NAS RUTAS MOTERAS - HONDA ADV350 TOUR & FUN CHALLENGE

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VIAGENS AO VIRAR DA ESQUINA Tour & Fun Challenge 16- 18 SETEMBRO 2022 2 2 2ª Parte ( de 3 ) Parte ( de 3 NASRUTASMOTERAS NASRUTASMOTERAS NASRUTASMOTERAS

Conseguem imaginar

Um país onde o motociclismo tem estatuto privilegiado?

Onde as autoridades são elas próprias a recomendar os melhores traçados para viajarmos de moto?

Onde a população não só vibra com as motos como admira e respeita os motociclistas?

Afinal onde fica esse ”Paraíso na Terra das Motos”?

Convenhamos que a resposta é fácil mas as coisas também não serão assim tão perfeitas. Nunca são! Como em todo o lado, há uns melhores, outros que nem tanto. Mas o ambiente que se respira é diferente, acreditem. Não será um Paraíso ... mas um Oásis é certamente (até porque, por contraste, vemos por essa Europa fora, cada vez mais, restrições à circulação em 2 rodas como se esta fosse a causa de todos os males).

Refiro-me a Espanha. E está aqui tão perto. Os menos conhecedores, grupo onde me incluo, tendem a considerar o país vizinho uma terra a atravessar rápidamente, mil quilómetros que nos separam da “civilização” (a tal que atrofia as motos...).

Afinal, tenho vindo a descobrir o que muitos outros motociclistas europeus e não só, já sabem (basta ir lendo umas e outras publicações inglesas, francesas, etc.): que aqui ao lado existem imensas estradas dignas de serem percorridas, desafiantes e divertidas, com paisagens que podemos julgar impossíveis por nos estarem tão próximas.

NAS RUTAS MOTERAS - 2ª parte ( de 3)

O Honda ADV350 Tour & Fun Challenge permitiu-me conhecer uma região que vive tanto o fenómeno das motos e reconhece a importância económica e social que ele pode ter que até escolhe por nós e sinaliza-nos as “RUTAS MOTERAS”. As estradas que servem como uma luva aos motociclistas!

Refiro-me em termos genéricos à Comunidade Autónoma de Aragão (ou da Espanha Oriental).

A sua capital é Saragoça - cidade que tive oportunidade de visitar e vos descrever já lá vão uns 3 anos, no regresso dos Pirenéus (que em boa parte fazem parte desta comunidade9“PYRENAEOS 2019 - parte 2” - e que serviu de ponto de partida para este evento organizado pela Honda e cujo objectivo foi dar-nos a conhecer a ADV350 e as suas capacidades percorrendo algumas das estradas da região.

Este vasto território (cerca de metade da área de Portugal) confina a leste com a Catalunha e a Comunidade Valenciana. A Oeste com Navarra, La Rioja e Castilla y León. A Sul com Castilla - La Mancha.

A região que percorremos situa-se no chamado Bajo Aragón, em concreto na Província de Teruel.

A nascente respira a proximidade do Mediterrâneo, a norte convive com a bacia do Ebro (o rio mais caudaloso da Península e cuja bacia hidrográfica é quase do tamanho de Portugal...). A sul as regiões mais montanhosas de Andorra-Sierra de Arcos e Maestrazgo que se estende pela província de Castellón já pertencente à Comunidade Valenciana (não confundir esta Andorra com aquela outra situada no extremo norte da Península).

Maestrazgo - “Terra do Mestre” (grão-mestre da Ordem do Templo)

O ponto alto do percurso e o mais conhecido foram os 63km da THE SILENT ROUTE!

PEQUENO ENQUADRAMENTO HISTÓRICO

Andemos um pouquinho para trás, no tempo e no espaço.

Estamos nos anos 700 da era Cristã. Toda a Península Ibérica está ocupada pelos mouros Toda? Não! Um pequeno território montanhoso, povoado por irredutíveis descendentes dos visigodos resiste ainda e sempre ao invasor. E a vida não é nada fácil para as guarnições de berberes africanos acantonadas nos campos fortificados de Lugo ou Gijón...

