Revista Floresta Brasil Amazônia - 03

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Substrato registrado no Ministério da Agricultura - MAPA - PR - 94240 10000-8. Floresta Brasil Amazônia - MAI / JUN 2012

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Recomendação de uso: a dosagem deve ser recomendada mediante análise do solo ou consulte nossa equipe.

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wega

CAPACITAÇÃO DO PRODUTOR RURAL

O SENAR contribui para a profissionalização, integração e sustentabilidade dos produtores rurais amazonenses. A instituição desenvolve ações de formação e atividades de promoção social voltadas para o homem do campo, contribuindo com sua especialização científica e melhoria da qualidade de vida, para o pleno exercício da cidadania. 4 | MAI / JUN

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AMAZONAS

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Sumário )))))))))))))))))))))))) 10

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Debate

O Fórum Mundial de Sustentabilidade trouxe a Manaus especialistas em meio ambiente, indígenas, engenheiros, políticos, ativistas e população em geral

MERCADO

Feira de produtos regionais é a mais nova opção de compras para as famílias

»» Registro

O que acontece – Pág 8

»» Notas

Fique por dentro – Pág 9

»» Artigo

Senador Eduardo Braga fala sobre os serviços ambientais – Pág 20

»» Artigo

Ennio Candotti fala sobre Economia + verde na Rio + 20 – Pág. 22

»» SUFRAMA

Superintendente Thomaz Nogueira abre o jogo sobre a Suframa – Pág 24

»» Obras

O Tribunal de Justiça do Amazonas anunciou a criação de novos fóruns na capital e interior do Estado – Pág 28

»» RECORDE

Cheia recorde prejudica famílias inteiras, a economia, pecuária e a produção rural do Estado – Pág 36

»» Artigo

Muni Lourenço faz um balanço das atividades do Sistema FAEA/SENAR-AM – Pág 49

32

OCB-Sescoop Espaço mais amplo com a inauguração da casa do cooperativismo amazonense

»» Extrativismo

Família Neves trabalha para retomar a produção de borracha do Lago do Uruapeara – Pág 62

»» Manuseio Correto

Curso em Carauari capacita trabalhadores que vivem da colheita do açaí – Pág 66

»» Fas

Inauguração da Nova Vila de Cujubim, pela FAS e SDS – Pág 72

»» Comemoração

»» Potássio

»» Artigo

»» Artigo

Feira da Polícia Militar comemora um ano de sucesso – Pág 50

Hiroshi Noda escreve sobre a segurança alimentar, agroecologia e os povos tradicionais – Pág 53

»» Campanha Aftosa

A campanha contra a Febre Aftosa já começou, para incentivar os pecuaristas, vacinas mais baratas e curso de capacitação – Pág 54

Empresário Ulisses Girardi escreve sobre as usinas de incineração de lixo urbano – Pág 57

O município de Boca do Acre está se tornando referência em melhoramento genétco – Pág 58

Fazenda Favorita fecha parceria com a Fazenda 3R na compra de 12 novilhas geneticamente evoluídas da raça Nelore – Pág 60

Pesquisadores iniciaram o primeiro inventário ornitológico das bacias dos rios Negro e Madeira

»» Artigo

Marcio Freitas e o ano internacional das cooperativas – Pág. 83

Senadora Vanessa Grazziotin faz um panorama da cheia recorde no Amazonas – Pág. 91

»» MELHORIAS Potencial da exploração de Silvinita e Potássio – Pág 92

»» Artigo

Sérgio Bártholo e a paixão pelos barcos – Pág 94

»» Modernização

A Cooperativa Verde de Manicoré-Covema, está modernizando sua linha de beneficiamento de castanha – Pág 84

»» Artigo

»» INFORMÁTICA

»» Entrevista

Organização amazonense é uma das vencedoras da 4ª edição do Prêmio ODM – Pág 80

»» Artigo

»» Exportação

Eron Bezerra fala da cheia recorde – Pág. 78

aves

»» Prêmio

»» Artigo

Potencial mineral é tema de audiência pública em Autazes – Pág 74

30

Professores do município de Maués receberam computadores personalizados – Pág 86

Nora Prado escreve sobre visita a Manaus – Pág 94

»» Artigo

Viana fala da Rio +20 – Pág 96

»» PRODUÇÃO

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Inauguração da feira do produtor em Parintins – Pág. 88

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Diretor Executivo Epifânio Leão Diretor de redação e Antonio Ximenes Jornalista Responsável MTB: 23.984 DRT-SP Editora Assistente Diárcara Ribeiro Helcio Ferreira Jr. Diagramação MTB: 556 SRTE-AM Repórteres Antonio Parente Antonio Ximenes Camila Carvalho Diárcara Ribeiro Fábia Lázaro Liliane Pantoja Lívia Nadjanara Marcello de Paulo Tayana Martins Thayana Fink Fotógrafos Antonio Ximenes Bruno Kelly JJ Soares Priscilla Torres

Epifânio Leão Publicitário

Diárcara Ribeiro Jornalista

Helcio Ferreira Jr. Diagramador

Camila Carvalho

Fábia Lázaro

Antonio Parente

Liliane Pantoja

Marcello de Paulo

Thayana Fink

Tayana Martins

Lívia Nadjanara

JJ Soares

Bruno Kelly

Priscilla Torres

Marcelo Duque

Jornalista

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Revisão Epifânio Leão Peças Publicitárias Marcelo Duque Foto de capa Bruno Kelly Impressão Grafisa

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Distribuição: Regional Periodicidade: Bimestral

Rua Pará, 425, Sala 3 – Cj. Vieiralves N. Sa. das Graças – Fone: 92 3087-5370 CEP: 69053-575 – Manaus–Amazonas wegamanaus@gmail.com

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))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))) EDITORIAL No ano da maior cheia da história do Amazonas, há 110 anos que os rios não subiam tanto na região, acontece a Rio+20. Comprova-se as previsões dos cientistas de que secas e enchentes assolariam a Amazônia em um curto espaço de tempo, como efeito direto das mudanças climáticas. Em 2005 tivemos uma seca recorde, em 2009 uma cheia surpreendente e, agora, este dilúvio que afetou 385 mil pessoas e deixou mais de 50 municípios em estado de emergência e calamidade, no maior Estado do Brasil e o de melhor conservação ambiental do planeta. Em meio ao drama das pessoas desabrigadas, o governador do Amazonas, Omar Aziz, em um gesto de indignação perguntou: Onde está o apoio da comunidade internacional ao Amazonas ? O que os países que tanto falam sobre a preservação ambiental da Amazônia fizeram para ajudar os ribeirinhos e indígenas, nesta hora crucial de suas vidas às margens dos grandes rios e no meio da floresta? Silêncio da Europa, dos EUA, da Ásia, enfim, nenhuma ajuda concreta das nações desenvolvidas. Antes da megacheia, o Fórum Mundial de Sustentabilidade de Manaus teve a coragem de apontar em uma carta (leia na página 18) dez itens para melhorar a qualidade de vida do planeta, dentre eles a criação de um mecanismo internacional para que os povos da floresta recebam pela conservação da Amazônia (crédito de carbono). Na ocasião, a ONU enviou o coordenador da Rio+20, Brice Lalonde, para participar do evento. O francês fez uma defesa apaixonada da conferência do clima, dizendo que este é o melhor momento para o mundo agir em defesa da Terra, ou seja, da vida de 7 bilhões de pessoas, a partir da redução dos gases geradores do efeito estufa e do aumento de energias renováveis, com baixo impacto ambiental. Como se percebe, vivemos o dilema socioambiental, onde aquelas nações que se beneficiaram da revolução industrial em grande escala cobram dos países em desenvolvimento, dentre eles o Brasil, medidas para diminuir o avanço do progresso nas florestas, mas, ao mesmo tempo, 'não são capazes de mexer uma palha' para ajudar quem mais precisa na Amazônia, nas horas mais difíceis, como o da maior enchente da história do Amazonas. Com este cenario de apatia e com a crise econômica consumindo o emprego de milhões de europeus, chegamos ao maior evento ambiental do planeta em junho, no Rio de Janeiro. Mas é bom lembrar que os melhores conhecedores da Amazônia são as mulheres e os homens que vivem na floresta. E que na hora de alimentar os filhos, os pais não pensam duas vezes entre manter uma árvore em pé e colocar comida na mesa de suas crianças, a fome tudo vence. Por isso, antes de ditar regras ambientais para o Brasil, com base na Amazônia, os grandes da economia mundial deveriam colaborar com recursos financeiros, ciência e tecnologia a quem preserva a maior floresta tropical do planeta. Antonio Ximenes Jornalista Responsável

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»» registro da floresta Foto: Divulgação/Mazio Aquino

»» I ECSA O I Encontro de Comunicação Socioambiental do Amazonas (I ECSA), realizado no dia 21 de março, reunindo especialistas na área ambiental, profissionais da mídia local e nacional, além da sociedade civil, onde discutiram temas sobre: a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e na erradicação da pobreza e o quadro institucional para o desenvolvimento sustentável, que estarão em debate na Conferência

»» vISITA a novo ayrão

»» Pagamento da subvenção de juta e malva

Rio+20, que acontece durante o pe-

A Miniusina Fotovoltaica de Sobrado,

ríodo de 20 a 22 de junho de 2012,

no município de Novo Ayrão (a 115 km

Uma equipe de técnicos do Gover-

na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

de Manaus), recebeu a visita, no dia 18

no do Estado do Amazonas, por in-

de abril, de engenheiros do governo da

termédio da Agência de Desenvol-

Nicarágua, interessados na tecnologia

vimento Sustentável do Amazonas

da Eletrobras Amazonas Energia, de

(ADS), esteve no dia 17 de maio, em

geração de energia solar e faturamen-

Itacoatiara, efetuando o pagamento

to pré-pago, desenvolvida em 12 loca-

da subvenção da fibra de juta e mal-

lidades do interior do Amazonas, assim

va a 24 juticultores, totalizando o

como nos desafios que o Programa Luz

montante de R$ 49.560,52.

“Temos que dar um recado ao mundo na Rio+20: todos falam em preservação, mas até hoje o Estado do Amazonas não viu um real sequer sobre crédito de carbono, sobre ajuda humanitária ou sobre os problemas que enfrentamos dentro de nossas florestas”, pontuou o governador. Foto: Agecom/Alex Pazuello

Para Todos enfrenta na região. A visita faz parte de uma série de com-

gamento do ciclo da safra 2010/2011

promissos junto ao governo brasileiro,

que está contemplando, este ano, 895

resultado de um acordo de coope-

produtores de 12 municípios, totali-

ração técnica firmado entre os dois

zando o montante de R$ 1.628.498,43.

países, para a implementação de um programa de modernização do setor energético naquele país. Na agenda nicaraguense, estão previstos ainda, encontros junto ao Ministério de Minas e Energia (MME), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e à sede da Eletrobras, no Rio de Janeiro.

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Com esta ação, a ADS encerra o pa-

Este ano, o Governo do Amazonas já anunciou a antecipação do subsídio da safra 2011/2012 para agosto, com o objetivo de amenizar os impactos negativos da enchente que afeta a produção rural dos municípios amazonenses.

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»» NOTAS »» dia de campo A Embrapa Amazônia Ocidental, no dia 31 de março apresentou informações das atividades sobre Recuperação de Pastagens pelo Sistema Integração Lavoura – Pecuária – Floresta (ILPF), implantado em uma propriedade, o projeto está em fase de semeadura do cultivo do milho e controle de plantas invasoras. O evento “Dia de Campo” foi realizado no município de Autazes (AM).

»» aniversário O Campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFAM), localizado na Zona Leste, comemorou 71 anos de educação profissional e tecnológica. Alunos, egressos, antigos professores e gestores, além de convi-

dados representando o setor público

Foto: Diárcara Ribeiro

e privado prestigiaram o evento, no dia 2 de abril.

»» homenagem Em visita a Manaus, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, recebeu uma homenagem da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA), pelo trabalho realizado à frente da relatoria da proposta de atualização do Código Florestal na Câmara

professor Gedeão Amorim, secretá-

dos Deputados. Rebelo foi o relator

rio de Estado de Educação, no dia 15

da matéria em uma comissão especial

de maio, data de aniversário de 143

criada no final de 2009 para discutir o

anos do município.

tema, quando era deputado federal.

»» medalha A Câmara Municipal de Humaitá outorgou a medalha Álvaro Maia ao

O autor da proposta para a concessão da medalha ao professor Gedeão Amorim foi o vereador Sidnei Tempo, que destacou os avanços na área da educação. Foto: Antonio Ximenes

»» Hélio Valmir de Moraes, (ao centro de chapeu preto), proprietário da casa sertaneja Porteira Country, localizada na estrada do Turismo, ladeado por funcionários e formandos do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário Nilton Lins. E no próximo dia 9 de junho haverá um grande show para arrecadar recursos à formatura dos universitários

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Fórum

REPORTAGEM: Antonio Ximenes e Thayna Fink FOTOS: JJ Soares e Bruno Kelly

mANAUS É PALCO

DE DEBATE EM PROL da

SUSTENTABILIDADE

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O F贸rum na capital do Amazonas contou com v谩rias autoridades mundiais em meio ambiente, dentre elas a ex-primeira ministra da Noruega, Gro Harlem Bruntland, Depois dos debates foi elaborada Carta do Amazonas

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Fórum

A

floresta amazônica tem suas propostas para a Rio+20. Coube aos participantes do III Fórum Mundial de Sustentabilidade, reunidos em Ma-

naus nos dias 22, 23 e 24 de março último, alinhavarem os dez tópicos essenciais a serem apresentados à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontece no Rio de Janeiro, de 13 a 22 de junho. Na Carta do Amazonas, o documento extraido dos debates deste, que é o mais importante evento de economia verde do planeta, no âmbito das florestas tropicais,

»» Ex-Primeiro ministro francês, Dominique de Villepin

observa-se que a aprovação de um tratado internacional para implementar o REDD+ (crédito de carbono) como mecanismo de preservação das florestas nativas; bem como o estabelecimento de metas para a univer-

zando a qualidade de vida planetária, comprometendo bilhões de vidas em todos os continentes.

salização do acesso à energia limpa até o ano de 2030,

"Existe uma mobilização organizada, capitaneada pela

encabeçam os itens destacados como fundamentais

ONU, que bem ou mal tem conseguido reunir as nações

para uma existência mais equilibrada no planeta (leia na

para que se possa chegar ao entedimento ambiental".

íntegra da carta na página 18).

Mas, Brundtland ponderou que o difícil tem sido aparar

»» Gro Harlem Bruntland

as diferenças ambientais de países como a China, EUA,

O fórum na capital do Amazonas contou com várias autori-

um interesse global para se encontrar alternativas aos

dades mundiais em meio ambiente, dentre elas a ex-primeira

combustíveis fósseis, disso não resta dúvidas, porque

ministra da Noruega, Gro Harlem Bruntland, que conferen-

o que está em jogo são as próximas gerações, nossos

ciou sobre "O Caminho de Estocolmo à Rio+20, e da Rio+20

filhos, netos...".

ao ano de 2032". Neste painel de abertura, ela destacou que passados 20 anos da ECO-92, ocasião em que ela havia sido a coordenadora geral do evento global, muitas coisas mudaram no planeta, para melhor e para pior.

Índia, Rússia, Brasil, Canadá, entre outros; mas que há

Ela acredita que a Rio+20 é o fórum ideal para que os chefes de Estado e a comunidade internacional possam encontrar respostas e soluções aos graves problemas ambientais que afetam a humanidade. "Esta é a hora, en-

De positivo, o aumento da consciência de que o planeta

quanto há tempo".

não aguentará tanta pressão em suas florestas, rios, oce-

»» brice lalonde

anos, cidades e atmosfera se medidas concretas não forem adotadas para diminuir a poluição de gases do efeito

Quem também fez uma defesa incondiconal para que

estufa, de maneira generalizada, que vem desestabili-

ações concretas sejam realizadas pelos membros partici»» Brice Lalonde, coordenadorgeral da Rio+20, destacou o papel de liderança do Brasil internacionalmente

»» Roberto Klabin, presidente do LIDE Sustentabilidade

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pantes da Rio+20, com o objetivo de salvar o planeta, foi o coordenador da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável da ONU, Brice Lalonde. Ele se dirigiu aos participantes do Fórum Mundial de Sustentabilidade dizendo que "não se pode continuar admitindo o desmatamento das florestas, especialmente da Amazônia, praticamente a última grande floresta do planeta com uma das maiores biodiversidades existentes em seu interior". Ele pediu leis mais duras para proteger o meio ambiente e as populações que vivem neste ecossitema. O francês Lalonde lembrou uma frase do ex-presidente norte-americano Jonh Kennedy, quando disse "não pergunte o que os EUA podem fazer por vocês, mas o que vocês podem fazer pelos EUA". Nesta direção, Lalonde frisou que são as populações que vivem na floresta, seus governos e a humanidade, que têm que tomar atitudes para preservar a Amazônia, tudo isso com respeito à soberania das nações. Ele avançou sobre a temática que será discutida na

»» Fernado Henrique Cardoso durante a palestra

Rio+20, salientando que economia verde, erradicação da pobreza, energia limpa e eficiência energética vão nortear as discussões no Rio de Janeiro. "Quem definiu que será assim foi a ONU e vamos seguir à risca o que vem sendo debatido ao longo da preparação para a Rio+20". Lalonde enfatizou que "será decidido o que vai acontecer nos próximos vinte anos". Ele deixou nítido que o desconforto global da ausência de medidas concretas para proteger o planeta, ocorrido nas últimas conferências do clima da Dinamarca, México e África do Sul não pode se repetir no Rio de Janeiro. "É fundamental que os países cheguem a um acordo. Precisamos de uma nova economia, onde a sustentabilidade seja a referência do desenvolvimento planetário".

