SEEN THROUGH HELMET VISOR : Africa Motorcycle Adventure: Namibia, Botswana, South Africa. - PART 2

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Wilson Cordebello Jr Michael Teschner

Pela viseira do capacete África: Viagem de motocicleta pela Namíbia, Botswana e África do Sul.

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Viajar de motocicleta: hobby ou paixão? O que faz com que algumas pessoas se aventurem em viagens de motocicleta mesmo sabendo dos riscos e perigos do motociclismo, hobby ou paixão? Fazer parte do cenário e não só estar passando por ele, indescritível sensação de liberdade, a visão sem janelas, sentir os cheiros, o calor, o frio , o vento, poder sair fora do caminho, interagir e fazer conexão com outras culturas, explorar e descobrir lugares incomuns, pilotar a moto por si só. Hobby ou paixão?, não importa, as recompensas superam os riscos.


Lesotho


A África cada vez mais é um destino dos sonhos de aventureiros do mundo todo. Sua diversidade cultural, desertos intermináveis, florestas exuberantes junto de seus animais selvagens proporcionam desafios e sensações únicos. Mas mesmo com todos esses atrativos, essa região nunca esteve em nossos planos para uma viagem de motocicleta, até que no inicio de 2019 alguns fatos conspiraram para nos levar a uma aventura pelo sul da África. No início de 2018 uma agência de turismo divulgou um vídeo no YouTube ( https://youtu.be/XCz66YlNbPQ ) mostrando as maravilhas da Namíbia, fazendo paródia com uma fala do presidente Trump, que algumas semanas antes havia se referido a países da Africa, como buracos de merda, (shitholes).

Esse vídeo viralizou e Michael, na mesma época, também se lembrava de ter visto uma reportagem sobre Kolmanskop, uma cidade fantasma da Namíbia tomada pelas areias do deserto. Um lugar espetacular com história da colonização alemã e a exploração de diamantes na região. Além de tudo isso, iríamos passar por três a quatro países que ainda não conhecíamos e assim iriam contribuir para a meta de Michael de ter sempre conhecido mais países do que sua própria idade. Então já com uma visão mas clara Michael começou a falar com Alex Ferguson, um colega de trabalho que vive na Africa do Sul, também apaixonado por viagens de motocicleta. Alex acabou nos incentivando ainda mais , compartilhando suas experiências e nos dando dicas de rotas, locais, estradas, hospedagem etc. Com essas informações ficamos muito empolgados e acabamos decidindo fazer essa viagem, que prometia muita adrenalina e diversão.

Após planejamento detalhado chegamos a um roteiro de 20 dias pela Africa do Sul, Namíbia e Botswana a ser realizada em Agosto, época do ano em que o calor não é muito intenso e com pouca incidência de chuva nessa região. O inicio seria na Cidade do Cabo, onde encontramos uma excelente locadora de motos, e terminaria em Johanesburgo após percorrer cerca de 6000 km por estradas asfaltadas e de terra.


A estiagem que assolava a Namibia por mais de dois anos, marcava o horizonte com terra esturricada a se perder de vista, rios secos e arbustos retorcidos que teimavam em se manter vivos . 6


Falar ou pensar sobre a África, quase sempre nos remete de imediato ao fascínio que seus animais selvagens exercem sobre nós. Nesta viagem tivemos a chance de ficar próximos deles em seu próprio habitat, uma experiência fantástica de muita emoção e adrenalina. O encontro com os “big five”, como são conhecidos o leão, o elefante, o rinoceronte, o búfalo e o leopardo, foi de tirar o folego, as zebras, girafas, e diversos tipos de antílopes enchiam de graça e beleza as extensas savanas africanas. Mas essa viagem nos proporcionou muito mais do que isso, interagir com o povo africano, negros que tiveram um estereótipo construído pelos brancos como seres estranhos, exóticos e inferiores, que não condiz em nada com o que realmente são. Um povo extremamente amigável, solicito, hospitaleiro e forte, que mesmo em condições tão adversas e com pouquíssimos recursos vivem felizes, construindo uma sociedade mais justa para todos, brancos e negros.

