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e-vilacondense 010 MARÇO / ABRIL 2014

E-VILACONDENSE 1º Aniversário "UM OLHAR SOBRE VILA DO CONDE" POR ALEXANDRE MAIA HÉLDER GUIMARÃES MÓNICA SOUSA


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CAPA Fotografia de Rui Jorge Viana Lopes Título Empedrada Local Rua da Costa Dezembro 2013

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ilacondense

DÊ VISIBILIDADE À SUA EMPRESA Anuncie no Portal Vilacondense WWW.VILACONDENSE.PT publicidade@vilacondense.pt


03 EDITORIAL OLHAR SOBRE VILA 05 UM DO CONDE Por Alexandre Maia

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FALANDO DE ARQUITETURA Por Eduadro Silva

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OLHAR SOBRE VILA 21 UM DO CONDE Por Hélder Guimarães

31 OLHAR SOBRE VILA 35 UM DO CONDE FOTOVILA “Janelas”

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Por Mónica Sousa DO CONDE PELA 41 VILA LENTE DE ... António Maia

51 E-VILACONDENSE 1º Aniversário DE 55 PERGUNTAS ALGIBEIRA “Le Chef” Jorge Maia DO ESPÓLIO 59 INVENTÁRIO DO MOSTEIRO DE SANTA

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CLARA Parte ViI POR CÁ 69 ACONTECEU Procissão do Senhor dos Passos

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Alexandre Maia Diretor e-vilacondense alexandre.maia@lexart.com.pt

Esta edição da e-vilacondense revela-se especial… É a edição de primeiro aniversário, estamos de parabéns! De facto, há pouco mais de um ano começou a aventura online da nossa revista por terras vilacondenses e, chegada esta data, é altura de balanços: a revista que começou por brincadeira, que pretendia ser apenas um complemento do Portal Vilacondense ganhou vida própria e já faz parte do quotidiano de muitos vilacondenses que, através da sua

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leitura, ficam a conhecer um pouco mais da sua cidade. Assim, nesta edição damos voz à equipa editorial da revista e-vilacondense que partilha o seu olhar, as recordações e vivências proporcionadas pela cidade de Vila do Conde. Aproveitamos ainda para relembrar as capas da revista ao longo deste primeiro ano. Apresentamos, nesta edição, uma nova rubrica, “Perguntas de Algibeira”, por Mónica Sousa que entrevista o chef Jorge Maia. Por


EDITORIAL

sua vez, o arquiteto Eduardo Silva, destaca o turismo em Vila do Conde e faz uma reflexão sobre os projetos para as duas novas unidades hoteleiras da cidade. Valquíria Costa e Mónica Sousa continuam a explorar o Mosteiro de Santa Clara com o seu costumado artigo sobre o espólio que se escondia dentro do mesmo há alguns anos atrás. Aconteceu por cá a procissão dos Passos, por isso mostramos uma seleção de imagens referentes à mesma, assim como fotografias

dos Passos de Vila do Conde. Damos ainda a conhecer mais um pouco da cidade pela lente de António Maia e aproveitamos para divulgar esta edição do Fotovila, desta vez subordinada ao tema “Janelas”; aproveite o bom tempo que a primavera anuncia, passeie pela sua cidade com a máquina fotográfica e deixe-se surpreender! Brevemente, a e-vilacondense ganhará um novo ânimo, já a partir da próxima edição! Não deixe de estar atento e, entretanto, usufrua da sua cidade!


UM O Falar de Vila do Conde para mim é recordar todos os bons momentos que esta Cidade me proporcionou: nasci, cresci e casei nesta terra à beira mar plantada. Começando pela minha infância, as recordações são vastas. Lembrome perfeitamente das festas de verão no jardim em frente à minha casa; começava com o São João, com os carrocéis estacionados praticamente em frente à janela do meu quarto, a perdição para qualquer criança, seguido da Feira de Artesanato, que tinha um lado fascinante para mim enquanto criança, que se reflectia em ver todos aqueles brinquedos, toda aquela imensidão de pessoas a percorrer os stands era realmente delicioso; no entanto, com os primeiros anos da adolescência, esse fascínio desapareceu, uma vez que a feira roubava o meu espaço das corridas de bicicleta com os meus primos, deixandonos apenas alguns dias no final do verão para usufruir do jardim. Mas há coisas que nos marcam para sempre, e uma delas aconteceu na minha infância: neve em Vila do Conde! Lembrome muito bem desse dia, estava na escola dos correios na sala da Professora Amélia, quando alguém gritou de repente “está a nevar”, e todos fomos a correr para a janela para ver a neve, escusado será dizer que nem 5 minutos tinham passado e já toda a turma estava no recreio a correr e a tentar fazer bolas de neve, foi um dia inesquecível, que vou recordando com as fotografias que o meu pai tirou nesse dia.

