Nos Passos do Comércio

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ESTA É UMA PUBLICAÇÃO DO SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR Presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR Darci Piana Diretor Regional do Sesc PR José Dimas Fonseca Diretor Regional do Senac PR Vitor Monastier NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO E MARKETING Coordenação Geral | Cesar Luiz Gonçalves Coordenador de Jornalismo | Ernani Buchmann Assessora de Comunicação e Marketing do Sesc PR | Rosane Guarise Assessora de Comunicação e Marketing do Senac PR | Ana Paula Zettel Concepção | João Alceu Júlio Ribeiro Edição | João Alceu Júlio Ribeiro, Ernani Buchmann e Silvia Bocchese de Lima Projeto gráfico | Vera Andrion Revisão | Silvia Bocchese de Lima Capa | Vera Andrion Foto | Ivo Lima CTP e Impressão | Graciosa Gráfica e Editora

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Prefácio Nos últimos anos a situação vivida pelo Brasil mudou muito. De país emergente na busca de seu lugar no cenário mundial a protagonista da cena econômica, levamos menos de uma década. O que Darci Piana retrata nesta obra são instantâneos dos últimos oito anos em que está à frente da Federação do Comércio do Paraná, permitindo que vejamos em detalhes a transformação realizada pelo nosso país. Se em 2004 os problemas gerados pela alternância de poder ainda eram traumáticos, a década seguinte tratou de mitigá-los. Em vez de estarmos a reboque das grandes economias globais, passamos a ser destino de investimentos, tratando de encontrar mecanismos de blindagem que evitem a contaminação pela sequência de hecatombes econômicas que solaparam as finanças de algumas das maiores potências do hemisfério norte. Piana mostra que é observador atilado. Sem se arriscar no pantanoso terreno das conjecturas e das previsões, seus textos são verdadeiros manifestos a favor da atividade empresarial, denunciando iniquidades, exigindo melhoria na legislação, promovendo os pressupostos que alicerçam a atividade comercial. O ângulo a partir do qual seus artigos se sustentam é sempre o do comércio, por óbvio. Darci Piana é um homem forjado pela aridez do meio, tendo sobrevivido às intempéries econômicas que assolaram o país últimos 50 anos. Foi na lida diária com clientes e fornecedores, assim como na direção dos órgãos de classe que sempre fez questão de representar, que moldou sua capacidade de liderar e de convencer. De negociar e empreender. SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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Ao chegar ao posto mais alto da classe empresarial paranaense, não se deixou levar pelo canto da sereia. Ao contrário, trabalhador incansável, seguiu perseguindo os ideais da categoria que, não poucos, consideravam meras utopias. As conquistas que acumulou para o Sistema Fecomércio durante seus anos de presidência mostram que anseios podem se tornar reais, bastando determinação. Há muito de idealismo em Darci Piana. Sobre ele, escrevi no livro Vozes do Paraná, do jornalista Aroldo Murá, que é homem de hábitos espartanos, a fazer do planejamento um dos pilares da sua vida profissional. Seu poder de articulação política é lendário, podendo arrolar entre suas realizações nada mais que a fusão da qual nasceu o Paraná Clube. Se é econômico nos elogios, jamais se permitiu ser dominado pela avareza. É que o termo econômico se refere à economia. E tudo na vida profissional de Darci Piana gira em torno deste tema, como aqui está expresso. Nos Passos do Comércio mostra as alterações do ambiente comercial em um determinado período, de 2004 a 2012. Mais do que um recorte da atuação do homem e da entidade que representa, este livro é um verdadeiro manual da evolução da atividade. Deve ser lido e, após, guardado em local acessível, para ser consultado sempre que necessário. Assim pelos contemporâneos como, principalmente, pelos pósteros.

Ernani Buchmann

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Apresentação Algum filósofo por aí já disse que nascimento é um “acidente geográfico”. O filho não tem poder sobre a decisão dos pais, que podem viajar (nos dias atuais) para onde quiserem para “surgir o rebento”. Uso o argumento do “acidente geográfico” para explicar a minha situação. Sou gaúcho de nascimento e não renego minhas raízes. Porém, tornei-me paranaense por adoção, por devoção, por paixão e qualquer outro “ão” que possa ser vinculado ao tema. Aqui construí minha vida profissional, minha vida pessoal, conquistei minha companheira, tive meus filhos, minhas alegrias e decepções. O Paraná me fiz um paranaense. Tenho diversos títulos de cidadão honorário em várias cidades, graças ao trabalho que tenho desenvolvido junto à população do Paraná. Aqui estou, aqui vivo e aqui trabalho. Nada mais justo que dedicar o que construí ao povo que me acolheu. À frente das minhas empresas e nas entidades que tive a honra de participar e outras de presidir, minhas ações sempre foram voltadas ao bem-estar dos paranaenses. Enquanto empresário senti na carne o peso da carga tributária e das dificuldades de manter a empresa. Como dirigente de entidades tão representativas quanto o Sistema Fecomércio Sesc Senac PR e o Sebrae/PR, passando pelo Sindicato de Autopeças, tenho o dever, a honra e a obrigação de defender os interesses de meus compatriotas. Nunca deleguei e não delego o dever de lutar contra o peso dos impostos recolhidos pelas empresas, pagos pelo trabalhador e, em última instância, embutidos nos preços dos produtos que produzimos e revendemos. Tenho a honra de conviver com personalidades marcantes. Autoridades ou não, desde o humilde trabalhador da roça até SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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o mais experiente empreendedor, todos recebem o mesmo tratamento das entidades que represento. Defendo a integridade e o direito que temos de produzir, de vender, de lucrar. Afinal, empresa sem lucro – seja do comércio ou da indústria – não pode investir em ações sociais, não pode pagar salário, não tem como distribuir riqueza. Neste exemplar, incluo pensamentos dirigidos neste sentido. São editoriais da Revista Fecomércio PR e artigos distribuídos para a imprensa do Paraná e fora dele. Nestes textos estão a minha linha de orientação: a defesa intransigente dos nossos direitos enquanto cidadãos, enquanto empreendedores, enquanto trabalhadores. Reuni-los em um livro foi uma forma de prestar uma homenagem a esses homens e mulheres que fazem a riqueza do nosso Paraná.

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Índice Prefácio......................................................................................................................... 7 Apresentação ............................................................................................................... 9 A união – como sempre – fará a força ................................................................... 13 Queremos nosso lugar na história.......................................................................... 15 Mudanças nas relações entre o capital e o trabalho ............................................. 17 Movimentação de capitais ....................................................................................... 19 Não à ditadura fiscal ................................................................................................. 21 Submissão ao especulador........................................................................................ 25 Reforma política, uma necessidade! ...................................................................... 27 A consciência e a paciência ..................................................................................... 29 Liberdade de ação e para crescer............................................................................. 31 Turismo é a essência da tríplice fronteira .............................................................. 33 Dinamismo e tecnologia – ferramentas de crescimento...................................... 35 Sessenta anos ............................................................................................................. 39 São Paulo ou Bagdá. Onde está a violência? ......................................................... 41 As limitações do campo afetam as cidades ........................................................... 43 Guerreiros do Comércio .......................................................................................... 45 Comércio eletrônico e ICMS .................................................................................. 47 Estamos perdendo o otimismo ............................................................................... 49 Limites das políticas restritivas na economia brasileira ...................................... 51 Destravando a economia brasileira ........................................................................ 53 Em busca da transformação .................................................................................... 55 Sistema Fecomércio em Foz do Iguaçu ................................................................. 57 Estamos iniciando uma nova caminhada ............................................................. 59 Na hora da luta, precisamos estar juntos ............................................................... 61 Mais um ano, mesmas bandeiras de luta ............................................................... 63 Agora falta a Reforma Tributária............................................................................ 65 Menos governo e mais iniciativa privada .............................................................. 67 Por um 2008 sem sobressaltos ................................................................................ 69 Formando novos líderes........................................................................................... 71

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O congresso e o desenvolvimento empresarial ..................................................... 73 Todos ganharemos ................................................................................................... 75 A pior crise é a moral ............................................................................................... 77 À espera dos novos desafios..................................................................................... 79 À espera da virada .................................................................................................... 81 Creio firmemente na livre iniciativa ...................................................................... 83 Otimismo exagerado? .............................................................................................. 85 Precisamos estar preparados.................................................................................... 87 A união que mantém a força.................................................................................... 89 Feliz Natal e 2010 pleno de realizações................................................................... 91 Que este ano seja o ano da prosperidade! ............................................................. 93 Uma obrigação que se transforma em prazer ....................................................... 95 Revitalização é sinônimo de sucesso ..................................................................... 97 Satisfeito, mas não realizado ................................................................................... 99 Por um caminhar lento e seguro rumo a 2011 ................................................... 101 Venha crescer conosco em 2011............................................................................ 103 O ano das relações na América Latina ................................................................ 105 Mulheres, poder no consumo e na oferta ........................................................... 107 Senac qualifica um milhão de profissionais ........................................................ 109 Índices de inflação preocupam ............................................................................. 111 A importância do comércio e dos serviços ......................................................... 115 O Paraná no centro do poder ............................................................................... 117 A vitalidade do comércio ...................................................................................... 119 O crescimento da Fecomércio .............................................................................. 121 Um ano muito expressivo para o comércio ........................................................ 123 Turismo religioso, o segmento mostra sua luz ................................................... 125 Empresários do comércio veem cenário favorável.............................................. 131 Uma semana entre os chineses............................................................................. 135 Indústria e comércio: interdependentes e integrados......................................... 139 Glossário................................................................................................................... 142

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A união – como sempre – fará a força Iniciamos uma nova fase no Sistema Fecomércio Sesc Senac PR. Com um grupo de homens e mulheres interessados no crescimento e no desenvolvimento do setor comercial do estado. Fomos eleitos para dirigir esta entidade que, ao abranger 59 sindicatos distribuídos por todos os pontos do Paraná, tem a força de representar cerca de 478 mil empresas . Não é pouco. E o trabalho também não é leve. Porém, temos uma primeira satisfação em receber uma Federação com um quadro de funcionários enxuto e em condições de investir. Vamos dar continuidade ao trabalho desenvolvido pelo Sesc na capital e no interior do estado, oferecendo aos comerciários, nossos companheiros, atividades em lazer, esportes, alimentação, etc. Daremos atenção especial a estas ações, complementadas pelo Senac, que oferece o treinamento necessário ao comerciário, para que possamos crescer juntos. Nosso projeto diante do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR abrange maior participação, comunicação, representatividade, democratização, dinamismo, serviços e responsabilidade social. Pretendemos, ainda, encontrar alternativas para os altos juros pagos pelo empresariado, estimulando a criação de cooperativas de crédito. Será uma forma de tornar nossa atividade mais competitiva. Reafirmo que estaremos vigilantes na defesa dos interesses dos empresários do comércio de bens, serviços e turismo paranaense (e por extensão de todos os cidadãos) nas discussões das grandes reformas que estão em andamento no país: SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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a tributária, a trabalhista e a sindical. Todas nos atingirão diretamente e precisamos estar atentos às mudanças. Temos muito trabalho pela frente. Mas contamos com o interesse e a participação de todos os empresários uma vez que, a partir de agora, representamos todos, e não apenas um grupo. Seremos fortes se nos mantivermos juntos. jun | jul 2004

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Queremos nosso lugar na história A inserção econômica do Paraná no panorama mundial nunca esteve tão intensa como nos últimos anos. Há um interesse muito grande dos países das américas Central e do Norte, da Europa, Ásia e África, na produção agrícola e industrial do nosso estado. Nos últimos dias, o Sistema Fecomércio Sesc Senac PR teve oportunidade de encontrar dois expoentes representantes da economia europeia, e apenas certificou-se de que essa realidade é cada dia mais latente. O contato feito com o Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da Suíça, Jurg Leutert, reafirmou o interesse enorme daquele país em intensificar os negócios com empresários paranaenses. O Sistema Fecomércio dá apoio à instalação, em Curitiba, do Banque Cantonale de Genève e da Câmara Paraná-Suíça, que intensificará as relações comerciais entre nosso estado e aquele país. Essa sinergia intensifica-se a partir do momento em que temos um crescimento exponencial da produção agrícola. A nossa indústria mostra ganhos de produtividade comparáveis ao primeiro mundo, possibilitando competir em igualdade de condições e, em algumas situações, ainda mais favoráveis do que os empresários concorrentes. Isso foi sentido, também, durante encontro realizado com o Conselheiro Adjunto da Embaixada da França, François Xavier Flamand. Ele também veio apresentar uma visão nova de negócios e, claro, não poderia de excluir o Paraná desta iniciativa. São dois exemplos, de vários, que poderiam ser SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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citados. O Sistema Fecomércio Sesc Senac PR é representado em todos os setores da sociedade e estamos sentindo esse crescimento no interesse, na curiosidade inclusive dos nossos competidores. Não podemos deixar passar o bonde da história. Queremos nosso lugar neste comboio que inclui países ricos e em ascensão. Ao mesmo tempo, reivindicamos de nossos governantes, legislações que não impeçam o desenvolvimento, que redistribuam a renda, e que possibilitem competição em – pelo menos – igualdade de condições com os demais países do mundo. Esta é a nossa hora. set | out 2004

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Mudanças nas relações entre o capital e o trabalho Há algum tempo nos preocupamos com as mudanças que estão ocorrendo e que ainda ocorrerão na área sindical. A propalada reforma, que ainda não saiu do papel, quando for encarada com seriedade pelo governo, trará modificações profundas nas relações entre o capital e o trabalho. Tivemos a oportunidade de participar, no mês de novembro (de 2004), no Rio de Janeiro, com vários companheiros de diretoria da Fecomércio, presidentes de sindicatos associados e dirigentes de todo país, do encontro da Confederação Nacional do Comércio para ampliar as discussões sobre mudanças na estrutura sindical. Pudemos verificar que as transformações serão muito mais profundas do que inicialmente possa se imaginar. Mas ainda há muito caminho para ser percorrido. Estamos dando os primeiros passos no sentido de aprimorar essas relações, com algumas mudanças indispensáveis ao crescimento e ao desenvolvimento empresarial. Porém, é certo que a carga fiscal que se abate mensalmente sobre a folha de pagamentos das empresas precisa ser reduzida, sob pena de afogar e eliminar quem dá a maioria dos empregos, que são as micro e pequenas empresas. Outro entrave ao desenvolvimento são os altos juros, que retiram a possibilidade de investimento. Estamos trabalhando no sentido de incentivar as cooperativas de crédito, uma alternativa ao alto preço do dinheiro no mercado financeiro. O trabalhador, nosso companheiro nesta luta, compreende que é preciso mudar. Mas compartilhamos a premissa de

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que direitos devem ser mantidos. O que é preciso é alterar a sistemática de recolhimento de impostos, que sufoca o empreendedor e retira o salário do trabalhador. O sistema sindical precisa ser aprimorado. Empresas e trabalhadores sentem essa necessidade. Estamos fazendo a nossa parte, mas precisamos que o governo faça a sua, oferecendo condições a que os empreendedores mantenham seus investimentos, ofereçam emprego e renda. nov | dez 2004

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Movimentação de capitais A decisão do governo brasileiro de isentar de impostos e taxas o dinheiro que entra no país como aplicação de investidores internacionais, representa um avanço no sentido da atração de capitais não necessariamente especulativos para serem aplicados onde o Brasil tem mais necessidade, como infra-estrutura (rodovias, portos, aeroportos, etc.), educação e saúde. Caso não fosse adotada, acabaríamos perdendo um dinheiro que precisamos para alavancar nosso desenvolvimento, porque ele seria conduzido para países – em desenvolvimento – que favoreçam o investimento. Há um entendimento genérico entre monetaristas e capitalistas de que a livre movimentação – de mercadorias e de investimentos – é, comprovadamente, benéfico para todos os países. Delfim Neto disse, em artigo recente, que “a globalização atual tem, entretanto, três faces: o comércio, o investimento direto e a liberdade desabrida do movimento de capitais”. Para se ganhar um ponto percentual no comércio mundial – seja nas exportações ou importações – é preciso muito esforço, muito trabalho, dedicação e investimento em produção. O investimento direto é aquele que atrai o capital e que dá retorno ao investidor, proporciona-lhe certeza de recuperação do dinheiro. E a “liberdade desabrida de capitais”? Pois entre 1973 e 1999, informa ainda Delfim Neto, o comércio mundial cresceu 13 vezes, enquanto as transações financeiras de todas as naturezas cresceram 74 vezes e chegam, hoje, a 1,1 trilhão de dólares. SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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Por isso, reverenciar o investimento externo é muito importante para qualquer país em desenvolvimento. Para que possamos ganhar um ponto percentual nas exportações de carne, por exemplo, teríamos que investir milhões de dólares em instalações frigorificadas, mão de obra especializada e logística para transporte e exportação. Ganhar um ponto percentual nas transações financeiras não é assim tão difícil, basta estimular o capital, dar-lhe ganhos reais e atrair o investimento. Para isso, é preciso que a estabilidade tanto política quanto econômica estejam presentes. São coadjuvantes importantes no processo. Aí sim. Depois de atrair o investimento, precisamos usá-lo de maneira inteligente, investindo em setores necessitados para que possamos alavancar aquele ponto percentual em outros setores da economia. Atração de investimento tem que deixar de ser ponto ideológico e político, precisa fazer parte de programas de governo, de investimento e de desenvolvimento. Mas há que se ter cuidado com o capital especulativo, que à primeira marola – política ou institucional – procura porto mais seguro. dez 2004