»» O evento contou com a realização de cinco workshops

»» FHC Quem também colaborou para uma abordagem mais profunda das questões ambientais, pautada pela liderança do Brasil no cenário internacional, foi o ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, que com sua experiência de estadista histórico da nação brasileira, disse que em seu governo poderia ter feito mais pelo meio ambiente, mas, que, ao mesmo tempo, trabalhou ativamente para ampliar as unidades de conservação no país e aumentar o porcentual das reservas legais das propriedades na Amazônia, de 50% para 80%. Se por um lado Fernando Henrique Cardoso lamentou não ter podido fazer mais pelo meio ambiente, por outro deu

»» Secretário executivo internacional do Greenpeace, Kumi Naidoo, exministro da Agricultura do Brasil, Roberto Rodrigues, presidente do LIDE João Doria Jr., e o superintendente da FAS, Virgilio Viana

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Fórum

»» Bianca Jagger, ativista dos direitos humanos

uma resposta imediata à comunidade internacional ao assinar o documento do Greenpeace de desmatamento zero no Brasil, especialmente na Amazônia. "No meu tempo de presidente da República as prioridades eram outras, na pauta das emergências do país, mas, mesmo assim, já vislumbrava os problemas que teríamos se continuasse o desmatamento que se verificava nas florestas brasileiras, à época. Hoje, mais do que nunca, temos consciência de que o Brasil é um dos principais protagonistas no planeta quanto às

»» Pesquisador do INPA, Philip Fearnside

»» Energia nuclear Villepin, que é considerado um dos mais hábeis estadistas europeus nas questões ambientais, reconheceu que a França continua sendo a maior detentora de energia nuclear em sua base de matriz energética e, que, isso, não é positivo; mesmo que as medidas de segurança francesa quanto a energia nuclear sejam avaliadas como as mais avançadas do mundo.

questões realacionadas às mudanças cilmáticas".

"Temos que olhar para a Alemanha, que está buscando

»» Agência mundial de meio ambiente

outras alternativas energéticas e deixando de lado a

No mesmo dia, o ex-primeiro ministro da França, Domi-

porque mais de 70% da nossa energia vem das usinas

nique de Villepin, disse que defende a criação de uma

nucleares", disse com uma ponta de tristeza em sua fala.

agência mundial de acompanhamento e interferência

»» Tragédias

nas questões ambientais do planeta. "Não dá mais para

energia nuclear. Mas isso vai levar tempo no meu país,

ficarmos tratando do meio ambiente em conferências

O ex-primeiro ministro Villepin sabe, a exemplo da co-

ou encontros internacionais sazonais. Estamos vivendo

munidade internacional em peso, que as usinas de Cher-

um momento delicado, onde os riscos de impactos irre-

nobyl, na antiga União Soviética, e a de Fukushima, no

versíveis para a natureza são reais com as mudanças cli-

Japão, não foram capazes de superar as piores crises

máticas. É fundamental a existência de uma agência com

nuncleares que se têm notícia na história da humanidade

legitimidade, poder e meios para fazer cumprir o que for

em tempos de paz.

[

acordado entre as nações para o bem da humanidade".

e genética nas populações do seu entorno. Fukushima, por

“Existe uma mobilização organizada, capitaneada pela ONU, que bem ou mal tem conseguido reunir as nações para que se possa chegar ao entedimento ambiental" Gro Harlem Bruntland, ex-primeira ministra da Noruega

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A primeira explodiu causando uma hecatombe ambiental sua vez, "pôs em cheque" as instalações nucleares do país, no que diz respeito a acidentes naturais, no caso japonês, um terremoto seguido de maremoto que provocaram o lançamento de radiotividade no mar e na atmosfera afetando a população local, as frutas, plantas em geral e animais de uma grande região, chegando a Tóquio, inclusive.

»» Greenpeace e agricultura Pautado e fundado na tradição democrática, o Fórum Mundial de Sustentabilidade deu mostras, em sua tercei-

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ra edição, que está pronto para balizar as discusões sobre floresta tropical no planeta. De um lado o secretário executivo internacional do Greenpeace, Kumi Naidoo, de outro o ex-minisntro da Agricultura do Brasil, Roberto Rodrigues, reconhecido mundialmente como um dos maiores defensores da produção de alimentos no país com o objetivo de abastecer o planeta, a exemplo do que já ocorre em diversas culturas, como a soja, carne bovina, frango, entre outras. Kumi Naidoo 'abriu baterias' dizendo que "não se podia admitir mais que o Brasil continuasse destruindo as florestas para dar espaço às culturas agrícolas e à pecuária, que devastam os biomas como da Mata Atlântica, do Cerrado e da Amazônia". Roberto Rodrigues respondeu que entendia as preocupações ambientais do ativista internacional, mas que ele deveria fazer o exercício de pensar a humanidade também como um universo a ser alimentado, mais precisamente 7 bilhões de bocas, das quais mais de dois bilhões passam fome. "O Cerrado é um dos mais férteis biomas do Brasil e tem condições de dobrar a produção de alimentos do país aumentando a escala mundial de fornecimento de grãos. Não abrimos mão de seu aproveitamento e vamos aumentar o agronegócio nesta região".

»» Oceanos

destaque deste tema, que contou ainda com a participação direta de Alexandre Turra, Guilherme Dutra e Roberto klabin, todos ambientalistas profundamente envolvidos com as águas azuis, a fauna e a flora deste ambiente extraordinário que domina mais de 70% da superfície terrestre, os oceanos. Sylvia Earle, com sua vasta sabedoria, deu uma aula magna de humildade e de amor aos oceanos e a todo tipo de vida que existe neles. "O mais importante ingrediente da vida é a água, tanto dos mares como de qualquer outro ambiente. Precisamos dela para viver, mas estamos poluindo os rios, os oceanos em grande escala e não respeitamos os ciclos hidrológicos, porque estamos permanentemente alterando o equilibrio do planeta, através de nossas ações predatórias que provocaram as mudanças climáticas", comentou. Ela disse que sem azul não há verde e que o Brasil precisa

Mas nem só de floresta se falou no Fórum Mundial de

exercer mais fortemente a sua liderança ambiental de for-

Sustentabilidade, a vida nos oceanos também foi des-

ma planetária, não somente nas florestas, mas, sobretu-

taque. A oceanógrafa norte-americana Sylvia Earle foi o

do, nos mares. "O Brasil tem 200 milhas náuticas de costa, ►

»» Omar Aziz e os ribeirinhos O governador do Amazonas, Omar Aziz, em sua fala de abertura dos trabalhos do Fórum Mundial de Sustentabilidade, disse que os povos ribeirinhos da Amazônia precisam receber ajuda de maneira concreta da comunidade internacional. Ele destacou que com a enchente, a maior dos últimos 110 anos no Amazonas, mais de 80 mil famílias ficariam debaixo das águas, como de fato aconteceu, e que a comunidade internacional não se mobilizou para ajudá-las neste momento de calamidade e emergência, provocada pelas mudanças climáticas nos rios. "Nós sabemos o que fazer para ajudar o nosso povo, ninguém precisa nos ensinar, mas antes da sustentabilidade ambiental está o direito à vida, das pessoas", desabafou.

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Fórum uma das mais diversificadas do planeta, e não pode permitir que se destrua o habitat de baleias e de outras espécies ao longo desta fantástica costa marítima", comentou. Ela destacou, ainda, "que nos próximos dez anos teremos o período mais importante dos próximos dez mil anos". Preocupada com a devastação das redes que fazem arrastão nos oceanos, exemplificou que este tipo de pesca predatória tem o mesmo efeito dos tratores de esteira que arrasam as florestas. "Não podemos permitir que isso continue acontecendo".

»» Ambientalistas dos mares O biólogo Turra, por sua vez, falou sobre as 'ameaças aos ecossistemas marinhos e costeiros do Brasil'. Dutra pontuou a respeito de 'Abrolhos, o petróleo, a pesca e o desafio da conservação marítima'. Roberto Klabin, na condição de presidente do Lide Sustentabilidade, instituição norteadora do Fórum Mundial de Sustentabilidade, falou sobre a 'contribuição da sociedade civil para a defesa dos oceanos'. Com amplo conhecimento de legislação e na condição de um dos mais respeitados líderes da bancada ambientalista

»» Floresta em pé O senador Eduardo Braga (PMDB-AM), líder do governo federal no Senado, e um dos fundadores do Fórum Mundial de Sustentabilidade, disse que a Rio+20 é o melhor evento para que o Brasil consolide ainda mais a sua posição de liderança global nas questões ambientais e, que não se pode perder a oportunidade de se avançar na criação de uma legislação internacional sobre o crédito de carbono. "O Brasil com suas florestas e em especial com a floresta amazônica, precisa receber pelo papel de guardião do maior bioma de flores-

no Congresso Nacional, o deputado federal José Sarney Filho defendeu a criação de diversas 'estratégias pragmáticas para a construção de uma política marinha no Brasil'.

»» Manto azul Ao término dos debates sobre as questões marinhas, ficou cristalino que os oceanos têm que estar permanentemente na pauta das questões climáticas em todas as latitudes do planeta, já que são as águas que cobrem a maior parte da superficie da Terra, constituindo o 'manto azul' da vida, como destacou a intelectual Sylvia Earle, que também é exploradora em residência da National Geographic Society.

ta tropical do planeta", salientou.

»» Direitos Humanos

Braga, que durante a gestão de dois de seus go-

A ativista dos direitos humanos, Bianca Jagger, foi ou-

vernos, que começou em 2003, ele foi reeleito, se

tra personalidade global que contribuiu com o debate

destacou no Fórum Mundial de Sustentabilidade

no Fórum, ao falar sobre o 'desenvolvimento sustentá-

pela visão de estadista ambiental. O Amazonas

vel e direitos humanos'. Ela sublinhou que a prioridade

tem 98% de sua cobertura vegetal preservada,

sempre tem que ser a de preservar a vida das pessoas,

parte deste ecosssitema é mantido em estado

com respeito e dignidade, mas que não se pode destruir

original, pelo trabalho desenvolvido no Zona

o meio ambiente como está ocorrendo agora, porque

Franca Verde, um dos mais importantes progra-

com a natureza desequilibrada quem mais é afetado é o

mas ambientais de valorização da floresta em pé

ser humano."Quando se corta ou se queima uma árvore

no mundo, que foi criado por Eduardo Braga.

se está comprometendo milhares de vidas e isso precisa acabar, porque a humanidade não aguentará tanta agressão", comentou.

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»» Líder indigenista, o cacique Almir Suruí, chefe do povo Paiter Suruí, de Rondônia

»» Indígenas

»» Moda sustentável

Quem deu uma demonstração de perfeito equilíbrio en-

Quem também contribuiu para uma visão original do

tre natureza e seres humanos, com medidas práticas de

aproveitamento dos produtos da floresta em escala

preservação ambiental em sua reserva, foi o líder indige-

mundial, mas com um alto valor agregado, de luxo, foi

nista, o cacique Almir Suruí, chefe do povo Paiter Suruí, de

o estilista Oskar Metsavaht, que disse que com o couro

Rondônia. 'A economia verde e os povos da floresta' foi o

do pirarucu, um dos mais antigos e valorizados peixes de

seu tema na palestra que teve grande audiência pela sua

escama da Amazônia, que pode chegar a três metros de

habilidade de mostrar com simplicidade que sustentabili-

comprimento e mais de 250 quilos, se produz bolsas com

dade ambiental passa, também, pelo crédito de carbono;

valores elevados, o que acaba beneficiando as comuni-

bem como por outras medidas de conservação ambiental.

dades que vivem do manejo sustentável deste peixe. "A

"A terra, a floresta, os rios, os animais, as plantas, as pessoas, enfim, tudo na natureza, precisa estar em equilíbrio, e isso é possível quando respeitamos o próximo no seu direito à vida", ensinou.

primeira dama dos EUA, Michelle Obama, tem uma destas bolsas", frisou.

»» Workshops Destaque durante o Fórum Mundial de Sustentabilidade foi a realização de cinco workshops divididos nos seguintes temas: cadeia de fornecimento; universalização do saneamento; empresas responsáveis, consumo sustentável; sustentabilidade e a indústria da construção civil no Brasil; estratégias para valorizar os produtos da floresta.

»» Mediador Convidado pelo presidente do LIDE, João Dória Jr., para ser o mediador dos debates, o superintendente geral da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Virgilio Viana, atuou como um dos principais articuladores do Fórum. Viana, que é reconhecidamente uma das mais destacadas autoridades mundiais na área de florestas, defendeu o fortalecimento e a implantação do REDD+, como uma das principais peças de valorização da floresta em pé. »» João Doria Jr. abriu o Fórum Mundial de Sustentabilidade

"Fiquei lisongeado pelo convite feito pelo João Dória Jr., e creio que avançamos muito na construção de uma economia verde com sustentabilidade socioambiental no Fórum". ►

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Fórum Na Rio+20, a FAS vai levar quinze lideranças de unidades de conservação que vivem no Amazonas. "Foi a maneira que encontramos para valorizar ainda mais a importância dessas pessoas que trabalham com a FAS e vivem na floresta amazônica", disse Viana.

»» Documentário Durante o Fórum foi passado um documentário 'Shark

»» Oceanógrafa, Sylvia Earle, defendeu a preservação das espécies marinhas

Loves the Amazon', de Mark London, intelectual americano, sobre a sua experiência de um relacionamento de mais de quarenta anos com a floresta amazônica. A obra foi recebida com aplausos por uma parte da plateia, mas sofreu críticas, também, por estar muito focada na experiência pessoal do autor. Segundo a avaliação de algumas pessoas do governo local, Mark London não mostrou as conquistas ambientais dos últimos anos, que fizeram do Amazonas uma referência global de sustentabilidade. "O filme é um registro daquilo que mais me tocou sobre a floresta amazônica", disse London. ■

»» Empresário Lirio Parisotto e a atriz Bruna Lombardi

»» CARTA DO AMAZONAS 1) A aprovação de um tratado internacional para im-

gases do efeito estufa e outros poluentes precisa ser

plantar o REDD+ como mecanismo de preservarção

gradualmente eliminada, através de um cronograma

das florestas nativas;

mundial de metas firmes e compatíveis com a ciência;

2) Estabelecimento de metas para universalização do acesso à energia limpa até o ano de 2030; 3) O apoio maior à cooperação Sul-Sul, na base de benefícios mútuos que não repitam os erros cometidos do passado;

ONU para aumentar eficácia dos processos de governança internacional; 5) A formulação de um programa de governança dos oceanos que permita a recuperação dos ecossistemas marinhos e estoques pesqueiros, através da criação de áreas marinhas protegidas em águas territoriais nacionais e internacionais; 6) Reconhecimento que a atmosfera é bem comum, compartilhado por todos, e cuja contaminação por

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nível municipal como prioridade, que explicite compromissos a serem assumidos por governantes locais, com especial atenção à universialização do saneamento básico, ao incentivo à construção sustentável a à promoção da educação ambiental e do consumo consciente;

4) A importância de se repensar as estruturas atuais da

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7) O desenvolvimento de uma plataforma ambiental a

8) A regulamentação e efetivo cumprimento do Plano Nacional dos Resíduos Sólidos, dando atenção à possibilidade de geração de empregos, através de um cronograma mundial de metas firmes e compatíveis com a ciência; 9) O uso das respectivas cadeias de valor de grandes corporações para promover o comércio justo e o desenvolvimento sustentável na base da economia; 10) A incorporação clara e explícita de metas de desenvolvimento dos direitos de futuras gerações a um, meio ambiente mais limpo e sadio.