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OLHAR SOBRE VILA DO CONDE POR ALEXANDRE MAIA


Relembro com saudades os tempos passados nas colónias de férias dos salesianos, que se realizavam no interior do Mosteiro de Santa Clara, com o Padre António e o Padre Mendes. Ter estado dentro daquele edificio majestoso, quando ainda era utilizado como Casa de Correção de Jovens, e ver como se encontra atualmente é triste e incompreensível; é lamentável que um monumento daquela beleza e importância tenha sido votado ao abandono e destruição. Já na minha juventude, fui um dos poucos felizardos que teve a oportunidade de conhecer as maravilhas do nosso concelho. Tive a sorte de ter um pai que conhece o concelho como ninguém e de ter conhecido o Dr. Paulo Costa Pinto, que na altura me convidou para ingressar no seu projeto, tornandome administrador da Associação de

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Proteção do Património Arqueológico de Vila do Conde, e, anos mais tarde, o seu presidente. Com a companhia dos dois, percorri os recantos das freguesias do nosso concelho à procura de vestígios arqueológicos referidos em documentos antigos e esquecidos por muitos. Conhecer aqueles lugares e a história do nosso passado, ter tido a oportunidade de participar em escavações no Castro de São Paio e intervenções arqueológicas que ajudaram a preservar a nossa história no Castro de Bagunte e na mamoa de Vilar são experiências memoráveis, principalmente quando vemos um dos nossos achados exposto na Exposição Permanente do Museu de Vila Do Conde, sinal de que, de facto, contribuímos para a descoberta da história do nosso concelho!


Não foi só a arqueologia que me fez percorrer o nosso concelho; como repórter fotográfico do Jornal de Vila do Conde tive a oportunidade de conhecer as festas e romarias das nossas freguesias, e estar presente em muitos dos eventos únicos que ocorreram em Vila do Conde. Lembro-me como se fosse hoje, os dias em que estive no backstage do Festival da Juventude, lado a lado com alguns dos grandes artistas portugueses e internacionais, como o Jorge palma, os Silence 4, os The Weasel, os Mind da Gap e o grande o Gabriel O Pensador,

o grande rapper da altura. O desporto também teve um papel predominante no meu crescimento. Passei por todos os grandes clubes de Vila do Conde: Rio Ave, Ginásio, Fluvial e José Régio. Recordo sempre com saudade os tempos que passei na canoagem, enfrentando o Rio Ave (que coragem), e tendo como treinador um grande atleta português, o vilacondense José Garcia. No entanto, foi o basquetebol do Clube José Régio que me apaixonou, e foi a este clube que pertenci durante largos anos, até deixar a cidade para ir para a universidade, em Viana do Castelo.


Olhando para a cidade onde cresci, relembro o que desapareceu e que marcou a nossa cidade durante anos e que ficará para sempre na memória de todos os que viram e assistiram aos bota abaixo nos antigos estaleiros navais do mestre Samuel, que eram situados na atual marina. Passar naquela zona na altura era como olhar para gigantes, ver aquelas estruturas

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a ganhar forma e a cr trabalhadores pendura o cheiro maravilhoso d pairava no ar e a magia d a deslizar e a entrar n sensação que só os que o conseguem compree como as risadas quand não conseguia partir champanhe no casco do


rescer, com os ados a planar, da madeira que de ver os barcos no rio, ĂŠ uma o presenciaram ender, assim do a madrinha a garrafa de os barcos.


Adoro percorrer a nossa cidade, passear nas ruas e nas vielas, conhecer os recantos que esta esconde e as maravilhas que contem, embora muitas estejam ao abandono. Admirar o pôr do sol nas nossas praias é mágico, é algo que sempre me fascinou. Adoro calçar os meus patins e percorrer a marginal ao final da tarde, sentar no muro e ficar ali à espera daquele momento em que o sol mergulha no oceano. Andar a pé pela nossa cidade é cada vez mais, para mim, um momento relaxante e de prazer, principalmente com uma boa companhia, a minha mulher; adoramos passear pela zona ribeirinha nas noites quentes de verão, e ver os restaurantes apinhados de gente, sentar numa esplanada e simplesmente ficar ali a contemplar a paisagem e as pessoas a passar, enquadrados neste tão belo cenário que é Vila do Conde.

