Voz das Águas 1

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Informativo do Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João (CBHLSJ) www.VozDasAguas.com – www.LagosSaoJoao.org.br Araruama - RJ Ano 1 – no 1 – Janeiro / Fevereiro 2011 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Conhecer para cuidar foi o lema da 1ª Expedição ao Rio São João Página 7

A renovação do Comitê da Bacia Lagos São João no biênio 2011 e 2012 Página 4

Entrevista com Zelão, o novo

presidente do Comitê da Bacia – Página 5 Consórcio, Comitê, Prolagos e Ministério Público ganham Prêmio BNDES – página 6


EDITORIAL

EXPEDIENTE

Novos tempos no Comitê

F

inalmente, após um longo período de maturação, vem à luz o Informativo Voz das Águas, do Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João (CBHLSJ) com a missão de divulgar as principais ações empreendidas por este coletivo composto por três segmentos: poder público (federal, estadual e municipal), setor empresarial (formado pelos usuários das águas da bacia e outros) e sociedade civil organizada (Organizações Não Governamentais – ONGs). Nascido em novembro de 2004, no bojo do Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ), o Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João (CBHLSJ) aprovou em 2005 o seu Plano da Bacia, que foi publicado em 2006 e que previa um Programa de Comunicação Social e Divulgação, entre outras determinações. Em outubro de 2008, a minuta de um projeto de comunicação foi apresentada em reunião do Subcomitê da Lagoa de Saquarema e, em seguida, foi levado ao conhecimento do Comitê. Não chegava a ser um programa, mas um alerta para a importância da comunicação social e divulgação das ações ambientais do Comitê, com

o objetivo de promover o princípio da gestão descentralizada e participativa da bacia. Em abril de 2009, o plenário do Comitê aprovou em assembleia a criação da Câmara Técnica de Comunicação Social e Divulgação (CTCom), considerando a importância da informação para a participação social, como um direito fundamental dos cidadãos. Assinada pelo então presidente Arnaldo Villa Nova, da ONG Viva Lagoa, e pelo secretário executivo do Comitê, Mário Flavio Moreira, a Resolução nº 22/2009 preconiza a elaboração de um Programa de Comunicação Social e Divulgação, que contemple a edição de um informativo e a remodelação do site oficial do Comitê, entre outras iniciativas. Portanto, a publicação da primeira edição do Voz das Águas vem ao encontro de uma demanda do Comitê, no sentido de dar cada vez mais transparência a suas atividades, tanto no âmbito da bacia como para além de sua fronteiras, dialogando com outros Comitês de Bacias, no Rio de Janeiro e em todo o país. O surgimento do Voz das Águas coincide assim com um novo momento na trajetória do Comitê, justamente quando o Consórcio Intermunicipal Lagos

São João, escritório executivo do Comitê da Bacia, assume a condição de entidade delegatária, funcionando como uma espécie de Agência de Águas (ver matéria na página 3). Coroando esta nova fase do Comitê, foram eleitos novos membros para sua diretoria (ver matéria nas páginas 4 e 5), tendo como presidente o publicitário Marcelo Xavier (Zelão), Prefeito de Silva Jardim, vice-presidente Carlos Gontijo, superintendente da Concessionária Águas de Juturnaíba e secretário executivo Dr. Jaime Azulay, engenheiro da Companhia Estadual de Águas de Esgoto do Rio de Janeiro (CEDAE). Todas essas referências são sinais de uma nova era no Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João que, embora representem uma continuidade das gestões anteriores, apontam também para um novo horizonte no futuro. Neste processo, com certeza o Voz das Águas vai refletir as nuances desta evolução, que passa pelo aprofundamento das questões ambientais em nossa região, na busca por uma melhor qualidade de vida, mantendo a integridade ecológica e os serviços ambientais prestados pela Bacia Hidrográfica Lagos São João.

Presidente: Marcelo Xavier (Zelão) – Prefeito de Silva Jardim Vice-presidente: Carlos Gontijo – Superintendente da Concessionária Águas de Juturnaíba Secretário executivo: Jaime Azulay – Engenheiro da Companhia Estadual de Águas de Esgoto (CEDAE)

Membros do CBHLSJ Representantes do Poder Público (18 membros): Prefeituras Municipais de Araruama,

Armação de Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Iguaba Grande, Maricá, Rio Bonito, São Pedro da Aldeia, Saquarema e Silva Jardim, Departamento de Recursos Minerais (DRM-RJ), Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro (EMATER-RJ), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO) , Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

Representantes dos usuários (18 membros): Concessionária Águas de Juturnaíba, Concessionária Prolagos, Companhia Estadual de Água e Esgotos (CEDAE), Secretaria de Abastecimento de Água e Esgoto (SAAE) de Casimiro de Abreu, Associação Livre dos Aquicultores das Águas do São João (ALA), Clube Náutico de Araruama (CNA), Esmeraldas Mineração, Reflorestamento e Recuperação Ambiental de Áreas Degradadas Ltda, Associação das Empresas Produtoras de Areia de Silva Jardim (APAREIA), Associação dos Pescadores Artesanais e Amigos da Praia da Pitória (APAAPP) de São Pedro da Aldeia, RRX Mineração e Serviços Ltda, Associação de Pescadores de Iguaba Grande, Associação dos Trabalhadores Rurais de Sebastião Lan Gleba II, Associação Unidos Venceremos dos Produtores do Assentamento Cambucaes (AUVPAC), Colônia de Pescadores Z-6 (São Pedro da Aldeia), Colônia de Pescadores Z-24 (Saquarema), Federação da Indústria do Rio de Janeiro (FIRJAN/Leste Fluminense), Sociedade Industrial de Granitos (SIGIL) e Sindicato Rural de Silva Jardim. Representantes da sociedade civil organizada - ONGs (15 membros): Associação Mico Leão Dourado, Universidade Veiga de Almeida (UVA) Campus Cabo Frio, Organização Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável (OADS), Associação das Mulheres Empreendedoras Acontecendo em Saquarema (AMEAS), Associação de Arquitetos e Engenheiros da Região dos Lagos (ASAERLA), Centro de Logística e Apoio à Natureza (CLEAN), Associação de Defesa da Lagoa de Araruama (Viva Lagoa), Grupo de Educação para o Meio Ambiente (GEMA), Instituto de Pesquisas e Educação para o Desenvolvimento Sustentável (IPEDS), Lions Clube de Casimiro de Abreu, Movimento Ambiental Pingo d’Água, Conselho Regional de Biologia (CRBio), Universidade Estácio de Sá / Campus Cabo Frio, Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA-RJ) - Coordenadoria Regional Leste, Associação do Meio Ambiente da Região da Lagoa de Araruama (AMARLA). Assessoria de Comunicação: ascom@lagossaojoao.org.br

Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ)

Entidade delegatária das funções de competência da Agência de Água do Comitê de Bacia Hidrográfica Lagos São João, de acordo com a Resolução do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERHI-RJ) nº 47, de 26 de maio de 2010 Presidente: André Luiz Mônica e Silva - Prefeito de Araruama Vice-presidente: Wanderson Cardoso de Brito - Prefeito de Arraial do Cabo Secretário executivo: Mario Flavio Moreira Equipe técnica: Coordenadores de programa: Agnes Avellan, Artur Andrade, Denise Spiller e Natália Ribeiro; Gestora de projeto: Aline Santos; Assistente Administrativo: Bianca Carvalho; Estagiária: Mabel dos Santos

Membros do Conselho de Associados do CILSJ Poder Público: Secretaria Estadual do Ambiente/Instituto Estadual do Ambiente, Prefeituras dos

Municípios de Araruama, Armação de Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Casimiro de Abreu, Cachoeiras de Macacu, Iguaba Grande, Maricá, Rio Bonito, São Pedro da Aldeia, Saquarema e Silva Jardim.

Empresas privadas: AGM Empreendimentos Hoteleiros, Oriente Construção Civil, Concessionária Rodovia dos Lagos, Concessionária Águas de Juturnaíba, Concessionária Prolagos, Construtora Mil/Villa Rio, Dois Arcos Transporte e Tratamento de Resíduos Sólidos Ltda. e Tosana Agropecuária S/A.

R E U N I ÃO D A A PA D A M A S S A M B A B A

Lia Caldas

Decreto de Criação n.° 36.733, de 8 de dezembro de 2004; instalado em 25 de fevereiro de 2005

Mandato 2011-2012

Agenda Relizou-se no dia 14 de fevereiro uma reunião extraordinária do Conselho Consultivo da APA da Massambaba, em sua sede na Estrada de Praia Seca,

Comitê das Bacias Hidrográficas das Lagoas de Araruama, Saquarema e dos Rios São João e Una (CBHLSJ)

km 9,5, Araruama-RJ, ao lado do Batalhão Florestal de Praia Seca. Presidida pelo chefe da APA da Massambaba, Luiz Fernando Vieira, do INEA, e secretariada por Sandra Brandão, a reunião tratou de diversos assuntos, entre eles a apresentação de um vídeo sobre um ecoresort projetado para ser construído na região, em

acordo com as leis ambientais e integrado ao futuro Parque Costa do Sol. As próximas reuniões na APA da Massambaba serão nas seguintes datas: 11 de abril, 6 de junho, 15 de agosto, 10 de outubro e 12 de dezembro. Mais informações: tel. (22) 2661 2720

Plenária das Organizações Não Governamentais: União das Entidades de Pesca e Aquicultura do Estado do Rio de Janeiro (UEPA-RJ), Colônia de Pescadores Z-6, Organização Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável (OADS), Grupo de Educação para o Meio Ambiente (GEMA), Associação de Moradores de Barra de São João, Centro de Estudo e Referência de Uso Sustentável (CEREUS), Aldeia Velha Ambiental (AVA) e RPPN Bom Retiro.

Av. Getúlio Vargas, 603 - Salas 304/305/306 – Centro – Araruama/RJ – CEP 28970-000 Telefones: (22) 2665 0750 / (22) 8841-2358

www.lagossaojoao.org.br / cilsj@lagossaojoao.org.br

Voz das Águas

Informativo do Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João Telefone: (22) 2651.7441

www.vozdasaguas.com

vozdasaguas@lagossaojoao.org.br Edição: Tupy Comunicações | Jornalista Responsável: Dulce Tupy (registro 18940) Projeto Gráfico: Súbito Design – www.subi.to | Edição de Arte: Lia Caldas Fotógrafo: Edimilson Soares Colaboradoras: Alessandra Calazans e Monique Barcellos Tiragem: 5.000 exemplares | Gráfica Esquema

COMUNICAÇÕES

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Voz das Águas

Janeiro / Fevereiro 2011


SAIBA MAIS

A gestão compartilhada da Bacia Primeiro surgiu o Consórcio, depois o Comitê da Bacia e, agora, a Entidade Delegatária Lagos São João

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omo a nascente de um rio, a Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela Lei 9433 de janeiro de 1997, conhecida como Lei das Águas, marcou de forma decisiva a gestão dos recursos hídricos no país, a começar pela integração entre o poder público, usuários da bacia e sociedade civil. A Região dos Lagos, vítima da ocupação desordenada do solo, desde a inauguração da Ponte Rio Niterói que trouxe inúmeros veranistas, passou a viver cada vez mais a multiplicação dos problemas urbanos: falta d’água, queda de energia, engarrafamento nas estradas, poluição dos rios e lagoas, excesso de lixo etc. Diante desta crise, nos anos 90, a sociedade local começou a se mobilizar em torno da criação de instrumentos de gestão, com amparo legal, que possibilitassem a defesa do meio ambiente e a busca por uma melhor qualidade de vida na região. Assim, em 17 de dezembro de 1999, foi criado o Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ), visando a conservação, recuperação e sustentabilidade do meio ambiente, de forma integrada entre os diferentes níveis de governo (municipal, estadual e federal), os usuários da bacia, incluindo empresários, clubes náuticos, pescadores, agricultores e a sociedade organizada (ONGs).