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De forma muito tranquila cruzamos o posto de fronteira em Ngoma e seguimos em direção a Botswana. Por nove dias percorremos 3000 km pela fascinante Namíbia, um pais de paisagens impressionantes e um povo extremamente gentil e alegre, com certeza iriamos sentir muitas saudades. 8


Atravessamos a ponte sobre o rio Chobe, que faz fronteira entre Namíbia e Zimbabwe. No trecho entre a ponte e o posto fronteiriço, vimos pela primeira vez muitos baobås, essa årvore gigante de tronco com um formato estranho. 9


Os baobás têm tronco enorme em forma de bulbo e galhos que se projetam para o ar como raízes, fazendo dela uma árvore inconfundível. A maioria estava sem folhas, mas essa no estacionamento do posto fronteiriço, tinha a sua copa pequena mas muito verde. 10


O pequeno escritório da imigração era desorganizado e com pessoal pouco amigável. Me foi solicitado visto por ser brasileiro, alegamos não ser necessário, mas a oficial não aceitou nossos argumentos. Por sorte Michael viu escrito em uma das paredes da imigração, uma lista com nomes de países que necessitavam de visto para entrar na Botswana, e o Brasil estava nessa lista, mas com EXEMPT na frente, ou seja isento de visto. Mostramos para a oficial da imigração e ela sem expressar qualquer reação deu então sequência no processo para nosso ingresso. Fomos pagar a taxa de imigração com uma segunda atendente que falava um inglês difícil ao mesmo tempo que chupava um pirulito. Só aceitavam pagamento com cartão de crédito ou moeda local, que não tínhamos e a maquina de cartão não funcionava. Michael conseguiu trocar dinheiro e pudemos enfim entrar em Botswana, através do Chobe National Park.

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Nosso primeiro contato com Botswana foi atravessando o Chobe National Park, conhecido como a terra dos gigantes é a casa da maior população de elefantes da África. Nossas esperanças de encontra-los na estrada nos animavam. 12


NĂŁo demorou muito e nossos sonho de encontrar os elefantes se realizou. Uma pequena manada com cerca de seis elefantes jovens caminhavam tranquilamente ao lado da estrada entre as arvores. Mas ao pararmos para fotos eles se afastaram.

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Alguns quilĂłmetros a frente e encontramos outra manada, agora mais numerosa. A grande matriarca, lĂ­der da manada, decide atravessar a estrada conduzindo todos de forma bem tranquila ao outro lado da estrada. 15


Eu estava bem prรณximo do local onde os elefantes atravessavam e enquanto filmava um dos elefantes, com as orelhas abertas, parou brevemente e olhou para mim antes de continuar caminhando. Com a moto ligada eu estava pronto para arrancar caso ele ficasse agressivo.

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Michael, mais afastado do local onde a manada atravessou a rodovia conseguiu tirar as fotos desse momento único. Indescritível a sensação de estar tão perto desses animais espetaculares. 17


Chegamos a Kasane jĂĄ no final da tarde, e fomos diretamente para nosso hotel o Big 5 Chobe Lodge. Ă s margens do Rio Chobe. Com a visĂŁo do por do sol celebramos o dia espetacular com muita cerveja antes mesmo de fazermos o check in. 18


Terminamos esse dia com ótimo jantar , na área aberta do restaurante , junto com um simpático casal de alemães que se juntou a nós . Compartilhamos nossas experiências de viagem pela África e nos preparamos para o dia seguinte, que além de ser aniversário de Michael, prometia muitas aventuras.

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Já no café da manhã celebramos o aniversário de Michael e então seguimos em van alugada para a fronteira com Zimbabwe, pois iriamos visitar as famosas Cataratas de Vitoria. Depois de passarmos por uma conturbada fronteira chegamos à cidade turística de Victoria Falls. 20


Antes de seguirmos para as cataratas decidimos fazer um voo de helicóptero e experimentar a emoção da vista aérea sobre a magnifica Victoria Falls e do rio Zambeze. Uma agencia muito bem organizada e com gente muito alegre nos levou para esse passeio. 21


As primeiras imagens apรณs levantarmos voo eram impressionantes, tudo muito seco, tendo somente รกreas verdes nas proximidades do rio Zambeze e das cataratas. O impacto da falta de chuva por mais de um ano eram impactantes.