Conhecem esta frase? Certamente os apreciadores de Astérix, irão achá-la familiar. Assim começam todos os capítulos das aventuras do Irredutível Gaulês. Mas foi aqui adaptada (e fantasiada) para uma realidade posterior. A da Reconquista Cristã da Península Ibérica que se iniciou nas montanhas asturianas com a vitória na batalha de Covadonga em 722.

Às mãos de Pelágio (o “Astérix” desta história mais real) os mouros tiveram a sua primeira desfeita depois de apenas 11 anos antes terem invadido e ocupado toda a Península. Cabe aqui dizer, que apesar disso, por cá foram ficando até 1492! 7 séculos... muito mais tempo do que aquele hoje que nos separa desta última data: a da queda da cidade de Granada.

As tarefas da Reconquista ocorreram de norte para sul. À medida que o território crescia, assim foram nascendo os reinos da Península. Primeiro o das Astúrias, depois o da Galiza e o de Leão. A leste também o de Navarra e de permeio o de Castela. Mais a oriente ainda, até ao Mediterrâneo, surgiu o Reino de Aragão (que incluía como protectorado incialmente e depois parte integrante o Principado de Barcelona) Mais tarde...decorridos mais de 2 séculos nasceu o Reino de Portugal.

Com o tempo, Leão absorveu a Galiza e as Astúrias e, por sua vez, acabou por fazer parte do Reino de Castela. Navarra ainda sobreviveu mais uns tempos, mas em meados do século XV, com o casamento de Isabel de Castela com Fernando II de Aragão, os chamados Reyes Católicos, consumou-se a união do território que hoje é a Espanha. Ainda assim, o Reino de Aragão ainda preservou muitas das suas prerrogativas até aos inícios do Séc. XIX.

Descrição simplista esta e com o modesto rigor dos resumos...muito resumidos.

INTRODUÇÂO À REGIÃO DO MAESTRAZGO

Ainda hoje, a memória desses tempos antigos perdura em muitas fortalezas que fomos vendo durante o nosso caminho, na arquitectura da maioria das povoações mais antigas, quase sempre construídas à beira de uma falésia para melhor defesa e obviamente nas tradições destas terras (cujo conhecimento ficará para futura viagem mais demorada). Por aqui se diz que passou Cid, El Campeador ... o herói medieval de tantas histórias e lendas.

Também ainda permanece dolorosa recordação, esta bem mais recente. A da Guerra Civil de 1936-39 que devastou Espanha e teve particular incidência nestes territórios que atravessámos.

Esta foi a capa do Diário de Notícias de 28 de Dezembro de 1937. A batalha de Teruel foi uma das mais cruéis desta fratricida guerra.

E pudemos constatar, de passagem, que a memória ainda é visível em Belchite El Viejo... mas já lá vamos.

É importante referir que a nossa viagem tinha um objectivo concreto: saindo de Saragoça, chegar ao hotel onde ficámos alojados durante os dois dias dedicados ao Grande Prémio de Aragão em MotoGP. E no final, regressar por Barcelona onde a passarola voadora nos traria de volta a casa.

Os nossos anfitriões, da Honda Espanha, não tornaram o caminho fácil, nem o desejávamos diga-se, porque também queríamos perceber o potencial e as características das Honda ADV350 (descritas na 1ª parte: “750km em Honda ADV350”).

Em todo o caso ficámos a conhecer algumas das belíssimas estradas desta região e as suas não menos fantásticas paisagens.

Não houve tempo para visitas turísticas...mas ficou o aperitivo. E que saboroso foi!

Na véspera, de avião e comboio de alta velocidade (dos verdadeiros!) tinha chegado a Saragoça. Em Madrid reuni-me com o outro companheiro português, vindo do Porto.

No destino, aguardavanos o staff da Honda, amigos e companheiros já conhecidos de anteriores aventuras, e um conjunto de notáveis jornalistas e comunicadores espanhóis. Entre eles, alguns que são verdadeiras lendas do periodismo motero do país vizinho. Uma honra e um privilégio conviver com autênticas enciclopédias do motociclismo. E ainda tívemos uma surpresa com um convidado (muito) especial: Jordi Torres. Piloto que passou pelo MotoGP depois das categorias menores onde teve algumas vitórias, pelo Mundial de Superbikes onde venceu no Qatar e, mais recentemente, coroado Bi-Campeão do Mundo de MotoE (2020-21).