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Não à ditadura fiscal No apagar das luzes de 2004, o governo federal anunciava um benefício ao cidadão brasileiro de classe média: estava reajustando em 10% – muito menos do que o necessário, no mínimo 37%, mas já era um reajuste – a tabela de desconto do Imposto de Renda. Discutiu-se, ainda, se o “ajuste” seria adotado para as deduções (vê-se, agora, que não era essa a intenção) e a mobilização da sociedade obrigou o governo a incluí-las no ajuste. É preciso deixar bem claro que foi um ajuste irrisório, de apenas R$ 11 – quem antes descontava R$ 106 por dependente, passará a descontar R$ 117. É bem verdade que no fim do ano o Leão abocanha pelo menos 30% (ou quatro meses de trabalho) do salário do trabalhador. Passados alguns momentos, porém, observa-se que na Medida Provisória 232 que, teoricamente, beneficiava o cidadão, o governo dá com uma mão e tira com a outra. Incluiu alterações que importam em mais aumento na carga tributária do setor de serviços, que abrange no mínimo quatro milhões de empresas que empregam cinco milhões de pessoas em todo país. E como todo mundo sabe, imposto recolhido por empresa é pago pelo cidadão. Não há como fugir disso. No documento, o governo eleva (art. 11) o Imposto de Renda e a CSLL das empresas de prestação de serviços em geral, de 32% para 40% a base de cálculo de incidência pelo lucro presumido, que já havia sido “ajustada” de 12% para 32%. Em nome de “recompor” as perdas que o governo teria com o ajuste da tabela do imposto de renda para pessoa física. Na mesma MP, o governo aumenta de 1% para 1,5% (50% de aumento) a retenção do Imposto de Renda na fonte pagadora de serviços prestados pelas empresas de limpeza, SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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conservação, segurança, vigilância e locação de mão de obra. São alterações que se chocam com qualquer iniciativa por parte do governo no sentido de reduzir o desemprego e a carga tributária sobre as empresas e sobre o cidadão. E, não contente, o governo ainda agride a Constituição, viola os direitos de defesa dos contribuintes em geral, quando proíbe (no art. 10) o recurso aos Conselhos de Contribuintes, nos casos de obrigações acessórias, restituição, ressarcimento, compensação, redução, isenção ou imunidade de tributos e contribuições. A sociedade em geral não aceita esse tipo de imposição por parte do governo federal. As medidas estão sendo adotadas sem que o cidadão – pessoa física ou jurídica – seja ouvido. Estamos atravessando períodos de estabilidade econômica, com o horizonte apontando para uma pequena recuperação. Não é este o momento para que as autoridades imponham medidas que vão, de novo, cercear as oportunidades de crescimento. A Federação do Comércio do Paraná, que representa 59 sindicatos patronais de todo o estado, e que por eles tem a representatividade de 478 mil empresas do comércio e de serviços, une-se a todos os segmentos da sociedade que rejeitam as medidas adotadas no fim de 2004 pelo governo, alegando que estaria “fazendo justiça” ao equiparar os impostos pagos por pessoas jurídicas da prestação de serviços, aos que já pagam as pessoas físicas prestadoras de serviços. Esquece-se que havia dito que o aumento era para “tapar o buraco” deixado pelo ajuste da tabela do imposto de renda. Ou uma coisa, ou outra. Queremos que o governo federal faça, de uma vez por todas, uma verdadeira “lipoaspiração” nas suas despesas para que a sociedade não tenha que continuar despejando o dinheiro

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conquistado com muito trabalho, em um buraco negro que nada devolve, nem em segurança, nem em educação, nem em saúde, as obrigações básicas que teriam que ser sustentadas com o imposto recolhido. Queremos ser partícipes na construção de uma nação forte, independente, que apresente um futuro tranquilo aos nossos descendentes. jan | fev 2005

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Submissão ao especulador Temos disseminado junto aos nossos companheiros dirigentes do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR, aos empresários do comércio de bens e serviços em geral, aos nossos amigos, aos governantes e a todos os interessados, que a alternativa ao absurdo dos juros cobrados pelo sistema financeiro está nas nossas mãos. São as cooperativas de crédito, que ao manipularem o dinheiro do próprio associado e se cercarem de garantias do empréstimo, conseguem derrubar das alturas os altos juros, que inviabilizam investimentos e desenvolvimento empresarial. É difícil crer que os integrantes do governo – seja ele federal, estadual ou municipal – não consigam ver a verdadeira espoliação a que o produtor, comerciante, industrial e cidadão em geral é submetido ao buscar recursos junto ao sistema financeiro. Vamos falar primeiro do juro cobrado do consumidor: as financeiras chegam ao absurdo de cobrar 287,5% ao ano. O cartão de crédito chega perto, 219,7%. No cheque-especial bate em 165,2%. O empréstimo pessoal bancário – tão propalado como alternativa a estes mais caros – também não é assim tão barato: 108,6% ao ano. Os juros praticados pelo comércio – para poder se defender dos juros que lhe cobram – superam os 100% ao ano (104,4%). O mais barato, nesta linha, é o financiamento pelo CDC, cujo juro chega a 58,6%. O levantamento é de uma empresa especializada. Para as empresas que oferecem garantias bem mais sólidas ao sistema bancário, os juros também são estratosféricos. A conta garantida cobra 96,9%; para capital de giro, 70,9%; desconto de cheques, 64% e o desconto de duplicatas, 63,6%, SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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conforme levantamento do Banco Central. Enquanto isso, a taxa Selic, balizadora dos juros interbancários, está em 19,25%. Sabe quanto isso representa em termos de juros reais, descontada a inflação? 13,1% ao ano, o primeiro lugar mundial. Em segundo lugar está a Turquia, com 6,7%; em terceiro a Hungria, com 5,7%; depois vem a África do Sul com 4,7% e em quinto lugar aparece o México, com 4,7%. Os EUA reajustaram sua taxa de juros em março para 2,5% ao ano – isso mesmo, você não leu errado! – a taxa de juro americana de 2,5% é anual. Difícil entender como as autoridades governamentais pretendem estimular o crescimento e o desenvolvimento, cobrando 13,1% ao ano do empreendedor e mais de 20% do consumidor. Dá pra entender, então, porque até o especulador internacional compra papéis do governo brasileiro. Para ganhar, claro, porque especulador nunca perde. Quem perde é a Nação que se submete a ele! mar | abr 2005

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Reforma política, uma necessidade! Não são os fatos recentes (denúncias de corrupção) que estão a exigir do Brasil uma reforma política. Até porque, se já tivéssemos – a classe política – feito uma reforma, casos como os agora denunciados dificilmente seriam possíveis de acontecer. A verdade é que, em nome da governabilidade, estamos vivenciando um verdadeiro “loteamento” dos cargos existentes no governo, que precisa de outros partidos para formar o que conhecemos como “base de sustentação”. As propostas que circulam – inclusive a que já está no Congresso – prevê, por exemplo, a fidelidade partidária, o financiamento público das campanhas, o fim das coligações proporcionais, o sistema de listas partidárias, a cláusula de exclusão para os partidos políticos e um sistema eleitoral misto. A verdade é que a Constituição de 1988 criou um “elefante branco” na política brasileira. Prevendo-se que o parlamentarismo seria aprovado no referendo à população, a nossa Carta Magna estabelece um sistema presidencialista com estrutura parlamentarista. Para governar, o presidente precisa de apoio político, formar alianças, como se fosse um primeiro-ministro que, se não obtiver “voto de confiança” é substituído. Isso não pode acontecer com o presidente, a menos que tenhamos, de novo, um processo de impeachment. Consideramos a fidelidade partidária um elemento essencial nesta nova estrutura que começa a ser debatida. Consideramos, ainda, o financiamento público das campanhas, desde que corretamente vigiado, também essencial, para diminuir a distância entre os que podem muito e os que não podem nada. SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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Há um sistema de listas partidárias circulando como se fosse o “suprassumo” das ideias. Pode até ser interessante, na medida que exclua dela os atuais políticos, caso contrário estaríamos realizando em todos os pleitos uma “reeleição garantida” dos primeiros da lista, que seriam os atuais portadores de mandatos. É isso o que quer a sociedade? Não creio. O coeficiente eleitoral nacional pode ser interessante na medida em que possibilitaria ao presidente eleito obter bancada majoritária. Mas até que ponto interessa à sociedade ter um presidente com plenos poderes? Oposição – até prova em contrário – é importante para deter alguns projetos “expansionistas” que agridem a sociedade. Na verdade, deveríamos estar discutindo essa reforma política há muito tempo, para hoje termos um projeto já definido, tendo a sociedade como partícipe das decisões adotadas. Corremos o risco, de novo, de ver o que acontece com a reforma tributária, que se arrasta e permite ao governo legislar com medidas provisórias, traçando um “remendo” no burocrático e pesado sistema tributário que possuímos. O que não podemos é continuar assistindo, impassíveis, inertes, ao verdadeiro “assalto” que está sendo feito com instituições nacionais consideradas impecáveis, em nome de agremiações partidárias que pouco – ou nada – têm para oferecer, a não ser apoio político em um sistema que premia justamente aqueles que pouco, ou nada, têm para oferecer. mai | jun 2005

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A consciência e a paciência A Federação do Comércio do Paraná vê com bons olhos a iniciativa do governo federal, em começar uma campanha de esclarecimento sobre endividamento dos aposentados, a quem estão sendo oferecidas facilidades na obtenção de empréstimos com desconto em folha de pagamento. A iniciativa de abrir essa linha de crédito é louvável, até porque os juros são mais baratos pela ausência da inadimplência, mas é preciso lembrar aos beneficiados que, se usado de forma exagerada, trará problemas e não benefícios. A decisão em limitar em 30% do benefício o valor que poderá ser comprometido com a parcela do financiamento é correta. Evita que o aposentado acabe assumindo dívidas além de sua capacidade de pagamento. A vigência do atual sistema possibilita, de imediato, um aquecimento da demanda junto ao comércio. No entanto, poderá a médio e longo prazo ocorrer uma queda no nível de aquecimento, desde que o próprio cidadão estabeleça um limite de corte para o comprometimento de sua renda. Consideramos, porém, que as taxas de juros utilizadas pelo sistema – que giram entre 1,5% e 3% ao mês – apesar de se situarem em patamar bem abaixo das usuais pelo sistema financeiro para empréstimos normais (que em alguns casos beiram os 10% ao mês) poderiam ser ainda menores. É que o empréstimo consignado em folha de pagamento elimina a principal reclamação dos bancos para manter as elevadas taxas de juros, que é a inadimplência. Ela simplesmente deixa de existir, porque o beneficiário do empréstimo autoriza desconto em folha de pagamento, ou seja, sequer chega a ver o valor determinado como prestação, uma vez SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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que a Previdência Social repassa diretamente ao banco em que o valor foi consignado. Concordamos com a iniciativa de colocar à disposição da sociedade alternativas aos altos juros cobrados pelo sistema financeiro. A própria Fecomércio PR trabalha neste sentido, a partir do estímulo à abertura de cooperativas de crédito, como a já formalizada no Sincopeças. Mas precisamos ainda mais: consciência e paciência, principalmente por parte do sistema bancário. jun 2005

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Liberdade de ação e para crescer O Sebrae, em ação conjunta ao IBGE, apresentou em maio passado, um trabalho apontando que a quase totalidade das micro e pequenas empresas estão inseridas no que costumamos chamar de “economia informal”. Das 10,525 milhões de pequenas empresas do país, 98% estão na informalidade (isso não significa que não estejam devidamente inscritas nas juntas comerciais). O parâmetro usado na pesquisa é de que são consideradas informais aquelas empresas que não possuem um sistema de contas claramente separado das contas da família e emprega de uma até cinco pessoas. Essa mesma “economia informal” gerou, em 2003, R$ 17,6 bilhões em receitas e respondeu por um quarto (25%) das contratações de trabalhadores não-agrícolas no país. São essas empresas “informais” que empregam 13 milhões de pessoas. Esses são apenas alguns números para que tenhamos uma visão da importância das micro e pequenas empresas no Brasil. E reforçam o trabalho que estamos fazendo, com o Sebrae e outras entidades, na defesa da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, cujo documento solicitando sua aprovação legal foi entregue em Brasília, em uma solenidade, com a presença de representantes de vários setores e de diversas partes do Brasil, para demonstrarmos que temos força, que somos importantes e que, mesmo na informalidade, ou “invisíveis” para os olhos do governo, precisamos de apoio para sobreviver e manter a engrenagem da economia girando. Há outras informações importantes na pesquisa, e que merecem ser ressaltadas, para mostrar quais são as nossas SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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preocupações: ausência de crédito (a quase totalidade das empresas não procurou dinheiro para expandir e, quem procurou, uma parcela considerável – 32% – obteve com fornecedores, amigos ou parentes e não do sistema financeiro). A ausência de empréstimos – se por um lado pode parecer um ponto positivo, de outro demonstra a quase total ausência de investimentos. Outro ponto que merece reflexão é o baixo uso da informática pelas pequenas empresas (12%), o que também significa ausência de aprimoramento profissional. Se temos parcela tão grande de responsabilidade na geração de emprego e renda deste país, nada mais justo que recebamos a atenção merecida por parte dos nossos governantes. É isso que fomos dizer aos parlamentares em Brasília. Queremos uma lei que satisfaça nossas necessidades, que possibilite nosso crescimento e que nos insira, de fato, na “formalidade”, sem que sejam tolhidos nossos movimentos. jul | ago 2005

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Turismo é a essência da tríplice fronteira A tríplice fronteira – Foz do Iguaçu – onde se encontram Brasil, Argentina e Paraguai, precisa conscientizar-se, verdadeiramente, de seu propósito turístico e esquecer-se das verdadeiras “zonas francas” que lá existem. O retorno dado ao comércio local na venda de produtos importados – a maioria sem pagar qualquer imposto – não compensa o estrago provocado na estrutura industrial e comercial do resto do país. Pelo menos, uma grande empresa fabricante de brinquedos já entrou em concordata pela absoluta impossibilidade de competir com os brinquedos fabricados na China, a custo baixíssimo e que entram no Brasil via Paraguai. A Receita Federal tem feito o seu trabalho, apanhando as mercadorias que estariam nas ruas do país, em todos os estados, competindo com o comércio legalmente estabelecido, que recolhe seus impostos e dá emprego, movimentando a engrenagem da economia. Cigarros, brinquedos, produtos de informática, roupas e um infindável número de bugigangas retiram do industrial e do comerciante brasileiro qualquer possibilidade de competição. A carga tributária, ignorada por quem traz contrabando, é pesada e onera, e muito, o preço final dos produtos aqui fabricados. Foz do Iguaçu divide com a Argentina e o Paraguai um dos cartões postais mais lindos do mundo. Ponto de chegada de milhares de turistas – é o segundo ponto brasileiro mais visitado, perdendo apenas para o Rio de Janeiro – é na natureza e no seu potencial turístico que a cidade precisa investir, forte. Defendo, por exemplo, a manutenção do Hotel das CaSISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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taratas, dentro do seu propósito original, que é de ser um estabelecimento voltado para o turismo, oferecendo ao visitante da tríplice fronteira lazer e conforto. Ele é indispensável para que essa filosofia de usar a natureza em benefício da sociedade – preservando-a da destruição e investindo em sua manutenção – atinja seus propósitos. Verdadeira indústria sem chaminés, o turismo precisa ser visto de forma mais abrangente por investidores e autoridades governamentais. As autoridades brasileiras devem buscar acordo com as paraguaias, para que possamos evitar este tipo de ação. O Paraguai necessita buscar alternativas, seja no campo ou na indústria, para deixar de ser tão dependente de um comércio que lhe beneficia, mas que prejudica intensamente os brasileiros. Não podemos fechar os olhos para a verdadeira afronta feita todos os dias, pelos contrabandistas, ao comércio legalmente estabelecido. Este comércio luta com dignidade pela sobrevivência e não pode ser prejudicado em nome da preservação de um pequeno grupo de brasileiros que precisa, antes de tudo, se dar conta de que o que fazem é transgredir a lei. E a lei tem que ser igual para todos. ago | set 2005

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Dinamismo e tecnologia – ferramentas de crescimento Já se foram os tempos em que o ritmo dos negócios no Brasil, em todos os setores da economia e, principalmente, no setor comerciário, era cadenciado. As mudanças vinham de outros países, por meio de diretivas a serem seguidas à risca, periodicamente enviadas pelas sedes das empresas multinacionais. Os profissionais, a maioria da área dos balcões, pouco se ocupavam com o mercado e assuntos externos, confiando que seus superiores resolveriam todas as questões e que as empresas seguiriam de vento em popa, sem sobressaltos repentinos. A realidade da globalização e suas influências totalmente enraizadas, em um caminho sem volta, por um lado aumentaram o alcance das empresas a seus clientes e, por outro, abriram as portas à concorrência tornando o mercado extremamente competitivo e instável. Duas poderosas forças impulsionam o mundo na direção de uma convergência para a uniformização: a experiência e a tecnologia. Elas proletarizam as comunicações, o transporte e as viagens. Fizeram de locais isolados e de povos empobrecidos, entidades ansiosas por usufruírem os atrativos da modernidade. Quase todas as pessoas, em diferentes lugares, querem as coisas das quais elas têm ouvido falar, visto ou experimentado por intermédio das experiências e das novas tecnologias. Já se foram os tempos das diferenças a que nos tínhamos acostumado, relativas às preferências nacionais e regionais. Já se foram os dias quando a empresa podia vender os moSISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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delos do ano anterior – ou versões mais antigas de produtos avançados – na parte menos desenvolvida do mundo. E também já se foram os dias em que os preços e as margens de lucro no exterior eram geralmente maiores que no país sede. Desde o início dos processos de globalização, cujo exemplo mais marcante é o da crise asiática ocorrido em 1997, e cujos resultados afetaram a economia de várias partes do mundo, cada vez mais percebemos que estar preparado para reagir de forma rápida e eficiente será um diferencial competitivo importante para o comércio de uma forma geral. Nosso objetivo na direção da Federação do Comércio do Paraná é de demonstrar que sem o uso das ferramentas, experiência e tecnologia, não estaremos preparados para competir e crescer diante desta nova economia. Segurança nos processos, custos e produtividade são condições imprescindíveis para as empresas que desejam progredir. No seu esforço para atender estas exigências, as empresas de tecnologia da Europa e dos Estados Unidos têm desenvolvido equipamentos, dispositivos e sistemas de produção e embalagem inovadores, eficazes, seguros e acessíveis a qualquer empresa do mundo. Vale ressaltar que este é mais um dos efeitos positivos da globalização. Sabemos que, no futuro, dificilmente uma empresa conseguirá manter seus objetivos comerciais tendo em sua lista de ativos equipamentos obsoletos ou adaptados. Estamos em uma nova dinâmica, muito mais agressiva. Com as regras de mercado atuais, todos somos constantemente forçados a elaborar as melhores estratégias. Atualização constante, conhecimento crítico dos processos e uma visão mercadológica tornam-se imprescindíveis para a competência, segurança e sucesso dos profissionais da área. As empresas ganham vantagens contra os melhores concorrentes do