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Próximo das cataratas se via o rio Zambeze mergulhando pelos desfiladeiros a sua frente. Zâmbia e Zimbabwe estão interligadas por uma ponte metálica logo após as quedas de agua e onde também esta instalada uma central hidroelétrica da Zâmbia. 23


Imediatamente abaixo das quedas, o rio Zambeze serpenteia por uma série de desfiladeiros profundos, seguindo seu longo caminho em direção ao oceano Indico.

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De volta a base de helicópteros, Michael teve uma calorosa acolhida com todos os funcionários cantando e celebrando seu aniversário, que foi revelado na hora de fazer o cadastro para o voo. Coincidência , o filho de uma das meninas também fazia aniversário neste dia. 25


Na entrada do Parque Nacional Victoria Falls centenas de souvenir feitos de madeira e pedra se espalhavam no chão. Alguns crânios de elefante davam a real noção do tamanho desses animais. 26


O parque das cataratas ĂŠ muito bem cuidado e sinalizado, com passarelas e mirantes em vĂĄrios pontos onde se encontravam turistas do mundo todo.

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As quedas de agua se precipitavam nas paredes dos desfiladeiros pelo lado da Zâmbia, onde alguns turistas se arriscavam na Devils Pool na borda de uma grande queda. 28


A seca que assolava a região a mais de um ano também se refletia no baixo volume de água do rio Zambeze, deixando vários pontos das cataratas somente com poças de agua e os paredões dos desfiladeiros expostos. 29


Os reflexos das seca podiam ser vistos em vários pontos da Victoria Falls. Famosos mirantes das quedas de água agora se resumiam a paredões de pedras. 30


A Victoria Falls Bridge construída em 1905 pelos ingleses, é uma atração adicional às cataratas, é a ligação rodoviária entre a cidade de Victoria Falls no Zimbabwe e Livingstore na Zâmbia. 31


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Nos locais mais úmidos, próximos às quedas de água, as trilhas atravessavam áreas de vegetação e árvores muito verdes . Flores exóticas como a bonita lírio bola de fogo, (fireball lily) era encontrada sob as árvores. 34


No caminho de volta para Kasane, novamente encontramos muitos elefantes ao longo da estrada de Zimbabwe. Deixamos o Parque das Cataratas e seguimos de volta para Kasane, onde jĂĄ tĂ­nhamos agendado um safari de barco pelo rio Chobe 35


Em Kasane tomamos um barco para fazermos o Safari pelo rio Chobe. Num porto improvisado vários barcos se preparavam para a saída da tarde, muito concorrido pois além do safari seria possível também ver o incrível por do sol no rio Chobe. 36


A poucos minutos do porto um baobá no alto do barranco se mostrava imponente mesmo sem folhas. Na primeira parada o barco chegou próximo a dois búfalos, uma cena bucólica, um deitado enquanto o outro pastava.

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Os barcos iam percorrendo os vários canais entre as ilhas, e de onde não parecia existir nada surgiam hipopótamos, crocodilos, elefantes, antílopes e algumas aves aquátiicas. 38


Os elefantes e os bĂşfalos eram a grande maioria dos animais espalhados pelas margens e ilhas no rio Chobe. 39


Tivemos nossas primeiras imagens de perto de muitos elefantes. Uma experiência incrível. A abundância de elefantes era impressionante. Encontrar os animais nas ilhas era muito fácil, bastava aproximar o barco das margens. 40


Os pequenos elefantes, sempre acompanhados por suas mรฃes, correm para a margem do rio para beber รกgua e se banhar. Os pequenos brincavam como crianรงas nas รกguas calmas do rio. 41


O safári de barco proporcionava a observação de animais selvagens de uma perspectiva totalmente diferente ao longo das margens do rio. Nossas primeiras vistas de muito perto de elefantes, hipopótamos, crocodilos, búfalos e muitos outros animais. 42


Manadas de búfalos se misturavam com os elefantes, deitados na grama das ilhas espalhadas pelo rio. A sensação de paz e tranquilidade era impressionante. 43


Os hipopรณtamos permanecem a maior parte do dia dentro da agua mas para nossa sorte encontramos um casal pastando tranquilamente. Mas ao nos aproximarmos mergulharam rapidamente ao rio. 44


Sentindo-se ameaçados em terra os hipopótamos correram para a água, mas o pouco tempo em que ficaram sob nossas lentes foi incrível e suficiente para admirar esse esplendido animal. 45