Um jantar em ambiente típico onde pudemos degustar algumas iguarias regionais de confecção apurada, algumas horas de repouso no hotel (perdemos sempre uma hora nestas coisas do fuso horário!) e eis-nos preparados para começar o ADV350 Tour & Fun Challenge no dia seguinte.

Pouco passava das 9h e já estávamos no Concessionário Honda - MOBICSA- para nos juntarmos às nossas companheiras dos próximos dias: as ADV350.

DIA 1 Sexta-feira - DE SARAGOÇA A LA TORRE DEL VISCO AVE - Estação de Atocha - Madrid Honda - Saragoça Jordi Torres

Foram cerca de 300km sempre percorridos em ritmo rápido... algumas vezes como se o destino nos fugisse à medida que avançávamos. Um teste às motos, sem qualquer tipo de dúvida. Bem...com jornalistas experientes neste tipo de coisas, alguns mesmo antigos ou actuais competidores motocíclisticos, e um campeão do mundo, não podíamos esperar um andamento de turistas empedernidos, certo?

Os primeiros 30km foram percorridos em auto-estrada. Percebemos que a ADV350 não tinha qualquer problema em circular por aqui. Não lhe falta velocidade e capacidade de recuperação para a rapidez necessária. Também a protecção aerodinâmica é boa, principalmente se o vidro for colocado na posição mais elevada e, no meu caso, me “esconder” ligeiramente atrás dele. O “Osborne” foi testemunha...

A partir de Alfajarín encontrámos a A-222. Prosseguimos em ritmo rápido. A comitiva alongava-se pela estrada rumo a sul. As primeiras serranias começavam a povoar o nosso horizonte. E começámos a encontrar os primeiros pontos de referência.

Saragoça - A ADV350 no tráfego urbano Na auto-estrada com uma testemunha especial

Com 58km percorridos, vislumbrámos à nossa direita umas ruínas impressionantes.

Era Belchite, triste palco de sangrentas batalhas durante a Guerra Civil.

A tal ponto foi a destruição (ou talvez a vontade de deixar uma mensagem indelével...) que não foi reconstruída.

As ruinas ficaram no que agora se chama Belchite El Viejo e a nova povoação foi construída de novo, ao lado.

A viagem prosseguiu e passámos por Andorra. Não a dos Pirenéus mas esta onde existiu atá ao ano passado uma importante central a carvão, agora desmantelada. Será que ainda vai fazer falta?

Belchite El Viejo

Estávamos próximos de Venta la Pintada com cerca de 130km de viagem. Tempo de paragem para um já necessário cafézinho (ou algo parecido), esticar as pernas, meia de conversa e prepararmo-nos para o que viria a seguir.

É aqui que começa a A-1702: The Silent Route!

Ejulve é a porta de entrada para o Maestrazgo e a cidade mais montanhosa da região de AndorraSerra de Arcos.

Neste ponto vale lembrar que Teruel é a província mais montanhosa de Espanha. Tanto é assim que o município situado na maior altitude de toda a Espanha é Valdelinares (1.692 m), ainda mais alto do que as cidades dos Pirinéus de Lérida, Gredos ou Alpujarra.

Não surpreende, portanto, que a orografia do terreno obrigue à criação de aldeias empoleiradas no relevo: encostas íngremes, falésias rochosas... embora nem tudo seja visível.

Às vezes, é necessário descer por um dos quase 40 abismos catalogados para se maravilhar com a beleza oculta dessas decorações subterrâneas.

Calle Carretera - Ejulve
Na The Silent Route

Passamos Ejulve e a estrada começa a ficar interessante e divertida.

Ao quilómetro 17,3 fica uma das imagens mais emblemáticas do percurso: uma escultura de quatro por quatro metros de um imponente cabrito montês, instalado em Dezembro de 2018.

Chamam-lhe o Mirante de la Cabra...

Tornou-se o logotipo da “la Ruta del Silêncio” e o miradouro mais fotografado da zona. Desta privilegiada varanda natural podemos contemplar as coroas de Aliaga, as alturas de Pitarque e Cañada de Benatanduz, as mós calcárias de Villarluengo e Cantavieja... Topografia de contrastes no Alto Maestrazgo.