O CILSJ tem como associados os municípios que fazem parte das Bacias Hidrográficas da Região dos Lagos e da Baixada Litorânea: Araruama, Armação de Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Iguaba Grande, Maricá, Rio Bonito, São Pedro da Aldeia, Saquarema e Silva Jardim. Várias empresas também participaram do ato de criação do Consórcio (CILSJ), entre elas a Cia Nacional de Álcalis, Unimed, Oriente Engenharia Civil, AGM Empreendimentos Hoteleiros, Auto Viação 1001 e Via Lagos. Ao longo dos anos, outras empresas regionais também aderiram ao CILSJ,

como as Concessionárias de Água e Esgoto Prolagos e Águas de Juturnaíba. O Governo do Estado se fez representar, na época, pela Secretaria do Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (SEMADUR) que posteriormente se transformou na SEA (Secretaria Estadual do Ambiente). E dezenas de ONGs vieram somar forças para a defesa desta região naturalmente dotada de ecossistemas aquáticos inigualáveis, que precisam ser resguardados e potencializados em suas múltiplas formas de uso. Regido pela Lei das Águas, em âmbito federal, e pela Lei Estadual 3239, de 1999, que instituíram respectivamente as políticas nacional e estadual de recursos hídricos, o Consórcio (CILSJ) foi o grande fomentador da criação, mais tarde, do Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João (CBHLSJ), um órgão colegiado onde são debatidas todas as questões referentes à gestão das águas, como previsto no Conselho Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (CNRH – Artigos 37 a 47). Criado em 8 de dezembro de 2004 e instalado em 23 de fevereiro de 2005, o Comitê (CBHLSJ), que correspondente a uma das dez Regiões Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro, a Região Hidrográ-

Arquivo CBHLSJ - 4/setembro/2007

fica VI, é subdividido, administrativamente, em três Subcomitês: Subcomitê da Lagoa de Araruama, Subcomitê do Rio São João e Subcomitê das Lagoas de Saquarema, Jaconé e Jacarepiá. Por sua natureza jurídica, os Comitês de Bacia são instâncias de decisão político-administrativa, com poder de deliberação sobre todas as ações que interferem nos recursos hídricos da região de abrangência. Constituído por representantes do poder público (municipal, estadual e federal), usuários das águas (pescadores, agricultores, mineradores, indústrias, companhias de abastecimento de água e esgoto, entre outros), além da sociedade civil organizada (ONGs, universidades, associações, sindicatos, etc.), o Comitê (CBHLSJ) é um espaço de tomada de decisões capazes de assegurar o bom uso das águas da região, de forma que as futuras gerações também possam desfrutar deste bem finito, indispensável à vida no planeta. Comprometido com os princípios do desenvolvimento sustentável, o Comitê (CBHLSJ) abriga Câmaras Técnicas, onde os diversos aspectos da gestão das águas são aprofundados e conduzem às ações práticas. Hoje existem onze Câmaras Técnicas (CTs), trabalhando no âmbito do Comitê (CBLSJ). São elas: CT de Educação Ambiental, CT de Monitoramento,CT de Pesca e Aquicultura, CT de Zoneamento de Usos Múltiplos, CT da Barra-

gem de Juturnaíba, CT de Dragagem, CT de Saneamento e Drenagem, CT dos Instrumentos de Gestão, CT de Microbacias, CT de Comunicação Social e Divulgação e CT de Mineração. Todas as Câmaras Técnicas, previstas no Plano da Bacia Hidrográfica Lagos São João, foram submetidas à aprovação do plenário, em assembléias públicas. As Câmaras Técnicas são responsáveis pela implementação das metas e ações da Política de Recursos Hídricos na Bacia. Membro do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, do Conselho Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos e da Rede Brasil de Organismos de Bacias Hidrográficas (REBOB), o Consórcio (CILSJ) que sempre foi o escritório técnico do Comitê passou a funcionar, desde julho de 2010, como Entidade Delegatária das Funções de Competência da Agência de Água, com interveniência do Comitê (CBHLSJ). O contrato de gestão entre o Consórcio (CILSJ) e o Instituto Estadual do Ambiente (INEA), que selou este novo momento, foi assinado no INEA, na Secretaria Estadual do Ambiente, no Rio. É a culminância de um processo que se iniciou há mais de 10 anos e tem dado bons frutos na gestão democrática da bacia.

O Comitê reúne Poder Público, usuários e ONGs para preservar o ambiente

Leia na próxima edição tudo sobre as principais ações empreendidas na Bacia Hidrográfica Lagos São João

Em setembro de 2007, Luiz Firmino, na época secretário executivo do Consórcio e do Comitê, Marilene Ramos, então presidente da extinta Serla, o secretário estadual do ambiente Carlos Minc e o então presidente da ANA, José Machado no Hotel Fazenda Serra Castelhana, em Saquarema, por ocasião da assinatura do primeiro convênio entre o Consórcio e a Serla, hoje integrada ao INEA

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COMITÊ

Renovada a composição do Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João

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ealizou- se no dia 26 de janeiro, no Salão Paroquial da Igreja Católica São Sebastião, em Araruama, a reunião de posse dos membros do Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João (CBHLSJ), com um mandato de dois anos, para o biênio 2011-2012. Criado no final de 2004, instalado no início de 2005, o Comitê da Bacia Lagos São João (CBHLSJ) está vivendo um novo momento, desde julho de 2010, quando constituiu como Entidade Delegatária o Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ), que passou a exercer funções de competência de Agência de Águas nesta bacia. Na reunião, além da posse dos novos membros, foi feito um balanço das ações ambientais empreendidas na região, que abrange 12 municípios. Ex-presidente do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e atual subsecretário estadual do ambiente, o arquiteto Luiz Firmino Pereira, que durante anos exerceu o cargo de secretário executivo do Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ) e do Comitê da Bacia (CBHLSJ), destacou a importância desta nova fase do Comitê e da gestão participativa, compartilhada entre representantes do Poder Público, usuários da Bacia Hidrográfica, entre eles os empresários, pescadores e representantes da indústria turística, além das ONGs (Organizações Não Governamentais). Firmino falou também das ações em andamento na Secretaria do Ambiente, em parceria com o Comitê, como a criação do Parque da Costa do Sol, primeiro parque segmentado do Rio de Janeiro, que se estenderá por seis municípios e que, ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente, permitirá o desenvolvimento da indústria hoteleira na região. Outros projetos abordados foram o da complementação da dragagem do Canal do Itaju-