Final do dia crocodilos e hipopótamos ainda se aqueciam preguiçosamente nos últimos raios de sol. A paisagem começa a ficar dourada a medida que o sol se põe no horizonte. 46


Os hipopĂłtamos e o por do sol foram os astros no final de nosso incrĂ­vel safari de barco pelo Rio Chobe. Nas margens ou surgindo no meio do rio eles eram impressionantes. 47


Comemoramos o final do dia com o barco serpenteando o rio Chobe em direção a Kasane. O sol afundava no horizonte, uma visão incrível que marcou o aniversário de Michael e o nosso primeiro dia em Botswana. 48


Anoitecia quando a van passava por Kasane nos levando para o lodge. O motorista saiu da rua principal e entrou num terreno ao lado de uma buraco, de onde subitamente saiu uma hiena. Nos demos conta o quĂŁo prĂłximos estamos dos animais selvagens. 49


Deixamos o Lodge em Kasane logo cedo, tĂ­nhamos 590 km a percorrer atĂŠ Maun sob calor intenso. A paisagem mudou para campos muito secos, alguns animais pastavam ao lado da rodovia. 50


Os protagonistas no trecho prรณximo a Nata, foram os avestruzes. Mesmo numa รกrea totalmente queimada, alguns avestruzes tentavam encontrar alimento e saiam em disparada quando nos aproximรกvamos. .

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A corrida dos avestruzes ao lado da pista era incrĂ­vel. Michael chegou a registrar que eles conseguiam acompanhar as motos a impressionantes 70 km/h. 52


Apรณs Nata, a estrada era muito ruim com buracos e trechos quase sem asfalto. O calor era sufocante e a savana se estendia a perder de vista. Animais ao lado da pista buscavam abrigo do sol sob ralas sombras de รกrvores secas.

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Em Maun nos hospedamos no Maun Lodge, as margens do rio Thamalakane. Já no check-in contratamos um safari para o dia seguinte no Moremi Game Reserve. Jantamos no restaurante Marc’s Eatery com Alex, amigo de Michael, e sua esposa Wilna que vivem na África do Sul e também estavam viajando de moto pela região.


O grande dia havia chegado, hoje iriamos ao Moremi Game Reserve, dentro do Delta do Okavango. As 7:30h nosso guia já estava no hotel, e após parada rápida em sua base, Crocodile Camp, seguimos em direção ao portão sul do Moremi. 55


30 km

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Maun to Moremi South Gate

Delta do Okavango O delta do rio Okavango é considerado uma das sete maravilhas da África. Um dos lugares mais ricos em fauna e vida selvagem de todo o mundo. É um delta pantanoso de interior, formado onde o rio Okavango atinge um vale em Botswana. Quase toda a água que chega ao delta é evaporada e não flui para nenhum mar ou oceano, como é comum a todos os deltas de outros rios. É considerado um dos maiores delta interiores do mundo. Na época da cheia forma uma área alagada com cerca de 15.000 km2 e com mais de 150.000 ilhas, algumas pequenas, outras com mais de 10 km de comprimento. A maior ilha do delta é a Chief’s Island com 70km de comprimento e 14 km de largura dentro a reserva Moremi, um dos melhores lugares para observar a fascinante vida selvagem de 260.000 mamíferos que vivem na região. O delta abriga muitos campings, lodges e alguns dos melhores hotéis de luxo, acessados por pequenos aviões, barcos e alguns por terra em veículos 4x4.


A estrada de areias brancas cortava uma região muito árida, e não demorou muito para os animais aparecerem, elefantes, girafas, javalis, antílopes que se espreitavam entre os arbustos e arvores secas. 57


As girafas apresentavam um comportamento peculiar, sempre nos observando atentamente e quando nos aproximåvamos elas se afastavam e paravam novamente, mantendo uma certa distância de nós.

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Os poucos arbustos com folhas verdes eram incrivelmente cheios de espinhos. Era inacreditável como os animais podiam comer essas folhas sem se machucarem. Árvores arrancadas pelos elefantes, para alcançarem suas folhas, davam ar de devastação naquele lugar.

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JĂĄ tĂ­nhamos visto os elefantes de perto em Chobe, mas aqui era diferente, eles estavam ao nosso lado, a poucos metros da caminhonete aberta. Era como fizĂŠssemos parte do habitat deles.