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Artigo

Serviços ambientais sob a ótica da Amazônia

U

m tema da maior relevância a ser debatido na Rio+20 será a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável. Dentro desse debate, é fundamental que seja discutida a questão do pagamento por serviços

ambientais, pois esse é um assunto de vital importância para a Amazônia. A economia verde impacta diretamente a sustentabilidade dos povos que habitam a região amazônica. Mexe com a vida de famílias que hoje são responsáveis pela preservação de 98% da floresta no Estado do Amazonas. A discussão desse tema na Rio+20 é prioritária porque já é hora de os países industrializados compensarem financeiramente as nações emergentes, como o

"É importante fazer o Brasil e o mundo entenderem que o modelo amazonense é o grande responsável pela preservação da floresta amazônica, o maior patrimônio de biodiversidade do Brasil"

Brasil, que realmente garantem o equilíbrio ambiental no planeta. Estamos falando de famílias que deixam de explorar, por força de lei, recursos naturais como minérios e madeira, mesmo que isso signifique manter uma condição de pobreza em relação a outras populações mais abastadas. Os povos da floresta precisam ser compensados pela preservação da Amazônia. Não é justo que as famílias que estão isoladas na mata densa sejam privadas de serviços básicos, como saúde, emprego e educação, mesmo contribuindo com sua atividade sustentável para o controle do efeito estufa, enquanto os países desenvolvidos continuam emitindo, impunemente, milhões de toneladas de poluentes. Quando governador do Amazonas, instituímos, em 2007, experiência pioneira no Brasil de pagamento por serviços ambientais. Falo do programa Bolsa Floresta, uma compensação financeira para os serviços prestados por agricultores e populações tradicionais do Amazonas no sentido de manter e proteger a floresta em pé. Foram tão eficazes e, sobretudo, educativos, os resultados do programa Bolsa Floresta que a Presidenta Dilma Rousseff resolveu instituir, no âmbito do Plano de Superação da Extrema Pobreza – Brasil sem Miséria, o programa Bolsa Verde. Trata-se de um programa de transferência de renda voltado para as famílias em situação de extrema pobreza que preservem e conservem os recursos naturais nas áreas onde vivem e trabalham. Mesmo parcialmente descaracterizado pelas alterações profundas feitas durante sua segunda tramitação na Câmara dos Deputados, o projeto do novo Código Florestal, atualmente em apreciação no Palácio do Planalto, instituiu um capítulo

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“É importante fazer o Brasil e o mundo entenderem que o modelo amazonense é o grande responsável pela preservação da floresta amazônica”.

especial dispondo sobre o Programa de Apoio e Incentivo à Preservação e Recuperação do Meio Ambiente. Como decorrência de emendas de nossa autoria, acolhidas no Senado Federal e mantidas pela Câmara dos Deputados, uma das linhas de ação do referido programa é o pagamento ou incentivo a serviços ambientais como retribuição, monetária ou não, às atividades de conservação e melhoria dos ecossistemas e que gerem serviços ambientais. O dispositivo do novo Código (inciso I do art. 41) menciona, como serviços ambientais passíveis de remuneração, o sequestro, a conservação, a manutenção e o aumento do estoque e a diminuição do fluxo de carbono, assim como a conservação da beleza cênica natural, da biodiversidade, das águas e dos serviços hídricos, da regulação do clima, da valorização cultural e do conhecimento tradi-

Eduardo Braga Eduardo Braga é senador pelo PMDB do Amazonas e líder do Governo no Senado

cional ecossistêmico, além do melhoramento do solo e a manutenção de Áreas de Preservação Permanente, as APPs. Estamos, portanto, no Amazonas e no Brasil, dando passos concretos para incluir os serviços ambientais como vertente importante do processo de desenvolvimento sustentável. Chegou a hora de discutir essa questão a nível mundial. Nada mais oportuno do que aproveitar o palco da Rio+20 para chamar a atenção dos líderes dos países industrializados para a necessidade de, o quanto antes, vencerem o imobilismo e a indecisão e contribuírem eficazmente com os países emergentes, no seu esforço de conservar e preservar suas florestas, sua biodiversidade e seus recursos naturais. As discussões devem também levar em consideração modelos desenvolvidos no Amazonas que já são exemplos de sucesso, como o Polo Industrial de Manaus, que é o maior programa de sustentabilidade do governo brasileiro. É importante fazer o Brasil e o mundo entenderem que o modelo amazonense é o grande responsável pela preservação da floresta amazônica, o maior patrimônio de biodiversidade do Brasil. Precisamos estar juntos, de mãos dadas, o Brasil e a comunidade internacional, na construção de uma nova ordem mundial onde os países industrializados e os emergentes trabalhem com um só objetivo: garantir um mundo ambientalmente mais limpo para as futuras gerações.

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Artigo

Economia + verde na Rio+20

E

m 1992 o compromisso dos chefes de Estado presentes na Conferência do Rio foi o de reduzir a pobreza. Investir em ciência e tecnologia. Reconhecer os direitos das nações sobre seus recursos naturais e sua biodiver-

sidade e dos povos indígenas sobre seus conhecimentos e tradições culturais. Eram os pontos de apoio das alavancas da política ambiental do planeta para as próximas decadas. Em seu primeiro parágrafo a Carta do Rio de 1992 afima: “Os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável. [Eles] têm direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com a natureza”. Reduzir a pobreza extrema, investindo pequenas porcentagens da riqueza dos países mais ricos nos mais pobres e promover a educação por toda parte, parecia ser a fórmula que levaria, em poucas décadas, civilidade à convivência humana no

“Oferecer alimentos e tornar possível a geração de renda que os torne acessíveis será o grande desafio da política e da economia mundial das próximas décadas".

planeta e harmonia em suas relações com a natureza. Sucessivas crises da economia global mostraram a fragilidade do sistema político e financeiro sobre o qual repousam direitos humanos e a oportunidade de gerar riquezas e alimentos para todos. Novos países, investindo em ciência e tecnologia e educação ingressaram nos círculos do poder econômico mundial. A China é o exemplo emblemático. Em uma década, centenas de milhões de seres humanos ultrapassaram a linha de pobreza extrema. Também no Brasil, como em outras partes, os números são significativos, mas não se aproximam dos chineses. Se estima no entanto que ainda persitem na miséria mais de um bilhão e meio de crianças, homens e mulheres, passageiros como nós do planeta Terra. Oferecer alimentos e tornar possível a geração de renda que os torne acessíveis será o grande desafio da política e da economia mundial das próximas décadas. “Reafirmamos nossa determinação, de luta por sociedades justas, equitativas e inclusivas e... expressamos nossa determinação em exercer a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza”. Dirá a carta da Rio+20 que está sendo preparada. A economia verde para alguns é um mote, uma carta de intenções que aponta para uma economia preocupada com a erradicação da pobreza e o acesso a alimentos e medicamentos a preços acessíveis. Para outros, no entanto, é uma

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“Sucessivas crises da economia global mostraram a fragilidade do sistema político e financeiro sobre o qual repousam direitos humanos e a oportunidade de gerar riquezas e alimentos para todos.

oportunidade para o desenvolvimento de técnicas (obedientes aos direitos de propriedade industrial) e a comercialização de mercadorias com baixos teores de carbono em seu uso e produção. Exemplo: um carro com motor elétrico que substitua o motor de combustão. Se para alguns as técnicas de produção agrícola e de medicamentos deveriam ser acessíveis e de livre circulação, sempre que necessários para satisfazer demandas da economia popular, para outros as leis de mercado e os direitos de propriedade intelectual devem ser obedecidos rigorosamente. Exemplos: 1. Empresas multinacionais, proprietárias das patentes de medicamentos para aids impediram a Índia, que os fabricassem por processo próprio, de vendê-los a preços moderados a países Africanos. 2. Sementes ‘terminator’ que geram plantas, cujas sementes não germinam, foram desenvolvidas por multinacionais zelosas em limitar a vida útil de seus produtos. Em ambos os casos a cor verde está presente: no entanto as respostas e os impactos sociais de seu uso são muito diferentes. Em uma, fabricar os medicamentos a preço de custo pode mitigar epidemias, no outro a liberdade de plantar, colher e semear parte da colheita pode prover mais alimentos baratos para agricultores pobres.

Ennio Candotti Diretor Geral do Museu da Amazônia

do direito à água potável limpa e segura e ao saneamento como direito humano essencial ...salientamos a importância crítica dos recursos hídricos para o desen-

Há tambem outros cuidados, que vivendo em um mundo pouco sensível aos re-

volvimento sustentável, incluin-

clamos da pobreza e da harmonia, devem ser tomados: barreiras ao livre comér-

do a erradicação da pobreza e da

cio é à circulação de informações e conhecimentos, podem ser levantadas em

fome, saúde pública, segurança

nome da economia “de baixos teores de carbono”.

alimentar, hidroenergia, desen-

A carta da Rio+20 também se preocupa com isso: “Observamos que a transição para a economia verde não deve ser uma ameaça para nenhum país, e sim uma oportunidade para todos eles. Assim, desenvolver uma economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza não deve: a) criar novas barreiras comerciais; b) impor novas condicionalidades de ajuda e financiamento; c) aumentar as lacunas tecnológicas ou exacerbar a dependência

volvimento agrário e rural”... como bem sabemos, na Amazonia as águas passam e não umedecem a mesma margem duas vezes. Falta avisar a Ana (Agência Nacional de Águas).

tecnológica dos países em desenvolvimento em países desenvolvidos; d) restringir o espaço político para que os países busquem seus próprios caminhos na direção do desenvolvimento sustentável. Além de verde a economia da Rio+20 deverá também fluir e ser úmida. A água sempre presente nas margens das Conferências anteriores ocupará desta vez posição central. Em seu esboço a nova Carta afirma: “Ressaltamos a importância

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Suframa Reportagem: Tayana Martins FOTOS: Acervo da Suframa

Thomaz Nogueira

[

O novo superintendente da SUFRAMA faz um balanço dos primeiros meses à frente da autarquia, como os avanços e os desafios

]

Há pouco mais de quatro meses à frente da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), o bacharel em direito com atuação na área fiscal e tributária, Thomaz Afonso Queiroz Nogueira, destaca que, no primeiro semestre de 2012, a autarquia obteve avanços importantes, sobretudo, no que diz respeito a melhorias nas condições operacionais do órgão. Em entrevista para a revista Floresta Brasil, Nogueira apontou que uma das prioridades da Suframa para este ano é investir na contratação e capacitação de servidores, além do desafio de manter a competitividade da Zona Franca, o que implica, sobretudo, na melhoria da logística da região. O superintendente relatou ainda os avanços na aprovação de projetos durante as reuniões do Conselho de Administração da Suframa (CAS), as ações que vem adotando para estreitar o relacionamento da instituição com os diversos setores da sociedade e as estratégias para garantir a institucionalização do Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA). Confira, na íntegra, a entrevista concedida pelo superintendente.

– O senhor poderia fazer um balanço de suas atividades à frente da Suframa? Que ações e resultados podem ser destacados? Thomaz Nogueira – Já obtivemos avanços importantes junto ao Ministério do Desenvolvimento, em Brasília, em alguns temas prioritários, entre eles, a dinâmica de análise dos novos PPBs (Processos Produtivos Básicos) e a questão das condições operacionais da autarquia, por meio da contratação e capacitação de servidores. Na situação dos PPBs, conseguimos garantir que o prazo de 120 dias para análise das propostas será respeitado e as que ainda se encontram sob análise serão agilizadas. Recentemente tivemos a publicação de mais de trinta portarias no Diário Oficial da União, o que demonstra empenho e

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compromisso por parte do Governo Federal em relação ao tema. FB – E quanto ao concurso, quando haverá para preencher as vagas da instituição? TN – Garantimos a realização de um novo concurso público na autarquia, que deve ser realizado em breve, para contratação de novos servidores. Estamos trabalhando ainda na identificação de oportunidades de negócios e na atração de investimentos tanto para o Polo Industrial de Manaus quanto para todos os demais setores econômicos de nossa área de atuação – Estados do Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima e Área de Livre Comércio de Macapá-Santana, buscando integrar a região e inseri-la de forma competitiva no contexto mundial. Buscamos

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Na situação dos PPBs, conseguimos garantir que o prazo de 120 dias para análise das propostas será respeitado e as que ainda se encontram sob análise serão agilizadas

Os maiores desafios ainda referem-se à manutenção da competitividade do modelo ZFM, que passa pela melhoria da infraestrutura logística na região.

ainda apoiar iniciativas nas áreas de Educação, Ciência,

lectual e investir em Ciência, Tecnologia e Inovação para

Tecnologia e Inovação.

aproveitar melhor nossas vocações e gerar novas oportu-

FB – Quais os maiores desafios que a superintendência enfrentou nesse período? TN – Os maiores desafios ainda referem-se à manutenção da competitividade do modelo ZFM, que passa pela melhoria da infraestrutura logística na região. Cabe à Suframa fomentar a discussão e, dentro dos seus limites constitucionais, injetar recursos próprios no setor.

nidades através do domínio completo do ciclo produtivo. FB – No início deste ano, quando estava assumindo a superintendência o senhor falou da necessidade de abrir a Suframa para a participação da sociedade, de dialogar com os trabalhadores e líderes empresariais? Como está esse processo? O senhor tem se reunido com esses segmentos?

As questões relativas à logística e infraestrutura, parti-

TN – Já foram realizadas reuniões com diversas entida-

cularmente, assumirão nos próximos anos um diferen-

des, entre elas, Federação das Indústrias e Centro das

cial ainda maior na questão da competitividade, uma

Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM e CIEAM), As-

vez que os incentivos fiscais oferecidos pelo modelo e

sociação Comercial do Amazonas (ACA), Central Única

que historicamente vêm atraindo investimentos ao Polo

dos Trabalhadores (CUT), Federação da Agricultura e Pe-

Industrial de Manaus (PIM) poderão ter cada vez menos peso frente a vantagens comparativas existentes em outras regiões do país. FB – Quais as projeções da Suframa para este ano? ST – Estamos otimistas, mas cautelosos, estamos analisando nossos números, em virtude da instabilidade do momento econômico internacional. FB – Que atividades estão previstas para 2012. Quais são as prioridades? TN – Este é o ano para reforçar o caráter de agência padrão de excelência na indução do desenvolvimento sustentável e, dentro desta ótica, buscar alternativas para solucionar os entraves logísticos da região. Também, conforme apontam nossos próprios objetivos estratégicos, precisamos fortalecer a formação de capital inte-

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Suframa

cuária do Estado do Amazonas (FAEA) e forças sindicais.

milhões. Os demais projetos de implantação em desta-

Desde o mês de abril, iniciamos visitas semanais às fábri-

que foram os de condicionador de ar de janela e parede,

cas do Polo Industrial de Manaus e, também, estamos

condensadores e evaporadores de ar, da KMA Ltda., uma

realizando visitas aos meios de comunicação da cidade,

nova empresa que chega para reforçar o polo de condicio-

com o objetivo de estreitar as relações da Suframa com

nadores de ar do PIM. O investimento fixo é de US$ 1,5

os diversos setores da sociedade.

milhão com 229 empregos previstos, o da inglesa Triumph

FB – Quantos projetos foram aprovados neste ano no CAS? O senhor poderia citar os de maior destaque? TN – Na primeira reunião do ano, em 28 de fevereiro, o CAS avaliou e aprovou 42 projetos industriais e de serviços, com investimentos totais (incluindo capital de giro) que superam US$ 1 bilhão e previsão de gerar 1.400 em-

(US$ 832 mil em investimento fixo e 45 empregos) para fabricação de motocicleta acima de 450 cilindradas, e o da D´Martins Ltda., para motos de 100 até 450 cilindradas (investimento fixo de US$ 309 mil e 100 empregos). FB – E quanto a área de televisores, o que há de concreto?

pregos diretos em três anos. Dos projetos de implantação

TN – Os destaques dos projetos de diversificação, am-

aprovados na reunião do CAS, o destaque foi o da fabri-

pliação e atualização foram o de televisores com tela de

cante mundial de bebidas energéticas, Red Bull, resultado

cristal líquido (LCD) da Philco (US$ 3.5 milhões com 747

da alteração no Processo Produtivo Básico (PPB) publica-

empregos), que também tem outro projeto para produ-

do no início de fevereiro. Estão previstos 79 empregos di-

ção de Blu-Ray player e amplificador de Home Theater

retos, mas a expectativa é que a empresa possa adensar a

(US$ 328 mil e mão de obra adicional de 49 empregos).

sua cadeia produtiva no Polo Industrial de Manaus (PIM)

A Digibrás tem projeto para produzir players de Blu-Ray

futuramente. O investimento fixo previsto é de US$ 111

(investimentos de US$ 186 mil).

Na primeira reunião do ano, o CAS avaliou e aprovou 42 projetos industriais e de serviços, com investimentos totais que superam US$ 1 bilhão e previsão de gerar 1.400 empregos diretos em três anos

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As pesquisas do CBA permitem aplicações práticas para a biodiversidade amazônica, mas as demandas surgem do setor produtivo que, para acionar o CBA, precisam que este tenha uma autonomia que hoje não existe

FB – Há quantos projetos na pauta do conselho? O se-

FB – O Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA)

nhor poderia destacar os de maior impacto?

deve ter a identidade jurídica definida ainda neste se-

TN – Na reunião do CAS (09/05/2012) foram avaliados 53 projetos industriais e de serviços que devem gerar 1.095 empregos diretos. Esta pauta está bastante diversificada com

mestre. Em que, na prática, essa definição deve mudar o funcionamento da instituição? Que tipo de resultados podemos esperar com a institucionalização?

projetos na área de energia, caso da Amazonpostes, indústria

TN – O Ministério do Desenvolvimento já deixou claro que é

de artefatos de concreto que tem projeto com investimento

preciso investir em alternativas sustentáveis para a região, e

fixo de US$ 1.2 milhão para produção de postes de poliesti-

dentre os polos que devem ser estimulados no modelo ZFM

reno com fibra de vidro. Há o projeto para a área de saúde, da

estão os de produtos farmacêuticos/fitoterápicos e de cos-

Dixtal Biomédica, com investimentos de US$ 1,8 milhão para

méticos. Para estes setores decolarem, o CBA é peça funda-

produzir aparelho de terapia respiratória – máquina de anes-

mental. As pesquisas do CBA permitem aplicações práticas

tesia. A Bramont, que já produz veículos utilitários, pretende

para a biodiversidade amazônica, mas as demandas surgem

diversificar a produção com o modelo de um jipe e outro au-

do setor produtivo que, para acionar o CBA, precisam que

tomotor para transporte de mercadorias. O valor do investi-

este tenha uma autonomia que hoje não existe. A Suframa

mento previsto no projeto é de US$ 1.8 milhão. A Digibras

investiu pesado no Centro, inclusive sendo responsável por

traz uma Lousa interativa, produto de inovação tecnológica

mais de 75% de toda a estrutura que hoje possui. O CBA é

com investimentos de US$ 175 mil. Como ocorre em todas

parte da Suframa, mas precisa se tornar independente. A au-

as reuniões o polo de motocicletas continua atraindo novos

tarquia não tem no seu DNA a expertise para a execução de

projetos que fortalecem o adensamento da cadeia produtiva

pesquisas na área de biotecnologia, mas tem know-how de

deste setor no PIM. A Dafra tem projeto com investimento

sobra em apoiá-las. Assim, precisamos continuar apoiando o

de US$ 208 mil para produzir motocicleta acima de 450 cm e

CBA e dar a ele asas (independência jurídica) para voar. Tal

bicicleta elétrica, e a Alves de Souza (empresa de capital ama-

processo está avançado em Brasília e ainda este ano teremos

zonense) tem projeto para triciclo motorizado para transpor-

ótimas notícias, com o CBA liderando a questão da pesquisa

te de passageiro, bicicleta elétrica (ciclo-elétrica), motocicleta

em biotecnologia no Brasil. ■

acima de 100 cm e até 450 cm. FB – Quanto à extensão da Zona Franca para a Região Metropolitana de Manaus, foram estruturados projetos específicos de atuação para esses municípios? TN – Ainda não, no entanto, uma vez aprovada a extensão dos incentivos à região metropolitana, os projetos deverão surgir, principalmente devido a carência de áreas para a instalação das empresas em Manaus.