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“(...) O lugar onde o coração se esconde é o novo passado a ida pra o liceu Mas onde fica e como é que se chama a terra do crepúsculo de algodão em rama das muitas procissões dos contra-luz no bar da surpresa violenta desse sempre renovado mar? O lugar onde o coração se esconde e a mulher eterna tem a luz na fronte fica no norte e é Vila do Conde” Ruy Belo, Homem de Palavra[s], 1970




FALANDO DE ARQUITETURA POR EDUARDO SILVA Arquiteto na empresa 100 Planos eduardosilva@100planos.com

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A Palรกcio Hotel - 1930


A cidade de Vila do Conde está invariavelmente associada ao Turismo. Em primeiro lugar porque tem uma extensa frente marítima e como tal possui algumas das mais bonitas praias do Norte do país. Especialmente nos últimos anos, a autarquia, em parceria com as entidades governamentais, tem realizado diversas obras de requalificação e valorização de grande parte da Orla costeira, para não dizer toda. Exemplo disto é a frente urbana, reformulada ao abrigo do programa Polis, mas registamos também obras na Areia, em Mindelo ou Vila Chã, bem como as que estão a ser realizadas em Labruge. Em segundo lugar pela recuperação cuidada do património construído que, ao contrário de alguns concelhos vizinhos, optou por manter o traçado original dos seus edifícios e permitir capacidades construtivas relativamente baixas em zonas novas e de fronteira com o edificado existente. A recuperação dos edifícios mais marcantes e convertidos em museus, teatro, centro de juventude ou em

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espaços interpretativos pela autarquia acrescentam valor a toda uma malha urbana. Associado a este ponto temos o terceiro, que diz respeito ao espaço público e que preenche o espaço entre os edifícios. Pode parecer secundário, mas esta preocupação pelo que não é de ninguém, mas é de todos, faz com que a cidade ou o concelho sejam vividos. As pessoas sentem que a cidade é delas e não estão confinadas ao seu apartamento ou moradia. Desta forma e apesar de estarmos perante uma fórmula muitas vezes criticada e incompreendida temos hoje uma cidade que apetece visitar e descobrir. É neste contexto, breve, que ultimamente tenho lido as notícias de que Vila do Conde vai ter duas novas unidades hoteleiras, privadas ou de investimento privado. Mais um sinal de que o concelho tem realmente muito para oferecer e que há interesse em investir na área do turismo. Actualmente existem cerca de uma vintena de espaços para alojamento.


Reabertura Palácio Hotel - 1960

A primeira a vir à praça pública é a reconversão do “Palácio Hotel” ou “Palace Hotel” situado bem no centro da cidade. O edifício original, foi inaugurado em Julho de 1920, dispondo de 60 quartos, com capacidade para 200 hóspedes. Segundo escritos da época, foi necessário o trabalho de cerca de 700 homens durante sete meses para construir o Hotel. Posteriormente e após obras de beneficiação, foi reactivado em Maio de 1960, com o aspecto muito próximo ao que conhecemos hoje. Essas obras eliminaram as varandas e os azulejos exteriores, passando o edifício a ser caracterizado pelas suas linhas rectas, estilo muito próprio da época. Em 1969, por falta de gerente, encerrou provisoriamente. Voltou a ser reactivado com a vinda dos "retornados" das ex-colónias, em 1974, subsidiados pelo Instituto de Apoio aos Retornados Nacionais. Posteriormente, nunca mais abriu as suas portas. Foi vendido, em 1999, à firma "IGF - Investimentos Imobiliários, S.A," e desde essa data já teve vários proprietários e projectos (um do Siza Vieira). 19 e-vilacondense

A segunda unidade hotele situada na praia de Labruge e O Hotel Talasso Labruge terá jus ao seu nome, terá como serviço de talassoterapia – t do mar e elementos marinhos Gonçalo M. Tavares diz que países da actualidade. Semp hotel pedem-nos identificaçã ou cartão de registo. Cada cad com regras e imagem própria Gostava de acreditar, po comunicação social tentou tra apresentadas dos projectos, hoteleiras irão ter um carácte

Eduardo Silva eduardosilva@100planos.c


eira, já licenciada, está será construída de raiz. á 114 quartos e fazendo principal valência um tratamentos com água s. e os hotéis são os novos pre que entramos num ão e assinamos um livro deia de hotéis é um país a. orque foi isso que a ansmitir com as imagens que as duas unidades er único e diferenciador.