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Depois de 3 horas e a 100 km de Maun ,chegamos ao portĂŁo sul do Moremi Game Reserve. Fizemos o registro e entramos numa das mais espetaculares reservas de vida selvagem da Ă frica e do mundo.

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O sol era escaldante, os animais procuravam se proteger nas poucas sombras que se formavam sob algumas รกrvores que ainda tinham a copa com folhas. 62


Os elefantes dominavam esta regiĂŁo devastada pela seca e de muitas arvores arrancadas pelas raĂ­zes por eles mesmos. Estima-se que cerca de 150 mil elefantes vivam em Botswana. 63


Os impalas eram muito graciosos, os jovens machos com seus chifres ainda pequenos e as fĂŞmeas sem chifres nos olhavam atentamente. Adultos os impalas chegam a pesar atĂŠ 60kg. 64


Seguindo pelas trilhas, deixamos a área de árvores secas onde predominavam os elefantes e fomos para a savana onde existiam arvores verdes e grandes extensões de capim seco. As primeiras girafas solitárias apareceram junto às árvores. 65


A visão da savana era espetacular, grandes extensões de pastagem com arvores e arbustos espalhados, é o lar perfeito para zebras, girafas e antílopes. Não demorou muito para encontrarmos grandes manadas de zebras.

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As zebras pastavam tranquilamente e mesmo quando chegávamos mais próximos não se perturbavam, se limitando a olhar em nossa direção e continuar pastando. Embora com aparência dócil as zebras são ferozes e não são domesticáveis como os cavalos. 67


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Encontramos os primeiros kudus junto a algumas รกrvores. Um grupo com permaneceram deitados e se alimentando enquanto nos observavam. 70

3 machos,


Os kudus, como uma das maiores espécies de antílopes, pode pesar entre 150kg a 300kg e ter até 1,5 metros de altura. Uma de suas características mais impressionantes são seus chifres em espiral, incrivelmente simétricos, que apenas os machos possuem.. 71


ApĂłs uma breve parada para um lanche seguimos em busca dos leĂľes. No caminho encontramos zebras, caamas e impalas pastando juntos. Interessante como os herbĂ­voros compartilham as pastagens sem nenhuma atrito entre eles. 72


Chegamos a uma área alagada com algumas lagoas e muitos babuínos ao seu redor. O guia nos explicou que este local na época das chuvas se transforma em um rio que flui para o sul desaparecendo no deserto. 73


As famílias de babuínos se reuniam sob a sombra de uma das árvores bem próximos de nós. Estávamos nos preparando para seguir em frente quando vimos um nuvem de poeira se levantando do outro lado do lago. Incrível era uma manda de elefantes que vinha em direção do lago. 74


Uma cena cinematogråfica, a manada se aproximando, os babuínos saindo da frente e dando passagem aos elefantes que avançavam para o lago. Impressionante, uma cena das mais espetaculares de nossa viagem.

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Os elefantes nos proporcionaram cenas espetaculares bebendo agua do rio. Com ajuda de suas trompas sugavam a agua do lago e levavam para suas bocas, num movimento que as vezes atĂŠ parecia sincronizado. 78


A presenรงa da manada dominou totalmente a margem do rio. Eles se refrescavam no lago sugando suas aguas com as trompas para beberem e se banharem. 79


Os elefantes menores sempre estavam acompanhados dos maiores. Bebiam e tambĂŠm aproveitavam para se banharem nas aguas do lago. Com suas trompas esguichavam agua sobre eles mesmos. 80


Assim como chegaram, os elefantes se afastaram vagarosamente da lagoa e desapareceram na floresta. Vivenciar esse incrĂ­vel espetĂĄculo foi uma experiĂŞncia para ser lembrada por toda a vida.