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Obras rEPortAgEm: Thayana Fink Foto: Antonio Ximenes

triBunAL dE JustiçA VAI CONSTRUIR NOVOS

Fóruns no intErior

[

O TRIBUNAL DE JUSTIçA DO AMAzONAS ANUNCIOU A CRIAçãO DE NOVOS FóRUNS NA CAPITAL E INTERIOR DO ESTADO, ANEXOS DO EDIFíCIO ARNOLDO CARPINTEIRO PERES E CONCURSO PúBLICO

]

O tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) já abriu licitação de quatro grandes obras este ano na capital e interior do Estado. Em coletiva concedida à imprensa, o Desembargador João Simões anunciou a construção dos fóruns de Maués e Tefé, com o intuito de melhorar a prestação do serviço jurisdicional nesses municípios. Para a capital, foi anunciada a construção do fórum do bairro da Compensa e anexo do edifício Arnoldo Carpinteiro Peres, sede do tribunal. De acordo com o desembargador, a partir dessas obras será possível o maior avanço no treinamento e capacitação de servidores e maior entendimento do cidadão relacionado aos serviços prestados por esses órgãos. O município de Maués (a 356 km de Manaus), possui 52.236 habitantes numa área de 39.988.394 km², ganhará um fórum com capacidade para quatro varas, espaço para tribunal do júri, informática, defensoria pública, ministério público, OAB, entre outras especificidades (ver tabela). Outro município com distância de 575 km da capital, com área de 23.704,394 km² a ganhar um fórum é Tefé, município com 61.399 habitantes que, de acordo com o engenheiro responsável, Rommel Akel, a obra é igual a de Maués, sendo diferente apenas no terreno. O fórum da Compensa será a maior das obras anunciadas. Serão três pavimentos com capacidade para 20 varas, espaços destinados ao setor de informática, salas de treinamento, sala da OAB, defensoria publica, ministério público, restaurante, almoxarifado e estacionamento para 200 carros. Mas seu carro forte é a instalação de

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mais uma Vara Maria da Penha, já que a da zona leste está

A fiscalização dessas obras é de responsabilidade do dire-

sobrecarregada, disse Simões.

tor de engenharia do Fórum Henoch Reis, Haryson Rom-

A quarta obra anunciada é o anexo da sede do edifício Arnoldo Carpinteiro Péres. O anexo tem como plano, embutir os setores administrativos do TJ-AM como setor de licitação, orçamento, infraestrutura, engenharia, secretaria administrativa, informática, setor pessoal, patrimônio, recursos humanos, contratos e até escola do servidor. O anexo ficará localizado na área externa superior do edifício sede.

baldi, e os projetos, são de responsabilidade do diretor de Engenharia do TJAM, Rommel Akel. Todas as obras têm como prazo estipulado, o total de seis meses. De acordo com Simões, estas obras serão realizadas com recursos recolhidos através de custas judiciais. “Com isso, nós estamos devolvendo ao cidadão aqueles tributos que eles pagaram”, afirmou o presidente do TJ-AM. Quanto aos concursos públicos, serão 30 vagas e cadastro de reservas para juízes. Para nível médio e superior, serão lançadas na capital e interior, 500 novas vagas. No interior já foram feitos alguns concursos, cujos servidores já estão sendo contratados por área. A grande novidade dos concursos no interior é para o ensino médio, com abertura para 200 vagas de estágio, oportunizando os jovens dessas regiões. ■

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Aves REPORTAGEM: Camila Carvalho FOTOS: Divulgação/Acervo pesquisadores

inventário ornitológico das Bacias dos rios

Negro e Madeira

[

O resultado das análises deve ser disponibilizado no final deste ano após os pesquisadores realizarem comparações entre as espécies de aves encontradas

]

Com cores e plumas diferentes, as aves amazônicas can-

das por floresta. “Estamos analisando a composição

tam e encantam, tendo o poder de atrair os olhares do

genética e a filogeografia de cada espécie encontrada

mundo para os céus da região. Na tentativa de traduzir

para fazermos a análise evolutiva de cada uma nessas

a genética dessas aves e entender como tanta beleza

áreas”, explicou.

transcende de geração a geração, quatro pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) iniciaram o primeiro inventário ornitológico das bacias dos rios Negro e Madeira.

Segundo ela, após cada visita técnica, os dados colhidos são catalogados e os referentes a informações genéticas são analisados no Laboratório Temático de Biologia Molecular do INPA. Ela informou ainda que o resultado das

A pesquisa, financiada pela Fundação de Amparo à Pes-

análises deve ser disponibilizado no final deste ano.

quisa do Amazonas (Fapeam) em parceria com a Fun-

»» Diferenças por margem de rio

dação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), faz parte do projeto “Áreas abertas na Ama-

Em Boca do Acre, as pesquisas em campo ao longo das

zônia”. Os estudos já foram concluídos nos municípios

florestas nacionais do Iquiri e do Purus foram coordena-

de Boca do Acre, no sudoeste do Amazonas, e em Apuí,

das pelo pesquisador do INPA e doutor em Zoologia pela

ao sul do Amazonas, e devem se estender até o final do

Louisiana State University, Mário Cohn-Haft. Os trabalhos

ano para Humaitá, finalizando no município de Cruzeiro

foram realizados nas margens do rio Inauini e Aripuanã

do Sul, no Estado do Acre.

onde os pesquisadores se preocuparam em analisar a

O projeto é coordenado pelos doutores das Universidades de São Paulo (USP), Jean Paul Metzger, e Federal do Amazonas (UFAM), Cintia Cornelius. As pesquisas são realizadas pelos pesquisadores do INPA, Camila Ribas e Mário Cohn-Haft, e pelo diretor de pesquisa da Fundação Vitória Amazônia, Sérgio Henrique. A líder do projeto e doutora em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (USP), Camila Ribas, informou que o objetivo da pesquisa é analisar as aves residentes em manchas de campinas naturais – vegetação baixa e arenosa que lembra o Cerrado – cerca-

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influência dos rios nas alterações morfológicas e genéticas das espécies. “Até agora não verificamos influência dos rios menores, mas em rios maiores encontrados subdivisões de uma mesma espécie de aves que futuramente podem vir a gerar até uma nova espécie”, garantiu Camila Ribas. No município, os pesquisadores encontraram aproximadamente 380 espécies diferentes de pássaros, além de identificar pontos de encontro entre a avifauna da Amazônia Central e da Amazônia Peruana ou Acreana. “Estimamos que ocorram na região aproximadamente 700 espécies, ou seja, mais da metade de todas as aves ama-

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zônicas. A região representa o ponto de encontro entre a avifauna da Amazônia central com a típica da Amazônia peruana ou acreana e o resultado dessa mistura é uma diversidade estupenda”, contou Mário Cohn-Haft. Os pesquisadores contaram com o apoio logístico do projeto de pesquisa da “Diversidade e Caça de Mamíferos e Quelônios”, liderado pelo chefe da Floresta Nacional do Purus, Ricardo Sampaio, e de técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que abriram um caminho na mata para que os pesquisadores pudessem chegar até a campina. ■

»» Preservação e pesquisa Dentre as aves observadas pelos pesquisadores estão o maracanã-de-cabeça-azul (Primolius couloni), a choca-do-bambu (Cymbilaimus santaemariae), a choca-preta (Neoctantes niger), o formigueiro-do»» O objetivo da pesquisa é analisar as aves residentes em manchas de campinas naturais - vegetação baixa e arenosa que lembra o Cerrado – cercadas por floresta

-bambu (Percnostola lophotes), a garrincha-cinza (Cantorchilus griseus), a pipira-azul (Cyanicterus cyanicterus), e uma espécie nova de gralha (Cyanocorax sp.), ainda não descrita formalmente pela ciência. Segundo o chefe da Floresta Nacional do Purus, Ricardo Sampaio, o projeto irá contribuir para a gestão da unidade de conservação e para a formulação de um plano de manejo da Floresta Nacional do Iquiri. “De forma integrada podemos aumentar o número de pesquisas realizadas, além de fomentar o ecoturismo na região gerando renda de forma sustentável aos moradores”, salientou. No município de Apuí, os pesquisadores se preocuparam em analisar campinas próximas a cidade, com apoio do Centro Estadual de Unidades de Conservação (Ceuc). Ssegundo a coordenadora, Camila Ribas, para verificar as mesmas espécies em localidades distantes. “Normalmente temos interesse pelas espécies tidas como as mesmas, mas que estão distantes e muitas vezes formam até populações”, explicou. Ela informou que atualmente o foco da pesquisa está na análise genética dos dados coletados. No segundo semestre deste ano os pesquisadores voltarão a campo em Humaitá, e em Cruzeiro do Sul.

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OCB/Sescoop-AM

REPORTAGEM: Camila Carvalho FOTOS: Priscilla Tores/Divulgação

cooperativismo no AMAZONAS

[

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Escolhido pela Organização das Nações Unidas, como o Ano Internacional das Cooperativas, o Estado do Amazonas vem mostrando sua força de atuação

No Ano Internacional das Cooperativas, escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU), o slogan é: “Cooperativas Constroem um Mundo Melhor”. No Estado do Amazonas, várias atividades em alusão a escolha já estão sendo desenvolvidas. São atividades de representação política/institucional, de promoção social e de formação profissional, mostrando à sociedade a força representativa no Estado. O presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Amazonas, filiado à Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo do Estado do Amazonas (Sescoop/ AM), Petrucio Pereira de Magalhães Júnior, 39 anos, destaca. “Entre as atividades está uma sessão especial na Câmara e na Assembleia Legislativa, com exposição de produtos e serviços de cooperativas, que ocorrerá no período de 02 a 06 de julho; jogos cooperativos, envolvendo cooperados, colaboradores e familiares, em parceria com o SESI, no Clube do Trabalhador”, revelando ainda um jantar e a premiação do mérito cooperativista; colônia de férias para filhos de cooperados e colaboradores como também a participação das cooperativas em feiras e eventos voltados ao intercâmbio e a prospecção de novos mercados. Para se ter uma ideia da força da OCB-Sescoop–AM, são 165 cooperativas, congregando mais de 30 mil pessoas, se fazendo presente em mais de 30 municípios. São nove segmentos do cooperativismo no Estado: Agropecuário, Crédito, Habitacional, Consumo, Produção, Saúde, Traba-

»» Fachada da nova sede

lho, Transporte, Turismo e Lazer e Educação.

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»» Cerimônia no dia da inauguração da nova sede

De acordo com o presidente da OCB-Sescoop–AM, Petrucio Magalhães Júnior, o segmento que mais cresce é o de crédito. “Os números não deixa dúvidas de que o ramo

»» Presidente da OCB, Márcio Freitas e o presidente da OCBSescoop–AM, Petrucio Júnior

crédito é o que mais cresce no país. É impressionante a profissionalização do segmento, os investimentos em tecnologia, a ampliação do quadro social e da escala de operações, e a diversificação dos produtos e serviços oferecidos aos cooperados”, explicou.

»» Saúde “O período de adaptação às novas medidas estabelecidas pela Agencia Reguladora – ANS, e o normal processo de mudanças na economia do país, entendo que as cooperativas operadoras de plano de saúde iniciam um novo momento. Todas as mudanças ocorridas no mercado de

A Cooperativa Agropecuária Mista de Manacapuru ( Coo-

saúde suplementar deram um vigor ainda maior as coo-

mapem), foi a primeira do Brasil a receber a Certificação

perativas, que aos poucos, retomam o curso natural de

Orgânica Internacional da Ecocert, para a comercializa-

crescimento e de aprimoramento nos serviços prestados

ção de produtos orgânicos.

à sociedade”, afirmou o presidente Petrucio Júnior, com relação ao ramo de saúde.

Com 51 cooperados e produção anualmente de 50 toneladas de guaraná e derivados, a Cooperativa Agrofrutífe-

Este ano a Unimed já está atendendo no Hospital Nilton

ra dos Produtores de Urucará (Agrofut) recebeu o Troféu

Lins, ela fechou o ano de 2011 atendendo cerca de 250

Destaque 2011, do Sebrae Amazonas.

mil usuários.

»» Novos desafios em 2012

»» Cooperativas Agropecuárias

Este ano, Petrucio Júnior enfrentará um novo desafio em

O número crescente de cooperativas ligadas ao setor pri-

sua carreira profissional. Ele fará parte do Conselho Dire-

mário, revela a importância da economia rural no Estado.

tor da Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB,

Elas ganham cada vez mais espaço e revelam crescimen-

em Brasília.

to. “Basta avaliar os recordes anuais das exportações brasileiras para constatarmos que o agropecuário está sempre inovando, diversificando atividades e agregando mais valor e qualidade na produção”, disse Petrucio Júnior.

“Estou bastante motivado, certo que aprenderei muito com os demais diretores, que são lideranças reconhecidas em seus estados, experientes e, com muita bagagem técnica e políti- ►

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OCB/Sescoop-AM

»» O presidente do sistema OCB-Sescoop–AM, Petrucio Magalhães Jr. e parlamentares, estiveram reunidos para apresentar calendário anual cooperativo e definir ações para o Ano Internacional do Cooperativismo

»» Curso de PósGraduação e Extensão (Latu Sensu) MBA em Gestão de Cooperativas

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ca”. Avaliou que o principal objetivo no primeiro momento, será fortalecer as Unidades Estaduais e oferecer melhores condições para atendimento de excelência nos estados, baseado no planejamento estratégico da OCB e nas diretrizes definidas pelo Congresso Brasileiro do Cooperativismo. “É preciso entender a diversidade do país, para daí, definir as prioridades e as ações estratégicas do Sistema. Inegavelmente, precisamos minimizar as desigualdades regionais com maior investimento em educação, formação profissional e promoção social”. O Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo – Sescoop, tem exemplos exitosos de Programas de Desenvolvimento de Cooperativas e, voltados para jovens, homens e mulheres, em todo o país. “Nossa intenção é que a OCB possa desempenhar um papel de articulador dessas experiências, disseminando a cultura do cooperativismo e garantindo que outras pessoas possam participar do nosso movimento”, finalizou.

»» INAUGURAÇÃO Para atender melhor os funcionários, cooperados e visi-

»» PERFIL

tantes, a OCB/AM já está funcionando em sua nova sede,

Nascido no município de Benjamim Constant, Pe-

localizada na avenida Japurá, 241, Centro, em horário co-

trucio Pereira de Magalhães Júnior, 39 anos. Casado

mercial das 8h às 12h e das 13h às 17h.

com a cirurgiã-dentista, Daniele Reis, pai de Fernan-

O prédio possui 3 andares e está todo equipado com mobiliários e equipamentos informatizados. A estrutura

do Henrique de Araújo Magalhães e Maria Clara de Araújo Magalhães.

conta com recepção, sala de reunião, a sala da Fecoop

É graduado Engenheiro Agrônomo pela Universida-

Norte, sala do administrativo/financeiro, o refeitório com

de Federal do Amazonas – UFAM, Bacharel em Direi-

a copa, salas para o presidente e para o superintendente,

to e Mestre em Agricultura e Sustentabilidade da

sala de reuniões e sala para capacitação. ■

Amazônia, pela UFAM.

»» Jantar no dia da inauguração

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Recorde

rEPortAgEm: Antonio Parente Fotos: Bruno Kelly

PrEJudiCA Produção rurAL

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CASAS ALAGADAS, CIDADES EM ESTADO DE EMERGêNCIA, PLANTAçõES DESTRUIDAS, E PARA OS ANIMAIS O PASTO Já NãO EXISTE. ESSE é O CENáRIO DA CHEIA RECORDE qUE O AMAzONAS ESTá ENFRENTANDO

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Recorde

O

Estado do Amazonas enfrenta um dos seus perí-

d’água para proteger o pequeno agricultor. Naquele pe-

odos mais críticos referentes às cheias dos rios,

ríodo o governo distribuiu, também, sementes, mudas,

onde mais de 49 municípios já decretaram esta-

sal mineral e ração. Se for necessário repetiremos a ação

do de emergência, em decorrência da subida das águas. De acordo com a Defesa Civil, 77 mil famílias foram afetadas.

este ano”, disse. Para ajudar os produtores no financiamento dos prejuízos,

Conforme os últimos dados levantados pela Secretaria

entidades como Federação da Agricultura e Pecuária do

de Estado da Produção Rural (Sepror), os municípios

Estado do Amazonas (FAEA) e Federação dos Trabalha-

que tiveram mais prejuízos nas produções rurais foram

dores na Agricultura no Amazonas (Fetagri) entraram,

Tonantins, Anamã, Barreirinha, Boca do Acre, Borba e

em março, com um pedido formal de anistia e renego-

Careiro da Várzea, que teve 70% de sua produção perdi-

ciação de débitos dos agricultores junto a Agência de

da. Outras duas cidades que merecem atenção são Jutaí

Fomento do Amazonas (AFEAM), Banco do Brasil e do

e Eirunepé, onde as plantações de banana, macaxeira e

Banco da Amazônia, para o perdão das dívidas adquiri-

hortaliças foram totalmente destruídas pelas águas. Des-

das pelos trabalhadores rurais que tiveram perda total

tes seis municípios, pelo menos 7,3 mil produtores rurais

de suas produções, além de renegociação de débitos e

afirmam ter perdido sua produção.

prorrogação de parcelas.

A informação é do secretário da Sepror, Eron Bezerra.

