UMA VIAGEM INESQUECÍVEL - HONDA NT1100 IBERIA TOUR EXPERIENCE - DIA 1

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UMA VIAGEM INESQUECÍVEL COM A HONDA NT1100

- HONDA NT1100 IBERIA TOUR EXPERIENCE -

Já passaram 2 meses desde que tive a oportunidade de participar em mais um evento promovido pela Honda.

Quando recebi o convite inicial, sabia apenas que seria algo que me permitiria desfrutar da novíssima HONDA NT1100 durante bastantes quilómetros.

Porquê vir agora, passado todo este tempo, recordar o evento (nesta era de comunicação digital, tudo o que seja para lá de poucas horas já se mede por um calendário...ou passa para o canal Memória)? Quando todas as publicações na imprensa especializada, nos canais digitais respectivos - inclusive os relatos dos comunicadores espanhóis que cumpriram a primeira fase do evento - já são conhecidos, lidos, partilhados?

Para lá de pensar que por vezes o distanciamento - fisico ou temporal - nos permite ver os factos com outros olhos, também é verdade que em primeiríssima mão (logo na semana seguinte) vos mostrei as imagens e partilhei opiniões através de vídeo.

Estão aqui (basta seguir os links):

HONDA NT1100

Iberia Tour Experience Dia 1

HONDA NT1100

Iberia Tour Experience Dia 2

Enquanto os restantes foram publicando, no digital ou impresso em papel, achei que não valeria a pena “chover no molhado” (aliás, “o molhado” esteve bem presente neste evento!).

Por outro lado, quem se der ao trabalho de ler este texto, virá já bem informado e portanto, cumprirá acrescentar algo. Nem que sejam os detalhes que escaparam ou que as limitações de espaço de publicação (sempre existentes para quem escreve na imprensa) não possibilitaram que fossem contados.

Portanto, aqui fica o relato já com o tal distanciamento que o tempo permite. E recordar uma experiência magnífica.

ALGUNS EXEMPLOS no YouTube (links):

Moto

Em que consistiu afinal o “HONDA NT1100 IBERIA TOUR EXPERIENCE”?

A proposta da Honda, que não costuma deixar os seus créditos por mãos alheias no que toca a criatividade e saber fazer, era relativamente simples: ensaiar as novíssimas NT1100 em condições reais e no habitat para o qual foram concebidas: o mototurismo.

Leia-se, uma viagem que se prolongou por 2 dias e nos levou a unir o Porto a Madrid por estradas e estradinhas do melhor que podemos encontrar na Península Ibérica. E porque tinha a abrangência peninsular, naturalmente teria a participação dos nossos confrades ... como a fronteira já não existe, digamos que do outro lado da língua. Em portunhol nos entendemos porque a comunicação junta o que as fronteiras separam.

No seu todo, o evento durou 4 dias. Precisamente os necessários para as motos virem de Madrid ao Porto pela mão dos comunicadores espanhóis nos primeiros 2. Nos restantes, ficou a nosso cargo irmos devolvê-las à procedência.

Eu não disse que a proposta era simples?

PORTO MADRID
Andar de
MotoX Motos.net TodoCircuito FormulaMoto MotosX1000

Repararam que mencionei “comunicadores”? Efectivamente, a Honda está atenta às novas formas de comunicação digital (bloggers e/ou vloggers). Em muitos dos seus eventos inclui alguns destes comunicadores e junta-os aos profissionais do sector: os jornalistas. Pela minha parte é um privilégio e uma forma de aprendizagem. A retribuição só pode ser o respeito por quem faz da sua vida a tarefa de, nos jornais, revistas ou televisão nos informar com os seus conhecimentos e experiência.

Nem todas as marcas ou organizações do sector têm a postura da Honda. Só terei que agradecer a esta por estar um passo à frente!

Não pretendemos ocupar o espaço dos meios tradicionais, pelo contrário, complementá-los seja através de um maior imediatismo seja por visões que são mais próximas do utilizador comum (que no fundo é o que estes comunicadores digitais, onde me incluo, são).

