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A CIDADE NA CIDADE

O conjunto Nacional é um projeto de grande escala que utiliza uma grande área construída. Pode se dizer facilmente que 30.000 pessoas transitam diariamente pelo conjunto, este que ainda conta com uma população fixa de 15.000 pessoas. Dessa forma, o empreendimento é basicamente uma cidade dentro da cidade devido sua grande magnitude e larga escala. Tal fato faz com que o conjunto se torne um marco simbólico de importância para a cidade. Em 1972 para a execução de um projeto de construção de vias subterrâneas na Avenida Paulista faz com que o conjunto tenha parte do subsolo desapropriado. Tal projeto apesar de criar áreas exclusivas para pedestres, reforçou a importância dada ao transporte individual por parte dos altos investimentos direcionados ao sistema viário, que poderiam ser destinados ao metro por exemplo. Em 1974 há o início do alargamento da via e inicia se uma mudança no perfil das atividades comerciais na região, assim o perfil do conjunto também é alterado e o comércio do mesmo passa abrigar estabelecimentos populares. Há uma contínua degradação do empreendimento neste período e as dificuldades financeiras somadas a ausência de manutenção tornam precárias as condições físicas. Um incêndio ocorrido em 4 de setembro de 1978 alavancou a deterioração do conjunto, tal incidente destruiu parte considerável da sobreloja e seis andares do bloco Horsa II, dessa maneira a administração do empreendimento ficava cada vez mais decadente. Neste cenário, em 1984 a Horsa vendeu sua parte do edifício a empresa Savoy, que com um plano

diretor e uma análise das patologias acerca do conjunto, revitalizou e corrigiu os problemas, assim o conjunto nacional recuperava condições satisfatórias de funcionamento. Além das mudanças administrativas alterações arquitetônicas também foram feitas, como por exemplo a construção de uma marquise na lateral maior da lâmina no nível do terraço e no perímetro da cobertura da rampa, procurando garantir uma passagem coberta entre as diferentes áreas do terraço. A relação dimensional é muito importante no processo de revalorização do edifício, já que sua escala projetual interfere no contexto urbano em que o projeto está inserido. Assim vemos que as transformações do conjunto se relacionam com a dinâmica da cidade e suas respectivas transformações cronológicas. Grandes projetos como o Copan e o Conjunto JK, ambos um certo grau relevante de semelhança ao Conjunto nacional em relação a escala projetual e programa tiverem em sua história situações semelhantes, onde após períodos de decadência e abandono administrativo conseguiram se renovar e aliar seus espaços as transformações contemporâneas. O conjunto nacional teve seu tombamento decretado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Turístico do Estado (CONDEPHAAT) em 14 de Janeiro de 2004, porém tal fato não trouxe alterações no seu funcionamento. Sintetiza se a ideia de que edifícios dessa dimensão acabam tendo uma dinâmica e uma relação especial com a cidade; exigem um comprometimento muito grande em relação a organização, o uso, a manutenção, a administração e o principal, a compatibilização da ideia de coletividade, uma inovação para época que exigia uma nova compreensão organizacional de vida.

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Fotografias do incêndio de 1978 no Conjunto Nacional. Fonte: IACOCCA, Angelo. Conjunto Nacional: a conquista da Paulista. São Paulo: Iacocca, 2004, p.92

Terraço revitalizado com a implementação da marquise metálica / Foto da FERNANDA MARAFON FRAU, 2015 61

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