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mundo, devido a pressões e desafios. O profissional do segmento comerciário, deve se manter em constante atualização, por meio de diferentes mecanismos de qualificação, para deste modo, estar em consonância com a presente realidade do setor, provocando nas empresas em que atuam, frequentes quebras de paradigmas – único meio de gerar inovações em processos e na cadeia produtiva como um todo. out | nov 2005

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Sessenta anos Uma grande caminhada seja ela qual for, até uma volta ao mundo, sempre começa com um primeiro passo. Assim que eu vejo os 60 anos de comemoração da CNC e do Sesc, no Brasil. Na década de 40, grandes homens vislumbraram as necessidades do empreendedor do comércio e criaram as entidades que seriam, a partir dali e para sempre, suas representantes e defensoras dos direitos de quem investe e cria emprego e renda. Foram os nossos primeiros passos nesta caminhada em direção ao futuro! Verifico o quanto temos para oferecer ao empresário e ao trabalhador do comércio brasileiro. O Sistema Fecomércio Sesc Senac PR tem atuado de forma direta e efetiva junto ao empreendedor e trabalhador do setor. São ações de lazer, de educação, de formação profissional, entre outras, que envolvem diretamente o trabalhador que precisa se descontrair, aprender mais, buscar alternativas de empregabilidade; e o empreendedor que passa a dispor no mercado de profissionais preparados. Além disso, ele mesmo, empreendedor, passa a conhecer novas ferramentas de administração, como as que estamos entregando nos projetos Pró-Litoral e Pró-Comércio. Faço aqui, uma reverência a todos os empreendedores do comércio que nos antecederam, na CNC, nos sistemas Fecomércio Sesc Senac de todo o país, e que construíram estas entidades que dignificam a ação do comerciante e do comerciário. Somos a alavanca do setor, impulsionando ações de defesa e orientação ao cidadão empreendedor do comércio de bens, SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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serviços e turismo, o crescimento, o desenvolvimento, e a geração de emprego e renda a um país que precisa crescer. Esta é uma data significativa! Teremos outras, claro. Pela nossa existência, nada mais justo que proclamar: Parabéns a todos nós! jan | fev 2006

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São Paulo ou Bagdá. Onde está a violência? A violência que explodiu em São Paulo, no dia 12 de maio (de 2006), contabilizou até agora, além dos danos materiais a bens públicos, ao transporte coletivo, manutenção de reféns nas penitenciárias, mais de 100 mortes entre membros das forças de segurança, civis e mesmo bandidos. No Iraque, no mesmo fim de semana, na sua principal cidade, Bagdá, as mortes não chegaram à metade do ocorrido aqui. Isso que no Iraque há uma mescla de conflitos de cunho religioso, a resistência ao “invasor americano” e uma eleição na qual grupos radicais digladiam-se. Em São Paulo, um movimento orquestrado por gangues instaladas nas prisões, em uma demonstração de força, de organização e de eficiência, está potencializando um perfil de prejuízos para toda a sociedade brasileira: prejuízos econômicos, políticos e sociais. O efeito multiplicador que decorreu de imediato, ao ampliar para outras cidades e outros estados o ocorrido na capital paulista, só serve para a constatação, enquanto cidadãos, dos padrões insuficientes de segurança prestados à população em nosso país. Quando, na manhã do dia 15 de maio, as empresas de transporte coletivo anunciaram, por conta dos incêndios aos veículos nas ruas, que os ônibus não sairiam das garagens para não serem queimados, e as autoridades restringiram o acesso ao metrô, um dos maiores prejudicados, dentre tantos outros setores da vida de uma metrópole, como São Paulo, está sendo o comércio. No conjunto das atividades econômicas, o comércio é SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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importante e necessário, em qualquer contexto desenvolvido ou em desenvolvimento. Como elementos intrínsecos a esse atributo, cabe mencionar a sua importância logística no processo de distribuição de mercadorias para consumo da população, a geração de tributos nos diferentes níveis de governo (federal, estadual e municipal) e, muito importante, a criação de empregos, de forma direta e indireta. O comércio é quem mais sofre pois, para exercer suas funções ele tem que se mostrar e ser visto pelos consumidores, até porque as estratégias de vendas assim obrigam. Em uma conjuntura como a atual, ele fica exposto e mais vulnerável aos criminosos. Pior ainda, o comerciário não pode chegar ao trabalho, pois lhe faltam meios de locomoção. Aquele que ganha por comissão nas vendas terá uma queda na remuneração, pois também os clientes não comparecerão. Permitimo-nos imaginar um empresário de país pertencente a União Europeia ou ao NAFTA, não conhecedor da realidade brasileira, ao ler nos jornais do seu país sobre os fatos ocorridos no fim de semana em São Paulo e outras cidades do Brasil, qual juízo estaria fazendo sobre a conveniência de investir aqui? Da mesma forma, turistas que podem trazer divisas para nosso país, que reação teriam ao ler sobre a precariedade da segurança naquela que é tida como a cidade mais cosmopolita do Brasil? Em síntese, novos investimentos e o turismo serão afetados pois priorizarão ambientes mais seguros. Pelo menos, até que um novo e eficiente padrão de segurança consolide e mereça a confiança da população brasileira e da comunidade internacional. mar | abr 2006

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As limitações do campo afetam as cidades A Federação do Comércio do Paraná realizou reunião em Maringá, em maio (de 2006), na política de interiorização da entidade. Foi possível constatar que a queda de desempenho do agronegócio age como fator de contenção sobre todo o contexto da economia regional e, de forma muito clara, sobre o comércio. Considerando que um significativo percentual do PIB daquele importante polo econômico tem origens na agricultura, ela exerce um elevado efeito multiplicador nas atividades econômicas da região. Dentre os fatores limitantes ao agronegócio com um peso significativo sobre as demais regiões agrícolas do estado estão: seca nos últimos 18 meses; doenças na cultura da soja; queda de preço das commodities agrícolas; febre aftosa, que forçou países importadores de carne e derivados a bloquearem o consumo do produto paranaense; expansão da “gripe do frango” no exterior, que restringiu exportações; dificuldades no pagamento dos financiamentos agrícolas; supervalorização cambial do Real limitando exportações. Paralelamente à reunião da Fecomércio PR com a presença dos 59 sindicatos filiados do estado, representando diferentes categorias do setor, pôde-se constatar a preocupante mensagem trazida por varejistas e atacadistas. Um elemento adicional de comprovação da etapa difícil enfrentada pelos empresários da região é a Pesquisa Conjuntural da Fecomércio PR para Maringá, cujos dados apontam quedas significativas no desempenho do varejo no ano de

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2006, comparado ao mesmo período do ano anterior: no primeiro trimestre há queda de 3,9 % nas vendas. Para essa diminuição, contribuíram: redução nas vendas de insumos agrícolas como adubos, fertilizantes e produtos veterinários em geral; autopeças, pneus e combustíveis; tratores, colheitadeiras, etc., que afetaram o comércio em polos importantes: Maringá, Londrina, Cascavel, Guarapuava e Paranavaí. Cumpre destacar a queda verificada na prestação de serviços: assistência técnica, transportes de safras, movimento nos portos, ou a dispensa de trabalhadores. O melhor desempenho do comércio e da economia da região está diretamente associados ao agronegócio pelos efeitos multiplicadores positivos. No biênio 2003/2004, os bons resultados do setor primário da economia incentivaram alterações na base do comércio no estado. Nesse período, ocorreram investimentos de expansão e melhoria das lojas, ampliação do número de filiais, e entrada de grandes redes como WalMart e Sams Club, afora o Carrefour. Um fator adicional de preocupação ocorre em simultâneo à contenção do agronegócio, por conta do corte anunciado pelo governo federal de R$ 14,2 bilhões no orçamento anual, mais um bloqueio de R$ 5,6 bilhões nos gastos previstos para 2006. Esse dinheiro vai fará falta em todos os setores da economia, em alguns mais, em outros menos. O quadro atual da conjuntura obriga a todos os setores componentes da estrutura produtiva, a se unirem em busca de melhores perspectivas. mai 2006

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Guerreiros do Comércio Fizemos uma grande festa para comemorar a passagem do Dia do Comerciante, no mês de julho (de 2006). Reunimos mais de 1.500 pessoas em torno de uma homenagem a empresários de todas as regiões do estado, que receberam o troféu “Guerreiro do Comércio”. Foi um acontecimento muito bonito, realizado no Paraná Clube e que possibilitou, além de ressaltar a importância do empreendedor do comércio de bens, serviços e turismo no contexto sócio-econômico, a aproximação de empresários de todo o Paraná, que enfrentam as mesmas dificuldades e que puderam trocar experiências e informações. Há algum tempo que a Fecomércio PR quer prestar uma homenagem aos “guerreiros do comércio do Paraná”. Temos consciência da verdadeira batalha que travamos, todos os dias, pela manutenção das nossas empresas. Lutamos contra uma série de adversidades: sobrecarga tributária; concorrência desleal; altas taxas de juros; inadimplência, entre outras de maior ou menor peso. Encontramos em Mercúrio, o deus do Comércio, o maior simbolismo para prestar esta homenagem. Ele representa a agilidade, a troca e a busca. Isso somos nós, homens do comércio de bens, serviços e turismo. Temos que ser ágeis nos nossos negócios, porque senão seremos superados pela concorrência; temos que saber negociar e temos que buscar os melhores preços para os nossos clientes. Nossos fornecedores – que também são nossos clientes – precisam sair de uma negociação satisfeitos. Tão satisfeitos que nossos clientes, a outra ponta do comércio, também tenham suas necessidades atendidas. Ser o elo, encontrar as SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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alternativas e buscar a satisfação de todos, é o nosso trabalho. Não é fácil. Por isso considero que todos somos guerreiros do comércio. jun | jul 2006

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Comércio eletrônico e ICMS O Conselho Nacional de Política Fazendária aprovou proposta para alterar a cobrança do ICMS nas compras feitas pela internet. É que pelo atual regime, a cobrança do tributo é feita pelos estados em que estão sediadas as empresas (sites) de comércio eletrônico. A partir da decisão do Confaz, a tributação voltará a pertencer (ser creditado) para o estado em que reside o comprador do bem. As compras pelo sistema eletrônico de vendas vinham desvirtuando o comércio de uma forma geral. A maioria dos sites de comércio eletrônico estão sediados em São Paulo, vendiam e que recolhiam o imposto sobre circulação de mercadorias para São Paulo, enquanto a filial da mesma empresa, sediada no Paraná (por exemplo) ficava a ver navios. Existiam casos, ainda, em que a filial da empresa localizada no estado do comprador era quem entregava o bem. Reduzia-se o valor do frete (ou ele simplesmente inexistia) e quem “faturava”, tanto na questão tributária quanto no movimento de vendas, era a matriz, estabelecida em outro estado. Um valor considerável já é movimentado nas vendas feitas pelo do sistema eletrônico. Estima-se que, neste ano, serão R$ 3,9 bilhões, um aumento de mais de 50% em relação ao que foi movimentado no ano passado. O Brasil é o país que mais tem internautas e já são mais de 4,5 milhões de pessoas que fazem suas compras pela internet. Nos EUA são mais de 100 milhões de pessoas comprando e recebendo seus produtos confortavelmente em casa. Com o crescimento de vendas pelo sistema eletrônico, a SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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preocupação dos governantes é com a perda da arrecadação. É cada vez menor o número de pessoas que sai de casa para ir comprar um eletrodoméstico na loja ou no shopping de sua cidade, se pode comprar na própria sala e receber o produto em casa, sem qualquer acréscimo e, na maioria das vezes, com grande desconto. O Confaz aprovou um texto com proposta de emenda constitucional para mudar a forma de arrecadação do ICMS nessas transações, que servirá de base para um projeto a ser apresentado no Congresso. O texto estabelece alterações no artigo 155 da Constituição Federal, que trata da competência dos estados e Distrito Federal sobre a instituição de impostos. A Federação do Comércio do Paraná já se preocupava com a situação. Não é mais possível ignorar o crescimento do sistema eletrônico de vendas. Consideramos que o cidadão que reside no estado precisa deixar aqui seus impostos para gerar mais desenvolvimento, investimentos em segurança, saúde, educação, além de outros benefícios sociais. jul 2006

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Estamos perdendo o otimismo A Federação do Comércio do Paraná está divulgando a décima edição da Pesquisa de Opinião do Empresário do Comércio (para o segundo semestre de 2006). Novamente estamos sugerindo às autoridades municipal, estadual e federal uma análise detalhada e profunda sobre as respostas obtidas. Não é nenhuma novidade a reclamação recorrente dos empresários dos diferentes setores sobre a questão da carga tributária. Temos trabalhado de forma incansável sobre esse problema, que retira do empresário e do trabalhador parcelas significativas de dinheiro que poderia ser direcionado para o desenvolvimento e para novos investimentos no caso do empresário, ou para o consumo, no caso do cidadão. Afinal, 73,87% dos empresários não podem estar reclamando de algo que não seja uma preocupação realmente importante. E, pior: este percentual já foi maior, 79,49% no primeiro semestre. Ou seja, parece que a maioria já sabe que não adianta reclamar, apontar, sugerir, brigar: não muda muita coisa ou não muda nada. O segundo colocado na preocupação do empresariado também é algo pelo qual a Federação do Comércio do Paraná vem brigando: encargos sociais elevados é a preocupação de 59,46% dos empresários consultados. Defendo que as autoridades pensem e reflitam sobre o que reclamam os empresários do comércio de bens, serviços e turismo nesta pesquisa. Medidas pontuais, adotadas pelo governo do Paraná, como isenção de ICMS e redução de alíquotas, ajudam, favorecem, mas não são iniciativas apenas SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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estaduais que solucionam o problema, é preciso que o governo federal faça a sua parte para tranquilizar o empresário. Sem uma nítida imagem do que está se formando no horizonte, os empresários perdem o otimismo que vinham cultivando nos últimos anos. A pesquisa da Fecomércio PR mostra que caiu de 87,5% para 64,34% aqueles que acreditavam que teremos um futuro melhor, boas vendas, lucro garantido e contas pagas. set | out 2006

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Limites das políticas restritivas na economia brasileira Na medida em que o governo escolhe a estabilização de preços como prioridade número um, ele também assume, conscientemente, que sacrificará o crescimento econômico nacional, a curto prazo. No contexto brasileiro, desde a segunda metade da década de 1990 até o presente, o governo priorizou o combate à inflação, uma herança histórica e resistente no país, adotando políticas de contenção ou restritivas para a economia. Não se questiona aqui a escolha do governo ou o tipo de política adotada. A magnitude e intensidade do distúrbio econômico mais do que justificava a opção governamental diante da importante e necessária redução do processo inflacionário. Todavia, uma outra realidade evidente por si só, neste momento, é a estrutura brasileira que chegou ao limite da capacidade de suportar a prática de políticas econômicas restritivas ou de contenção. Mais ainda, a continuidade desse padrão de política, a partir do atual momento da economia brasileira, levará a mais custos e menos retornos positivos. Em termos econômicos, sociais e políticos, os danos serão maiores que os benefícios. Do ponto de vista do cidadão e do eleitor, a viabilização do binômio “expansão do emprego e crescimento econômico”, revela-se mais importante. O que se identifica é um gargalo entre a demanda por trabalho, em especial os jovens em busca do primeiro emprego,

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e a capacidade de alocação de trabalhadores pelo sistema produtivo. Existe uma imensa capacidade produtiva instalada na economia brasileira, mas um percentual elevado dessa capacidade está ociosa, não utilizada. Cria-se, assim um hiato entre o produto potencial que se apresenta maior que o produto real obtido na economia. A situação agrava-se pela ocorrência de fatores paralelos imprevistos como seca, doenças em rebanhos e a alta nos preços do petróleo no mercado mundial nos últimos dois anos. A taxa de cambio, se por um lado pode ajudar na importação, por outro lado, faz com que alguns setores produtivos enfrentem dificuldades nas exportações. Portanto, no atual estágio da economia brasileira, é de fundamental importância a conscientização dos eleitos em outubro (de 2006), de que é chegada a hora da implementação de políticas expansivas e de aquecimento. É a hora da guinada, em busca do necessário e consistente crescimento econômico do país. nov | dez 2006

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Destravando a economia brasileira

Ao findar o ano de 2006, nada mais urgente para a economia brasileira do que a aceleração do crescimento. Se comparado a países em condições semelhantes de desenvolvimento, ou seja, China, Índia, Rússia e México, o Brasil vem atrás de todos eles em termos de crescimento do PIB. O presidente da República, reeleito, anuncia para 2007 essa priorização. Dentre as alternativas para destravar a economia em 2007, pessoas do governo sinalizam: o aumento de investimentos do setor público, priorizando infraestrutura; a desoneração tributária de até R$ 12 bi, em benefício das empresas, na forma de isenções fiscais e cortes em alíquotas de impostos e a redução de R$ 4 bi nos gastos públicos, sobre o orçamento de 2007. Todas estas opções são justificáveis por si próprias. No entanto, não são insuficientes, pois o governo tem um orçamento limitado e dependente da aprovação do Legislativo. Nesse sentido, há que se tomar uma providencia importantíssima, que é o incentivo aos investimentos do setor privado. A economia brasileira atingiu um estágio onde seu crescimento, tal qual nos demais países em desenvolvimento, passa a depender muito mais dos investimentos privados, do que do setor público. Para a concretização dessa meta, há que se criar condições de estímulo a esse capital onde, muitas vezes, uma parcela importante corresponde a recursos do resto do mundo. Algumas providencias complementares são necessárias: estimulo à redução de custos das empresas e aumento da competitividade; consolidação de aparato legal de garantia a novos SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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investimentos; definição de marcos pelas agencias reguladoras, que garantam a segurança e interesse dos investidores externos; institucionalização da defesa da concorrência, a fim de estimular investimentos em fusões e a quebra do monopólio estatal em segmentos específicos. Paralelamente, a melhora do crescimento da economia brasileira em 2007 requer, ainda, duas outras providencias importantes: aceleração da queda dos juros na economia e adoção de taxa cambial que melhore a competitividade dos produtos brasileiros. Não há mais espaço para ocorrência semelhante àquela da década de 1970, em que o setor público era visto e se comportava como o motor do crescimento da economia brasileira. Neste fim da primeira década do século XXI, cabe ao governo estimular investimentos empresariais em capital produtivo, gerador de emprego e multiplicador de renda, que se encaixa no padrão de necessidades da economia brasileira. Outras prioridades devem igualmente constar das preocupações do governo e da sociedade. Sua viabilização, no entanto, não é imediata. Destacam-se aí: o tamanho e peso do estado e a carga tributária inadequada aos padrões atuais da economia brasileira. A necessidade é urgente: o Brasil precisa crescer mais rapidamente, até para não perder espaço em relação aos demais países nas mesmas condições de desenvolvimento. E o ano de 2007 apresenta como referência para início dessa mudança. dez 2006