ru, em Cabo Frio, que está sendo retomada esse ano, e as obras de recuperação da estrutura da Lagoa de Juturnaíba. Quanto ao projeto de renaturalização do Rio São João, Firmino disse que cabe ao Comitê avaliar as vantagens ou não de se fazer a renaturalização do rio, a partir dos estudos realizados no ano passado. Segundo o subsecretário do ambiente, a sua pasta inclui ainda todas as ações referentes ao Pacto do Saneamento, o ICMS Ecológico, o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), a criação de novas unidades de conservação e o inventário florestal. Neste sentido, alertou para a necessidade de elaboração de um Plano de Saneamento para a região, que deverá incluir Rio Bonito, Casimiro de Abreu e Arraial do Cabo, além dos demais municípios do Comitê (CBHLSJ). O plano fará não só uma radiografia do que já foi feito pelas duas Concessionárias – Prolagos e Águas de Juturnaíba – como também apontará novas possibilidades. Firmino prometeu ainda trabalhar para a elaboração do Zoneamento Ecológico Econômico e

O Comitê coloca em prática a gestão compartilhada da Bacia Hidrográfica

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Voz das Águas

O subsecretário estadual do ambiente, o arquiteto Luiz Firmino Perreira, o presidente do Consórcio André Monica, prefeito de Araruama, o secretário executivo do Consórcio Mário Flávio Moreira e a nova diretoria do Comitê da Bacia: presidente Marcelo Zelão, vice Carlos Gontijo e secretário executivo Jaime Azulay o Gerenciamento Costeiro. “Para isso já estou me reunindo com a Petrobras. Precisamos de um Zoneamento que diga quais as áreas mineráveis do Estado, quais as áreas turísticas e quais as áreas para fixar o projeto “Minha Casa, Minha Vida”, para evitar tragédias como as que ocorreram na Região Serrana, porque falta habitação e as pessoas acabam ocupando justamente as áreas ambientais mais frágeis. O secretário do ambiente, Carlos Minc, me pediu uma agenda pró-ativa. Ao invés de só falarmos através das licenças, vamos passar a dizer onde pode e não pode construir”, explicou o subsecretário do ambiente, Firmino. Outras ações em andamento são o desassoreamento da Lagoa de Saquarema, entre a ponte Darcy Bravo, na entrada da cidade, e o mar, além do estudo que está sendo feito para reconstrução do molhe da Barra Franca, permitin-

do o assoreamento da lagoa. Dalí até a Ponte do Girau, está em estudo a possibilidade de um convênio da iniciativa privada com o INEA e o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), com o aproveitamento econômico da areia. E, finalmente, Firmino citou o aterro sanitário regional que vai atender, no início, apenas 3 municípios: Saquarema, Araruama e Silva Jardim. Futuramente o projeto incluirá Arraial do Cabo.

Novos membros e nova diretoria A nova diretoria do Comitê foi composta pelo prefeito de Silva Jardim, Marcelo Cabreira, o conhecido Zelão, que foi eleito presidente, tendo como vice o superintendente da Concessionária Águas de Juturnaíba, Carlos Gontijo e como secretário executivo o engenheiro Jaime Azulay, da CEDAE. O prefeito de Ararua-

ma, André Mônica, presidente do Consórcio (CILSJ), deu as boas vindas aos novos diretores e demais membros do Comitê, prometendo todo o apoio técnico possível. Em seu discurso de posse, Zelão falou da importância da união entre políticos e técnicos no âmbito do Comitê; Já o secretário executivo Azulay elogiou a gestão de Firmino e Mario Flávio, que o antecederam no Comitê e anunciou a realização esse ano do I Congresso Estadual de Comitês de Bacias no Rio de Janeiro. E o vice, Gontijo, falou sobre seus 12 anos de experiência em saneamento na região. Despedindo-se da presidência do Comitê, o ambientalista Arnaldo Villa Nova, presidente da ONG Viva Lagoa, parabenizou os novos membros, desejando a todos uma excelente gestão. No final, a sanitarista Denise Spiller, coordenadora de programas do Consórcio, sugeriu mudança nas coordenações das

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Dulce Tupy

Zelão é o novo presidente do Comitê

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A reunião lotou o auditório do Salão Paroquial da Igreja São Sebastião, em Araruama Monique Barcellos

Monique Barcellos

Ex-presidente do Comitê, Arnaldo Villa Nova, da ONG Viva Lagoa, saúda a nova diretoria

Membros do Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João

Janeiro / Fevereiro 2011

Categoria Usuários: 5 vagas para o setor de saneamento e abastecimento público (Sistemas Autonômos de Arraial do Cabo e Casimiro de Abreu, Companhia Estadual de Água e Esgoto (CEDAE), Concessionárias de Água e Esgoto Prolagos e Águas de Juturnaíba); 5 vagas para instituições de pesca; 3 para sindicatos e associações rurais; 2 para o setor de mineração; 1 para o setor industrial; 2 para o setor de turismo, esporte e lazer Categoria ONGs: Associação Mico Leão Dourado, Universidade Veiga de Almeida (UVA) Campus Cabo Frio, Organização Ambiental para o Desenvolvimento Sustentável (OADS), Associação das Mulheres Empreendedoras Acontecendo em Saquarema (AMEAS), Associação de Arquitetos e Engenheiros da Região dos Lagos (ASAERLA), Centro de Logística e Apoio à Natureza (CLEAN), Associação de Defesa da Lagoa de Araruama (Viva Lagoa), Grupo de Educação para o Meio Ambiente (GEMA), Instituto de Pesquisas e Educação para o Desenvolvimento Sustentável (IPEDS), Lions Clube de Casimiro de Abreu, Movimento Ambiental Pingo d’Água, Conselho Regional de Biologia (CRBIO), Universidade Estácio de Sá/Campus Cabo Frio, Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA-RJ) e Associação do Meio Ambiente da Região da Lagoa de Araruama (AMARLA)