Palácio Hotel - Atualmente

Palácio Hotel - Novo Projeto

com

Futuro Hotel Talasso


UM OLHAR SOBRE VILA DO CO POR HÉLDER GUIMARÃES

Não sendo, propriamente, uma figura pública ou de relevo na sociedade vila-condense, é com gosto que respondo ao repto do Alexandre Maia para partilhar, neste espaço, que a e-vilacondense costuma destinar a figuras relevantes, o meu olhar sobre Vila do Conde. Eu sou “vileirinho”, de alma, coração e criação. Nasci no hospital de Vila do Conde, quando aqui ainda nasciam os filhos da terra. Ao longo destes meus trinta e três anos, a minha vida nunca se desenrolou longe do coração da vila. Daqui era uma boa parte da minha família, os “cachimbos”. Os meus bisavós moravam na velha casa da Roda, casarão de enormes sombras que assustavam a minha pequena existência. Recordo que, no dia 1 de novembro, descíamos do cemitério para lanchar – essa data coincidia com aniversário do meu bisavô – no velho e lúgubre casarão que se enchia de primos, numa correria, a subir e a descer a grande escadaria de pedra, a tanger o velho sino que fazia de campainha, a percorrer o chão de terra batida da loja (esse lugar tenebroso 21 e-vilacondense

que conduzia ao quintal), os amplos quartos do primeiro piso. Esta é das primeiras recordações de infância que tenho, da velha Casa da Roda. Fui criado pela minha avó, a senhora “Virgínia da Caixa”, uma poveira de nascimento mas vilacondense de coração, na antiga rua da Palha, hoje Comendador António Fernandes da Costa. E, pela cercania, fiz instrução primária da velhinha Escola dos Sininhos, com a professora Maria do Céu Adriano. Lembro-me do velho livro dourado, com que nos ensinou a ler e a escrever. Lembro-me, particularmente, do caminho que fazia para a escola, passando pelos campos da “Furtada” e pelo supermercado do Sr. Armindo e da D. Sãozinha onde, pelo Natal, se dispunham belíssimos brinquedos que não se viam em lado nenhum, a não ser nas montras do comércio local nesta época. Também me lembro de admirar, de longe, as luzes do enorme “pinheiro”, que existe fronteiro à Câmara, e que era o único enfeite natalício que existia em Vila do Conde. Tudo era mais escasso, mas tinha uma vivência mais intensa.


ONDE


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Outro local guardado na minha memória era os antigos estaleiros. O meu avô, o “ti Manel cachimbo” trabalhava no estaleiro do “Samuel”. Recordo, com particularidade, os dias de “bota-abaixo” quando a zona ribeirinha se enchia de uma multidão de gente amontoada pelas ruas e nas ladeiras, por entre as carcaças de futuros navios e amontoados de serrim e davam renovada vida aos “tascos” da zona. Acontecia quase sempre ao fim da tarde, quando pela vila ecoava o apito da “fábrica nova” e se sabia que terminava o turno do dia. E tudo isto era um espetáculo: o barco, colocado sobre carris untados com sebo e escorados, esperavam a bênção do Prior, que aparecia, invariavelmente, na sua sotaina preta e com o hissope para lançar a bênção sobre o navio. A “madrinha” partia, então, uma garrafa de espumante e o barco deslisava para o rio, caindo, como que por magia, as escoras, uma por uma. Tudo isto desapareceu, com a mudança dos estaleiros para a margem sul do Ave. Mas de mudança é feito o mundo e a mudança nem sempre é má. É, simplesmente, diferente. Quando, aos dezoito anos, ingressei na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, afastei-me um pouco de Vila do Conde. Sem nunca deixar de aqui viver, via a cidade de uma forma diferente. Mal tocava o despertador, era logo uma correria para apanhar o comboio das 7h35m. E no torpor do acordar, enfiava a roupa, cortava caminho

pela Matriz, descendo as escadinhas. Se o sino tocasse e eu estivesse junto à igreja então tinha tempo, podia ir descansado até à antiga estação de Vila do Conde. E já havia gente na rua, a caminho dos seus trabalhos ou à porta do antigo Centro de Saúde onde a minha mãe, e antes dela, a mãe dela tinham trabalhado. Pela janela do comboio, quase sempre apinhado, vislumbrava os campos do concelho, muitas vezes pintados de branco das geadas. No Porto, com colegas de diversos lugares, não me cansava de louvar a beleza da minha terra. “Lá vens tu outra vez” ou “Ah! Vila do Conde é que é!” diziamme, com ar trocista, muitos desses amigos. Mas quando, a meu convite, me visitavam nas férias grandes lá surgia a afirmação “realmente isto é bonito!” E tudo isto me enchia de orgulho e vontade de regressar, mesmo quando pela janela do comboio, no regresso de mais um dia na faculdade, apenas se podia vislumbrar a silhueta do convento ou, pelas ruas, já quase desertas, só andavam as mulheres envoltas em grossos agasalhos vindas da missa, na Matriz. Já mais tarde, formado e professor, fazia questão de sair em Mindelo só para poder, do alto da Azurara, contemplar a Vila com o seu casario, a altaneira Matriz, o rio e, depois, descobrir o convento, como um gigante adormecido que vela pela sua joia, mansamente disposta a seus pés.