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Em busca da transformação Estamos iniciando um ano que promete ser muito promissor para o comércio brasileiro e, claro, para o paranaense. Isso ficou claro na pesquisa realizada pela Fecomércio PR, em que os empresários do estado apontaram perspectivas otimistas para os seis primeiros meses deste ano (de 2007). Acreditamos que os piores momentos que o nosso país poderia viver, já passaram. Tivemos, de novo, um período eleitoral relativamente conturbado, mas prevaleceram as opiniões da maioria e reiniciamos administrações que já estavam em curso. Passados os festejos de fim de ano e o carnaval, o país começa a tomar seu rumo no sentido do desenvolvimento. Temos projetos a serem colocados em prática, negociamos mudanças estruturais na economia (caso da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas) e abrimos espaço para o empresário do comércio de bens, serviços e turismo junto aos governos estadual e federal, apontando reivindicações, negociando redução de impostos e abrindo novos mercados. Vamos colaborar com mudanças importantes no contexto do Paraná. É o caso do investimento para a recuperação do Paço da Liberdade, em Curitiba, que englobará um trabalho envolvendo toda a região do centro da cidade, beneficiando, de forma direta ou indireta, mais de 900 estabelecimentos do comércio local. Novas unidades estão sendo projetadas ou prestes a serem entregues à sociedade paranaense, ampliando os serviços oferecidos pelo Sesc, pelo Senac ou pela Fecomércio PR. A interiorização das nossas ações se intensificará em 2007, porque queremos nos aproximar cada vez mais do cidadão, SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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do empreendedor e daquele que nos proporciona a representatividade e a força perante as forças constituídas. O nosso trabalho junto aos municípios de baixo IDH também ganhará força neste ano. Em parceria com outras entidades, queremos ajudar na transformação do Paraná, cumprir com a nossa obrigação de cidadão e de representante dos empreendedores do comércio. Mas não faremos isso sozinhos. Queremos sua companhia. Venha conosco transformar o Paraná! jan | fev 2007

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Sistema Fecomércio em Foz do Iguaçu O Sistema Fecomércio realiza um sonho neste mês de maio (de 2007). Depois de anos de espera, estamos inaugurando a unidade do Sesc de Foz do Iguaçu, um polo econômico importante no estado que tem se voltado cada vez mais para a sua essência, o turismo, aproveitando-se da exuberante natureza que levou para as três fronteiras (Brasil, Paraguai e Argentina) o que há de mais belo. A Itaipu Binacional é, sem sombra de dúvidas, o maior marco de engenharia do Brasil e das Américas. Perdemos algumas maravilhas – como as Sete Quedas – para que fosse formado o lago, mas ganhamos em energia para movimentar o nosso desenvolvimento e de todo o país. Temos naquela região um contingente muito grande de trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo. E é esse público que o Sesc, a partir de agora, com toda a grandeza desta nova unidade vai atender com ações de lazer, de responsabilidade social, de cultura e de educação. Paralelo a esse grande marco, importante para a história do Sesc, estamos implantando também, no antigo Hotel Cassino, cedido pelo governador Roberto Requião, o Centro de Educação Profissional do Senac, que ofertará para a população da região cursos nas áreas da hotelaria, turismo e gastronomia, tornando-se um centro de referência no setor, desenvolvendo talentos na área e que serão disseminados por todo o mundo. Vamos estimular, ainda mais esse potencial turístico de Foz do Iguaçu, em conjunto às autoridades locais e com o SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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próprio cidadão. Vamos desenvolver também os empreendedores do comércio de bens, serviços e turismo, porque são eles a mola-mestra do desenvolvimento em qualquer parte do país ou do mundo. Foz do Iguaçu e toda a região está de parabéns. Nós do Sistema Fecomércio Sesc Senac estamos conscientes de que estamos cumprindo com a nossa missão. Vamos compartilhar com o cidadão de Foz do Iguaçu e toda região, as possibilidades de crescimento pessoal e profissional que os cursos do Sesc e do Senac proporcionam. abr | mai 2007

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Estamos iniciando uma nova caminhada Reeleito para mais um mandato diante da Fecomércio PR quero, antes de tudo, agradecer o voto de confiança que me foi dado pela quase totalidade dos dirigentes sindicais patronais vinculados à entidade. Posso garantir que não é fácil ter o respeito e o reconhecimento de tanta gente. É sinal de que fizemos um bom trabalho, mas também de que nossos companheiros esperam que trabalhemos ainda mais pelo Sistema Fecomércio Sesc Senac PR, pelos empresários do comércio de bens, serviços e turismo do Paraná. Durante a administração passada, contamos com a colaboração de verdadeiros amigos e companheiros – presidentes de sindicatos, diretores e vice-presidentes – que compartilharam comigo a administração do Sistema, formado por três entidades distintas e que se aglutinam em uma só: a Fecomércio como verdadeira holding, tem sob seu comando o Sesc e o Senac. Foram colaboradores notáveis. Tivemos apoio em várias iniciativas, todos compreenderam a nossa determinação e nossa orientação e ajudaram a transformar essas entidades em verdadeiras representantes, agora não apenas dos trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo, mas também representantes dos empreendedores destas áreas. Meu trunfo para a próxima administração é o mesmo. Conto com a colaboração de presidentes de sindicatos que estão incluídos na diretoria do Sistema e também daqueles que não fazem parte da diretoria. Tragam ideias, apontem soluções. Vamos atrás do que for melhor para os empresários

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do Paraná. Queremos o empresariado envolvido com as nossas ações. Vamos voltar a percorrer o estado, mostrando o que fazemos e o que podemos fazer. E queremos todos, de novo, unidos em torno deste ideal, que é de melhorar nossas empresas, os empreendedores, e nossos colaboradores. Conto com vocês. jun | jul 2007

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Na hora da luta, precisamos estar juntos Não é novidade nenhuma um provérbio que diz: “a união faz a força”. Temos consciência disso e estamos procurando colocá-lo em prática sempre que possível, afinal a própria Fecomércio PR é prova disso: a reunião de empresários do comércio de bens, serviços e turismo em torno de objetivos comuns. Estamos tendo a oportunidade de dar uma amplitude ainda maior ao provérbio, com a criação das câmaras setoriais da Fecomércio. Recentemente, com a instalação da Câmara Estadual de Serviços Terceirizáveis, pudemos nos certificar do quanto é importante reunir pessoas e empresas com o mesmo objetivo, aglutinar interesses comuns e dar oportunidade ao fortalecimento das ideias. Já estamos fazendo isso, possibilitando o encontro de empresários com os mesmos objetivos e as mesmas dificuldades, com outros setores importantes da economia vinculada ao comércio do estado. Exemplo disso são os setores do turismo, de autopeças, e da mulher, entre outras, dando força à união de interesses. Os exemplos de que a união é extremamente importante estão a nossa volta. Os países estão unindo-se em blocos para ganhar força econômica e representatividade. Os empresários também precisam conscientizar-se disso. Seremos mais fortes se estivermos juntos, discutindo nossos problemas e encontrando soluções. Temos de ser competitivos, buscar diferenciais de atendimento e de produtos, mas não podemos lutar sozinhos, SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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porque perdemos a força. Na hora da luta, precisamos estar juntos, defendendo nossos interesses. A Fecomércio PR quer estimular ainda mais essa participação ativa do empresariado na sua entidade representativa. Você está sendo convocado a trabalhar conosco, buscar soluções conjuntas para seus problemas e, quem sabe, servir de exemplo para toda a comunidade. ago | set 2007

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Mais um ano, mesmas bandeiras de luta Estamos nos despedindo de mais um ano. 2007 vai ficar marcado na memória de todos nós como um ano de muita luta. Brigamos por redução da carga tributária em um esforço político, conseguimos derrubar a CPMF – um imposto pesado, que incidia sobre toda a produção refletindo, é claro, no preço final dos produtos e retirando, de novo, dinheiro que estaria em circulação, gerando emprego, renda e desenvolvimento. Não éramos contra a CPMF, e sim contra a alíquota de 0,38%. Para cumprir com o seu papel fiscalizatório, a “contribuição” poderia ser mantida, num percentual de 0,02%. Independente dos entraves – eles não foram específicos deste ano, afinal a carga tributária é pesada há alguns anos e continuamos produzindo – o comércio do Paraná comemora excelentes resultados. Até outubro, conforme a Pesquisa Conjuntural realizada pela Fecomércio PR, as vendas acumulam resultado expressivo: alta de 7,85%. A perspectiva, uma vez que estamos esperando por um dos melhores natais dos últimos anos, é que possamos fechar o ano com crescimento superior a 10% nas vendas. Estamos em mais um fim de ano e vamos fazer um breve exercício de análise: sem a CPMF, serão cerca de R$ 40 bilhões (o que o governo esperava arrecadar em 2008) que estarão de volta na economia: comércio, indústria, serviços, lazer, etc... Mas é claro que teremos aumento de outros impostos para compensar a perda. Portanto, teremos as mesmas (e novas) bandeiras de luta em 2008. E, apesar dos horizontes um tanto nebulosos, nós do comércio de bens, serviços e turismo SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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estamos fazendo nossa parte: crescendo, gerando empregos e divisas e desenvolvimento para a Nação. Que todos tenham um excelente Natal e um ano de 2008 pleno em realizações. nov | dez 2007

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Agora falta a Reforma Tributária A decisão do Senado da República de não aprovar a prorrogação da CPMF constitui importante sinalizador da necessidade de adoção urgente de reestruturação tributária no Brasil. Uma reforma tributaria não pode ser tomada como um fim em si mesmo. Deve ser elaborada como parte do processo de viabilização de objetivos econômico-sociais e não de forma isolada e autônoma, tão somente na perspectiva de elevar a receita do governo. Reforma Tributária no Brasil é reivindicada há longo tempo pelos que pagam e prometida pelos que cobram, mas nada de positivo realizou-se até agora, que pudesse atender os anseios da população. No momento em que a sociedade assimila os efeitos da extinção da CPMF, nada melhor que iniciar, de forma contundente, a definição de um novo perfil tributário. Um sistema que elimine o efeito cascata incidente nas etapas da cadeia produtiva e facilite o exercício das atividades das classes produtoras; que seja componente ativo do processo de crescimento da economia, da geração de emprego e da melhor competitividade do produto brasileiro no mercado internacional. O tributo é elemento importante do conjunto de instrumentos da política econômico-social de qualquer país. Mas não pode e não deve ser tomado, por si só, como objetivo a ser atingido. A estrutura tributária é parte de um contexto mais amplo, voltado à viabilização de metas e objetivos prioritários em qualquer nação. Se tomada como um objetivo em SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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si mesmo, dilui a eficiência e não se justifica. Não se pode correr o risco de cometer esse tipo de confusão. Todavia, a prática adotada pelas autoridades governamentais no Brasil, privilegia a adoção dos tributos como um objetivo e não o que efetivamente deveria acontecer: um instrumento integrante de um processo mais amplo, de viabilização de objetivos. A tributação é um elemento importante na viabilização de objetivos econômico-sociais, podendo atuar simultaneamente sobre diversos deles, com graus distintos de intensidade. Os objetivos a serem contemplados devem estar especificados, para que se possa mensurar a adequação entre meios e fins e, posteriormente, qualificar o grau de eficiência alcançado. A tributação só se justifica na seqüência de uma interação com objetivos especificados. Em uma reestruturação tributária, cabe maximizar o grau de eficiência e eficácia de um instrumento cuja ação deve contribuir para a melhoria da qualidade de vida do cidadão, mas não dificultá-la. jan 2008

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Menos governo e mais iniciativa privada

Está cada vez mais difícil fugir do Leão. No ano passado, segundo a própria Receita Federal, foram multados 483 mil contribuintes pessoas físicas por evasão fiscal. Isso rendeu ao governo um total de R$ 13 bilhões. Interessante porém, é prestar a atenção a uma observação do secretário da Receita Federal, Jorge Rachid. Segundo ele, a maioria dessas pessoas foi apanhada pelo fisco não por má-fé, e sim por erros e omissões na hora de fazer a declaração do Imposto de Renda. Essas informações nos dão duas lições, tanto como empresário quanto como cidadão. O brasileiro está cada vez mais vigiado e não pode deixar de recolher suas obrigações, porque corre o sério risco de se incomodar com as cobranças da Receita Federal. E o aperfeiçoamento dos instrumentos de controle fazem crer que ninguém está de fora da fiscalização e pode ser apanhado a qualquer momento, em qualquer deslize, intencional ou não. Em um segundo momento, podemos ver que mesmo com uma sobrecarga tributária, somos honestos por natureza e pagamos nossos tributos, mesmo considerando que há injustiças em alíquotas pesadas demais, que retiram o dinheiro do bolso do cidadão, que poderia estar movimentando a economia, para designá-lo às “burras do governo”, onde se perde na burocracia e nem sempre resulta em crescimento, desenvolvimento, emprego e renda. Os empresários – sejam como donos das empresas ou como cidadãos – continuam no foco das atenções da Receita.

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Os donos e diretores de empresas foram apontados como os que mais praticaram evasão fiscal, seguidos dos funcionários públicos e dos aposentados, conforme as informações da Receita. Tiramos algumas lições destes erros e das informações prestadas pela Receita. Precisamos, sim, continuar lutando pela redução da carga tributária, porque dinheiro no bolso do cidadão significa mais vendas, mais produção, mais desenvolvimento, na ordem direta, no olho no olho. Imposto retira nossa capacidade de produzir, de vender e de comprar mais, de fazer girar essa engrenagem econômica que se chama oferta e demanda dentro de parâmetros de primeiro mundo. fev 2008

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Por um 2008 sem sobressaltos O ano de 2007, recém-findo, deixou marcas agradáveis para o comércio do Paraná. A Pesquisa Conjuntural do Comércio, realizada pela Fecomércio PR, constatou que o comércio de bens, serviços e turismo apresentou crescimento de 7,5% na comparação com o ano de 2006 e alta de 5,46% se comparados aos dezembros de 2007 e 2006. São percentuais extremamente positivos, até porque vínhamos de uma base que já estava em ascenção. Há motivos para comemorar? Por um lado, sim, afinal vender mais aumenta o lucro e gera mais divisas e empregos, mas a elevada carga tributária continua aí, no contrapeso do crescimento e do desenvolvimento. A grande notícia é que uma reforma já está no Congresso e espera-se que dê os resultados esperados. O bom desempenho do comércio no ano passado tem alguns fatores que precisam ser levados em consideração. Caso, por exemplo, do crescimento da indústria da construção civil (comércio e indústria são interligados) e a expansão do agronegócio, que superou seus problemas fito-sanitários e está prestes a abrir mercados internacionais novamente. Dinheiro fácil, mesmo com juro ainda muito caro, também possibilita aumento nos negócios. As pessoas compram mais e o comércio gira melhor seus produtos. A inflação controlada, dentro das metas estabelecidas pelo governo, também é fator que dá tranquilidade ao trabalhador que acaba assumindo novos compromissos. O setor de material de construção, por exemplo, está SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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vendendo bem. Não apenas a indústria da construção sentiu o crescimento, mas também o chamado “comércio formiga”, em que o consumidor, com mais dinheiro no bolso, acaba promovendo reformas em suas residencias. Os fatores positivos estão colocados na mesa do jogo e esperam pelos lances de 2008. Se tudo transcorrer sem sobressaltos, teremos um ano muito bom, com mais geração de emprego e renda e, quem sabe, com, menos carga tributária sobre as costas. fev | mar 2008

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Formando novos líderes Intelectuais costumam orientar pessoas a viver os momentos intensamente, lembrando que o passado não volta mais e o futuro é incerto. Temos que ter consciência da própria palavra “presente” para aproveitar o que recebemos a cada momento, buscando realizar ações que intensifiquem a nossa presença na sociedade. Todos, indistintamente, somos escolhidos para realizar algo, transformar a nossa realidade para melhor e, se possível, a realidade dos outros. É assim que a Federação do Comércio do Paraná encara o que vem fazendo em parceria com o Sebrae/PR, no Programa de Desenvolvimento de Lideranças Sindicais. Já percorremos algumas cidades e mantivemos contato com presidentes, vice-presidentes e executivos de sindicados do comércio de bens, serviços e turismo que estão participando do projeto, conscientes da importância que é ampliar o conhecimento e formar novos líderes, para que cada comunidade possa contar com homens e mulheres preparados para o presente e para o futuro. Ao preparar essas lideranças para que vejam de forma diferente o trabalho que realizam e conscientizem-se da importância do que fazem, estamos dando a nossa parcela de contribuição para o desenvolvimento de cada cidade, comunidade e sindicato. Precisamos estar preparados e preparar nossos companheiros aos novos tempos, ao futuro incerto, procurando torná-lo ao menos previsível. Na abertura de um desses encontros, afirmei que “a história fará justiça ao trabalho que estamos começando agora, com esse projeto de formação de lideranças”. abr | mai 2008

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O congresso e o desenvolvimento empresarial Estamos realizando o I Congresso Estadual do Comércio, principal comemoração pelos 60 anos da Federação do Comércio do Paraná, trazendo para palestrar aos empreendedores do comércio de bens, serviços e turismo alguns expoentes do setor, da política e da economia. Queremos, com este evento, incentivar o empresário a compartilhar experiências e conhecer novas iniciativas, aquelas que poderão estimular ainda mais a melhoria na atividade diária. Tive oportunidade de, em junho passado (de 2008), participar de um encontro com empreendedores de todos os níveis em Bolonha, Itália (região Emilia-Romana). O encontro, que teve por finalidade mostrar as nossas iniciativas na área do cooperativismo e do empreendedorismo, possibilitou conhecer um pouco mais do pensamento europeu e sua visão sobre o Brasil. É certo que vivemos em um país em desenvolvimento. Temos muito a aprender com o chamado “mundo civilizado”, porém, posso garantir que também temos muito a oferecer, porque somos privilegiados em muitos aspectos. Temos um povo que sabe buscar soluções e não fica amarrado em problemas; temos uma natureza pródiga, terra produtiva, além de riachos e nascentes para matar a sede do mundo. E, justamente, oferecer soluções para os problemas é um dos objetivos do Congresso do Comércio. Paralelo ao congresso realizaremos também uma feira de produtos tecnológicos, que pretende mostrar e oferecer ao empreendedor o que há de mais moderno para a gestão de seus negócios. SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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Afinal, esta é a nossa função enquanto entidade representativa: possibilitar conhecimento, apresentar alternativas, mostrar o que somos, como somos e o que podemos ser. Há outra comemoração importante na mesma oportunidade: os 60 anos do Sesc que está presente no dia a dia do paranaense, oferecendo lazer e qualidade de vida. E, para marcar ainda mais nossa passagem enquanto disseminadores de produtos, bens e serviços, faremos o lançamento de um livro histórico sobre a história do empreendedor do comércio no Paraná. Por último, vamos repetir a solenidade de homenagem aos “Guerreiros do Comércio” – homens e mulheres responsáveis pelo desenvolvimento sócioeconômico e cultural do Paraná jun | jul 2008