A paragem é obrigatória. E as fotos também...

Saímos do Mirante que fica no Puerto de Los Degollaos e começamos a descer. A estrada torna-se cada vez mais interessante. E vamos percebendo porque lhe chamam a rota do silêncio.

Só vejo duas razões. A primeira porque, para lá de outros motociclistas que por ali vão passando e cujo barulho antecipamos

“à légua”, impera o silêncio. Não há vivalma nem actividade humana. apenas os sons da natureza. A outra razão ... é porque a estrada obriganos a tal concentração que não ousamos dar um pio!

Mirante de La Cabra - The Silent Route

Meia dúzia de quilómetros mais à frente, deparamos com os “Órganos de Montoro” , uma parede que recorta o horizonte e sobe o céu em agulhas sucessivas

Na parede de pedra, a água que se escoa e o gelo esculpiram sulcos que desenham as paredes verticais desta fortaleza como calhas. Esta maravilha geomorfológica, que lembra tubos de órgão, é cercada por pinheiros, zimbros, zimbros negros, azinheiras, choupos, salgueiros e juncos na margem do rio. Uma mostra de riqueza faunística e botânica.

Por incrivel que pareça, apenas percorremos 27 quilômetros desde o início da “The Silent Route” . Cada metro conta. Entretanto, começamos a percorrer alguns desfiladeiros e a estrada fica mais estreita e sinuosa. A The Silent Route não tem grandes declives mas o registo é permanente: curva e contra curva. Ainda assim não nos deixemos enganar. Andamos entre os 1000 e os 1500 metros de altitude e em vários locais da rota encontramos as varas que assinalam a altura de neve.

Órganos de Montoro

A “The Silent Route” é acima de tudo uma experiência visual. De condução também. E a maior parte das vezes a observação da paisagem é dificultada pela necessidade de estar atento à sinuosidade do caminho. Mas vejamos algumas imagens do percurso que nos levou a passar por Villarluengo e Cañada de Benatanduz até chegarmos ao Puerto de Cuarto Pelado onde terminam os 63 km desta espectacular estrada.

Cañada de Benatanduz

Terminada a rota silenciosa, ainda assim continuámos a viajar pelas estradas sinuosas do Maestrazgo. A caminho do almoço (é verdade, ainda era “de manhã”.... embora o ponteiro do relógio já apontasse para as 15 horas), passámos por Cantavieja.

Dizem as lendas locais que terá sido fundada pelo cartaginês Amilcar Barca, que lhe chamou Cartago Vetus.

Mais tarde, teve papel importante nas Guerras Carlistas. As 3 guerras que opuseram os partidários do regime absolutista aos defensores das ideias liberais.

Passámos rápidamente por Mirambel, também de grande relevância nas Guerras Carlistas e declarada Monumento Histórico-Artístico por seu recinto amuralhado e edifícios medievais

Já estávamos próximos de Olocau del Rey, onde iríamos fazer um piquenique!

Cantavieja Mirambel

A Ermida de Sant Marc, construída em 1576 em homenagem ao santo, é um sóbrio conjunto de edifícios que formam um recinto trapezoidal delimitando um quadrado interior de paralelepípedos atravessado por um caminho que outrora ligava Teruel a Morella. Aqui almoçámos, descansámos um pouco e aproveitámos para algumas fotos e filmagens.

Ermida de San Marc

Restabelecidos os sentidos e o estômago, nesta altura já somávamos cerca de 210km desde que pela manhã tínhamos saído de Saragoça. Para o destino deste dia, faltavam cerca de 80, mais coisa menos coisa.

Mas o próximo ponto alto do dia seria daqui a uma trintena de quilómetros.

Morella

Esperava-nos a espectacular, monumental e inexpugnável

Morella, sem dúvida uma das das mais belas aldeias de Espanha, que merece uma posterior e mais prolongada visita, sem pressas, percorrendo as suas muralhas do século XIII e as ruas íngremes e estreitas.

