Revista GBC Brasil #7

Page 1

GBC G R E E N

REVISTA

B U I L D I N G

C O U N C I L

BRASIL

C O N S T RU I N D O U M F U T U RO S U S T E N TÁV E L

ANO 3 / Nº7 / 2016

HOSPITAL OSWALDO CRUZ CENTRO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE NA AMÉRICA LATINA RECEBE LEED NC GOLD COP 21: os compromissos do GBC Brasil para o futuro do planeta IPTU Verde concederá descontos de até 12% em São Paulo Certificação WELL prioriza a saúde e bem estar dos ocupantes

DOSSIÊ ESPECIAL HOSPITAIS E LABORATÓRIOS: INOVAÇÃO E BEM ESTAR VIBEDITORA


2016 09 a 11 AGOSTO

2016

SP EXPO EXHIBITION & CONVENTION CENTER

SÃO PAULO - SP

CALL FOR PROPOSALS e CALL FOR REVIEWERS

INSCRIÇÕES ABERTAS!!!

O PODER DA TRANSFORMAÇÃO EM SUAS MÃOS

O sucesso da Greenbuilding Brasil 2016 também depende da sua ativa participação! Compartilhe sua expertise, experiências, casos de sucesso e novos empreendimentos com os nossos congressistas. As inscrições estão abertas a partir de 13 de novembro. O nosso objetivo em 2016 é enfatizar a contribuição da comunidade da construção sustentável para a apresentação de conteúdos relevantes e enriquecedores.

FIQUE ATENTO ÀS NOVIDADES DESTA EDIÇÃO: 2016

Realização simultânea à nova feira High Design - Home & Office Expo no SP Expo Exhibition & Convention Center. Encontro mais forte e abrangente para os setores de Arquitetura, Construção e Design Greenbuilding Brasil manterá seu foco em sustentabilidade dentro destes segmentos Mais de 15 mil profissionais reunidos 25 mil metros quadrados de área total Mais de 200 marcas em exposição.

A partir de 2016 a Greenbuilding Brasil contará com a expertise do Informa Group, grupo multinacional líder mundial na organização de Conferências e Feiras com forte operação no Brasil, responsável por feiras como Greenbuild EUA e Mediterrâneo, World Concrete Show, Designjunction, Dwell on Design, Interior Design Show, ForMóbile, Expo Revestir e Fórum Internacional de Arquitetura e Construção, entre outras.

Acesse nosso site e apresente sua proposta ou se candidate a ser um de nossos revisores! Você também pode fazer parte da transformação!

www.informagroup.com.br/greenbuilding Mais informações sobre o evento: greenbuilding@informa.com


Editorial

Um novo ano de grandes expectativas para a construção sustentável

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO MEMBROS DO CONSELHO Manoel Gameiro - Trane - Presidente José Moulin Netto - Vice presidente José Cattel - Alcoa Celina Antunes - Cushman & Wakefield Mark Pitt - Sherwin Williams Hugo Rosa - Método Carmen Birindelli - WTorre Convidada: Thassanee Wanick - Fundadora do GBC e Cônsul Geral da Tailândia no Brasil

O ano de 2015 que encerrou-se com um grande avanço para a sustentabilidade do planeta com as resoluções da Conferência Mundial do Clima, em Paris, a COP21, protagonizada pelas organizações, associações e empresas preocupadas com o futuro do nosso planeta. Nesta edição o GBC Brasil apresenta seus compromissos audaciosos visando um só objetivo, futuro melhor para o lugar onde vivemos.

CONSELHO FISCAL Renato Alahmar - 3M Guido Petinelli DIRETOR GERENTE Felipe Faria

Esta edição da revista GBC Brasil traz como foco, um dos temas mais relevantes no âmbito das construções, a saúde. A seção “Dossiê Especial” contempla a apresentação de cases no setor da saúde, certificados no Brasil e no mundo, apresentados por diversas empresas referenciadas no mercado, que abordam as características, particularidades e complexidades, bem como os desafios encontrados no desenvolvimento deste tipo de projetos.

Boa leitura!

LUIZ SAMPAIO DIRETOR EXECUTIVO VIB Editora

DIRETOR EXECUTIVO Luiz Sampaio lfsampaio@vibcom.com.br REDAÇÃO Bruna Dalto - MTb 72943 Patrícia Braga redacao@vibcom.com.br COMERCIAL Douglas Alves dalves@vibcom.com.br FINANCEIRO Roseli Pereira adm@vibcom.com.br DESIGN GRÁFICO E EDITORIAL VIB EDITORA © Bianca Wendhausen

A participação de especialistas conceituados em diversas áreas da construção garante ainda um conteúdo de ampla qualidade nesta edição, através de opiniões acerca das tendências e expectativas para 2016. E culmina com a disseminação dos métodos construtivos, soluções inovadoras e eficientes incorporadas às construções sustentáveis do país para as outras regiões do Brasil, através da realização em conjunto do Greenbuilding Conferência e Expo em parceria com o SINDUSCON-PE, realizado em Recife. Desejamos a todos excelentes resultados para 2016.

VIBEDITORA

REDAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO VIDA IMOBILIÁRIA BRASIL - VIB EDITORA Rua Roque Petrella, 46 - sala 501 Brooklin - São Paulo - SP CEP 04581-050 Tel/Fax: 11 5078 6109 www.vidaimobiliaria.com.br RESPONSÁVEL DO GBC Maíra Macedo ASSINATURAS E CONTATOS COM A REVISTA: Tel: 11 5078 6109 email: revistagbc@gbcbrasil.org.br

Capa: Hospital Alemão Oswaldo Cruz

revistagbcbrasil.com.br

dez/15-jan/16

3


índice

GBC G R E E N

REVISTA

B U I L D I N G

C O U N C I L

BRASIL

C O N S T RU I N D O U M F U T U RO S U S T E N TÁV E L

ANO 3 / Nº7 / 2016

EDITORIAL...................................................> 3 COLUNA GBC..............................................> 6

GREEN PAGES

SIEGBERT ZANETTINI.....................> 8

PROJETO DESTAQUE...........................> 16

TENDÊNCIAS 2016......................................> 24 CERTIFICAÇÃO WELL.................................> 28

ESPECIAL

HOSPITAIS & LABORATÓRIOS

INTRODUÇÃO.............................................................>

34

PROJETOS EM DESTAQUE...............................> 40 EVENTO GBC BRASIL + SINDUSCON/PE SUSTECONS 2015.......................................> 58 COP 21.........................................................> 64 POLÍTICAS PÚBLICAS..................................> 68 SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS........................> 70 ARTIGOS DE OPINIÃO................................> 74 AGENDA GBC JAN/FEV 2016.....................> 78

4

dez/15-jan/16

rev/gbc/br



coluna gbc

Reflexões sobre 2015. Perspectivas para 2016.

O

atual cenário de dificuldade política e econômica que assola o país, crise hídrica e energética, bem como a indignação frente um dos maiores desastres ambientais da nossa história recente, exige um momento de reflexão por cada cidadão brasileiro. É inegável que o país passa por um processo de reconstrução sistêmica, e o termo “reconstrução” sugere inúmeras oportunidades ao nosso movimento de construção sustentável. Comprovadamente nosso movimento demonstra ser a solução para as principais demandas do país, certo que elevamos o padrão técnico do mercado, valorizando a melhor técnica em detrimento dos melhores contatos, maximizamos o planejamento galgando eficiência em sentido amplo, discutimos qualidade ambiental interna do ar em hospitais, escritórios e escolas melhorando a recuperação de pacientes, produtividade e aprendizado de alunos, e, estamos inserindo o tema das edificações verdes dentro de um processo de planejamento urbano integrado, onde segurança, transporte, qualidade de vida e bem estar são prioridades. Não à toa nossa certificação internacional LEED possui projetos registrados em quase todos Estados brasileiros, faltam apenas os Estados do Acre e Tocantins. Em 2015, os mais de 100 novos projetos recebidos até o mês de novembro, indicam a forte penetração da certificação em setores diversos do mercado, com destaque a plantas industriais, centro de distribuição e logística, data center e varejo. O Referencial GBC Brasil Casa já soma 26 projetos registrados em 8 diferentes Estados, 27 profissionais acreditados e dezenas de projetos no pipeline, dentre eles prédios e condomínios residenciais. Políticas públicas de incentivo com a capacidade de acelerar exponencialmente a certificação de construção sustentável, são apresentadas com maior frequência como

6

dez/15-jan/16

o Projeto de Lei do IPTU Verde, assinado pelo Prefeito da Cidade de São Paulo e enviado à Câmara dos Vereadores, oferecendo até 12% de desconto no imposto para prédios residenciais ou comerciais, novos ou existentes, que obtiverem a certificação após a aprovação da Lei, assim como a nova Lei de Zoneamento da cidade de São Paulo que oferece descontos na outorga onerosa para edificações certificadas. Aprofundar seus conhecimentos e aumentar sua participação no movimento de green building, significa adentrar em um ambiente de atmosfera estritamente próspera e otimista. Dentre os diversos objetivos, indicadores, metas e iniciativas, o planejamento estratégico do GBC Brasil para os próximos anos, compreende a expansão de nossa presença física em todas as regiões do país através da realização dos nossos cursos e eventos. Realizamos em dezembro de 2015, em parceria com o SINDUSCON Pernambuco o primeiro Greenbuilding Brasil Conferência Internacional e Expo Summit Nordeste, associado ao II Sustencons. Cerca de 200 profissionais participaram do evento que contou com 16 expositores, 162 conferencistas e 15 palestrantes, além da cobertura de mídia pela TV Record e SBT. O evento foi organizado em tempo recorde e os resultados alcançados demonstra a força das ONGs e Associações quando unidas. Estimularemos e iremos colaborar na construção de uma forte rede colaborativa que nos permitirá obter sucesso aos desafios propostos. Iniciativas semelhantes estão sendo programadas para as demais regiões do Brasil, no sentido de engajar as lideranças locais no movimento de transformação definido por nossa Missão. Os cursos também estão sendo diretamente organizados pelo GBC na cidade de Porto Alegre, em parceria com a ASBRAV e na cidade do Rio de Janeiro, em parceria com o SECOVI-Rio.

rev/gbc/br


coluna gbc

Há tempos o estímulo ao mercado de soluções e serviços para construção sustentável pelo GBC Brasil extrapolam as fronteiras das edificações que buscam a certificação internacional LEED, certo que este movimento comprovadamente influencia o avanço e melhora do mercado, mesmo quando soluções são consideradas pontualmente para casos isolados. Neste sentido, o GBC Brasil prepara o ingresso de ferramentas adicionais ao LEED de modo a reforçar nosso compromisso com a transformação da indústria nacional da construção civil e a cultura da sociedade em direção a sustentabilidade. Pautado em uma demanda oriunda dos nossos Comitês Técnicos criamos o Referencial GBC Brasil Casa; adicionalmente também trabalharemos com a certificação WELL Building Standard, focada para o ocupante e pautada em saúde e bem estar; SITES para áreas externas comuns de empreendimentos públicos ou privados; LEED Dynamic Plaque – monitoramento contínuo da operação da edificação e re-certificação LEED; EDGE, ferramenta criada pelo IFC estruturada como forma de mitigar os efeitos de mudanças climáticas; GRESB, associação global que analisa o desempenho dos portfolios do mercado imobiliário que se destacam por questões voltadas a responsabilidade ambiental, social e de governança. Todas estas ferramentas estarão sendo certificadas pela nossa plataforma global GBCI (Green Business Certification Incorporation). Avanços também estão sendo promovidos em nossa Conferência Internacional e Expo, Greenbuilding Brasil. Já para 2016, conforme anunciado recentemente, o GBC Brasil e USGBC fecharam uma parceria estratégica com o Informa Group, grupo multinacional líder em eventos corporativos e reconhecido globalmente por diversos mercados, atual proprietário e produtor da Greenbuild International Conference & Expo nos Estados Unidos, Itália e futuramente uma nova edição na Ásia. O Informa Group no Brasil, com sede na cidade de São Paulo, será o responsável pela produção e gestão da Greenbuilding Brasil 2016 que acontecerá simultaneamente à nova feira High Design – Home & Office Expo em agosto no SP Expo Exhibition & Convention Center. A parceria entre estes dois produtos proporcionará um encontro forte e abrangente para os setores de Arquitetura, Construção e Design, no qual nós manteremos o foco em sustentabilidade. Juntos, os eventos esperam atrair mais de 15 mil profissionais em 10 mil metros quadrados de área e com mais de 200 marcas em exposição. Estamos fortalecendo a organização, promoção e operação do evento, aumentando o número de visitantes qua-

revistagbcbrasil.com.br

lificados em benefício aos nossos patrocinadores, expandindo os canais de divulgação dos benefícios e práticas de construção sustentável, ao mesmo tempo que ofereceremos oportunidades e valores melhores aos nossos Membros. Concomitantemente com os objetivos e iniciativas acima mencionadas, o fortalecimento dos nossos Comitês de Trabalho através dos profissionais voluntários oriundo das empresas Membros, dentro de um processo revisado de Governança desponta como uma de nossas prioridades, posto que este ambiente de colaboração é a força que rege nossa organização e nos direciona a realização de nossa missão. MISSÃO Transformar a indústria da construção civil e cultura da sociedade em direção à sustentabilidade, utilizando as forças de mercado para construir e operar edificações e comunidades de forma integrada. E, garantir o equilíbrio entre desenvolvimento econômico, impactos sócio ambientais e uso de recursos naturais, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida e bem estar das gerações presente e futuras. VISÃO Ser a liderança nacional para que todos possam, progressivamente, trabalhar, estudar e viver em uma edificação sustentável, através de: • Desenvolvimento e promoção de diferentes sistemas de certificação; • Capacitação contínua e engajamento profissional; • Iniciativas sócio-culturais; • Criação de ampla rede colaborativa com a participação do poder público, iniciativa privada, sociedade civil organizada e a população. VALORES • Colaboração; • Credibilidade; • Responsabilidade Social, Ambiental e Econômica; • Liderança; • Transparência; • Ética.

FELIPE FARIA, DIRETOR Green Building Council Brasil

dez/15-jan/16

7


inovação

GREEN PAGES

Arq. Siegbert Zanettini ©Divulgação Zanettini

ENTREVISTA

Siegbert Zanettini é Arquiteto Urbanista e Professor Titular pela FAU-USP desde 1959. Arquiteto Diretor Responsável Técnico, Coordenador Geral da Zanettini Arquitetura, possui mais de 53 anos de atuação profissional, sua obra inclui 1.200 projetos realizados em mais de 5 milhões de metros quadrados, além de quatro décadas de vida dedicadas ao conhecimento acadêmico. Considerado um dos maiores especialistas em projetos hospitalares, condição atestada por inúmeras Referências, Títulos e Prêmios. Além disso, possui reconhecimento público como o maior especialista em edificações com estrutura metálica do País e também é referência nacional nas áreas de Eco-eficiência e Sustentabilidade pelo pioneirismo da área, também representada pelo reconhecimento de diversos Órgãos, Universidades e Sindicato da Construção Civil.

8

dez/15-jan/16

rev/gbc/br


inovação

A arquitetura contemporânea e pluridimensional de Zanettini e a integração entre razão e sensibilidade e suas correlações com as edificações de saúde

Como o Sr. define a sustentabilidade hospitalar no âmbito da arquitetura? Siegbert Zanettini: A sustentabilidade não é somente a questão ambiental e econômica, ela também tem todo um envolvimento com o ser humano. No caso do hospital, você esta melhorando as condições de vida de quem o está utilizando, preservando a vida humana, e contribuindo para que esse conjunto funcione bem. Isso para mim é sustentabilidade. A arquitetura que venho praticando pelo menos há cinco décadas, superou há muito tempo a condição unidimensional da arquitetura moderna. É contemporânea e pluridimensional ao superar a visão moderna integrando a razão científica à sensibilidade artística. A arquitetura contemporânea, que pratico há quatro décadas, se identifica pela luz, transparência, leveza, evolução tecnológica e por se construir sobre conceitos: concepção multidisciplinar com visões holística e sistêmica; superação de paradigmas conceituais e construtivos da moda adequando-se à cultura de cada época; domínio integral das tecnologias limpas; inovação e utilização evolutiva do conhecimento de base científica; a importância do projeto na explicitação da noção de qualidade e a questão ambiental como parte estrutural do repertório arquitetônico. Esses predicados que integram esse conjunto de conceitos não diferencia arquitetura hospitalar das demais, é a arquitetura sem adjetivos. A arquitetura hospitalar tem suas peculiaridades, é preciso entender que nisso ela é específica, mas nas citadas conceituações ela tem que servir ao homem em todas as suas necessidades e condições, ou seja, como o edifício vai ser ocupado, de que maneira se garante

revistagbcbrasil.com.br

uma ambiência correta e harmônica entre quem usa e o próprio espaço. O principal referencial da arquitetura é o homem. O que é necessário para o desenvolvimento de um bom projeto hospitalar? Quais são as dificuldades que podem ser encontradas durante o desenvolvimento de um hospital e outras edificações de saúde? SZ: Umas das questões mais importantes em um hospital são o zoneamento e a setorização funcional, bem como os fluxos. A setorização é importantíssima, pois determinada a localização adequada das áreas, colocando-as em local estratégico, tais como, áreas de PS (Pronto Socorro), PA (Pronto Atendimento) e ambulatórios para que não conflitem com as demais áreas internas do hospital. É igualmente importante o bloqueio de acesso às áreas restritas, como centros cirúrgico e obstétrico, UTI, berçário, setor de imagens, vestiário médico e enfermagem. Setorização correta das áreas de serviços como cozinha, lavanderia, centro de materiais; condicionamento separado de roupa limpa e suja, que podem estar contaminadas e precisam ser acondicionadas e posteriormente levadas até seu tratamento; o lixo hospitalar também não pode ser recolhido com o lixo comum devido ao alto nível de resíduos contaminados ou radioativos, precisam ser devidamente separados; a separação dos elevadores de cargas, utilizados pelos pacientes, equipe médica e visitantes também são soluções desejáveis afim de evitar infecção cruzada. Isso ocorre, quando o projeto tem seus fluxos mal resolvidos, onde o resíduo infectado acaba levando infecção para áreas limpas.

Devido à complexidade dos processos construtivos hospitalares, faz-se necessário um corpo de profissionais multidisciplinar que atenda às diversas demandas necessárias dentro do processo. Na opinião do senhor, como está o mercado atual de capacitação de profissionais qualificados especificamente para construções sustentáveis no setor de saúde? O que se deve fazer para melhorar a qualificação destes profissionais? SZ: A arquitetura depende de uma série de especialidades onde confluem as ciências humanas, biológicas, ambientais, econômicas e exatas. Todas essas ciências estruturadas podem influir na arquitetura, às vezes diretamente como é o caso das ciências ambientais, ou indiretamente, mas sempre apoiada em bases científica para atender sua evolução constante. Esse trabalho multidisciplinar é importante para que a obra consiga expressar suas qualidades, que não é somente estética, mas também funcional. Atender às necessidades, ser eficiente, econômica, ter durabilidade, e uma série de atributos que são tão importantes quanto à forma arquitetônica. Essas visões holística e sistêmica, são a base da arquitetura que se completa com outras áreas do conhecimento. Na maioria das escolas permanece a visão moderna da arquitetura. Ficam nesse limite conceitual e que resulta numa formação profissional superada. De um modo geral, as130 escolas que existem no país formam um profissional com um universo restrito. Ele vai ter que aprender que uma formação plena vai além do trabalho profissional. Elas não ensinam o estudante a pensar dessa forma globalizante.

dez/15-jan/16

9


Acredito que uma formação mais integrada, que é de suma importância numa estrutura de inovação desenvolvida, principalmente em instalações hospitalares, que necessitam de maior conhecimento de uma série de aspectos que fazem a obra mais completa quando incorpora o maior número possível de variáveis, e entre elas a questão ambiental é parte estrutural de um projeto arquitetônico. Meio ambiente não é uma novidade, ele é estrutural, pois é preciso atender as condições ambientais de um país tropical como o Brasil, que possui condições diferenciadas de outros continentes. A região nordeste e a região sul possuem condições climáticas ambientais totalmente diversas. A primeira tem regimes de ventos excelentes, porque não usar essas condições para geração de energia eólica, que é uma tecnologia extremamente preservadora e limpa. Aqui no Brasil, as faces nascentes são muito boas, para orientação dos dormitórios que recebem o sol da manhã, que é antibactericida. Aqui em São Paulo um quarto voltado para a face sul, vai ser úmido e frio, durante boa parte do ano. Dependendo da posição em que o edifício está orientado ele vai funcionar melhor ou pior. Precisa ser projetado de acordo com as condições ambientais do local em que se situa. Como professor da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), eu sempre defendi a integração dos cursos internos dentro de cada escola, mas também de outras como a Politécnica, a Geografia, a Economia, entre outras. Conseguimos estruturar uma disciplina, onde o objetivo era fazer com que o aluno visse as outras questões fora da área da arquitetura, e não ficasse somente no aspecto formal e estético, porém com vários problemas funcionais e técnicos, etc. Antes de sair da FAU, em 2004, eu e o professor Lindenberg da Escola Politécnica, formamos uma equipe de 15 professores e criamos o Curso de “Dupla Formação” onde o aluno faz três anos na FAU, depois mais dois anos na Poli, e posteriormente volta para sua escola para terminar os 4° e 5° anos. Os resultados têm sido excelentes, pois esses alunos têm alcançado uma formação muito mais ampla do que aquele que permanece apenas na FAU ou na Poli.

10

dez/15-jan/16

GREEN PAGES

Qual a importância e a responsabilidade da arquitetura na construção sustentável de edificações hospitalares e de saúde? SZ: Para mim não há diferenciação nos conceitos fundamentais de arquitetura seja hospitalar, educacional, habitacional ou de outras tipologias. Ela tem que atender ao conjunto de necessidades de cada tipologia preocupando-se em fazê-las com equilíbrio e com a visão mais global possível, o que marca muito meu trabalho baseado em conceitos muito claros. Esses conceitos fazem a base teórica estrutural e nascem através de uma leitura profunda sobre a realidade e condições brasileiras e mundiais, sobre quais influências externas e internas, congregando desde o inicio do projeto a participação multidisciplinar, que muitos consideram de áreas complementares, mas que para mim são estruturais conceitualmente. Não existe complementação, existe integração. Assim como é importante a estética na arquitetura são importantes os demais sistemas, principalmente em projetos da área hospitalar. O que é preciso para a promoção da humanização dentro de uma unidade de saúde? Quais os benefícios esta característica traz, tanto para o projeto quanto para os usuários? SZ: Na visão global e integrada de projetos da área de saúde são igualmente necessários a arquitetura de interiores, a comunicação visual, o paisagismo. Busca-se a humanização traduzida por ambientes agradáveis, com luz e ventilação naturais e mobiliário ergonômico e confortável, predicados que são muito importantes para um ambiente humanizado, e com a máxima integração com o exterior e com a natureza. Quanto mais trouxermos a natureza para os pacientes e para o restante dos ocupantes que nele trabalham, mais contribuiremos para todos. Uma permanência melhor na recuperação dos pacientes com a obtenção de ambientes agradáveis. A humanização trata de relações, da otimização dos ambientes com o paciente e com a vida. Um ambiente mantendo o máximo da vegetação é reconfortante em um hospital humanizado e sustentável.

©Fábia Mercadante

inovação

“Qualidade é a adequação à cultura, aos usos e costumes de cada época, ao ambiente no qual a obra se insere, à evolução científica, tecnológica e estética, à satisfação das necessidades econômicas e fisiológicas, direcionadas à razão e emoção do homem” Arquiteto Siegbert Zanettini

rev/gbc/br



Outra questão importante é o cuidado com quem trabalha no hospital. Projetar um ambiente que possua locais agradáveis para trabalhar e descansar em intervalos do trabalho é fundamental em uma edificação hospitalar. Existem hospitais onde não há lugar para um plantonista descansar e acabam dormindo nos carros ou em leitos desocupados. Um plantonista que trabalha 48 horas precisa de condições confortáveis para descanso, importantes para que desempenhe o seu trabalho com mais produtividade e mais segurança. Melhora as condições estafantes das equipes, além de contribuir para que o atendimento médico e da enfermagem sejam mais facilitados. Desenvolvendo um ambiente com estas características, além de melhorar o atendimento ao paciente também cuida da equipe que trabalha com conforto, satisfação e bem-estar. Como deve ser feito o consumo e tratamento de água e esgoto em um edifício hospitalar? SZ: Pensando não somente no hospital, mas também na cidade onde o mesmo se implanta, para este é recomendável adotar-se um sistema de tratamento do esgoto. Jogar o esgoto hospitalar na rede urbana de esgoto não é recomendável, pois o mesmo pode estar contaminado com prejuízo para a rede pública. Antes de sair da área do hospital, este esgoto deve ser tratado e somente depois deve ser descartado na rede de esgoto comum.

12

dez/15-jan/16

O tratamento e reutilização de águas pluviais através do recolhimento e do despejo em cisternas de reuso também são pontos significativos. Se tivéssemos esse cuidado há alguns anos atrás, hoje não estaríamos em São Paulo e em outras cidades do estado com estes problemas de água. Toda a água da chuva pode ser reutilizada para atividades secundárias como limpeza, lavagem, irrigação, bacias e mictórios que não precisam de água potável. O reaproveitamento de água de lavagem que foi usada em áreas não contaminadas também pode ter reuso em atividades não destinadas aos usuários mas para uso sanitário e usos especiais.

©Divulgação

A ventilação e iluminação naturais é uma questão muito particular minha. Nos hospitais há uma grande tendência da utilização ampla de ar condicionado, justamente por se tratar de ambientes muito fechados. O aproveitamento da ventilação natural nestes ambientes reduz a utilização de sistemas de ar condicionado evitando assim que o ar de um ambiente contaminado entre no sistema e seja distribuído para outros ambientes. Isso não é pouco comum na maioria dos casos. Os hospitais em que trabalho são o mais possível abertos, bem iluminados e ventilados o que permite uma maior possibilidade de contato com o exterior. O melhor descontaminador é o próprio ar com qualidade.

GREEN PAGES

Bacias sanitárias com sistemas de descarga com volume nominal ou menor, que gaste menos quando você acionar a válvula, e com mecanismo de duplo funcionamento. A que gasta 6 litros faz a mesma coisa que a de 18 litros. Componentes economizadores de metais sanitários, por exemplo, acionamento automático de torneiras, tais como arejadores, temporizadores, esse são alguns exemplos da otimização destes recursos. Hospital Mater Dei (MG)

Para desenvolver um projeto e execução hospitalar é necessário seguir algumas normas reguladoras específicas. Na opinião do Sr. estas normas atendem a estas necessidades específicas? SZ: As normas e regulamentações deveriam ter uma direção e um detalhamento maior. Nos aspectos de segurança de incêndio, por exemplo, como desocupar um hospital no caso de uma ocorrência de incêndio. É uma questão séria! A maioria dos hospitais não tem rota de fuga no fim dos corredores, pois não possuem saídas nas extremidades. Em alguns hospitais fizemos câmaras de segurança que possuem elevadores especiais para cadeirantes ou pacientes em macas. Sempre colocamos escadas nas extremidades dos corredores e são alguns dos cuidados direcionados às limitações dos pacientes. Algumas normas não atendem as necessidades citadas.

©Divulgação

inovação

Hospital São Luiz Anália Franco (SP)

rev/gbc/br



Um hospital, muitas vezes, precisa de ambientes fechados devido às suas necessidades particulares, e por isso a utilização do ar condicionado é constante. Em quais pontos se deve ter mais atenção ao instalar um sistema de ar condicionado neste tipo de edificação? SZ: O controle de infecção é uma das questões que deve receber maior atenção em ambientes mais críticos, como salas cirúrgicas, onde vão os equipamentos de condicionamento com maior controle individualizados de infecção. Os aparelhos de ar condicionado são específicos de cada sala, evitando cruzar o fluxo de ar com salas vizinhas e consequentemente a contaminação desses outros ambientes. Iniciei há vários anos este processo, onde cada sala cirúrgica dos hospitais tem um equipamento de ar condicionado específico. Se por qualquer motivo, a sala é contaminada, ela é bloqueada e feita a desinfecção, e o restante do centro cirúrgico continua em funcionamento sem a necessidade de isolamento de todo o centro. São soluções que liberam o hospital de um problema e o permite continuar funcionando. Ao fazer retrofit de hospitais é preciso trabalhar o tempo todo com o mínimo de ruídos e com intervenções programadas, para não haver incômodo nas demais áreas, porque o hospital funciona durante 24 horas. O que é necessário para uma boa implantação hospitalar? SZ: Não é em qualquer lugar que se deve construir um hospital. A escolha do terreno é fundamental, para atendimento a localização do projeto. É desejável que possibilite acessos fáceis para a chegada e a saída de ambulância de pacientes. O Hospital Mater Dei - Unidade Contorno, em Belo Horizonte, considerado o melhor

14

dez/15-jan/16

hospital da cidade, onde o terreno era fortemente inclinado aproveitamos para organizar todos os acessos, principal, do edifício, pavimento externos, serviços, do pessoal, da oncologia, todos separados em vários níveis cuja solução auxiliou toda a setorização. Por exemplo, o paciente que vai fazer um tratamento oncológico não precisa passar em outras áreas. É preciso entender como usar cada obstáculo da melhor maneira possível. Outra questão importante é a orientação correta de vãos e aberturas dos ambientes de permanência prolongada, evitando voltar as faces do edifício para lados muito quentes, úmidos e frios. É necessário projetar o edifício com um bom zoneamento, uma boa implantação, resolvendo problemas de acessos e a posição da internação em relação ao movimento solar e aos ventos úmidos e frios. Com a correta implantação na morfologia do terreno e explorar melhor todas as condicionantes locais. Quais são as tendências e perspectivas para o futuro no setor da construção sustentável em hospitais? SZ: Acredito que as condições de sustentabilidade em hospitais, como em qualquer outra tipologia de projeto, devem ser incorporadas para uma sadia resposta social, econômica e ambiental, que devemos perseguir na arquitetura. Aqui no escritório, sempre colocamos o hospital em condições ótimas de sustentabilidade, pois faz parte de uma visão contemporânea.