Dou um exemplo: sempre que as condições de condução se tornam mais exigentes, não consigo acompanhar o ritmo dos pros...o que se me afigura perfeitamente natural (se nalguma ocasião os atrasei, aqui ficam desculpas públicas, até porque como mandam as boas regras de civilidade da condução de moto em grupo, as ultrapassagens são de evitar). Ora acredito que a minha condução estará mais próxima da dos comuns mortais que conduzem as suas motos no dia a dia e as sensações que posso retirar serão também mais reais. O que complementa a opinião dos jornalistas, que por se aproximarem mais dos limites das máquinas conseguem também explicar melhor até onde elas vão. É esta complementaridade que refiro.

Esta é a minha opinião e a forma como vejo esta convivência.

O EVENTO - HONDA NT1100 IBERIA TOUR EXPERIENCE

Para os comunicadores portugueses - 5 jornalistas em representação de todas as publicações nacionais e 2 “digitais” - a jornada começou aos tropeções. Na realidade, a viagem para o Porto onde nos encontraríamos com os colegas espanhóis não foi isenta de peripécias: o primeiro avião da TAP não saiu do seu lugar, dando azo a que todos nos lembrássemos do velhinho aforismo “TAP - Take Another Plane” . Infelizmente, como todos somos accionistas da companhia, não me senti nada satisfeito pela qualidade do serviço que estava a ser prestado por uma empresa minha... Voltámos à porta de embarque e esperámos que outro avião estivesse disponível. Como tal, repetição do processo de embarque, nova viagem de autocarro (a terceira) até à nave que finalmente nos levou até Pedras Rubras.

Em resumo, se tivessemos ido de moto em perfeito respeito pelos limites vigentes, tinha sido mais rápido. Não foi... mas também viagem sem peripécias não é viagem!

Ainda assim, chegámos ao hotel a tempo de acolher os 7 comunicadores espanhóis mais o staff de apoio da Honda. Já vos disse que a marca não deixa os seus créditos por mãos alheias? Pois também neste aspecto, nada falta! Apoio de primeira, para que tudo corra na perfeição. Já conhecia alguns destes companheiros e foi um prazer revê-los.

Uma palavra para o alojamento:

O Eurostars Porto Douro,à beirinha do Rio Douro, com uma fabulosa vista para a Ponte D. Luís e a Serra do Pilar a jusante e a as pontes do Infante, D. Maria Pia e São João (escondida) a montante, tem uma localização privilegiada.

Magnífico...a qualquer hora do dia!

Terminámos com um jantar bem animado numa tasquinha muito típica da Ribeira portuense onde para lá de uns pitéus de comer e chorar por mais, se viveram excelentes momentos de convívio ibérico. Afinal, “Iberia” era o mote.

Aqui fica a recomendação: “A Grade” na Rua de S. Nicolau (a pequena dimensão que contrasta com a grande qualidade do repasto, recomenda reserva atempada).

DO PORTO A MADRID - QUE VIAGEM!

DIA 1 - DO PORTO A LA ALBERCA

1ª Parte - Do Porto ao Pinhão

Pela manhã, o primeiro dia de viagem para nós, lá fomos a caminho de Madrid onde no dia seguinte devolveríamos as 7 HONDA NT1100 utilizadas nesta experiência Nada mais simples, certo? Quando bem concebidas as coisas são sempre simples.

Simples não foi certamente a escolha do trajecto. Mas aí, quer do lado português quer do lado espanhol, foram conhecedores profundos destas e doutras estradas que o desenharam. E que excelente trabalho fizeram. Será isso que adiante vos contarei.

A jornada matinal começou a boa hora. Infelizmente logo um companheiro, ainda na garagem do hotel, reparou que um dos pneus da sua moto estava...em baixo. Um furo...e ainda nem tínhamos começado. Rápida resolução e logo a comitiva estava a caminho.

Aguardava-nos um dia muito bem preenchido (nessa altura ainda não fazia ideia de quanto) pois separavam-nos cerca de 350 km do local onde iríamos pernoitar, cujo nome pouco me dizia: La Alberca. Já em domínios do antigo Reino de Leão (de onde nasceu o Condado Portucalense já lá vão uns anitos. O resto da história vocês conhecem...)

A saída do Porto ribeirinho fez-se pela A4 em direcção a Amarante onde não chegámos a entrar. Apesar de esta AE ter um perfil interessante e algumas vistas bonitas, o interesse aqui era chegarmos rapidamente ao que interessava: algumas das mais belas estradas das margens do Douro.