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Todos ganharemos Temos um trabalho de gigante pela frente. Mas isso não é nenhuma novidade para quem está acostumado a desafios. 2008 tem sido o ano da confiabilidade. Estamos trilhando o caminho da estabilidade e nem mesmo as crises internacionais fragilizaram nossa economia como acontecia em situações anteriores. Uma pesquisa realizada pela Fecomércio PR com empreendedores do comércio do estado, mostrou pequena queda no otimismo do nosso empresário, para o segundo semestre. Nos seis primeiros meses, 88,04% dos nossos companheiros acreditavam que teriam os próximos seis meses de bonança. Agora, para o segundo semestre, são 84,9% os que continuam confiantes. Essa pequena queda de 4,18 pontos percentuais não deixa de ser significativa, porque ainda não atingimos a plenitude. Falta, por exemplo, a tão desejada reforma tributária; a queda na taxa de juros e a possibilidade de investimentos. Mas o nosso grande desafio – aquele que ainda está a nossa frente – é o trabalho pela redução das diferenças sociais. O ano de 2009 terá de ser o ano da educação e do trabalho voltado para aumentar o IDH. Não podemos ficar de braços cruzados enquanto milhares de cidadãos, em vários municípios do Paraná, sofrem com a falta de condições de higiene, de segurança, de alimentação e moradia. Temos em nossas mãos o compromisso de trabalhar para que essas diferenças sejam reduzidas, uma vez que temos consciência de que não há como eliminá-las totalmente. É um trabalho que precisa ser feito a quatro, seis, oito mãos. Governos do estado e dos municípios, entidades de SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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classe e a sociedade organizada em geral, precisam coordenar as atividades em um único rumo e centralizadas, oferecendo condições de sobrevivência digna a quem hoje não a tem. O Sistema Fecomércio Sesc Senac PR continuará fazendo a sua parte. Temos compromisso com isso e não podemos reduzir as atividades. Participamos de todas as ações que geram desenvolvimento do ser humano, e vamos ampliá-las ainda mais. Vamos convocar a sociedade em geral para dar as mãos e se unir neste trabalho. Todos ganharão neste jogo que tem o desenvolvimento pessoal e profissional do ser humano como objetivo. ago | set 2008

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A pior crise é a moral Acompanho, com grande preocupação, o desenvolvimento da atual crise econômica que começou nos Estados Unidos e se propaga, de forma rasteira e violenta, pelos demais países. Apesar de ter sido considerada “marolinha”, a jogatina em que se transformou o sistema financeiro norte-americano tem se mostrado verdadeiro “tsunami” também em terras brasileiras. Há empresas fechando as portas porque não conseguem exportar e outras demitindo porque não conseguem vender. O que mais preocupa, de verdade, é que a atual crise nem é tanto financeira. É muito mais de falta de moral, de falta de ética, de negociatas e jogatinas. O sistema financeiro transformou-se em verdadeiro cassino em que dinheiro real se confunde com o virtual, e no fechar das contas – contas que não conseguem ser fechadas – todo mundo acaba pagando. Esse é o preço que se paga pelo mundo globalizado. Bilhões de dólares já foram despejados em bancos quebrados e em financeiras mal das pernas. Sem querer fazer comparações porque os tempos – e as instituições financeiras – são outros, mas é bem provável que a atual crise seja ainda pior que a de 1929, que levou milhares de pessoas à miséria. Hoje, pelos meandros da estrutura financeira escorrem outros bilhões de dólares que simplesmente não existem e, por isso mesmo, desaparecem ao primeiro susto. Mas alguém sempre paga. Preocupa-me o verdadeiro “desgoverno” e a despreocupação com a legislação. Tenho a impressão de que vivemos um período de desobediência às normas que regem a convivênSISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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cia harmônica entre seres humanos. Dinheiro é importante porque compra quase tudo que precisamos e possibilita, a alguns, conforto e bem-estar, coisas negadas a quem não tem nada ou tem muito pouco. E são esses que têm nada ou muito pouco é que sentem mais os reflexos desta falta de ética, de respeito e de moral. Defendo que os retomemos à credibilidade perdida. Lembro com saudades dos meus tempos de juventude, quando um fio de bigode ou a palavra dada eram mais valiosos que documentos assinados. Está faltando moralidade. Está faltando ética. Está faltando respeito. Precisamos recuperá-los! out 2008

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À espera dos novos desafios Creio que a palavra que pode resumir o ano que está terminando seja “desafio”. Tivemos vários durante 2008, principalmente em razão da crise financeira que se instalou no nosso principal parceiro comercial, os Estados Unidos. Os desafios foram para superar as dificuldades, encontrar compradores, contornar perdas, investir na Bolsa, retirar o dinheiro investido, comprar e vender moeda, entre tantos outros. Desafio ainda, para buscar alternativas à carga tributária que continua pesando sobre nossos ombros, felizmente atenuada com algumas iniciativas pontuais, como as adotadas no Paraná, que reduziu impostos em vários produtos durante todo o ano, graças ao trabalho persistente e constante de várias entidades (a Fecomércio PR uma delas), lutando pela manutenção das micro, pequenas, médias e grandes empresas. Desafios para superar a seca e as enchentes que também atingiram o nosso estado. Desafio para a agropecuária abrir espaço interno e externo e vender mais, porque nossa economia ainda tem no setor primário um dos seus baluartes. Porém, isso apenas nos preparou para os desafios que virão em 2009. Senão os mesmos – crises, tributação, problemas climáticos, abertura de mercados – teremos, nós do Sesc e do Senac, outros: ampliar a nossa cobertura de cursos gratuitos e oferecer mão de obra especializada para um mercado cada vez mais carente de bons profissionais. No Sesc, dar continuidade, agora com mais afinco, à gratuidade no atendimento educacional de crianças, jovens e adultos. São desafios possíveis de serem atingidos. Mas vamos precisar, de novo, da garra e da disposição de todos SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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os nossos colaboradores. Tenho certeza que vamos atingir nossas metas. Feliz 2009 para todos, com um horizonte límpido e transparente. nov | dez 2008

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À espera da virada Estamos passando por momentos difíceis e pagando o preço da globalização. Interessante observar que a chamada “globalização” veio para derrubar barreiras, amenizar fronteiras e possibilitar amplos negócios entre países e entre grupos econômicos. Isso acontece, mas de forma ainda muito tímida. Os grupos econômicos e os países acabaram inventando outras barreiras, além das econômicas, como tarifas sobre produtos importados para manter a competitividade interna. Vieram as barreiras sanitárias, alfandegárias, etc. Porém, ao mesmo tempo em que ainda emperra os negócios, a globalização é pródiga na distribuição das crises. Já tivemos a Crise do Petróleo – pela qual o Brasil ainda está pagando – e a Crise Russa, que acabou disseminando problemas, queda em bolsas de valores, etc. Se a Bolsa Asiática “balança”, o resto do mundo transpira de medo. Nosso principal parceiro comercial – nosso e de quase todo o resto do mundo – acabou comprometendo sua economia. Os EUA “espirraram” e o Brasil pegou uma pneumonia. A falta de controle sobre a concessão de crédito para compra da casa própria para quem não podia pagar, não deixou apenas um rastro de moradias abandonadas em bairros pobres ou nem tanto em várias cidades norte-americanas. Fez com que o produtor brasileiro de soja não tivesse para quem exportar, porque faltou crédito para a aquisição do seu produto; fez com que o exportador de minério – aqui ou em outros países – tivesse que demitir em virtude da menor demanda, menor produção; fez com que o pecuarista perdesse dinheiro porque o frigorífico que exportava o seu produto, não tinha SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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para quem vender. E fez com que as montadoras de veículos, base sólida para agregar valor ao produto, também tivessem que reduzir a produção, porque não há para quem vender. A engrenagem refluiu. Estava, até novembro passado, azeitada para transformar 2008 no melhor ano deste e do século passado. E tudo projetava um 2009 em ascensão. O mundo ainda está com medo. Temos que fazer a nossa parte, estimular a demanda para que cresça a oferta. Geração de emprego e renda ainda é a saída para o desenvolvimento sustentável. É claro que esperamos por isso. É nisso que estamos apostando. E que 2009 nos surpreenda, de forma positiva. jan | fev 2009

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Creio firmemente na livre iniciativa Sou um dos ardorosos defensores da máxima que prega: “menos governo, mais liberdade para investir”. E por ter essa crença, defendo que muitas das iniciativas que hoje são dos governos, passem para a iniciativa privada. Saúde, educação e segurança são as atividades que nossos governantes deveriam ter como fundamentais. E investir nelas para atender ao cidadão. Outras atividades podem ser assumidas pelos empresários, em forma de parceria, quando for necessária participação do poder público. O Sistema Fecomércio Sesc Senac PR e Prefeitura de Curitiba estão dando um exemplo de quando a iniciativa privada pode colaborar com o poder público. Estamos entregando aos paranaenses e ao mundo mais uma obra patrimônio do estado, que estava abandonada e degradada. Pelo Sesc, recuperamos o antigo Paço Municipal, que já foi prefeitura, museu e – sabe-se agora – mercado público e câmara municipal, transformando-o no Paço da Liberdade. Será utilizado pelo Sesc PR como um centro irradiador de cultura, de lazer e de preservação histórica. É por crer na livre iniciativa que fizemos essa parceria. É por acreditar que podemos usar recursos da sociedade para beneficiar a própria sociedade, que assinamos este convênio com o prefeito Beto Richa. Trabalhamos em conjunto para demonstrar que o empreendedor pode, sim, fazer obras que estejam sob responsabilidade do poder público. SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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O que precisamos agora, é que o poder público, em todas as esferas – municipal, estadual e nacional – compreenda essa parceria como uma via de duas mãos: menos carga tributária sobre as empresas e sobre o cidadão, para que tanto empresa quanto empreendedor possam retribuir, realizando obras e participando ativamente da construção da Nação. mar | abr 2009

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Otimismo exagerado? Considero-me um otimista.Não exagerado, mas otimista. Já disse nestas páginas que sou otimista e defendo a livre iniciativa, pois estou voltando com palavras de estímulo e, claro, de otimismo. Aos poucos, estamos saindo de um período crítico, quando as economias de todo mundo – e aqui está o verdadeiro sentido da globalização, que distribui, nem sempre em iguais condições, as coisas boas e as ruins – sofreram com a crise de crédito aberta pela falta de controle no sistema bancário norte-americano. Vejo sinais de que já passamos pelo pior. Desemprego, queda nas exportações, queda na produção industrial e queda na produção agrícola esta nem sempre em função de uma crise internacional, mas mais pela questão climática que nos atingiu, de novo, de forma violenta. O emprego está voltando. A indústria está, novamente, produzindo. E a economia, essa engrenagem que precisa de cuidados muito especiais, está de novo girando, lenta e gradualmente, rumo a uma estabilização. Temos mais a comemorar. A realização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, se antes já era uma projeção de estímulo econômico, ganha contornos ainda mais especiais para nós, paranaenses. Curitiba, confirmada como uma das subsedes, começa a fazer investimentos que vão representar mais emprego e mais dinheiro circulando no comércio e na indústria. Estamos saindo da crise. E estamos entrando em um período que tem tudo para ser extremamente progressista. Graças ao esporte e ao futebol, o paranaense – e muitos outros brasileiros – ganharão infraestrutura de primeiro SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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mundo: estádios, ginásios, meios de transporte, construções em geral, permanecerão trazendo conforto ao cidadão e retorno aos investimentos. Sou otimista. Mas não sou exagerado. Tenho certeza que já estamos em rota ascendente na economia. E todos ganharemos. mai | jun 2009

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Precisamos estar preparados Na edição anterior desta nossa revista, comentei a respeito do meu otimismo com a economia não apenas do Paraná, mas de todo o Brasil. Os sinais de que estávamos retomando o crescimento já eram visíveis, e nosso setor, o comércio de bens, serviços e turismo, mesmo tendo reduzido vendas, faturamento e geração de empregos, manteve-se como o setor econômico que mais cresceu no primeiro semestre deste ano. O otimismo que apresentei então, não era e nem é exagerado. Tenho visto vários indicadores que apontam para o fim da crise, uma crise que não foi nossa e que mostrou para o resto do mundo, o acerto da política econômica do governo federal, que manteve os conceitos básicos, injetou recursos onde precisavam ser injetados e não retirou o apoio ao setor primário, tão necessitado de confiança. Com dificuldades, mantivemos a produção primária. A indústria sentiu o golpe da redução das exportações, mas um mercado interno relativamente aquecido, manteve as engrenagens em funcionamento. Continuo olhando pela escotilha e vejo mares mais calmos e tranquilos a nossa frente. Não fosse termos enfrentado um novo dilema, mais uma vez inesperado – a Influenza A – e já estaríamos “navegando em mar aberto e em águas tranquilas”, para usar um exemplo de fácil visualização. Com a a crise de crédito nos EUA e a disseminação de uma gripe para a qual estávamos pouco preparados e que acabou impactando no comércio, as pessoas foram estimuladas a não sair de casa – shoppings, cinemas, bares e restaurantes, SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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principalmente, foram os que mais sentiram os efeitos deste comportamento) e nos mostrou que precisamos estar preparados para o imponderável. Estamos sujeitos a crises inesperadas. Por isso, precisamos estar preparados para enfrentar adversidades, venham elas de onde vierem. jul | ago 2009

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A união que mantém a força Não há como negar que estamos saindo da crise financeira que se instalou no mundo a partir dos Estados Unidos, em outubro do ano passado (de 2008), muito melhor que a maioria dos outros países. Porém, a ausência de crédito, por absoluta falta de segurança no mercado financeiro, nos mostrou que é necessário que tenhamos caminhos alternativos, preparados para momentos como aqueles. E um desses caminhos é a formação dos blocos econômicos. É bem verdade que a Europa também sofreu com a crise do crédito, mas mostrou iniciativa ao injetar dinheiro na economia, e quando o fazia não havia necessidade de ficar esperando que cada país adotasse uma linha, que poderia ser diferente do outro. Tenho realizado várias reuniões nos mais diferentes pontos do país por indicação da CNC, discutindo a ampliação do Mercosul, o nosso bloco econômico que ainda não deslanchou porque não conseguimos ajustar pequenos detalhes que se transformam em grandes problemas. Uma moeda única, para negócios entre Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile, Bolívia, Venezuela e Peru (precisamos ampliar nosso bloco, transformar a América do Sul num único mercado) é um passo. E o Banco do Sul, já criado pelo governo brasileiro, com recursos dos países membros, garantirá esses negócios. Ainda falta muito – a Europa demorou mais de 50 anos para formar a Comunidade Europeia – mas estamos no caminho. Precisamos aparar as arestas, encontrar o rumo e SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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formalizar acordos que possam viabilizar, de fato e de direito, os negócios entre os países membros. Nosso bloco terá muito mais força para negociar com a Europa (ela mesma outro bloco) e com os Estados Unidos, que com o Canadá e o México também se protegem. Quem sabe desta forma, em futuras crises que esperamos não apareçam, estejamos – no bloco – mais preparados para enfrentá-las. set | out 2009

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Feliz Natal e 2010 pleno de realizações O PIB brasileiro cresceu 1,3% no terceiro trimestre do ano (de 2009). A divulgação foi feita pelo IBGE no apagar das luzes do ano (início de dezembro). O porcentual não é o esperado pelos economistas e pelo governo, mas é bem melhor do que vários países pelo mundo afora. Tenho repetido aqui nestas páginas e nos artigos distribuídos ao longo do ano, que o governo brasileiro agiu rápido e corretamente quando a crise, que parecia pequena, instalando-se a partir da ausência de crédito para a compra de casas nos Estados Unidos. Projetos encampados imediatamente pela equipe econômica brasileira estancaram uma verdadeira sangria que se aproximava. Tudo indicava que faltaria dinheiro para consumo e sem consumo, a economia não anda. O comércio não vende, a indústria não produz. Porém, o que se viu, de imediato, foi que o consumidor foi estimulado a consumir. O governo disponibilizou linhas de crédito, reduziu e até isentou alguns impostos e estimulou a demanda. Com ela, a oferta correu atrás do cidadão. Com confiança e emprego garantido, o consumo manteve-se em níveis satisfatórios. Agora, com a chegada do 13º salário, vamos ver, de novo, um Natal melhor do que o do ano passado, quando estávamos no pico da crise. Percorri o Paraná e o Brasil durante este ano e pude ver de perto os estragos que a crise provocou no comércio e na indústria. Mas fui um dos primeiros a dizer para o empreendedor do comércio de bens, serviços e turismo, que ele precisava manter o trabalhador trabalhando e seu empreendimento de SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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portas abertas. Precisava confiar no próprio poder de gestão e acreditar nas medidas que estavam sendo tomadas. Vejo com satisfação que estava certo. E que vamos ter, realmente, um bom Natal. Por isso mesmo, Feliz Natal a todos, e que o ano de 2010 não nos reserve nenhuma surpresa desagradável. nov | dez 2009

