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Conceitos
SORORIDADE
O que é sororidade? Segundo dados disponibilizados pelo Google, essa foi a quinta pergunta mais feita no ano de 2017 pelos brasileiros, e até hoje a definição deste termo continua sendo constantemente buscada.
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O latim soror, que se traduz como irmã, e o sufixo dade, que significa pertencer a um grupo, formam a palavra sororidade, a qual não consta no dicionário da língua portuguesa, e nem no da espanhola, talvez a dificuldade em ser definida seja por conta de suas tantas dimensões e interdisciplinaridade. Segundo Roschel (2020), no dicionário da língua inglesa é possível que se encontre termo similar e mais comumente utilizado, sorority, no entanto, ele é usado para designar as comunidades estudantis de mulheres, principalmente nos Estados Unidos, as alunas se organizam em sororities e os alunos homens em fraternities.
Seria então a sororidade o feminino de fraternidade? Embora a etimologia de ambos tenha o mesmo proces118 so de formação, frater, significa irmão, e o sufixo dade, segue indicando pertencimento a um grupo, claramente não são sinônimos que carregam a questão de gênero. Para ser sinônimo é preciso equivalência e igualdade, enquanto na Revolução Francesa, no século XVIII, já se pregava a fraternidade (Liberté, Égalité, Fraternité ), atualmente, no ano de 2020, século XXI, a sororidade ainda não consta nos dicionários.
Apenas uma observação, em uma busca no Banco de Teses da Capes com a palavra-chave “sororidade” é possível verificar que até o momento foram finalizados somente 31 pesquisas, entre teses e dissertações em Programas de Pós-Graduação, sendo a sua primeira realizada em 2001. E quando se procura no mesmo banco de dados a palavra-chave “fraternidade” nota-se uma produção acadêmica iniciada em 1990 e com 466 trabalhos desenvolvendo a temática, ou seja, a “aliança de irmãos” foi 15 vezes mais discutida do que a “aliança de irmãs” nos últimos 30 anos.
É difícil datar com precisão a origem o uso de um termo, porém, neste caso ele está diretamente vinculado ao movimento feminista “é durante a segunda onda que o conceito de sororidade começa a ganhar força, embora a palavra ainda não tivesse sido cunhada”, afirma Roschel (2020, p.39.). Foi nessa onda, mais especificamente entre anos de 1960 e 1970, em que se começou a questionar a condição feminina atrelada a reprodução, e que almejava equidade econômica e social.
No entanto, apontar que “A visão utópica de sororidade evocada em um movimento feminista que inicialmente não considerava diferença racial ou luta antirrascismo séria não captou o pensamento da maioria das mulheres negras/não brancas.”, Hooks (2020, p.90) é de extrema urgência, pois uma aliança entre mulheres que não enxerga as pluralidades e os diversos pontos de partida, é rasa, cega e incoerente. Segundo a cientista social Susana Gamba, no Diccionário de Estudios de Género y Feminismos (Buenos Aires: Biblos, 2007) Sororidade é uma dimensão ética, política e prática do feminismo contemporâneo. É uma experiência subjetiva entre mulheres na busca por relações positivas e saudáveis, na construção de alianças existencial e política com outras mulheres, para contribuir com a eliminação social de todas as formas de opressão e ao apoio mútuo para alcançar o empoderamento vital de cada mulher. (GAMBA, 2007, apud ROSCHEL, 2020, p.16) E esta será a abordagem utilizada nesta pesquisa, a SORORIDADE enquanto aliança que permite transformações, união de mulheres que buscam o fim de opressões de questões estruturais e de qualquer forma de exclusão. “E temos a sorte de saber, em todos os dias da nossa vida, que a sororidade é uma possibilidade concreta, que a sororidade ainda é poderosa”, Hooks (2020, p.39). 119