75 km passaram num sopro e à saída da A4 e iniciámos a descida da N101 em direcção a Mesão Frio.

Aqui se produzem alguns dos melhores vinhos da região, cujo saborear ficará para outra ocasião

A estrada que rasga a encosta nascente da Serra da Aboboreira maravilhanos no seu ritmo de curva e contra curva, com uma paisagem que nos enche o olho nos breves instantes que a condução o permite.

Aproximamo-nos do Alto Douro Vinhateiro e sabemos que nos acessos laterais poderíamos encontrar algumas “estradinhas” carismáticas como sejam algumas que já foram utilizadas para o rali de Portugal (o nome Carvalho de Rei ou Aboboreira dizvos algo?).

Em Mesão Frio encontramos outro dos ex-libris da região no que a estradas se refere (e são tantas!): a N108 que nos irá conduzir ao longo da margem direita do Douro até Peso da Régua.

A beleza da paisagem vinha em crescendo e assim continuou: deslumbrante.

O rio, o vale, os socalcos com as vinhas montes acima justificam a cada vez maior procura turística desta região.

Quando chegamos ao Peso da Régua, onde entramos vindos de poente, podemos constatar essa mesma realidade turística. Que se mescla com todo o historial e tradição ligadas à produção do Vinho do Porto.

Quem diria, há quase 3 séculos, quando por obra do Marquês de Pombal em 1756 foi criada a Real Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, a primeira região demarcada de produção vitivinícola do Mundo, cuja dimensão alcança os 250 mil hectares, daqui até freixo de Espada à Cinta e Barca d’Alva, Douro acima.

Confesso, não era este o meu pensamento ao atravessar a cidade primeiro e depois ao cruzar o rio para passarmos para a outra margem.

Vieram-me à lembrança duas outras ocasiões em que atravessei esta mesmíssima ponte, quando percorri a EN2 - a primeira com a VFR800 (que saudade) e a segunda com uma Africa Twin Adventure Sport (versão 2020) escassos dias antes de um vírus (oriundo do mesmo sítio de onde vinham aquelas compras baratas) nos mandar a todos para casa.

Agora o objectivo era “agarrarmos” a dita melhor estrada do mundo.

Nós portugueses temos um sortilégio (melhor seria dizer fetiche!) com os “melhores - ou maiores - do mundo”. A melhor estrada, a maior ponte, a maior feijoada... enfim! Portuguesices. Somos assim, nada a fazer!

O certo é que, neste caso, nem fomos nós a atribuir-lhe em 2015 o estatuto de “World Best Driving Road” à frente de outras bem mais famosas.

Afinal, foi um algoritmo matemático, criado por Herman Tilke (que desenhou algumas das mais conhecidas pistas de Grande Prémio), John Wardley (projectista de trajectos radicais e...montanhas russas) e Mark Hadley (fisíco quântico) que ajudou a escolhê-la: para lá do que a rodeia em termos paisagísticos, o encadeamento da estrada onde é levado em conta o comprimento das retas e os raios das curvas, fez com que o pedaço de 27 km e 93 curvas entre Peso da Régua e Pinhão atingisse o valor de 11:1.

Ora, o valor teórico ideal que aqueles tinham definido como bitola a atingir era 10:1... 10 segundos de recta para cada segundo a curvar. Quase, quase a estrada ideal. E por isso a “melhor do mundo”.

O resultado é materializado neste Índice de Condução, cuja nota depende do equilíbrio entre as quatro fases, permitindo desfrutar de velocidade e aceleração, o teste à capacidade de condução ao longo das retas e o usufruto da paisagem envolvente.

Ou, na opinião de John Wardley, uma estrada que “transmite ao condutor uma confusão de sentimentos, que vai da emoção à intimidação, culminando depois na diversão e prazer”. Uma experiência em que podemos sentir, ao conduzir na N222, com “velocidades diferentes, uma mistura de curvas e retas e mudanças nos pontos de vista que são, afinal, comuns à condução e à experiência de uma montanharussa”.

A explicação fica feita. Devo todavia expressar que é inegavelmente uma estrada fabulosa do ponto de vista paisagístico. Quanto ao resto, sob o ponto de vista exclusivamente de condução... até achei muito mais piada ao percurso pela mesma N222, mas a partir do Pinhão até Almendra. Gostos...