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Que este seja o ano da prosperidade! Feliz foi quem, um dia, vários séculos atrás, inventou o calendário. A cada ano, nada muda e tudo muda. Difícil compreender? Realmente é interessante observar como os dias são iguais, semelhantes. O sol nasce, a gente acorda, levanta, trabalha, toma decisões que mudarão nossa vida e de muita gente. A noite chega, vamos para nossas casas descansar e aguardar por um novo dia. Tudo numa sequência com apenas uma mudança: a cada dia que passa ganhamos, além de idade, mais experiência, uma visão mais aguçada das situações que nos cercam e, principalmente, consciência da nossa importância e das pessoas que nos cercam, no projeto do criador do universo. Porém, entre esses dias semelhantes existe um calendário! A virada de um ano, a passagem de dezembro para janeiro, os fogos de artifício que marcam essa mudança, geram transformações, na maioria das vezes, imperceptíveis aos seres humanos. Mas elas são singulares. Na maioria das vezes, a passagem de um ano difícil para outro, que pode também ser difícil, nos enche de esperança. É essa esperança que move o ser humano em sua constante busca da transformação, da perfeição e do crescimento pessoal e profissional. Tivemos, no ano passado, dificuldades que foram superadas a cada hora, a cada dia e a cada mês. E, interessante como na virada do ano, na passagem de 31 de dezembro de 2009 para 1º de janeiro de 2010, nos enchemos de esperança: SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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de que as dificuldades do ano passado não se repetirão neste ano; de que conseguiremos produzir muito mais neste ano do que no ano passado; de que ganharemos mais dinheiro, trabalharemos mais, pagaremos menos impostos, viveremos (e não apenas sobreviveremos) neste mundo globalizado. Que nenhuma bolsa de valores, em um longínquo pedaço de chão qualquer não desabará e nos levará junto; que não haverá enchente nem devastação de lavouras para que os preços dos alimentos subam às alturas. Que o petróleo continuará barato. Que o etanol continuará sendo produzido e abastecendo os carros e, com eles, o movimento da engrenagem da economia de Curitiba, do Paraná, do Brasil e do mundo. Que neste ano, ao longo dos seus 365 dias, tenhamos prosperidade. Ela é benéfica a todos. Nos ajuda a aplainar as diferenças. Este ano de 2010 já é nosso. Vamos fazer dele o melhor que pudermos. Conto com vocês. jan | fev 2010

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Uma obrigação que se transforma em prazer Dois momentos vividos nos últimos dias trouxeram-me a certeza de que precisamos investir, ainda mais, em educação e em formação profissionais, dois dos pilares do Sistema Fecomércio Sesc Senac em todo o país e, particularmente, no Paraná. O primeiro deles foi quando reunimos, em Campo Mourão, centenas de pessoas em torno da inauguração da mais moderna escola de formação profissional do Sistema, a unidade do Senac. Com o presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos, que acertadamente lembrou os problemas que o Brasil enfrenta com relação à mão de obra qualificada, vi quanto uma comunidade pode ser beneficiada com uma escola de formação que proporcionará mais trabalhadores preparados para o mercado. A unidade do Senac disseminará profissionais para todas as regiões do Brasil e do mundo. Temos gente preparada para isso e continuaremos preparando nossos profissionais. É importante constatar que a crise passou. Temos oportunidades de emprego, mas nem sempre temos pessoas capacitadas a entender porquê estão apertando um determinado botão. O segundo momento aconteceu em Foz do Iguaçu, quando reunimos mais de mil mulheres em torno de uma comemoração, o Dia Internacional da Mulher, mas que serviu apenas como pretexto para que pudessemos constatar o quanto está sendo importante a verdadeira “construção” da Câmara da Mulher Empreendedora e Gestora de Negócios, da Federação SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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do Comércio do Paraná. Encontramos empreendedoras devidamente comprometidas com o desenvolvimento de seus negócios e, por extensão, das comunidades onde estão inseridas. Podemos ser meros espectadores do crescimento pessoal e profissional das pessoas, ou partícipes. Optamos pela segunda alternativa, porque estamos conscientes da nossa obrigação diante de um contingente enorme de empreendedoras ( e emprendedores) que precisam de orientação, esclarecimentos, conhecimentos e capacitação para a gestão de seus negócios. Empreendedores e trabalhadores devidamente inseridos na formação profissional, pelo Sistema Fecomércio Sesc Senac PR e suas parcerias, é o caminho que resolvemos trilhar. Compartilhar esses momentos em Campo Mourão, em Foz do Iguaçu ou em qualquer parte do território paranaense, brasileiro ou no exterior, com pessoas também comprometidas, é muito mais um prazer do que uma obrigação. E uma obrigação que se transforma em prazer. mar | abr 2010

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Revitalização é sinônimo de sucesso O projeto de revitalização da Rua Santos Dumont, em Maringá, representa não só um marco. Ele é o primeiro passo para a modernização do centro comercial daquela cidade. Como parte integrante deste grande esforço que envolve diversos setores, o Sistema Fecomércio Sesc Senac PR traz sua expertise e sua determinação de realizar. Sabemos o quanto o projeto significa para a região, porque fomos responsáveis, ao lado da prefeitura e dos próprios comerciantes, pela restauração do Paço da Liberdade, em Curitiba. O antigo edifício, erguido há quase 100 anos, estava abandonado. Procuramos o então prefeito Beto Richa para propor uma parceria, enfim, bem sucedida. O trabalho de restauro do Paço durou 18 meses, mas não se encerrou com a inauguração da obra, transformada em centro cultural administrado pelo Sesc PR. Sua região de influência estende-se por alguns quarteirões, que abrigam 913 pontos comerciais. Os empresários enfrentavam diversos problemas, como calçadas deterioradas, parca iluminação, pontos de drogados, lixo jogado na rua por uma feira livre que ali se instalou e, principalmente, o desaparecimento do público consumidor. O Senac PR tratou de capacitar os colaboradores de cada uma das empresas. O Sebrae/PR entrou no projeto qualificando os gestores, na maioria, os próprios proprietários das lojas. O Banco do Brasil passou a oferecer uma linha de crédito com juros diferenciados. Em seguida, para motivar os empresários a revitalizar os SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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prédios e suas fachadas, a Câmara Municipal aprovou uma lei prevendo descontos de 50% a 100% no pagamento do IPTU, de acordo com a situação do prédio reformado. Além disso, a lei isenta de ISS os autônomos e as sociedades de profissionais que se instalarem na região. Não há, ainda, cobrança de ITBI nem cobrança de taxas de licença para a execução de obras. O resultado apareceu de imediato. Hoje, a área vive o renascimento do comércio. O Paço da Liberdade recebe 2.500 visitantes por dia, pessoas que também circulam e compram na região. Estamos iniciando um projeto semelhante em Londrina. O antigo Cadeião, restaurado, será transformado em centro irradiador de cultura e de qualificação profissional, por meio do Sesc, do Senac, do Sebrae e dos parceiros locais, como em Maringá. Outras cidades também poderão receber este tipo de intervenção, porque não temos dúvidas quanto aos benefícios que ela oferece. A população, o comércio e mesmo o poder público ganham com a devolução ao uso comum de áreas que, ao contrário, permaneceriam abandonadas. A Rua Santos Dumont será um símbolo dos novos tempos de progresso que Maringá respira. E o Sistema Fecomércio Sesc Senac PR, com os nossos sindicatos locais – Sivamar, Simatec e Sincofarma -, com o Sebrae, a ACIM, a Prefeitura de Maringá e os demais participantes, terá orgulho de ser protagonista desta história de sucesso. mar | abr 2010

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Satisfeito, mas não realizado! O senhor se sente realizado?” Ouvi essa pergunta, há algum tempo, quando recebia um título de Cidadão Honorário. Na hora, respondi que me sentia satisfeito, mas nunca realizado. Fiquei, depois, pensando na pergunta e na resposta. Na verdade, o ser humano nunca, na minha opinião, deveria se sentir realizado. Porque precisamos de desafios, precisamos de realizações, de nos completarmos enquanto cidadão ou empreendedor. E é assim que me sinto. Satisfeito. Tenho desenvolvido minhas atividades como empreendedor e como dirigente das entidades pelas quais passei – desde o Sindicato de Autopeças até o Sebrae/PR e agora o Sistema Fecomércio Sesc Senac PR – atuando neste sentido. Busco uma realização que eu sei não vou conseguir atingir, porque assim como eu mesmo procuro fazer com que as pessoas que me cercam sintam-se satisfeitas, mas nunca realizadas. Há ainda muito trabalho a ser feito. Defendia isso enquanto presidente do Conselho do Sebrae/PR, quando levamos para o interior do estado o programa VarejoMais, que dá ferramentas ao empreendedor do comércio de bens, serviços e turismo para enfrentar a competição do mundo globalizado. Tenho consciência de que a sociedade merece todo e qualquer esforço que possamos fazer em seu benefício. Por isso, tenho procurado fazer com que as unidades do Sesc PR, do Senac PR e a própria Fecomércio PR ampliem seus atendimentos, levando ao trabalhador e ao empreendedor paranaense, as ações de transformação social e qualificação para o trabalho de forma transparente, com qualidade. Os títulos que recebi – foram vários até agora, todos devida-

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mente guardados em minha casa e no meu coração – servem para que me sinta ainda mais empenhado na busca desta realização. Repito a resposta que pronunciei naquele momento: estou satisfeito, porque vejo os resultados do trabalho que realizamos em todos os recantos do estado. Mas não estou realizado. mai | jun 2010

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Por um caminhar lento e seguro rumo a 2011 “O primeiro semestre de 2010 chegou ao fim e com ele a confiança de que teremos mais um ano com o desenvolvimento do comércio de bens, serviços e turismo dentro do esperado, com crescimento. É claro que ainda não atingimos o desejado. A crise financeira de 2009 deixa rastros em alguns setores da economia. Porém, estamos saindo melhor do que se projetava no ano passado. Ao percorrer algumas regiões do estado, constato, com satisfação, que os empreendedores estão mais otimistas. Temos pela frente algumas variáveis que trazem projeções benéficas, como é o caso da realização das eleições – que movimenta vários setores da economia e gera empregos, mesmo temporários – e as festas de fim de ano. Para o comércio, ainda vamos passar pelo Dia da Criança, em outubro, uma das datas mais importantes para o aumento das vendas. Crescimento este que vem se verificando há vários meses e que poderia ter sido melhor não fosse o temor, tanto do consumidor quanto do empresário, com a crise financeira que também reduziu a oferta de dinheiro no Brasil. Não são poucos os empreendedores do comércio de bens, turismo e serviços que enxergam uma luz, imensa, no fim do túnel de 2010. E projetam a manutenção desse otimismo para o ano seguinte, porque apenas catástrofes climáticas poderão mudar o caminhar lento e seguro do Brasil e do Paraná por extensão, rumo a um crescimento sustentável. Precisamos porém, manter nossas bandeiras de luta

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hasteadas e à vista de todos. Queremos a redução da carga tributária, a redução dos juros e medidas que permitam ao empreendedor manter-se neste mercado cada vez mais competitivo. Faltam poucos meses para 2011. Temos que percorrer esse tempo com tranquilidade. Esperamos de nossos homens públicos a garantia de que teremos essa tranquilidade para produzir emprego e renda, como sempre o fizemos. jul | ago 2010

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Venha crescer conosco em 2011 “O ano de 2010 está terminando. Se no fim do ano passado a troca de calendário foi um alívio, neste podemos dizer até com certa tranquilidade que o ano que termina não foi tão preocupante. Temos algumas coisas a comemorar neste dezembro, esperando que o janeiro que se aproxima nos seja ainda mais pródigo. O fim da crise, iniciada em 2008 e que nos colocou em xeque durante todo o ano passado; a eleição de Dilma Roussef para a presidência da República, e com ela nossas esperanças de novo impulso econômico e os números do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR, que mais uma vez atingiram patamares respeitáveis, mostrando que nossas entidades fazem parte do cotidiano do paranaense. É bem verdade que precisamos melhorar ainda mais, porém as ações de planejamento que estamos estruturando encaminham para esse objetivo. Encerramos o ano com a realização, em Curitiba, de uma reunião do Foro Consultivo Econômico-Social do Mercosul, e pudemos verificar que muito foi feito para a união econômica, mas muito ainda precisa ser feito. Nossas próprias “assimetrias” ainda são maiores do que aquelas que registramos nos nossos acordos e contatos, por exemplo, com a União Europeia. E precisamos melhorar. Que cenário poderíamos desenhar para o ano de 2011? Apenas uma catástrofe poderia impedir que o Brasil cresça em torno de 7% no ano que vem. Os mercados internacionais estão balizados e nem a valorização do Real diante do Dólar,

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o que encarece nossos produtos para exportação, poderá impedir que nossa economia dê um salto significativo. O comércio de bens, serviços e turismo, que representamos através dos 59 sindicatos associados e mais de 400 mil empresas destes setores, está preparado para o crescimento. Os programas que realizamos em conjunto ao Sebrae (entre eles o Varejo Mais), estão possibilitando aos empreendedores melhorar a gestão de suas empresas, e colocá-los em melhores condições de disputar mercado. A realização da Copa do Mundo, em 2014, no Brasil (Curitiba é uma das sedes) é o maior termômetro de que vamos crescer. E queremos que você esteja conosco! set | dez 2010

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O ano das relações na América Latina O ano de 2011 promete ser intenso em várias áreas, mas especialmente em uma que temos o maior interesse, o Mercosul. Ouvimos a presidente Dilma Roussef declarar, em sua primeira viagem como presidente, à Argentina, que a prioridade da política externa brasileira será dada à América Latina. Já não era sem tempo. Há muito que defendemos a intensificação dos trabalhos em torno do Mercosul, dando prioridade aos nossos problemas para que possamos, depois, ampliar as negociações com outros blocos econômicos. Estamos em contato permanente com a Alca (que reúne os Estados Unidos, o México e o Canadá) e com a União Europeia, interessados em estreitar os relacionamentos, mas ainda cobrando direitos e reduzindo deveres. Como coordenador empresarial brasileiro do Foro Consultivo Econômico e Social do Mercosul, tenho oportunidade de debater com empreendedores e trabalhadores do bloco (Argentina, Paraguai, Uruguai, além do Brasil) vários problemas que nos impedem de ampliar nossas próprias relações e elas acabam prejudicando nosso acesso aos outros blocos econômicos. Em Foz do Iguaçu, no fim do ano passado, estivemos sentados à mesa dos presidentes dos países do bloco. Foi quando apresentamos o resultado dos nossos debates e as dúvidas que persistem em todos os segmentos envolvidos – comércio, serviços, turismo, agricultura, indústria – tanto por empreendedores quanto por trabalhadores. Há muito ainda para ser discutido e muitas arestas a seSISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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rem aparadas. Porém, tenho dito e reafirmo aqui que não há possibilidade de retrocesso. O Mercosul é realidade a única coisa que pode acontecer é que as assimetrias (dificuldades) existentes entre os países-membros sejam resolvidas, contornadas, solucionadas. Retroceder, jamais. jan | fev 2011

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Mulheres, poder no consumo e na oferta Elas foram ingressando aos poucos no mercado de trabalho, mostrando desde logo que não vinham para brincar. Em termos históricos, levaram pouco tempo para chegar aos cargos de chefia. Não é demais lembrar que há poucas décadas elas ainda não eram consideradas opções nas buscas por executivos. O maior exemplo de sua capacidade é o fato de terem virado empreendedoras em diversos segmentos. Com sensibilidade e ousadia, aliadas à criatividade feminina, as mulheres já somam 45% das empresárias do comércio paranaense. Os motivos desses expressivos números podem até ser a afinidade com o consumo ou a oferta do que elas mesmas realmente querem. Mas o fato é que a tendência caminha para fatias igualitárias de um mercado dividido com os homens. Passando de consumidoras, ou grandes amantes das bolsas e sapatos, as mulheres não só pararam em frente às vitrines, mas passaram para o outro lado ao assumir seus negócios. Donas de uma vantagem que os homens jamais terão: por razões óbvias, elas entendem a cabeça feminina. Quando o inverno se aproxima, as botas e casacos são destaques. No fim do ano as temperaturas aumentam: é a vez dos vestidos e dos sapatos abertos. Sem falar nas promoções de troca de estação, adoráveis vilãs em que a lei da oferta e procura fala mais alto. Apesar de sua paixão pelas compras, as mulheres consomem muito além dos itens de vestuário e beleza, até porque elas formam a maioria também na hora da compra dos itens SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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de necessidade básica para o dia a dia da família. Assim, a lista de necessidades funde o imprescindível com o desejado. E em ambos os casos, os carnês e cartões de crédito e débito precisam ser honrados como as contas de luz, água, telefone e habitação, entre tantas outras. A dupla participação da mulher no comércio, tanto no empreendedorismo quanto no consumo, demonstra sua importância na sociedade moderna. Hoje, por exemplo, a Câmara da Mulher Empreendedora e Gestora de Negócios já congrega 6.000 empresárias no estado. Está mais do que comprovado o acerto da nossa iniciativa em apoiar e contribuir para o desenvolvimento do comércio feminino. Esta é a razão pela qual trouxemos na edição nº 81 da Fecomércio PR, não só matérias sobre assuntos pertinentes ao comerciário e comerciante, mas também com um enfoque voltado ao universo da mulher, seu perfil e seus anseios, para que possamos conhecer e compreender mais as mulheres, embora esta tarefa se mostre quase impossível. Vinícius de Moraes já dizia: “para compreender uma mulher é preciso amá-la, daí não é mais preciso compreendê-la”. Boa leitura! mar | abr 2011