Há, de entre todos os lugares da “minha” Vila do Conde um lugar que me é especialmente querido. Esse lugar mágico, de muitos rendilhados e dourados é a Matriz de Vila do Conde, lugar onde desde criança de tenra idade comecei a ir à Missa. Confesso que as palavras do Prior se perdiam nos meus ouvidos. Era o meu olhar que se tornava mais arguto quando vislumbrava a riqueza dos dourados, a candura das imagens, a beleza dos paramentos. No auge da minha inocência olhava, espantado, para todo este cenário que me inspirava a conhecer o mundo: como? Quando? Porquê? Foi na Matriz que o meu gosto pela História nasceu, como se nesse edifício se encerrasse a simbiose, uma chave para o cofre do tesouro dos segredos do passado. Naturalmente que à medida que fui crescendo e conhecendo este edifício (sempre que o observo encontro coisas novas), as palavras do Prior foram, de facto, fazendo efeito na minha formação e desenvolvimento pessoal. Recordo, pois, com saudade o Senhor Prior, padre Arlindo Chaves Torres, com a mesma saudade que muitos – mais velhos do que eu – recordam o senhor padre Porfírio Alves. Cruzei-me com o padre Arlindo, com poucos meses de vida, quando levado pelos meus pais, fui batizado na mesma fonte Batismal em que muitos vilacondenses se tornaram membros da mesma família. E o padre Arlindo foi acompanhando a minha evolução: foi ele quem me deu a primeira comunhão, naquele dia 25 de maio de 1989, dia da «procissão dos tapetes»; que abençoou o meu primeiro carro, quando terminei os meus estudos superiores e que, muito recentemente, esteve no meu casamento. Lembro-me particularmente, do seu escritório cheio de computadores e máquinas digitais, que trazia das suas muitas viagens. Dizíamos, em tom jocoso, que o gabinete do Prior mais parecia um escritório da NASA. Também me lembro de o ver atravessar o jardim do Senhor da Agonia, vestido na sua capa e batina preta, como um verdadeiro 25 e-vilacondense


Prior de outros tempos, para ir celebrar a missa das 19h na “sua” Matriz. Entrava pela porta da frente e, num som muito caraterístico, soltava um rosnar para desimpedir a sua embargada garganta. Então, as beatas, mais atentas aos sons que ecoavam pela igreja do que à repetição mecânica da “Ladaínha” do Terço, cochichavam entre si “chegou o senhor Prior”. E de facto, o senhor Prior chegou a Vila do Conde antes de eu próprio aqui ter chegado. Vila do Conde, lembrava anos mais tarde a propósito da célebre guerra dos “amarelos” e “vermelhos” quando foi pároco de A Ver-o-Mar, foi a única terra que o recebeu bem. No fim do seu múnus pastoral, quando se fadava a capacidade mobilizadora, agastado com qualquer situação dizia-me na sacristia: “Tu não és de Vila do Conde, pois não?”, “Por acaso sou senhor Prior”, “Não importa, és a exceção à regra!”. Isto passou-se quando lhe faltaram as forças e estava decidido a deixar Vila do Conde para ir para junto da comunidade emigrante na Suiça. Não esqueço as palavras de despedida que o Monsenhor Domingos Araújo, então Arcipreste de Vila do Conde e Póvoa de Varzim, lhe dedicou e que o definiu como um “homem bom”. E um homem que deixou obra sem, contudo, deixar dívidas, porque não foi fácil pagar a reconstrução do Centro Paroquial (uma dessas obras intermináveis que muitos sonham mas a fatura acaba por ir parar a outro), erguer a Residência Paroquial, proceder a restauros vários e fundar a Academia de Música S. Pio X. Quando, anos mais tarde, já próximo da sua morte, passeou-se nas ruas de Vila do Conde com o seu sucessor, as pessoas dirigiam-se a eles dizendo: “olha o padre Domingos, olha o senhor Prior”. Com o padre Arlindo acabaram, de facto, os Priores de Vila do Conde das Procissões, das Confrarias, das festas magnificentes na Matriz, etc., etc.. Nada disso hoje existe. Quando morreu o padre Arlindo, disseram-me que levava um sorriso nos lábios. Não consegui ficar triste, porque sei que ele fora ao encontro do Seu Salvador, em cuja doutrina viveu fielmente.


