Memórias da Vila 004

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Memórias da Vila

Educadores

Gabrielli Maia

Marcia Ortega

Vitória Carriço

Mariana Ortega

Alyson Montrezol

Thais Aparecida

Leandro Gonçalves

Michelle Santos

Juliane Manatta

Bruna Raphaela

Juliana de Araujo

Nicoli Ketlin

Sheila Daiane

Aline Alves

Nataly Gama

Janaina Oliveira

Leticia Henrique

Thamyris Pontes

Stefany Andrade

Isabella Gonçalves

Kamilli Melo

Déborah Carolina

Bruna Dalla

Vanessa Russo

Cauan Jacob

Marcos Similo

Joana Ferreira

Larissa do Monte

Vitoria Pereira

Josy Maia

Vanessa Cardozo

Bernadete Cazumba

Traços

Helena 2a7m

Capa

Nido 1A

Como Cuidadosos Colecionadores

Iniciei o ano de 2024 com a missão pessoal de colecionar inéditos. Desde janeiro tenho ficado atenta às pessoas que conheço, aos lugares que visito e às experiências vividas para formar um inventário afetivo de coisas novas para nutrir minha vida de poesia e beleza. Isso tem feito com que meus olhos e meus sentidos estejam mais atentos do que nunca.

Dia desses, durante uma proposta com argila no quintal, um par de olhos me chamou a atenção. Théo, um bebê encantador de apenas 9 meses, fazia longas pausas na sua exploração para “simplesmente” observar. Era como se o seu olhar não tivesse pressa, ele passeava com calma e descansava na textura da grama e nas cores do céu. Me identifiquei com esse mergulho em coisas novas e percebi que, assim como eu, Théo estava colecionando uma porção de coisas.

Ao ler as mini-histórias desta revista, me dei conta de que estou cercada de colecionadores de inéditos, de pequenos seres que vêm experimentando o novo diariamente. Ao explorar pela primeira vez as bicicletas do Ateliê do corpo, ao sentir a textura da argila com liberdade ou ao perceber o quanto pode ser divertido caminhar pela sala de mãos dadas com suas colegas, as crianças experimentam seus corpos em posições e papéis diferentes dos que já foram vividos até agora. Cada nova experiência vai criando um repertório de sensações e emoções que deixam marcas profundas, mesmo que certos acontecimentos se percam na efêmera memória da primeira infância.

Sinto que essas crianças estão cartografando o mundo, descobrindo novos caminhos, novas rotas e diferentes linhas a serem traçadas e percorridas. Que privilégio é poder acompanhar cada passo e ver o mundo refletido no brilho de seus olhos.

E você, quantos inéditos já viveu esse ano?

Boa leitura e boas descobertas!

Conexões que se criam em um ateliê

Em um ateliê do corpo tudo pode acontecer, crianças se conectam, falas viram histórias, o pouco se transforma em uma enorme brincadeira e até mesmo o pequeno se torna grande.

Em nossa vila tudo pode acontecer em um espaço bem preparado.

Com as bicicletas a disposição, Neto e Maya se atreviam pela primeira vez a desvendar aquele mundo novo nunca antes adentrado.

E com a ajuda das educadoras, pedalavam pela primeira vez, com os olhos bem abertos e um mundo de possibilidades novas, os bebês se divertiam e sentiam aquele momento com toda energia.

Na escola a criança descobre novos horizontes e possibilidades, exploração e criatividade se unem, na educação infantil novos mundos se abrem.

Argila e suas asas para a criatividade

Em um mundo de possibilidades, a argila se destaca pela forma abstrata e cheia de vida que possui.

Em nossa vila, a argila é como arte, um mundo a ser moldado pelas mãos de nossos pequenos, macia e maleável, um universo a descobrir.

Com seus dedinhos curiosos, as crianças a modelam com cuidado e amor, cada forma criada conta uma história.

Na argila eles conseguem expressar sua essência, em um gesto de liberdade e criatividade que possui aquele processo.

Na educação infantil a argila é uma poesia completa.

E ao final do dia, nas mãos das crianças se revela um tesouro, esculpidas em barro suas histórias ganham um mundo de encanto. por Juliane Manatta

Pietro e as linhas de seus mapas!

Numa manhã de segunda-feira, num contexto de representações gráficas, as crianças do Multietário estavam explorando as linhas que já conheciam, Pietro disse que estava fazendo as linhas das ruas, questionei se era um Mapa e ele disse que sim!

Olhei em seu mapa, e perguntei: onde estava a Presidente Kennedy? Ele apontou com o dedo:

- Está aqui!

Em outro momento perguntei da Costa e Silva e ele disse: Que estava logo ali!

Então contei sobre a Rua

Mococa que era a rua da nossa escola, e pedi para que ele me mostrasse, onde estava em seu mapa a rua Mococa, e então ele disse: - A Mococa é essa linha circular, bem grandona!

Perguntei se ele estava gostando de desenhar as ruas e ele disse, confiante, que sim!

As linhas de Pietro formam as ruas em seu mapa de descobertas, uma criança em sua singularidade percebe que existem linhas em todos os lugares por onde ela passa, e os mapas traçados por Pietro nos mostram que caminhos são feitos por linhas simples e que precisam sempre ser alimentadas com mais escuta, afeto e respeito!

Um abraço apertado aquece o coração

Miguel e Caetano todos os dias saem juntos em busca de aventuras, se procurando por quase todo o tempo, construindo uma linda relação. É lindo de se ver como se conectam e exploram juntos as propostas, estando sempre lado a lado.