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Nosso guia apontou uma série de hipopótamos, bem próximos a nós, boiando imóveis no lago cobertos por plantas aquáticas. Só com as costas expostas, mais pareciam grandes pedras, se não fossem pelas orelhas e o nariz fora da agua. 82


A presença de água atraía todos os tipos de animais, além dos elefantes, babuínos e hipopótamos encontramos também alguns impalas e javalis que aproveitavam a grama verde ao redor do lago. 83


Nos afastamos do lago em direção a savana em busca de leões, mas acabamos encontrando uma grande manada de zebras que que misturava com muitas girafas, uma cena simplesmente fantástica. 84


As girafas como sempre, ficavam nos observando atentas, e ao se sentirem ameaçadas saiam correndo com seu jeito estranho de correr, num galope peculiar que fazia parecer que elas estavam se movendo em câmera lenta. 85


O tamanho e imponĂŞncia das girafas junto com as listras em preto e branco da zebras eram como uma pintura tendo ao fundo a savana, um quadro magnifico. Ficamos ali contemplando esse espetĂĄculo por algum tempo e depois seguimos em busca dos leĂľes.. 86


As girafas estavam mais preocupadas em se alimentar nos arbustos mais altos enquanto que as zebras caminhavam todas numa mesma direção se retirando daquele local. 87


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JĂĄ passava das 15 horas quando o guia nos disse que iriamos voltar passando por onde na ĂŠpoca das chuvas se forma um rio. A caminho ainda encontramos famĂ­lia de javalis e alguns kudus se escondendo do sol.

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Seguíamos a caminho do rio, um pouco desapontados pois não tínhamos encontrados os leões. De repente Michael gritou: leões, leões !! e mostrou a direção ao guia que seguiu rapidamente para lá. Estavam muito distante de nós, mas parecia ser um grupo de leões, e para nossa alegria era mesmo.

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O guia parou a caminhonete a menos de 5 metros de onde os leĂľes estavam devorando uma zebra. Isso nos assustou um pouco pois estĂĄvamos perigosamente expostos, jĂĄ que a lateral da caminhonete era totalmente aberta. Mas o guia nos disse para relaxar .e aproveitar o momento. 92


Logo chegaram outros turistas e pararam atrás de nós. O grupo de 6 leões jovens, não se perturbou com nossa presença. Enquanto 4 devoravam a zebra, um levantou e se afastou passando na frente dos turistas e se juntando a outro que permanecia deitado mais a frente.. 93


O calor era sufocante, os jovens leĂľes estavam ofegantes, enquanto alguns ainda comiam, outros ficam descansando deitados sob um calor terrĂ­vel. 94


Já estávamos a algum tempo ao lado dos leões quando um deles se levantou e caminhou vagarosamente em nossa direção, se deitando na sombra da caminhonete. Um momento tenso para nós mas ele, tranquilo, só queria ficar na sombra. 95


Deitado na sombra da caminhonete, olhou para nós e assim ficou até irmos embora. Não soubéssemos que era um animal selvagem, poderia parecer que o jovem leão ao nosso lado, com seu olhar meigo, era um animal dócil e inofensivo. 96


Passado o susto, mas ainda apreensivos, relaxamos e atĂŠ tiramos algumas selfies com os nossos leĂľes. JĂĄ era hora de regressarmos a Maun, saĂ­mos vagarosamente e passamos ao lado do restante do grupo que repousava a poucos metros sob a sombra de arbustos. 97


Em pouco mais de 6 horas pelo Moremi Game Reserve, no Delta do Okavango, tivemos uma excepcional experiĂŞncia com a natureza e vida selvagem de uma forma muito alĂŠm do que poderĂ­amos imaginar. 98


No dia seguinte, sob um sol de 40 graus, seguimos para Xhumaga a 140 km de Maun. PassarĂ­amos a noite no Boteti River Camp, Ă s margens do rio Boteti, mas que como tantos outros estava seco devido a longa estiagem que assolava NamĂ­bia e Botswana. 99


Nosso chalĂŠ era na realidade uma grande barraca sobre uma plataforma de onde podĂ­amos avistar o leito seco do rio Boteti. Com o drone conseguimos visualizar o rio empossado alguns metros abaixo, sem agua suficiente para fluir pelo seu leito. 100


O Boteti River Camp, esta estrategicamente localizado a beira do rio Boteti com grande e bonita varanda para observação de animais selvagens. Mas sem água não havia muito a se ver, além do leito seco e um solitário springbok pastando nele. 101


Mas estávamos com sorte, após relaxarmos algumas horas na piscina e já com o sol quase se pondo em Xhumaga, uma manada numerosa de gnus apareceu para pastar no que era o leito do rio. Da grande varanda assistimos a mais este espetáculo que só a África pode proporcionar..