“A AFEAM reeditou o Programa de Custeio Emergencial

“Em 2009, tiramos mais de 20 mil animais de dentro

Pecuário. O mesmo programa foi realizado em 2009,

»» No município de Anamã , famílias inteiras tiveram que abandonar as casas onde moram, levando apenas alguns pertences

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para custeio de alimentos concentrados, ração, suple-

(Boca do Acre). De R$ 850 mil, R$ 100 mil vai para cada

mentação alimentar, sal mineral e medicamentos. Este

uma dessas sete cidades, no total 11.180 famílias já fo-

ano, cerca de R$ 10 milhões serão disponibilizados aos

ram beneficiadas.

pecuaristas com rebanhos em várzea, com perspectiva de atender mil criadores do baixo Amazonas e Médio Solimões”, disse o presidente da FAEA, Muni Lourenço.

»» PreJUÍZOS DOS PRODUTORES RURAIS O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), já estuda a possibilidade de aportar R$ 10 milhões para diminuir os prejuízos aos agricultores do Estado. Além dessa ajuda, o Governo Federal anunciou uma linha de crédito especial que soma no total R$ 8 milhões de reais que será disponibilizada por meio do “Cartão Amazonas Solidário”, ação realizada pelo Governo do Es-

O governador do Estado, Omar Aziz (PSD), visitou no dia 03 de maio, vítimas das enchentes nos bairros afetados em Manaus e que estão em situação de emergência, e disponibilizou urgentemente a verba para os municípios. “Cabe a nós tentar minimizar o sofrimento dessas pessoas. Nós estamos hoje com 74 mil famílias debaixo d’água em todas as calhas dos rios. Determinei que todos os cartões fossem distribuídos imediatamente sem a minha presença no interior, porque senão, para eu chegar no município a demora é muito grande”, conta o governador.

tado, que prevê a doação de R$ 400,00 para cada famí-

A Defesa Civil do Estado está realizando nas cidades afeta-

lia afetada na calha do Juruá (Envira, Eirunepé, Guajará,

das, ações de ajuda humanitária, onde já foram doados mais

Ipixuna, Carauari, Itamarati, Juruá) e na calha do Purus

de 120 toneladas até o dia 05 de maio, em cestas básicas, ►

“Pela FAEA estamos viabilizando junto a HERMASA e outros fornecedores a disponibilização em maior quantidade de suplementação alimentar animal (casca de soja, cevada, milho) para atender aos rebanhos que estão sem pastagem, para evitar a morte de gados e prejuízos econômicos aos pecuaristas”. Muni Lourenço, presidente da FAEA

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Recorde kit de higiene pessoal, limpeza, dormitório e de medicamentos com filtros microbiológicos e hipoclorito de sódio. Desde o início das cheias a Defesa Civil realiza trabalhos de monitoramento nas principais áreas de risco nos municípios. A situação dos trabalhadores rurais tende se agravar ainda mais. Informações do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), indicam que o rio Negro tem subido em média de 5 a 6 centímetros por dia. De acordo com estudos realizados pelo CPRM, 76% das cheias que afetam o estado ocorrem no mês de junho, 18% em março e apenas 6% em maio. A Divisão de Meteorologia do Centro Regional do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) confirmou que até junho a previsão é de mais chuva.

»» AJUDA SOLIDÁRIA AOS MUNICÍPIOS Diante da atual situação que se encontram várias famílias e trabalhadores vítimas das cheias nos municípios do Amazonas, muitos tem se disponibilizado em ajudar o próximo com doações e serviços voluntário. A Arquidiocese de Manaus e a Cáritas Arquidocesana lançaram a Campanha “S.O.S Ribeirinhos” com o intuito de atender todas as pessoas e produtores rurais dos municípios afetados pela cheia. A ação é direcionada principalmente às pessoas que moram em área de várzea onde os lugares estão em situação de difícil acesso e que não receberam auxílio. A campanha que teve inicio no dia 23 de abril, tem como objetivo, segundo um dos coordenadores da campanha, Antônio Fonseca, ajudar de forma direta todos os município em estado mais grave. “Tudo é uma questão de solidariedade. Queremos ajudar naquilo que o governo não pode atender. É um trabalho para sensibilizar a sociedade a ajudar todas essas pessoas que precisam e também os pequenos produtores rurais que estão inseridos nessa campanha”, disse. Segundo Fonseca, todas as paróquias de Manaus estão arrecadando donativos para enviar aos municípios. Matérias de higiene pessoal, alimentos não perecíveis, madeiras, rede e água mineral são os itens de maior necessidades dos abrigados. E nesse momento tão delicado o povo amazonense se juntou em uma única mão para amparar o próximo. “É importante que nesse momento nós possamos demonstrar o nosso espírito de amor cristão. Nós que estamos na cidade não sabemos da situação que esse povo está passando. É necessário que tenhamos a dimensão de tudo isso que eles estão vivendo”, afirma Fonseca.

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»» Em Anamã, bancos, escolas e outros serviços também foram afetados

»» A cidade de Eirunepé também está submersa

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»» DIFICULdade para acessar TERRAS FIRMES De acordo com as informações coletadas em 14 de março deste ano pela Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), o valor total das perdas dos pequenos produtores nos municípios atingidos pelas cheias era de R$ 9,8 milhões. No último levantamento realizado no dia 08 de maio o prejuízo estimado foi de R$ 30,6 milhões. E as culturas mais prejudicadas foram as fibras de juta, malva, mandioca e a criação de animais. Muitas têm sido as dificuldades em encontrar terra seca em vários municípios do estado. Na cidade de Caruari, por exemplo, localizada à margem esquerda do rio Juruá, possui muitos terrenos elevados e acidentados devido os movimentos das águas do rio Juruá. As áreas mais prejudicadas são as comunidades localizadas próximas ao município. Alunos do curso técnico de florestas do Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (CETAM) estiveram na comunidade “Gumo do Facão”, fixada na margem direita do rio Juruá a aproximadamente 50 km da sede do município, realizando treinamento e atividades práticas de campo. Devido ao difícil acesso às localidades de terra seca, a equipe, comandada pelos professores Arqleydsson Pinheiro e Francielli Campagnolli, tiveram que se deslocar de barco até a comunidade com um tempo de 10 horas de viagem. A fase de campo ocorreu no período de 23 a 27 de abril, período em que as chuvas se intensificaram fortemente na região.

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De acordo com a professora Francielli, toda a atividade de

duto de comercialização a farinha de mandioca, me-

campo realizada pelos alunos, que visa a coleta de infor-

lancia e jerimum. “Devido toda essa cheia, as famílias

mações de inventários florestal, foi feita de forma plane-

de lá tiveram que agilizar a produção, pelo fato de ela

jada visando a segurança dos alunos. “Foi planejada toda

ter sido prejudicada devido as chuvas. Quando chega-

uma logística para ter acesso às áreas não alagadas. Devi-

mos lá não estava tão alagado, mas é um dos poucos

do a cheia do rio, a carência de alimento e água potável na

lugares que podemos encontrar terra firme”, conta

comunidade é muito grande, mas graças a ajuda de comer-

Francielli. A organização social da comunidade é for-

ciantes dos municípios, podemos levar pelo menos 30 bar-

mada pela liderança e pelas 15 famílias que compõe

ris de água para os alunos e para as pessoas de lá”, disse.

o lugar, que tem sua infraestrutura composta de uma

Segundo os professores, comunidade que pratica a agricultura de subsistência tem como principal pro-

ponte e uma rampa que dá acesso a todas as residências do local. ■

»» Crianças ignoram o perigo e fazem da enchente uma diversão

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Mercado

rEPortAgEm E Fotos: Fábia Lázaro

novo EsPAço PARA GERAçãO dE rEndA AOS PRODUTORES dA rEgião

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]

NA EDIçãO DE 14 DE ABRIL, PASSARAM PELO LOCAL APROXIMADAMENTE 3.700 PESSOAS. A FEIRA é REALIzADA qUINzENALMENTE, DAS 6H àS 12H, EM UMA áREA DE 1.100 METROS qUADRADOS CEDIDA PELA AERONáUTICA

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E

stá valendo a pena vir aqui, vendo tudo que consigo trazer”, afirma a agricultora Neirilene Teixeira de Oliveira, 42 anos, moradora da

Costa do Catalão, município de Irandua (a 25 km de Manaus), que resume em poucas palavras a sua participação na Feira da Economia Feminista e Solidária de Produtos Regionais do Amazonas, realizada no Cassino dos Suboficiais e Sargentos da Guarnição de Aeronáutica em Manaus – Cassam, localizada na Avenida Presidente Kennedy, bairro Crespo, Zona Sul. A produtora comercializa hortaliças e verduras e disse que agora está conseguindo aumentar o seu lucro, vindo, ela mesma, vender o resultado do seu cultivo. Assim como a agricultora da comunidade de Catalão, outros produtores também ganharam mais uma oportunidade de escoar sua produção com a inauguração da Feira no Cassam, resultado de um convênio entre o Governo do Estado do Amazonas, por intermédio da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS), o Ministério da Pesca e Aquicultura e o 7º Comando Aéreo Regional (7º Comar). Em sua sexta edição, ocorrida no dia 14 de abril, a feira alcançou uma soma de recursos gerados em torno de R$ 642.459 mil, com uma média de volume de vendas de R$ 107 mil por edição. Dinheiro que foi direto para o bolso dos produtores rurais, cooperativas e associações participantes, beneficiando em torno de 3.400 famílias de forma direta. A cada edição, a feira atrai mais público, comprovando que o local já faz parte do calendário da população manauara que busca produtos frescos e de qualidade, como hortaliças, frutas, verduras e carnes a preços mais acessíveis. Na edição de 14 de abril, passaram pelo local aproximadamente 3.700 pessoas. A feira é realizada quinzenalmente, das 6h às 12h, em uma área de 1.100 metros quadrados cedido pela Aeronáutica. O local abriga em torno de 90 expositores, entre associações, cooperativas e produtores individuais da zona rural dos municípios de Manaus, Autazes, Careiro da Várzea, Iranduba, Manacapuru, Rio Preto da Eva, Presidente Figueiredo, Itacoatiara, Manaquiri, Anamã, Tefé, Uarini, Maués, Careiro Castanho, Benjamim Constant e Apuí, entre outros. Além de infraestrutura completa com banheiros, estacionamento e área para o

tradicional café regional.

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Mercado »» Inauguração A Feira da Economia Feminista e Solidária de Produtos Regionais foi inaugurada no dia 04 de fevereiro pelo Governador Omar Aziz que, na ocasião, fez questão de destacar a importância de mais esta iniciativa para a geração de renda e melhoria da qualidade de vida dos produtores rurais. “Estamos abrindo espaço para as mulheres terem o seu negócio e, assim, conseguir sua independência financeira”, afirmou. Ele visitou os boxes e também comprou produtos, como peixes e frutas.

“Este evento daqui tem um diferencial que é a participação da mulher à frente do negócio da família, e a nossa intenção é oferecer uma chance a mais para que elas continuem gerando renda”. Valdelino Cavalcante, presidente da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas

O Presidente da ADS, Valdelino Cavalcante, reforça a importância desta iniciativa para fomentar a economia dos municípios do entorno de Manaus. “Este evento daqui tem um diferencial que é a participação da mulher à frente do negócio da família, e a nossa intenção é oferecer uma chance a mais para que elas continuem gerando renda”, afirma. O presidente explica que para o produtor poder expor seu produto no local, uma das exigências da ADS é que ele apresente a carteirinha de produtor rural. É levada em consideração também a qualidade do produto e a capacidade de fornecimento. Valdelino Cavalcante destaca também que a iniciativa conta com parceiros importantes que trabalham com

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»» Governador Omar Aziz e o presidente da ADS à esquerda, Valdelino Cavalcante

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»» Governador Omar Aziz, brigadeiro Nilson Soilet Carminati, produtora, Almirante Frade e General de Divisão Theophilo

o setor produtivo com o fomento, crédito, assistência técnica, extensão rural e escoamento da produção. São eles: Secretaria de Produção Rural (Sepror), Instituto de Desenvolvimento Florestal Sustentável do Amazonas (Idam), Agência de Fomento do Estado do Amazonas (AFEAM), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas »» As famílias aproveitam para comercializar o artesanato local

(Sebrae) e prefeituras.

»» Produtos Segundo o gerente de Feiras e Eventos da ADS, Orisvaldo Neves, um dos objetivos do novo espaço é abrir oportunidade para os produtores que precisam de um local apropriado para escoar sua produção a preços justos, como é o caso da Associação Sabores do Tarumã de Mulheres da Comunidade Nossa Senhora de Fátima, no entorno de Manaus. A associação fabrica sorvetes à base de frutas regionais, como o cupuaçu, graviola, goiaba, açaí e abacaxi. “É um produto ainda desconhecido pela população de Manaus, mas, que aos poucos está conquistando o paladar do público visitante”, disse.

»» Brigadeiro Carminati, vice-governador José Melo, presidente da ADS Valdelino Cavalcante e coronel Carlos, da Aeronáutica

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Mercado De acordo com o gerente, a feira se destaca também por contar com expositores com produtos recém-lançados no mercado, como é caso da empresa Divina Fruta que está comercializando a fibra de Albedo de maracujá (parte branca da casca) desidratada. O complemento alimentar é resultado de uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), sendo

» Indígenas vendem artesanato na feira

indicado para o controle de diabetes, colesterol e da glicemia. ”Trouxemos também outras produtores de regiões mais distantes a exemplo de produtores que vendem queijos do laticínio de Apuí, município a 772 km de Manaus, via fluvial. O queijo de apuí só pode ser comprado aqui na feira”, relembra. Outro diferencial do local, aponta Neves, é a venda de artesanato produzido pelas mulheres da Associação Indígena de Benjamin Constant. “A feira também pretende adotar iniciativas sustentáveis com a adoção das sacolas retornáveis”, completou. Saindo da feira de sacolas cheias, a chefe de cozinha, Maria do Socorro, 46 anos, disse que já é frequentadora assídua do local por causa dos bons preços e do ambiente agradável. ”Eu, com certeza recomendo”, disse. ■

» inFrAEstruturA A feira vem sendo considerada modelo na Capital, por oferecer produtos frescos, de qualidade, aliado a um espaço confortável e seguro, com outros serviços agregados. Em cada edição, a Aeronáutica mantém no local uma ambulância com dois médicos e dois enfermeiros para prestar primeiros socorros, no caso de alguma eventualidade. O visitante ainda pode aferir a pressão ou medir a glicose, gratuitamente, em um ônibus instalado no local pelo Comando Aéreo Regional. O comandante do 7º Comar, major-brigadeiro do Ar, Nilson Soilet Carminatti, faz questão de ressaltar que a feira está se consolidando como uma forma de integração social entre os militares, por oferecer acesso a produtos de qualidade, em um ambiente agradável e seguro. “Verdadeiramente é uma grande alegria saber que a cada dia que passa a feira está se tornando uma vertente social para a comunidade da Aeronáutica”, afirmou.

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Artigo Ano de Grandes Avanços

O

ano de 2012 está sendo afetado pela maior enchente da história do Amazonas nos últimos 110 anos. Os produtores rurais sofreram fortes perdas no campo e na floresta. Não fosse a atuação conjun-

ta do governo do Estado e da FAEA/SENAR para minimizar as dificuldades desses produtores, o cenário seria ainda mais delicado. Foram e estão sendo importantes, medidas como, por exemplo, a renegociação das dívidas rurais junto a AFEAM e a reedição do Programa de Custeio Emergencial Pecuário realizado, igualmente, pela AFEAM, ações estas implementadas mediante pleito da FAEA. Mas aqui vamos falar das metas alcançadas no ano passado para evidenciar, que, mesmo sob reveses ambientais, neste caso as mudanças climáticas, temos motivos para comemorar nossas realizações, como mostra o relatório FAEA/SENAR recentemente publicado. Pois então, o ano de 2011 foi marcante para o Sistema FAEA/SENAR, no sentido de consolidar uma atuação imprescindível para o desenvolvimento rural do Amazonas, seja a FAEA na defesa dos interesses da classe patronal rural, seja o SENAR enquanto instituição educacional voltada à formação de recursos humanos especializados na atividade agrossilvopastoril. Em 2011, estivemos em perfeito alinhamento com a esfera máxima da representação sindical rural brasileira, no caso a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA/Brasil, que através de nossa competente líder maior Senadora Kátia Abreu, capitaneou a permanente mobilização dos brasileiros do campo em várias frentes, sendo a principal delas, a da aprovação de um

Muni Lourenço Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas – FAEA

novo Código Florestal, mobilização que teve seu ápice com a presença em abril de 2011 de mais de 25 mil produtores na capital federal, ocasião em que a FAEA liderou uma extensa delegação de lideranças ruralistas amazonenses

No SENAR foram milhares de produto-

pleiteando pacificamente na Esplanada dos Ministérios pela modernização

res e famílias rurais que tiveram acesso

de uma lei tão importante para aqueles que vivem da produção de alimentos.

a orientação técnica qualificada, levando

Foi no ano de 2011 que consolidamos uma relação construtiva de produção com sustentabilidade, a partir da implementação de várias ações em cooperação com a esfera ambiental estadual, tais como, os pactos municipais de desmatamento ilegal zero, o termo de cooperação técnica de sustentabilidade na pecuária e o I Seminário de Pecuária Sustentável do Amazonas.

educação profissional e promoção social até os mais distantes rincões do grandioso Amazonas. Não há como imaginar hoje o campo amazonense sem o SENAR, de vez que seus diversos projetos e programas de desenvolvimento rural

Fomos em 2011 a primeira Federação de Agricultura e Pecuária do país a ter

estão formando novas gerações de pro-

todos seus sindicatos rurais com telessalas de inclusão digital rural, propor-

dutores rurais cada vez mais eficientes.

cionando modernos mecanismos de comunicação aos nossos associados, para que a informação chegue cada vez com mais agilidade ao produtor rural, superando com a informática as enormes distâncias que caracterizam um Estado de dimensões continentais.