E assim se percorreram os quilómetros que nos levaram até à primeira paragem da jornada: no Pinhão.

Maravilhados com o que os olhos viam, os vinhedos em socalcos monte acima, monte abaixo, uma obra humana que transformou a paisagem e dela extraíu uma riqueza que faz a vida destas gentes. E um cenário único a que o espelho de água do Rio Douro acrescenta o toque de frescura e de contraste.

No Pinhão atravessámos novamente o rio. Uma pequena paragem para ligeiro reabastecimento e para o cumprimento de alguns deveres de ofício: sessão fotográfica e filmagem.

Preparávamo-nos para a segunda parte da jornada matinal que nos levaria até ao Côa. A oportunidade para percebermos que estávamos em região com duas áreas consideradas Património Imaterial da Humanidade pela Unesco: a Região Vinhateira do Alto Douro e o Parque Arqueológico do Vale do Côa.

Esta parte do percurso fez-se com a rapidez que a estrada sinuosa e o kit de unhas permitiram. Diversão absoluta e oportunidade para testar a capacidade da NT1100 em estradas rápidas de serrania. 65 km de curvas e contra curvas, sobe e desce permanente levaram-nos até ao local do nosso almoço.

A N222 dá o acesso, à Grande Rota do Vale do Côa. São cerca de 200km que permitem atingir na plenitude a grandeza desta obra da natureza onde o homem (uma release anterior do que hoje somos) por aqui andou há 25 mil anos. Se pensarmos que Portugal é um dos países mais antigos e nem sequer chegou aos 900 anos...

A riqueza arquelógica está expressa no Museu do Côa. Uma estrutura moderna, inaugurada em 2010 e concebida pelos arquitectos Camilo Rebelo e Tiago Pimentel. Apesar da traça moderna, de linha rectas, o facto é que a estrutura está bem inegrada na paisagem e permite-nos observar a beleza agreste e majestosa do vale do Rio Côa.

Para lá da arqueologia, o Museu do Côa também é um museu de arte, abordando a expressão artística nos primórdios da civilização, como por exemplo, uma mostra explicativa dos ciclos de arte rupestre do Baixo Côa e Douro superior.

2ª Parte - Do Pinhão ao Côa

Nesta altura, o céu começava a ficar encoberto. As previsões que tínhamos consultado antecipavam tempo molhado. E que nos dois dias anteriores, os nossos companheiros espanhóis, a caminho do Porto, tinham enfrentado borrasca grossa. Pela nossa parte, até aqui, apenas sol radioso, uma ou outra nuvem e algum calor até. Mas as coisas iam mudar...

Mas antes disso, um opíparo almoço no restaurante do Museu. Uma vista fantástica animava-nos enquanto saboreávamos o pitéu.

Nova sessão foto e videográfica, com uns laivos de óptima disposição dos viajantes, encerrou esta pausa no Museu do Côa. Antes de retomararmos a N222 ainda aproveitámos o cenário da estrada entre muros que nos trouxe e nos levaria do Museu para uns takes em movimento. Brilhantes os artistas no manuseio da moto - pelo menos assim pareceu depois de visionadas as imagens (ou será que o mérito é do operador de câmara? Vá-se lá saber...) - e muito fotogénica a NT1100. Que tinha tido um excelente comportamento até este momento.

De onde estávamos até Almendra distam apenas cerca de 20 km. Os últimos da EN222. O perfil da estrada não se alterou e uns 15 minutos de divertimento depois estávamos junto à placa que assinala o fim da “melhor estrada do mundo”. Não sei se é nem sequer essa discussão tem qualquer interesse. Contrariamente à estrada que essa sim é muito interessante pelo que nos mostra e divertida pelo que nos exige da condução.

Aqui levávamos de viagem praticamente tantos quilómetros quantos tem a EN222 de extensão: 225. Mas como já vimos, aproveitámo-los em parte por outras estradas não menos interessantes. Desta feita não lhe demos exclusivo no protagonismo. Depois da foto da praxe fomos até Almendra.

Sem títulos, candidaturas ou outras modernices, é uma bonita vila histórica de Portugal com um património edificado de imenso valor cultural e artístico. Até porque foi sede de concelho entre 1298 e 1855 o que atesta que em tempos longínquos foi terra próspera.