©Divulgação

Não somente no caso de incêndios, como também uma melhor iluminação natural para área de internação leva ao paciente a sensação de se sentir vivo. Ter contato com a paisagem e o verde, é muito importante que se traga a natureza para dentro do hospital. Em meus projetos sempre coloco áreas externas para descanso e tetos verdes que contribuem para o lazer e descanso do paciente.

GREEN PAGES

Hospital São Camilo (SP)

©M.Scandaroli

inovação

Alguns bons exemplos de obras hospitalares assinadas por Siegbert Zanettini, incluindo obra novas e retrofits: Hospital Moriah, SP - 2011; Hospital São Luiz Anália Franco, SP - 2006; Hospital São Camilo Pompéia; Maternidade Vila Nova Cachoeirinha, SP - 1968; Hospital Municipal Ermelino Matarazzo, SP - 1985; Hospital Geral de Pedreira, SP -1989; Atrium Hospital Albert Einstein Morumbi - 1999; Hospital Prof. Edmundo Vasconcelos 1999; Hospital Bandeirantes, SP - 2011; Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, SP - 2013; Fleury Medicina e Saúde - Unidade Anália Franco, SP - 2013; Hospital Mater Dei, Betim, MG - 2015. Hospital Moriah (SP)

rev/gbc/br


GREEN

NCIL

BRASIL

I LDI NG C

OU

BU

BR ASIL

M e m b ro


Referência em serviços de alta complexidade, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz recebe LEED NC Gold

E

m junho de 2015, a nova Torre E do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, recebeu a certificação LEED nível Gold na categoria New Construction. Considerado um dos maiores centros hospitalares da América Latina, o Hospital adere aos conceitos de sustentabilidade que garantem redução no consumo dos recursos naturais, eficiência hídrica e energética, conforto, saúde e bem-estar dos usuários, melhor gestão dos resíduos e utilização de materiais ecologicamente corretos, além de avançar no sentido da responsabilidade socioambiental com a campanha ‘Feche a torneira, abra uma ideia!’. A ampliação do complexo acrescentou 29.500 metros quadrados construídos ao complexo hospitalar, sendo necessário um investimento de cerca de R$ 240 milhões. A construção da Torre E ampliou o número de leitos do hospital de 255 para 371. O novo auditório possui capacidade para 200 pessoas, o que melhorou muito o espaço tanto para o público interno como para os visitantes. A nova torre possui cinco subsolos que ganharam novas vagas de garagem, possibilitando distribuir melhor o fluxo de veículos internamente e nas vias do entorno. Além disso, há um andar técnico que abriga equipamentos de infraestrutura, facilitando sua manutenção. Neste andar, foi feito o isolamento acústico, atenuando o ruído emitido para o exterior do edifício. O novo Centro Cirúrgico possui nove modernas salas, equipadas para a realização de procedimentos de alta complexidade, que através de uma interligação física, complementa o outro Centro Cirúrgico da Torre B, to-

16

dez/15-jan/16

Fotos: Divulgação Hospital Oswaldo Cruz

projeto em destaque

talizando 22 salas cirúrgicas. “Quatro destas novas salas são inteligentes e contam com recursos de rastreamento de imagens e integração total aos sistemas do Hospital. Duas delas também podem transmitir imagens de procedimentos ao vivo para o Auditório do Hospital”, explica Wellington Bueno Vieira, engenheiro de obras hospitalares do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “Os recursos inovadores agregam qualidade, segurança e precisão às cirurgias, além de oferecerem mais conforto às equipes médicas. Um exemplo disso são os focos cirúrgicos, todos de LED, que melhoram a iluminação”, salienta o engenheiro. Na UTI, assim como no Centro Cirúrgico, as salas e os leitos possuem sistema de integração e mobilidade, permitindo ao cirurgião o melhor posicionamento do paciente e da equipe nas amplas salas, beneficiando o trânsito de profissionais em casos de emergência. No total, incluindo as estruturas já existentes na Torre B, são 44 leitos de UTI.“Em uma obra hospitalar as parcerias são necessárias para o desenvolvimento do projeto. Ainda temos que levar em consideração que durante o período da obra os equipamentos vão evoluindo tecnicamente e esta comunicação com os parceiros e equipes tem que ser rotineira para evitar retrabalho do momento da chegada dos equipamentos. A atuação conjunta da Engenharia do Hospital e das empresas de fornecimento de equipamentos médico/hospitalares contribui de forma expressiva para ajuste das soluções, ou seja, são muitos profissionais envolvidos, inclusive o próprio corpo clínico do hospital e pacientes coexistindo durante uma obra de

rev/gbc/br


projeto em destaque

Projeto: Hospital Oswaldo Cruz - Ampliação Torre E Localização: São Paulo - SP Cliente/proprietário: Hospital Alemão Oswaldo Cruz Área construída: 29.500 m² - Torre E Número de Leitos Novos: 116 Certificação: 30/06/2015

Sistema e Nível da Certificação: LEED NC - Gold

Hospital Oswaldo Cruz investe cerca de R$ 240 milhões para construção e implementação de medidas sustentáveis para expansão do complexo hospitalar e lança campanha de conscientização para estimular o uso racional da água tamanha magnitude”, afirma Wellington Bueno Vieira. Visando melhor fluidez nas áreas da nova Torre foi construído o túnel de interligação entre todos os edifícios do complexo. “Tal comunicação permitiu que tivéssemos acesso direto às Docas de Recebimento, à Farmácia Central, à Rouparia e ao Serviço de Nutrição”, pontua Wellington. Além disso, foi reduzido o fluxo pelas demais portarias com a criação da uma entrada exclusiva de veículos na Torre E, hoje utilizada para entrada de veículos dos médicos, que permite a instalação do Departamento de Relacionamento Médico logo à sua entrada. Também foi realizada a construção de um fluxo direto entre os antigos e novos Centros Cirúrgicos e UTIs, B e E respectivamente. O auditório locado no 1º subsolo da Torre E, facilitou significativamente o acesso, uma vez que este era localizado no 14º andar da Torre B.

Responsabilidade socioambiental

O Hospital Alemão Oswaldo Cruz, um dos maiores centros hospitalares da América Latina e referência em serviços de alta complexidade, abriu espaço para a discussão sobre o uso consciente da água, buscando promover uma mudança no comportamento da sociedade. Para isso, a instituição lançou a campanha “Feche a torneira, abra uma ideia”, que premiou a melhor iniciativa de uso consciente da água. A campanha foi feita junto a colaboradores, pacientes, fornecedores e a comunidade em torno do complexo hospitalar. O objetivo foi motivar as pessoas a vive-

revistagbcbrasil.com.br

Arquitetura: Botti Rubin Arquitetos Associados Construtora: Racional Engenharia Consultoria de sustentabilidade: CTE Gerenciamento, Elétrica, Hidráulica e Ar Condicionado: MHA Engenharia Sistema de Ar Condicionado: Ergo Engenharia

rem de forma mais sustentável, aproveitando melhor recursos cada vez mais escassos, como a água. “Os interessados enviaram uma breve descrição do processo de implantação, foto e os indicadores de redução obtidos. As iniciativas inscritas foram avaliadas por um grupo de especialistas que analisaram: aplicabilidade, investimentos, economia e impacto na comunidade. Adicional a isso, são feitas constantes campanhas de conscientização em relação ao uso da água nas áreas comuns, refeitório e vestiários. Também, foi reduzida a pressão da água em torneiras e chuveiros, e reduzida a frequência de lavação de áreas comuns (substituída por varrição). Além disso, palestras de conscientização são feitas com gestores, colaboradores e comunidade externa”, destaca Wellington. A campanha ocorreu no dia 30 de setembro e os interessados enviaram sugestões de projetos já implantados e bem-sucedidos no uso racional da água. A instituição premiou o autor do melhor projeto com uma viagem com acompanhante.

Sustentabilidade

As estratégias sustentáveis adotadas na construção da ampliação do hospital contemplaram o uso racional no consumo de água, otimização da eficiência energética, proibição do uso de CFC, uso de energia renovável, gestão correta dos resíduos de obra, utilização de madeira certificada e plano de controle da qualidade do ar.

dez/15-jan/16

17


projeto em destaque

Conforto, saúde e bem-estar para os usuários

Para garantir a qualidade do ar foram instalados equipamentos com finalidade exclusiva de pré-tratamento do ar exterior, que abastece os fancoils de cada sala cirúrgica. “O ar externo é filtrado, resfriado e depois segue para os equipamentos, onde é novamente filtrado e climatizado”, detalha o engenheiro. Nos quartos de isolamento também foram instalados filtros HEPAS logo antes do difusor de ar para garantir que qualquer impureza, mesmo aquela que pode se prender nos dutos, não chegue até os apartamentos. O hospital também conta com um plano de manutenção preventiva dos equipamentos para garantir que estejam em boa operação e com o funcionamento dentro dos padrões de projeto. “Realizamos a análise de qualidade em todo o complexo e a certificação de áreas, como o centro cirúrgico e leitos de pacientes em isolamento” ressalta o engenheiro. “Desta forma, garantimos os padrões necessários em relação ao sistema de ar condicionado, quanto às questões de controle de fungos, bactérias, limpeza do ar, umidade e temperatura”, conclui.

Relação com o entorno

As certificações LEED são grandes aliadas na redução de custos, tanto na execução da obra, quanto na operação do hospital. Além disso, contribuem para o conforto interno de pacientes, funcionários e da comunidade no entorno da instituição. Outro ponto a ser observado diz respeito à valorização do empreendimento. Durante a obra foram tomados diversos cuidados: a lavagem dos pneus dos caminhões, descarte controlado de material, áreas específicas para lavagem dos pincéis, utilização de materiais com emissão de COV (compostos orgânicos voláteis) controlado, entre outros. O acesso de veículos e pedestres foi distribuído de maneira correta para não sobrecarregar as vias marginais ao hospital. Também, em atendimento ao Aditivo do TCA 164/2009 da SVMA da PMSP (Prefeitura Municipal de São Paulo), foi feito o plantio de 20 mudas de árvores nativas DAP 5 na calçada e entrada da Torre E, à Rua Santa Ernestina. Com o intuito de reduzir o fluxo de veículos na região, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz conta com um bicicletário e vestiário exclusivo para os seus usuários. Também foram implementadas vagas exclusivas para veículos classificados como baixo emissor de poluentes e baixo consumidor de combustível, além disso, foram adotadas medidas para redução das ilhas de calor minimizando o impacto no micro clima e no ambiente urbano.

©Bruno Marinho

Através da instalação de dispositivos economizadores foi possível reduzir em 21% o consumo de água. Priorizou-se também o reuso de águas pluviais e de drenagem da parede diafragma nas bacias e mictórios, além do reuso para irrigação de jardins. A construção também contemplou o uso de energia renovável através da utilização de placas solares, permitindo uma redução no custo anual de energia em pelo menos 1%. Visando ainda a redução de energia foi realizada simulação energética durante o projeto com a implantação de sistemas de ar condicionado eficiente, painéis solares, vidros eficientes, elevadores, luminárias, entre outros. Na gestão de resíduos da construção foi definido o descarte correto para áreas devidamente licenciadas. Os resíduos gerados durante a obra foram destinados para áreas de transbordo e triagem (ATT) e/ou reaproveitados na obra. Com isso, 75% do resíduos gerados foram desviados de aterros. Outros cuidados foram tomados, desde a escolha apropriada do terreno e local de construção até a gestão de resíduos da obra. “Na ocasião, a gerenciadora do projeto – MHA Engenharia – organizou a obra em três diferentes fases: o contrato de demolição das edificações existentes na área da ampliação, o contrato de execução das paredes diafragmas e o contrato com a construtora para a execução de toda a edificação-civil e instalações”, afirma Wellington Vieira. “Para minimizar o ruído gerado em grandes obras como esta, por determinado tempo, foi necessário enclausurar o motor da grua que trabalhava durante a noite, mesmo com o motor trabalhando na menor rotação possível. A carga e descarga de quase todo material foi feita durante a noite e madrugada, o que exigiu um grande envolvimento da vizinhança e, inclusive, do público do próprio hospital, já que a obra estava muito próxima do Centro Cirúrgico e UTI, ambos em plena atividade”, complementa. Em razão da maior parte das edificações vizinhas terem mais de 60 anos, também foram cuidadosamente projetados serviços de contenção para estas áreas. Todos os materiais empregados na obra foram previamente aprovados, verificando-se os limites previstos pelo LEED para COV (Composto Orgânico Volátil) em adesivos, selantes, tintas, revestimentos e pisos, uso de madeira certificada FSC (Conselho de Manejo Florestal), além da não utilização de gás refrigerante à base de CFC (clorofluorcarbono) nos equipamentos do sistema de condicionamento de ar. Para esta aprovação foram apresentadas as declarações ambientas dos fabricantes.

Wellington Bueno Vieira, Hospital Alemão Oswaldo Cruz

18

dez/15-jan/16

rev/gbc/br


projeto em destaque

Redução de 21% no consumo de água com dispositivos economizadores

Fotos: Divulgação Hospital Oswaldo Cruz

Redução de 1% do custo anual de energia total do edifício

75% de resíduos de obra desviados de aterro

Plantio de 20 mudas nativas na entrada da Torre E Parceria e equipe multidisciplinar

Para o desenvolvimento de um projeto com esta amplitude e complexidade foi necessária a parceria e completa integração das diversas equipes envolvidas. Ao todo, nestes quase 30 mil metros quadrados de construção, estiveram envolvidos uma quantidade significativa de profissionais especializados para o desenvolvimento do projeto e consultoria (17 empresas) e execução da obra (mais de 50 empresas contratadas e subcontratadas). O CTE (Centro de Tecnologia de Edificações) foi a consultoria responsável pela obtenção do LEED. A MHA Engenharia realizou os projetos complementares do novo prédio, sendo responsável por todo sistema elétrico, hidráulico, ar-condicionado e sistemas eletrônicos, além de ser responsável, também, pelo gerenciamento da obra, liderada pela Eng. Marcia Cristina Brandão, gerente de projetos da MHA. O projeto arquitetônico foi desenvolvido pela Botti Rubin Arquitetos Associados. A Racional Engenharia também foi parceira no projeto com a execução a obra. A Ergo Engenharia forneceu para o Hospital Alemão Oswaldo Cruz o sistema de ar condicionado. De acordo com Wellington o projeto já nasceu para ser um edifício sustentável e para a obtenção da certificação LEED. “Valeu a pena! Hoje, o edifício conta com sistema de reuso de água, sensores de presença que acionam a iluminação nas circulações, bicicletário e vestiário para o colaborador, iluminação natural em quase 100% das áreas incluindo UTI e Centro Cirúrgico, entre outros. O título de uma obra sustentável caracteriza um empreendimento valorizado, que economiza recursos naturais energéticos e promove conforto interno aos seus ocupantes, além da comunidade no entorno da instituição”, finaliza.

revistagbcbrasil.com.br

Instituição de referência no atendimento humanizado e personalizado Segundo Wellington Vieira, a instituição investe constantemente no aprimoramento das suas instalações, o que incluiu o projeto da Torre E. Pensando em como ofertar um atendimento de excelência, o hospital promoveu durante 40 dias consecutivos, treinamento técnico e comportamental para profissionais das áreas assistenciais recém-admitidos para atuar nas Unidades de Internação deste prédio. O engenheiro enfatiza que esta equipe dedicou-se integralmente a esta preparação, enquanto eram estimulados a um convívio mais prolongado, proporcionando uma perspectiva transformadora na relação entre eles e, consequentemente, com os pacientes e familiares. “Quando um grupo concluía o treinamento, outro começava, e assim sucessivamente. Além disso, outras equipes assistenciais que já integravam o quadro de colaboradores do hospital, também passaram por esta formação em serviço. Este trabalho foi embasado por conceitos de um modelo assistencial onde paciente e família são o centro da atenção na assistência à saúde". Importante ressaltar que para ofertar os melhores resultados, o Hospital conta com um corpo clínico e assistencial de excelência. O modelo assistencial do Hospital foi apresentado durante o III Congresso Internacional de Acreditação realizado pelo Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA) – representante exclusivo da Joint Commission International no Brasil, uma das mais importantes certificadoras de saúde no mundo – tendo sido premiado em primeiro lugar.

dez/15-jan/16

19


inovação

Programa apresenta gestão estratégica da água como solução mitigadora de impactos no consumo de água a nível macro, meso e micro

O

cenário atual em relação ao consumo da água é um dos tópicos de maior importância na sociedade atual. O avanço da crise hídrica vem tomando proporções significativas devido à alta demanda deste insumo em todas as esferas. Estudos da ONU (Organização das Nações Unidas) mostram que um cenário crítico para a disponibilidade hídrica de uma região corresponde a 1500 m³ por habitante/ano, a bacia do Alto Tietê, na qual a região metropolitana de São Paulo se encontra, apresenta uma disponibilidade hídrica de 200 m³ por habitante/ano, o que corresponderia a um cenário de estresse hídrico acentuado. A disponibilidade hídrica considerada ideal para uma região corresponde a 2.500 a 20.000 m³ por habitante/ano. Um dos principais fatores responsáveis por esse cenário é o crescimento acentuado da população, principalmente nos grandes centros urbanos, associado ainda a um gerenciamento inadequado dos recursos hídricos. Esse fator contribui para o aumento do adensamento das cidades e por consequência da verticalização das construções. Conforme dados da SABESP, o consumo humano, hoje, é responsável por mais de 80% da demanda de água na RMSP, sendo estimado que numa residência unifamiliar temos um consumo médio de 150 litros por pessoa/dia, enquanto que para uma unidade multifamiliar este consumo aumenta para 220 litros por pessoa/dia. Com isso observamos um grande incremento na demanda por água nos grandes centros ur20

dez/15-jan/16

banos, que vem aumentando as pressões por novas infraestruturas e pela exploração de novos mananciais. A água é um insumo essencial para o processo de produção na indústria da construção civil, o consumo da água acontece de forma direta para a produção e consumo humano, como indiretamente, através dos processos desenvolvidos por sua cadeia de suprimentos. Pensando em uma maneira eficaz de estabelecer a gestão da água na construção civil, a consultoria de engenharia e meio ambiente Infinitytech desenvolveu o Programa Água de Valor, projeto que visa o uso sustentável e a gestão estratégica da água na obra, aumentando a resiliência das empresas do setor a atuarem em cenários cada vez mais adversos. O principal objetivo deste programa é garantir a redução do consumo de água e a minimização dos riscos relacionados à água nas operações da empresa e nos seus novos negócios. Dessa forma busca-se também a implantação de ações que trazem uma menor dependência deste recurso nos processos construtivos da empresa, contribuindo junto aos demais atores competentes para melhoria da segurança hídrica nas regiões onde atua e auxiliando no desenvolvimento da infraestrutura local dessas regiões. Em parceria com a CCDI (Camargo Correia Desenvolvimento Imobiliário), o programa foi implantado em seis empreendimentos da empresa. O trabalho foi desenvolvido visando à integração de todas as áreas de atuação da companhia e fornecedores. Para promover um engajamento integrado foram realizados workshops, campanhas de conscientização abrangendo todas as áreas, inclusive operá-

Fotos: Infinitytech

Programa Água de Valor Virgínia Sodré

rios de obra e cadeia de suprimentos. “O projeto foi desenvolvido junto aos funcionários, numa ação cujo objetivo era de engajá-los em todo processo. Parte também importante deste processo são os fornecedores, pois a falta de gestão da água em seus processos internos podem afetar as atividades que estão sendo desenvolvidas no canteiro de obra de forma a comprometer produto final. Por isso é necessário que a gestão estratégica englobe todas as áreas inclusive os fornecedores”, destaca Carla Bordini, engenheira ambiental da Infinitytech. A gestão estratégica da água, além de englobar o negócio como um todo, tem uma visão abrangente e integrada da água, avaliamos as pressões nas bacias hidrográficas, a infraestrutura local, a ações integradas da gestão de demanda e da oferta de água, com o intuito de melhorar gestão da água nas operações da empresa, trazendo além do benefício do uso de maneira responsável, a redução dos impactos e conflitos relacionados à gestão da água nas regiões de sua atuação; visando garantir além da disponibilidade de água em suas operações, a redução dos custos relacionados a este insumo em seus negócios/operações. De acordo com Virgínia Sodré, diretora da Infinitytech, o primeiro passo é a conscientização das empresas, fazer com que haja um entendimento da necessidade de um planejamento no uso da água durante toda a sua cadeia de negócio, desde a escolha do terreno, planejamento do produto, construção até a entrega da edificação. O segundo passo é a realização do diagnóstico para entender a real e atual situação da empresa bem como seus processos rev/gbc/br


inovação

em relação a esta temática. “Este trabalho inicial foi um dos maiores desafios. A identificação e análise da região para verificar a tendência de alagamentos, como estão as pressões e a poluição do entorno, se existe tratamento de esgoto, se há o abastecimento de água pela companhia ou se houve rodízio de abastecimento dos sistemas de distribuição. Tudo isso entra neste diagnóstico e influencia no planejamento estratégico e na tomada de decisão”, pontua. Pensando nisso foi desenvolvido um estudo que aborda de forma global todos os níveis da gestão da água que influenciam no desenvolvimento do negócio e na gestão da água. Foi desenvolvida uma visão abrangente da água, diagnosticando os cenários críticos em relação à gestão da água e levando a uma leitura estratégica das carências e potencialidades socioeconômicas e ambientais das regiões onde a Incorporadora já atua e irá atuar. Uma ação pioneira envolvendo os níveis MACRO, MESO e MICRO da gestão. Foram avaliadas a nível MACRO as bacias hidrográficas que fazem parte das regiões de atuação da CCDI, avaliando os principais problemas e conflitos relacionados à gestão da água nessas regiões. A nível MESO foram diagnosticadas a infraestrutura existente, como está o serviço de atendimento ao saneamento ambiental (nas questões relacionadas ao abastecimento de água, ao esgotamento sanitário e a drenagem das águas pluviais) e a nível MICRO foram identificados os principais pontos críticos relacionados à gestão e uso da água na operação e nos produtos (destaca-se como produtos os empreendimentos que serão comercializados, seja comercial ou residencial, que entrerevistagbcbrasil.com.br

gará a região um novo consumidor potencial de água e gerador de efluentes). Engloba-se aqui todo o processo construtivo dentro do canteiro, ou seja, a gestão da água por m³. “Este processo nasce com a escolha do terreno, onde estou atuando e qual bacia atende a região na qual estou construindo. Após esta etapa, verifica-se a questão do entorno, da infraestrutura sanitária existente, das pressões por água, entre outros. Estes aspectos mapeados entram no planejamento da obra e, muitas vezes, são aliados no desenvolvimento urbano das cidades. Em alguns casos a construtora é obrigada a investir em infraestrutura, como implantar a infraestrutura de abastecimento de água, coleta de esgoto e drenagem como uma contrapartida para liberação da obra. A nível micro trabalhamos com ações de redução de forma segmentada, adotando estratégias de monitoramento deste consumo, instalação de sistemas e processos com o foco na gestão e na eficiência do consumo. Percebemos que muitas empresas ainda não se atentaram para esta questão. Então nos dois primeiros meses de implantação, o trabalho que foi realizado abordou muito a conscientização e a necessidade urgente de repensarmos a forma como gerimos a água, explicando os problemas relacionados a gestão da água do entorno, e como o entendimento da gestão a nível MACRO, MESO, MICRO pode trazer um melhor planejamento de gestão para as empresas”, explica Virgínia. Ainda dentro do canteiro de obras, o processo foi diversificado em dois segmentos: consumo humano e consumo produção. Segundo Carla Bordini, engenheira ambiental da Infinitytech, o consumo humano pode ser observado nas ati-

vidades desenvolvidas no escritório, copa, vestiários e refeitório. Já o consumo relacionado à produção encontra-se subdividido em mais duas vertentes, em uma delas a água é vista como um “componente” do processo e na outra é utilizada como “ferramentas” de processos. Na divisão de componentes são analisados processos como cura de concreto, fabricação de argamassa, irrigação, fabricação de gesso, cimento, além da fabricação do concreto por terceiros, ou seja, a cadeia de suprimentos. A divisão ferramentas engloba lavagem de ruas, lava rodas, cuidado com o entorno, testes hidrostáticos e de impermeabilização, processos os quais aumentam significativamente o consumo de água. “Trabalhamos esta visão micro atuando conforme as etapas de segmentação das obras. Nas obras da CCDI foram abordadas quatro etapas: mobilização de canteiro, superestrutura, acabamento e pintura e limpeza no final da obra”, afirma Carla Bordini.

Análise de Riscos Como uma peça fundamental para a realização do planejamento estratégico é de extrema importância a avaliação dos riscos relacionados à gestão da água, fase importante do programa Água de Valor, pois esta percepção de riscos se configura como um dos principais motivadores para o engajamento das organizações na busca por estratégias de redução do consumo de água. “Este planejamento não é somente em relação à redução do consumo em si, mas também abrange a necessidade de se analisar os riscos. O sentido é fazer algo planejado, com a implantação de ações mitigadoras para os riscos mapeados, eliminando as soluções ‘caseiras’, que muitas vezes podem até trazer uma redução do consumo de água, mas expondo, por exemplo, os usuários dos sistemas a um risco sanitário elevado. Precisamos trazer a eficiência hídrica na produção minimizando os riscos da operação”, justifica Virgínia Sodré. Neste contexto são avaliados riscos operacionais, financeiros, reputacionais, regulatórios e ao produto. Os riscos operacionais envolvem a operação geral da obra, tais como impactos na produção por escassez de água; falta de confiabilidade no fornecimento, tanto para o uso direto como na cadeia de suprimentos; paralisação da produção pela falta do recurso; além dos problemas causados à saúde dos operários devido à possível contaminação da água. Os riscos financeiros são aqueles que causam dez/15-jan/16

21


inovação

prejuízos por alguns fatores como impostos multas e processos judiciais por contaminação de funcionários, fornecimento por sistemas inadequados, aumento do custo da água. Para Virgínia esta questão pode trazer prejuízos financeiros reais, “O caminhão pipa muito usado pela maioria das construtoras em obras, aumentou o seu custo em 275% nos últimos dois anos. Estão sendo criadas leis municipais tais como a lei promulgada na cidade de São Paulo, aprovada nesse ano, que penaliza em R$1.000,00 quem for pego lavando veículos ou calçadas com água potável”, ressalta a engenheira. Já os riscos reputacionais norteiam a credibilidade da empresa em relação ao mercado e clientes. A má gestão da água contribui para exposição de negativa da imagem da empresa, desgaste das relações comerciais, além de restrições de novos produtos. Perfuração de poços sem outorga, não cumprimento de regulamentações ambientais, entre outros, podem acarretar em prejuízos à empresa perante a lei, como, por exemplo, taxas, processos legais, restrição no fornecimento de água, dificuldade para liberação de outorgas, além de autuações ambientais. Todos estes riscos podem causar a perda de competitividade, falha de gestão, restrição de novos lançamentos, assim como a rejeição por parte do consumidor. “Neste trabalho, integramos estes riscos relacionando-os a todas as dificuldades do projeto, entre os grupos da empresa, área de negócios, obras, planejamento, qualidade, produtos. Trabalhamos com uma mescla de funcionários da empresa, com perfis distintos para realizarmos em conjunto a análise de riscos da empresa (CCDI). Neste trabalho fomos mediadores nas estratégias, mas os riscos foram definidos por eles”, afirma Virgínia Sodré.