Por fim, é importante destacar que nos orgulhamos das ações desenvolvidas no ano de 2011, ações estas cujos êxitos só puderam ser alcançados a

Percebemos claramente que graças a forte atuação da FAEA, tem sido pos-

partir das contribuições feitas por di-

sível influenciar legitimamente no aprimoramento das políticas públicas des-

retores, presidentes de nossos Sindi-

tinadas ao setor rural, com isso os anseios do homem e da mulher do campo

catos Rurais, equipe de funcionários e

são atendidos para a melhoria de vida e renda das famílias rurais.

instrutores do SENAR-AR/AM.

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Comemoração

» Comandante geral da Polícia Militar, coronel Almir David Barbosa, com o general de divisão Theophilo, o governador Omar Aziz e o presidente da ADS Valdelino Cavalcante

rEPortAgEm: Fábia Lázaro Fotos: Antonio Ximenes e Fábia Lázaro

um Ano dE suCEsso

[

Já FOI ULTRAPASSADO R$ 1 MILHãO EM VOLUME DE VENDAS DE PRODUTOS ORIUNDOS DA AGRICULTURA, PISCICULTURA E PECUáRIA

]

A Feira de Produtos Regionais, promovida no Comando

um terreno de 2,5 hectares na estrada de Novo Airão e es-

Geral da Polícia Militar, na Zona Sul, com edições quin-

tou produzindo nele agora, pagando parcelas de R$ 500,00.

zenais, ultrapassa R$ 1 milhão em volume de vendas de

Comprei também minha moto Trip da Yamaha para ajudar

produtos oriundos da agricultura, piscicultura e pecuária

no transporte dos produtos. Agora, meu sonho é adquirir

do Amazonas ao completou um ano de funcionamento

meu carro e construir minha casa no meu terreno “, disse.

no dia 21 de maio.

A produtora também participa da feira realizada no Cas-

Recursos que estão sendo injetados “no bolso” do agri-

sino dos Suboficiais e Sargentos da Guarnição de Aero-

cultor familiar, gerando trabalho e oportunidade de ren-

náutica em Manaus (Cassam), que foi inaugurada em 04

da de forma sustentável a 600 famílias de produtores

de fevereiro deste ano.

individuais e de cooperativas e associações da capital e

» REPERCUSSãO

dos municípios do entorno. É o caso da produtora Vangelza Figueiredo Gomes, 28 anos, do município de Manacapuru (a 84 km de Manaus), que está conseguindo melhorar o padrão de vida com a venda de hortaliças, verduras e legumes na Feira.

O presidente da ADS, Valdelino Cavalcante, destaca que o projeto das Feiras de Produtos Regionais é inédito por contar com a participação dos próprios produtores rurais, sem a presença de atravessadores, com uma repercussão significativa em relação à comunidade

Por cada edição, Vangelza fatura em torno de R$ 800,00 a R$

do bairro Petrópolis, onde residem em torno de 50

1.00,00 com a venda de seus produtos. “Já consegui comprar

mil habitantes.

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» SEGURANçA Instalada em um galpão no pátio do comando da Polícia militar, os visitantes da “Feira da PM”, como é popularmente conhecida, podem desfrutar ainda de segurança, conforto e da comodidade do local que conta com estacionamento próprio fechado, guarita, caixa eletrônico e banheiros. Segundo o comandante geral da Polícia Militar, coronel Almir David Barbosa, a Feira de Produtos Regionais dentro do quartel se enquadra na filosofia de policiamento comunitário, aproximando e integrando os moradores com a corporação. “O dia de feira é um dos mais esperados pelos policiais, porque eles têm a oportunidade de se interagir, principalmente, na área do café regional, além de terem acesso a produtos frescos, de qualidade e com preços diferenciados”, afirmou. Para o comandante, a feira se enquadra dentro da filosofia da polícia comunitária que proporciona uma

» Presidente do IDAM, Edimar Vizolli, coronel Almir David, primeira dama do Estado Nejmi Aziz e o presidente da ADS Valdelino Cavalcante

parceria entre a polícia e população, baseada na premissa de que tanto a polícia quanto a comunidade devem trabalhar juntas com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população na sua área .

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“É uma grande ação elaborada pelo Governo do Estado do Amazonas, através da ADS e com o apoio da Polícia Militar. O resultado é a geração de mais emprego e renda e melhoria da qualidade de vida dos nossos produtores”, afirma. Neste sentido, complementa Cavalcante, que é preciso ressaltar a importância de parceiros importantes do sistema produtivo do estado como a Secretaria da Produção Rural (Sepror), Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e

»» Parabéns por um ano de feira

Pequenas Empresas (Sebrae), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam) e Agência de Fomento do Estado do Amazonas (AFEAM). A ADS também promove a Feira na Escola Júlio César de Morais Passos, Cidade Nova I, no Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), no bairro São Jorge, e no estacionamento do Cassino dos Suboficiais e Sargentos da Guarnição de Aeronáutica em Manaus (Cassam), São Lázaro. ■

“O dia de feira é um dos mais esperados pelos policiais, porque eles têm a oportunidade de se interagir, principalmente, na área do café regional, além de terem acesso a produtos frescos, de qualidade e com preços diferenciados" Almir Barbosa, coronel comandante geral da Polícia Militar

»» CORPORAÇÃO FAZ 175 ANOS NO AMAZONAS No âmbito das comemorações de um ano de feira, a

No mesmo dia, aconteceu o torneio desportivo de con-

Polícia Militar do Amazonas festejou os seus 175 anos

fraternização alusivo ao aniversário. O torneio tem como

de criação, marcado por uma vasta programação em

objetivo agregar, através do esporte, os policiais militares

abril, como a realização de torneios desportivos, expo-

do quadro de praças de áreas e modalidades de policia-

sições, culto ecumênico e a solenidade de Tiradentes,

mento diferenciadas.

destinada a premiar oficiais e praças da Polícia Militar do Amazonas.

No período de 04 a 08 de abril, aconteceu ainda à exposição no Manauara Shopping, com uma amostra das mo-

Segundo o comandante geral, desde a sua criação, a Polí-

dalidades de policiamento, armamentos e viaturas. A ex-

cia Militar está em simbiose com a história do Amazonas.

posição contou com a participação do Proerd – Programa

“Em batalhas dentro e fora do Estado, a corporação sem-

Educacional de Resistência às Drogas, Formando Cidadão,

pre esteve presente nas conquistas pela região e no seio

dentre outros. Com a participação de 3 mil competidores,

de seu povo”, enfatizou. A Polícia Militar atua hoje em to-

a Polícia Militar realizou ainda a 29ª edição da corrida de

dos os 62 municípios do Estado, contando com um efetivo

pedestre Tiradentes, na Praça Heliodoro Balbi (Praça da

de 8.100 homens.

Polícia), no Centro de Manaus.

Abrindo as comemorações, na quarta-feira, 04 de abril, foi

Encerrando a festividade alusiva aos 175 anos, a Polícia Mi-

realizado um culto ecumênico pelos 175 anos da corpo-

litar promoveu a solenidade de Tiradentes, no Pátio do Co-

ração no auditório do Comando do Corpo de Bombeiro

mando Geral, no bairro de Petrópolis para premiar e agraciar

Militar do Amazonas, situado na Avenida Codajás.

os oficiais e praças da Polícia Militar do Amazonas e de outras organizações militares e policiais civis que se destacaram.

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Artigo

SEGURANÇA ALIMENTAR, AGROECOLOGIA E POVOS TRADICIONAIS

A

Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas proclama no seu artigo XXIII como direito de todo ser humano o acesso à alimentação. Por isso é difícil acreditar que parte significativa da

população humana do país que exportou para todos os recantos as tecnologias geradoras do agronegócio mundial e continua sendo a maior economia do planeta, encontre dificuldades de acesso ao alimento. Levantamentos realizados, em 2004, pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América do Norte mostraram que 13,5 milhões de famílias (35 milhões de pessoas) não têm garantido um suprimento adequado de alimentos. Entre essas famílias 4,4 milhões encontravam-se em situação de “insegurança” alimentar. Holdrege (geneticista norte-americano), analisando os dados sobre o destino da produção agrícola norte americana, relaciona a fome e a insegurança alimentar nos E.U.A à falta de dinheiro para a compra de alimentos. No período 1999-2005 a produção de soja cresceu em 2/3 e o milho em 1/3 e o número de famílias afetadas pela insegurança alimentar cresceu em mais de 2,5 milhões. No ano de 2003, 93 milhões de toneladas métricas de trigo, milho e soja foram exportada e 70% dos grãos colhidos nos Estados Unidos foram utilizados para alimentar gado bovino, porcos e aves.

Dr. Hiroshi Noda Pesquisador Titular INPA/ Coordenação de Sociedade, Ambiente e Saúde

Esse exemplo norte americano mostra que a tecnologia pode ser uma ferramenta para o aumento da produtividade agrícola, mas não assegura que esse crescimento ocorra sem prejuízos para as populações humanas e ao ambiente. Um artigo publicado em uma revista científica (Genetics and Molecular Biology, 30 (2), 2007) demonstra como o uso de tecnologias inadequadas na agricultura pode causar danos à sanidade humana e ambiental. A pesquisa, realizada no Equador por Paz-y-Miño e colaboradores, mostrou que a pulverização aérea com o herbicida glifosato causou danos no DNA (substância que atua na herança dos seres vivos) das pessoas que foram expostas ao agrotóxico. O fato da empresa que fabrica e comercializa o produto (Monsanto) afirmar que o glifosato (esse herbicida faz parte do pacote tecnológico para o cultivo da soja transgênica) tem baixa toxidez para pássaros e mamíferos, incluindo humanos, evidencia a necessidade dos órgãos responsáveis pelo controle e liberação de

Entender por que essas formas de produção de base agroecológica, derivadas de uma cosmovisão profundamente impregnada de valores humanos como solidariedade, compartilhamento, respeito à vida e à natureza, são capazes de atender as necessidades para a reprodução biológica e social das famílias e, ao mesmo tempo, promover a conservação da biodiversidade.

agroquímicos e afins atuarem no sentido de garantir aos agricultores e consumidores a segurança dos produtos colocados no mercado. É importante registrar que o uso dessas tecnologias inadequadas na agricultura universalizou os danos aos seres humanos e, de modo geral, ao ambiente. É fundamental que a sociedade humana encontre saídas para a insegurança alimentar e para o processo acelerado de degradação ambiental. Sem dúvida, a compreensão acerca das formas como as sociedades tradicionais amazônicas manejam e conservam o ambiente oferecerá importantes subsídios para isso.

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Febre Aftosa

rEPortAgEm: Diárcara Ribeiro e Camila Carvalho Fotos: Divulgação / Jimmy Christian

vACinAção DE BAIXO CUSTO PARA

ProdutorEs

[

COM O OBJETIVO DE VACINAR 1,4 MILHõES DE CABEçAS DE GADO EM TODO AMAzONAS, A CAMPANHA CONTRA A FEBRE AFTOSA ESTá SENDO ESTIMULADA, MESMO COM A SUBIDA DAS áGUAS, ONDE O REBANHO ESTá SOFRENDO PELA FALTA DE PASTO

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»» Presidente da Codesav, Sérgio Muniz (vacinando) e o presidente do IDAM, Edimar Vizolli (de boné), acompanharam todo o processo de vacinação da campanha contra aftosa

F

oi antecipada em dois meses a vacinação dos reba-

Nhamundá, Nova Olinda do Norte, Parintins, Rio Preto

nhos contra febre aftosa em 41 municípios do Ama-

da Eva, Santo Antônio do Iça, São Paulo de Olivença,

zonas, o Governo do Estado subsidiou em 60% os

São Sebastião do Uatumã, Silves, Tabatinga, Tefé, To-

custos como estímulo aos produtores. O Estado está no

nantins, Uarini, Urucará e Urucurituba – atingidos pela

esforço de estender este ano para todo o território o sta-

cheia dos rios.

tus sanitário de livre de aftosa com vacinação, classificação que atualmente só está prevalecendo nos municípios de Boca do Acre, Guajará e parte de Lábrea e Canutama.

Nestes municípios, os rebanhos foram vacinados no período de 15 de março a 15 de maio e devem receber a segunda etapa da vacinação em setembro. Nos 21

Segundo o secretário de produção rural do Estado,

municípios restantes, a vacinação seguirá o calendário

Eron Bezerra, o preço comercial da vacina é de R$

nacional, com a primeira dose no mês de maio e segun-

1,85, mas com o subsídio do Governo, os produtores

da dose programada para novembro.

pagam apenas R$ 0,60 por gado vacinado. “O Governo do Amazonas é o único em todo Brasil que garante o subsídio ao produtor para que os custos sejam reduzidos e os rebanhos sejam vacinados. Nossa intenção é que a cada ano os valores sejam mais baixos”, afirmou.

O veterinário Serevino de Azevedo esclareceu que a antecipação do período de vacinação não traz riscos à prevenção da febre aftosa no Amazonas. Segundo ele, a antecipação foi acordada com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e é a única

Ele informou que a campanha teve de ser antecipada

maneira de nos prevenirmos da febre aftosa. “A vacina-

nos 41 municípios – Alvarães, Amaturá, Anamã, Anori,

ção não tem contra indicação para o animal, e mesmo

Atalaia do Norte, Autazes, Barreirinha, Benjamin Cons-

antecipada, não traz riscos aos rebanhos”, garantiu.

tant, Beruri, Boa Vista do Ramos, Borba, Caapiranga, Careiro Castanho, Careiro da Várzea, Coari, Codajás, Fonte Boa, Iranduba, Itacoatiara, Itapiranga, Japurá, Jutaí, Manacapuru, Manaquiri, Manaus, Maraã, Maués,

De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror), o objetivo é vacinar 1,4 milhões de cabeças de gado em todo Amazonas.

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Febre Aftosa

»» capacitação O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-AM), assim como a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA), estão apoiando a campanha através de ações de capacitação técnica e educação sanitária, junto aos trabalhadores e familiares. O presidente do Sistema FAEA/SENAR-AM, Muni Lourenço, afirmou que a capacitação técnica oferecida aos trabalhadores e pequenos produtores rurais, é primordial para a campanha. “Estamos oferecendo um curso de vacinação para capacitar trabalhadores no interior que vai ajudar a vacinar o rebanho do Estado. Como, também, realizando a doação de material de peças publicitárias, que é parte da contribuição do setor privado para o esforço do setor com a vacinação contra aftosa”, ressaltando que o objetivo é preparar a mão-de-obra qualificada ajudando na vacinação contra as principais doenças infectocontagiosas que acometem os rebanhos bovinos e bubalinos. A campanha é uma realização do Governo do Estado do Amazonas, através da Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), Comissão de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Codesav), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM), com o apoio do Sistema FAEA/SENAR.

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Artigo Usinas de incineração do lixo urbano. O Brasil na contramão da sustentabilidade

A

implantação de usinas de incineração do lixo urbano no Brasil merece uma discussão transparente, pois uma decisão errônea poderá colocar em risco a saúde da população e prejuízo ao meio ambiente.

Na presente análise, apresento minhas observações, como brasileiro, empresário ligado à reciclagem e com a responsabilidade de lutar para que tenhamos no futuro um mundo menos poluído e com melhor qualidade de vida. Há muitas discussões sobre as instalações dessas usinas, visando a recuperação de energia. Vejamos: A) O Coletivo de Entidades Ambientalistas do Estado de São Paulo analisou a viabilidade, e destaca que: 1. A incineração do lixo é hoje um grande lobby para a venda de tecnologia desativada na Europa. A recuperação energética, através dessas usinas, é uma farsa sem precedentes. 2. A Convenção de Estocolmo, da ONU, em 2004, reconheceu que os incineradores são uma das principais fontes de formação de dioxinas e furanos, poluentes orgânicos persistentes e bioacumulativos dos mais

Ulisses Girardi Diretor do Grupo Visafértil

tóxicos produzidos pelo ser humano. B) O Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental também se manifestou contrariamente às instalações das usinas. 1. Na contramão da sustentabilidade e da própria norma em vigor, o Brasil é objeto de um forte lobby que pretende vender e patrocinar usinas de incineração de lixo em desuso na Europa, por restrições conceituais e ambientais. Minha experiência ao longo de muitos anos, me permite fazer algumas ob-

4. A nova lei de resíduos sólidos urbanos mostra que o ideal para a destinação desses resíduos é através da redução, reutilização, coleta seletiva, reciclagem e compostagem. 5. A reciclagem é a que mais gera empregos, com inclusão social.

servações: considerando que essas usinas têm tecnologias obsoletas e estão

6. As cinzas tóxicas precisam ser ar-

sendo desativadas em países europeus; que causam o desemprego das pes-

mazenadas em “aterros” especiais,

soas da coleta e reciclagem; que não oferecem segurança em relação à elimi-

com custo incalculável.

nação dos gases altamente cancerígenos e as cinzas tóxicas, e que as dioxinas e furanos são altamente tóxicos e acumulativos, eis minha proposta: 1. Coleta seletiva do lixo, com a mão de obra de catadores, através de cooperativas. É atividade limpa, e gera centenas de empregos formais. 2. A reciclagem transforma o lixo em matérias-primas e os resíduos sólidos or-

7. Autoridades, ambientalistas e estudiosos na área são unânimes em afirmar que se as usinas forem instaladas estará marcado o maior retrocesso da agenda socioambiental nacional.

gânicos, transformados em fertilizantes, podem ser um grande aliado para

Apoio o desenvolvimento não destru-

a recuperação de solos.

tivo com preservação e equilíbrio so-

3. O custo é infinitamente inferior aos das usinas.

cioambiental. Leia mais: www.ulissesgirardi.com.br

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Exportação

tExto E Fotos: Colaboradores especiais: Dr. Wagner Campagnaro Verneck (médico veterinário Unidade Local do IDAM), Ildo Lucio Gardingo (presidente do Sindicato Rural de Boca do Acre)

gEnÉtiCA sustEntávEL

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BOCA DO ACRE, NO SUL DO AMAzONAS ESTá VIVENCIANDO UM MOMENTO DE UNIãO DE PRODUçãO RURAL COM SUSTENTABILIDADE. O MUNICíPIO ESTá INSERIDO NO CIRCUITO NACIONAL DE GENéTICA SUSTENTáVEL, EXPORTANDO ESTA PARA OUTROS ESTADOS

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A

Pecuária Sustentável já é uma realidade presente

cida como TE Taboquinha, Filha da Nuvem JF, recordista

no município de Boca do Acre, dentre os itens que

mundial em produção de leite.

envolvem a sustentabilidade está a Genética Susten-

tável em pleno desenvolvimento no município.