E nesta “estória” que acabo de contar sobre o padre Arlindo muito se diz sobre o caráter dos vilacondenses que são, no fundo, o maior monumento desta terra milenar: é um povo nobre e altaneiro, mas distante e descomprometido. É um pouco como este mar que nos banha, que tanto é calmaria e todo pressa em beijar os pés dos banhistas, como se retira veloz na ressaca das ondas e fustiga os penedos transformandoos, lentamente, nas dunas da praia; Vila do Conde das lendas, dos monumentos e de feiticeiras tecendo tramas sob a almofada; terra do sol de estio e de muitos amores de verão, prontamente escondidos sob as areias da praia mal zurze a primeira nortada de inverno; desterro dos poetas; terra da lua cheia a coroar o convento; terra de chegadas e partidas; terra das ruas estreitas, velhinhas, perfumadas com o cheiro da maresia, quando o Ave, cansado de muitas canseiras se entrega nos braços do mar; terra em que os relógios param. Terra que como escreveu Ventura do Paço: “É lá que o céu é diferente e a tristeza felicidade.” E é este é o meu olhar sobre Vila do Conde.

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CONCURSO DE FOTOGRAFIA


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REGULAMENTO 1. Tema Livre nos procedimentos técnicos a empregar, deverá obedecer a um tema genérico “Vila do Conde” e ao sub-tema do mês, definido no site e na revista e-vilacondense, registando qualquer pormenor, situação ou acontecimento, desde que ocorridos dentro do concelho de Vila do Conde. 2. Obras O número máximo de fotografias a apresentar por concorrente é uma. A dimensão mínima é 21cm por 30cm, sendo requisito a orientação vertical. 3. Prazos e formas de entrega Os trabalhos deverão ser enviados através de e-mail para o endereço fotovila@vilacondense.pt até ao final do mês referente ao concurso, para serem posteriormente publicados na nossa página do Facebook num álbum com todas as fotografias a concurso. O e-mail deverá conter os seguintes dados. - Nome do fotógrafo; - Título da fotografia; - Local da fotografia; - Data da fotografia (mês e ano). 4. Prémios 1º Prémio - Utilização da fotografia como capa da revista e-vilacondense com os devidos créditos do autor. 2º e 3º Prémio - Publicação da fotografia na revista e-vilacondense com os devidos créditos do autor. 5. Júri O júri será composto por todos os fãs da nossa página do facebook www. facebook.com/PortalVilacondense através da atribuição de um Like à fotografia que mais gostam até ao dia 25 do mês seguinte ao concurso. Os premiados serão os trabalhos que mais Likes tiverem à data do término do concurso. Os trabalhos premiados ficam propriedade do Vilacondense - O Portal de Vila do Conde, o qual se reserva o direito de os poder utilizar no nosso site www.vilacondense.pt e na revista e-vilacondense sempre que entenda conveniente, referindo sempre os respetivos direitos autorais. Quaisquer informações adicionais podem ser solicitadas através do e-mail fotovila@vilacondense.pt. 31 e-vilacondense


CONCURSO DE FOTOGRAFIA

TEMA MAIO 2014

“JANELAS”


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PREMIADOS DEZEMBRO 1º LUGAR Rui Lopes Título Empedrada

Local Rua da Costa Dezembro 2013

2º LUGAR Pedro Martins Título Take a walk on the wild side Local Rua do Socorro Janeiro 2013

3º LUGAR Carla Barroso Título Sol de Outono Local Rua Don Nunes Alvares Pereira Dezembro 2013


UM OLHAR SOBRE VILA DO CO POR MÓNICA SOUSA

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ONDE Os meus olhares sobre Vila do Conde remontam à infância e prolongamse até aos dias de hoje. Recordo com saudade os momentos de convívio e partilha, os passeios que fazia em família aos domingos à tarde pelas ruelas da cidade, as idas à praia com os meus pais e à piscina municipal

com os colegas da escola primária. Procuro ter essas referências ao longo da vida... tornei-me adulta mas mantenho alguns hábitos de infância porque me trazem boas recordações e porque me estruturaram como pessoa e moldaram a minha identidade.


Sempre me senti muito ligada a esta cidade, aqui aprendi a brincar, a fazer as primeiras letras e contas, aqui cumpri o sonho de infância de ser professora e fiz o meu estágio profissional na Escola Júlio-Saúl Dias. Procurei mostrar aos meus alunos a importância do estudo da História e despertar-lhes o interesse e curiosidade vivaz pela cidade e património local, o chão que pisámos tem centenas de anos de História e histórias. Estudei a arte sacra do Mosteiro de Santa Clara no trabalho de Seminário da Licenciatura e sempre que possível direcionava os meus estudos académicos para Vila do Conde.

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O que me apraz fazer em Vila do Conde é andar a pé pela cidade e descobrir pormenores, cheiros, cores, ir ao Teatro Municipal e à Biblioteca, deliciar-me com a doçaria conventual, fazer tertúlias com os amigos no Café Concerto, fazer longas caminhadas junto à praia, apreciar a imensidão do mar nos momentos de maior tensão... A vida leva-nos para outras paragens mas é sempre bom voltar às nossas raízes e aos locais que nos fazem feliz. Trago comigo as memórias dos momentos, acredito que nada favorece mais a memória de um momento do que a saudade que se sente ou sentirá dele...somos o sítio que nos faz falta...em Vila do Conde sinto a harmonia e a paz que procuro em diferentes lugares.