Ações mitigadoras e oportunidades A avaliação dos riscos em todos os processos construtivos contribui para uma análise aprofundada dos impactos inerentes à obra, possibilitando ações adequadas e promovendo a visualização de oportunidade de negócios. A definição destas ações, através do planejamento estratégico de gestão da água, permitiu a CCDI vislumbrar possíveis oportunidades, as quais englobam aumento de competitividade, fortalecimento da cadeia de valor, parcerias, obtenção de recursos e incentivos e implantação de novas tecnologias associadas à redução dos custos operacionais, além do reconhecimento socioambiental frente ao mercado e a seus clientes. 22

dez/15-jan/16

As ações para redução do consumo da água nas obras abordam vertentes econômicas, sociais e tecnológicas. Em um panorama geral, este plano de ação baseia-se em campanhas de conscientização, novos sistemas construtivos, fontes alternativas como reúso e aproveitamento de água de chuva e campanhas educativas para os profissionais envolvidos. Além disso, foram definidas ações específicas de acordo com as características e necessidades de cada obra relativas às áreas de consumo humano, produção, abastecimento e produto. Uma das ações que mais se destaca pelo excelente potencial de monitoramento e redução de uso da água é a instalação de hidrômetros por etapas da obra, o que permite um controle elevado do consumo por metro quadrado a cada fase. Contribuindo também para uma melhor gestão do recurso, reduzindo custos e otimizando o processo como um todo. Foi elaborada uma planilha de cálculo na qual são inseridos dados de consumo de cada fase do processo construtivo, colaborando ainda mais para esta gestão, bem como para a criação de um benchmark para a incorporadora. A estratégia de medição setorizada através da instalação dos hidrômetros nas obras foi uma solução definida pelos próprios gestores de obras. A metodologia utilizada foi a divisão dos hidrômetros por abastecimento de água pela rede pública, escritórios e vestiários, por torres e, consequentemente, por fases ou andares construídos. “O objetivo é implantar no primeiro andar, monitorar e setorizar os consumos. Conforme a evolução da obra, o hidrômetro é movido para os andares que estão sendo trabalhados continuando com o mesmo processo. Atuamos em seis empreendimentos da CCDI criando uma guia de ações para cada obra. Criando uma padronização da gestão, de forma a controlarmos o consumo da água por m³ e por fase de obra”, garante Virgínia Sodré. Além dos benefícios ambientais, sociais e econômicos que o programa proporciona, é possível quantificar a pegada hídrica da obra, que permite avaliar o consumo direto e indireto da obra, ou seja, tanto o relativo à obra quanto da cadeia de suprimentos “ Era necessário desenvolver uma ferramenta de gestão que considerasse o consumo de água em toda cadeia produtiva, e que possibilitasse seu monitoramento. Então fomos à busca de ferramentas internacionais que pudessem nos fornecer isso”, esclarece Carla Bordini. Para Virgínia Sodré, o cenário atual em relação à água é preocupante. A falta de gestão e de

planejamento, agregada ao estado de escassez dos mananciais que abastecem a Macro Metrópole, bem como o aumento populacional, direciona o país para um cenário crítico. Segundo a engenheira somente a demanda do consumo urbano tem previsão de crescimento de 17 m³ por segundo na Macrometrópole do estado de São Paulo nos próximos vinte anos, com a previsão de aumento de 4,2 milhões pessoas. “O principal objetivo do planejamento estratégico de água é preparar a empresa para o inevitável. Temos que com muita urgência adotarmos a eficiência do uso da água na construção civil, precisamos gerir a água na obra e lançarmos prédios eficientes, os grandes centros urbanos do Brasil já sofrem com escassez real de água. Pode ser que o próprio Governo comece a restringir a opção de novos lançamentos em regiões com estresse hídrico; este cenário não está muito distante”, alerta Virgínia. A ideia de integrar pessoas, departamentos, fornecedores através de conscientização e conhecimento de todas as complexidades dos processos é corroborada pela parceria que a Infinitytech iniciou com o Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil) em um projeto que visa amplificar e disseminar o programa para as demais empresas, contribuindo de forma geral para mitigação dos impactos relacionados à água e a melhoria da gestão em si. “Acreditamos muito nesse trabalho e nos benefícios que este pode trazer para as empresas, temos como desejo que mais empresas possam ter acesso a esta metodologia que desenvolvemos e que possamos direta ou indiretamente melhorar a gestão efetiva da água no setor da construção. Para o futuro vislumbramos trabalhar na avaliação da gestão da água na cadeia de fornecedores, hoje está se iniciando no Brasil estudos relacionados à avaliação do ciclo de vida dos materiais, e um dos pontos abordados por estes estudos é a gestão da água. Dessa forma observamos que o setor da construção tanto local como a nível internacional está se preparando para uma visão mais abrangente da gestão da água, tanto para produção industrial dos produtos e insumos utilizados na obra, como na execução em si do processo construtivo. E nós como consultoria ambiental, queremos auxiliar o setor a ter uma visão efetiva dessa gestão da água integrada como um todo”, conclui Virgínia.

rev/gbc/br



tendências

Tendências2016

©CTE

O Brasil tem enfrentado diversos problemas relacionados às crises hídrica e energética, mesmo com um alto potencial e recursos para o desenvolvimento de fontes de energias renováveis. Além disso, temos acompanhado a evolução do desmatamento, da poluição e o crescimento das emissões de gases de efeito estufa. Por outro lado, a construção sustentável tem avançado significativamente nos últimos 10 anos, sendo crescente o número de empreendimentos certificados e o engajamento das organizações e empresas brasileiras do setor da construção civil tem sido de extrema importância para estes avanços. Em meio a esse cenário nacional, diversos especialistas falam sobre as suas expectativas para 2016.

O Brasil tem avançado de maneira significativa nas questões de sustentabilidade dentro da construção civil nos últimos dez anos, ocupando hoje uma posição de destaque entre os principais países em número de projetos certificados no mundo. Neste período tivemos fortes avanços no desenvolvimento de projetos, materiais e tecnologias sustentáveis e na execução de obras atendendo às diretrizes da construção sustentável. O portfolio de empreendimentos gerados e os nossos canteiros de obras não devem nada aos de países desenvolvidos. Porém, mesmo com estes significativos avanços, o mercado ainda não foi capaz de formar profissionais qualificados para a gestão do uso e operação das tecnologias de ponta empregadas nestes empreendimentos certificados. Desta forma, o que ocorre hoje é que muitos dos empreendimentos que foram certificados, não estão tendo o desempenho previsto no momento de sua concepção, gerando o que conhecemos por desperdício tecnológico. Com os crescentes aumentos nas tarifas de água e energia praticados recentemente, e ainda previstos para os próximos anos, é fundamental que a operação destas edificações seja ajustada para que estes edifícios possam ter um desempenho sustentável ao longo da sua vida útil, oferecendo assim todos os benefícios das tecnologias neles implantadas. Além da necessidade desse avanço na operação sustentável dos empreendimentos, creio que nos próximos anos, a sustentabilidade na construção do Brasil vai consolidar as conquistas obtidas em projetos e canteiros de obras e ampliar o escopo da sustentabilidade para os demais elos da cadeia produtiva, envolvendo a fabricação de materiais, o desenvolvimento da inovação de produtos, a logística reversa, a economia circular, a responsabilidade social e uma forte campanha de educação dos consumidores e da sociedade, ressaltando os benefícios econômicos, ambientais e sociais da sustentabilidade.

Roberto de Souza Diretor Presidente do CTE

24

dez/15-jan/16

rev/gbc/br


tendências

©Divulgação

A Construção Civil tem, em seus diversos setores, se aproximado cada vez mais da Sustentabilidade, através de soluções e novas tecnologias que buscam reduzir impactos ao ambiente. A atenção e os esforços em relação à eficiência no uso da água e da eletricidade só devem aumentar, diante das condições de crescimento populacional das grandes cidades, das adversidades climáticas, da disponibilidade, acesso e custos destes insumos. Com isso, espera-se que o emprego de soluções eficientes, tanto em novos edifícios como em edifícios que estejam em reforma, seja intensificado em 2016 e nos próximos anos. Mas certamente o caminho para uma Construção Civil de fato Sustentável ainda é longo. Temos ainda adaptado muitas soluções, tornando-as menos impactantes, mas devemos intensificar o emprego da inovação no desenvolvimento de novas tecnologias, para que sejam eficazes e não somente mitigadoras ou de menor impacto. Além disso, é de suma importância que a especificação e compra destas tecnologias e soluções sustentáveis seja realizada com olhar sistêmico, avaliando efetividade e não somente custo.

Eng. MSc. Osvaldo Barbosa de Oliveira Junior Coordenador da Engenharia de Aplicação da Deca

©Divulgação

O mercado de construção sustentável vai continuar se expandindo em 2016 apesar da redução da velocidade da economia, pois ele faz sentido e as empresas terão que buscar economias em seu custo de operar. Como sabemos 50% da energia elétrica produzida no Brasil é destinado as edificações e os sistemas de ar condicionado representa de 60 a 70% do consumo de energia de um edifício. Com a tecnologia disponível hoje em termos de equipamentos, sistemas e controles podemos reduzir o consumo dos sistemas de ar condicionado em 40 a 50% e dessa forma buscar uma redução significativa no consumo de energia tem que passar pelo sistema de ar condicionado. A busca por eficiência será ampliada face a redução na economia e as empresas terão que reduzir seus custos para operar de forma mais eficiente A redução no consumo de energia normalmente também reduz o consumo de agua e ambas são muito importante.

Manoel Gameiro Vice Presidente de Eficiência Energética da ABRAVA

©Divulgação Sinduscon-PE

A sustentabilidade, em qualquer setor produtivo, tem a tendência natural de se estabelecer, seja nas pequenas ou grandes empresas, em qualquer lugar do mundo. Na construção civil isto não é diferente. As construções sustentáveis estão relacionadas à eficiência nos processos, aumento de produtividade, ou seja, é construir mais com menos. É fundamental a redução dos custos da empresa, visto que estamos em mercado cada vez mais competitivo. Além disto, temos observado, felizmente, a formação de um consumidor cada vez mais consciente de suas escolhas, e que prioriza a compra de produtos com viés de sustentabilidade, mesmo que por vezes paguem um pouco mais por isto. Não é mais viável para as sociedades, do ponto de vista da preservação e disponibilidade dos recursos naturais, manter os altos níveis de exploração de matéria-prima e de desperdício. Vejo o mercado da construção civil dar um passo importante em toda a sua história, em busca da sustentabilidade no setor. Além da redução de custos, as construções sustentáveis estão associadas ao uso racional da água potável, eficiência energética, gestão correta dos resíduos, qualidade de vida para quem trabalha ou reside nestas edificações. O mercado de construções sustentáveis já é uma realidade. Terá vantagens aqueles que assim fizerem e derem o passo à frente.

Serapião Bispo Ferreira Neto Diretor de Ciência e Tecnologia do Sinduscon/PE Coordenador do Movimento Vida Sustentável –MVS

revistagbcbrasil.com.br

dez/15-jan/16

25


©Divulgação Saint-Gobain

tendências

O setor da construção representa mundialmente um terço das emissões de gases de efeito estufa e 40% do consumo global de energia. É preciso uma mudança profunda na concepção das construções para diminuir de forma significativa seus impactos. Hoje, estamos planejando as cidades e os edifícios de amanhã. Isso não pode acontecer sem um compromisso muito forte com a sustentabilidade, seja em termos de preservação e consumo dos recursos naturais, bem como a diminuição das emissões de carbono. O Brasil atualmente tem dois grandes desafios no mercado da construção civil: o déficit habitacional de sete milhões de habitações e a demanda de mais de 1,5 milhão de novas unidades, bem como a grande necessidade de infraestrutura. Nos últimos anos, vimos surgir normas, regulamentações e certificações a favor de mais sustentabilidade nos edifícios e do bem-estar e conforto de seus ocupantes. Porém, o mercado da construção civil no país tem ainda um longo caminho a percorrer, o que implica no esforço conjunto de todos os atores da cadeia, desde as políticas públicas até as construtoras, os fabricantes de materiais de construção ou ainda as entidades certificadoras. A Saint-Gobain tem um papel importante na evolução da construção sustentável, principalmente no Brasil, uma vez que é um elemento central de sua estratégia. O Grupo possui um portfólio completo de soluções para novas construções ou reforma tanto individuais como coletivas, e até mesmo outros espaços de convivência. Nossos vidros, placas de gesso, lã de vidro, colas, argamassas e rejuntamento ou telhas de fibrocimento proporcionam ao mesmo tempo eficiência energética, conforto e bem-estar dos usuários e qualidades funcionais. Atuamos também na sensibilização e formação dos profissionais da construção, bem como do consumidor final. Esse compromisso com a sustentabilidade se torna realidade graças aos nossos investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento. Em 2016, o novo centro de pesquisa e desenvolvimento do Grupo, primeiro do Hemisfério Sul será inaugurado em Capivari, São Paulo, para criar os materiais dos edifícios do futuro.

Thierry Fournier

©Divulgação Secovi-SP

Presidente da Saint-Gobain para Brasil, Argentina e Chile

Observamos realidades muito distintas em relação à sustentabilidade em edifícios de lajes corporativas e nas demais tipologias. No primeiro caso, as grandes empresas demandam por imóveis certificados, pois conhecem as vantagens socioeconômicas de estarem instaladas neste tipo de propriedade, mesmo se a locação ou o preço do imóvel for um pouco mais caro. Naturalmente, as incorporadoras atendem esta demanda. Já nas demais tipologias, ainda há pouca demanda e, portanto, a maioria dos projetos não incorporam atributos sustentáveis. Isto se deve ao fato de que empreendimentos sustentáveis agregam entre 1,6% e 8,6% de custos adicionais em relação à empreendimentos convencionais similares, sendo este o principal obstáculo declarado por 82% dos incorporadores que responderam ao questionário que é parte da dissertação de mestrado que realizei sobre este assunto (www.hamiltonleite.com.br/page0031.html). Existem quatro possibilidades para que haja equilíbrio econômico do ponto de vista da incorporadora e consequente crescimento da certificação nas demais tipologias: 1-Aprovação de leis que concedam incentivos fiscais ou urbanísticos à projetos sustentáveis; 2-Análise aprofundada das normas de certificação, com foco em custos, para que o projeto seja realizado com custo adicional próximo de zero. É possível!; 3-Quando os compradores de imóveis residenciais também estiverem informados sobre os benefícios socioeconômicos dos imóveis sustentáveis, e demandarem por este produto; 4-Quando houver metas sustentáveis e planos de ação, desde que econômica e tecnologicamente viáveis, para as empresas do setor imobiliário alcançarem num longo prazo.

Hamilton de França Leite Junior Diretor de Sustentabilidade do Secovi-SP

26

dez/15-jan/16

rev/gbc/br


tendências

©Divulgação

A realidade enfrentada pelo setor da Construção Civil em 2015 fez com que a maioria dos players deste mercado se readequassem a este cenário, buscando atuar com maior eficiência e produtividade, além de buscar a segmentação de mercado, com foco em ampliar as reduzidas oportunidades do mercado. A continuidade do cenário retraído para 2016 nos leva a repensar os projetos e as metodologias construtivas, inclusive sob a ótica da sustentabilidade. As demandas por empreendimentos sustentáveis devem ser intensificadas nos próximos anos. Cada vez mais buscamos desenvolver processos industrializados dentro do canteiro de obras e a industrialização de sistemas construtivos fora do canteiro. Como consequência deste esforço, temos reduzido perdas aparentes e incorporadas de insumos na construção, diminuindo a quantidade de resíduos a serem descartados, por exemplo. Quanto às questões relativas aos recursos hídricos é importantíssimo buscarmos soluções eficientes desde a concepção dos projetos de engenharia, durante a fase de construção e finalmente à fase de operação do empreendimento. Nos projetos, foram evidentes as demandas por aumento de reservatórios de reuso de água e mesmo a utilização da água armazenada em reservatórios de retardo de águas pluviais, que antes eram lançados na rede pública e agora passaram a funcionar também como reservatórios de água para reutilização no próprio empreendimento. Da mesma forma, as questões relativas à eficiência energética ganharão maior importância nos próximos anos, pois além das respectivas certificações, que passaram a ser cada vez mais comuns nos empreendimentos, a conscientização do uso racional de energia deverá ser um ponto de extrema importância para incrementar a performance dos empreendimentos, cujos esforços retornarão sob forma de economia no consumo durante a operação dos mesmos, tanto para os investidores, como para os usuários.

Hugo Rosa Presidente da Método Potencial

Asau – Arquitetura e Urbanismo Projetos que atendem suas necessidades: Comercial, Residencial e Industrial. Temos como Missão, criarmos um habitat mais integrado com o ser humano, através da prestação de serviços diferenciados nos mercados da construção e desenvolvimento imobiliário.

Quem Somos:

Arquitetura e Urbanismo desenvolve um trabalho criterioso voltado a busca contínua da qualidade, atendendo prazos e custos propostos. A Natureza destas atividades vai desde a Pesquisa e Análise de Restrições, Programação, Pré-Dimensionamento e Planejamento Físico, ao Projeto Arquitetônico Completo, o Projeto de Reforma, o Projeto de Arquitetura de Interiores, Planos Urbanísticos e de Paisagismo, a Coordenação de Projetos Complementares, Fiscalização e Acompanhamento da Obra e Desenhos de Apresentação.

Projetos

Consultoria

Contatos

• Arquitetura Sustentável • Arquitetura Residencial, Comercial, industrial • Design de Interiores e Decoração • Paisagismo e urbanismo • Loteamentos

• Gerenciamento de Projetos e Obras • Paisagismo, Design e Decoração de interiores • Perícia Judicial (Engenharia e Ambiental) • Licenciamento Ambiental • Estudo de viabilidade econômica para empreendimentos imobiliários • Projetos de engenharia (topografia, instalações em geral etc.) • Consultas técnicas para Arquitetura e Engenharia

Rua Doutor José Roberto Freire, 206 Centro - Itaguaí, 23815-203 Tel: 55 (21) 2688-3229 Email: atendimento@asau.com.br www.asau.com.br www.facebook.com/asauarquitetura

revistagbcbrasil.com.br

dez/15-jan/16

27


desempenho

Certificação WELL promove saúde e bem estar nas edificações Com cerca de 2 milhões de metros quadrados construídos em 12 países, a certificação WELL ganha espaço no mercado da construção sustentável na promoção de saúde e bem-estar dos usuários

P

rojetar e construir ambientes que promovem a saúde e bem-estar aos usuários se tornou um dos pontos mais importantes no âmbito da construção civil. Estes requisitos têm sido cada vez mais relevantes como fatores de decisão dos consumidores em geral. A certificação WELL Building Standard foi desenvolvida para atender esta demanda na busca por qualidade de vida, saúde e produtividade dos usuários aliada à sustentabilidade ambiental dentro dos espaços construídos, além de ser uma ferramenta complementar a Certificação Internacional LEED. Esta integração entre o IWBI (International Well Building Institute) e o GBCI (Green Building Council Institute) com as ferramentas certificadoras WELL e LEED proporcionam um desenvolvimento mais assertivo e garantem resultados positivos. A certificação WELL baseia-se em sete categorias, tais como, ar, água, alimentação, luz, fitness, conforto e mente. Um olhar mais atento para estes conceitos mostra que eles são significativamente relevantes em um edifício, uma vez que passamos cerca de 90% do tempo de nossas vidas em ambientes construídos. Atualmente, mais de 80 edifícios com cerca de 2 milhões de metros quadrados localizados em 12 países já possuem a certificação ou encontram-se registrados, em fase de desenvolvimento. O Brasil já teve o primeiro projeto registrado na Certificação WELL Building Standard, o escritório da SETRI, em São Paulo. A versão 1 da certificação abrange tipologias como edifícios de escritórios comerciais e institucionais que vão desde edifícios novos e existentes, projetos de interiores, novos e existentes, até a categoria Core & Shell que contempla a estrutura do

28

dez/15-jan/16

edifício, incluindo o posicionamento das janelas e vidros na fachada, as proporções da construção, o sistema de aquecimento, refrigeração e ventilação e a qualidade da água fornecida ao edifício. Esta tipologia também avalia as instalações e oportunidades de bem-estar no terreno. Visando a melhoria contínua e avanço da certificação e de seus resultados foram desenvolvidos pelo IWBI programas pilotos para o setor de varejo, residências multifamiliares, educação, restaurantes, cozinhas comerciais, instalações de saúde, instalações esportivas e setor publico. A implantação da certificação WELL nas edificações traz efeitos benéficos tanto para a questão humana quanto para o lado econômico. O ambiente com características adequadas e saudáveis contribuiu de forma plena para o bem-estar, conforto, aumento de produtividade e diminuição do absenteísmo, melhora da satisfação e promove até a felicidade dos ocupantes. Além disso, influenciam diretamente nos efeitos psicológicos, frequentemente causados por ambientes cujas rotinas possuem alto nível de stress, como é o caso das edificações hospitalares. Além dos benefícios imensuráveis proporcionados à vida e a saúde dos usuários, a certificação permite agregar ao projeto um elevado potencial comercial, através do retorno de investimentos significativos, fruto da redução de despesas em longo prazo tanto com pessoal quanto com relação à vida útil do edifício. De acordo com estudo de caso realizado pelo IWBI, com os usuários do primeiro edifício certificado WELL Building Standard, a sede da CBRE na Califórnia, 83% dos ocupantes disseram sentir-se mais produtivos e 92% informaram que o novo espaço de trabalho criou efeitos

rev/gbc/br


Fotos:©CBRE

CBRE Group, Inc.’s Global Corporate Headquarters, Los Angeles, California (EUA)

Fotos:©Denmarsh Photography

desempenho

Phipps Center for Sustainable Landscapes, Pittsburgh, Pennsylvania (EUA)

positivos na saúde e bem-estar. Voltando-se para o lado comercial, 100% das empresas confirmaram o interesse de seus clientes por este novo método de trabalho, além disso, 94% garantiram que obtiveram impactos positivos no desempenho de seus negócios. “Investir na saúde e bem-estar dos colaboradores tem o potencial de ajudar as empresas a reter os melhores talentos, aumentar a produtividade dos funcionários e satisfação, fortalecer os esforços de responsabilidade corporativa e reduzir o absenteísmo”, ressalta Paul Scialla, diretor executivo da Delos, fundadora do WELL Building Standard. A ferramenta WELL Building Standard é fruto de sete anos de pesquisas e investigação através da colaboração por conceituados profissionais da medicina, da ciência e profissionais da indústria. O principal foco na criação desta certificação, como já dito acima, é o bem-estar e a saúde humana, fatores que exigem a necessidade de um corpo de profissional qualificado para seu desenvolvimento. Os recursos inerentes à certificação WELL contribuem diretamente em sistemas vitais da saúde humana. Outra figura importante no processo de certificação WELL é o profissional acreditado ,WELL AP, que possui conhecimento sólido e especializado voltado para saúde e bem-estar nas construções. De acordo com Paul Scialla, a credencial WELL associada ao profissional acreditado LEED promove oportunidade e um diferencial frente ao mercado da construção civil. “A certificação WELL está levando a indústria a repensar a sua abordagem para a construção sustentável, a criação de uma nova oportunidade de mercado, colocando as pessoas no centro das decisões de projeto e construção”, garante o especialista.

O processo de certificação WELL O processo de certificação WELL envolve cinco etapas: Inscrição; Documentação; Verificação de desempenho; Certificação; e Recertificação (não aplicável para Core & Shell). O Os projetos que buscam a Certificação WELL devem se registrar no IWBI através do WELL Online.

revistagbcbrasil.com.br

As equipes de projetos podem registrar o projeto a qualquer momento à medida que evoluem no processo de desenvolvimento do projeto. Entretanto, é mais vantajoso registrar o projeto o mais breve possível para que as estratégias que irão satisfazer a Certificação possam ser integradas desde o início. A etapa de documentação inclui documentos e desenhos do projeto, declarações de garantia da equipe de projetos, além da necessidade de revisão desta documentação para certificação final. Na fase de verificação de desempenho, testes são realizados no local após a ocupação e durante a operação do edifício, procedimentos necessários para avaliar e validar o desempenho previsto. A certificação é concretizada após a validação do projeto quanto à conformidade da documentação e resultados de desempenho. A recertificação garante, a cada três anos, o alto nível do projeto em relação ao design, operação e manutenção ao longo do tempo.

Níveis e critérios para certificação WELL A certificação pode ser atingida em três níveis, Silver, Gold e Platinum. Para conquistar qualquer um dos níveis é necessário o atendimento de todas as pré-condições estabelecidas nas diretrizes da certificação. Para obtenção de níveis mais elevados o projeto deve apresentar um alto percentual de otimização de recursos. SILVER Cumprimento de 100% das pré-condições aplicáveis à tipologia.

GOLD Cumprimento de 100% das pré-condições aplicáveis à tipologia, além de desempenho acima de 40% em otimização .

PLATINUM Cumprimento de 100% das pré-condições aplicáveis à tipologia, além de garantir desempenho acima de 80% em otimização.

dez/15-jan/16

29


desempenho

30

AR Visando a qualidade do ar interno (QAI) que abrangem a remoção de contaminantes, prevenção de poluição e a purificação do ar, são estabelecidas as seguintes estratégias: teste e monitoramento da qualidade do ar; tratamento e filtragem; ventilação; controle de umidade; protocolo de limpeza; seleção de materiais; processos construtivos; entrada saudável. Nesta categoria é analisada a utilização de materiais tóxicos, eliminação de contaminantes biológicos, falhas de ventilação e transmissão de vírus e bactérias pelo ar.

-Teste e monitoramento da qualidade do ar; -Tratamento e filtragem; -Ventilação; -Controle de umidade; -Protocolo de limpeza; -Seleção de materiais; -Processos construtivos; -Entrada saudável

ÁGUA As estratégias relacionadas à água envolvem medidas que promovam a qualidade e filtragem deste recurso, tratamento e otimização no acesso de água aos edifícios. Os requisitos exigidos nesta categoria são: qualidade da água; acesso à água potável; filtragem.

-Qualidade da água; -Acesso à água potável; -Filtragem.

NUTRIÇÃO A categoria nutrição busca estabelecer condições para melhores hábitos alimentares através do fornecimento de alimentos mais saudáveis, dicas comportamentais e conscientizar quanto à qualidade de nutrientes. Encontram-se dentro desta categoria critérios como: acesso a alimentos saudáveis; porções saudáveis; alimentação consciente; área para preparação dos alimentos; produção de alimentos.

-Acesso a alimentos saudáveis; -Porções saudáveis; -Alimentação consciente; -Área para preparação dos alimentos; -Produção de alimentos.

LUZ Ações relativas à iluminação estão descritas na categoria luz, que reforçam o ritmo circadiano do corpo e abrangem requisitos como desempenho do projeto, controle de iluminação, níveis de iluminação adequados para as atividades, que contribuem para melhora do humor e produtividade do usuário. Alguns dos critérios para certificação são: níveis baseados nas atividades; projeto circadiano; qualidade da cor; iluminação natural; controle de ofuscamento.

-Níveis baseados nas atividades; -Projeto circadiano; -Qualidade da cor; -Iluminação natural; -Controle de ofuscamento.

FITNESS A certificação WELL também estabelece requisitos com o objetivo de incentivar atividades físicas e envolvem as seguintes estratégias: projeto ativo tanto para o exterior como para o interior, estações de trabalho ativas; espaços para atividades físicas, desenvolvimento de consciência e hábitos saudáveis.

-Projeto ativo (exterior); -Projeto ativo (interior); -Estações de trabalho ativas; -Consciência e hábitos; -Espaços para atividades físicas.

CONFORTO Para a categoria conforto, a certificação estabelece a criação de ambientes que promovam a produtividade e minimizem distrações por parte dos usuários. Os requisitos avaliados são: térmica, acústica; ergonômico; olfatória; acessibilidade; controle; protocolo. Estas estratégias contribuem para um ambiente de qualidade permitindo aumentar o nível de satisfação e bem-estar.

-Térmica; -Acústica; -Ergonômico; -Olfatória; -Acessibilidade; controle; -Protocolos.

MENTE A categoria mente abrange os seguintes critérios: conexão com a na tureza; beleza; consciência e bem-estar; feedbacks de projetos; projeto integrativo; equidade social e altruísmo e espaços adaptáveis. Estas estratégias permitem abordar campos de apoio mental e saúde emocional, fornecer aos colaboradores feedbacks relacionados às políticas e diretrizes do escritório, bem como fornecer elementos de design, espaços de relaxamento e tecnologia avançada.

-Conexão com a natureza; -Beleza; -Consciência e Bem-Estar; -Feedbacks de projetos; -Projeto Integrativo; -Equidade social e altruísmo.

dez/15-jan/16

rev/gbc/br


Foto: Delos

desempenho

ENTREVISTA

Paul Scialla Diretor do International WELL Building Institute Quais são os benefícios ambientais, sociais e econômicos da certificação WELL Building Standard? Paul Scialla. Sustentabilidade ambiental, saúde e bem-estar caminham lado a lado. Como o primeiro padrão de construção que se concentra exclusivamente sobre a saúde e o bem-estar das pessoas em edifícios, o WELL Building Standard é projetado para trabalhar em harmonia com outras certificações de construção verde, incluindo LEED, para tornar os ambientes construídos não só melhores para o planeta, mas melhores para as pessoas que nele habitam. A certificação WELL estabelece requisitos de desempenho em sete categorias relevantes para a saúde e bem-estar dos ocupantes: ar, água, alimento, luz, fitness, conforto e mente. Espaços certificados WELL podem ajudar a criar um ambiente construído que melhora a alimentação, a condição física, o humor, os padrões de sono, e o desempenho de seus ocupantes. Economicamente falando, a certificação WELL não só tem o potencial para redução nos custos de saúde, como também fornece retorno inestimável sobre o investimento, aumentando o valor dos empreendimentos através de uma declaração altamente visível sobre compromisso de uma organização para com a saúde e bem estar das pessoas nos edifícios. A indústria da saúde e bem-estar é uma das que mais crescem hoje em dia, e cada vez mais é um dos maiores fatores de decisão para os consumidores e funcionários. Investir na saúde e bem-estar dos colaboradores tem o potencial de ajudar as empresas a reter os melhores talentos, aumentar a produtividade e satisfação dos funcionários, fortalecer os esforços de responsabilidade corporativa e reduzir o absenteísmo.

revistagbcbrasil.com.br

É necessário que um edifício possua o certificado LEED para alcançar o WELL Building Standard? Quais são as principais diferenças e sinergias entre ambos os padrões? PS. Enquanto Certificação LEED não é um pré-requisito para alcançar o WELL Building Standard, WELL foi concebido para complementar o LEED para melhor atender a saúde humana e sustentabilidade ambiental dentro de edifícios. O GBCI, que fornece a certificação de terceiros para o WELL, e o Instituto Internacional WELL Building têm racionalizado como LEED e WELL podem trabalhar em conjunto, tornando mais fácil para os projetos obterem as duas certificações e alcançar a saúde ambiental e humana e bem-estar. Qual seria o custo efetivo sobre o investimento do proprietário para alcançar a Certificação WELL? PS. As taxas de inscrição variam de US$ 1.500 a US$ 10.000, dependendo da tipologia e tamanho do projeto. Os custos de certificação começam em US$ 4.000 e variam de US$ 0,08 a US$ 0,23 por pé quadrado, dependendo da tipologia e dimensão do projeto. O preço por volume está disponível para projetos que excedam 1 milhão de pés quadrados (92.900 m2), para terrenos com vários edifícios, e para sites corporativos com múltiplas construções. O custo total para obter o certificado WELL incluindo registro, certificação e verificação de desempenho - custa em média menos de US$ 100 por empregado para um edifício típico de escritórios comerciais.