Desde vestígios de povoamento préhistórico, à passagem de Cid, El Campeador, ou às batalhas das Guerras Carlistas ou, mais recentes da Guerra Civil, as suas muralhas viram passar todos os momentos da História de Espanha.

Depois de percorridas as ruas da espectacular Morella, menos de uma hora de caminho, com uma paragem para reabastecer as máquinas (no dia seguinte não haveria tempo para tal),e estávamos a cerca de 5 km do hotel onde iríamos pernoitar nas duas noites seguintes. Essa distância iria permitir-nos avaliar as capacidades offroad das nossas ADV350. Era em terra com bastante gravilha solta... e muito pó!

Depois de uma ou outra atravessadela (pequena, para não estragar a mobília...) e algum pó, lá cheguei ao Hotel.

La Torre del Visco é um espectacular hotel, construído a partir das ruínas de uma torre de vigia templária do Séc. XV

Situado num recanto paradisiaco, este é um recanto ideal para quem necessita descansar ou quer apenas usufruir do tempo.

Estamos completamente rodeados pela natureza e afastados de qualquer outro detalhe de civilização, incluindo as redes de telemóvel que aqui chegam com alguma dificuldade.

Hotel la Torre del Visco

A jornada terminou com um animado jantar ao ar livre onde as iguarias presentes ajudaram ao restabelecimento das energias depois de um dia bastante cansativo mas ainda mais gratificante pelas experiências vividas: estradas tão divertidas quanto desafiantes e paisagens deslumbrantes.

O dia seguinte seria completamente diferente...

O menú previsto era simples: pegar na ADV350, percorrer cerca de 6 dezenas de quilómetros de boa e rápida estrada até ao circuito e...assistir ao treinos do MotoGP.

No final, regresso ao Hotel pelo mesmo caminho, para alguns momentos de convívio, jantar e depois... caminha!

Em bom rigor, verdadeiramente interessante não seria acompanhar os treinos propriamente ditos, mas sim percorrer o paddock e tomar contacto com os bastidores da grande competição. Foi o que fizemos.

Isso fica para a 3ª parte das crónicas deste Honda Tour & Fun Challenge: “Nos bastidores do MotoGP”!

Mas há uma história para contar, porque o circuito Motorland Aragón não surgiu neste local por acaso.

Vem na sequência da enorme paixão pelo desporto motorizado vivida nesta região de Alcañiz onde o circuito e toda a infraestrutura que o rodeia foi construido. Que está intimamente ligada, não só às espectaculares estradas de toda esta região mas também às corridas que se faziam num circuito citadino criado na cidade de Alcañiz.

DIA 2 Sábado - A caminho do Motorland Aragón No Motorland Aragón

A história começa com um nome e uma data: o nome é o de um natural de Saragoça mas que exercia medicina em Alcañiz: o Dr. Joaquín Repollés. A data é 11 de Setembro de 1965.

O Dr. Repollés era um apaixonado pela competição automóvel e da sua imaginação nasceu o Circuito de Gaudalope (o rio que por ali passa).

Um circuito citadino pelas ruas da cidade e que deu ainda origem ao nascimento do que hoje se chama Real Automovil Club Circuito Guadalope e que durante anos a fio aí organizou inúmeras provas.

Naquela data, realizou-se a I Prova Automóvel "Virgen de los Pueyos" incluída nas Festas da Padroeira da cidade, a quem foi buscar o nome.

A tradição das corridas urbanas manteve-se viva até 2003. Todavia já desde os anos 90 que as condições de segurança não acompanhavam o crescimento das performances. Era necessária uma solução: nasceu o projecto de construção de um circuito permanente especialmente dedicado à competição auto e motociclística.

Foi sem em dúvida a tradição das corridas no Circuito Urbano, realizadas até 2003 e, sobretudo, o grande trabalho de organização do RACCG que permitiram a Alcañiz ter actualmente as instalações do MotorLand Aragón, referência internacional no mundo da competição motorizada.

O trajecto até ao circuito percorreu-se em menos de uma hora e sem história para contar, a não ser o facto de podermos constatar a verdadeira paixão com que por aqui se vive o motociclismo (e não só o de competição). E a forma colaborante como as forças de segurança tratam os muitos milhares de motociclistas que neste nosso primeiro dia encontrámos. O objectivo sempre presente: simplificar.