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Senac qualifica um milhão de profissionais Pela primeira e única vez na história do esporte, um mesmo país sediará, em anos consecutivos, as quatro maiores competições do futebol mundial entre seleções nacionais. A responsabilidade cabe ao Brasil, sede da Copa das Confederações, em 2013; da Copa do Mundo, em 2014; da Copa América, em 2015 e das Olimpíadas, em 2016. A escolha do nosso país deve-se a uma série de fatores coincidentes. Como resultado do rodízio de continentes imposto pela Fifa, o Brasil surgiu como o único candidato para abrigar a Copa do Mundo de 2014, a ser realizada na América do Sul. A escolha trouxe com ela a Copa das Confederações, evento realizado sempre um ano antes da Copa do Mundo, entre oito seleções, com o objetivo de testar a estrutura do país. Para a próxima edição da Copa das Confederações, já estão confirmadas as presenças da Espanha, atual campeã do mundo e do Brasil, país-sede. Um terceiro participante surgirá em meados do ano, na Copa América, a ser realizada na Argentina. Caso o Brasil seja o campeão, o representante da América do Sul na próxima Copa das Confederações será o vice-campeão. Coincidentemente, a Copa América coube ao Brasil também por meio de rodízio de sedes. Desde 1987, as edições da Copa América foram distribuídas entre os países-membros da Comenbol. A Argentina sediou naquele ano e volta a sediar em 2011. O Brasil foi sede em 1989 e voltará a abrigar a competição em 2015, agora que se estabeleceu o período de quatro anos entre cada edição. SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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Por último, os Jogos Olímpicos, cuja competição de futebol ocorrerá em outras quatro cidades, além do Rio de Janeiro: São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Salvador. Ao longo da história, alguns países sediaram, em anos próximos, Olimpíadas e Copa do Mundo, casos de México, em 1968 e 1970 e, Alemanha, em 1972 e 1974. O que jamais aconteceu foi a realização da copa do continente, a Copa América no nosso caso, ser disputada entre a Copa do Mundo e a Olimpíada, todos em um mesmo país. Não é difícil imaginar o impacto positivo que tantos eventos consecutivos trarão para o Brasil e, o que mais nos interessa, para o Paraná. Não é por outra razão que o Sistema Fecomércio Sesc Senac PR vem tratando do assunto. Em Foz do Iguaçu, recepcionamos em junho (de 2011) 50 operadores de turismo do Rio de Janeiro, capitaneados pelo próprio presidente da Fecomércio carioca, Orlando Diniz. É grande o interesse em incluir as Cataratas como destino da maioria dos turistas que virão ao Brasil, mesmo porque Foz já recebe o segundo maior fluxo de turistas estrangeiros no país. Tantos turistas vão exigir mão de obra do setor turístico. Para tanto, o Senac prevê qualificar um milhão de profissionais nos próximos três anos, em todo o país. Com o mesmo objetivo, estamos fechando contrato com a Prefeitura de Curitiba para patrocinar três relógios em áreas públicas, nos quais serão instaladas contagens regressivas para cada um dos eventos. Existem dúvidas de diversos setores em relação à competência brasileira para organizar tudo a tempo. Sem medo de errar, podemos afirmar que no Paraná estaremos preparados para prestar todos os serviços com a eficiência que a magnitude dos eventos está a exigir. mai 2011 110

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Índices de inflação preocupam Já no fim do ano passado (de 2010) podia-se vislumbrar no aumento dos índices de inflação o principal efeito colateral e maléfico do crescimento da economia. Enquanto a meta inflacionária do Banco Central para 2010 era 4,5%, com dois pontos de margem para mais ou para menos, a inflação verificada foi 5,91%. Neste ano, o problema segue dando dor de cabeça aos técnicos da área econômica. A inflação atingiu 3,23% no 1º quadrimestre, contra 2,65% no mesmo período do ano passado. A meta anual, igual a de 2010, vem sendo superada mês a mês, fazendo com que o índice acumulado em 12 meses já chegue a 6,51%. Os principais responsáveis pelo recrudescimento da inflação são alimentos e combustíveis. Contribuem também a elevação das commodities no mercado externo, o aumento do petróleo na sequência da instabilidade política mundial e a queda na produção de países exportadores (Líbia e outros países do norte da África, mais países asiáticos da OPEP) e também a elevada cotação do açúcar no mercado internacional, o que redirecionou parte da produção das usinas brasileiras e reduziu a oferta de etanol. Os combustíveis em alta refletem sobre os preços dos transportes. O governo brasileiro tratou de tomar medidas para evitar maiores turbulências. Aumentou a taxa básica de juros, passando a 12%, e cortou R$ 50 bilhões do orçamento de 2011. Mais ainda, determinou a redução, adiamento ou cancelamento de vagas no serviço público federal. Tais providências SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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devem produzir efeitos apenas no segundo semestre, não tendo condições de impactar os índices imediatamente. A questão, no entanto, é mais complexa. O mercado competitivo condiciona as empresas a reduzirem margens de lucro ou adiarem repasses para os preços. A permanente valorização do real em relação a outras moedas facilita a entrada de produtos importados, a preços atraentes. Ao mesmo tempo, fatores como aumento do emprego, a melhora da remuneração média em diversas categorias, com destaque para a construção civil, a maior massa de salários na economia e a ascensão da população para faixas de renda mais elevadas mantêm aquecida a demanda. Tudo parece conspirar contra o combate à espiral inflacionária, a começar pela pouca confiança do mercado em relação à eficiência das providências adotadas. Há outras a tomar, como a ampliação da oferta de alimentos e produtos básicos, maior produção de etanol e efetiva redução dos gastos públicos. Cabe mencionar, também, a inexistência de uma política reguladora de estoques no Brasil, como forma de conter aumentos de preços em produtos básicos. O próprio etanol ainda é tratado como derivado agrícola, quando ele se destaca como componente fundamental de uma nova matriz energética. Considerando o combate à inflação uma questão primordial de política econômica, é preciso que o governo estabeleça outras estratégias que se mostrem adequadas para a estabilização. Após a convivência com a hiperinflação em 1993, quando o valor anual chegou a quase 3.000%, com todos os danos e malefícios decorrentes, não se pode permitir a ressurreição de um problema que, além dos efeitos sobre a economia, possui

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extensas ramificações políticas e sociais. O combate à inflação no Brasil deve ser implacável, permanente e prioritário. Porém, em nenhum momento os efeitos do combate à inflação podem recair sobre a atividade do comércio, que dá mostras de força ao crescer de forma consistente, gerando empregos e aumentando a arrecadação oficial. Em resumo, o desafio do governo concentra-se em resolver essa equação. Inflação em queda de um lado, comércio forte de outro. É o preço a pagar pelo crescimento do país. mai 2011

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A importância do comércio e dos serviços É comum vermos representantes dos mais variados segmentos econômicos alardearem as vantagens da sua atividade. “A economia brasileira não teria a força que tem sem o agronegócio”, dizem alguns. “Sem a indústria não seríamos nada”, rebatem outros. Pois bem. Economias complexas exigem múltiplas atividades, interdependentes, sem as quais não há avanço. A premissa vale para qualquer país com dimensão territorial razoável. É evidente que micropaíses podem sobreviver apenas com um tipo de receita econômica, casos das pequenas nações europeias, classificadas como paraísos, turísticos ou fiscais. Os demais, ou seja, a imensa maioria das nações, necessita da força conjunta de todos os setores. Temos assistido, nos últimos anos, ao aprimoramento do processo econômico brasileiro. O afastamento do governo de setores antes considerados estratégicos, como a telefonia, propiciou a livre concorrência, dotando dezenas de milhões de brasileiros de um canal de comunicação próprio, algo inimaginável até o início da década passada. A estabilização da moeda, com o combate às espirais inflacionárias anteriormente tão comuns e o surgimento de milhões de novos consumidores que chegaram ao mercado de consumo proporcionaram o crescimento do PIB e o fortalecimento do Brasil no cenário mundial. Para tanto, tem sido inegável a força do campo, fazendo do país exportador privilegiado em setores como o da carne, assim como se mostra inestimável o valor da indústria,

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gerando divisas fundamentais à saúde financeira nacional. E talvez por ser o comércio a origem histórica de todo o processo de movimentação econômica, tendemos a esquecê-lo quando chega o momento de destacar a pujança de diferentes setores. É por meio do comércio que podemos sentir, no nosso dia a dia, a expansão da economia. Multifacetado, os inúmeros segmentos comerciais a vitalidade da economia. Quando as portas de uma loja se abrem, sabemos que a vida está pulsando. Não podemos permitir que o comércio seja tratado como coadjuvante ao se falar em geração de riquezas. E não só ele como também os serviços, tanto mais importantes quanto mais sofisticada a sociedade em que se situa. Ao mesmo tempo, ao se desenvolverem os processos virtuais de comunicação interpessoais, mais fortes tendem a ser os serviços disponíveis. Por isso, podemos afirmar, sem medo de errar: se não fosse, também, o setor de bens, serviços e turismo, a economia brasileira não iria tão bem como está. mai | jun 2011

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O Paraná no centro do poder

A escolha da Senadora Gleisi Hoffmann para ocupar a Casa Civil coloca duplamente o Paraná no centro decisório da política nacional. Se as funções do Ministro Paulo Bernardo já se revestem de importância vital, tendo em vista o objetivo de regulamentar o sistema nacional de comunicações e dotar o país de uma rede de banda larga de alta velocidade à disposição de todos os cidadãos, a ascensão de Gleisi amplia de maneira incontestável o espaço que o estado detém no cenário brasileiro. É preciso notar que a presidente Dilma repete a estratégia de seu antecessor. Lula, ao se ver órfão de um ministro-chefe da Casa Civil, com a queda de José Dirceu na esteira do escândalo do mensalão, escolheu sua então ministra de Minas e Energia para o cargo. Saiu um articulador político para entrar uma gestora de projetos. E foi nesse mesmo sentido a primeira declaração na nova ministra ao confirmar o convite recebido. Ela, de certa forma também oriunda da área de energia, como ex-diretora de Itaipu, será a responsável por gerenciar os projetos do governo. Terá a obrigação de colocar a mão na massa, fazendo sair do papel as inúmeras obras que antecedem a realização dos grandes eventos esportivos previstos para os próximos anos no país. Deverá, também, estar à frente do programa recém-lançado de erradicação da miséria. Sem falarmos nas gigantescas obras de infra estrutura, inclusive na própria área de energia, com a construção de grandes hidrelétricas e a finalização das obras de transposição do Rio São Francisco, no nordeste.

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Aqui no Paraná, a nova ministra poderá gerenciar ainda mais de perto o desempenho do governo federal. A par das diferenças políticas existentes com o grupo político comandado pelo governador Beto Richa, o que tem sido possível observar, nestes meses de novas administrações, é a grandeza de propósitos. Patente nos dois lados do espectro político, a visão estratégica do governador e do ministro Paulo Bernardo tem beneficiado o Paraná, cujo progresso deve ser, de resto, o único objetivo dos nossos administradores públicos. Por fim, é preciso que o corolário desta nova era, representada tanto pela ocupação de espaços fundamentais nos quadros da administração federal, como por um governo estadual que implanta padrões inovadores de gestão, venha garantir de forma definitiva o nosso crescimento, com melhoria em todos os índices socioeconômicos e efetiva melhoria no padrão de vida dos nossos quase 11 milhões de paranaenses. jun 2011

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A vitalidade do comércio Quando vemos os dados que comprovam a importância da atividade comercial, nos damos conta da veracidade do nosso mote, enfatizando que o comércio é bem maior do que se imagina. De acordo com a Junta Comercial do Paraná, temos 478 mil empresas ativas, que empregam aproximadamente 1,68 milhão de trabalhadores, em segmentos distintos e importantes, todos merecedores do nosso apoio e respeito. Sabemos que o comércio é atividade vital para o desenvolvimento da economia de uma nação. Mais do que oferta de produtos ou troca de valores, ele faz parte das relações em sociedade. O desafio está na qualificação dos profissionais. Recente pesquisa da Fundação Itaú Social mostra que jovens com diploma do Ensino Médio profissionalizante têm salários até 12% maiores do que aqueles que cursaram o ensino médio regular. Por este motivo, o Sistema Fecomércio Sesc Senac PR mantém cursos permanentes, nas mais variadas áreas de especialização, estabelecendo sólidas pontes entre quem oferece e quem precisa de emprego. Vale destacar que neste ano o Programa de Comprometimento e Gratuidade do Sesc já contemplará os alunos com 20% de cursos gratuitos, enquanto o Programa Senac de Gratuidade beneficiará 35% das pessoas matriculadas. Os cursos gratuitos foram direcionados a pessoas de baixa renda, que dificilmente teriam condições de custear sua formação profissional. A importância do comércio também destaca-se na internacionalização das atividades do nosso Sistema, matéria de SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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capa da revista (nº 83). De fato, são inúmeros os eventos que demonstram a afirmativa. Nos últimos 60 dias, recebemos a visita de 27 embaixadores africanos, abrindo uma rota de interesses comerciais, educacionais, culturais e tecnológicos entre os dois lados do Atlântico. Não foi diferente a visita à Argentina, na companhia do governador Beto Richa e de importantes empresários do estado. Além disso, tivemos a visita do cônsul do Japão, também visando o incremento dos projetos de integração comercial entre os países. Nos próximos meses, os Estados Unidos e a Europa serão o destino, demonstrando que não existem fronteiras para o comércio paranaense. Nesta edição ainda destacamos, em uma dezena de páginas, a bela festa que reuniu mais 1.300 pessoas no Paraná Clube, comemorando o Dia do Comerciante com a entrega dos troféus de “Guerreiro do Comércio”. A cada ano, a exaltação dos empresários do comércio cresce de importância, já nos permitindo projetar, para 2012, um evento ainda mais grandioso. jul | ago 2011

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O crescimento da Fecomércio A edição nº 84 da nossa Revista mostra, de maneira inequívoca, o crescimento do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR. O primeiro aspecto a comprovar nossa afirmação está no aumento da área física de atendimento aos comerciários e ao público em geral, por meio do Sesc e do Senac, nossas duas casas de cunho social. Com efeito, estamos em vias de inaugurar o novo Complexo de Turismo e Lazer – Sesc Caiobá, empreendimento que coloca o Sistema Fecomércio Sesc Senac PR no mais alto patamar nas áreas de turismo e lazer. Em 140 apartamentos, distribuídos em mais de 20 mil metros quadrados, o usuário vai poder desfrutar do que há de mais moderno e confortável em suas férias e fins de semana. A estrutura também poderá ser utilizada pelo público externo, já que o Senac será o responsável pelo restaurante e pelo Café-Escola. Assim como acontece em Curitiba, nossos espaços tendem a estar entre os preferidos de quem está no litoral paranaense. Em Toledo, abrem-se novas perspectivas para a qualificação profissional na região oeste do Paraná, com a inauguração já no início de novembro (de 2011) da nova unidade do Senac, em quase 2.500 metros quadrados. À tradição de empreendedorismo de Toledo junta-se agora o espaço tecnológico e funcional da escola do Senac, apta a atender com eficiência também as necessidades dos municípios próximos. A expansão da atuação do Sistema mostra-se efetiva também no relacionamento com os demais estados brasileiros e por meio das visitas técnicas e missões comerciais além das SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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nossas fronteiras. Do Maranhão à Argentina, do Mato Grosso do Sul a Londres, passando por Nova Iorque, são inúmeros os mercados e destinos que já têm no Sistema Fecomércio Sesc Senac PR uma referência nos mais diversos aspectos que envolvem a atividade comercial. Mais ainda, nossa experiência serve também para que possamos atuar, também, no restauro de um espaço como o Cadeião de Londrina, a ser reformado e devolvido para uso da comunidade como unidade do Sesc PR. É a soma de planejamento, visão administrativa e experiências bem sucedidas das nossas entidades, tão bem amparadas pelos empresários do comércio de bens, serviços e turismo do Paraná, que se colocam à disposição de quem procura oportunidades de negócios. Nossa revista traz, ainda, as principais atividades desenvolvidas pelo Sistema nos últimos dois meses. Aqui está um resumo das centenas de eventos que foram levados a efeito, sempre contando com a presença dos nossos diretores, gestores e colaboradores – enfim, os responsáveis por colocarem em funcionamento, todos os dias, esta grande estrutura empresarial que é o Sistema Fecomércio Sesc Senac PR. set | out 2011

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Um ano muito expressivo para o comércio Estamos encerrando 2011 com números muito expressivos no que se refere ao crescimento das atividades do Sistema, assunto que temos abordado com frequência neste espaço. Para coroar o ano, tivemos a inauguração do novo Senac Toledo, em novembro, e do Sesc Caiobá, na semana anterior ao Natal. São obras que mostram a pujança das duas casas do Sistema “S” sob a responsabilidade do Sistema Fecomércio. Não foi à toa que ambas foram saudadas pelas autoridades como motores do desenvolvimento de cada região. O Senac Toledo abre novas oportunidades de qualificação profissional à população do oeste paranaense. E o Sesc Caiobá transforma-se em um dos maiores e mais completos resorts do Brasil para o comerciário e seus dependentes, impulsionando a economia do litoral do Paraná para níveis jamais alcançados, pois mobiliza a mão de obra local, amplia o turismo da região e fortalece o comércio em todos os seus segmentos. As realizações do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR chamaram a atenção da direção da CNC, conforme as palavras do seu vice-presidente financeiro, Luiz Gil Suiffo Pereira, na cerimônia de inauguração do Sesc Caiobá, ao relatar alguns dos números que alcançamos este ano. São referências elogiosas como essas que dão a certeza de estarmos trilhando o caminho certo, em direção a novos patamares, assim como o comércio em geral. Senão, vejamos. Até outubro de 2011, o comércio varejista apresentou crescimento de vendas de 7,83%. Um bom desempenho, considerando que o 1º semestre foi marcado por SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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políticas restritivas do governo federal: aumento dos juros, redução de R$ 50 bilhões no orçamento do ano. Também a considerar que, no início do 2º semestre, a crise nos EUA e na zona do Euro contribuiu para que efeitos colaterais respingassem sobre a economia brasileira. A perspectiva do comercio varejista para 2012 é de melhora do desempenho sobre 2011, mesmo com taxas de crescimento inferiores à verificada em 2010, que se beneficiou da comparação com 2009. Este crescimento pode ser explicado pelas políticas do governo federal, visando recuperar o desempenho da economia e aquecer setores básicos. Assim, poderemos seguir em 2012 com a nossa própria política de expansão dos serviços oferecidos, com a construção de novas unidades, reformas de diversas das já existentes, ampliação do número de atendimentos e de cursos oferecidos. São números que permitem chegarmos ao ano novo mantendo o otimismo. E é desta maneira que desejamos a todos a plena realização de seus desejos neste 2012 que já está aí. nov | dez 2011