Até agora, quantos projetos já alcançaram a certificação WELL e quantos estão registrados? PS. Atualmente, mais de 80 projetos abrangendo quase 2 milhões de metros quadrados estão registrados ou certificados sob o WELL Building Standard em 12 países nos cinco continentes. Qual é o processo de registro? Quanto tempo dura todo o processo até o resultado final? PS. O processo de certificação WELL envolve cinco etapas: 1. Inscrição: A certificação começa com o registro através do WELL Online, uma plataforma digital projetada para angariar projetos em processo de certificação, do início ao fim. 2. Documentação: Documentação, incluindo documentos do projeto, anotações e desenhos, além de cartas de garantia da equipe do projeto, são necessários antes da revisão da certificação final. 3. Verificação de desempenho: uma série de testes de desempenho pós-ocupação são feitos no local, conhecida como Verificação de Desempenho. 4. Certificação: Certificação WELL reconhece que o projeto documentou com sucesso e conformidade todas as características e passou pela Verificação de desempenho. 5. Recertificação: A recertificação, que deve ser completada a cada três anos, garante que o edifício mantenha o mesmo alto nível de projeto, manutenção e operações ao longo do tempo. Para projetos Core & Shell, a recertificação não é necessária.

dez/15-jan/16

31


desempenho

Qual seria seu conselho para uma equipe de projeto que quer aplicar para o WELL Building Standard? PS. Nós encorajamos o registro do projeto no WELL o quanto antes possível. A opção por uma construção WELL não são necessariamente as decisões mais caras, mas as decisões mais conscientes. Quanto mais cedo integrar o WELL em seus projetos, mais acessível será todo o processo. Olhando para o futuro, quais são as expectativas sobre o WELL Building Standard? PS. Com quase 2 milhões de metros quadrados de projetos, a nível mundial, que estão registrados e que buscam a Certificação WELL, a resposta da indústria para o WELL tem sido extremamente positiva e temos visto muitos visionários nos principais mercados em todo o mundo. Estamos ansiosos para uma adoção mais global e generalizada dos conceitos e como a dinâmica continua a aumentar rapidamente, o que reflete o interessante valor econômico e social da proposta de trazer saúde e bem-estar para os edifícios onde passamos mais de 90% do nosso tempo.

32

dez/15-jan/16

Fotos: Divulgação WGBC

O mundo está enfrentando uma enorme crise econômica, onde muitas pessoas estão perdendo seus empregos. Quais oportunidades de emprego pode fornecer o WELL Building Standard? PS. O WELL Building Standard está levando a indústria a repensar a sua abordagem para a construção sustentável, a criação de uma nova oportunidade de mercado, colocando as pessoas no centro das decisões de projeto e construção. O credencial de WELL Accredited Professional (WELL AP) - que significa conhecimento em saúde humana e bem-estar no ambiente construído, e especialização no WELL Building Standard - oferece a oportunidade para LEED APs e outros profissionais da construção civil para se diferenciarem no mercado. Além disso, como a demanda por novos materiais de construção sustentável e saudável continua a crescer, os fabricantes estarão procurando atender a essa necessidade.

Trabalho desenvolvido pelo GBC Brasil é apresentado como referência em Congresso em Hong Kong

Jonathan Laski (WGBC), Paul Scialla (Dellos), Benny Chow (HKGBC), Felipe Faria (GBC Brasil) e John Alker (UKGBC)

O GBC Brasil foi referência no Congresso do WGBC que ocorreu no último mês de outubro com a apresentação para 40 países do estudo que está sendo realizado em parceria com o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). O objetivo da sessão era demonstrar como os GBCs podem impulsionar a demanda por edificações mais saudáveis planejadas para os usuários finais e de que forma estão trabalhando para alavancar a campanha do Better Places for People. Considerando que passamos 90% de nossos tempos em ambientes internos, é fundamental o entendimento de como os espaços físicos e as edificações podem impactar a saúde e o bem-estar de seus ocupantes. Há indicadores relacionados à qualidade ambiental interna, que apontam melhoria de 8 a 11% de produtividade dos funcionários em um escritório. Um dos dados levantados por estudo desenvolvido pelo WGBC comprova que despesas com funcionários, incluindo salários e benefícios, representam 90% dos custos operacionais de uma empresa. Com este cenário os executivos tem priorizado buscar a reposta à pergunta: Como o meu prédio afeta as minhas pessoas? O trabalho apresentado pelo GBC Brasil durante o Congresso foi o desenvolvimento da pesquisa que está sendo feita em parceria com o IPT e que tem como objetivo a análise de estudos de casos nacionais a fim de verificar, através de métricas perceptivas e físicas,

como o ambiente sustentável nos escritórios brasileiros influencia a saúde e o bem-estar dos colaboradores. Neste momento está sendo realizada a métrica perceptiva que visa obter as percepções dos colaboradores do escritório. Esta etapa consiste em coletar de forma anônima através de questionário online, respostas sobre qualidade do ar e ventilação, conforto térmico, iluminação, qualidade acústica, ocupação de espaços e ergonomia, áreas verdes e vistas, aspecto e percepções, localização e transporte e facilidades e conveniências. O questionário é aberto para a participação de empresas ou escritórios de forma gratuita e os dados coletados são tratados com a devida confidencialidade. O resultado será um relatório completo que será fornecido para o edifício ou escritório participante e a empresa será capaz de identificar oportunidades de melhorias em seu ambiente. Os interessados em participar poderão entrar em contato com o GBC Brasil através do e-mail: mairamacedo@gbcbrasil.org.br Além das métricas perceptivas, algumas empresas passarão pelas métricas físicas que se referem às medições a serem realizadas pelo IPT no ambiente. Estas métricas incluem desde medições de iluminância no posto de trabalho, medições do nível de ruído externo e interno e medições de temperatura do ar, radiante média, umidade e velocidade do ar.

rev/gbc/br


Arquitetura para um futuro sustentável. Qualidade de vida, experiência positiva e bem-estar. Esse é o conceito da arquitetura praticada pela equipe ACR. Há 18 anos oferecemos soluções que conciliam as necessidades de cada cliente com tecnologia, sustentabilidade, hospitalidade e humanização. E o resultado tem sido o reconhecimento do nosso trabalho nas áreas da Educação, Corporativa e Saúde.

www.acr.arq.br + 5 5 11 5 5 7 2 - 9 9 2 4

2010 - Fleury Medicina e Saúde

2012 - Fleury Medicina e Saúde

2015 - Fleury Medicina e Saúde

acesse o site


DOSSIÊ TIPOLOGIAS

DOSSIÊ ESPECIAL HOSPITAIS E LABORATÓRIOS

SAÚDE NA CONSTRUÇÃO COM LEED HEALTHCARE

34

dez/15-jan/16

rev/gbc/br


©Vítor Brandão ©Vítor Barão

DOSSIÊ TIPOLOGIAS

Certificação LEED exclusiva para edifícios na área de saúde mostra que é possível atingir resultados significativos frente às complexidades inerentes ao setor

A

tendência por qualidade, conforto e sustentabilidade está cada vez mais forte nas edificações de saúde, tanto no âmbito nacional quanto internacional. Hospitais, laboratórios, centro de diagnósticos se tornam alvos importantes na agenda das grandes empresas do setor de saúde. Neste contexto, as organizações de construção sustentável desempenham papel de protagonistas na busca pelo desenvolvimento de projetos mais eficientes que atendam exigências ambientais cada vez mais rígidas neste setor. A organização mundial Green Building Council vem ao longo dos últimos anos se empenhando em promover a construção de edificações de saúde de forma sustentável, através da certificação LEED, que possui uma modalidade exclusiva para este setor, o LEED Healthcare. A parceria com outras organizações de cunho sustentável bem como empresas do setor privado como construtoras, escritórios de arquitetura e consultorias de sustentabilidade corroboram para que este movimento se torne cada vez mais sólido no mercado. De acordo com a diretora-executiva da Asclépio Consultoria, Eleonora Zioni, o projeto arquitetônico é um dos processos de maior importância em uma edificação de saúde. “Permita-me usar uma figura de linguagem. Em um processo de projeto integrado, a arquitetura é como a ‘mãe’ do projeto. Ela precisa dos projetos complementares, as engenharias que seriam ‘os pais’, mas a essência, a orientação e a definição são feitas pela Arquitetura”, define Eleonora. O Brasil possui um forte aliado em busca da sustentabilidade, o Green Building Council Brasil, organização que conta com uma forte

revistagbcbrasil.com.br

rede de colaboração e possui quase 1.000 membros associados que contribuem para a disseminação destas práticas sustentáveis nas construções . Atualmente no Brasil existem 42 registros de empreendimentos no segmento de hospital/saúde (considerando ambulatórios, edificações de exames, serviços e hospitais). Estas edificações são registradas nos sistemas LEED NC, LEED CI, LEED EBOM e LEED HC. Sendo no total 8 Certificados, nos sistemas LEED NC e LEED CI.

Complexidade A construção de um edifício de assistência à saúde (EAS) possui uma complexidade elevada devido às diversas necessidades dos usuários. Este tipo de edificação possui necessidades específicas, tais como, áreas sociais, salas de apoio técnico e logístico, ambientes assistenciais que necessitam de uma integração de fluxos que permitam uma operação otimizada, além de ser uma unidade que necessita de funcionamento em tempo integral. Itens relacionados à qualidade do ar, conforto térmico e escolha dos materiais também devem ter um planejamento específico, uma vez que uma edificação de saúde abriga os seres também mais complexos, os seres humanos, em momentos delicados da vida. A certificação ambiental permite minimizar ambientes insalubres, com medidas para redução de geração de resíduos, utilização de materiais com componentes tóxicos, aumento da produtividade dos funcionários, a recuperação mais rápida de pacientes, além de reduzir custos com a redução no consumo de água e energia, fator de extrema importância para um edifício onde o funcionamento não pode ser interrompido. “Para obter uma certificação ambiental, é preciso fazer um proces-

dez/15-jan/16

35


DOSSIÊ TIPOLOGIAS

©Divulgação Asclépio

HOSPITAIS E LABOR © Arthur Brito, Kahn do Brasil

Eleonora Zioni

Arthur Brito

so de qualidade. O desafio é conseguir conciliar com equilíbrio um bom projeto de EAS com o resultado de desempenho sustentável satisfatório”, afirma Eleonora. A escolha dos materiais é um dos pontos que se deve dar prioridade na construção de um hospital, pois sua influência é muito grande na recuperação dos pacientes e bem estar dos usuários em geral. Para Arthur Brito, diretor-executivo da Kahn do Brasil, é necessário exigir um amadurecimento do mercado brasileiro quanto às especificações e transparência dos materiais. De acordo com o diretor da Kahn, o mercado internacional já possui um nível elevado de maturidade quanto à questão de transparência dos componentes de materiais. No Brasil existem empresas fornecedoras de materiais de origem internacional, como por exemplo, da França, Alemanha, Canadá, Estados Unidos, entre tantos outros países que possuem um grau elevado de transpa-

36

dez/15-jan/16

rência de seus produtos. No entanto, a solução, segundo Arthur, é a exigência por esta transparência no mercado brasileiro que são originalmente internacionais. “É algo difícil de implantar, mas precisamos exigir o amadurecimento do mercado brasileiro, principalmente de fornecedores cujos fabricantes possuem este nível de transparência. Aqui no escritório fazemos esta campanha e exigimos do nosso mercado o mesmo. No caso de fabricantes brasileiros, procurando fazer este trabalho de forma mais educativa”, afirma. Visando esta qualidade construtiva, é importante que o profissional compreenda o processo multidisciplinar de projetos e construções hospitalares de forma ampla. Para Eleonora, o mercado precisa de mais profissionais que conheçam a certificação LEED para saúde, e o GBC Brasil contribui para esta capacitação com um curso especifico.“São profissionais com conhecimento técnico em sustentabilidade e processo de certificação ambiental valorizados no mercado. A sustentabilidade nas edificações é muito importante. Hoje em dia é um diferencial, mas logo será essencial”, argumenta Eleonora Zioni.

Quebrando paradigmas As edificações estão entre os três maiores responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa, além de grandes consumidoras de energia e água. Ao construir um edifício, nota-se a dimensão do impacto no mercado da construção, já que o edifício transforma o terreno e o ambiente natural ao redor do prédio, é um grande gerador de resíduos, consumidor de produtos e empregador de pessoas. Em uma edificação de saúde estes impactos podem ser maiores, pois sempre serão necessárias reformas para manter-se atualizada. Segundo Eleonora, passamos 90% do tempo de nossas vidas em um ambiente construído, por isso é necessário construir, projetar e utilizar as edificações de maneira saudável. “É inviável termos edificações que colaborem com a proliferação de doenças. Em minha opinião não é fácil quebrar paradigmas. As construções sustentáveis quebram o modelo anterior de

construção que não considerava o ciclo e vida dos prédios, que podem ser 50 ou 60 anos. As pessoas se preocupavam com o custo inicial acrescido na data da conclusão da obra, mas não faziam a conta das economias durante o desempenho da edificação”, destaca. O envolvimento do cliente com o desenvolvimento do projeto é essencial para que se atinjam resultados positivos quando se trata de edificação com esta criticidade. Este alinhamento de propósitos e interesses entre cliente e projetista bem como toda a cadeia de parcerias de um projeto possibilita que a construção de um edifício, principalmente no setor da saúde, atinja os resultados almejados, seja para uma certificação ambiental ou somente pelo benefício que um projeto sustentável para sociedade. “O importante a ressaltar é que, quando existe este alinhamento de propósito as pessoas buscam fazer mais e melhor, todas se engajam, buscam novas soluções por um benefício que não é somente o financeiro, mas também de construir algo que trará benefícios para a sociedade como um todo”, diz Arthur Brito.

LEED Healthcare A criação de uma certificação exclusiva para edificações de saúde reforça a preocupação do setor em pensar em construir hospitais mais eficientes, com qualidade e conforto preocupando-se com um dos fatores mais importantes na vida do ser humano, a saúde. O LEED Healthcare trata-se de uma certificação específica para hospitais e engloba todas as necessidades desta tipologia, necessidades que são distintas dos demais edifícios. No Brasil já existem seis projetos de hospitais registrados com LEED Healthcare. Esta é uma grande tendência na construção civil brasileira voltada para hospitais. Para Eleonora Zioni, é muito útil a criação desta modalidade, pois facilita o processo de certificação. A certificação LEED HC - Healthcare se aplica a todos os tipos de hospitais, edifícios com outros tipos de usos relacionados com a área médica, tais como prédios de ambulatórios, consultórios médicos, odontológicos e veterinários, clínicas, laboratórios,

rev/gbc/br


ORATÓRIOS centros de reprodução, centros de terceira idade, prédios de educação médica e centros de pesquisa. “Para a certificação LEED HC é pré-requisito obrigatório o Processo Integrado, que é a integração da arquitetura com os engenheiros, construtores, consultores, comunidade e cliente desde o início do projeto desde a versão 2009, enquanto nas outras modalidades LEED é um crédito novo e opcional na versão 4, hoje a versão vigente”, afirma Eleonora Zioni. Além do pré-requisito de Processo Integrado, são obrigatórios específicos da modalidade Healthcare, a avaliação ambiental do terreno, bem como o desenvolvimento de um plano de prevenção à poluição nas atividades de construção, ambos dentro da categoria SS (Sustainable Sites). Na categoria de MR (Materiais e Recursos) é obrigatória a redução do metal mercúrio. Com relação a alguns dos créditos dentro desta categoria, pontuam os projetos que obtiverem a redução de chumbo, cádmio e cobre, bem como os que fizerem o uso de mobiliário e equipamentos hospitalares, projeto com flexibilidade, dentre outros. Dentro do sistema BD+C (Building Design + Construction ), a versão 4 do LEED, hoje vigente, possui 21 tipos diferentes de tipologias para as edificações, por exemplo: hotéis, centros de distribuição, data centers, lojas, mas todos de uma mesma ferramenta de certificação LEED.

Regulamentações Diante da complexidade inerente aos projetos de saúde, há a necessidade de construção de acordo com normas e regulamentações, como a RDC 306 voltada para o gerenciamento de resíduos e a CETESB para tratamento de água e esgoto. Para a certificação LEED existem algumas normas referências como, ISO para materiais, ASHRAE 90.1 voltada para energia, ASHRAE 55-2010 que avalia conforto térmico e ASHRAE 62.1 que regulamenta ventilação . Outras normas exigidas para construção de um EAS são RDC 50- 2002, NBR 9050 - ABNT, NR-32-do Ministério do Trabalho, IT do Corpo de Bombeiros,

revistagbcbrasil.com.br

Legislações de prefeitura, Trânsito, CONTRU, CONPRESP, Resoluções, Portarias e Boas práticas em Saúde, Nível de Biossegurança para agentes Infecciosos.

Humanização A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como não só a ausência de doenças, mas o perfeito estado de bem-estar físico, mental e social. O equilíbrio entre estes aspectos proporciona a tão procurada qualidade de vida. Sentir-se bem e viver com saúde são itens essencialmente interligados. Quando é necessário ir a um hospital é desejável que o local demonstre e propicie o equilíbrio dos fatores que farão as pessoas se sentirem bem. São inúmeros os benefícios que um ambiente humanizado pode trazer, como redução do stress de pacientes e visitantes, aumento da produtividade dos funcionários, redução de permanência e medição de pessoas internadas, a integração com os conceitos de hotelaria também contribui para tornar o ambiente mais saudável e confortável. São igualmente benéficos os efeitos psicológicos proporcionados por um espaço bem planejado e humanizado, como por exemplo, a percepção acústica proporcionada por isolamento e absorção de ruídos no revestimento de pisos, instalação de sistemas de som ambiente, sempre com o intuito de obter o conforto e sensação de sentir-se ‘em casa’. Em ambientes humanizados é possível encontrar espaços iluminados, ventilados, agradáveis e coloridos integrados com a natureza, com diferentes texturas nos materiais de acabamento e, acima de tudo, promovendo a interação humana. “Humanização é baseada no conceito que o foco dos espaços de saúde são as pessoas, além de que é muito importante ser tratado com respeito e gentileza, ter a privacidade garantida, obter o máximo de informação a respeito de tratamentos, terapias alternativas sobre saúde e doença. O paciente deve ter a autonomia e o poder de escolha sobre o maior bem da humanidade, a vida”, salienta Eleonora.

DOSSIÊ TIPOLOGIAS

Primeira certificação Healthcare no mundo - Grupo de Saúde Cooperativa em Puyallup O edifício do Grupo de Saúde em Puyallup, em Washington, foi o primeiro no mundo a receber a certificação LEED Healthcare. O empreendimento conquistou o selo Gold, fruto de um processo de integração das equipes muito bem planejado. Participaram do projeto a companhia Benaroya, Collins Woerman (arquitetura), GLY, Mechanical University, Pacland (paisagismo), Iluminação Pivotal Engenharia e Economia Inc. (comissionamento). A integração e o engajamento destas equipes contribuíram para atingir um resultado excelente nos processos de construção do edifício. Alguns novos critérios do LEED HC também foram atingidos neste projeto, tais como, conexão com o exterior, redução no uso de água potável para refrigeração de equipamentos médicos, prevenção de contaminantes lançados no ar e redução de toxinas bioacumulativas que prejudicam a saúde. Porém, o desempenho energético foi um ponto alto neste projeto, que necessitou desta integração das partes envolvidas, inclusive, do Grupo de Saúde, para alcançar as metas definidas dentro do orçamento. Como resultado, o edifício atingiu 29% de economia de energia acima do baseline LEED (ASHRAE 90.1 -2007).

Platinum em saúde Já é um grande desafio desenvolver projetos sustentáveis nas edificações de saúde, dado as necessidades específicas para esta tipologia que contribui para a complexidade do projeto. Porém, o mundo está em busca de projetar melhor, o que vem resultando na conquista do nível máximo da certificação Healthcare, o Platinum. É o exemplo de alguns empreendimentos localizados em diversas partes do mundo, que receberam a certificação máxima, reforçando ainda mais o comprometimento em projetar e executar almejando a sustentabilidade para o mundo. O projeto Dell Childrens MCCT BT3, em Austin no Texas conquistou a certificação LEED

dez/15-jan/16

37


©Wendy Whittemore

©Ed Sozinho

DOSSIÊ TIPOLOGIAS

DellChildrens Hospital (EUA)

BD+C: Healthcare versão 3 de 2009 no nível Platinum, atingindo 86 dos 110 pontos previstos para a certificação. O destaque do projeto foi para o desempenho energético do edifício garantindo 30 pontos dos 39 exigidos para este critério onde o foco em desempenho e otimização energética e medidas de geração de energia renovável. O edifício Chang Gung Proton Therapy Centre, localizado em Taoyuan, em Taiwan também recebeu a certificação máxima - LEED BD+C: Healthcare v3 - LEED 2009 atingindo também 86 pontos obtendo resultados relevantes em todos os critérios, a destacar o desempenho energético e eficiência no uso da água. Outro case interessante no setor de saúde, é o Healthcare Metodista Olive Branch Hospital, quarto hospital nos Estados Unidos a receber a certificação Healthcare. O hospital localizado na cidade do norte de Mississipi, Olive Branch, foi projetado para oferecer atendimentos emergenciais de qualidade, internações, laboratórios, além do planejamento de espaços para futuros espaços cirúrgicos, ortopédicos, maternidade, tratamento de câncer, entre outros. A utilização de abordagem do Projeto Integrado permitiu manter os gastos dentro dos custos orçamentários previstos. A unidade também atingiu pontuação máxima relativa à

38

dez/15-jan/16

inovação e design, além de conquistar resultados excelentes com o atendimento das novas medidas exigidas pelo LEED HC. O hospital foi projetado para proporcionar economias de 35% nos custos de energia ao longo de um edifício de referência projetado para ASHRAE 90,1-2007.

Hospital na Itália traz a sustentabilidade como essência O projeto de um hospital na Itália se colocou em posição de referência por suas estratégias sustentáveis e saudáveis. A sustentabilidade foi inserida ao projeto mostrando a conscientização e a preocupação com a saúde e bem estar do usuário, bem como a preservação do planeta. O Hospital Ospedale Dell'angelo, localizado em Veneza-Mestre tem como diferencial a implantação de jardins abundantes permitindo aos pacientes uma vista agradável da natureza. O escritório de arquitetura Emilio Ambasz, responsável pelo desenvolvimento do projeto atribuiu características que permitem fundir a arquitetura e paisagem em um único edifício. Estudos comprovam que o acesso direto à natureza é considerado como um grande potencial de recuperação mais rápida, tanto física

Group Health Puyallup (EUA) ©Divulgação

©John Durant

Olive Branch Hospital (EUA)

Hospital Dell'angelo (ITA)

quanto psicológica dos pacientes bem como reduzir o tempo de permanência no hospital. O Hospital foi construído em um parque isolado e possui sete andares com fachadas de vidro inclinado. O parque possui dois lagos que permitem o escoamento de água e irrigação. O projeto ainda inclui um amplo espaço social criando um ambiente humanizado no piso térreo, que conta com uma praça urbana, loja, restaurante e capela. Além disso, possui vasta plantação de espécies não alérgicas como palmeiras e bananeiras, magnólias, begônias, gerânios, samambaias e uma variedade de ervas proporcionando uma fragrância agradável para os ambientes externos e nas salas de espera. As fachadas também contam com 11.000 painéis trapezoidais com variadas dimensões construída em alumínio em uma grande estrutura de aço. Priorizando a ventilação natural, foram feitas 700 aberturas mecanizadas integradas a sensores de temperatura na parte inferior e superior da fachada de vidro, permitindo economia de energia no hospital. Além disso, vidros inteligentes, que regulam a ventilação e dispersão de calor, foram instalados nas janelas dos quartos permitindo assim uma vista para a vegetação exterior.

rev/gbc/br



DOSSIÊ TIPOLOGIAS

HOSPITAIS E LABORATÓRIOS Laboratório B.Braun: Exemplo de sustentabilidade em um dos maiores complexos industriais de saúde do país

A importância do gerenciamento de obra e os processos para obtenção de resultados ambientais positivos para o primeiro centro logístico destinado a produtos farmacêuticos a ser certificado pelo LEED NC Gold

O

projeto do complexo B.Braun, laboratório localizado no Rio de Janeiro se destaca como um dos maiores empreendimentos do país em sua tipologia, e segue em sua construção diretrizes sustentáveis, que contribuíram para a conquista da certificação LEED NC nível Gold, em outubro de 2015. A Tessler Engenharia, empresa de gerenciamento especializada em engenharia industrial desde 1996 e responsável pelo ge-

40

dez/15-jan/16

renciamento da obra, contribuiu fortemente para garantir os mais altos níveis de qualidade e sustentabilidade ao projeto. O complexo tem em sua totalidade 190.000 m², sendo que o seu desenvolvimento está planejado para ser realizado em três fases. A Fase I já está executada, nela houve a implementação do centro logístico com 21.700 metros quadrados constituídos por estrutura metálica com capacidade para 12.500 pallets, além de dois mezaninos em L, com área de 2.700 metros quadrados cada uma. A Fase II

já está com o projeto em desenvolvimento, e corresponde a construção da nova planta de dispositivos médicos, que terá 32.000 metros quadrados de área construída. A Fase III ainda está no projeto conceitual, e será o novo centro administrativo que valorizará ainda mais a região. O Armazém, que conquistou a certificação, é considerado um dos maiores do país, e é destinado ao depósito dos produtos inflamáveis, a Central de Utilidades e a portaria, interligados por um pátio central para fluxo e es-

rev/gbc/br


Fotos: ©Paulo Mercadante

DOSSIÊ TIPOLOGIAS

tacionamento de carretas e caminhões com dez docas. “Sem dúvida o gerenciamento é um dos processos mais importantes para a obra, principalmente quando se trata de uma obra complexa como a Fase 01 dos Laboratórios B.Braun, finalizada”, diz Theo Silveira, diretor-executivo da Tessler Engenharia. De acordo com o diretor da Tessler, por se tratar de uma obra destinada a saúde, o atendimento a legislação da vigilância sanitária contribuiu para a complexidade da execução, que somada aos requisitos de segurança exigidos pela FM Global e as premissas de construção do Green Building Council, seguindo princípios de eco-eficiência e sustentabilidade necessária para a certificação tornaram o desafio ainda maior.

Gerenciamento

O processo de gerenciamento divide-se em três fases, planejamento, execução da obra e encerramento, sendo destinadas a cada uma delas atividades específicas. A fase de planejamento é considerada uma das mais importantes do processo. Nesta etapa é preparada toda a documentação necessária para a orientação da fase seguinte, tais como planejamento de obra com a elaboração do PDCA, Cronograma Físico e Financeiro, Licitações que envolvem desde o Vendor-list até a negociação final, além da identificação dos aspectos ambientais bem como os requisitos legais para liberação da obra. A fase de execução de obra é mais longa do processo. Nela é feito o acompanhamento total das atividades através do cronograma ela-

revistagbcbrasil.com.br

borado na fase de planejamento, execução de medições físicas, inspeções com emissão de Relatórios de Não Conformidades e Relatórios Mensais de Acompanhamento Físico e Financeiro com análise de desempenho. Na fase de encerramento é realizado a entrega da obra através do acompanhamento de check-list de todos os serviços executados, do início ao final da obra, finalização do data-book e encerramento dos contratos.

