EU GOSTO É DO VERÃO - Parte 1: A ESTRADA ATLÂNTICA

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VIAGENS AO VIRAR DA ESQUINA
Estrada Atlântica
EU GOSTO É DO VERÃO... Parte 1: A

EU GOSTO É DO VERÃO...

...uma boa moto p’ra viajar

Uma praia (ou duas) ali à mão

E uma jola fresquinha ao chegar!*

Acho que a letra não era esta, mas serve! Ponham a música fa’xavor...

Saí cedo!

Tinha uma dívida a cobrar: há uns anos, percorri a Estrada Atlântica mas a meio, desisti. Nevoeiro cerrado, frio e chuva. Tal como agora...era Julho!

O clima tem um feitiozinho tramado aqui por estes lados.

E como tinha por companhia uma SUZUKI GSX-S1000GT... sim, uma GT, só tinha mesmo que me fazer ao caminho, que seria rápido q.b. (não! não é a marca das máquinas de tirar retratos à matrícula da moto - é uma expressão típica da culinária e significa apenas “quanto baste”).

Depósito cheio, sol radioso, o dia adivinhava-se promissor...

A ESTRADA ATLÂNTICA

Aproveita uma antiga estrada florestal e segue paralela ao oceano entre o Sítio da Nazaré e a Praia do Osso da Baleia. Para tornar o passeio mais agradável nada como juntar-lhe um pedaço mais a sul, entre a Foz do Arelho e a terra das ondas grandes.

Da primeira vez, segui de sul para norte e...foi o que se viu.

Agora, fi-lo ao contrário: fui até ao Osso da Baleia por auto-estrada e IC, dando oportunidade às tradicionais neblinas matinais para irem à sua vida. Uma viagem para desfrutar da paisagem e tirar umas fotos... com final num pôr do sol na Foz do Arelho.

Bem, não só! A companheira merece destaque:a Suzuki GSX-S1000GT.

A nova proposta da marca japonesa destinada a viajantes que queiram ir longe, com rapidez e conforto assegurado, estava em observação pela lupa das Viagens ao Virar da Esquina. No final, dir-vos-ei o que penso sobre ela.

Miradouro de Salir (23-07-2019) Ao fundo...S. Martinho do Porto

A Praia do Osso da Baleia foi uma surpresa. Extenso areal, apoios de praia habituais e nada mais. Calma absoluta.

Apesar da brisa fresca, as ondas estavam apetitosas. Assim se manteriam ao longo de todo o dia e em todas as praias visitadas. Situada na Mata Nacional do Urso, dizem que deve o seu nome ao aparecimento de um esqueleto de baleia no seu areal há um século atrás. Lenda ou verdade, certo é que o nome ficou.

Segui para Pedrógão mas um ligeiro desvio levou-me à Lagoa da Ervideira: cenário aprazível e bucólico, com uma pequena praia e os passadiços da moda que permitem percorrer o cordão de dunas e observar a passarada autóctone.

É também local procurado por pescadores (carpas, percas, achigãs). Situa-se a cerca de 6km do litoral, entre as Matas Nacionais do Urso e do Pedrógão.

Praia do Osso da Baleia A GSX-S1000GT na Lagoa da Ervideira

Antes de Pedrógão, dei um salto à Praia do Norte.

Pedrógão é uma praia diferente. A marginal permite usufruir da vista para o areal longo de quase 2 quilómetros.

Praia urbana, é uma estância balnear onde começamos a ver referências à arte xávega - a forma tradicional da faina piscatória destas regiões, com os seus barcos típicos.

Nesta arte de pesca, o barco faz-se ao mar com a rede presa a um cabo em que uma das pontas ficou em terra (hoje em dia amarrada a um tractor).

Depois de deixar a rede (que tem o formato de um saco) em alto mar, o barco regressa e a outra ponta do cabo é amarrada a um segundo tractor.