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VILA DO CONDE PELA LENT ANTÓNIO MAIA 41 e-vilacondense


TE DE ...


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E-VILACONDENSE 1ยบ Aniversรกrio Neste primeiro aniversรกrio, fazemos uma retrospectiva de todas as capas que foram o rosto da revista e-vilacondense. ร com orgulho que revemos as fotografias dos nossos leitores que, ao participarem no concurso Fotovila, conseguiram a oportunidade de serem a capa da e-vilacondense. Obrigado a todos!

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000 MAIO / JUNHO 2014

BREVEMENTE A NOVA CARA DA E-VILACONDENSE


“ PERGUNTAS DE ALGIBEIRA” POR MÓNICA SOUSA Licenciada em História-variante Arqueologia - FLUP 55 e-vilacondense


Jorge Maia nasceu em Vila do Conde. Desde muito novo sabia qual era o seu objetivo profissional – estar ligado a uma cozinha de liberdade e bom gosto. Formou-se em Hotelaria & Restauração na Escola Profissional de Fão, estagiou no prestigiado Hotel Villa Monte no Algarve. Trabalhou em espaços de referência nacional como o Restaurante Foz Velha, no Porto, e o Restaurante Barão Fladgate, nas Caves Taylor's, em Vila Nova de Gaia. Recentemente rumou a Paris,

- “Le Chef” Jorge Maia

cidade onde aperfeiçoa a sua atividade com arte e engenho. Os seus pratos revelam a sua enorme paixão pela cozinha como uma forma de expressão, a qualidade e a elegância caraterizam o seu trabalho. Para este jovem profissional ser cozinheiro é partilhar emoções através de ilusões e representações culinárias.


PESSOAL Nome Jorge Maia Naturalidade Vila do C o n d e V i v e Arcueil, P a r i s Formação Técnico de Hotelaria & Restauração Primeiro Trabalho Cozinheiro restaurante Foz Velha Porto Profissão Cozinheiro Em criança queria ser... Cozinheiro Lema de Vida Viver intensamente um dia de cada vez Memórias Os meus avós

bonita Porto País Portugal Local preferido em Vila do Conde A cidade toda!

CULTURA Ator/Atriz Vários Filme Resgate do Soldado Ryan Realizador Quentin Tarantino Museu Louvre Biblioteca Municipal de Vila do Conde Programa/ Série Televisão Odisseia Rádio C o m e r c i a l Música/ Músico Linkin Park & Hardwell J o r n a l / Revista Visão & Jornal Notícias

VIDA MUNDANA Acessório/Gadget que não dispensa iPhone e chaves de minha casa :) Cor Branco Gastronomia Cozinha de autor Perfume Hugo Boss Perde a cabeça com... Música Viagem de sonho Dubai Cidade mais 57 e-vilacondense

PROJETO PESSOAL Projeto alcancei.

Pessoal

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www.facebook.com/ImagensPeloAr


INVENTÁRIO DO ESPÓ

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ÓLIO DO MOSTEIRO DE SANTA CLARA INVENTARIAR PARA PRESERVAR Parte VII

POR MÓNICA SOUSA E VALQUÍRIA COSTA Licenciadas em História-variante Arqueologia - FLUP

Nosso Senhor dos Passos e Nossa Senhora das Dores são as peças este mês em destaque, no número em que comemorámos um ano de existência. No ano de 2003, estas duas belíssimas imagens representativas da Paixão de Cristo encontravam-se guardadas no Coro Alto da Igreja de Santa Clara. Atualmente, podem ser admiradas logo à entrada da Igreja. O património cultural religioso deve ser acessível a todos os interessados, ele é ainda um precioso meio de evangelização e representa um inegável espólio da identidade cultural de uma comunidade.


SENHOR DOS PASSOS Datação: Séc. XVIII Estado de conservação: Bom. Dimensões: Alt. 115 cm; Larg. 71 cm Descrição: Escultura de vulto redondo: imaginária. Imagem processional, esculpida de joelhos, em posição frontal. Joelho esquerdo fletido de lado, com pé visível, braço esquerdo levantado à altura da cabeça, braço direito levemente fletido para a frente. Mãos parcialmente abertas. Enverga uma túnica castanha drapeada, cintada, com mangas compridas e largas. Punhos visiveis. Rosto Jovem com expressão triste e dramática, olhos castanhos, cabelos castanho escuro ondulado abaixo dos ombros. Barba curta dividida ao meio. Representa um homem na força da vida. Tem na cabeça um resplendor de meia-lua em prata. Policromia dominada pelo castanho das vestes em contraste com as carnações claras. Obra repintada e restaurada. Imagem de composição dramática, de significado profundo e forte, destaque para os ferimentos na testa, rosto, pesciço, mãos e punhos, escorrendo alguns fios de sangue vermelho. Imagem esculpida sem 61 e-vilacondense