Saldo positivo em sustentabilidade

Gestão da água: O planejamento e uso racional da água foram pontos diferenciais em todo o processo de construção do Laboratório B.Braun. “Na fase 01 toda a água da chuva é captada e armazenada para consumo. A fase 02 tem grande preocupação no uso racional de água. Estão previstos o reaproveitamento de água cinza, ou seja, a água dos vestiários é aproveitada nas descargas. Toda a água utilizada no processo de fabricação está prevista em circuito fechado, que reutiliza a mesma água e evita o consumo desnecessário. A Estação de tratamento de esgoto tem nível de eficiência máxima e a água após tratada pode ser reaproveitada dando um ganho de aproximadamente 30 % nos recursos hídricos.”, afirma Theo Silveira. A redução do uso da água foi adotada através da especificação de metais que propiciam 20% de redução do consumo. As águas pluviais foram devidamente gerenciadas de acordo com a permeabilidade do solo e as águas cinzas foram direcionadas para os sanitários. Durante a obra: Praticamente todas as orien-

tações do LEED foram seguidas. Durante a obra foram previstas estratégias como controle da erosão e sedimentação, todos os resíduos gerados pela obra foram destinados para aterros e incineração, reciclagem ou reaproveitamento em outros produtos. Também foram realizadas compras de produtos que tenham material reciclado incorporado em sua composição, reduzindo, assim, os impactos ambientais provenientes da extração de matéria prima. 31,99% do conteúdo total de materiais de construção foi fabricado usando materiais reciclados. Priorizou-se a utilização de produtos que tenham sua extração de matérias primas, e sua produção dentro de um raio de 800 km, reduzindo, assim, os impactos ambientais provenientes da extração de matéria prima. 65,78% do total do valor dos materiais de construção inclui produtos que foram fabricados e extraídos na região onde se localiza o projeto e 81,28% dos resíduos gerados na construção foram destinados aos aterros locais. Seguindo o Plano de Gerenciamento da IAQ na obra foi possível manter a qualidade do ar interno adequado, reduzindo o desperdício e proporcionando conforto e saúde aos colaboradores e futuros ocupantes do empreendimento. A zona de respiração possui taxas exteriores de ventilação de entrada de ar para todos os espaços ocupados, cumprindo o mínimo estabelecido no ASHRAE 62,1-2.007. O projeto possui espaços mecanicamente ventilados e está em conformidade com o Padrão ASHRAE 55-2004. Sensor de CO2 foi instalado dentro de cada espaço densamen-

dez/15-jan/16

41


DOSSIÊ TIPOLOGIAS

©Paulo Mercadante

HOSPITAIS E LABORATÓRIOS

Théo Silveira Tessler Engenharia

Projeto: Laboratório B. Braun te ocupado, com dispositivos de medição do fluxo de ar exterior para todos os sistemas em que 20% ou mais dos serviços de fluxo de ar de abastecimento de criação não densamente espaços ocupados. Tais dispositivos são programados para gerar um alarme quando as condições variam de acordo com 10% ou mais do valor de projeto. Optou-se também pela utilização de materiais de baixa emissão a fim de reduzir a quantidade de contaminantes presentes em produtos químicos que possuem forte odor, causam irritação ou prejuízo ao conforto e bem-estar dos operários no processo de obra. Além disso, toda madeira utilizada na construção é legalizada e proveniente de manejo sustentável, 71,36% do total de materiais de construção à base de madeira são certificadas em conformidade com os princípios e critérios do Forest Stewardship Council (FSC). Implantação: Diversas iniciativas foram implementadas para minimizar os impactos ambientais, tais como a proteção de taludes, utilização de materiais absorventes para prevenir eventuais contaminações de solo e sistema lava-rodas para os veículos. Houve ainda a recomposição florestal em parte do terreno, inserida na APA Guapimirim, com plantio de espécies nativas da Mata Atlântica. Atualmente, segundo Théo Silveira, a produção está localizada no bairro de Arsenal em São Gonçalo, no Rio de Janeiro e a estocagem dos produtos fabricados são distribuídas em galpões locados em diversas unidades, proporcionando um custo adicional no produto final. Com a construção do

42

dez/15-jan/16

armazém no bairro de Guaxindiba, todo o estoque é condicionado em um único local de propriedade da BBraun. “Com a construção da nova fábrica em Guaxindiba a produção, armazenagem e despacho se concentrará no mesmo complexo, otimizando a produção e distribuição”, diz o diretor da Tessler. O local de implantação do empreendimento também possui serviços básicos dentro do raio permitido e pontos de ônibus a poucos metros de distância do empreendimento. Houve também a implantação de bicicletários, chuveiros para 0,5% do número efetivo, vagas de estacionamento preferenciais para veículos com baixa emissão e veículos carona, o que contribui para redução do impacto no entorno da obra e ao meio ambiente. Os espaços abertos foram valorizados com áreas vegetadas, a redução das ilhas de calor foi tratada com a utilização de cobertura verde e, onde não foi possível contemplar vegetação, foram especificadas pinturas com laudos que comprovem a eficiência do material empregado. Também foram previstos capachos em todas as portas para reduzir a entrada de partículas e o fumódromo está locado de acordo com as distancias mínimas exigidas. Especificações e consultoria: O projeto e a obra se desenvolvem com a participação de um consultor LEED que orienta os projetistas de todas as disciplinas (arquitetura, luminotécnica, paisagismo, instalações hidrossanitárias, elétricas e HVAC) na especificação de materiais e equipamentos que sejam aprovados pelo LEED, garantindo a preservação ambiental desejada. Para a especificação

Localização: São Gonçalo – RJ Cliente/proprietário: Grupo B.Braun Área construída: 21.700 m² - Fase I Certificação: 22/10/2015

Sistema e Nível da Certificação: LEED NC - Gold

Arquitetura: Zanettini Arquitetura Estrutura, fundação, elétrica, hidráulica, automação e climatização: Excenge Consultoria de sustentabilidade: Sustentax Simulação energética: Espaço Sustentável

Gerenciamento: Tessler Engenharia Luminotécnica: Mingrone

Esquadrias: QMD

Impermeabilização: Proiso

Paisagismo: Dias Lagoa

Laboratórios: Vidy

rev/gbc/br


inovação

adequada de materiais foram consultadas as normativas RDC 50 que regulamenta os processos da edificação segundo a legislação sanitária, os Data Sheets da FM Global que determina quais os materiais são adequados para evitar incêndios, além da legislação do corpo de bombeiros. Foi desenvolvido um programa de serviço de limpeza verde em conformidade com LEED-EB O+M v2009 IEQ p3EQp3: Política de Limpeza Verde; um Plano de Gestão de Resíduos reforçada em conformidade com LEED-EB O+M MRP2 v2009: Política de Gestão de Resíduos Sólidos; além do desenvolvimento de um Plano de Manutenção das Áreas Externas em conformidade com LEED-EB O+M Ssc2 v2009 e MRP1: Política de Compras Sustentáveis. Energia e controle de temperatura: Para otimização no consumo de energia é utilizado todo o rejeito de energia resultante do ar comprimido utilizado na produção. Uma grande parcela desta energia aquece água para utilização dos vestiários e cozinha. Quando esta energia é insuficiente, o complemento é produzido com a geração através de placas solares. A energia poderá ser gerada através de grupos geradores e o empreendimento também contará com tanque de termo acumulação que reduz em até 80% o custo de energia. A ASHRAE 55-2004 norteou o projeto de HVAC. O armazém foi projetado para uma temperatura máxima de 30 graus com controle de umidade. “O nosso negócio envolve a fabricação e comercialização de produtos médicos-hospitalares, por conseguinte, seguimos rigorosamente as exigências da legislação sanitária, cujo controle é realizado pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que nos audita sistematicamente quanto aos requisitos necessários para manter a integridade e qualidade de nossos produtos. Para garantir um ambiente adequado contamos com um sistema de controle de temperatura dos ambientes e monitoramento por análises de forma sistemática da qualidade do ar”, explica Ricardo Suzart, Gerente de Engenharia e Meio Ambiente do Grupo B. Braun. Humanização: A orientações do LEED auxiliam neste quesito, pois solicita espaços de convivência, áreas de hidratação, postos para briefs e palestras no canteiro de obras, vestiários e refeitório adequados ao número de funcionários. Para a primeira fase do empreendimento foi implantado o projeto de paisagismo

revistagbcbrasil.com.br

com espécies nativas, centro de convivência, transporte próprio dos funcionários. Na segunda fase a concepção do projeto prevê a maioria das fachadas do edifício envidraçadas que permitem a integração da área externa, tratada pelo paisagismo, com a área interna, inclusive para quem está na área da produção. A lanchonete e o restaurante são totalmente envidraçados e cercados por jardins. Nas áreas de cobertura, estão previstos tetos verdes e podem ser acessados pelos usuários que estiverem no primeiro pavimento. Para os visitantes foi criada uma circulação totalmente envidraçada pela qual o visitante transita na qual é possível avistar uma grande área da produção. As salas de treinamento e de reuniões estão equipadas com dispositivos que propiciam a criação de cenários de iluminação. As áreas que estão fora da área da produção foram tratadas com acabamentos amadeirados que tornam o ambiente aconchegante tornado o ambiente harmônico com características humanizadas.

Integração entre arquitetura contemporânea e multidisciplinaridade profissional

O desenvolvimento do projeto arquitetônico do Laboratório B.Braun teve a colaboração do conceituado arquiteto, Siegbert Zanettini, que possui uma trajetória profissional de mais de 50 anos, além de possuir vasta experiência no setor de construções de saúde. A preservação da natureza no entorno da área industrial foi um grande diferencial na execução do projeto. O edifício corporativo se localiza ao lado oposto do loteamento e conta uma vasta paisagem, onde o foco é manter a vegetação em suas condições mais naturais possíveis. Além disso, as coberturas verdes do espaço garantem uma envoltória agradável e ambientalmente correta. Para manter a harmonia e zoneamento em cada fase da obra, foi adotada a política Clean Desk, do início à implantação do projeto, que contribui para otimização dos processos e eliminação de desperdício, o que influencia diretamente os custos da produção. O zoneamento do terreno criou condições favoráveis para o projeto de arquitetura, contribuindo para a articulação dos ambientes baseando-se nos conceitos Concept Office 2010, o que resultou num rico projeto, como melhor orientação solar. Trata-se de uma obra de arquitetura contemporânea, com espaços humanizados,

sustentáveis e de alta tecnologia, para atender as demandas atuais e as possibilidades de expansão no futuro, seguindo os padrões mundiais adotados pelo grupo B.Braun. A sustentabilidade norteou todo o processo construtivo do complexo B.Braun, seguindo os princípios de eco-eficiência da certificação LEED no que tange à humanização, multidisciplinaridade profissional, arquitetura contemporânea com visão holística e sistêmica desde a fase inicial do projeto até sua conclusão, visando à eficiência energética e dos recursos hídricos, controle de geração de resíduos, favorecimento de utilização de tecnologias limpas bem como produtos provenientes de matérias-primas renováveis. “Como trabalhamos com equipes multidisciplinares, o planejamento foi fundamental para a boa convivência e fluidez dos trabalhos. O nosso sucesso pôde ser medido através do cumprimento do cronograma e na finalização da obra com zero acidente - a obra esteve ocupada em 80% do seu curso, com aproximadamente 550 empregados nas áreas de civil, instalações elétricas, hidráulicas e de ar-condicionado”, finaliza Ricardo Suzart.

O Grupo B.Braun

O Grupo alemão B.Braun, multinacional do setor médico-hospitalar avança rumo à sustentabilidade com a construção do Complexo Industrial em Guaxindiba. O Projeto da B. Braun é o primeiro Centro Logístico destinado a produtos farmacêuticos e médico-hospitalares a ser certificado pelo LEED NC nível Gold. Segundo Ricardo Suzart, este título é fruto do trabalho e dedicação das equipes de Engenharia, Meio Ambiente e Logística da B.Braun que, juntamente com parceiros contratados, formou um time em busca das melhores soluções sustentáveis sem estourar o cronograma físico e financeiro, viabilizando o projeto. Para garantir que suas ideias e conceitos fossem totalmente alinhados com a sustentabilidade, a B.Braun tornou-se membro do GBC Brasil, cuja missão é apontar para projetos e construções sustentáveis, auditando tanto o projeto quanto sua execução. “A sustentabilidade não é apenas parte dos valores da empresa é, consequentemente, elemento essencial do princípio que nos norteia ao longo de 175 anos”, afirma.

dez/15-jan/16

43


DOSSIÊ TIPOLOGIAS

HOSPITAIS E LABORATÓRIOS Tecnologia, design e eficiência aliados na conquista do selo LEED Platinum Centro Integrado Cardiológico e Neurovascular Fleury Ponte Estaiada recebe mais alto grau de certificação na categoria CI

U

m dos bens mais importantes na vida do ser humano é a saúde, e é pensando neste importante ponto que o Centro Integrado Cardiológico e Neurovascular Fleury Ponte Estaiada foi projetado. Além das características sustentáveis, a preocupação com a humanização e hospitalidade, tanto dos pacientes quanto dos colaboradores também foi abordada como um dos principais requisitos para a execução desta obra. É aí que entra a importância de um bom projeto de arquitetura. A ACR Arquitetura, responsável pelo projeto arquitetônico, implantou no CD Ponte Estaiada um conceito sustentável que se integrasse a um alto padrão de design, o que conferiu ao Centro de Diagnóstico um ambiente harmonioso, saudável e ecologicamente correto, garantindo ao projeto o certificado LEED CI (Commercial Interiors) nível Platinum, o mais alto nível da certificação. A empresa possui ampla experiência no desenvolvimento em edificações de saúde, e é parceira com o Grupo Fleury desde 1995. Também atua no ramo de atividade corporativa e educação, porém o foco principal de atuação está no setor de saúde, com o desenvolvimento de Centros de Diagnósticos, Clínicas, Laboratórios de pesquisas e Hospitais. Atualmente possui participação em mais dois projetos certificados LEED, nível Gold do Grupo. 44

dez/15-jan/16

A demanda da ACR Arquitetura, em saúde, se ampliou depois dos primeiros projetos na área e com a recomendação de clientes, tornando a procura ainda maior. A carência de arquitetos especializados neste setor, principalmente quando se fala em sustentabilidade, também foi um fator crucial para a empresa seguir por este caminho. Neste ponto, a empresa dispõe de profissionais qualificados e com capacitação profissional que garantem a implementação dos processos sustentáveis em seus projetos. O Centro Integrado Cardiológico e Neurovascular Fleury Ponte Estaiada, localizado na Avenida Jornalista Roberto Marinho, em São Paulo, conta com 3 mil metros quadrados ocupados no térreo e no primeiro andar. Trata-se de um centro de referência em diagnóstico cardio neurovascular por conter equipamentos de última geração e de alta tecnologia voltados para este segmento. O projeto foi realizado no Edifício Tower Bridge, também com certificação LEED, que inicialmente foi projetado para uso comercial. O primeiro grande desafio da ACR Arquitetura em desenvolver este projeto foi a adequação de um local destinado ao setor corporativo para uma unidade de saúde. “Apesar de se tratar de um edifício certificado, nosso grande desafio se deu pela necessidade da instalação de equipamentos que consomem muita energia, comuns em espaços de saúde, onde é essencial uma ampla carga de máquinas

pesadas. Por isso, aproveitamos pouco da infraestrutura oferecida, criada para um prédio comercial”, afirma Antônio Carlos Rodrigues, sócio-diretor da ACR Arquitetura.

Iluminação e Design O maior diferencial deste projeto é o sistema de iluminação, que além de influenciar na economia de energia, traz à tona o potencial de alto design em todos os ambientes. O projeto lumínico do CD Fleury Ponte Estaiada teve a importante parceria com Esther Stiller, profissional referenciada no mercado de projetos de iluminação, além de contar com a expertise da empresa Lumini. A utilização de lâmpadas com tecnologia LED foi predominante no projeto, contemplando 90%, os outros 10% foram instaladas lâmpadas fluorescentes T5 que se adequaram aos objetivos de eficiência energética e economia financeira exigidas para a certificação LEED. Antônio Carlos explica que foi necessário realizar um projeto exclusivo para implementação de iluminação LED. Por se tratar de uma tecnologia diferenciada não faz sentido adequar uma lâmpada LED em uma luminária comum. “A tecnologia LED ainda é mais cara do ponto de vista do 'investimento inicial'. Na saúde há uma necessidade de iluminação 24 horas, e este consumo em LED é mais econômico, o que contribui para um retorno desse investimento muito rápido, mas ainda em alguns anos”. rev/gbc/br


Fotos:©Vítor Barão

DOSSIÊ TIPOLOGIAS

Além da economia de energia, o LED veio para revolucionar o design da arquitetura. A unidade Fleury Ponte Estaiada possui equipamentos desenvolvidos exclusivamente para instalação de LED. Esta tecnologia possui características que necessitam, por exemplo, de dispositivos que driblem a sua alta temperatura como o dissipador de calor, que evita o superaquecimento no ambiente gerando mais conforto ao usuário. O design industrial de LED também é figura importantíssima para durabilidade, que permite a utilização do potencial de 50 mil horas de duração, garantindo também economia de manutenção. Segundo o sócio-diretor da ACR Arquitetura, a iluminação é muito importante para garantir hospitalidade, conforto e principalmente para visualizar os diferenciais arquitetônicos, e a iluminação LED garante este diferencial. “A luz tem temperatura, tem produção de cor, pode ser direta ou indireta, ofuscante ou não ofuscante. O LED é um pequeno ponto de diodo que permite dar a forma e a cor que se deseja em um espaço, completamente diferente das demais lâmpadas, o que necessita de um design específico para a luminária”.

Ambiente humanizado A hospitalidade é um dos fatores mais relevantes nas edificações de saúde. De acordo com Antônio Carlos, é necessário o desenvolvimento de um projeto que ofereça esta hosrevistagbcbrasil.com.br

pitalidade aos pacientes e que crie boas condições de trabalho aos colaboradores, devido ao maior grau de tensão na rotina operacional. É justamente por conta destas questões que é preciso gerar um ambiente mais humano, agradável e propiciador para que a equipe possa desenvolver uma boa atividade e assim se antecipar à demanda do cliente. Antônio Carlos diz que a hospitalidade pode ser alcançada de forma tangível, que envolve aspectos como iluminação, temperatura adequada, móveis confortáveis, entre outros. A forma intangível de atingir esta hospitalidade é na receptividade e na capacidade do colaborador entender a necessidade do cliente. O fluxo, por onde transita o cliente, o colaborador, o insumo, onde sai e entra comida e lixo também é fundamental. Um bom planejamento não permite que estes fluxos se cruzem. No Centro de Diagnóstico – Ponte Estaiada, ele segue características hoteleiras, pois se trata de um local onde muitos vão apenas para exames de rotina, não estão necessariamente doentes. Toda a estrutura foi planejada para que o cliente não se sentisse dentro de um hospital. “Tentamos humanizar os ambientes com formas, cores e materiais que propiciem aconchego e acolhimento. O emprego de alta tecnologia, na área da saúde, pode levar ao desenho de ambientes frios e impessoais. Nós nos esforçamos em aliar a tecnologia com calor humano”. No caso da iluminação, a utilização de LED direcionou o desenho de muitos ambientes e foi

primordial para que o Centro de Diagnóstico Fleury se tornasse mais humano. “A luz aliada a materiais naturais, com formas mais orgânicas e curvilíneas, se alinhou aos conceitos do branding, desenvolvido pela empresa GAD para o Grupo”, afirma Antônio Carlos.

Ações sustentáveis O Grupo Fleury optou pelo Edifício Tower Bridge, empreendimento já com certificação LEED Core & Shell, nível Gold. Com isso o CD Ponte Estaiada realçou ainda mais o emprego de ações de sustentabilidade. Baseando-se nos requisitos exigidos para a certificação, foram contempladas medidas para redução de energia, consumo consciente de água, materiais com baixa ou nenhuma emissão de compostos orgânicos voláteis e passíveis de reutilização, instalação de equipamentos que garantem o conforto térmico, qualidade do ar interno com alto potencial de economia de energia, implantação de processos que melhorem o espaço e o entorno, bem como ações de design e inovação de processos. Todas estas iniciativas, acompanhadas da consultoria de sustentabilidade Sustentech Desenvolvimento Sustentável, garantiram que o Centro de Diagnóstico – Ponte Estaiada conquistasse, em outubro de 2015, o nível máximo da certificação LEED CI, o Platinum. Com o objetivo de garantir a redução no consumo de energia, o projeto atendeu à norma dez/15-jan/16

45


DOSSIÊ TIPOLOGIAS

ASHRAE 90.1-2007, que foca no desempenho energético do edifício com intuito de mitigar os impactos econômicos e ambientais. O desenvolvimento do projeto lumínico permite uma redução de cerca de 27% da densidade de potência lumínica, comparada ao baseline. 100% dos equipamentos de ar condicionado e ventilação possuem alta eficiência energética, além de equipamentos que não utilizam CFC, gás que danifica a camada de ozônio, em conformidade com a resolução CONAMA 267. A individualização dos sistemas de ar condicionado do edifício também contribui de forma significativa para redução do consumo de energia. 80% dos equipamentos (em carga) possuem certificação Energy Star. Além disso, o projeto prevê caixas VAV (Volume de Ar Variável) com sensores de temperatura e de presença para todos os espaços, inclusive os que possuem exposição solar. Adicionalmente, todos os espaços estão separados em diferentes zonas térmicas, sendo que cada uma é atendida por uma caixa VAV controlada por sensor de presença e sensor de temperatura. As medidas adotadas no uso de água potável atingiram cerca de 39% de redução, com a instalação de equipamentos eficientes, tais como: torneiras automáticas nos lavatórios com vazão de 1,8L/mim; torneiras da cozinha e chuveiros com vazão de 6L/min; mictórios a seco; autoclismos duplo fluxo 3/6L. O empreendimento apresenta elevada qualidade do ar interno, renovação do ar, sistema de filtragem de poluentes e política antifumo de acordo com a legislação atual 13.541/09. Contribuindo para conforto, bem-estar e produtividade dos ocupantes excedeu em 30% as vazões mínimas da ASHRAE 55. Durante a execução da obra do centro de diagnóstico foi implantado um Plano de Qualidade do Ar Interior para garantir a saúde e segurança dos operários. A utilização de adesivos, selantes, tintas e vernizes com baixa emissão de COV (composto orgânico volátil) contribui para reduzir a dispersão de odores que prejudicam o conforto e bem-estar dos ocupantes e operários. 60% dos pisos aplicados também apresentam baixa emissão de poluentes. Além disso, o projeto prevê sistema de captura de partículas, com filtros G4 e F7 em todos os plenums de 46

dez/15-jan/16

mistura de ar externo e retorno dos fancoils. O Centro de Diagnóstico possui 100% das paredes revestidas com papel vinílico resistente e lavável, um material sustentável com durabilidade de cerca de 15 anos, excluindo a necessidade do emprego de protetores de parede e repintura constante, evitando a geração de resíduo e poeira, elemento prejudicial justamente por se tratar de uma edificação de saúde. O empreendimento possui salas de armazenamento de resíduos infectantes, comuns e recicláveis. Um Plano de Gestão de Resíduos foi elaborado para garantir que 87% dos resíduos de obra fossem desviados de aterros. 12% dos materiais aplicados em obra apresentam rápido ciclo de renovação, como forma de reduzir o uso e esgotamento de matéria-prima. A unidade CD Ponte Estaiada contou com um serviço de comissionamento avançado que assegurou que a construção e calibração para operação otimizada dos sistemas seguissem conforme previstas em projeto. Além disso, com o objetivo de incentivar o desenvolvimento de energia limpa de fontes renováveis, o Grupo Fleury disponibiliza-se para compra, certificados de energia verde, que são convertidos em investimentos para geração de energia limpa a ser lançada na rede elétrica.

A importância global do arquiteto Para Antônio Carlos Rodrigues, sócio-diretor da ACR, a arquitetura possui uma importância global em todas as fases do trabalho. O setor de saúde é altamente regulamentado e, dependendo da complexidade e da expectativa do cliente, é necessário ou não formar uma equipe de profissionais de múltiplas disciplinas que farão os projetos complementares. “Um bom projeto de arquitetura não pode ser dissociado do que está dentro das paredes. A Arquitetura permeia por todas as matérias, de Exatas a Humanas. É preciso conhecer o funcionamento dos equipamentos para atingirmos seu melhor cenário de eficiência, sem perder de vista que, tudo o que projetamos e construímos, é para nossa atividade humana de viver e trabalhar. A Arquitetura é, portanto, o ponto de partida e de chegada para todos os projetos”, destaca Antônio.

©Vítor Barão

HOSPITAIS E LABORATÓRIOS

Antônio Carlos Rodrigues ACR Arquitetura

Projeto: Unidade Fleury Ponte Estaiada Centro Integrado Cardiológico e Neurovascular Localização: São Paulo - SP Cliente/proprietário: Fleury Medicina e Saúde Área construída: 3.300 m² Certificação: 14/10/2015

Sistema e Nível da Certificação: LEED CI - Platinum

Arquitetura: ACR Arquitetura e Planejamento Gerenciamento da Obra e Projeto: João De Lucca Consultoria de sustentabilidade: Sustentech Comissionamento: Térmica Brasil

Estrutura Metálica: Beltec Engenharia

Estrutura de Concreto: JKMF

Elétrica, Hidráulica, gases medicinais: EAPEC Engenheiros Associados Climatização: Masstin

Luminotécnica: Esther Stiller Consultoria

Combate contra incêndio e Automação: KB Engenharia

Acústica: Harmonia Davi Akkerman + Holtz rev/gbc/br



DOSSIÊ TIPOLOGIAS

©Kahn do Brasil

HOSPITAIS E LABORATÓRIOS

Clínica Hospitalar Baum Arquitetura e construção restaurativa integrada ao alinhamento de propósitos são peças fundamentais na concepção de projeto em Blumenau-SC

É

fato que a complexidade inerente a um projeto arquitetônico hospitalar traz a necessidade de se projetar de forma mais atenta. O escritório de Arquitetura Kahn do Brasil, uma empresa global, traz para o projeto Clinica Hospitalar Baum, em Blumenau – SC, os conceitos de sustentabilidade de forma diferenciada, incorporando medidas não apenas para atingir algum nível de certificação, mas ir mais a fundo com uma concepção restaurativa. Fundada em 1895 por Albert Kahn, a empresa já entendia os benefícios de trazer iluminação e ventilação natural para os ambientes com certo pragmatismo, devido à melhora de produtividade, apesar de ainda não existir o fundamento conceitual e filosófico de sustentabilidade. Em São Paulo há 17 anos, a Kahn desenvolveu o Hospital Monte Sinai, em Juiz de Fora, e em 2003 iniciou um trabalho de Plano Diretor no Hospital Albert Einstein, que vem se desenvolvendo até hoje, uma visão de longo prazo. Com a ascensão da sustentabilidade,

48

dez/15-jan/16

a Kahn se estimulou a estudar o LEED, como uma ferramenta importante para se construir de forma mais eficiente e começou incorporando estas técnicas no Hospital Albert Einstein, em 2003. “Neste momento, passamos a estudar mais, a acreditar os profissionais e implantar isso nos projetos. Hoje a Kahn é a empresa com o maior numero de profissionais acreditados LEED, com mais de 100 pessoas”, pontua Arthur Brito, diretor-executivo da Kahn do Brasil e primeiro profissional acreditado LEED em escritórios de arquitetura. Com isso, o escritório da Kahn começou a crescer com a ideia de sustentabilidade como parte inerente de sua cultura, algo fundamental para de fato se atingir a sustentabilidade de forma completa em uma construção, de acordo com Brito. O conceito de arquitetura e construção restaurativa não é somente sustentável. A ideia permeia o fazer melhor a cada vez, com objetivos mais nobres e ousados que possui como um dos principais objetivos trazer benefícios à sociedade, ir além do que simplesmente a economia de recursos e retor-

no de investimentos. Esta filosofia chamada “restaurativa” motiva a participação dos parceiros com novas propostas e ideias importantes para o projeto e a área hospitalar é uma das mais nobres no sentido de trazer esta melhoria. “Os escritórios de arquitetura precisam incorporar os temas de eficiência energética, eficiência hídrica, conforto térmico e luminoso, e a especificação de materiais saudáveis desde a concepção e durante o desenvolvimento do projeto. Hoje, na Kahn, somos uma exceção que deveria virar a regra no futuro dos escritórios de arquitetura”, afirma Biserka Veloso, consultora de sustentabilidade e coordenadora de certificações e arquiteta na Kahn do Brasil.

O alinhamento de propósitos melhora os processos e permite a oportunidade de fazer melhor Um dos pontos primordiais no desenvolvimento de um projeto que visa à melhora da sociedade é o alinhamento de propósito entre as partes envolvidas. No caso da Clínica

rev/gbc/br


Hospitalar Baum, o cliente possui um interesse de negócio semelhante aos conceitos da Kahn, que é o de restaurar, fazer o melhor independente do retorno de investimento. O investimento, de fato, é extremamente importante nesta cadeia, porém, o que se deve ter como filosofia é maior do que o retorno financeiro em si. “O cliente nos procurou por uma questão de princípios e de alinhamento de valores. A partir daí trouxemos a questão da sustentabilidade e eles abraçaram a causa entendendo este benefício, independente de certificação. Buscamos parceiros que pensem com esta filosofia, que valorize este modelo de trabalho. Desta forma as coisas funcionam muito melhor”, afirma Arthur Brito. A área hospitalar permite um amplo conhecimento e traz uma sensibilidade muito grande em todas as disciplinas de engenharia tais como, os processos como ar condicionado, hidráulica, iluminação, entre outros. Porém, segundo Brito, a parte instrumental ainda era um pouco carente para se atingir objetivo. Diante deste cenário foi desenvolvido na Kahn um programa chamado Performance Based Design, projeto baseado em desempenho fundamentados em estudos visando uma maior capacidade para tomadas de decisões que permitem construções cada vez mais restaurativas, que melhore a social, urbana e do acervo ambiental como um todo. Aliado a isso, a Kahn desenvolveu um método de trabalho baseando-se em estudos e evidências na execução dos projetos com o programa Evidence Based Design (Design Baseado em Evidências), contribuindo para essa integração de propósitos com o cliente. Como fruto do interesse em buscar novas alternativas de construção sustentável, a Kahn adotou, como meta desafiadora, a inscrição do projeto no The Living Building Challenge (LBC). A Clínica Hospitalar Baum é o único empreendimento da América do Sul inscrito no LBC. Aliada a isso, o projeto busca a certificação LEED for Healthcare, concedida especificamente para edificações de saúde. A certificação LBC preconiza medidas de alto desempenho para qualquer edifício, especialmente para projetos hospitalares. Umas das principais exigências são: geração de saldo positivo de água - a água deve sair com qualidade superior a que entrou no edifício,

revistagbcbrasil.com.br

evitando a necessidade de utilização de infraestrutura pública -, o projeto precisa ser positivo em energia - geração de energia através de fontes renováveis em quantidade maior do que a consumida -, e utilização somente de materiais que não são tóxicos. Para isso é necessário um alto rigor em simulações de desempenho. “Nas diferentes etapas de projeto são utilizadas diversas ferramentas de simulação, pesquisando as possibilidades que existem no mercado tanto em termos de energia, de água ou de materiais para melhorar as características gerais dos edifícios. Sobretudo do projeto da Clínica Baum, que está em fase de desenvolvimento, é onde se tem focado na utilização destas estratégias positivas”, destaca Biserka Veloso.