Praia do Norte

Esta rede com o cabo é chamada de Xalavar. Finalmente, os dois tractores puxam o Xalavar para terra e nessa acção, os cardumes que são apanhados neste cerco, vêm presos na rede. Os tractores substituiram a força braçal e as juntas de bois que eram utilizadas ancestralmente.

Seguiu-se a Praia de Vieira. Chama a atenção a foz do Rio Lis que marca o principio do areal para sul.

Se é em Vieira que a arte Xávega tem hoje a sua referência, foi também aqui que teve origem um dos maiores fenómenos migratórios do nosso País.

No início do Séc XX, as dificuldades que os pescadores enfrentavam para sobreviver no Inverno levou-os a procurarem as margens do Tejo para prosseguirem a faina no rio.

Aí se estabeleceram, primeiro apenas naquela altura do ano mas, depois, muitos foram ficando em definitivo criando as que hoje são conhecidas por Aldeias Avieiras (Escaropim, Palhota ou Lezirão sâo exemplos).

Foz do Lis Praia de Vieira, arte xávega e a Suzuki

Continuei: há mais praias para visitar. Mas merece destaque o percurso da Estrada

Atlântica neste pedaço: uma longa recta a que o pouco movimento nos remete para um imaginário de vastos horizontes de outras paragens.

Prossegui. Pedras Negras foi a visita seguinte. Praia de Vieira de Leiria Acesso à praia das Pedras Negras Praia das Pedras Negras

Logo a seguir... Praia Velha... e o permanente apelo das ondas. Esta é a praia alternativa de quem quer fugir das neblinas matinais em S. Pedro de Moel. Hoje não era preciso...

Olho para sul e lá ao longe começo a descortinar a silhueta de um farol...

A Suzuki na Praia das Pedras Negras Praia Velha

E assim chego a uma das imagens mais marcantes e famosas da Estrada Atlântica: o Farol do Penedo da Saudade.

Reza a lenda, que este era o local escolhido pela Duquesa de Caminha para chorar o desaparecimento do seu marido... das lágrimas nasceu o nome.

O Penedo da Saudade e S. Pedro de Moel

O farol fica para trás e começo a aproximar-me de um dos expoentes turísticos desta região: S. Pedro de Moel.

Pequena aldeia, recanto com toque aristocrático que recorda a sua escolha como local de veraneio de muitas das famílias mais abastadas da zona centro do País desde há muito.

E isso podemos com facilidade observar na arquitectura dominante.

Conserva o charme, com uma praia que fica ali mesmo, aos meus pés, a chamar por mim! Mas tinha que prosseguir...

As praias que se seguiram são diferentes entre si, apesar da proximidade.

A primeira, Água de Madeiros tem meia dúzia de casas já não muito recentes e um acesso em empedrado.

S. Pedro de Moel Acesso à Praia de Água de Madeiros

A segunda, Pedra do Ouro, com alguns conjuntos de apartamentos com design moderno, dá toda a sensação de ser aposta turística recente.

Foi nesta ocasião que se juntaram uma coincidência e o percalço da jornada. Na Pedra do Ouro, a cerca de 20 km da Nazaré, estacionei numa rua inclinada (a subir).

Pouco antes tinha mais de 50 km de autonomia de combustível. Quando arranquei, reparei que essa autonomia se reduzia para 8 km! Fiquei preocupado...

Um pouco mais à frente e com a moto nivelada, já eram 12...e depois 15. Andei um pouco mais (estava alerta, porque em outras experiências anteriores com a SuzukiKatana e GSX-S1000 - tinha reparado no comportamento estranho deste indicador).

Entretanto cheguei a Paredes de Vitória. Longo areal (2,5 km) que a meio é entrecortado com o fio de água da Ribeira de Paredes.

