1,56 bilhão ou 3,3% do valor total das importações), o adubo (US$ 1,41 bilhão, 3%) e as caixas de marchas para automóveis (US$ 615 milhões ou 1,3% do total).::

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Cesportos inaugura sede em Itajaí

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ontando com a presença de empresários do setor portuário e supervisores de segurança de todos os terminais e portos do Estado de Santa Catarina, foi inaugurada no último dia 13 de dezembro, em Itajaí, a sede da CESPORTOS/SC – Comissão Estadual de Segurança Pública dos Portos, Terminais e Vias Navegáveis em Santa Catarina. Na oportunidade também foi lançado o site oficial da entidade. Segundo Roberto Carlos Cunha, representante dos terminais e portos de Santa Catarina na entidade, “é a primeira CESPORTOS do Brasil a ter sede e site oficial, o que demonstra que Santa Catarina está inovando e investindo na estrutura de segurança de seus terminais e portos”. Na oportunidade também foi lançado oficialmente o novo site da entidade www.cesportos-sc.gov.::

Dragagem de manutenção tem início no Porto do Rio Grande

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urante os próximos cinco meses, será realizada a dragagem de manutenção dos 16m de profundidade do trecho interno do canal de acesso ao Porto do Rio Grande. A draga Sanderus, com capacidade para 5.000 m³, entrou em operação no dia 6 de dezembro. O serviço é realizado por meio do Consórcio formado pelas empresas Odebrecht e Jan De Nul. A dragagem tem como objetivo manter o Porto do Rio Grande como um“porto de águas profundas” e garantir a segurança da navegação. Para realizar a dragagem no trecho do canal interno (entre os Molhes da Barra e o píer petroleiro), o investimento é de R$ 43 milhões. Nos primeiros quatro meses, o serviço será feito pela draga Sanderus, que tem produção semanal de 95.000 m³. O término da dragagem no mês de março será realizado pela draga James Cook (ou similar), que tem produção semanal de 250.000 m³. A dragagem de manutenção é uma parceria do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através da Superintendência do Porto do Rio Grande, e a Secretaria de Portos da Presidência da República.::

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Investimentos para os portos baianos

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Associação Comercial da Bahia abriu suas portas para mais um importante capítulo do desenvolvimento econômico do estado, durante Reunião de Diretoria, no mês de novembro. Na ocasião, presidência, diretoria e associados conheceram com riqueza de detalhes os projetos e investimentos que estão sendo implementados pela Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba), em obras nos portos públicos de Salvador, de Aratu-Candeias e de Ilhéus, além da implantação do Terminal de Passageiros do Porto de Salvador. A apresentação foi feita pelo diretor presidente da Codeba, José Muniz Rebouças, na oportunidade acompanhado pelo diretor comercial, Antonio Carlos Tramm, assessores e coordenadores da Companhia. Durante o encontro, Rebouças ressaltou que os portos públicos baianos são de domínio do governo federal, mas que o governador Jaques Wagner está disposto a interagir com a Codeba, numa parceria que possa ampliar e melhorar a qualidade dos serviços portuários no estado. O diretor presidente da Codeba destacou, ainda, que os portos baianos passaram por um longo período sem investimentos, que culminou no estado atual. “Foram muitos anos sem os cuidados necessários para uma operacionalidade eficiente”. ::

Porto de Vitória tem novo presidente

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ndicado pela Secretaria de Portos (SEP), tomou posse em 29 de novembro o novo presidente da Companhia Docas do Espírito Santo (CODESA), o engenheiro Clovis Lascosque, funcionário de carreira da Companhia. O presidente do Conselho de Administração (Consad) da CODESA, Raul Moura de Sá, deu posse a Lascosque, cuja solenidade foi acompanhada por amigos e familiares. Deixou a presidência, após ocupá-la interinamente por sete meses, o diretor Hugo José Amboss Merçon de Lima. “É uma honra ser empossado presidente da CODESA, por toda a trajetória que construí nesta empresa. Não me faltará empenho para dar andamento aos projetos que a Companhia tanto necessita. É o que o Governo espera de nós. Vamos enfrentar as dificuldades com trabalho, determinação e honestidade, e com a colaboração de todos os funcionários”, pontuou o novo presidente em seu rápido discurso. Lascosque é formado em Tecnologia Mecânica pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Entrou na CODESA como estagiário de engenharia em 26 de agosto de 1976. Dois anos depois foi contratado como engenheiro, tendo passado nos anos seguintes por diversos cargos na empresa. Capixaba de Vila Velha, é casado e tem duas filhas. É tido pelos colegas como um profissional exemplar, dedicado, e que tem tido uma atuação brilhante nos setores em que passou pela Companhia.::

Complexo de Suape recebe visita de ministro

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Complexo Industrial Portuário de Suape tem contribuído para colocar o Nordeste – e o Brasil – em posição de destaque no cenário econômico internacional. Exemplo disso é a visita que o ministro-adjunto de rela-

ções exteriores britânico, Jeremy Browne, fez ao Complexo e a obra da Petroquímica Suape, que conta com investimentos e tecnologias britânicos. O ministro assistiu a uma apresentação sobre as oportunidades de negócios em Su-

ape e se mostrou bastante impressionado. Além da visita ao Complexo, Browne esteve em Pernambuco para a inauguração do Consulado Geral Britânico em Recife, que ficará sob o comando do diplomata Gareth Moore. :: dezembro | janeiro 2012

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