Fluxo e humanização A questão dos fluxos é muito importante não somente para a humanização, mas na setorização e funcionalidade do hospital. Para isso foram definidos backstage, onde há um fluxo de equipamentos mais pesados, fluxo de funcionários, não havendo a necessidade de cruzar este fluxo com os pacientes, e onstage é onde há a circulação dos pacientes permitindo uma maior fluidez. “Esta separação de fluxo é muito bem vinda e produtiva, inclusive na circulação de elevadores”, observa Carolina Botelho, diretora de projetos da Kahn do Brasil. Para garantir um ambiente humanizado é necessário proporcionar uma sensação ao usuário de estar em um ambiente confortável como em sua própria casa, seguindo uma dinâmica muito utilizada no setor de hotelaria. Esta humanização não necessariamente está vinculada à questão de aplicação de acessórios e materiais no ambiente. No projeto da Clínica hospitalar Baum, a humanização é um desafio importante, pois a concepção consiste em trazer a natureza e a sustentabilidade para dentro do projeto. “Incluímos um espelho d´água ao redor das áreas de esperas, onstage, que permite trazer o verde para dentro do hospital, ou seja, trazer o exterior para o interior ao máximo”, explica Carolina Botelho. Segundo ela, outro grande desafio na questão da humanização é a seleção dos materiais resistentes às ca-

©Kahn do Brasil

DOSSIÊ TIPOLOGIAS

“NÃO EXISTE

PROPRIEDADE E PROTEÇÃO

INTELECTUAL NA

SUSTENTABILIDADE,

TUDO QUE USAMOS É PARA TODO MUNDO

USAR. SE QUEREMOS UMA CONSTRUÇÃO

MAIS SUSTENTÁVEL, NÃO TEM SENTIDO

SEGURAR PARA GENTE TUDO QUE A GENTE

APRENDE, É O MUNDO NÃO SERÁ MAIS

SUSTENTÁVEL. ENTÃO

A GENTE FALA MESMO O QUE FAZ E COMO FAZ PARA TODO

MUNDO FAZER IGUAL”

Arthur Brito Kahn do Brasil

dez/15-jan/16

49


DOSSIÊ TIPOLOGIAS

HOSPITAIS E LABORATÓRIOS ©Kahn do Brasil

racterísticas e necessidades hospitalares, contribuindo para uma durabilidade maior destes materiais. De acordo com Arthur Brito, o terreno foi processado originalmente para construção logística, onde havia um curso de água da hidrologia natural. A ideia inicial era a restauração deste curso de água, porém houve algumas barreiras legislativas, o que inviabilizou a restauração. Neste sentido foi adotada a estratégia de criação de uma lagoa artificial. “Adoraria ter visto restaurar o curso de água original com espécies de vegetação de mananciais originais aqui em torno do hospital. Seria fantástico”, diz Arthur Brito.

Ventilação e iluminação natural Um dos fatores emblemáticos do projeto da Clínica Baum é a construção do chamado “Edifício Ponte”, bloco que passa de forma transversal acima da lagoa artificial. O bloco possui abertura de janelas em todo seu interior permitindo uma melhor ventilação cruzada, melhorando assim as condições de ventilação natural. Com estas características, o projeto quebra o paradigma de um ambiente monolítico e ermético, além de promover a sustentabilidade no tocante à redução no consumo de energia por refrigeração. “Além deste trabalho técnico no projeto Baum existe um trabalho cultural de estimular as pessoas a abrirem as janelas, entender os benefícios da ventilação e iluminação natural”, esclarece Arthur Brito. O projeto de iluminação é igualmente benéfico na busca por sustentabilidade, pois permite utilizar o máximo de iluminação natural possível. Viabilizou-se um fluxo onde é possível garantir a entrada de luz natural em todas as salas contribuindo para a produtividade e conforto dos colaboradores, além de ajudar na recuperação dos pacientes. “Um projeto Hospitalar possui uma alta complexidade em termos de fluxo e operação, devido a isso, os projetistas focam nos fluxos e se esquecem tanto do partido arquitetônico quanto das outras características. A nossa proposta é a integração de todas estas características como mutuamente benéficas”, afirma Arthur Brito. “É uma sinergia entre um bom partido arquitetônico com boas condições ambientais de ventilação nos projetos e que geram uma operação muito bem resolvida por isso”.

50

dez/15-jan/16

Respeito com o entorno Uma questão peculiar à arquitetura hospitalar na sustentabilidade que envolve todos os projetos hospitalares que é o contexto de vizinhança. Em nome de uma questão nobre, os hospitais acabam por gerar alguns transtornos cotidianos como, trânsito, circulação de caminhões entre outros que geram impactos urbanos sociais significativos em seu entorno. O que corroborou com uma reação natural legislação da cidade de São Paulo, restringindo a construção de hospitais próxima a áreas residenciais. A filosofia restaurativa é essencial para minimizar estes impactos. De acordo com o diretor-executivo da Kahn, houve uma iniciativa de pesquisa com os moradores da região com o intuito de reduzir este impacto ao entorno, iniciativa esta que começou no projeto Hospital Albert Einstein e se consolidou em todos os projetos hospitalares da Kahn. Com isso veio o comprometimento da empresa em melhorar cada ampliação feita na execução de cada obra, a relação com entorno, medidas para redução do transito, conter os transtornos nas áreas residenciais e oferecer mais áreas verdes. O projeto da Clínica Hospitalar Baum oferece benefícios para a convivência urbana através da incorporação de todos estes conceitos, além de possuir atrativos para reavivar esta convivência, tonando-se referência de destino e apreciação.

Diversidade instrumental visando alta qualidade e redução de custos Cotidianamente é necessária a utilização de diferentes ferramentas para auxiliar na tomada de decisão de um projeto. No entanto, segundo Biserka Veloso, ainda não existe a unificação destas ferramentas em apenas uma plataforma que envolva modelagem arquitetônica, simulações termodinâmicas e luminosas. Hoje existem ferramentas que tentam juntar todas estas funções num software, mas ainda sacrificando uma série de capacidades. “Existem, porém uma série de ferramentas com diferentes funções, e é na integração destes diversos softwares durante o processo que conseguimos subsidiar as decisões de projeto em base a sua sustentabilidade”. O Sefaira é uma ferramenta baseada no SketchUp, usada para subsidiar concepções dos projetos permitindo repostas mais rápidas do que as normalmente utilizadas pelas consultoras em análises de conforto térmico e de consumo energético. Esta ferramenta pode, também, ser facilmente integrada ao desenvolvimento conceitual da volumetria do projeto auxiliando na definição de opacidade e orientação do projeto. Outra ferramenta utilizada pela Kahn é o software IES VE, que permite alta capacidade de análise e, apesar de exigir uma quantidade maior de informação, é de extrema importân-

rev/gbc/br


DOSSIÊ TIPOLOGIAS

ESTRATÉGIAS SUSTENTÁVEIS

DECISÕES NO INÍCIO DO PROJETO TEM MENOR CUSTO E MAIOR IMPACTO

ÁGUA: - Aproveitamento de águas pluviais - Tratamento e reuso de águas cinzas - Tratamento biológico de esgoto - Lagoa com fins ornamentais e reservatório hídrico - Permeabilidade dos pavimentos - Aparelhos e torneiras de baixo consumo - Sist. de climatização de baixo consumo de água - Paisagismo de baixo requerimento hídrico

ENERGIA: - Definição térmica da envoltória para a diminuição dos consumos associados à climatização - Uso de um sistema VRF de alta eficiência - Uso de luminárias e equipamentos eficientes - Uso de automação vinculada à iluminação natural - Uso prioritário de ventilação natural - Uso do resfriamento evaporativo do lago ornamental - Uso de painéis solares térmicos para o aquecimento de água - Aproveitamento da rejeição de calor do sistema de climatização para o aquecimento de água - Estão tentando viabilizar a incorporação de painéis fotovoltaicos para geração de energia

cia para o desenvolvimento formal do projeto, no que tange ao detalhamento dos consumos energéticos e um melhor entendimento da integração com sistemas de climatização, iluminação, e automação. O programa Performance Based Design integrado ao sistema Revit e ao sistema BIM (Building Information Modeling) ajudam no desenvolvimento geral dos projetos. Mas o objetivo é a fusão destas tecnologias que permitirá respostas para tomada de decisões simultâneas às concepções dos projetos, reduzindo assim um trabalho adicional. “Com o BIM, conseguimos ser mais produtivos, conseguimos construir edifícios antes de ele ser construído fisicamente. Isso garante uma qualidade de execução e uma programação de obra muito mais precisa, facilita a compatibilização o que contribui para um menor desperdício de materiais, evitando retrabalho, tempo de obra e dinheiro do cliente, além de envolver a sustentabilidade nos termos de ser mais eficientes”, aponta Carolina Botelho. Segundo Arthur Brito, a ferramenta BIM ainda não é utilizada em grande parte dos escritórios de arquitetura, porém á algo que já está se consolidando, em torno de 15% a 20% dos escritórios já estão incorporando esta tecnologia em sua realidade. “É algo que não

revistagbcbrasil.com.br

Fonte: Kahn do Brasil

tem mais volta. E o mais importante desde o Performance Based Design é sermos protagonistas desta transformação, tanto instrumental como de filosofia projetual. Se temos uma ferramenta tão poderosa, vamos usá-la para melhorar a qualidade dos projetos e aumentar o nível de sustentabilidade. Não utilizamos o BIM somente por uma tendência tecnológica, ela tem que ter este resultado, e o projeto da Clínica Baum tem muito a ver com isso”, argumenta Arthur Brito.

A importância da seleção adequada dos materiais A escolha dos materiais é algo importante na filosofia da Kahn. Para Biserka é necessário dar a devida relevância a este tema e requerer maior transparência aos fornecedores, este procedimento contribui para substituição de materiais normalmente utilizados no mercado que possuem componentes tóxicos, bio-acumulativos e carcinogênicos, por materiais não tóxicos, com padrões de cuidados ambientais internacionais buscando sempre se atentarem ao ciclo de vida destes materiais. Todas estas questões relacionadas à transparência de matérias estão sendo muito férteis para o projeto da Clínica Baum. Um dos

pontos importantes no projeto é a buscar por gerar ciclos positivos através de novas estratégias para reaproveitamento de recurso natural, reuso de água, diminuindo o impacto ambiental através da melhora de eficiência do empreendimento. “Dar a devida relevância a este tema é fundamental. Isso é algo que não acontece hoje, e é uma etapa importantíssima dentro de um programa hospitalar. Exigir maior transparência dos fornecedores é fazer a nossa parte num movimento de mudança de mercado que é necessário”, enfatiza Biserka Veloso. Arthur explica que o importante filosoficamente é ter um cuidado muito grande com a toxicidade dos materiais, principalmente aqueles utilizados em hospitais, é algo que já é adotado há algum tempo e tenta instrumentar, é o primeiro passo, a seleção e especificação de materiais na Kahn. Evitar o uso de materiais prejudiciais à saúde é algo que faz todo sentido em uma unidade hospitalar. “Trazer essas inquietudes e preocupações para o mercado de materiais de forma geral dá ênfase para a relevância deste tema e permite uma conscientização, é um movimento que provoca e impacta este mercado”.

dez/15-jan/16

51


DOSSIÊ TIPOLOGIAS

HOSPITAIS E LABORATÓRIOS Acústica, Inovação e Sustentabilidade Forros e revestimentos, desenvolvidos pela OWA, são produzidos com fibra mineral biossolúvel e garantem conforto acústico e maior salubridade aos hospitais e demais ambientes construídos

P Nancy Devai

52

dez/15-jan/16

rodutos com variedade de sistemas e modulações para redução de ruídos e conforto acústico, sistemas para proteção ao fogo, produtos com baixa emissão de compostos orgânico-voláteis desenvolvidos com alta qualidade e atestados ambientais, sistema produtivo premiado por sustentabilidade e economia de energia, são características almejadas por grandes empresas do setor de forros e revestimentos destinados à construção de edifícios. A OWA, fabricante de forros acústicos em fibramineral biossolúvel preocupa-se com esta questão. Atuante no Brasil desde 1988, a empresa possui uma linha de produtos desenvolvida através de estudos, pesquisas científicas, além de ser detentora de inúmeras certificações e atestados ambientais, a empresa busca oferecer ao mercado a tão almejada sustentabilidade nas construções através de seus produtos. Situações de maior complexidade, no caso projetos hospitalares, exigem um projeto acústico, que irá considerar também fatores como isolamento, ruído estrutural, entre outros pormenores. “Nossa linha de Forros e Revestimentos é indicada para redução de

ruído e adequação da reverberação, melhorando condições de inteligibilidade. Para cada atividade/uso e dimensão de ambiente, simulamos através do software Ambient, qual produto e metragem seria mais adequado para alcançar um bom resultado”, explica Nancy Devai, engenheira e gerente de produtos da OWA. Há um movimento constante no Brasil voltado à sustentabilidade na cadeia de fabricantes e fornecedores. Com o apoio do GBC (Green Building Council) Brasil, este movimento cresce de forma expressiva no país através da disseminação de melhores práticas sustentáveis, incentivos e, em alguns casos, exigências de desempenho dos produtos oferecidos no mercado. Ações como estas contribuem, de certa forma, para que a cadeia de suprimentos se adéque a uma realidade que anseia por medidas mais conscientes ambientalmente. A OWA, responsável pela comercialização e instalações de forros e revestimentos em diversos empreendimentos, incluindo cases certificados pelo LEED, possui em seu DNA tais premissas. Um exemplo de sucesso é o Hospital Oswaldo Cruz Nova Torre, certificado pelo LEED NC nível Gold.

rev/gbc/br


DOSSIÊ TIPOLOGIAS

Uma das fortes características incorporadas ao projeto do Hospital Oswaldo Cruz é a qualidade acústica. O projeto desenvolvido pelo escritório de arquitetura Botti Rubin e pelo consultor e diretor da Acústica & Sônica, José Augusto Nepomuceno com base no Guidelines for Design and Construction of Hospital and Health Care Facilities teve impacto direto e expressivo no conforto acústico dos pacientes, reduzindo os níveis de ruído ambiente, resultado da aplicação dos forros minerais OWA nos quartos do hospital. "O tratamento acústico é um dos quesitos essenciais para tornar o ambiente hospitalar mais confortável, além de trazer benefícios na recuperação dos pacientes”, explica José Augusto Nepomuceno. Para Nancy Devai um bom tratamento acústico é fundamental por questões de saúde, principalmente nos ambientes hospitalares. “O conforto acústico é fundamental em um hospital. Se o paciente não tiver uma boa condição de sono, de repouso, prejudica a sua recuperação de uma maneira satisfatória”, endossa a engenheira. “Para cumprir com as normas, necessitávamos de um material com superfície lisa, alto índice de absorção acústica, resistência ao fogo e certificação para uso hospitalar. O resultado foi um edifício hospitalar com design moderno, sustentável e com o tratamento acústico que atendeu às exigências técnicas” salienta Maria Luíza Becheroni – Botti Rubin Arquitetos. Além dos quartos, os forros minerais foram instalados nas áreas de recepção, térreo e mezanino garantindo pontuação no crédito relacionado a conteúdo reciclado por apresentarem componentes que permitem a total reciclagem do produto posteriormente ao uso. A baixa emissão de VOC (compostos orgânicos voláteis) também é um fator de extrema relevância, se tratando de ambientes onde há uma forte necessidade de grande cuidado com a saúde. Pela classificação de baixa emissão de VOC, os forros minerais garantem a qualidade do ar nos ambientes fechados, preservando a saúde dos ocupantes. Igualmente, a capacidade de reflexão da luz do produto, contribuindo para economia de energia e melhor aproveitamento da luz natural.

revistagbcbrasil.com.br

Fotos: Divulgação Hospital Oswaldo Cruz

Hospital Oswaldo Cruz

Segundo Nancy a utilização deste produto foi fundamental no projeto do Hospital Oswaldo Cruz. “Um dos grandes benefícios da utilização deste material é a proteção certificada a micro-organismos, bactérias e fungos, resistência ao fogo além dos créditos LEED, atendendo todos os requisitos referentes a forros para hospitais. Este era o único material que possuía, na época, um certificado para uso em ambientes hospitalares, garantindo a segurança nestes ambientes. Este foi o ponto fundamental da escolha no projeto Oswaldo Cruz e também em todas as outras características como o bom desempenho acústico, iluminação natural, economia de energia, ter conteúdo reciclado e também poder ser reciclado depois”, afirma. Outros empreendimentos certificados ou buscando a certificação LEED que contaram com a contribuição da OWA foram: Eldorado Business Tower (LEED CS nível Platinum) e Edifício Vera Cruz (LEED CS Pré Certificado Nível Platinum); Ventura Tower II (LEED CS nível Gold); Hotel Hilton Barra RJ (LEED NC registrado); Hotel Grand Hyatt RJ (LEED NC registrado); Ed Vince Leblon (LEED CS registrado); Torre Oscar Niemeyer (LEED CS nível Certified); Centro Empresarial Senado/ RJ (LEED CS nível Silver); Universidade Petrobras RJ (LEED CS nível Certified); CENPES Petrobras RJ (LEED NC registrado); Arena Maracanã (LEED NC nível Silver); Mineirão (Certificado LEED NC nível Platinum); Eco Pátio Rodoanel (LEED NC nível Gold); Tribunal de Justiça do Distrito Federal (LEED NC registrado).

Fibra mineral biossolúvel Por ser um material biodegradável, a fibra mineral biossolúvel ou fibra branca biossolúvel não causa nenhum prejuízo ambiental ou risco à saúde, diferente de outros produtos que podem ser até cancerígenos. O Forro Mineral OWA é composto por fibras minerais biossolúveis, aglomerante amido, cargas minerais perlita e argila. O processo de produção da fibra consiste no aquecimento do calcário em fornos formando uma lava, que quando resfriada se transforma na fibra mineral branca biossolúvel. Posteriormente esta fibra é misturada à solução aquosa, aglomerante amido e cargas minerais: perlita e argila, todos produtos naturais e não nocivos à saúde, isento de formaldeído ou nenhum outro composto químico. A pintura utilizada também é composta por pigmentos naturais, que resultam no forro mineral. A linha OWA de forros minerais segue características e normativas ambientais permitindo sua aplicação em áreas de alta criticidade, como hospitais, berçários e escolas. Suas características sustentáveis garantiram a conquista do selo ambiental alemão Blue Angel,

dez/15-jan/16

53


DOSSIÊ TIPOLOGIAS

que atesta produtos produzidos através de matérias primas naturais, com baixa emissão de COV, levando em consideração questões de saúde e meio ambiente. Apesar de todas estas características ecologicamente corretas, o forro mineral possui baixo custo se comparado aos benefícios oferecidos pela sua utilização. A OWA oferece garantia de 10 anos do produto, se instalado corretamente, seguindo as orientações de manutenção. Porém, o produto terá durabilidade enquanto o ambiente se mantiver em operação adequada. Além do selo Blue Angel, os forros minerais OWA são atestados por diversos outros institutos de pesquisas renomados nacional e internacionalmente. “Para recomendação dos forros acústicos, nos baseamos muito nas normas da Alemanha para hospitais. No hospital Oswaldo Cruz, as equipes de arquitetura e acústica também adotaram normas e diretrizes internacionais para o projeto e tratamento acústico. O forro mineral OWA apresenta várias características sustentáveis, mas nossas outras linhas também contribuem com créditos LEED, como a linha de forros e revestimentos de madeira Nexacustic com Certificado FSC e Selo E1 de baixa emissão de voláteis orgânicos e, nossa linha SONEX em espuma acústica incombustível, com créditos LEED nos quesitos isolamento térmico, reflexão a luz e inovação", afirma Nancy Devai. Alguns prêmios e certificações que a OWA possui no que tange a produção dos materiais reforça o comprometimento da empresa com a sustentabilidade ambiental e saúde humana: TUV - ISO9001; ISO14001; BS OHSAS 18000; ISO50001; E-ON Bayern; E.ON Environmental Award - em 2007 a OWA recebeu prêmio ambiental da maior companhia de energia da Alemanha, por seu inovador sistema de reaproveitamento de calor dos fornos e redução no consumo de energia; Selo LEED Gold – OWA GmbH Alemanha 2012; ECOPROFIT in the Bavarian Lower Main Region – desde 2008 a OWA está continuamente envolvida no Projeto Ecológico de Proteção Ambiental Integrada; Architects´ Darling Awards 2015 – Alemanha – eleita pe-

54

dez/15-jan/16

Foto: Divulgação Hospital Oswaldo Cruz

HOSPITAIS E LABORATÓRIOS

Atestados – Institutos de Pesquisas • EPA Aachen GmbH – atesta a resistência a fungos e bactérias -; • Resistência a Microorganismos (fungos e bactérias) segundo Norma JIS Z 2801:2000 : Prof. Dr. R. Mutters Institut für Medizinische Mikrobiologie und Hygiene – Marburg, Alemanha. (Forro Mineral OWA Bolero Biocide);

los escritórios de arquitetura como melhor sistema de forro acústico. Para Nancy, o mercado avançou muito nos últimos anos em relação à preservação do meio ambiente e na consciência sobre o impacto dos materiais de construção utilizados. “Nós que acompanhamos o mercado desde 1988, tempo difícil de se falar em tratamento acústico assim como, na década de 80 e 90, por exemplo, ninguém falava em separar lixo ou em reciclagem. Acredito que nosso mercado amadureceu muito em relação à questão do meio ambiente, isso facilitou a entrada de produtos que garantem essa questão. Ainda existem produtos mais econômicos que não atendem vários quesitos de segurança e que ainda estão em mercado, mas nos grandes centros este conceito já está bem consolidado”, conclui.

• Resistência a Microorganismos, Efeito Bacteriostático e Bactericida, Descontaminação Cinética segundo norma NF S 90350 – CERA-LABO França (Forro Mineral OWA Humancare); • Eurofins e ITA (Institut Toxikologie und Aerosolforschung): certificam que produtos não contem formaldeído e são classificados como de baixa-emissão de compostos orgânicos voláteis; • ITA (Institut Toxikologie und Aerosolforschung) – Teste de Biossolubilidade de nossa Fibramineral; • RAL: laboratório que certifica a qualidade de nossa fibra mineral e atesta como substancia não nociva de acordo com Hazardous Materials Ordinance; • Resistência ao fogo: Classe A2, s-1,d0 - EN13501 Certificado MPA Alemanha / Classe II A: NBR9442 – IT10- Certificado IPT, SP- Brasil / Classe 1 – ASTM E84 – Certificado EXOVA, Canada; • Absorção sonora conforme ISO 354: laboratório Hochschule für Technik GmbH - Stuttgart-Alemanha; • Reflexão a Luz segundo norma ISSO 7724-2: Fraunhofer IPA Institut – Stuttgart, Alemanha; • GSA – certificado de isenção de asbestos/amianto; • Certificados TUV ISO9001-14001-18001: Qualidade e Gestão Ambiental OWA

rev/gbc/br


DOSSIÊ TIPOLOGIAS

Newset atua na climatização em hospitais

Fotos: Divulgação Newset

Boa engenharia e simplicidade dentro da expectativa do cliente e com melhor custo benefício são estratégias da empresa na promoção da sustentabilidade e qualidade em projetos hospitalares

Eduardo Rodovalho

Felipe Daud

revistagbcbrasil.com.br

O

sistema de climatização possui uma função estratégica e de extrema importância nas construções hospitalares, por isso, medidas diferenciadas devem ser incorporadas na implantação e operação de um projeto de extrema complexidade como este. A necessidade de evitar contaminação, controlar a temperatura e umidade, garantir um fluxo operacional otimizado são particularidades inerentes às edificações de saúde, uma vez que o objetivo principal é o cuidado com a saúde humana. A facilidade de transmissão de vírus e bactérias pelo ar e a adequação de ambientes que não possuem temperatura e umidade adequadas também são pontos fundamentais a serem considerados no projeto de edificações, onde existem pessoas com a saúde, de certa forma, fragilizada. “Diversos vírus e bactérias podem ser transmitidos pelo ar entre pacientes e usuários, podendo gerar ou agravar uma doença. A preocupação é sempre seguir as medidas colocadas em norma, tanto na fase de projeto quanto na operação”, explica Felipe Daud, engenheiro da Newset. Daud esclarece que, no caso de uma operação já estabelecida, um paciente que possua uma doença transmissível pelo ar deve se manter

em um ambiente à pressão negativa (isolamento de pressão negativa), de modo que o ar contaminado não se desloque aos ambientes adjacentes, assim como um paciente imunodeprimido deve ficar em um ambiente especial com pressão positiva (isolamento de pressão positiva) e todo ar altamente filtrado (filtro absoluto) para evitar contaminações. Segundo o engenheiro, uma simples falha de operação coloca em risco as pessoas que estejam próximas ou o próprio paciente. Por esse motivo, é extremamente importante que o instalador preveja uma possível situação desta e considere medidas de segurança no projeto mecânico, elétrico e de automação do sistema. Apoiado em seus mais de 30 anos de história e experiência de engenharia na área de climatização, a Newset sempre buscou a integração de soluções de engenharia inteligentes na implantação dos projetos de ar condicionado junto às demais disciplinas, aliando tecnologia, boa engenharia e simplicidade dentro da expectativa do cliente com melhor custo benefício, adquirindo ampla experiência em diversos setores, bem como especializações e projetos mais exigentes, sendo um deles a área hospitalar. “A migração para o setor hospitalar é uma tendência natural de mercado, devido à segmentação das instalações e tipos de equi-

dez/15-jan/16

55


DOSSIÊ TIPOLOGIAS

Fotos: Divulgação Newset

HOSPITAIS E LABORATÓRIOS

Hospital Santa Paula

Hospital Santa Paula

pamentos. Os projetos mais específicos assim como a área Hospitalar, requerem estrutura, administração, controle e muita experiência de engenharia com grande planejamento. Nos últimos cinco anos, temos investido muito em sua gestão operacional de administração e engenharia, assim como estruturação de sócios e colaboradores para dar prosseguimento a todo trabalho desenvolvido sem perder o objetivo e estratégia planejada”, afirma o diretor e engenheiro da Newset, Eduardo Rodovalho. De acordo com Rodovalho, a busca pela certificação LEED na área hospitalar, no Brasil, ainda está em fase inicial. A maioria dos investimentos atuais está focada em reformas (retrofits) de modo a agregar valor ao serviço e reduzir custos, principalmente no quesito energia. Neste foco, acabam sendo tomadas ações que vêm de encontro ao LEED, mas não necessariamente com a obtenção da certificação. Além disso, as grandes redes hospitalares priorizam Acreditações Hospitalares, que se trata de um sistema de avaliação e certificação da qualidade dos serviços de saúde que está diretamente ligado à infraestrutura e instalações dos hospitais, conforme a norma NBR7256. Além das pessoas, os equipamentos de alta complexidade (como por exemplo, os de imagem) também necessitam de controle preciso de temperatura e umidade. Desta forma, é preciso preocupar-se, não somente em controlar a temperatura, mas também com as variáveis de umidade, pressão, filtragem, nú-

56

dez/15-jan/16

mero de renovações, entre outras. A norma NBR7256 indica os parâmetros necessários para cada situação dentro de cada ambiente. Complementando a implantação, a operação é também de extrema importância, de modo que os parâmetros previstos em projeto se mantenham controlados ao longo do tempo sendo possível obter confiabilidade sobre os equipamentos, pois a operação normalmente é ininterrupta. “Estamos constantemente nos empenhando de modo a tornar as instalações de ar condicionado o mais eficiente possível. Vemos também atualmente um crescimento de ações 'verdes' por parte dos investidores em outras disciplinas, como por exemplo, a substituição de iluminação para LED, a criação de plano de gerenciamento de resíduos e até mesmo o investimento em sistemas de aquecimento solar e implantação de ambientes arborizados”, destaca Felipe Daud.

Retrofit Em projetos de retrofit, a responsabilidade da empresa de ar condicionado é ainda maior e requer amplo envolvimento no projeto, apurada administração, experiência e planejamento. Este envolvimento é necessário, tanto para encaixar os trabalhos a serem desenvolvidos em horários e períodos negociados com as áreas do Hospital, bem como ter um grande cuidado com as equipes treinadas visando o controle

máximo na geração de ruídos, desconfortos e principalmente poeira, pois uma partícula em suspensão que pode levar contaminação a locais adjacentes. “A Newset possui toda esta preocupação e equipes treinadas, com o objetivo de alcançar a maior confiabilidade possível do sistema em qualquer que seja a situação da implantação”, ressalta Eduardo Rodovalho. A Newset atuou no projeto de instalação de diversos hospitais no decorrer de sua história, entre eles os hospitais: Albert Einstein, Nove de Julho, São Luiz (atualmente Rede D'or), Samaritano, Santa Catarina, Santa Helena, Santa Paula, Unimed, entre outros. Dentre as obras já executadas, estão como destaque os trabalhos desenvolvidos nas unidades da Rede D'or, que exigem extremo planejamento e engenharia, de modo a aumentar a eficiência das instalações existentes e contribuir consequentemente à qualidade do ar e bem-estar dos usuários.

Saúde e economia de energia O ar condicionado é um dos maiores responsáveis pelo consumo de energia em uma edificação, e este consumo aumenta ainda mais quando incorporado a uma edificação hospitalar devido a necessidade de funcionamento ininterrupto. Segundo Felipe Daud, além do funcionamento contínuo, os níveis de filtragem, controle de umidade e ar exterior também se tornam maiores, contribuindo para o aumento do consumo energético. “Temos

rev/gbc/br


DOSSIÊ TIPOLOGIAS

Hospital São Luiz (Rede D'Or)

Central A.G. - Rede Santa Helena

adotado diversas estratégias para melhorar a eficiência energética das instalações, entre elas o uso de inversores de frequência em ventiladores, água quente para reaquecimento substituindo o uso de resistências elétricas, e em alguns casos até DOAS (Sistema de Ar Externo Dedicado)”, afirma. Felipe explica que outras medidas simples na operação também podem ser tomadas para redução de energia com a ajuda da automação. Um simples aumento de set-point da temperatura interna de uma sala cirúrgica quando ela não está sendo utilizada, ainda mantendo o controle de umidade e respeitando à máxima temperatura imposta pela norma, pode contribuir para a redução energética. “A Newset procura entender cada situação e cada cliente de modo a contribuir ao máximo para aumento da eficiência energética”, enfatiza.