Na raça Gir Leiteiro foram todas adquiridas no berço mundial do zebuíno em Uberaba, sendo filhas dos melhores

Na Fazenda Simonik, do proprietário Sebastião Gardingo,

raçadores como: Sansão, Modelo, Impressor, Meteoro, Vai-

localizada na BR 317, km 22, no município, estão utilizan-

doso. Com produtividade média de 25 kg de leite por dia, e

do a seleção genética através das técnicas reprodutivas,

com produção anual média de 7.625 kg. O Gir Leiteiro é a

realizando anualmente 4000 Fertilizações In Vitro (FIV),

base para a formação do plantel do Girolando, sendo rea-

5000 Inseminações Artificiais em Tempo Fixo (IATF), ten-

lizado anualmente 3000 FIV para a produção do Girolando

do um nascimento de 1800 produtos de FIV e 2500 nasci-

Leiteito com nascimento de 1200 produtos leiteiro por ano,

mento advindo da técnica de IATF.

com a produtividade média de 30 a 35 kg de leite por dia.

A fazenda seleciona diversas raças puras, como Nelore,

» ExPortAçÕEs

Tabapuã, Brahman, Gir Leiteiro, Guzera Leiteiro, Girolando. Vem utilizando as melhores linhagens nacionais. Na raça Nelore vem utilizando os melhores raçadores, como por exemplo 1646, Bitelo da SS, Fajardo, Ghandi, Rambo, Ludi, entre outros, touros com dose de sêmen a um custo de R$ 1.500,00.

O município de Boca do Acre está inserido no circuito nacional de Genética Sustentável, exportando esta genética para diversos estados brasileiros, como Minas Gerais, São Paulo, Acre, Rondônia, Paraná entre outros estados. Com o advento do melhoramento genético, o ciclo da pecuária esta diminuindo, índices produtivos estão em evolução,

No Guzerá Leiteiro, a Grande Campeã Nacional na expo-

trazendo uma maior sustentabilidade, rentabilidade, dimi-

sição de Uberaba, com produção diária de 29 Kg de leite

nuindo a pressão sobre as florestas e contribuindo para a

por dia, faz parte do plantel da Fazenda Simonik, conhe-

produção de carne e leite ecologicamente sustentável.

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Entrevista Reportagem e FOTOS: Antonio Ximenes

rubens Catenacci

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Fazenda Favorita de Itacoatiara compra novilhas Nelore de alto padrão genético da FAZENDA 3R de Camapuã, Mato Grosso do Sul

A Fazenda Favorita de Itacoatiara, de propriedade de Edivard Brandão, fechou parceria com a Fazenda 3R na compra de 12 novilhas geneticamente evoluidas da raça Nelore. O plantel, um dos melhores do Brasil, servirá como referência de alta qualidade reprodutiva para o rebanho do Amazonas. O fazendeiro Rubens Catenacci, dono da 3R, esteve em Manaus, ocasião em que conversou com a reportagem da FLORESTA BRASIL AMAZÔNIA, ainda no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes. Leia abaixo a entrevista exclusiva.

– Quando começaram as trativas para vender as novilhas para a Fazenda Favorita? Rubens Catenacci – Olha, nós vinhamos conversando desde o ano passado para chegar a um entendimento e fechar o negócio.

bezerros que podem ser abatidos a partir dos 12 ou 14 meses, é bem diferente do que acontece com os bezerros soltos no pasto, que levam o dobro do tempo. FB – Mas como isso é possível? RC – Nós, em primeiro lugar, trabalhamos com a raça Ne-

FBrasil – Por quê os preços são mais altos aqui no

lore com o mais alto grau genético existente no Brasil,

Amazonas?

através da referência da Associação Brasileira de Cria-

Rubens Catenacci – A dificuldade maior é a logística. Como não há estradas em boas condições, o transporte dos animais requer uma logística sofisticada, porque eles

dores de Zebu (ABCZ). Segundo, temos uma técnica de manejo rotacionado do pasto, que permite uma alta performance.

chegam de barco e depois são transportados de cami-

FB – Mas se é tão fácil, porque outros fazendeiros

nhão até a fazenda, é uma 'trabalheira'.

não adotaram o sistema?

FB – E quais são as vantagens em se comprar as no-

RC – Na nossa área, qualidade genética é fundamental,

vilhas da 3R?

porque um animal bem conformado cria um padrão no

RC – A primeira é genética, a segunda financeira e a terceira mercado. Nossas novilhas têm condições de gerar

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rebanho, o que leva ao aumento de arroubas em um prazo menor para abate e com maciez e gosto da carne requisitados pelos mais exigentes consumidores. O manejo

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Trata-se de uma excelente iniciativa que vai beneficiar o melhoramento genético do rebanho amazonense

Valdelino Cavalcante, presidente da ADS

adequado serve para acelerar este processo e as matrizes reprodutoras são o grande segredo. Nós somos responsáveis por matrizes que já superaram os R$ 5

»» edIvard brandão

milhões, como a Bélgica 8 FIV, por exemplo, a Grande

O fazendeiro Edivard Brandão foi buscar no plantel

Campeã da Expozebu de 2011.

da Fazenda 3R, de Camapuã, no Mato Grosso do Sul,

FB – A rusticidade das terras do Amazonas, não afeta o desempenho das novilhas criadas aqui? RC – Não, porque o pasto e as instalações da Fazenda Favorita são de padrão elevado, o que confere segurança e certeza de bom desempenho. Tudo isso é levado em consideração na hora de fechar o negócio, porque além de criadores nós somos consultores.

o melhor da raça Nelore do Brasil. Sua política de investimento está voltada para o melhoramento do rebanho Nelore de ponta. "Nós escolhemos a Fazenda 3R, porque ela é referência nacional e mundial e isso é fundamental para a nossa iniciativa de melhoria do rebanho amazonense", destacou. Na condição de pioneiro no Amazonas com a marca de qualidade genética da fazenda 3R, Edivard Brandão convidou o empresário Augusto Sallas e o presidente da Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS), Valdelino Cavalcante, para acompanhar o empresário Rubens Catenacci e o gerente geral da Fazenda 3R, Rogério Rossalin, às instalações da Fazenda Favorita. "Trata-se de uma excelente iniciativa que vai beneficiar o melhoramento genético do rebanho amazonense", disse Valdelino Cavalcante, que vê no investimento de Edivard um marco na área no Estado. "Eu me sinto privilegiado por poder acompanhar uma visita técnica de alto nível, como esta com a 3R na Fazenda Favorita", disse Sallas, que é proprietário

»» Equipe que visitou a Fazenda Favorita, no saguão do Aeroporto Eduardo Gomes em Manaus

da Comercial Risadinha, uma das maiores empresas do agronegócio do Amazonas.

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Extrativismo

TEXTOS E FOTOS: Antonio Ximenes

URUAPEaRA RETOMA EXTRAÇÃO DA BORRACHA

[

Família Neves trabalha para retomar a produção de seringais do Lago do Uruapeara, na calha do rio Madeira

]

A Família Neves, do patriarca Raimundo Ferreira Neves

grande escala. "Conversamos com os seringueiros e per-

(Dico Neves), e da hoje matriarca, Líbia Neves, 77, tem

cebemos que há muito a se fazer, mas o mais importante

uma história de produção de borracha de mais de 100

é que o sonho de retornar aos seringais, agora, com com-

anos na região do lago do Uruapeara, na calha do rio

prador e preços melhores permanece", disse.

Madeira. Área da floresta conhecida pela alta produtividade dos seringais e onde fica Terra Vermelha, um seringal que por 40 anos pertenceu ao Dico Neves, e onde já trabalharam mais de mil seringueiros, tem infraestrutura de escoagem da borracha, através da hidrovia do Madeira.

Radson Neves, o filho caçula de Dico, também se mostrou entusiasmado com o projeto de retomar a obra do pai. "Nós sabemos das dificuldades e que todo um trabalho de conscientização e investimento na cultura da borracha são necessários, mas como há quem compre a matéria prima e as fábricas de motos e bicicletas

O Uruapeara, como é conhecido regionalmente, se prepa-

estão em Manaus, há condições de se voltar, novamen-

ra para retomar aos tempos áureos de extração do "ouro

te, para a floresta, como no passado, na época do meu

branco" (de 1943 a 1945) durante a ll Guerra Mundial, a

pai", disse.

região foi grande fornecedora de matéria prima para os aliados que combatiam o Eixo (Japão, Itália e Alemanha).

A filha mais jovem de Dico, Lucia Neves, por sua vez, se mostrou mais cautelosa que os dois irmãos, mas

Três filhos de Dico Neves (Raimundo, Radson e Lucia

reconhece que este é um excelente momento para se

Neves) estão à frente de um projeto de retomada das

retomar a extração da borracha. "Os governos federal,

atividades de produção de borracha, a exemplo do pai,

estadual e municipal estão auxiliando com subsídios; a

o 'barão Dico'. "Observamos que com a instalação da

mão de obra está no local; e tem quem compre a ma-

fábrica da Neotec – ela fornece pneus para as fábricas

téria prima. Me preocupa, no entanto, a concorrência

de motos e bicicletas do Polo Industrial de Manaus, o

desleal da China, que exporta pneus a preços muito

negócio da borracha está renascendo com força.

baratos. Mas, quanto a isso, acredito, que o governo

O empresário Raimundo Neves foi ao Uruapeara, onde tem terras, para estudar como retomar a produção em

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federal pode ajudar sobretaxando a importação dos pneus chineses", destacou.

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»» Matriarca, Líbia Neves, com os filhos Raimundo, Radson e Lucia, junto a seringueiras nativas, na frente da casa da família, no Lago do Uruapeara, na calha do rio Madeira

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Extrativismo » PrudênCiA Todo esse entusiasmo dos filhos encontra na matriarca,

“O Uruapeara é uma área que guarda a essência da floresta dos ribeirinhos do Madeira e fica próxima da BR 319, que, um dia, acredito, deverá ser pavimentada novamente, mas enquanto isso não acontece, barcos a jato seriam bem vidos para levar os turistas”.

» turismo

Lucia Neves, filha mais jovem de Dico

Além da borracha, a família Neves também tem um pro-

Líbia Neves, a retaguarda afetiva e os ensinamentos de quem nasceu dentro de um seringal e conhece, como ninguém, a região do Uruapeara. Dona Líbia, como é conhecida na região do Madeira, onde tem casa e terras, disse que "apoia os filhos, mas que eles devem ser prudentes, porque a borracha é como o ouro e dá febre. Eles não podem sofrer como o Dico, que ficou na região até quando não havia mais preço para a borracha", orienta.

jeto de turismo ecológico na região. Segundo Lucia Neves as potencialidades para a pesca desportiva e para o turismo de observação da fauna e da flora são muitas. Segundo ela, estão faltando investimentos na área de transporte, como barcos em melhores condições para levar os turistas a região e aeroportos com melhor infraestrutura em Humaitá, por exemplo. "O Uruapeara é uma área que guarda a essência da floresta dos ribeirinhos do Madeira e fica próxima da BR 319, que, um dia, acredito, deverá ser pavimentada novamente, mas enquanto isso não acontece, 'barcos a jato' seriam bem-vindos para levar os turistas", comentou. ■

» Dico Neves e sua neta, Úrsula Neves, na festa de 15 anos dela

» Paisagem do Lago Uruapeara

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Manuseio correto

rEPortAgEm E Fotos: Liliane Pantoja

AçAí COM quALidAdE E PADRãO industriAL

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VISITA TéCNICA FEITA POR PROFISSIONAIS DO SENAR, qUE SENTIRAM A NECESSIDADE DE PASSAR CONHECIMENTOS BáSICOS E APRIMORAMENTO NA CADEIA DO AçAí, MOBILIzOU PRODUTORES NA CALHA DO RIO JURUá

Coletar, acondicionar e transportar mantendo as caracte-

O transporte deve ser realizado em cestos, sacas ou pa-

rísticas de cor, sabor e densidade do açaí para o consumo

neiros bem fechados de um modo que não sejam empi-

com qualidade e padrão em escala para a indústria. Assim

lhados para não haver aquecimento que provoca a perda

foi ministrado o curso de boas práticas na colheita do açaí,

de nutrientes.

no município de Carauari e na comunidade de Bauana, localizadas na calha do rio Juruá.

A realização do curso no município de Carauari foi o resultado de uma visita técnica feita por profissionais do

Para realizar o procedimento da retirada do açaí é im-

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), que

prescindível que o cacho esteja totalmente amadureci-

sentiram a necessidade de passar conhecimentos básicos

do, elevando a pigmentação da antocianina (substância

e aprimoramento na cadeia do açaí para o município. De

que dá a cor roxeada ao fruto), em seguida debulhá-lo

acordo com o presidente da Federação da Agricultura e

em uma superfície coberta com uma lona plástica ou em

Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA), Muni Lourenço,

paneiros feitos com palhas de juta ou caixas de madeiras,

“o curso vem beneficiar as famílias que vivem da atividade

retirando toda a sujeira e insetos encontrados nos frutos

na calha do Juruá. Capacitação é primordial, para oferecer

para em seguida serem transportados ao seu destino.

às famílias, novas técnicas e assim elevar o padrão que o mercado exige como também o aproveitamento”, avaliou.

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» PAdrão O Tecnólogo em Alimentos, Raimundo Nonato Frazão, ressalta a importância de ministrar o curso e elevar o nome do município na questão da comercialização, conscientizando os produtores rurais a extrair o produto obedecendo os padrões que a indústria exige. “É indispensável que todos assimilem esse aprendizado para não haver perdas não só para a indústria de polpas, mas para os próprios produtores que almejam prosperar na venda de seus produtos”, afirmou. A implantação da Agroindústria Açaí Tupã, no município, trouxe mais oportunidades, com a produção diária de seis toneladas de polpa de açaí e mão de obra de vinte e seis colaboradores diretos. São beneficiadas 400 famílias que recebem o valor de R$ 12,00 a lata, equivalente a 20 quilos da pura fruta do tipo Oleáceo, e R$ 17,00 pelo precatório ou açaí nativo da região, gerando renda e sustento para os moradores que antes tinham o consumo do alimento somente para o seu próprio sustento. Dona Maria Ferreira Monteiro, fornecedora de açaí, disse que, “antes tinha perda total da fruta, passava por dificuldades para manter meu lar, agora não, vendo meu açaí e com isso ganho sustento para minha família.”

» Os alunos tiveram aulas teóricas e práticas

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Manuseio correto O gerente de produção da agroindústria Açaí Tupã, Eliosmar Medeiros, afirma que, “com o crescimento da economia neste setor agroindustrial estamos nos preparando para aumentar nossa demanda no açaí e também processar outros tipos de produtos, como abacaxi, buriti, maracujá e outras frutas que o município propiciar, pois temos equipamentos adequados para isso, e, quem sabe, nos tornar líderes no mercado na exportação.”

» ConHECEndo o ProCEsso » Processo de industrialização na agroindústria Açaí Tupã

Dentro das dependências da fábrica os participantes conheceram como é feito o processamento, chegando à etapa de pasteurização da polpa do açaí. “O aprendizado é que me proporciona um melhor ensinamento “, diz Antonia Rodrigues Soares, 44 anos “Apenas três minutos”, assim disse o batedor José da silva Souza, é o tempo que se leva para subir no alto pé de açaí com calcanhares traçados na peconha e terçado nas mãos e apanhar o cacho do açaizeiro. A peconha é o instrumento utilizado para subir na arvore de açaí, trata-se de um cipó de fibra dura que é amarrado nos pés.

» ComunidAdE Percorrendo o rio Juruá até a comunidade de Bauana, onde se estendeu o curso, observa-se grandes quantidades de açaizeiros em toda parte nas margens dos rios com águas barrentas e o verde da mata fechada. No Bauana vivem 21 famílias, e no entorno do município 36 comunidades com 320 famílias, que ganham seu sustento extraindo da natureza seu alimento de cada dia, na tiragem do açaí, coleta da andiroba e muru-muru e aguardando a safra do abacaxi, que também será mais um aumento produtivo na região.

» PrEvEnção Os participantes do curso levantaram a questão da doen-

isso é importante que na manipulação da fruta seja apli-

ça de chagas e o risco de contaminação ao homem atra-

cada medidas de higiene e limpeza, e, principalmente os

vés do protozoário, encontrados nas fezes do barbeiro

apanhadores de açaí estejam atentos em seguir a forma

presente no açaí mal higienizado no processo manual.

certa de prevenção. “A assepsia é o único meio eficaz de

Esse dano pode causar à pessoa que ingerir a bebida contaminada, problemas cardíacos e digestivos. Devido a

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combate à doença”, diz o tecnólogo Frazão. No processo tecnológico de pasteurização e congelamento da polpa na indústria esse perigo é eliminado.