dá descontos no comércio local, aquece a economia e eleva a autoestima dos cidadãos, entre outros benefícios. Nos seus projetos para o município está a construção da Casa Verde, totalmente ecológica, futura sede da secretaria municipal do meio ambiente. “Por causa do gasoduto construído em Silva Jardim, o município teve uma compensação ambiental da Petrobras. Então, resolvemos investir num Centro de Referência que é a Casa Verde. O projeto é muito legal: tem um telhado ecológico, reaproveitamento de todas as águas da chuva, material certificado e reciclado em toda a construção. Queremos construir onde era o antigo lixão de Silva Jardim. A casa é integrada ao projeto Nas Ondas do Capivari”, explica Zelão. Sobre o Comitê, o presidente afirma que um dos grandes problemas é o assoreamento dos corpos hídricos. E quanto à mineração de areia, um ponto polêmico, diz que quem tiver o registro de lavra pode minerar, mas tem que se definir um percentual do lucro para investir em projetos ambientais. “O que a gente quer é uma compensação ambiental”, sintetiza ele. “A gente tem que reflorestar as cabeceiras do Rio São João na nascente. Eu penso numa compensação ambiental no próprio rio”, considera. “O que interessa é ter retorno. Primeiro, que o rio seja desassoreado. E, depois, a compensação ambiental! A questão do assoreamento é terrível; existe tanto no Rio São João, como na lagoa de Araruama, como em Saquarema”, conclui.

Dulce Tupy

Câmaras Técnicas do Comitê e que cada uma construa seu plano de trabalho específico. Hoje, o Comitê tem as seguintes Câmaras Técnicas: Educação Ambiental, Saneamento e Drenagem, Monitoramento, Pesca e Aquicultura, Zoneamento de usos múltiplos, Barragem de Juturnaíba, Dragagem, Microbacias, Instrumentos de Gestão, Mineração e Comunicação. Ficaram pré-agendadas as próximas reuniões dos Subcomitês da Bacia: Subcomitê da Lagoa de Araruama e Rio Una (dia 15 de março); e Subcomitê das Lagoas de Saquarema, Jaconé e Jacarepiá (22 de março); Subcomitê do Rio São João (23 de março). As próximas reuniões do Comitê (CBHLSJ) serão nos dias 26 de abril e 30 de agosto. As reuniões serão convocadas através de email para os membros do Comitê e através do site: www.lagossaojoao.org.br, pois poderão sofrer alterações nas datas.

Categoria Poder Público: 12 vagas para as Prefeituras (Araruama, Armação de Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Cachoeira de Macacu, Casimiro de Abreu, Iguaba Grande, Maricá, Rio Bonito, São Pedro da Aldeia, Saquarema, Silva Jardim; 3 vagas para o governo do Estado do Rio de Janeiro (Instituto Estadual do Ambiente/INEA, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural/Emater e Departamento de Recursos Minerais/DRM); 3 vagas para o Governo Federal (Fundação Nacional de Saúde/Funasa, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/ICMbio/Ministério do Meio Ambiente, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária/INCRA)

prefeito de Silva Jardim, Marcelo “Zelão” é o novo presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João. Em seu discurso de posse, no Salão Paroquial da Igreja de São Sebastião, em Araruama, Zelão falou dos desafios que deverá enfrentar em sua nova função: trazer discussões como a compensação ambiental, a recuperação dos mananciais e o assoreamento dos rios. E destacou que seu principal objetivo é unir a parte técnica e política do Comitê para favorecer o meio ambiente. “Temos que aliar a parte técnica e a política, principalmente, a social, porque no ambiental, estamos muito bem representados; temos técnicos, gente que milita na área. Agora temos que aproximar o ambiental do social, quebrar essa dualidade”, ressaltou Zelão. Militante das causas ambientais, desde 1983, aos 15 anos Zelão já fazia parte do grupo que colaborava com o Projeto Mico Leão Dourado. Nascido em Silva Jardim, formou-se em publicidade e trabalhou durante anos na agência Denisson, no Rio. Desempregado no governo Collor, em 1991 retornou a sua cidade natal onde vive até hoje. Servidor da Receita Federal, onde entrou através de concurso, foi também jornaleiro, trabalhando nas bancas de jornal de seu pai, e se elegeu em 2008 prefeito de Silva Jardim, o município com maior número de RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural) do país. Em pouco tempo de gestão, inovou na administração pública lançando o Capivari, a primeira moeda social do Estado do Rio de Janeiro, que

André Mônica, Luiz Firmino e Marcelo Zelão

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PRÊMIO

Gestão participativa é premiada pelo BNDES

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modelo de gestão compartilhada na área de saneamento na Região dos Lagos, adotado pela Concessionária de Água e Esgoto Prolagos, em parceria com o Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ) recebeu o Prêmio BNDES Pró‐Universalização dos Serviços de Saneamento, entregue ao diretor presidente da empresa, Felipe Ferraz, no final do ano passado, durante o seminário Projeto Saneamento em Foco, promovido pelo banco de fomento em sua sede, no Rio. O Prêmio BNDES foi uma conquista da Prolagos, do Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ), Entidade Delegatária do Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João, assim como do Ministério Público, representado na premiação pelo promotor de justiça Murilo Bustamante, que assinou, junto com a Prolagos, o power point “Universalização do Saneamento: Caminhos Possíveis”, que conta o caso “Lagos São João, harmonização regional de interesses e responsabilidade em favor do saneamento básico”. A cerimônia foi aberta pelo então presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e teve a presença do governador do Ceará, Cid Gomes, do presidente da Agenersa, José Carlos dos Santos Araújo, do secretário executivo do Consórcio (CILSJ), Mário Flávio Moreira, entre outras autoridades. Criado em 1999, o Consórcio (CILSJ) foi pioneiro na gestão compartilhada e participativa no Estado do Rio de Janeiro. Formado pelas empresas concessionárias do serviço de água e esgoto, Prolagos e Água de Juturnaíba, pelo INEA (Instituto Estadual do Ambiente)/SEA (Secretaria Estadual do Ambiente), pelos representantes do poder concedente de águas e esgoto (Prefeituras), pela Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (Agenersa), por várias ONGs, representando a sociedade civil organizada, entre elas associações, sindicatos e Colônias de