Humanização O sistema de climatização é parte fundamental para promover um ambiente humanizado em uma edificação de saúde. A contribuição da climatização neste sentido se torna um dos grandes desafios, de acordo com Felipe Daud. Existem diversas variáveis a serem controladas, como o fato da dimensão dos equipamentos hospitalares, além da necessidade de um grande trabalho relacionado a pressões e ruídos. Com isso, o nível de controle destes processos também se torna maior.

revistagbcbrasil.com.br

Inúmeras medidas como o desenvolvimento de equipamentos especiais junto aos fabricantes, preocupações/medidas acústicas, controle individual, entre outras estratégias, são capazes de proporcionar o maior conforto possível aos usuários, contribuindo para que não sintam a diferença entre um ambiente hospitalar e o sistema de climatização de seu ambiente de trabalho ou de sua própria residência. “Estudos recentes em ambientes de UTIs, apontam que a recuperação destes pacientes está diretamente relacionada à compartimentação dos leitos com controles de temperatura individual e maior presença de familiares. Este é um grande desafio para nós, pois temos parâmetros normativos de recirculação de ar, taxa de renovação, filtragem e controle de temperatura e umidade que devem ser seguidos e a compartimentação dos leitos nos levam a soluções mais complexas”, lembra Felipe Daud.

Reconhecimento

seja na operação final. Desta forma, o Prêmio Hospital Best reconhece todo o planejamento, execução e consequente resultado final, necessário em obras hospitalares. Em 2012, a Newset também recebeu o prêmio de empresa de serviços do ano, pelo próprio Hospital Best. Outra conquista foi o prêmio de Fornecedores Preferidos dos Grandes Hospitais, durante o ano de 2011, pela revista HOSP VIP 2011. “Atualmente formamos um grupo de cinco empresas, onde conseguimos um melhor controle por empresa com estabelecimento de metas pontuais, além de compartilharmos de alguns departamentos comuns a todas, o que nos leva a ser bastante competitivos, com todas direcionadas ao mesmo objetivo. O Prêmio Hospital Best é de grande valia para a Newset, pois é o reconhecimento de todo o trabalho realizado pelas diversas áreas da empresa em prol do sucesso da obra”, finaliza Eduardo Rodovalho.

A Newset vem conquistando, desde 2003 o Prêmio Hospital Best, reconhecimento especifico para obra hospitalares, que envolve a interação de diversos departamentos internos, como engenharia, suprimentos, execução, fiscalização e comissionamento. O motivo desta necessidade é pelo fato de que obras hospitalares exigem engenharia complexa e rapidez na execução, não permitindo erros ao decorrer do caminho que impactem, seja no cronograma,

dez/15-jan/16

57


Fotos: Divulgação GBC Brasil

eventos 2015

EVENTO EM RECIFE EXPANDE PARA O BRASIL OS CONCEITOS DE CONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 58

dez/15-jan/16

Colégio Estadual Erich Walter Heine, rev/gbc/br Rio de Janeiro


eventos 2015

O GBC Brasil e o Sinduscon-PE promoveram, em Recife, o VIII Seminário da Construção Sustentável e II Sustencons, onde abordaram temas como desenvolvimento sustentável na construção civil além de expor soluções e tecnologias pioneiras para o setor

C

om o intuito de promover a ampliação da Expo Greenbuilding e fomentar a construção sustentável em outras regiões do país, o GBC Brasil em parceria com o SINDUSCON-PE, além de contar com o patrocínio da Deca e Rain Bird, promoveu entre os dias 9 e 11 de dezembro o VIII Seminário Pernambucano de Construção Sustentável, na cidade de Recife. O local do evento foi na sede do SINDUSCON-PE, que também contou com a II SUSTENCONS, a feira de tecnologias e inovações sustentáveis para construção. O evento teve como foco a disseminação de soluções sustentáveis, práticas e métodos construtivos atualmente disponíveis no mer-

cado nacional e internacional através da feira de exposição SUSTENCONS, bem como abordar estratégias de planejamento na execução das obras, fomentar o interesse de profissionais envolvidos na cadeia produtiva no setor da construção civil, além de promover a conscientização da importância da construção sustentável para estudantes e sociedade em geral.

Participaram do evento mais de 200 visitantes, 162 participantes do Seminário, 15 palestrantes e 16 expositores. Entre os participantes estavam construtores, engenheiros, arquitetos, urbanistas, professores e estudantes universitários, além de representantes de entidades e instituições públicas. Além disso, o evento contou com ampla cobertura da mídia através das emissoras SBT e Rede Record.

“Trata-se de um grande trabalho de conscientização de todos os agentes da cadeia produtiva da construção, do fabricante de insumos ao empresário da construção, passando também pelos operários, engenheiros e arquitetos”, explica Gustavo de Miranda, presidente do Sinduscon-PE.

A palestra de abertura, no dia 9, foi iniciada pelo engenheiro e presidente do Sinduscon-PE, Gustavo Miranda, que abordou as iniciativas com focos em sustentabilidade no setor da construção civil, bem como a iniciativas desenvolvidas pela organização nos últimos dez anos. Em seguida, representando o Green Building Council Brasil, o diretor-executivo Felipe Faria desenvolveu sua palestra, ‘Indústria Nacional da Construção Sustentável - Consolidação, Aperfeiçoamento e Expansão’, explanando sobre as perspectivas na evolução da construção sustentável no Brasil. “Estimularemos e iremos colaborar na construção de uma forte rede colaborativa que nos permitirá obter sucesso aos desafios propostos. Iniciativas semelhantes estão sendo programadas para as demais regiões do Brasil, no sentido de engajar as lideranças locais no movimento de transformação definido por nossa Missão” afirmou Felipe Faria, diretor executivo do GBC Brasil

revistagbcbrasil.com.br

dez/15-jan/16

59


eventos 2015

Expositores – II Sustencons A feira de expositores, II Sustencons, que ocorreu paralelamente às sessões técnicas do Seminário, ficou localizada na área térrea da sede do Sinduscon, onde os participantes do evento puderam verificar as diversas soluções e inovações para construção civil, sendo reservada à feira uma área de 500 metros quadrados. A II Sustencons contou com empresas referência no setor de produtos e soluções sustentáveis como, a Ecogreen (Telhados e paredes verdes), Reciclart/Mais Social, Ciclo Ambiental, Remaster, Acqualimp, RainBird, Eplast, Sictell, GlobalSun e Celpe, além do Movimento Vida Sustentável, desenvolvido pelo Sinduscon-PE em parceria com diversas instituições. O destaque da II Sustencons ficou a cargo da exposição de duas casas desenvolvidas com o uso de tecnologias inovadoras, um dos projetos utilizou tecnologias como steelframe, drywall, além de contar com geração de energia através de painéis fotovoltaicos. Um dos diferenciais nesta construção residencial está relacionado à geração e distribuição de energia elétrica na rede pública. A casa faz parte do acervo do Sinduscon-PE. A segunda casa foi desenvolvida pela Eplast, onde toda estrutura é feita com PVC, com a utilização de sal marinho, recurso considerado abundante atualmente.

60

dez/15-jan/16

Programação das sessões técnicas – VIII Seminário No primeiro dia também foram realizadas, após as sessões ministradas pelos representantes das instituições organizadoras do evento, Gustavo Miranda e Felipe Faria, as palestras ‘Keynote Session - O desafio da construção e operação de condomínios verdes - Como incluir a sustentabilidade na base de sua empresa’, apresentada por Claudio Carvalho da Newinc Construtora e ‘Iniciativas Sustentáveis no Nordeste Brasileiro - Movimento Vida Sustentável’, com a presença do representante do Sinduscon-PE, Serapião Bispo Ferreira. “O visitante pode acompanhar o que está sendo adotado na cadeia produtiva da cons-

rev/gbc/br


Fotos: Divulgação GBC Brasil

eventos 2015

trução civil – do planejamento à execução das obras, além das novas características dos empreendimentos que estão sendo entregues para que o uso durante os anos vindouros, por parte dos moradores ou proprietários dos imóveis, se torne mais sustentável tanto economicamente quanto ambientalmente”, explica Serapião Bispo, diretor de Ciência e Tecnologia do Sinduscon-PE. A programação do dia foi reiniciada às 14h, após o intervalo para almoço e contou com a participação dos representantes das empresas, Duratex Deca, CTE (Centro de Tecnologia de Edificações) e Secretaria Municipal e Desenvolvimento Urbano (SMDU). Foram abordados temas como uso racional da água, revisão da lei de zoneamento em

revistagbcbrasil.com.br

São Paulo, bem como auditoria energética. Participaram como palestrantes Osvaldo Barbosa de Oliveira Junior, Duratex Deca com a sessão ‘Uso Racional da Água - Gestão da Demanda - Evolução e Tendências’; Daniel Todtmann, diretor da SMDU, ministrando a palestra ‘A dimensão ambiental na proposta de revisão do zoneamento no Município de São Paulo’, e após um intervalo e visita à exposição, a sessão foi retomada com a palestra ‘Auditoria de Energia - O primeiro passo para a economia real do consumo’, apresentada pelo representante do CTE, Wagner Oliveira. O segundo dia do evento iniciou com a palestra ‘Case Reserva Camará - Planejamento Urbano Integrado’, que foi ministrada por

Felipe Oliveira, representante da equipe responsável pelo projeto. Em seguida, um dos temas mais relevantes atualmente no setor da construção sustentável, o Referencial GBC Brasil Casa - Certificação Sustentável para residências e edifícios residenciais no Brasil, foi explanado por Maria Carolina Fujihara, coordenadora técnica do Green Building Council Brasil e professora do curso Referencial GBC Brasil Casa, oferecido pela organização, “As certificações ambientais de uma forma geral, elevam o padrão técnico do mercado, ampliam o conhecimento, promovem o desenvolvimento de novas tecnologias e criam serviços e trabalhos para profissionais qua-

dez/15-jan/16

61


eventos 2015

Finalizando a programação da manhã do segundo dia, foi a vez da pauta sobre questões energéticas com a palestra intitulada ‘Programa Nacional para Energia Renovável e Eficiência Energética’, apresentada por representantes do Ministério do Meio Ambiente (MMA) com Alexandra Maciel, Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, com Álvaro Silveira, e do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), com Ludmilla Diniz. As palestras escolhidas para compor a programação no período da tarde foram: ‘Aplicação do Sistema de Gestão Lean Construcion com apoio da Informatização’, realizada por Otacílio Valente, representante do Sinduscon-CE; ‘O uso inteligente da água: Irrigação Tecnificada – como manter e operar o paisagismo de forma eficiente’, com o palestrante Marcelo Zlochevsky, da Rain Bird, referência mundial no setor de produtos para irrigação e, também, patrocinadora do evento; ‘Ma-

62

dez/15-jan/16

Fotos: Divulgação GBC Brasil

lificados. O mercado da construção residencial sustentável no país precisa se expandir e atender à demandas cada vez mais crescentes, sempre alinhadas com o desenvolvimento sustentável. Iniciamos nosso trabalho no Nordeste, mas buscamos elevar este padrão no país todo e fomentar uma economia realmente verde.”, Maria Carolina Fujihara.

deira responsável na construção civil: baixa emissão, garantia de renda e sustentabilidade na floresta amazônica’, que contou com a presença da WWF Brasil, cujos palestrantes foram os especialista Ricardo Russo e Alessandra Barassi. Finalizando as sessões do dia, e do evento, o palestrante Ricardo Paschoal e Paulo Vinícius Jubilut, da Remaster Floor & Ceilling Solutions abordou o tema ‘Infraestrutura Verde no Planejamento Urbano das Cidades’. Antes de cada intervalo do primeiro e segundo dia a sessão foi aberta para debates entre os participantes e palestrantes.

Visitas Técnicas O dia 11, terceiro e último dia do evento, foi reservado para realização de visitas técnicas aos empreendimentos Arena Pernambuco, Reserva Camará e Ciclo Ambiental. O roteiro de visitas iniciou na sede do Sinduscon-PE em direção a Usina Solar da Arena Pernambuco. Após esta visita o destino foi o empreendimento Reserva Camará, e finalizando a programação a visita à empresa de reciclagem e beneficiamento de resíduos da construção civil, Ciclo Ambiental.

rev/gbc/br



políticas públicas

GBC BRASIL E WGBC NA COP21 Green Building Council Brasil e WGBC se destacam na maior conferência de mudanças climáticas do mundo e assumem compromissos de metas audaciosas para mitigação dos impactos ambientais

U

ma das mais importantes conferências de mudanças climáticas no mundo, a COP21, foi palco de encontro de líderes mundiais para discutir e reforçar compromissos relacionados à redução de emissões de gases efeitos estufa no mundo. O encontro ocorreu no dia 30 de novembro em Paris e a reunião oficial do encontro foi liderada pelo Ministro Francês de Ecologia e ex candidato à presidência, Ségolène Royal. O encontro contou com a presença em peso de chefes de estado de diversos países, incluindo organizações não governamentais que fomentam ações mitigadoras dos impactos ambientais. O GBC Brasil e demais GBCs, representados pelo World Green Building Council (WGBC) tiveram participação importante durante a conferência com apresentação do compromisso relacionado à construção de edifícios mais verdes visando reduzir estes impactos nocivos ao planeta. Um dos objetivos de maior importância dos GBCs foi o comprometimento em reduzir as emissões de gases efeito estufa, em 84 gigatoneladas até 2050 no âmbito da construção civil, o equivalente a não construir 22.000 usinas de geração de energia a carvão. O objetivo é não permitir que o aquecimento global avance mais do que 2 graus ao longo deste período. Esta é uma das metas mais desafiadoras. Um total de 25 GBCs de todo o mundo assumiram compromissos nacionais para redução de gases efeitos estufa trazendo a sustentabilidade dos seus edifícios e garantir que a indústria da construção desempenhe o seu papel em limitar o aquecimento global a 2 graus. Os edifícios representam atualmente cerca de um terço das emissões globais. Mas a construção verde é uma das soluções mais rentáveis para as alterações climáticas, o que gera benefícios ambientais, econômicos e sociais significativos. Participaram do evento 100 membros corporativos dos Green Building Councils (GBCs), incluindo a gigante francesa de fabricação de produtos Saint-Gobain, incorporador australiano LendLease e a construtora sueca Skanka. Dentre os GBCs participantes 25 assumiram o compromisso de registrar, renovar ou certificar mais de 1,25 bilhão de metros quadrados voltados para construções que priorizem a sustentabilidade, além de capacitar mais de 127.000 profissionais até 2020, de acordo com as qualificações exigidas para execução de obras verdes. A implementação da certificação Net Zero nas edificações também garantiu seu espaço na cadeia de compromissos do WGBC, para atingir carbono zero em edifícios novos, e realizar uma reforma para eficiência energética de todos os edifícios existentes até 2050. Os 100 GBCs apoiaram este compromisso de alto nível por parte da rede. Além disso, mais três GBCs, sendo eles, Canadá, Austrália e África do Sul comprometeram-se em aderir à certificação Net Zero nas construções.

64

dez/15-jan/16

rev/gbc/br


Fotos: Divulgação WGBC

políticas públicas

Ségolène Royal, Ministra da Ecologia da França, discursa no Buildings Day

"Sabemos como construir cada vez mais. O desafio é construir mais e melhor. E são compromissos como estes que irão auxiliar na transformação global da indústria da construção, não somente no atingimento da meta de apenas dois graus, mas também visando perceber os benefícios diversos deste novo modelo de edificações” afirma o CEO do WGBC, Terri Wills.

As ações do GBC Brasil frente às demandas mundiais de sustentabilidade A responsabilidade do Brasil frente às necessidades ambientais mundiais tiveram destaque no COP21, onde foram acordados compromissos de mitigação de impactos relacionados ao clima, consumo de energia e água, emissões de gases poluentes, utilização de materiais ecologicamente corretos, implementação tecnológica visando a otimização dos recursos, bem como o fomento de políticas governamentais e de incentivos para o setor da construção civil. “Há tempos os membros do GBC Brasil e parceiros, vem demonstrando liderança e experiência no que tange a transformação da nossa indústria da construção de forma coordenada às metas ambiciosas apresentadas pelo WGBC durante o COP Paris, visando contribuir com as metas desejadas sobre mudanças climáticas”, afirma o Diretor Executivo do GBC Brasil, Felipe Faria. Os compromissos assumidos pelo GBC Brasil iniciam-se pela forte relação entre as organizações de cunho sustentável, setor público, parcerias com o setor privado e associações, visando maior cooperação em ações e programas focados na conscientização,

revistagbcbrasil.com.br

Reunião do WGBC - Members Day - que ocorreu em Hong Kong em outubro de 2015

desenvolvimento do mercado criando assim melhores oportunidades de negócios para a construção de edificações verdes, focando prioritariamente nos setores residenciais e edificações já existentes (retrofit). “Os compromissos assumidos pelo GBC Brasil estão alinhados com nosso planejamento estratégico para os próximos anos, certo que os objetivos e iniciativas que estão sendo projetadas e implementadas são potencializadas pela construção de uma forte rede colaborativa entre GBC Brasil, Ongs, Associações, iniciativa pública e privada. Isto nos permitirá reforçar presença em todo território nacional estimulando o engajamento das lideranças locais”, salienta Felipe Faria. Com isso, a organização brasileira compromete-se, nos próximos cinco anos, a promover a certificação de 70 milhões de metros quadrados em construções verdes através da aderência de ferramentas como o LEED, EDGE e Referencial GBC Brasil Casa. “O Green Building Council Brasil está demonstrando verdadeira liderança em edifícios verdes, lançando os seus compromissos ambiciosos nestas negociações de críticas mudanças climáticas em Paris”, enfatiza Terri Wills. A inclusão de treinamentos técnicos e de eventos para todas as regiões brasileiras também são metas prioritárias para o GBC Brasil. O objetivo é expandir seu Programa Nacional de Educação em todo o país, o que possibilitará a capacitação técnica de mais de 10.000 profissionais até 2020. Com relação ao Green Building Brasil Conferência e Expo, o GBC Brasil espera chegar em 20.000 visitantes por ano até o ano de 2020. Em relação às alterações climáticas no país, em 2016 o GBC Brasil avança com a promoção de ações práticas para compensação de

carbono baseado na metodologia REDD+ com a implementação de ferramentas de certificação de construção sustentável (Projetos de Restauro e Preservação de Florestas Tropicais Nativas). “O GBC Brasil lidera o número de Alternative Compliance Path apresentados ao LEED International Roundtable e aprovados pelo LEED Steering Committee. Aproveitando esta circunstância e considerando o número de projetos LEED registrados no mundo, em parceria com a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), estamos propondo um mecanismo para angariar recursos à floresta nativa tropical como forma de preservação, através da certificação internacional LEED”, explica Felipe Faria. A cadeia de suprimentos e soluções tecnológicas também contribuiu para o comprometimento do Brasil em relação às estratégias sustentáveis debatidas no encontro em Paris. Portanto, o GBC Brasil continuará a incentivar a demanda de materiais e produtos que se adéquam aos cumprimentos de Avaliação de Ciclo de Vida, incluindo as declarações ambientais de produtos. Além disso, compromete-se também a apoiar a utilização de ferramentas tecnológicas que possibilitem a transparência do desempenho das construções como o LEED Dynamic Plaque.

Políticas públicas Ações voltadas a políticas públicas de incentivos são metas já consolidadas pelo GBC Brasil, e se corroborou ainda mais no encontro mundial COP21. A busca por políticas de incentivos governamentais em apoio às construções verdes e comunidades sustentáveis já fazem parte da agenda da organização

dez/15-jan/16

65


Fotos: Divulgação WGBC

políticas públicas

Lançamento da Aliança Global para Edifícios e Construções (Global ABC)

no Brasil, sendo endossada com o compromisso assumido no encontro internacional. Este compromisso contempla criação de leis ambientais de cunho mandatório, licitações verdes, incentivos fiscais e administrativos para edificações construídas dentro da regulamentação e exigências ambientais. O GBC Brasil continuará advogando por melhores oportunidades e mecanismos de financiamento que visam o apoio a projetos de modernização de construções existentes com foco em eficiência energética, bem como comprometer-se em promover iniciativas recompensatórias e de reconhecimento para as empresas que aderiram aos conceitos de sustentabilidade em seus portfólios, tais como GRESB. Além de intensificar a campanha criada em parceria com a ABESCO e ABRAVA, relacionada a políticas públicas integradas pelo maior engajamento e participação de todas as esferas governamentais no apoio a uma das metas mais ousadas, sendo a redução no consumo de 30% de energia e 40% no consumo de água no setor imobiliário brasileiro existente até 2030.

Saint-Gobain tem destaque na conferência do clima A líder mundial em soluções sustentáveis para o setor da construção civil apresenta metas audaciosas na conferência de mudanças climáticas. A Saint-Gobain enxerga a forte necessidade de assumir compromissos junto às diversas potências mundiais para limitar o aquecimento global a dois graus. Além disso, o grupo apoia a construção de um acordo

66

dez/15-jan/16

global ambicioso em relação ao clima, transparência e previsibilidade nos mecanismos financeiros para o alcance de menores custos destinados à redução de emissões de carbono, implementação de mecanismos eficientes na redução do consumo de energia e redução de gases efeito estufa nos setores da construção civil e transportes, garantia do comércio internacional em incentivar ações no combate às mudanças climáticas, além da introdução de certificações ambientais para demonstração dos benefícios de produtos. De acordo com o presidente da Saint-Gobain, Thierry Fournier, os compromissos do Grupo refletem a nossa determinação em garantir um crescimento sustentável das atividades da empresa e ao mesmo tempo preservando o meio ambiente. “A redução das nossas emissões de CO2 e de consumo energético em toda a cadeia produtiva e de fornecimento é um desafio e já estamos atuando neste sentido há vários anos. Para isso, contamos com os esforços de todos os nossos negócios. Até 2025, a Saint-Gobain pretende reduzir em 15% o seu consumo de energia e 20% suas emissões totais de CO2, além de diminuir em até 80% os rejeitos de água industriais nos próximos dez anos. O Grupo também defende a criação de um preço do carbono como um incentivo para a redução das emissões”. Segundo Fournier, a COP21 foi um evento chave para o desenvolvimento futuro do nosso planeta e para as gerações futuras. “Foi primordial para a Saint-Gobain participar dos debates e trabalhos internacionais, que aconteceram nesta ocasião, para marcar a nossa mobilização na luta contra o aquecimento global”.

Compromissos da Saint-Gobain •Promover a preservação e disponibilidade dos recursos naturais; •Reduzir em 50% a quantidade de resíduos não recuperados e dos recursos naturais até 2025; •Redução de 80% da descarga de água até 2025; •Reduzir em 15% o consumo de energia nas atividades da empresa até 2025; •Reduzir em 20% as emissões totais de CO2 nas atividades industriais, transporte, infraestrutura, produtos e serviços da companhia até 2025; •Reduzir em 75% o consumo de energia e emissões de gases efeito estufa em seus edifícios terciários até 2040; •Aumentar o número de projetos R&D e investimentos visando à redução do impacto ambiental em seus processos e soluções; •Promover a construção sustentável e responsável visando conservar energia e recursos naturais, proporcionando conforto e bem-estar; •Desenvolver soluções eficientes e inovadoras que contribuam para o aumento da eficiência energética e redução no impacto ambiental dos edifícios ao longo do seu ciclo de vida; •Investir em eficiência energética e treinamentos de habitat sustentáveis para profissionais e empresários; •Promover diálogo com stakeholders e participar no desenvolvimento de projetos regulatórios.

rev/gbc/br


políticas públicas

Empresas brasileiras participam da COP21 com metas importantes de prevenção às mudanças climáticas Ed Mazria, CEO do Architecture 2030, no Buildings Day

Ainda segundo Fournier, o primeiro acordo climático global para limitar o aquecimento do planeta traz oportunidades fortes para as empresas. Ele norteia as ações do que é fundamental para estruturar os esforços de cada um. Para ele, a Saint-Gobain está convencida que é possível garantir o crescimento econômico e ao mesmo tempo um desenvolvimento humano sustentável. “Hoje, o setor da construção representa mundialmente um terço das emissões de gases de efeito estufa e 40% do consumo global de energia. Todos os atores da construção civil, desde as políticas públicas até as construtoras, os fabricantes de materiais de construção ou ainda as entidades certificadoras têm uma responsabilidade importante para reduzir o impacto dos edifícios. Várias normas, regulamentações e certificações já estão a caminho, promovendo a sustentabilidade nos edifícios, bem como o bem-estar e conforto de seus ocupantes. A COP21 foi um verdadeiro marco para a conscientização da sociedade mundial para preservar o nosso planeta. Agora, todos nós temos que trabalhar para concretizar os compromissos firmados”.

revistagbcbrasil.com.br

Projeto de sustentabilidade é apresentado no encontro pela thyssenkrupp e Ecofrotas A thyssenkrupp e a Ecofrotas comemoram o resultado da implantação do Projeto Crédito de Carbono na frota de veículos da empresa para a redução da emissão de CO2. O projeto foi apresentado na conferência mundial de mundaças climáticas, a COP21 bem como seus resultados globais. O projeto, implantado em julho de 2014 conta com uma frota de 200 veículos, atualmente o combustível usado é de 100% etanol. A utilização do etanol na frota da empresa em São Paulo reduziu as emissões de gases de efeito estufa em 679 toneladas. Segundo Eurico Moser, Diretor de Sustentabilidade da aera de negócios Elevator Technology da thyssenkrupp para o Brasil, a meta da empresa é reduzir em 12% o consumo de combustível fóssil até 2020. “Hoje, 25% da frota da empresa já usa etanol como parte da nossa política de sustentabilidade”, afirma. De acordo com o Programa Brasileiro GHG Protocol, a emissão de gás carbônico proveniente da queima do etanol nos motores dos automóveis é considerada neutra, uma vez que a cana-de-açúcar absorve o poluente no processo de fotossíntese. “Com isso, empresas que priorizam o biocombustível no abastecimento de suas frotas reduzem a emissão de poluentes e podem obter créditos de carbono”, explica Amanda Kardosh, gerente de Sustentabilidade da Ecofrotas e que está na COP 21 apresentando os resultados globais do projeto.