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Turismo Religioso, o segmento mostra sua luz O incremento da economia brasileira na última década ajudou a expandir o conceito tradicional de turismo, incorporando novas modalidades turísticas até então pouco desenvolvidas entre nós. Entre elas, o turismo religioso assumiu espaço importante no segmento, movimentando a economia de maneira sólida e permanente. No último trimestre do ano passado, tive a oportunidade de visitar a Itália, em missão de turismo religioso na região da Puglia, onde se localiza, em São Giovani Rotondo, o Santuário do Padre Pio, que recebe mais de seis milhões de peregrinos por ano. A Itália é, a propósito, um país em que esta modalidade turística alcança números impressionantes, envolvendo principalmente, mas não somente, pessoas de fé católica. Um exemplo é o Vaticano, que extrapola os limites do catolicismo, sendo atração também para aqueles que professam outros credos. Além da Itália, o turismo religioso é muito forte em na França, em Lourdes; Portugal, em Fátima; e Medjugorje, na Bósnia, entre outros. É preciso citar, também, o emblemático exemplo de Jerusalém, única cidade no mundo a ser considerada santa pelas três religiões que cultuam a unicidade divina: católica, judaica e muçulmana. Entre estes últimos, as peregrinações assumem números extraordinários. Em alguns lugares, como nos recônditos do extinto império soviético, a religião foi obrigada a sobreviver a 70 anos de repressão, sem que a fé fosse prejudicada. No UzSISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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bequistão, por exemplo, milhares de pessoas acorrem ao santuário de Baha-al-din, envolto em superstições. A adoração ao missionário que ali está sepultado vem dos anos 1.300. Ao peregrino recomenda-se três voltas no sentido anti-horário ao redor da tumba, além de seguir outros hábitos curiosos. Mas a fé também move milhões de pessoas para as áreas do planeta em que vigoram o budismo e o hinduismo. Sem esquecer as grandes peregrinações, como as realizadas no Caminho de Santiago de Compostela, hoje atraindo pessoas de todos os continentes. Interessante notar, nesse tipo de evento, é o fato de incluir também um expressivo número de trecckers, ainda que a imensa maioria seja de fiéis. O inverso ocorre nas altas altitudes do Himalaia, em que as caminhadas em direção ao acampamento-base do Everest tornaram-se febre nos últimos anos. Ainda que a origem da trilha não seja religiosa, os aventureiros não dispensam as bênçãos dos Lamas que vivem nos mosteiros à beira do caminho, assim como não deixam de meditar junto às pedras e às bandeiras de oração que se espalham pelo percurso. Aqui no Brasil, o santuário de Nossa Senhora de Aparecida, em São Paulo, e a devoção ao Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, lideram a movimentação religiosa. Existem, no entanto, dezenas de outros destinos simbolizados por santuários ou festas religiosas que se espalham pelo país, como Iguape, Pirapora do Bom Jesus, Nova Trento e outros. É um fenômeno que não só não podemos ignorar como precisamos incentivar, pela potencialidade que ele permite. Neste contexto, o Paraná começa a integrar os roteiros elaborados pelas agências especializadas. Os destinos são muitos, em todas as regiões do estado, a começar pelo mais

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antigo, a Gruta do Monge, na Lapa. Ali a história está cercada de lendas e mitos. O fato é que viveu na região, usando uma gruta como morada, o monge João Maria D’Agostini, da segunda metade do século XIX. Foi figura mística que atraía fiéis, interessados em suas previsões. O povo do lugar garante que nas fendas da Gruta do Monge é possível visualizar a imagem de uma santa, o que talvez tenha sido a razão para o monge ter se estabelecido na gruta. Alguns anos depois, ele desapareceu misteriosamente. Porém, anos mais tarde, já na última década do século XIX, surgiu outro monge, Anastás Marcaf, que assumiu o nome de João Maria de Jesus. Era estrangeiro, falava com forte sotaque e passou a vagar pela região. Benzia e receitava ervas, os mesmos métodos do primeiro João Maria, razão pela qual o povo passou a acreditar que se tratava de reencarnação do antecessor. Em algum ano da primeira década do século XX, João Maria de Jesus também deixou de ser visto. Estava pronto o cenário para que aparecesse um terceiro monge, este com o nome de José Maria, registrado como Miguel Lucena de Boaventura. José Maria dizia-se irmão do primeiro monge João Maria. Foi seguindo sua orientação que se uniram os caboclos, os jagunços e os excluídos da região sudoeste do Paraná e do Rio do Peixe, hoje território catarinense, fazendo eclodir, em 1912, a Guerra do Contestado. Esta uma das mais violentas insurreições já ocorridas no Brasil, encerrada apenas em 1916, com saldo de milhares de mortos. Muitos anos depois, na minha juventude, tive a oportunidade de caminhar pelos campos de Palmas, no sudoeste paranaense, onde então vivia. Mais de uma vez, pude ver, incrustada em toscos e pequenos santuários feitos de pedra,

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a foto emoldurada do último monge, também chamado por muitos de “São João Maria”. Todo este caldo histórico fez da Gruta do Monge uma atração ímpar ao longo dos últimos 120 anos, de tal forma que o governo estadual criou no local no Parque Estadual da Gruta do Monge. Ali, entre trilhas ecológicas, o ar está impregnado pela fé popular. O visitante pode subir até a estátua do Cristo Redentor, que abençoa a cidade da Lapa, e também visitar a Gruta, local de peregrinação de milhares de pessoas, a rogar por milagres e curas – além de pagar promessas, das quais os ex-votos são o testemunho das bênçãos recebidas. No entanto, o turismo religioso no Paraná não é vívido apenas na Lapa. Há, ainda, as visitações à Gruta de Santa Emília, em Barracão, na divisa com a Argentina, ou à Igreja Matriz de Nossa Senhora Aparecida, em Tomazina, passando pelas romarias ao Santuário de Santa Rita de Cássia, em Lunardelli, no norte do estado, estas especialmente nos dias 22 de maio. Merecem destaque também as festas religiosas, promovidas em cidades como Paranaguá, que, há mais de um século venera Nossa Senhora do Rocio, sempre na data de 15 de novembro. Também no litoral, três meses antes, em 15 de agosto, Antonina celebra Nossa Senhora do Pilar, enquanto Nossa Senhora do Porto é o objeto de veneração em Morretes, nos dias 8 de setembro. Ainda: Festa de Santa Pastorina (Santinha), em Tibagi, durante o mês de julho, mesma época da Festa do Divino, em Guaratuba; Festa do Padroeiro Senhor Bom Jesus da Pedra Fria, em Jaguariaíva, dia 6 de agosto; Festa do Senhor Bom Jesus da Cana Verde, em Siqueira Campos, também em agosto; Festa de São Benedito, na Lapa e em Paranaguá, em

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26 de dezembro; e Festa de Nossa Senhora das Brotas, em Piraí do Sul, em 27 de dezembro. Por último, não podemos deixar de citar a Rota de Peregrinação Fé na Estrada, entre Lunardelli e Apucarana, no norte do estado. Sem dúvida, o turismo religioso toma vulto. Nos próximos anos teremos um desenvolvimento ainda maior do segmento, fazendo sua participação no trade turístico atingir as dimensões que já nos permitimos vislumbrar. Com efeito, uma modalidade turística pacífica, limpa. Sua singeleza pode ser expressa pela frase do mestre Muhidin Ibn Arabi, que viveu no século XII: “Seja qual for o caminho que os camelos tomem, o amor é a minha religião e minha fé”. fev 2012

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Empresários do comércio veem cenário favorável A pesquisa de opinião empresarial sobre o comércio realizada pela Fecomércio PR mostra 67% dos empresários do nosso setor com expectativa favorável para o primeiro semestre de 2012. É um dado promissor, já que o otimismo é também um importante elemento de impulsão de vendas. O quadro se completa com 12% dos entrevistados declarando-se indiferentes à conjuntura, 11% que consideram o momento econômico como indefinido e apenas 10% que se enquadram entre os pessimistas. Se o percentual de 67% é significativo, ele traz também outro dado importante: entre esses empresários que aguardam um período favorável aos negócios, mais da metade destaca que os percentuais devem se situar entre 5 e 10% superiores aos dados de 2011. Caso tal número se confirme, 2012 terá gerado no comércio um aumento superior ao previsto para o Produto Interno Bruto, hoje estimado em 3,5% pelo Ministério da Fazenda. As previsões da Confederação Nacional do Comércio para o nosso setor situam-se na casa nos 6,5% de aumento no volume de vendas, um número muito superior ao crescimento do PIB. Outro dado destacado pela pesquisa é o que se refere à situação financeira das empresas no segundo semestre de 2011 em relação ao primeiro semestre. Quase 83% dos empresários afirmaram que a situação foi igual ou melhor no segundo semestre, sendo que apenas 16% tiveram resultado pior no período. A pesquisa ainda ouviu o setor sobre estratégias de compra utilizadas pelas respectivas empresas – 69% não dispensa SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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parceria com os fornecedores – meios de divulgação (rádio, Internet e panfletagem lideram os números com 16% cada uma) e novos investimentos planejados – metade prevê aumento em instalações físicas. Quanto às oportunidades oferecidas no semestre passado, para 47% a diferença esteve no atendimento diferenciado. Já no quesito ameaças, os novos concorrentes e a concorrência desleal ficaram em níveis bem próximos, com 46% e 41% respectivamente. Por fim, entre as dificuldades das empresas no atual contexto econômico (a pergunta permitia mais de uma resposta), os números são assustadores: a carga tributária elevada mostrou-se como a maior inimiga com 69%, vindo a seguir os encargos sociais, com 61%. São dados reveladores da necessidade de se desonerar a atividade comercial, grande responsável pelo crescimento econômico do país e que tem no empresário, mesmo com as dificuldades apresentadas, um empreendedor otimista, que não perde a vontade e a capacidade de fazer. É claro que a pesquisa precisa ser vista no contexto em que foi realizada, antes das incertezas que voltaram a afligir a realidade econômica europeia. O efeito cascata da débâcle dos países da zona do Euro precisa ser bloqueado para que a contaminação econômica seja a menor possível. Já se sabe que a China deverá crescer a taxas menores nos próximos anos, ainda assim em torno de 7% ou 8%. De toda forma, a expectativa é pelo baixo crescimento da economia global, na média obtida na análise conjunta dos diversos cenários do hemisfério norte, Europa, Estados Unidos e Ásia. Essa realidade gerará um percentual menor nas exportações, mas as medidas de ajuste interno devem compensar as perdas. Desta forma, se a pressão inflacionária se dissipar no mercado interno, o nível de preços tende a cair, permitindo

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queda na taxa básica de juros e na taxa de juros real, estimada pelos analistas da CNC em 3,15%, a serem atingidos em dezembro de 2012. Com o Brasil estabilizado economicamente, podemos prever o mercado de varejo em crescimento durante este ano. Inclusive porque as obras de infraestrutura estão entrando em ritmo acelerado, tendo em vista que já em 2013 teremos a realização no país da Copa das Confederações. Há bilhões de reais sendo injetados na economia, refletindo-se na ponta consumidora. Com efeito, apesar de toda a conjuntura externa desfavorável, o empresário do comércio tem razão em enxergar o cenário com otimismo. Os índices que apontam para cima são muito consistentes para serem desconsiderados. fev 2012

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Uma semana entre os chineses À frente de uma comitiva de 59 empresários do comércio paranaense, em viagem realizada em meados de abril, tivemos a oportunidade de observar, ainda que em rápidas pinceladas, o tão decantado desenvolvimento chinês. Sem dúvida, uma semana é tempo excessivamente curto para se conhecer em profundidade um país de tamanha complexidade. De toda maneira, a viagem permitiu que trouxéssemos algumas observações pertinentes sobre o processo em curso na China. Guangzhou, que conhecemos em tradução como Cantão, foi nosso destino inicial. Terceira maior cidade chinesa, com população em torno de 26 milhões de pessoas, promove em duas edições anuais a maior feira do mundo para produtos da área comercial. Após, seguimos a Beijing, a capital, outro aglomerado urbano de quase 30 milhões de habitantes, só atrás, em população, de Shangai. Não se pode atribuir aos últimos 20 anos, apenas, a estruturação econômica que faz da China a potência que ela se tornou. Nas grandes cidades não se veem mais traços do país do passado, antes da revolução liderada por Mao Tsé Tung. É impressionante o ritmo da construção civil e das grandes obras públicas. O trânsito flui sobre modernas estruturas viárias, com viadutos de incontáveis braços distribuindo o tráfego para todos os sentidos. O mais interessante é que os chineses exportam automóveis compactos, produzidos por marcas que já se tornaram familiares aos brasileiros, como JAC ou Chery, SISTEMA FECOMÉRCIO SESC SENAC PR

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mas utilizam, no próprio país, automóveis de grande porte. O consumo exagerado de combustível embutido nos automóveis de tamanho maior, faz dos veículos em circulação uma das causas da poluição que cobre o céu das maiores cidades chinesas. A isso se aliam plantas industriais anacrônicas, construídas há décadas, cujos processos de produção já não atendem aos requisitos de sustentabilidade exigidos pela nossa época. O mercado externo, igualmente, já não se satisfaz apenas com produtos da área têxtil e calçadista, que abriram as portas do mundo para os chineses, inicialmente por meio das marcas americanas que lá eram faccionadas. Lembremos da Nike, seu maior exemplo. Este é um desafio que os chineses deverão superar nos próximos anos. O futuro exigirá instalações industriais mais sofisticadas, com equipamentos ecologicamente corretos. Ironicamente, é significativo o cuidado chinês com o plantio de árvores e flores, que proliferam até em pontes e viadutos, conseguindo vicejar em meio ao ambiente inóspito, mas sem força suficiente para absorver o monumental volume de monóxido de carbono despejado na atmosfera. A atração exercida pela China segue em tamanho crescimento que a indústria do turismo passou a ser item fundamental na arrecadação do país. Apenas como curiosidade, no dia em que visitamos a Cidade Proibida, em Beijing, estimava-se que 300 mil pessoas estivessem circulando pelo local, com milhares de bandeirinhas de identificação dos grupos de turistas se misturando acima da cabeça dos visitantes. Algo de amplitude suficiente para superar mesmo os mais procurados monumentos de visitação da Europa e dos Estados Unidos.

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Enfim, já a partir de seus gigantescos aeroportos, a China impressiona. Por tudo isso, o intercâmbio com o Brasil precisa ser intensificado e de forma urgente. Não só porque temos muito a aprender com eles, mas porque essa é uma via de mão dupla. Sem dúvida, o Brasil também tem muito a lhes ensinar. mar | abr 2012

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Indústria e comércio: interdependentes e integrados Alguns fatores contribuíram para elevar a participação do produto importado no consumo interno: sobrevalorização do real, disponibilidade de financiamento, emprego em alta associado a padrões de remuneração média mais elevados, maior poder aquisitivo. Dentre os efeitos dessa combinação está a queda do desempenho da indústria brasileira. Dados de 2011 apontam uma participação de 20% de produtos importados no total do consumo interno brasileiro. Acrescentando-se a participação de importados com entrada não legalizada, próxima a 5%, chega a 25% a fatia do exterior no consumo interno. A produção nacional teria então uma participação ao redor de 75% no consumo interno, ou seja, um desempenho que implica em queda na produção industrial, substituída pela demanda de bens de origem externa. Por um lado, esse perfil tem criado limitações à indústria brasileira, obrigada a suportar uma pesada carga de ônus: trabalhistas, tributários, previdenciários e outros, que repercutem sobre o preço final e limitam a competitividade, frente à globalização nas economias. Por outro lado, existe uma extensa estrutura do setor empresarial privado, onde parte expressiva dos negócios ocorre via importados que entram legalmente no país, pagam tributos e atendem consumidores dispostos a adquirir produtos gerados do exterior. Justifica-se a adoção de políticas de expansão da produção industrial interna e ampliação da utilização da capacidade produtiva

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instalada, importantes para iniciar um processo de recuperação industrial. A interdependência cada vez maior entre setores, países e economias, justifica a adoção de precauções necessárias a fim de “não desvestir um santo para vestir outro”. No contexto das adequações possíveis, o governo brasileiro anunciou um pacote de providências econômicas no valor de R$ 60 bilhões, de cunho tributário, alfandegário, trabalhista e previdenciário, destinados a melhorar o desempenho da indústria. Algumas das providencias não deverão produzir efeitos imediatos. Os entraves burocráticos permanecem intocáveis. Existe ainda um espaço para enrijecer a fiscalização nas entradas de aeroportos, no sentido de conter o volume elevado de gastos do turista brasileiro no exterior. A expectativa é de que as providências divulgadas possibilitem melhorar a competitividade industrial, a entrada de novas empresas, e iniciem um redirecionamento que possa beneficiar o setor. O governo deu um passo importante, mas ainda não suficiente. No entanto, numa economia cada vez mais interdependente, com extensa rede de interações e efeitos multiplicadores diretos e indiretos, surge uma pergunta: e os demais setores como ficam? Dentre eles, cabe destacar o comércio, atividade detentora de crescimento persistente e significativo no triênio 2009-2011 na composição do PIB, sendo o segundo maior gerador de empregos de 2008 a 2011 (dados do Ministério do Trabalho e Emprego). O comércio disponibiliza e faz chegar ao consumidor os bens produzidos pela indústria e agricultura. Nesse momento estratégico de tomada de decisões destinadas a estimular o sistema produtivo, o governo brasileiro não pode se arriscar a comprometer os demais setores, focando benefícios, isenções e desonerações apenas para um segmento. As demais atividades econômicas legalmente instaladas, recolhedoras de impostos, geradoras de emprego e renda, que se submetem à pesada carga

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dos inúmeros componentes do “custo Brasil”, também se fazem merecedoras da atenção das autoridades governamentais. Não se reivindica o “passar a mão na cabeça”. Num processo de diálogo com as autoridades federais, é importante que outros setores sejam ouvidos e possam levar ao governo as dificuldades do dia a dia. abr 2012

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Glossário ACIM - Associação Comercial e Empresarial de Maringá ALCA - Área de Livre Comércio das Américas CDC – Crédito Direto ao Consumidor CMEG – Câmara da Mulher Empreendedora e Gestora de Negócios CNC – Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo Confaz – Conselho Nacional de Política Fazendária CPMF - Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira CSLL - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido EUA – Estados Unidos da América Fecomércio PR – Federação do Comércio do Paraná IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMS - Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e prestação de Serviços IDH – Índice de Desenvolvimento Humano IPTU - Imposto Predial Territorial Urbano ISS - Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza ITBI - Imposto de Transmissão de Bens Imóveis Mercosul - Mercado Comum do Sul MP - Medida Provisória NAFTA - Tratado Norte-Americano de Livre Comércio OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo PIB – Produto Interno Bruto Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Selic - Sistema Especial de Liquidação e de Custódia Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial Sesc – Serviço Social do Comércio Simatec - Sindicato do Comércio Varejista de Ferragens, Tintas, Madeiras, Materiais Elétricos, Hidráulicos e Materiais de Construção de Maringá e Região Sincofarma - Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de Maringá Sincopeças – Sindicato do Comércio Varejista de Veículos, Peças e Acessórios para Veículos no Estado do Paraná Sivamar - Sindicato dos Lojistas do Comércio e do Comércio Varejista de Maringá e Região

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