Ao final de uma tarde presenciei um lindo gesto inesperado do Caetano com o Miguel, que chorava no colo da educadora Nicole no momento de saída, pois aguardava ansiosamente seus pais, foi quando Caetano decidiu acolhê-lo, abriu seus braços em busca de um abraço, forte e intenso, aconchegando seu amigo, tentando de alguma forma consolá-lo.. Foi uma cena tão linda que voltou a repetir com pelo menos mais uns dois abraços.

Miguel, um pouco sem jeito de início, não entendeu muito bem o gesto de seu amigo, mas ao dizer a ele: ”Miguel, Caetano quer te dar um abraço, olha só!”, ele então decidiu aceitar como se compreendesse que um abraço lhe cairia bem naquele momento.

O entrelaçar das mãos, uma conexão

Pequenas mãos se procuram pelo espaço. O calor ao sentilas, a energia contagiante transmitida pelo toque, o acolhimento desse ato. Pegar na mão de alguém enquanto se caminha é um carinho, como quem diz: “Ei, tô aqui. Vamos juntos!” E assim elas caminham juntas, acompanhadas de uma união, força feminina, em busca de novas descobertas e mirabolâncias que pintam por aí.

A descoberta de Cecília

Entre sorrisos e olhares perdidos na imensidão da mente, as crianças mergulhavam em uma mar de possibilidades. As conchas já foram casa de pequenos animais marinhos e agora abrigam as diversas teorias e hipóteses.

Cecília encosta a concha gentilmente em seus ouvidos. Seus olhos viajam pelo

“Mas eu tô ouvindo barulho do mar”. Cecília pega a concha, e a sacode. “Não tem mar nenhum aqui”.

Movida pela dúvida, pega um papel disponível, e começa a desenhar.

“Essa bolinha preta é a parte do mar que a gente não consegue ver. Aí, ela roda, roda, roda e chega até o nosso ouvido.”, me explica.

Cecília, 2a10m

“Bonito. Eu olhei, rodei e coloquei aqui dentro. Mas não dá essa linha aqui. Onde eu fiz a linha, fiz o barulho da água né?! Ó”

Aproxima a concha que estava na mesa até meu ouvido:

“Ouviu?”

Yasmin, 3a0m

Arte e liberdade

por Bruna Dalla e Vanessa Russo

Nada pode substituir as sensações vivenciadas com as mãos que exploram, descobrem, reconhecem.

As crianças aprendem sentindo, tocando e vivenciando movimentos que permitem com que elas se expressem através das múltiplas linguagens.

Em uma tarde nublada, durante uma proposta no Ateliê da Natureza, os risos e gargalhadas de Luna demonstravam o quão feliz estava se sentindo em poder explorar a argila daquela forma.

Foi lindo presenciar o encontro de suas mãos com a liberdade.

Seja bem-vinda, Luna!

Um artista no quintal

por Thais Aparecida

Era uma vez um menino chamado Miguel, de expressões curiosas e coração cheio de alegria. Em uma tarde ensolarada, ele encontrou um recipiente com tinta guache branca, brilhando como neve à luz do sol. Com um sorriso travesso, Miguel mergulhou suas mãos na tinta, sentindo a textura fresca e suave deslizar entre seus dedos. Ele levantou as mãos cobertas de branco e, com um gesto de pura alegria, bateu palmas. Ao som do aplauso, a tinta se espalhou pelo ar, criando uma chuva de pontos luminosos que dançavam ao seu redor. Cada gota que caía parecia contar uma história, gerando uma curiosidade genuína e animação cada vez maior. Miguel riu, seu riso era uma melodia que ecoava pelo quintal, misturando-se ao som suave das gotas de tinta se espalhando. Ele bateu palmas novamente, mais forte desta vez, e a tinta respondeu com um espetáculo ainda mais grandioso, cobrindo parte de seu corpo e o ambiente ao redor com pequenos pontos brilhantes. Sentia-se um artista e o tanque de água era sua tela, um universo onde ele podia criar magia com um simples bater de palmas. Enquanto continuava a explorar, Miguel percebeu que não estava apenas explorando a tinta, mas colocando alegria pura e inocente em cada gesto. Cada aplauso trazia uma nova explosão de felicidade, uma nova onda de risadas e surpresas. Seus movimentos eram uma dança, uma celebração da simplicidade e da beleza das pequenas coisas.

Once upon a time there was a boy called Miguel, with curious expressions and a heart full of joy. One sunny afternoon, he found a container of white gouache paint, glistening like snow in the sunlight. With a mischievous smile, Miguel dipped his hands in the paint, feeling the cool, smooth texture slide between his fingers. He raised his white-covered hands and, with a gesture of pure joy, clapped his hands. At the sound of the applause, the paint spread into the air, creating a shower of luminous dots that danced around him. Each drop that fell seemed to tell a story, generating genuine curiosity and increasing excitement.

Miguel laughed, his laugh was a melody that echoed through the yard, mixing with the soft sound of the paint drops spreading. He clapped his hands again, louder this time, and the ink responded with an even grander spectacle, covering part of his body and the surrounding area with tiny glowing dots. He felt like an artist and the water tank was his canvas, a universe where he could create magic with a simple clap of his hands. As he continued to explore, Miguel realized that he was not just exploring the paint, but putting pure, innocent joy into each gesture. Each applause brought a new burst of happiness, a new wave of laughter and surprise. His movements were a dance, a celebration of the simplicity and beauty of small things.

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