Praia de Água de Madeiros
UM PERCALÇO E UMA COINCIDÊNCIA
Urbanizações modernas na Praia da Pedra do Ouro

No Miradouro que fica antes de descer para a praia, é possivel observar a norte o areal da praia da Polvoeira

A sul Paredes de Vitória e aqui, onde estava nesse momento, tomei a decisão de interromper o percurso na Estrada Atlântica e fazer os 7 km que me separavam de Pataias para reabastecer a moto, não fosse ter uma surpresa desagradável.

Coincidência ter sido neste mesmo sítio, que na minha anterior passagem pela Estrada Atlântica, desisti por causa do mau tempo. A caminho de Pataias reconhecia a estrada que então tomei, rumo a Alcobaça, Batalha e paragens mais amenas.

Mas o desvio valeu a pena.

Fiquei mais tranquilo e no regresso ao meu trajecto, atalhei por uma estrada municipal sinuosa e divertida!

E atravessei um pouco do muito pouco que sobrou do Pinhal de Leiria...

Miradouro de Paredes da Vitória Praia de Paredes da Vitória Praia de Polvoeira Uma estrada (muito) divertida

De volta à Estrada Atlântica mais

2 praias antes da Nazaré: Vale Furado e Légua.

Vale Furado fica rodeada por uma bonita arriba.

Já para chegar à Légua, bastante mais extensa, segui por uma descida bastante íngreme...mas compensadora.

Descida para a Légua

NO “REINO DO SURF”: NAZARÉ

Esperava-me a famosa Praia do Norte onde entrei no “reino do surf”.

Neste dia calmo, as ondas eram pouco maiores do que nas outras praias - o Canhão da Nazaré estava sossegado e o extenso areal quase deserto.

Foi também a oportunidade de olhar, cá de baixo, para a Fortaleza de S. Rafael.

Rumei ao Sítio da Nazaré. O local mais famoso e visitado das redondezas.

Praia de Vale Furado Praia da Légua Praia do Norte Fortaleza de S Rafael vista da Praia do Norte

Se foi o surf que colocou a Nazaré no mapa mais recentemente, a sua história vem de muito longe. E o Sítio é protagonista principal.

Desde a lenda de D. Fuas Roupinho que miraculosamente não se despenhou lá em baixo no mar e por isso mandou construir a Capela da Memória (Séc. XII), ao Santuário de Nossa Senhora da Nazaré (Séc XVII) até à Fortaleza de S. Rafael com o seu farol e situada no extremo do promontório que olha lá abaixo para o afamado Canhão da Nazaré, responsável pelas ondas gigantes que impressionam e celebrizam estas paragens em todo o mundo.

Nazaré vista do Sítio Capela da Memória Santuário de Nossa Senhora da Nazaré Deus do Surf Fortaleza de S. Rafael Interior do Santuário de Nossa Senhora da Nazaré

Desci à Nazaré.

Terra de pescadores e das mulheres das sete saias.

Estância turística desde sempre e destino de veraneio habitual para muitos.

O bulício da marginal é permanente e complementa o colorido da praia logo ali ao lado.

Não faltam as “Chambristas” a publicitarem os “chambres, rooms, zimmers”....

O colorido da Praia da Nazaré Na marginal da Nazaré Os tradicionais barcos de pesca A GSX-S1000GT na Nazaré O areal da Nazaré Ao fundo, o Sítio

Em bom rigor, já tería terminado a Estrada Atlântica.

Mas faltava “o acrescento” e daqui para a frente o percurso tem características diferentes.

Logo depois da Nazaré, comecei a subir a Serra da Pescaria em direcção a Famalicão. Não sendo muito pronunciada, as curvas vieram quebrar a monotonia anterior das rectas sucessivas.

Em Famalicão virei para a Praia do Salgado.

Esta praia, pela proximidade, é uma boa alternativa à mais cosmopolita da baía de S. Martinho do Porto

Nazaré, o Sítio e a Praia do Norte, vistos da serra da Pescaria Vista para o interior do alto da Serra da Pescaria Praia do Salgado

Regresso pelo mesmo acesso e até S. Martinho ainda havia uma meia-dúzia curvas para me divertir: a Serra de Mangues.