Redução das emissões de CO2 e aceleração da adoção de soluções para economia de energia são compromissos assumidos pela Danfoss na COP21 O presidente e CEO da Danfoss, Niels B. Christiansen, participa dos maiores eventos paralelos à COP21, abordando temas como a aceleração de medidas de eficiência energética e sua contribuição na redução de emissões de CO2. Além da conferência do clima, em Paris, Niels participou de discussões nos maiores eventos secundários, tais como o Fórum de Inovação Sustentável do PNUMA, em 7 de dezembro, bem como no evento Energy of Tomorrow do New York Times, no dia 8 de dezembro. "Quando se trata de combater as alterações climáticas, as soluções inovadoras e tecnológicas de que precisamos já estão prontas - tecnologias que nos permitem poupar energia e descarbonizar a produção de energia de forma econômica, aqui e agora. Isso é motivo para otimismo. No entanto, é preciso acelerar a sua adoção por meio de um forte acordo climático global e uma maior colaboração entre os setores público e privado para fornecer e financiar as melhores soluções”, explica o presidente e CEO da Danfoss Niels B. Christiansen. Antes da COP 21, a Danfoss também uniu forças com o Fórum Econômico Mundial, às iniciativas das Nações Unidas e outras empresas internacionais para se comprometer e estimular a ação climática concreta. A meta de clima da Danfoss é reduzir pela metade o seu próprio consumo de energia até 2030 e emitir metade do CO2 a partir da energia que utiliza.

dez/15-jan/16

67


políticas públicas

IPTU Verde: Cidadania e sustentabilidade Desconto no IPTU, como ferramenta importante para o engajamento sustentável nas construções na cidade de São Paulo, pode chegar a 12%

M

uito se discute sobre medidas, estratégias e ações favoráveis para a preservação do meio ambiente, bem como o desenvolvimento social e econômico das cidades. A insistência e o engajamento das organizações sustentáveis, associações e empresas privadas do Brasil, que trilham o caminho rumo a um futuro sustentável, tem trazido resultados significativos e influenciando positivamente as ações municipais. É possível comprovar estas influências com a apresentação do Projeto de Lei realizada pela prefeitura de São Paulo à Câmara dos Vereadores. O projeto de Lei institui incentivo fiscal para construções novas e existentes, dentro das tipologias residencial e comercial verticais, com características ambientalmente corretas, o PL 568/2015, criado em outubro de 2015 em São Paulo, denominado IPTU Verde. O incentivo será administrado pela Secretaria Municipal de Finanças e Desenvolvimento Econômico, com o objetivo de incentivar construções sustentáveis, mediante a adoção de práticas que contemplem técnicas voltadas à redução de consumo de recursos naturais e de impactos ambientais no Município de São Paulo. Tais medidas atendem ao artigo 195 do Plano Diretor Estratégico Municipal, de julho de 2014. Certificações ambientais como o LEED, são grandes incentivadoras de políticas públicas como o IPTU Verde. À medida que este

68

dez/15-jan/16

movimento sustentável avança na busca por construções verdes, promovendo a conscientização através de pesquisas, estudos ambientais, engajamento e parcerias, é possível vislumbrar as reais necessidades ambientais, sociais e econômicas das cidades e também do país. Neste sentido, o IPTU verde virá como mais uma ação de valor que contribui para o contínuo empenho em construir cada vez melhor, mais eficiente e sustentável. O incentivo fiscal prevê descontos de 4%, 8% e 12% no IPTU (Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana), de acordo com o nível de certificação do empreendimento. São três os níveis de certificação, o nível I prevê desconto de até 4% sobre o IPTU, o nível II, os descontos vão de acima de 4% até 8%, já no nível III, os descontos de acima de 8% até 12%. Para obtenção dos descontos serão consideradas medidas de sustentabilidade ambiental e técnicas construtivas, tais como, maior eficiência na utilização dos recursos naturais; ampliação da área permeável; gerenciamento de resíduos sólidos; controle de emissão de gases poluentes; utilização de materiais sustentáveis; e uso de inovações que promovam a preservação dos recursos naturais. Os critérios para definição da pontuação técnica são baseados nos parâmetros estabelecidos no Plano Diretor, na Lei de Uso e Ocupação de Solo, no Código de Obras e Edificações e no Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da cidade de São Paulo. De acordo com artigo 6° do Projeto de Lei,

qualquer instituição pública ou privada, que atue em território nacional, e de credibilidade técnico-científica reconhecida, poderá analisar se o imóvel, construído ou reformado, possui qualidades ambientais que contribuem para a sustentabilidade, atestando o melhor desempenho ambiental e assim, requerer a certificação ambiental nos três níveis de certificação. As organizações certificadoras deverão fornecer a relação dos certificados emitidos para as edificações beneficiadas pelo IPTU Verde, bem como as demais informações necessárias à comprovação das estratégias adotadas. Para os fins de enquadramento da Certificação, será exigida equivalência dos requisitos de eficiência energética da certificação do empreendimento aos critérios de desempenho conferidos, no mínimo, pela Etiqueta B do Programa Brasileiro de Etiquetagem - PBE Edifica, conforme os parâmetros de desempenho energético das edificações presentes no Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ-C) e no Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edificações Residenciais (RTQ-R), do Programa Brasileiro de Etiquetagem - PBE Edifica, ou nos regulamentos que os substituírem. A adoção de incentivos fiscais alinhados à preservação ambiental são estratégias já desenvolvidas em diversas cidades no Brasil. Estas iniciativas já são pautas na agenda de

rev/gbc/br


políticas públicas

Sempre a melhor solução em Clima1zação nos empreendimentos Sustentáveis

55 cidades brasileiras como, por exemplo, em São Bernardo do Campo, onde desde 2008, o desconto contempla edificações que contenham coberturas verdes. Desde 2012, também foi instituído desconto para construções que incentivam a economia e reuso de água, mitigação de fatores que causam enchentes, medidas para eficiência energética, coleta seletiva, redução de ilhas de calor e emissões de gases efeito estufa. Em 2010, a prefeitura de Guarulhos também adotou medidas de incentivos fiscais no IPTU, concedendo desconto de 5% a 20% para imóveis que possuam estratégias sustentáveis como implantação de áreas verdes, coleta seletiva, sistemas para captação e reuso da água da chuva, sistema de aquecimento hidráulico solar e sistema solar elétrico, uso de energia passiva, energia eólica, materiais sustentáveis e telhados verdes. Também em 2015, a cidade de Salvador passou a conceder descontos de até 10% no IPTU para edifícios residenciais, comerciais, mistos ou institucionais que adotem práticas sustentáveis. Outros exemplos ações como esta também são encontradas em outras regiões do país como nas cidades de Curitiba, Porto Alegre, Goiânia e Cuiabá, entre outras. O IPTU Verde também é uma solução adotada mundialmente em cidades como Berlim na Alemanha; Dublin na Irlanda; Helsinque, capital finlandesa; Medellín e Bogotá, ambas na Colômbia, são exemplos desta preocupação com um futuro mais sustentável.

revistagbcbrasil.com.br

A BMS é uma empresa de Engenharia com experiência em instalações, manutenções de HVAC e automação com cerAficação LEED, mantendo como principio básico a missão de prestar serviços de qualidade a preço justo, com o compromisso de ter parceiros, não só clientes agregando confiabilidade e segurança entre as partes. Obras; •  Sistema de ar condicionado Apo expansão direta e indireta para conforto e aplicações especificas (Industrias, Hospitais, Hotéis, Laboratórios, Hipermercados, Shoppings e EdiQcios CorporaAvos). •  Sistema de Exaustão, VenAlação e Extração de fumaça. •  Retrofit de Sistemas. •  Automação Predial. •  Detecção de alarme de incêndio, cabeamento estruturado, controle de acesso, sistema de CFTV. •  A BMS conta com sua própria estrutura para fabricação de dutos e painéis.

Algumas Obras:

Con1nental Pneus -­‐ BA

LED -­‐ Barra Funda -­‐ SP

Tel.: (11)3783-­‐8600 www.bmsar.com.br

Hotel – Botafogo -­‐ RJ

dez/15-jan/16

69


MATERIAIS & TECNOLOGIA Cris Gouvêa

ES

CURIOSIDAD

crigouvea@hotmail.com 55 11 99222-9320

Aedes aegypti

55 11 3565-0400 R. Pelotas 163 - Casa 2 Vila Mariana - 04012-000 SP - Brasil www.telhadoscriativos.com.br www.telhadoscriativos.blogspot.com.br

POR QUE SÓ A FÊMEA PICA... A fêmea precisa de sangue para a produção de ovos. Tanto o macho quanto a fêmea se alimentam de substâncias que contêm açúcar, mas como o macho não produz ovos, não necessita de sangue.

Mais preservação, saúde e dinheiro. Menos pragas e produtos químicos Huggo de Lucca, diretor Executivo, Biópolis Aumento populacional, ocupações desordenadas e a carência de políticas de controle ambiental urbano permitiram que diversas espécies sinantrópicas (que vivem em contato com o homem) habitassem as grandes cidades. O Aedes aegypti, considerado uma das espécies de mosquito mais difundidas no Planeta pela Agência Europeia para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC), tem gerado grande temor as autoridades de saúde pública Brasileiras e exemplifica bem a importância de tratar o tema pragas urbanas com seriedade, conhecimento e responsabilidade. Uma determinada espécie da fauna sinantrópica pode ser considerada praga urbana quando sua presença gerar algum prejuízo econômico, social ou até estético. Logo, entende-se que a classificação praga urbana é situacional e uma mesma espécie pode ser considerada praga urbana em um contexto, mas não em outro. As populações de baratas e ratos por exemplo, cumprem um papel importante na decomposição de resíduos. No entanto, a OMS já catalogou cerca de 200 doenças transmitidas pelos ratos

70

dez/15-jan/16

de esgoto destacando-se a leptospirose, tifo, peste bubônica, febre hemorrágica, salmonelose, sarnas e micoses. As baratas de esgoto (Periplaneta americana)são transmissoras de uma série de doenças, podendo abrigar bactérias de diferentes gêneros, protozoários causadores de toxoplasmose e antígeno de hepatite B, além de alergias e asma. Sua presença ainda atrai seus predadores, os escorpiões amarelos (Tityus serrulatus), que apresentam taxa de crescimento de 25% ao ano e podem gerar sérios acidentes. Já os cupins, muito associados às perdas estruturais em edificações antigas, são fundamentais para decomposição de celulose, aeração, drenagem e ciclagem de nutrientes do solo. A presença de pragas urbanas é multifatorial, sendo influenciada por: padrões de construção, presença de água, abrigo, alimento e acesso, acondicionamento e frequência da retirada de lixo, segmento de atuação, entorno, dinâmica das infestações, dentre outros. Uma vez esgotados esses fatores, faz-se necessário o uso de biocidas (domissanitários).

rev/gbc/br


certificações

Os compostos com atividade biocida são, em graus variáveis, tóxicos para diversos organismos, exigindo para seu uso o cumprimento de normas e medidas que reduzam os efeitos prejudiciais. Sua manipulação deve ocorrer por instituições legalizadas e somente quando registrados no Ministério da Saúde. O serviço prestado por empresas de controle de pragas consiste na redução da probabilidade de ocorrência das pragas urbanas, não sendo possível o uso de conceitos como extermínio ou erradicação de espécies. Um dado alarmante registrado pelo Centro de Vigilância Sanitária do estado de São Paulo é que das 1.276 empresas que atuam no estado, apenas 120 possuem licença de funcionamento. Ou seja, mais de 90% está na informalidade. Como podemos observar, a questão de pragas urbanas deve ser tratada de forma séria e preventiva para obtermos ganhos no âmbito da saúde pública e da economia.

Huggo de Lucca é diretor Executivo da Biópolis – Eco Controle de Pragas Urbanas, administrador pelo Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) e especialista em Economia pela FGV.

Biópolis Unid. Pesquisa: Av. Professor Lineu Prestes, 2242 Cidade Universitária - São Paulo/SP Sede: Rua Amaro Guerra, 231 Chácara Santo Antônio - São Paulo/SP Tels.: (11) 2925 5047 contato@biopolis.com.br www.biopolis.com.br

revistagbcbrasil.com.br

SANITRIT:

Solução para banheiros em qualquer local Instalar novos banheiros em uma construção existente nem sempre e uma tarefa fácil, em especial quando o ramal de esgoto está acima ou longe do ponto desejado. Mas a solução SANITRIT pode resolver o problema em apenas um dia, sem grandes obras. O sistema consiste em uma bomba alojada em um reservatório que recolhe e tritura os residuos do banheiro e os conduz ao sistema de esgoto existente por um tubo de 32 mm por até 5 metros na vertical ou 100 metros na horizontal. Fácil de esconder dentro de uma parede, o sistema antigravitacional de evacuação de esgoto da SANITRIT é a solução ideal para instalar banheiros em qualquer sala corporativa sem necessidade de quebrar o piso. Sanitrit é silencioso (50 dB). A alimentação do motor de 0,5 CV é feita em 220 V. Não há emissão de odor, devido ao revestimento com filtro de carvão ativado. O sistema pode ser montado na maioria das bacias sanitárias comercializadas no mercado, desde que tenham saída horizontal. Como os resíduos são liquefeitos, os tu-

bos podem ser de pequeno diâmetro (32 mm), permitindo a instalação dentro de paredes, do forro ou do piso elevado. Segundo Xavier Desrousseaux, Diretor da Sanitrit Brasil, o sistema tem resolvido problemas até mesmo em obras novas, recém-entregues pela construtora. Foi o que aconteceu na nova sede da Advocacia Felsberg, em São Paulo. O diretor do escritório havia solicitado um banheiro ao lado de sua sala, mas a canalização principal de esgoto ficava longe. “A solução foi o triturador sanitário da Sanitrit. O projeto foi realizado em tempo recorde, sem desperdício de materiais e com menor mão de obra”. O sistema Sanitrit foi desenvolvido na França há mais de 58 anos. Hoje são 8 milhões de sistemas instalados no mundo.

Sanitrit Tel: +55 (11) 3052-2292 www.sanitrit.com.br

dez/15-jan/16

71


MATERIAIS & TECNOLOGIA

POUPALUZ Eco Smart® Ecologicamente correto, economicamente viável

72

A finalidade do sistema POUPALUZ ECO SMART® é melhorar a qualidade da energia elétrica da rede onde está instalado, reduzindo os efeitos causados por distorção de frequência, surtos de tensão e corrente, ruídos de qualquer espécie que circulem pela rede, inclusive redução de transients gerados pelas cargas e comutações de potência proporcionalmente elevada.

Economia de 5% a 43% no consumo de energia elétrica para residência, comércio e indústrias

A redução destes fenômenos proporcionarão os seguintes benefícios - Maior eficiência energática; - Melhoria da qualidade de energia consumida; - Redução do consume em kWh/mês na Ponta e Fora de Ponta; - Maior proteção e aumento da vida útil de motores, lâmpadas, sistemas eletrônicos, CI’s, placas eletrônicas, etc; - Grande atenuação de picos de tensão e corrente que podem eliminar as causas indesejadas dos distúrbios de energia; - Redução de aquecimentos anormais nos sistemas de potência e desarmamentos de disjuntores sem motivos aparentes, causados por correntes parasitas.

A instalação do dispositivo POUPALUZ ECO SMART® não conflita com as normas em vigor junto às concessionárias de energia elétrica, artigo 8 e 9 da portaria ANEEL n° 466 de 12/11/97 e resolução n° 456 de 29/11/2000, atendendo as normas de instalação NBR 5410 e IEC 6143-1.

dez/15-jan/16

LAVA RODAS:

A Solução Sustentável, Produtiva e Inovadora, que estava faltando em sua obra! Até 95% de Reaproveitamento de Água, Móvel e Totalmente Automático Fabricado pela TECHNOSS EQUIPAMENTOS, o equipamento Lava Rodas traz, em seu conceito, a Sustentabilidade na limpeza de veículos em diversos segmentos, entre eles, a construção civil. Como diferencial na parceria, oferecemos a opção de aquisição ou locação.

Sustentabilidade e Produtividade Sempre buscando o que há de melhor em tecnologia na fabricação dos seus equipamentos a TECHNOSS oferece sistemas totalmente inovadores com foco em economia, produtividade e sustentabilidade. Permitindo o reaproveitamento de água em suas lavagens de até 95% e capacidade de até 1.200 veículos por dia e tem seu tempo médio de lavagens em apenas 60 segundos por veículo.

rev/gbc/br


certificações

ERRATA: Anuário GBC Brasil 2015 Pág 167:

Pág 203:

Obra:

Obra:

Paço das Águas

Estádio Governador Magalhães Pinto

Cliente:

Cliente:

C. Rolim Engenharia

DEOP-MG

Localização:

Localização:

Fortaleza, CE

Av. Antônio Abrahão Caram, 1001

Área do terreno:

Belo Horizonte - MG

2.822,06m²

Área construída:

Área construída:

42.500 m² (estádio)

19.952,40m²

Projeto (data):

Projeto (data):

2011

2009

Conclusão da obra:

Conclusão da obra:

2012

2013

Certificação:

Certificação:

27/06/2014

25/04/2014

Sistema e Nível da Certificação:

Sistema e Nível da Certificação:

LEED NC Platinum

LEED CS v2009 Certified

Arquitetura:

Arquitetura:

BCMF Arquitetos

Nasser Hissa Arquitetos Associados

Construção:

Construção:

Consórcio Minas Arena S.A. (Constru-

C. Rolim Engenharia

cap, Egesa e Hap)

Mobilidade

Consultoria LEED:

Consultoria LEED:

Tendo em vista que o mercado de construção civil exige flexibilidade e mobilidade durante sua execução, no quesito mobilidade somos especialistas, realizando montagem de sistema padrão em apenas 1 dia, bem como sua troca de local dentro do empreendimento ou empresa.

C. Rolim Engenharia

CTE

Comission. e Simulação Energética:

Comissionamento:

Novva Solutions

W&R Lenzi

Gerenciamento:

Estrutura de Concreto e Metálica:

C. Rolim Engenharia

Engserj

Estrutura de Concreto:

Estrutura de Concreto Pré Moldado:

Atendimento Nacional

Hepta – Engenharia Estrutural

Precon / Premo

Atualmente atendemos todo território brasileiro e nos próximos meses estaremos atendendo grande parte da América Latina através de exportações.

Fundações e contenções:

Automação e Sonorização:

TECNORD

MHA

Luminotécnica:

Elétrica, Acústica e Alarme:

Arq. Pedro Portela Lima

MHA

Elétrica e Hidráulica:

Hidráulica, Prev. e Comb. a Incêndio:

Nohva Engenharia

STE Engenharia

Prevenção e Combate a Incêndio:

Ar Condicionado:

Áreas de Aplicação

• • • • • • • •

Construção Civil Mineração Usinas Terraplanagem Alimentícias Pedreiras e Portos Logística Industrial e outras.

Nohva Engenharia

Ar Condicionado: Newton Maranhão

Interiores: Marcos Vinício Monteiro de Paula

Paisagismo:

Technoss Equipamentos e Serviços Fale Conosco: (15) 3266-1015 atendimento@technoss.com.br www.lavarodas.com.br

revistagbcbrasil.com.br

Benedito Abbud

Conset Engenharia de Projetos

Luminotécnica: Arquitetura e Luz

Paisagismo e Supressão Vegetal: HS Jardinagem

Sistema Viário: Tectran / Modelle

Terraplenagem: Tempro

Topografia: Gerais Topografia

dez/15-jan/16

73


opinião

Primeira casa do futuro feita por crowdsourcing

A

Enel apresentou em setembro de 2015, na Expo Milão 2015, o projeto arquitetônico da casa do futuro que a empresa vai começar a construir no Brasil antes do final de 2015, como parte do projeto NO.V.A. (Nós Vivemos o Amanhã). Esta é a primeira vez que uma iniciativa de crowdsourcing foi usada para ajudar a construir uma casa do futuro, com ideias coletadas através do site www.nosvivemosoamanha.com.br. A construção da casa deve terminar antes dos Jogos Olímpicos do Rio em 2016. Uma vez concluída, será a primeira casa do futuro no mundo que funcionará como um “living lab”, onde as pessoas vão cooperar com o projeto, vivendo no local e testando diariamente as soluções inovadoras. As tecnologias e seu impactos na vida cotidiana e nos hábitos de consumo dos moradores serão constantemente monitorados, com o objetivo de aprimorar as soluções oferecidas pelo projeto. “Precisamos entender como será a relação dos nossos clientes com o consumo de energia no futuro. Por isso, estamos adotando um enfoque em inovação aberta para um entendimento sobre o consumo inteligente”, ressalta o responsável pela Enel Brasil, Marcelo Llévenes. “Este laboratório vivo é prova do compromisso da Enel com a inovação centrada no cliente e o diálogo permanente com seus stakeholders. Vamos usar as respostas de quem for morar na casa para aprender mais sobre como as tecnologias inovadoras disponíveis atualmente podem ser usadas para servir às pessoas. Nós também teremos a oportunidade de testar soluções que ainda não estão no mercado. Este é um projeto muito emocionante”. Desde novembro de 2014, pessoas de todo o mundo usaram a plataforma online do NO.V.A, para discutir como deveria ser a casa do futuro. Foram cerca de 200 mil acessos de 106 países. 23 mil visi-

74

dez/15-jan/16

Jeann Vieira, LEED AP Diretor da ETRIA

tantes únicos interagiram com a plataforma compartilhando ideias e informações, e quatro mil ideias cadastradas foram avaliadas por um comitê técnico. As melhores ideias foram incorporadas ao design, após a avaliação do comitê. O projeto arquitetônico da casa foi desenvolvido no Brasil pelo escritório de arquitetura Studio Arthur Casas, que produziu projetos aclamados em todo o mundo, incluindo o Pavilhão do Brasil na Expo Milão 2015. "Este projeto nos deu a incrível oportunidade de projetar uma casa que gera mais energia do que consome”, disse o arquiteto da Arthur Casas. "Também nos fez reavaliar espaços domésticos em linha com as necessidades impostas pela sociedade moderna”. Uma característica importante da casa é que ela pode tomar decisões por si só. Um conjunto de sensores e equipamentos de controle remoto, por exemplo, permitirá que as janelas se fechem quando a chuva se aproxima ou, ainda, que os bombeiros sejam alertados se o sistema detectar um princípio de incêndio. A casa também terá aparelhos de controle remoto inteligentes, que poderão decidir os melhores momentos do dia para serem usados, tornando o uso de energia mais eficiente. A casa será autossuficiente em energia e funcionará como uma microrrede, produzindo cerca de 105% de sua demanda graças à energia solar gerada por painéis instalados no telhado. A energia excedente poderá ser armazenada em baterias de alta capacidade ou transferida para a rede de distribuição local, aumentando a produção e o consumo de energia limpa. A construção vai reduzir em até 85% o volume de resíduos e em 80% a emissão de carbono em comparação com uma casa convencional do mesmo tamanho (cerca de 375 m²). O projeto também vai usar materiais inovadores, como madeira com alta capacidade de

rev/gbc/br


opinião

“A implementação da certificação Living Building Challenge (LBC) será um marco para a construção sustentável no Brasil, assim como foi a primeira certificação LEED em 2004. Este projeto irá elevar o nível e às expectativas dos projetos que virão depois, além de produzir e transmitir know-how para as equipes envolvidas, que por sua vez irão difundi-los no mercado. Além do LBC, o projeto mostra todo o seu comprometimento com o desempenho energético e ambiental ao implementar todos os sistemas de certificação de destaque no Brasil, como o PBE Edifica (Inmetro), Referencial GBC Brasil Casa (GBC Brasil) e AQUA (Fundação Vanzolini). Estamos muito felizes em poder prestar consultoria em todos estes processos”

Jeann Vieira, diretor da ETRIA, empresa responsável pela consultoria ambiental.

isolamento térmico e tintas antichamas com capacidade de isolamento acústico. A estrutura da casa será formada por módulos pré-fabricados, que reduzem o tempo de construção e o uso de água e de materiais convencionais, como argamassas, mais agressivos ao meio ambiente. As tecnologias planejadas para equipar a casa refletem o pioneirismo do projeto: • A casa será autossuficiente no uso de água. A captação de água da chuva reduzirá o risco de inundações. Todos os efluentes, incluindo esgoto, serão tratados e reutilizados; • Equipamentos inteligentes medirão o consumo de água, energia e gás em tempo real; • A casa será integrada com dispositivos de monitoramento de saúde dos moradores; • Janelas feitas com vidros autolimpantes vão escurecer ou clarear de acordo com a claridade do sol; • Piso usará passos para gerar energia; • Sistema de refrigeração inteligente evitará o uso de ar-condicionado; • Bancadas interativas serão equipadas com acesso à internet; • TVs transparentes serão instaladas; • Um biodigestor produzirá gás, a partir de resíduos orgânicos, para ser usado na cozinha. A casa também terá uma horta orgânica, que cobrirá uma área de até 1.000 m², para produção de alimentos. Além disso, o projeto foi desenhado para que não seja necessário o uso de energia elétrica durante o dia. O NO.V.A. também está aberto a outros possíveis parceiros, que poderão testar novos produtos e serviços. A Prátil, empresa da Enel Brasil que atua em geração distribuída, testará na casa soluções

revistagbcbrasil.com.br

inovadoras para geração distribuída e sistemas de armazenamento, assim como soluções em eficiência energética. Esta segunda fase do projeto, após o lançamento da plataforma do NO.VA em novembro de 2014, será coordenada pela distribuidora de energia elétrica Ampla, subsidiária do grupo Enel no Brasil que é responsável pelo projeto NO.V.A., e por duas instituições de ensino parceiras: a Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A casa do futuro da Enel Brasil também será a primeira construção na América do Sul a concorrer à certificação Living Building Challenge (LBC), selo internacional com padrão de desempenho rigoroso que certifica edificações de todas as escalas que operam de forma limpa e responsável com o meio ambiente. A Enel Brasil, subsidiária do grupo Enel, tem sede em Niterói (RJ) e operações em quatro estados do país: Rio de Janeiro, Ceará, Rio Grande do Sul e Goiás. O grupo atua em distribuição de energia por meio das distribuidoras Ampla (RJ) e Coelce (CE), em geração pelas geradoras Endesa Fortaleza (CE) e Endesa Cachoeira (GO), em transmissão através da Endesa Cien (RS) e serviços por meio da Prátil.

dez/15-jan/16

75


opinião

Ar comprimido: o sopro que a indústria precisa

Fabio M. Narahara Diretor de Marketing para América Latina do grupo Ingersoll Rand

Desde o século 19, a energia proveniente do ar vem transformando os métodos de produção e tem se tornado cada vez mais presente e indispensável onde não pode haver contaminação

P

ense rápido! Depois da água e da energia elétrica qual o elemento presente na maior parte dos processos de produção? Muito provavelmente você responderá errado. Trata-se do ar comprimido, também conhecido de energia proveniente do ar, um recurso pouco lembrado, mas que é responsável por movimentar as principais ferramentas e máquinas industriais, tornando-se um diferencial competitivo na produção e na logística mundiais. É no setor alimentício e farmacêutico, porém, que o ar comprimido isento de óleo torna-se um componente indispensável. Por meio de tecnologias e sistemas adequados é possível gerar ar comprimido de alta qualidade e eliminar quaisquer riscos de contaminação na produção de alimentos. O ar comprimido isento de óleo também impede qualquer contaminação durante seu uso em gabinetes odontológicos, químicos e outros processos altamente críticos. Não é por acaso que a utilização do ar comprimido vem ganhando destaque desde a Revolução Industrial, já na segunda metade do século 19, quando foram fundadas as primeiras indústrias dedicadas à produção de compressores. A ideia de utilizar o ar surgiu pela primeira vez em 1861, com foco na perfuração de rochas. E em 1904 já era utilizado por Simon Ingersoll (1818-1894) na construção do Canal do Panamá. Ainda hoje, o ar comprimido segue ocupando lugar de destaque na indústria pesada, sendo fundamental na movimentação das grandes máquinas da construção civil, aviação, navegação, siderurgia, exploração mineral, escavação, prospecção mineral, e outros. Contudo, seu grande destaque diz respeito ao nosso cotidiano, já que seu uso também está presente de diversas formas: em consultórios odontológicos, em uma britadeira, ou em aberturas e fechamento de portas de trens e metrôs, por exemplo. No entanto, o que muita gente não percebe é que no dia a dia indus-

76

dez/15-jan/16

trial, o ar comprimido tem exercido papel essencial de complementar, ou até mesmo substituir, a energia elétrica. Com isso, sua utilização pode fazer parte de uma política energética das companhias que procuram atingir metas de redução em tempos de crise. Pois, como sabemos, a energia é um dos custos mais elevados para o processo de produção e o setor industrial responde por até 40% de toda a energia consumida no Brasil. O investimento em ar comprimido é uma grande vantagem para o processo industrial, sobretudo pelas facilidades de sua obtenção. A começar pela baixa densidade dos gases, o que permite ser substancialmente comprimido e gerando energia, diferentemente dos líquidos. Além disso, essa energia não apenas está entre as mais importantes, como também podemos produzi-la em quantidade expressiva, por meio de compressores de ar, e ainda, reduzir seu volume para empregá-lo de forma eficiente na produção. Não bastando sua vasta utilização na produção industrial gerando energia, o ar comprimido ainda auxilia em operações em que se precisa de força e destreza, como nas plataformas de petróleo e sondas de navios, além de fornecer pressão para máquinas de limpeza, pintura e pulverização. Já na logística industrial é empregado no transporte de toneladas de pó e grãos rapidamente de um lugar ao outro, ao mesmo tempo em que é responsável pelo deslocamento de objetos e componentes muito pequenos, como partículas sólidas, micro-organismos e vapor d’água. Resgatar a história da utilização do ar comprimido é necessário para entender sua importância na indústria. Uma das líderes em sistemas de ar comprimido, a Ingersoll Rand – faz parte dessa trajetória, desenvolvendo compressores desde o século 19. Está empenhada há 144 anos em soluções de ar comprimido para as mais variadas aplicações e usuais da energia do ar, com a missão de garantir maior eficiência e produtividade sustentável à indústria brasileira.

rev/gbc/br


Líder em consultoria green building e soluções sustentáveis no mercado. KNOW-HOW TÉCNICO PARA A REDUÇÃO DE CUSTOS E AUMENTO DA PERFORMANCE DAS EDIFICAÇÕES.

CONSULTORIA EM EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Adoção das melhores estratégias e tecnologias para redução do consumo e custos de energia e garantia de sua disponibilidade. Orientações baseadas em simulações computacionais avançadas e auditorias de energia.

CONSULTORIA EM OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO PREDIAL Adoção das melhores práticas de gestão e orientações para o pleno uso das modernas tecnologias disponíveis, garantindo o aumento da performance da edificação durante seu uso, o desempenho energético, a redução do consumo de água e dos custos operacionais.

O CTE trabalha com diferentes tipologias de empreendimentos, aplica as mais avançadas tecnologias e possui uma equipe altamente especializada para atender aos seus clientes.

Conheça mais produtos www.cte.com.br


Cursos GBC Brasil gbcbrasil.org.br

Janeiro Referencial GBC Brasil Casa®

Rio de Janeiro - 26 e 27/01

LEED EB_OM

Operação e Manutenção de Edifícios Existentes

São Paulo - 27 e 28/01

Como se tornar um LEED GA (Green Associate)

São Paulo - 28 e 29/01

Parceria:

Fevereiro LEED NC e CS

Projeto Integrado

Novas Construções e Envoltória

LEED v4 e Referencial GBC Brasil Casa®

Rio de Janeiro - 23 e 24/02

São Paulo - 23 e 24/02

Paisagismo Sustentável para Telhados e Paredes Verdes

São Paulo - 25 e 26/02

Energias Renováveis em Edifícios Sustentáveis

São Paulo - 26/02

Parceria:

Termos certeza que nossa parceria com o GBC Brasil, instituição com notório saber em sustentabilidade, contribuirá para que o Secovi Rio atinja seu objetivo estratégico de tornar o mercado imobiliário do RJ o mais sustentável possível. Pedro Wähmann - Presidente do Secovi Rio


CONCRETE SHOW 2016: JUNTOS, CONSTRUÍMOS MAIS SUCESSO

Invista no sucesso da sua empresa: reserve já seu espaço no Concrete Show 2016 e garanta mais negócios, parcerias e novos clientes na sua carteira. Seus principais clientes e prospects em um único local Mais de 25.000 profissionais do ramo com alto poder de decisão Sua empresa entre os maiores players do mercado E na 10ª edição do evento, tudo ficou melhor para seus negócios: ele será realizado no mais moderno centro de exposições da América Latina, com novas salas para congressos e eventos especiais e estacionamento com 4.500 vagas cobertas para maior conforto e comodidade da sua empresa e dos seus clientes.

5e

+55 11 4878 5990 contato@concreteshow.com.br concreteshow.com.br

GARANTA JÁ O SEU ESPAÇO


PEÇA PELO NOME N AT U R A L , B E L A E FUNCIONAL A Coleção Aitá combina o melhor desempenho da madeira ecológica e o requinte da textura amadeirada MADEPLAST, com nanotecnologia na fórmula. Indicada para aplicações de alto desempenho, como deck elevado, deck em áreas de grande circulação, píer e spa.

Projeto: Mário Siqueira Campos Foto: Felipe Rosa

Acesse madeplast.com.br e descubra todas as vantagens

DECK . PERGOLADO . FACHADA . PIER . PASSARELA


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.