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abrange cinco municípios: Cabo Frio, maior cidade da região, com um aeroporto com vôos internacionais para a Argentina; Búzios, 7º destino turístico do país, com projeção internacional e roteiro turístico de cruzeiros marítimos; Arraial do Cabo, capital nacional do mergulho; Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia, cidades banhadas pela Lagoa de Araruama. Com uma população estimada em cerca de 500 mil habitantes, que triplica no verão, esta área tem hoje um índice de abastecimento de água que atinge 91% da população, e de 55% de rede de esgoto, mas que não atende a

O biólogo Mário Flávio, secretário executivo do CILSJ, com os dois prêmios: o do Consórcio e o do Comitê da Bacia

população flutuante que chega nas férias e feriadões. A Prolagos integra diversas Câmaras Técnicas do Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João (CBHLSJ), desde a sua criação em 2005, onde são discutidos e aprovados os investimentos e projetos que serão adotados em parceria com as Prefeituras e o Governo do Estado, interagindo desta forma com os formadores de opinião, lideranças comunitárias e população local representada pelas ONGs. Reconhecida como uma empresa aberta ao diálogo, a Prolagos, junto com o Consórcio (CILSJ), a Agenersa e o Ministério Público promoveu inúmeras audiências públicas para debater as obras de saneamento e, recentemente, foi feita e aprovada a 2ª Revisão Quinquenal do Contrato

de Concessão. Visando o aperfeiçoamento dos serviços prestados, também já foram acordados 9 Termos de Compromisso de Ajustamento de Conduta. Nas audiências públicas, os debates sobre as obras, planejamento e investimentos na área de saneamento, bem como monitoramento dos corpos hídricos são aprofundados. Devido à sinergia entre o Consórcio (CILSJ), a Prolagos, Prefeituras, Estado, órgãos ambientais e ONGs, no âmbito do Comitê da Bacia (CBHLSJ), tem melhorado o planejamento e a execução das obras, com enfoque regional, buscando a harmonização de interesses, com divisão de responsabilidades. A gestão participativa, agora premiada, implica em desafios, na busca de melhorias ambientais para toda a bacia.

XII ENCOB: Encontro Nacional dos Comitês de Bacias

ealizou-se em Fortaleza (CE), o XII ENCOB, que reuniu cerca de 190 Comitês de Bacias de todo o país. Com o tema “A importância da comunicação e da mobilização”, o XII ENCOB focou a comunicação como política estratégica de mobilização. Outro tema relevante foi a revisão do Plano Nacional de Recursos Hídricos. Presidido por Lupercio Ziroldo, coordenador geral do Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas, o XII ENCOB promoveu palestras como a do médico e ex-presidente do CBH-

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Pesca, o Consórcio (CILSJ) tornou-se modelo de atuação, regional e nacional, tendo conseguido resultados positivos em defesa do meio ambiente na região. A Prolagos é regida por um conjunto de leis - Lei Federal 8.987/95 e Lei Federal 11.445/07 - que estabelecem as diretrizes nacionais para o saneamento e pela Lei Estadual 2.869/97, que define a prestação e controle dos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário e resíduos sólidos no Estado do Rio de Janeiro. Com contrato assinado em 25 de abril de 1996, a área de concessão da Prolagos

Dulce Tupy

Voz das Águas

-Velhas/MG, Apolo Heringer Lisboa, que falou sobre a “Qualidade da Água e Saúde Pública – O papel dos Comitês de Bacia na informação”, com base em sua experiência com o Projeto Manuelzão, realizado na Bacia do Rio São Francisco. Apolo foi ovacionado como um pop star (aliás ele terminou sua palestra com a música Imagine, de John Lennon e o público cantando em uníssono). O XII ENCOB abriu espaço também para oficinas temáticas, como a do WWF-Brasil sobre Mudanças Climáticas, que culmi-

nou com o lançamento do livro Nascentes do Brasil – Estratégias para a proteção de cabeceiras em bacias hidrográficas. O Consórcio Intermunicipal Lagos São João participou com uma delegação composta pelo presidente André Mônica, prefeito de Araruama, secretário executivo Mário Flávio Moreira, os coordenadores de programas Artur Andrade, Agnes Avellan e Natália Ribeiro (que fez uma apresentação do Pro-

grama FUNBOAS na Microbacia do Rio Cambucaes, em Silva Jardim), o engenheiro Jaime Azulay, da CEDAE, a coordenadora da Câmara Técnica de Comunicação e Divulgação, jornalista Dulce Tupy e o representante da União das Entidades de Pesca e Aquicultura do Estado do Rio de Janeiro, Sival Silva. O INEA também compareceu com uma delegação encabeçada pelo então presidente Luiz Firmino, atualmente

subsecretário estadual do ambiente, com a presença da professora Rosa Formiga, diretora da DGAT, Gláucia Sampaio, GEAGUA, entre outros técnicos. Participaram também o ex-presidente do CREA-RJ, José Chacon, o consultor da Rede de Recursos Hídricos da Confederação Nacional da Indústria, Percy Soares Neto e, o destaque internacional, Jean-François Donzier, diretor da Internacional da Água. O XII ENCOB reuniu mais de 1.500 pessoas, revelando a força que os Comitês de Bacia vêm adquirindo cada vez mais ao longo dos anos.