A CONCHA DE S. MARTINHO

O Miradouro de S. Martinho é o local de excelência para observar a beleza da baía cujo formato em concha é único. Esta baía é o derradeiro vestígio de um antigo golfo que até ao século XVI ia mais para o interior, até Alfeizeirão.

Praia do Salgado Baía de S Martinho do Porto

Curioso o pormenor da estreita “boca” que une a baía ao oceano: a sul o morro de Sant’Ana e a norte o morro do Farol, são as “pinças” que formam a estreita abertura.

Abertura da Baía de S Martinho do Porto e, ao fundo, a Duna de Salir Praia de S. Martinho do Porto Abertura da Baía de S.Martinho: morro do Farol e morro de Sant’Ana, frente a frente

A Avenida Marginal que ladeia a praia em toda sua extensão é o sítio “onde tudo acontece” neste destino de muitos veraneantes que procuram as suas águas calmas e as temperaturas amenas.

Prosseguindo pela Marginal até ao seu final, entro em Salir do Porto.

Passo pelo seu ex-líbris (e local favorito de brincadeira de miúdos e graúdos): a maior duna de areia da Europa.

Sigo em direcção a um dos meus locais preferidos: o Miradouro de Salir.

Marginal de S. Martinho do Porto Duna de Salir S. Martinho do Porto

Aqui observo a beleza da Concha de S. Martinho, agora do lado oposto. Digamos que a subida ao Miradouro, com o cansaço acumulado que já trazia da jornada, me pareceu mais prolongada que noutras ocasiões...

Faltava pouco para o objectivo final. Continuei próximo do mar, passo a Serra da Boavista e desço para a Foz do Arelho.

O PÔR DO SOL NA FOZ DO ARELHO
Vista do Miradouro de Salir: a concha de S. Martinho do Porto Lagoa de Óbidos e Foz do Arelho

O extremo da Lagoa de Óbidos mais próximo do mar, é outro local de veraneio muito procurado.

Seja pelas gentes das redondezas, pois Caldas da Rainha fica logo ali, mas também porque a distância à capital é inferior a 1 hora (pela auto-estrada).

A possibilidade de optar pelas ondas oceânicas ou por águas mais calmas na lagoa tornam único este destino. E o vento que geralmente se faz sentir, faz da Foz do Arelho um lugar muito procurado para os praticantes de Kitesurf, Windsurf e outras modalidades “ventosas”.

Sobre a praia destaca-se o Palacete Almeida Araújo.

Construido em 1904, foi atingido por um raio em 1930 que provocou um incêndio e lhe destruiu o interior.

Foi posteriormente reconstruido em 1960 e continua a dominar a paisagem sobranceira à praia.

Foz do Arelho Palacete Almeida Araújo

O objectivo desta jornada estava atingido: ver o pôr do sol na Foz do Arelho!

Seguiu-se o regresso a casa.

Estava concluída a Estrada Atlântica... e paga a dívida de há 3 anos!

Quanto à minha companheira nesta jornada, a excelente Suzuki GSX-S1000GT, será tema da Parte 2 desta crónica “EU GOSTO É DO VERÃO!!!” , onde será analisada ao ínfimo pormenor!

E não perca o vídeo “EU GOSTO É DO VERÃO!!!” , no Canal YouTube de Viagens ao Virar da Esquina

AGRADECIMENTOS

À SUZUKI pela cedência desta GSX-S1000GT e pela habitual disponibilidade da moto pelo tempo necessário à realização desta experiência e à produção dos respectivos conteúdos. Agradecimentos extensivos ao concessionário JOÃO SANTOS em Queluz pelo acolhimento e simpatia.

À MOTOCICLISMO, pelo apoio a Viagens ao Virar da Esquina e pela publicação desta crónica de viagem na edição de Agosto.

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