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A maior manada de gnus que já tínhamos visto, agora estava ao lado de nosso hotel. A visão deles pastando tranquilamente à nossa frente era fascinante. Terminamos mais um dia desfrutando de delicioso jantar de comida bem caseira. 103


Nosso lodge ficava a cerca de 1 km de Xhumaga por ruas de areias que logo cedo jĂĄ estavam a mais de 39 graus. Xhumaga ĂŠ uma das portas de entrada para o Parque Nacional de Makgadikgadi, um dos maiores salares da Ă frica e do mundo. 104


Nosso destino era Serowe, a 400 km de Xhumaga, por uma rodovia que atravessa uma região extremamente árida , entre o Deserto de Kalahari e as salinas de Makgadikgadi. O calor era insuportável, o ar era tão quente que queimava o rosto se abríssemos a viseira do capacete.

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Vacas e cavalos surgiram atravessando a pista, e todos sempre no mesmo sentido, de oeste para leste, nĂŁo sabĂ­amos o porque, mas depois entendemos que vinham do deserto Kalahari para o rio Boteti que estava do outro lado da pista, em busca de agua.


Cavalos e vacas caminham em fila indiana pelo deserto Kalahari, indo em direção ao rio Boteti que acompanhava a rodovia de Xhumaga até o vilarejo de Mopipi. Não conseguimos entender porque eles estavam vindo do deserto Kalahari. 107


Boteti River

Chegamos a Mopipi, e paramos para reabastecer nossas motos. Aqui o Rio Boteti foi represado criando um reservatĂłrio de agua durante o perĂ­odo das chuvas. As salinas de Makgadikgadi podiam ser vista desde a rodovia. 108


A 30 km de Serowe chegamos ao Khama Rhino Sanctuary , uma reserva criada para conservação de rinocerontes. Numa årea de 5000 hectares, entre outros animais, conta com mais de 30 rinocerontes brancos e um casal de rinocerontes negros. 109


Logo que o dia amanheceu saímos de caminhonete em busca dos rinocerontes. Em poucos minutos já estávamos pelas trilhas arenosas que cortavam uma região impressionantemente seca. Os gnus e as zebras foram os primeiros a aparecer. 110


Impalas e Avestruzes compartilhavam os pastos secos. Estรกvamos ansiosos para encontrar os rinocerontes. Nossa guia percorria todos os lugares em busca deles. 111


Passamos ao lado de uma mina de agua e pela primeira vez vimos animais e aves tomando agua juntos. Impalas e springboks se misturavam a cegonhas- marabu e galinhas d´angola.

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Ver os animais e aves compartilhando pacificamente uma fonte de agua, ainda que bastante escassa, era incrĂ­vel. Parecia que aquele lugar era zona neutra, nenhum animal atacava o outro. 113


Ao redor de uma enorme caixa de agua encontramos Impalas, Elandes , kudus e as esquisitas cegonhas-marabu. A agua deixada vazar propositalmente formavam poรงas onde os animais bebiam. 114


As cegonhas-marabu com sua aparência incomum pareciam preguiçosas ficando imóveis ao lado dos animais, aparentemente comendo insetos enquanto os outros animais bebiam agua. 115


Os Elandes ficaram incomodados com nossa presença e quando nos aproximåvamos eles corriam e saltavam com uma agilidade impressionante mesmo pesando atÊ 900kg, eram graciosos e elegantes. 116


Nossa expectativa era ter encontrado os rinocerontes nessas fontes de agua, mas parecia que hoje nĂŁo estĂĄvamos com sorte. Mas a manada de Elandes era espetacularmente bonita. 117


Fomos então a um pequeno lago com uma cabana cercada que permitia a observação do animais fora da caminhonete. Mas somente alguns patos estavam na lagoa, nada de rinoceronte. 118


Continuamos a busca pelos rinocerontes pelas trilhas mas sem sucesso. Vimos muitas galinhas d´angola que passavam agitadas pelas trilhas, alguns kudus, Orix e caama se escondendo nos arbustos espinhosos e secos. 119


Desapontados, jรก estรกvamos retornando ao lodge quando a guia parou e apontou para dentro do mato mostrando finalmente os rinocerontes. Estavam longe da trilha, mas nossa guia entrou na mata e se aproximou dos esplendidos animais para nossa alegria. 120