3ª Parte - De Vila Nova de Foz Côa a La Alberca

A Igreja Matriz, também conhecida como Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, ostenta placa com o ano de construção: 1571. No caminho entretive-me a fazer a conta: 451 anos! 4 séculos e meio...

Já o palacete que fica defronte, o Solar dos Viscondes de Almendra, também conhecido por Solar dos Viscondes do Banho, palácio barroco que albergou, por muitos anos, os viscondes de Almendra e, por casamento, os viscondes do Banho, está em estado lastimoso com o interior em ruínas. Escapam (por enquanto) as fachadas imponentes.

Edifício palaciano de dois pisos, exemplar da arquitetura setecentista do interior português, conserva o seu austero estilo barroco.

O brasão de armas da família, enquadrado por um frontão curvilíneo, permanece em cima da varanda. Curiosamente, o brasão nunca foi terminado de esculpir, sendo no entanto evidente o coronel (a coroa que encima o escudo) de Marquês.

Hoje Almendra tem menos de 400 habitantes e vive igual drama de tantas outras povoações que distam mais de uma centena de quilómetros do litoral. Como se outro País fosse (e é!).

O envelhecimento das populações que restam, os mais jovens há muito que foram à procura de vida melhor noutras paragens, o abandono dos campos por falta de rendibilidade ou de mão-de-obra, ou de ambas, irá conduzir à desertificação total. Possam os motociclistas, que para seu deleite percorrem estas estradas, retribuir com a divulgação e fazer com que sejam mais procuradas e trazer-lhes um pouco de oxigénio que as mantenha agarradas à vida. É essa também a essência do mototurismo.

E mesmo a propósito, a descoberta destas jóias que povoam o nosso interior é o terreno de eleição para explorarmos as potencialidades e o conforto da Honda NT1100. Afinal foi para isso que foi projectada: para ser a preferência dos mototuristas! Se o virá a ser, serão estes a dizê-lo no futuro.

Seguimos viagem, pela menos interessante N332, pois nesta parte final da jornada ainda tinhamos cerca de 130 km pela frente. E não haveria lugar para mais paragens.

Ainda não tinha chovido mas o tempo estava a fechar-se. E também era intenção que não chegássemos ao destino já de noite.

Figueira de Castelo Rodrigo foi atravessada sem paragem.

Tal como apenas aflorámos de raspão as espectaculares muralhas de Almeida. Noutra ocasião aqui teremos que nos deter porque esta é terra a merecer muita atenção.

E se aqui a presença humana já vem desde tempos do paleolítico, é no período medieval, sobretudo na época da formação da nacionalidade, que ganhou importância acrescida, pela localização no limite fronteiriço do território português e pela criação dos concelhos, como forma de garantir o povoamento da fronteira, garantia da manutenção da soberania recentemente conquistada.

A sua imponente fortificação com uma forma única de estrela de doze pontas, representa um dos mais espetaculares exemplares europeus dos sistemas defensivos abaluartados do século XVII. Aqui teremos que voltar sem qualquer dúvida!

O ponto de passagem seguinte foi Vilar Formoso. O antigo posto desta fronteira (desde 1859), ainda hoje a mais movimentada, passa-se quase sem dar por ele, não fora os edifícios oficiais ainda por lá estarem com algum ar de abandono. Do lado de lá, as bombas de combustível aguardavam para nos garantirem a poupança de alguns cêntimos por litro do precioso líquido. Por isso nos detivemos para alimentar as nossas companheiras de viagem.

Foi tempo também para algumas comparações sobre consumos. Houve quase unanimidade no intervalo: entre os 5 e os 5,2 l por cada centena de quilómetros percorridos. E sem preocupações de poupança, convenhamos...

Eis-nos chegados a Espanha...e começa a chover. A tão esperada como pouco desejada chuva apareceu. Felizmente apenas um pequeno aguaceiro que se não nos molhou, nos fez pelo menos, redobrar de cuidados. Até porque os últimos 40 km foram percorridos numa estreita estrada municipal, muito bonita e bem cuidada.

Ladeámos Ciudad Rodrigo, uma cidade com importante centro histórico com catedral, alguns palácios e igrejas e uma muralha a rodeá-la com cerca de 2 km.