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PESQUISA

Estudar para Cuidar A 1ª Expedição de Gestão e Pesquisa ao Rio São João

U

Fotos: Marco Sarti

m seleto grupo de ambientalistas formado por pesquisadores, biólogos, veterinários, administradores, geógrafos, agrônomos, comunicadores, percorreu os 120 km, da nascente à foz do Rio São João, para conhecer, registrar, coletar amostras e pesquisar este rio, que revelou aos participantes sua beleza e agonia no curso das águas percorridas. Durante os três dias de expedição (entre 26 e 28 de julho de 2010) foi possível observar a degradação ambiental em quase todo o percurso do rio, salvo o trecho preservado que corta a Reserva Biológica Poço das Antas. O foco da pesquisa “Estudar para Cuidar” foi levantar dados para uma avaliação detalhada sobre as áreas degradadas e possíveis ações de recuperação, visando a

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– Ficha Técnica –

Organizadores: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio)/Ministério do Meio Ambiente (MMA), Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio São João e Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João (CBHLSJ). Participantes: pesquisadores, biólogos, veterinários, administradores, geógrafos, agrônomos, comunicadores. Convidado: WWF-Brasil, ONG que atua na região desde 1999, em parceria com o Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ) e viu, nesta expedição, uma excelente oportunidade de direcionar ações necessárias à adaptação às mudanças climáticas. A WWF fez também um diário de bordo da expedição, com depoimentos, imagens e observações técnicas relevantes. Apoio: prefeituras e outras instituições localizadas na bacia. Objetivos: realizar um diagnóstico da bacia, da nascente à foz, com o intuito de identificar vulnerabilidades e potencialidades sociais e ambientais, como também pesquisas para aprimoramento da gestão ambiental da região.

O grupo de ambietalistas visitou a nascente do Rio São João e percorreu parte do leito do rio em barcos

sustentabilidade da região da bacia hidrográfica do Rio São João. Todo manancial de água para abastecer a Região dos Lagos vem da bacia do São João, que enfrenta entre seus mais graves problemas, a poluição, o assoreamento, o extirpamento das matas ciliadas, a agropecuária e agricultura margeando e desestruturando o rio e o represamento. Mas isto não quer dizer que tudo está perdido; há possibilidades de reversão e recuperação da bacia, como por exemplo através do programa Fundo de Boas Práticas Ambientais em Microbacias, que visa a recompensa em Pagamento por Serviços Ambientais, valorizando, apoiando e instruindo a população ribeirinha a compreender a importância da gestão e preservação dos recursos

1ª Expedição ao Rio São João

hídricos na região. Os órgãos que promoveram em conjunto essa iniciativa foram, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), APA da Bacia do Rio São João, Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos Rio São João, apoiados pelas prefeituras locais, entre outras instituições que fazem parte da região da bacia e o WWF-Brasil, que elaborou um diário de bordo sobre os dias de expedição com imagens, depoimentos e muitas observações, que servirão de base para futuros projetos. O WWF vem atuando nesta área, juntamente com o Consórcio Intermunicipal Lagos São João, desde 1999, e recentemente vem avaliando e direcionando ações necessárias de adaptação às mudanças climá-

ticas. Neste sentido, realizou-se uma oficina e foi criado um Grupo de Trabalho (GT) de Mudanças Climáticas no âmbito do Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João que, de posse de todas essas informações, já elabora estudos para prevenir, contornar e enfrentar os grandes desafios impostos pelas mudanças climáticas. Na mensagem sutil que a natureza transmite, a sensibilidade humana precisa captar seu pedido de socorro, tornar o mais natural possível, de forma respeitosa, sustentável, a relação vital que existe entre as pessoas e a água, pois sem água não há vida. A 1ª expedição ao Rio São João foi uma excelente oportunidade de pesquisa, educação ambiental e fomento a novas propostas para um futuro promissor na gestão dos recursos hídricos da Bacia do São João. Veja mais informações no site: riosaojoao.posterous.com

Rota: Rio Bonito; Reserva Biológica Poço das Antas; Vilarejo dos Gaviões; Represa de Juturnaiba; Problemas detectados: Carvoaria clandestina; matas ciliadas extirpadas, áreas úmidas drenadas; assoreamento do rio, desbarrancamento das margens, elevação da calha do rio; agropecuária, agricultura; esgoto, ameaça à biodiversidade, dificuldades impostas à piracema; introdução pelo poder público do peixe amazônico Tucunaré, que é um peixe apreciado, porém agressivo; e a infeliz idéia de retificação do rio com o fracassado propósito de extinguir mosquitos transmissores de doenças e ocupar as terras alagadas com agricultura, o que não ocorreu, porque a entrada do mar pôs um fim trágico a esta iniciativa do governo militar. Soluções: Aplicar o Fundo de Boas Práticas Socioambientais em Microbacias para a população ribeirinha, com finalidade de conservação e gestão dos recursos hídricos, sob pena de multa e prisão, além de suspensão do Pagamento por Serviços Ambientais, no caso de descumprimento, entre outros projetos que estão sendo elaborados em diversas áreas para melhor uso e sustentabilidade do Rio São João.