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Os dois rinoceronte brancos eram muito ariscos e ficaram somente alguns segundos parados a pouco mais de 5 metros de nós, Mas foi o suficiente para admirarmos esse esplendido animal, que inacreditavelmente Ê caçado pelos seus chifres. 122


Graças a nossa guia, que mesmo não sendo permitido, saiu da trilha e entrou mata adentro com a caminhonete, vimos de perto os tão esperados rinocerontes. No caminho de volta outras surpresas nos aguardavam, como essas belas girafas. 123


A poucos quilómetros do lodge ainda encontramos uma enorme manada de springboks que pastavam sob os olhares de uma solitário gnu, um espetáculo único que encerrou com chave de ouro nosso safari pelo incrível Khama Rhino Sanctuary. 124


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Antes das 10 horas estávamos de volta ao Lodge para logo em seguida irmos em direção a Gaborone, capital de Botswana . No caminho, cruzamos Sewore uma cidade bonita com muitos jacarandás roxos. 126


Percorremos os 315km até Gaborone, capital da Botswana , e fomos para a Reserva Natural Mokolodi 20 km a frente onde passaríamos nossa última noite em Botswana. Nossa aventura pela África estava chegando ao fim. 127


Nossos chalés ficavam dentro da Reserva e por isso não podíamos ir com nossas motos que ficaram no estacionamento na entrada da reserva. Os chalés eram redondos cobertos com palha no estilo típico das cabanas de Botswana. 128


Das varandas dos chalés se via uma lagoa onde no final da tarde alguns animais vinham matar a sede. Muitos babuínos se espalhavam ao redor dos chalés, nos fazendo ter atenção redobrada pois era comum eles entrarem nos chalés em busca de comida. 129


Para o jantar, fomos até Gaborone no suntuoso The Grand Palm Hotel, Casino Convention Resort. Estávamos definitivamente deixando a África selvagem para trás. 130


No dia seguinte acordamos com o barulho dos pĂĄssaros que estavam agitados nos arbustos ao redor do chalĂŠ. Mesmo com a seca e calor terrĂ­vel eles sobreviviam bravamente. 131


Após café da manhã no restaurante do lodge, deixamos Mokolodi e seguimos em direção a fronteira com África do Sul, última etapa de nossa Jornada pela África. 132


Depois de 70km de Gaborone chegamos a fronteira com África do Sul. Com pessoal muito simpático passamos pela imigração e alfandega do Posto de fronteira Pioneer e deixamos a linda Botswana.

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Poucos metros apĂłs a fronteira de Botswana chegamos ao posto de fronteira Skilpadshek da Ă frica do Sul, incrivelmente todo cercado com arame farpado. Seguimos entĂŁo para nosso destino final, Johanesburgo.

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Completamente diferente de Namíbia e Botswana de terras muito áridas e agricultura de subsistência, na África do Sul se viam grandes extensões cultivadas, com infraestrutura de uma agricultura desenvolvida e de larga escala.

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No caminho para Johannesburgo atravessamos vårias cidades pequenas, todas muito bonitas e com comercio bastantes dinâmico e diversificado. O jacarandås roxos floridos se destacavam nas ruas. 136


Chegando aos subĂşrbios de Johannesburg nos deparamos com cenas comuns das grandes cidades ao redor do mundo, favelas com casas feitas de telhas de chapa, ao lado da rodovia. 137


Johannesburg, Joburg para os locais, uma metrópole com cerca de 8 milhões de habitantes é um dos maiores centros financeiros e econômicos da África. Antes de seguirmos para o hotel circulamos com nossas bikes pelas lindas avenidas dessa cidade vibrante. 138


Finalmente fomos para o hotel, nossa Jornada África havia terminado após 19 dias. Uma experiência para toda a vida. Encerramos nossa passagem pela África com jantar num dos restaurante em uma das luxuosas torres da cidade. 139


Com 6440 km percorridos pela África do Sul, Namíbia e Botswana, uma viagem espetacular pelas belezas naturais, pelos animais selvagens e pelo povo amável, alegre e hospitaleiro que fizeram de nossa aventura uma viagem que ficará para sempre em nossas memórias. 140


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