coroa de espinhos e atributos (cruz em madeira). Nosso Senhor dos Passos é um título de Jesus Cristo, uma invocação ao Filho de Deus relembrando os momentos da sua paixão. É uma devoção especial na Igreja Católica dirigida a Jesus, relembrando o trajeto percorrido por Ele na Via Dolorosa até chegar ao Calvário. Esta devoção está presente na Igreja Católica desde a Idade Média. Começou quando os cruzados visitaram os lugares santos da cidade de Jerusalém onde Jesus passou a caminho do monte Calvário. Quando voltaram à Europa, eles quiseram reviver a experiência espiritual da Via Crucis, sob a forma de Via Sacra, procissões, meditações, construindo capelas especiais dentro das igrejas. A devoção cresceu e no século XVI foram fixadas as 14 estações da Via Sacra, fazendo memória aos momentos mais marcantes do caminho para o Calvário percorrido por Jesus. Estampa de 2003.




NOSSA SENHORA DAS DORES Datação: Séc. XVII-XVIII Estado de conservação: Razoável. Dimensões: Alt. 83 cm; Larg. 36 cm

Descrição: Escultura de Nossa Senhora das Dores, em madeira policromada e estofada a ouro. A cor ouro predomina em toda a escultura, sobrepondo-se aos tons azuis e verdes das vestes. Transmite uma forte carga dramática pelo movimento do corpo e das vestes, mas sobretudo pela expressão facial, sendo visíveis as lágrimas que escorrem pela face da Virgem. Esta é retratada numa posição frontal, com as habituais pernas fletidas e as mãos unidas, erguidas à altura do peito, numa atitude de queda e prostração, revelando as dores que sente pelo seu filho. A imagem da Senhora das Dores é a imagem do sofrimento materno. Traja uma túnica roçagante, pregueada, em cor verde e ricamente decorada a dourado, apertada na cintura com um cordão dourado. Sobre esta tem um véu dourado que envolve a zona dos ombros e peito. A cabeça é

coberta por um véu, longo, que desce em formas também muito pregueadas, até ao nível dos pés. Este é pintado em tons verdes e azuis e muito decorado com motivos geométricos e vegetalistas dourados. O seu rosto, muito expressivo, é representado com a boca ligeiramente aberta, olhar direcionado para o chão e duas lágrimas, uma em cada face. Os cabelos são longos, soltos e ondulados, de cor castanho. Esta escultura encontrava-se no Coro Alto da Igreja, num retábulo em talha dourada de estilo nacional e frontal pintado, com a inscrição “ANNO 1705”. Atualmente, encontra-se no corpo da Igreja, na zona da entrada lateral. Estampa de 2003.

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Virgem dolorosa, Oh, quanto penais! Virgem magoada, Bemdicta sejais!

Que dores, que angustias, Que afflicções mortaes Neste duro lance! Bemdicta sejais!

Coro: Bemdicta sejais, Senhora das Dores! Ouvi nossos rogos, Mãe dos pecadores!

Sustentam os vossos Braços virginaes Vosso Filho morto: Bemdicta sejais!

Que duras espadas, Que duros punhaes, Ferem Vosso peito! Bemdicta sejais! (…) Vosso doce Filho Chorando buscais, Virgem lacrimosa! Bemdicta sejais! Que espada vos fere, Se após o encontrais, Com a cruz pesada! Bemdicta sejais! Lá vai Cyreneu: Só vós não achais Um só que vos diga: Bemdicta sejais! Tragedia de dores Já vós presenciais No monte Calvário! Bemdicta sejais! Lá vêdes cravado O Filho, que amais, Entre dois ladrões! Bemdicta sejais! 65 e-vilacondense

Como verde hera, Constante abraçais O tronco já murcho: Bemdicta sejais! Lá vae p’ro sepulcro: Sem elle ficais, Virgem solitária! Bemdicta sejais! Como casta rola, Só, vos lamentais Com ternos gemidos! Bemdicta sejais! Pae, Filho e Esposo É quem Vós chorais Com ternos suspiros: Bemdicta sejais! Das lagrimas ternas, Que assim derramais, Nós somos a causa: Bemdicta sejais!

Melodia popular, cantada nas solenidades da Semana Santa na Póvoa de Varzim, desde 1966.




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“Jesus e as mulheres de Jerusalém” fotografia de: Alexandre Maia



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