Voz das Águas

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Câmaras Técnicas Monitoramento

Arnaldo Villa Nova

n O Comitê Lagos São João busca o conhecimento da situação atual dos nossos corpos hídricos com objetivo de avaliar níveis e causas de poluição, bem como saber das necessidades de intervenções para recuperação ambiental. Para gerenciar a evolução da qualidade das águas, a Câmara Técnica de Monitoramento do Comitê coordena as atividades entre as Instituições envolvidas no processo: o INEA, as concessionárias Águas de Juturnaíba e Prolagos e o projeto de Revitalização das Águas de Juturnaíba, patrocinado pela Petrobras Ambiental com apoio da Universidade Federal Fluminense (UFF). Mensalmente são colhidas amostras em pontos predeterminados para análises. O INEA avalia a balneabilidade em 75 praias da Região. Águas de Juturnaíba e Prolagos realizam análises hidroquímicas em 20 pontos da Lagoa de Araruama. O Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ), com apoio da Prolagos, Águas de Juturnaíba e das pesquisadoras Maria Helena Baeta Neves e Wanda Monteiro Ribas, investiga as espécies de fito e zooplâncton em 10 pontos do meio da Lagoa de Araruama além de análises hidroquímicas. Para o ano de 2011, está previsto estender o programa para a Lagoa de Saquarema e Rio São João, com vistas a completar o sistema de monitoramento dos corpos hídricos da região. O Projeto de Revitalização das Águas de Juturnaíba, com duração prevista para 24 meses, contempla análises de diversos parâmetros das águas da represa de Juturna-

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Monique Barcellos

íba e do Rio São João. Diariamente, a partir de duas análises, uma em período noturno e outra em período diurno, são investigados os níveis de oxigênio (O2) da Lagoa de Araruama em 7 pontos. Análises esporádicas são efetuadas para elucidar a suspeita de eventual processo agudo de poluição. As atividades são intensas e os custos absorvidos pelos patrocinadores. Os inúmeros dados que são produzidos e analisados respaldam a adoção de medidas para o controle de impactos antrópicos a que estão submetidos os nossos corpos hídricos.

Educação Ambiental n O município de Silva Jardim sediou, no auditório do Ministério Público, a primeira reunião do ano da Câmara Técnica de Educação Ambiental (CTEA) do Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João, sob a direção da nova coordenadora, Krystina Célia da Silva Correia, representante da Secretaria de Educação e Cultura de Cabo Frio. Na reunião, foram apresentados os projetos de Educação Ambiental das concessionárias de Água e Esgoto Águas de Juturnaíba e Prolagos, além do Projeto Agente das Águas, Biomonitoramento Participativo da Qualidade da Água, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). A CTEA, responsável pelos projetos de Educação Ambiental em toda região de abrangência do Comitê de Bacia Lagos São João, pretende integrar os projetos de Educação Ambiental que já vêm sendo desenvolvidos pelas concessionárias de água e esgoto, Prolagos e Águas de Juturnaí-

Reunião da Câmara Técnica de Educação Ambiental em Silva Jardim, para apresentação de programas, entre eles o Agenda das Águas, coordenado pelo biólogo Daniel Buss (foto) ba, ao Projeto Agente das Águas, Biomonitoramento Participativo da Qualidade da Água dos rios que deságuam no reservatório de Juturnaíba. Coordenado pelo biólogo da Fiocruz, Daniel Buss, o programa consiste em treinar e capacitar a comunidade local para atuar como voluntária na coleta de água e analisar estas amostras através de bioindicadores (microorganismos), com avaliação da qualidade das águas dos rios, observando as mudanças ocorridas no ambiente, gerando relatórios para possíveis estudos e pesquisas no ecossistema monitorado. Nessa ação, a comunidade tem maior acesso às informações e uma participação efetiva em cada etapa da dinâmica, tornando o projeto um grande mobilizador das comunidades, que passam de meros espectadores das ações ambientais a agentes capacitados a detectar impactos e disseminar informações de relevante interesse ambiental. As concessionárias de água e esgoto, Prolagos e Águas de Juturnaíba, tiveram seus contratos de concessão recentemente renovados até 2023 e, em contrapartida, se comprometeram a implementar iniciativas de Educação Ambiental construídas coletivamente no Comitê da Bacia Hidrográfica. Esse compromisso de investimento em Educação Ambiental inclui as ações de educação ambiental que já vem

sendo empreendidas pelas duas empresas, como visitas guiadas, palestras, cinema e outras.

Saneamento n De longa data a sociedade civil milita intensamente na região para a implantação de um sistema de esgotamento sanitário e destino adequado dos resíduos sólidos. Após sucateamento das atividades da Cedae na Região dos Lagos, os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário foram concedidos a empresas privadas. Entretanto, os governos locais priorizaram o abastecimento de água. Não foram definidos os prazos e o sistema de esgotamento sanitário a ser implantado. A sociedade organizada unida protestou junto às esferas de governo e à Agência Reguladora, conquistando, com intensa militância, a antecipação de prazos e a definição de um sistema de esgotamento sanitário. Com essa pressão foi decidido iniciar o esgotamento sanitário com a construção de troncos coletores (“esgotovia”) para captar esgotos despejados no ambiente por valas e manilhas e carrear tudo para estações de tratamento de esgotos (ETEs). Para Araruama foi implantado “wetland” (brejos) para purificação de efluentes de ETEs, o método ideal para nossa

Região. Para as demais cidades foi adotado sistema terciário de tratamento. O grupo que se uniu para acompanhar as obras foi o embrião da Câmara Técnica de Saneamento do Comitê Lagos São João que atualmente integra ONGs, prefeituras, governo do Estado, Agência Reguladora e Concessionárias. É neste coletivo que são feitas as discussões e apresentações dos projetos com os membros que decidem sobre a aplicação dos investimentos. A partir daí, as propostas são levadas ao plenário do Comitê para validação. Apesar dos recursos aplicados serem vultosos, ainda é pouco frente às necessidades da região que só passou a investir em esgotos no século XXI, por incrível que pareça! Os resultados foram sentidos a partir de 2005, quando o sistema entrou em efetiva operação. Os índices de coliformes fecais reduziram de maneira significativa na Lagoa de Araruama, nas Praias de Búzios e na Lagoa de Saquarema. Por outro lado a redução de nutrientes lançados propiciou a revitalização de corpos hídricos com pleno retorno da atividade pesqueira. Atualmente há aporte de investimentos para completar o tronco coletor. O objetivo é eliminar, em tempo seco, praticamente 100% dos despejos nos ambientes lagunares e nas praias, nas áreas da concessão.

Técnico coletando amostra da água da Lagoa de Araruama, fotografado por Arnaldo Villa Nova, coordenador da Câmara Técnica de Monitoramento

Voz das Águas

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