Finalmente, cerca das 19 horas (já não me recordo se portuguesas ou espanholas!) chegávamos à Abadia dos Templários em La Alberca.

Apesar de recente, todo o espaço, o edificio principal onde se situa o hotel e outras infraestruturas, como as villas que o rodeiam, recriam um ambiente medieval que nos remete para épocas remotas.

A Abadia dos Templários é um impressionante complexo turístico integrado em 10 hectares de natureza e rodeado pela Sierra de Francia e pelo Parque Natural de Las Batuecas.

Os mestres artesãos da região deixam a sua marca há uma década, construindo com materiais nativos como pedra de granito, madeira, ferro forjado, vitrais, tijolo rústico, cal e pigmentos. Podemos contemplar esta arquitectura típica da zona nas abóbadas, torres, vitrais, bordados e tectos em caixotões do hotel.

A construção combina o estilo medieval com todos os cânones da arquitetura tradicional de La Alberca.

Tudo isto sem quaisquer cedências aos modernos requisitos de conforto com que estão dotados os alojamentos

Para encerrar o dia, faltava o jantar.

Toda a equipa reunida, fomos até ao centro da pequena localidade de La Alberca.

O local escolhido, La Catedral, ostentava nas suas paredes alguns prémios gastronómicos. A ver pela qualidade do repasto e pela simpatia do acolhimento, não me surpreende que os tenham conquistado.

La Alberca foi declarada local de interesse histórico e artístico em 1940, sendo a primeira localidade espanhola a conseguir esta menção e é um ponto de encontro das culturas cristã, judaica e islâmica.

Tudo graças a uma malha urbana que que preserva como poucas os traços da idade média, como bem preservadas estão as suas tradições centenárias, transmitidas de geração em geração.

Uma delas,bem curiosa, diz-nos que há o costume de ter um porco solto pelas ruas da terra. Chamam-lhe o “porco de San Antón” e toda a comunidade o vai alimentando. Em Junho, é leiloado e os proveitos da venda do animal vão para a Irmandande de San Antón. Aliás, La Alberca tem uma desenvolvida indústria de charcutaria que no verão dá um certo “aroma” típico à terra...

A arquitetura típica assenta, de forma natural, nos materiais mais abundantes na serra de Francia, juntando a solidez da pedra granítica e as trabalhadas madeiras de formas geométricas.

Isto sem perder de vista os lintéis esculpidos com a data de fundação das casas, as diversas inscrições, sinais e anagramas religiosos, que se apresentam como uma bem visível profissão de fé.

Com os andares superiores a salientarem-se em relação aos inferiores, os telhados dos dois lados da rua quase se tocam, criando um curioso jogo de sombra e luz ao longo de uma estrutura urbana intrincada, labiríntica, como que escondendo segredos centenários, que muitos assemelham a um bairro judeu.

Destaque para a Plaza Mayor, ponto central de La Alberca, com as fachadas marcadas por duas fileiras de varandas, arcadas e colunas de granito, numa união secular das culturas cristã, islâmica e judaica.

Apesar de ser noite cerrada (e molhada) ainda pudemos apreciar algumas das ruas mais próximas da linda Plaza Mayor. Bem escolhido o restaurante porque era aí localizado.

E felizmente porque estando previsto que no dia seguinte, à saída, percorreríamos as suas principais ruas, tal não se concretizou. As más condições atmosféricas tornavam pouco recomendável circularmos de moto em ruas estreitas e com empedrado nem sempre regular.

Fica a imagem que marca o contraste entre o antigo de La Alberca o o moderno da HONDA NT1100:

Assim terminámos a primeira jornada do HONDA NT1100 Iberia Tour Experience. Um dia fantástico, com mais de 350 km percorridos por estradas espectaculares e aos comandos de uma moto que parece ter sido feita de propósito para isto mesmo. Ah...é verdade! Foi mesmo construída de propósito para isto.

Como referi no início, a Honda estava a proprocionar-nos um ensaio da NT1100 no seu verdadeiro habitat. E até agora a correspondência era absoluta. No dia seguinte iríamos confirmar (ou não) estas sensações.

Entretanto, aguardava-nos uma noite bem dormida e um descanso retemperador no Hotel Spa Abadia dos Templários!

A jornada do 1º dia:

A seguir:

DIA 2 - DE LA ALBERCA A MADRID

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