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NO SENTIDO CERTO, DEIXAR QUE ELA CRISTALIZE”

a criatividade no sentido certo, procurá-la, não deixar que ela cristalize, fazer estágios, ler, procurar conhecimento, conhecer restaurantes e mercados, ambicionar sempre mais. Mas, por vezes, também temos de saber colocar um travão para ir de encontro ao que o cliente procura.

Há quem aponte Gondomar (área deste jornal) como sendo onde melhor se come a lampreia e o melhor sável do país, havendo até um festival anual sempre muito concorrido. Para ti, qual o segredo para cozinhar e confecionar bem estes pratos sui generis, que nem toda a gente aprecia?

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Sendo o mais honesto, não me considero com competências para dar o segredo a fim de se cozinhar estes produtos da melhor forma possível. Não sou um expert em cozinhar o sável, nem a lampreia, mas posso dizer que quanto melhor for a qualidade da matéria-prima em si, melhor será o resultado. Se usarmos um vinho de baixa qualidade a lampreia não ficará boa, da mesma forma que se usarmos uma lampreia já com muitos dias também não ficará.

Também, neste concelho, há duas confrarias eminentemente gastronómicas: a do Caldo de Nabos e a dos Rojões e Papas de Sarrabulho. O que tens a dizer sobre estas iguarias e a importância deste tipo de confrarias no país?

Eu acho que as confrarias são fundamentais, porque conseguem fazer persistir hábitos e culturas gastronómicas. Em relação às duas em concreto, eu sou mais fã dos rojões e papas de sarrabulho do que propriamente do caldo de nabos. Por a minha mãe ter família em Trás-Os-Montes, eu como os rojões desde pequeno. E fiquei grande fã!

Trabalhando tu com todo o tipo de alimentos, mais utilizados nacionalmente ou não, não te assusta o aumento constante dos preços, e até já exorbitantes? Como entendes que se poderia gerir melhor a situação para que não venha a faltar comida em mais mesas?

Assusta-me bastante o aumento de preços! É algo que temos assistido, infelizmente, des- de que a guerra começou. Passámos o ano inteiro a sentir este aumento louco e, lamentavelmente, parece que a guerra não desaparece. Parece que foi ontem que começou, mas já passaram largos meses. Temos de ser mais criativos: às vezes, a matéria-prima não precisa de ser tão cara para fazermos pratos excecionais. E é nisso que eu acredito! Basta uns legumes e uma especiaria, um bocadinho de carinho e um ovo e conseguimos fazer coisas muito boas. Não precisamos do melhor peixe ou carne. Com amor, calma e criatividade fazemos pratos saborosos.

Em 2021 conheceste e recebeste em Portugal o grande Chef Gordon Ramsay, para um programa da ‘National Geographic’. O que mais te encantou e, porventura, até te dececionou - face às tuas expetativasnesse feito? Porquê?

Em relação à receção ao Gordon, não houve nada que tivesse dececionado, muito pelo contrário, achei-o uma pessoa muito fácil de trabalhar e de estar. Pareceu-me uma pessoa com uma vida louca: dá para imaginar que a vida dele é como um filme, sempre dentro de um avião. É uma máquina de trabalho, senti-o muito profissional e gostei muito de estar com ele.

Dentro e/ou fora dos teus projetos gastronómicos, passando também pelos livros e presença nos Media, contas encetar algum novo projeto - ou mais - neste novo ano? Adianta-nos mais sobre o(s) mesmo(s)...

Em princípio, terei mais um projeto ainda este ano. Será em Campo de Ourique e é o máximo que posso dizer neste momento. Será uma ideia que nada tem a ver com nenhum dos outros meus espaços: será algo original!

Por fim, peço-te uma mensagem final aos nossos leitores, de carácter inspirador e motivador para este 2023…

A mensagem que posso deixar para o novo ano é: foquem-se em vocês próprios, esforcem-se ao máximo. Infelizmente, não controlamos guerras, nem pandemias, nem muitas situações na vida. Mas a dedicação, o empenho e carinho que colocamos na nossa vida depende de nós. Por isso, quanto melhor for essa mesma dedicação o output final será garantidamente maior! ■

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