Circuito Motorland Aragón

Principalmente no regresso, foi engraçado ver como as “pequenas” ADV350 em comitiva em andamento acelerado ia ultrapassando (quase) tudo o que lhe aparecia pela frente

Ou seja, apesar da cilindrada e da potência mais a apontar para utilização citadina, ficou provadíssimo que é possível ir mais além. Ultrapassar as fronteiras urbanas e ir à conquista dos espaços livres.

O dia começou “temprano” . Era necessário chegar ao circuito cedo, para evitar confusões desnecessárias e...termos tempo para absorver tudo o que se iria passar.

Já referi que o meu objectivo principal não era ver as corridas.

Também era, mas sobretudo pretendia aproveitar a oportunidade de ter acesso a áreas a que normalmente não seria possível: o paddock, a linha das boxes e uma propriamente dita, as Hospitality das equipas, o movimento de técnicos, pilotos e afins, ver como trabalham as equipas de reportagem... e apreciar o movimento...

De tudo isso darei conta na 3ª parte desta série de textos sobre o Honda ADV350 Tour & Fun Challenge: “Nos bastidores do MotoGP”.

Mas uma coisa é certa: a componente “Fun” do desafio foi mesmo muito divertida!

Mas, como tudo na vida tem um fim, também a meio da tarde, mal tinha terminado a prova raínha e já nós estávamos junto das nossas infernais ADV350: esperavamnos quase 300km até Barcelona Aí entregaríamos as motos a um merecido descanso e esperava-me um passarão voador que me traria para casa.

DIA 3 Domingo - Um dia nas corridas ... e o regresso

Três centenas de quilómetros que foram feitos ainda mais rápido, se é que tal foi possível. Havia horários a cumprir!

Mas a Honda não quis deixar os seus créditos por mãos alheias nem deixar que regressássemos sem ficarmos a conhecer mais um pedaço da região e principalmente, confirmássemos a impressão que já tínhamos desde o primeiro dia: esta zona é um verdadeiro paraíso para os motociclistas.

Como o ritmo adoptado tinha por trás um certo tipo de urgência, e a rota escolhida não estava nos planos iniciais (tinha ficado em aberto em função do tempo disponível no final do Grande Prémio), acabei por não registar em imagens o caminho feito.

Apenas retive alguns dos nomes da povoações atravessadas: Prat de Comte, El Pinel de Brai, Miravet, Benissanet....

Mas fiquei com uma certeza: foram estas, mas podiam ter sido outras porque há inúmeras estradas que atravessam a região em quase todos os sentidos. Ora como ela é montanhosa, com desfiladeiros pronunciados, em sobe e desce frequente e sempre em regime de curva e contra-curva, a diversão está assegurada.

Fica uma ideia: reservar 3 ou 4 dias por aqui... e depois perdermo-nos nas estradas. Retenham este nome, para lá dos já anteriormente referidos: Parc Natural dels Ports!

Depois de Réus (nome familiar de outra modalidade desportiva, o hóquei em patins) e até ao nosso destino, fomos rapidinho pela autopista. Uma autoestrada na qual não vislumbrámos qualquer portagem. Este país é estranho....

O “HONDA ADV 350 TOUR & FUN CHALLENGE” correu ao longo de cerca de 750 km em terrenos diversos, pelos caminhos do Baixo Aragão, em Espanha, a região conhecida por Maestrazgo.

Este desafio teve 3 vertentes: a moto, a viagem e o MotoGP. E daqui resultam 3 textos.

A análise sobre a ADV350 é a primeira parte:

“750 km em Honda ADV350”

A segunda parte conta a viagem desde Saragoça a Barcelona, da qual um dos pontos altos foi a The Silent Route.

” Nas Rutas Moteras”

A parte final, a terceira, vai contar o que vimos

“Nos bastidores do MotoGP” .

Last but not the least, é essencial testemunhar a enorme gratidão para com a Honda Ibérica, Portugal e Espanha, por mais esta oportunidade de participar num evento que foi simultanemente uma aventura e um desafio e, como sempre, organizada de forma brilhante!

Um enorme bem haja!

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