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“Só se erra quando não se sabe, pois trabalhamos desde criança na tiragem da fruta para nosso consumo, mas agora vimos que para a comercialização os cuidados devem ser redobrados porque agora é uma nova geração de renda das nossas comunidades”. Antonio Godim, presidente da Associação dos Moradores da Reserva de Uacari

» Turma de alunos na comunidade Bauana

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Manuseio correto

»» O tecnólogo em alimentos, Raimundo Frazão, acompanhou todos os alunos oferecendo orientações úteis para o dia-a-dia

“Só se erra quando não se sabe, pois trabalhamos desde

zonas (ADS), declarou sobre a iniciativa de dar suporte

criança na tiragem da fruta para nosso consumo, mas agora

ao interior do Amazonas e a respeito da criação no setor

vimos que para a comercialização os cuidados devem ser re-

de agroindústria da região Norte. “Nosso incentivo e do

dobrados porque agora é uma nova geração de renda das

Governo do Estado do Amazonas é levar para toda a re-

nossas comunidades”, disse Antonio Almires das Chagas

gião, renda e elevação na produção de qualidade do açaí

Godim, Presidente da Associação dos Moradores da Reser-

em curto prazo, transformando a fruta no referencial na

va de Uacari.

exportação nacional e internacional”.

Os trabalhadores rurais apoiados pela Agência de Desen-

O curso contou com aulas práticas e teóricas para 35

volvimento Sustentável do Amazonas (ADS) e o Governo

participantes que atuam no cultivo e na extração do açaí,

do Estado do Amazonas recebem incentivos no valor sub-

além de empregados da agroindústria local e represen-

sidiário de oitenta e três centavos, além do fornecimento

tantes das secretarias que prestam apoio aos produtores

de mudas para o plantio. Já são 20 mil mudas de açaí e 15

rurais, como a Agência de Desenvolvimento Sustentável

mil de abacaxi entre outros tipos de frutas cultivados na

(ADS), Secretaria de Estado e Produção Rural (Sepror),

cidade de Carauari.

Secretaria do Estado e Meio Ambiente e Desenvolvimen-

Miberwal Ferreira Jucá, diretor administrativo e financeiro da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Ama-

to Sustentável (SDS) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-AM). ■

»» Professor Raimundo Frazão e os alunos na comunidade Bauana

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FAS

Foto LEgEndA: Antonio Ximenes

CuJuBim é EXEMPLO DE INTEGRAçãO ComunitáriA

[

COM A UNIãO DE TRêS COMUNIDADES FOI CRIADA A MAIS IMPORTANTE ORGANIzAçãO COMUNITáRIA DA UNIDADE DE CONSERVAçãO DO CUJUBIM, EM UMA CURVA DO RIO JUTAí. A FUNDAçãO AMAzONAS SUSTENTáVEL FOI RESPONSáVEL POR ESTA ATIVIDADE SóCIOAMBIENTAL

» Crianças brincam na praça de lazer da escola da vila Cujubim

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» Curso de formação de mão-de-obra para farinha de mandioca com padrão sanitário

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» Produto de pesca à venda na cantina dos ribeirinhos

E

» Casas entregues com toda infraestrutura na floresta isolada

m uma curva do rio Jutai – a 14 horas de barco de

Amazonas Sustentável, em parce-

Manaus – foi criada a Vila do Cujubim. Com 24 casas

ria com a Secretaria de Desenvolvimento Sus-

de madeira e toda uma infraestrutura de apoio com

tentável (SDS) e os trabalhadores das comunidades

escola, posto de saúde, permacultura, cantina do produtor e outras benfeitorias. O novo núcleo de desenvolvimento regional é uma iniciativa da Fundação

de Pirarucu, São Raimundo e Goiabal. Os ribeirinhos decidiram se unir para criar um novo local onde morar. O investimento foi de R$ 1,278 milhão.

» Quebra artesanal da castanha pela mão-de-obra feminina

» Entrega do título definitivo da casa para ribeirinho pelo superintendente da FAS, Virgilio Viana

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Potássio

Reportagem : Antonio Ximenes e Lívia Nadjanara FOTOS: Divugação/Agecom

EXPLORAÇÃO DE POTÁSSIO NO AMAZONAS É UMA

REALIDADE POSSÍVEL

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Pesquisas confirmam potencial de potássio em mais de 400 km de extensão a partir dos municípios de Autazes e Itapiranga até os limites com o Pará. A estimativa é que a capacidade de exploração alcance 500 milhões de toneladas de sais de potássio

Os avanços em pesquisas visando a exploração mineral, com

disponível. A perfuração conta com sondas formadas por

resultados promissores em prospecção de sais de potássio

brocas, ocas por dentro, por onde passa o “testemunho”

no município de Autazes, na bacia do rio Autaz-Açu (a 113 km

da rocha. Esse testemunho diz como estão empilhados

de Manaus), foram motivos de visita técnica e embasaram

os extratos da rocha, possibilitando a reconstrução de

discussões em grupo composto por órgãos estaduais e mu-

sua sequência estratigráfica.

nicipais, por trazer estimativas de extensão de mais de 400 km de bacia a partir dessa região até o Estado do Pará.

“São ‘charutos’ de pedra, encontrados nos extratos, retirados até ser atingido o nível de sal. As sondas

Esta área do município de Autazes fica um pouco mais a

que nós temos não são sondas possantes como aque-

norte de Fazendinha, jazida de potássio do município de

las para exploração do petróleo, são mais leves, que

Nova Olinda, e lá já foram executados nove perfurações

tornam o impacto menor para a superfície, tendo in-

com sondas, com resultados positivos em cinco deles

clusive pouca retirada da capa superficial do solo”, co-

para a presença de potássio numa profundidade média

mentou o Diretor de Exploração da empresa Potássio

de 850 a 1110 metros. A regularidade da bacia e dos ex-

Brasil, José Fanton.

tratos que ela enterra, num limite considerado garantido ou aceitável é de uma distância de 1,8 km a 2 km entre um furo e outro para provar a continuidade do extrato salino naquela base.

O outro alvo que teve descoberta recente, é em Itapiranga (a 225 km de Manaus ), onde um furo foi positivado e mais dois estão em andamento para confirmação de regularidade. Lá o trabalho acontece no rio Uatumã e

Nessa prospecção pelas camadas de pedras depositadas

já planejamos passar para a outra margem do rio, alme-

subsolo abaixo é possível identificar os extratos e con-

jando mais descobertas. A ideia é provar tamanhos das

firmar a uma porção aproximada em que o material está

minas para planejar o futuro de exploração nessa região.

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O tempo de sondagem, sem complexidade de rompimento da tubulação, é estimado de 2 a 3 meses, por conta das diferenças entre extratos e profundidade de um local para outro. Em quantidade, a empresa possui uma equipe de pesquisa – formada por geólogos e especialistas –, além das equipes de sondagem, de balsas, de tratores, entre outras, que somam mais de 100 pessoas envolvidas diretamente no trabalho. Na estrutura da Secretaria Executiva de Geodiversidade e Recursos Hídricos do Governo do Estado do Amazonas, já se discute o potencial da área. “Em Nova Olinda e Itacoatiara já existem as reservas mapeadas pela Petrobras, definida por uma atividade econômica que exige US$ 4,5 bilhões. "Aqui (em Autazes) o investimento previsto é de US$ 150 mihões, portanto é um investimento mais fácil de ser captado. O governo do Estado, assim como a prefeitura local, tem o entendimento que esse projeto é estratégico e o que nós estamos fazendo é a criação de toda a consistência para que esses investimentos, que não são pequenos, possam chegar aos esses municípios”, afirmou o titular da pasta, Daniel Nava, durante a visita realizada no final de janeiro.

»» Vantagens Algumas vantagens são apontadas para a exploração do potássio na área, a contar pela disposição do material ser mais próxima da superfície que as demais conhecidas no Amazonas. Enquanto as perfurações da bacia do Autaz-Açu variam até o máximo de 1.100 metros, já nas proximidades de Nova Olinda as perfurações atingem em torno de 1.500 metros por conta da inclinação da área. Outro ponto positivo é que os registros positivos ficam nas beiras dos rios e facilitam o acesso aos locais, tornando viável também a saída do produto da origem até os portos, como é o caso do porto de Itacoatiara. A operação de deslocamento naquela região específica é pelas balsas.

»» importância do potássio O Brasil consome pouco mais de 4 milhões de toneladas de potássio por ano para abastecimento agrícola, por se tratar de um ingrediente de fertilizantes. Desse total, o país importa entre 90% e 92% do Canadá e da Rússia, dois grandes ►

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prefeito do município, Adenilson Reis, desde que o governo federal tomou a decisão de considerar esta reserva estratégica e depois de ter cancelado a exploração da »» Secretário Daniel Nava, titular da Secretaria Executiva de Geodiversidade e Recursos Hídricos, fala em audiência pública

produtores do nutriente. A única produção nacional é a de Sergipe, que cobre um percentual de 8% da demanda.

mina por um grupo canadenese, o que tem se observado é o esquecimento das autoridades, o que tem preocupado a população local pelo descaso.

»» Petróleo Nos anos cinquenta, Nova Olinda do Norte foi a primeira cidade do Amazonas a descobrir petróleo. Naquela época, a ausência de tecnologia mais avançada na área petrolífera

As pesquisas realizadas no Amazonas formam a exper-

determinou, através do relatório Linke, que o poço perfu-

tise necessária para sustentar uma corrente de estraté-

rado na região fosse fechado com cimento, sob a alegação

gias para exploração destas reservas de potássio no ter-

de que as reservas de petróleo não eram suficientemente

ritório, pautado pelo ideal de desenvolvimento regional

grandes mercadologicamente. Hoje, sabe-se, que o mu-

sustentável.

nicípio também é rico em petróleo e gás, mas, mesmo

A partir deste passo, o estado pode vislumbrar um plano de exploração que atraia indústrias de fertilizantes e químicas ao Polo Industrial de Manaus (PIM), com geração de emprego e renda também nos municípios do interior onde há depósito do minério, alternativas para

localizado na importante bacia petrolífera do Solimões, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) não disponibilizou ainda os blocos existentes na área para prospecção. Como se percebe, historicamente, o município vem sendo penalizado mineralmente.

suprir a necessidade brasileira de potássio e, ainda, com os mecanismos de proteção da floresta amazônica.

»» População acompanha projeto Após a visita aos locais de sondagem, o grupo de trabalho participou de uma audiência pública para apresentar o projeto à população de Autazes. Por se tratar de um primeiro contato com os detalhes do projeto, as manifestações ficaram por conta das autoridades presentes, entre eles o deputado estadual Sinésio Campos (PT), o secretário executivo de Geodiversidade e Recursos Hídricos, Daniel Nava, os prefeitos de Autazes, Nova Olinda e Itacoatiara, além de representantes da empresa Potássio do Brasil.

»» Governo federal esqueceu da silvinita de Nova Olinda do Norte Nova Olinda do Norte tem reservas de silvinita/potássio mapeadas pela Petrobras e prontas para serem exploradas. O município, que fica na calha do rio Madeira, foi o primeiro a identificar e a ter o mapeamento de suas reservas deste importante mineral que serve para fazer fertilizantes. "Nós estamos aguardando que a Petrobras inicie a exploração do minério. Podemos contribuir para a diminuição da importação de silvinita (mais de US$ 1 bilhão/anualmente) e colaborar para autosuficiência desta matéria prima para a agricultura brasileira". Segundo o

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»» O avanço nas pesquisas revela resultados promissores. Convidados conferiram de perto uma exposição do mineral

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"Não dá mais para ficar esperando, precisamos agir, mesmo que tenhamos que começar tudo de novo" Adenilson Reis, prefeito de Nova Olinda do Norte

»» Esperança Agora, com o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) na condição de líder do governo no Senado, Adenilson Reis, vê melhorar a oportunidade de que algo seja feito politicamente para que a estatal, que é a detentora dos direitos de lavra de silvinita, se entusiasme e crie uma frente para iniciar um novo ciclo de desenvolvimento da região, na exploração do potássio, que está a cerca de 870 metros de profundidade, segundo Adenilson Reis.

Até o momento, no entanto, a Petrobras não deu sinais de que irá alocar recursos do seu orçamento para extrair a silvinita do subsolo de Nova Olinda do Norte. Em função desta imobilidade, o prefeito Adenilson Reis está iniciando uma campanha junto aos deputados e senadores da bancada do Amazonas, bem como ao governador Omar Aziz, para que a cidade entre na agenda do governo federal para minerar a silvinita. "Não dá mais para ficar esperando, precisamos agir, mesmo que tenhamos que começar tudo de novo", disse. ■

»» Prefeito de Nova Olinda do Norte, Adenilson Reis, e o governador do Estado, Omar Aziz

»» Fuga de investimentos O que se observa hoje, é que a cidade vive o drama de ver as mineradoras internacionais se afastarem de suas riquezas e procurarem outros municípios, como Autazes, para fazer os seus investimentos. A imobilidade da Petrobras para explorar as minas de potássio está inviabilizando o desenvolvimento da economia local.

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Guerra Artigo na Selva

Aos trabalhadores rurais

A

exuberância dos rios da Amazônia dá lugar, nesse momento, a um fenômeno natural de desastre em todo o Amazonas. A cheia dos rios atingiu mais uma vez um novo recorde. O Rio Negro atingiu a cota

de 29,91 metros acima do nível do mar. Isso se traduz em gente desabrigada, hospitais debaixo d’água, plantações perdidas, animais afogados e sem pasto, entre outras coisas. Em 2009, a cota do Rio Negro atingiu a marca dos 29,77 metros e havia sido a maior registrada na história até então. Essa marca foi atingida no dia 1º de julho de 2009. E, segundo dados do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), o nível do rio vem enchendo na velocidade de cinco centímetros ao dia. O alerta de cheia emitido pelo órgão aponta para uma nova marca histórica de 30,13 metros. Pelo que vemos, o cenário aponta para mais uma tragédia. Até agora mais de 14 mil famílias de produtores rurais já tiveram sua produção atingida e estima-se um prejuízo da ordem de mais de R$ 65 milhões no setor primário. Há três anos, mais famílias foram afetadas – 24 mil. No entanto, o volume de produção perdido foi menor. Isso se justifica pelo aumento da nossa produtividade. Preocupados com isso, resolvemos agir. Em reunião com o Ministério da In-

[

tegração Nacional, articulamos, junto com o governador Omar Aziz e a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) uma linha de crédito específica para esses produtores. Foram disponibilizados R$ 350 milhões por meio do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO).

Eron Bezerra Secretário de Produção Rural do Amazonas, Membro do CC do PCdoB, Secretário Nacional da Questão Amazônica e Indígena e doutorando em "Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia".

]

O ministro Fernando Bezerra anunciou o benefício durante reunião do Conse-

to e custeio para a retomada das

lho Deliberativo (Condel) da Superintendência de Desenvolvimento da Ama-

atividades econômicas.

zônia (Sudam), ocorrido em Manaus. O recurso será administrado pelo Banco da Amazônia.

Ironicamente, o mais interessante é que ação semelhante já é feita

Com três linhas de crédito, o benefício vai apoiar os agricultores atingidos pela

no Nordeste para minimizar os

enchente. Para os agricultores familiares (Pronaf B), a linha de crédito é de até

efeitos da seca. Talvez, no futuro,

R$ 2,5 mil, com taxa de juros de 1% ao ano e prazo de pagamento de até dez

esse assunto deva merecer uma

anos, sendo três de carência. Para os demais grupos de agricultores familiares,

melhor atenção de nossa bancada

o limite de financiamento vai até R$ 12 mil, com mesmas taxas de juros e prazo.

parlamentar.

Já para os agricultores não-familiares, o limite é de até R$ 100 mil, com ta-

Mas como diz o hino do Amazonas,

xas de juros de 3,5% ao ano, oito anos de prazo, também com três anos de

viver é destino dos fortes, assim

carência.

nos ensina, lutando, a floresta. E

Os empresários da atividade agropecuária também terão limite de crédito de até R$ 100 mil, com juros de 3,5% ao ano. A diferença é o prazo de carência, de cinco anos. Os valores poderão ser aplicados em duas frentes: investimen-

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assim, o povo do nosso Estado vai vivendo e enfrentando enchentes e estiagens.

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ANUNCIO


Wega

A FORÇA DO SUL DO AMAZONAS

Com pouco mais de vinte anos, Apuí se destaca entre os demais municípios do Estado pelo seu grande potencial agropecuário superando a marca de 150 mil cabeças de gado. Outro destaque da região é o cultivo do café e a produção de leite que impulsionam a economia local gerando emprego e renda. São essas ações que tornam Apuí uma referência do setor primário amazonense.

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ANUNCIO APUÍ AMAZONAS floresta_edicao_03.indd 79 20,5X27,5 I PÁGINA.indd 1

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Prêmio

REPORTAGEM: Fábia Lázaro FOTOS: Divulgação/Asprop

ideia simples e inovadora

vence concurso

[

]

ASPROC é uma das vencedoras da 4ª edição do Prêmio ODM (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio) Brasil

A Associação dos Produtores Rurais de Carauari (As-

A Asproc, criada em 1994, foi premiada por implantar

proc) foi uma das duas vencedoras do Norte do Brasil,

uma ideia simples e inovadora que está mudando a reali-

representando a sociedade civil, da 4ª dição do prêmio

dade local dos moradores da Reserva Extrativista (Resex)

ODM (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio) Bra-

do Médio Juruá e da Reserva de Desenvolvimento Sus-

sil com a prática: Comércio Ribeirinho da Cidadania e

tentável (RDS) estadual Uacari, formada por seringuei-

Solidário.

ros, pescadores, extrativistas e agricultores.

Foram premiados ao todo, 20 projetos e iniciativas de

O projeto Comércio Ribeirinho da Cidadania e Solidário, nas-

prefeituras e de organizações da sociedade civil, de um

ceu, a partir de agosto de 2009, com o objetivo de organizar

total de 1.638 práticas inscritas, sendo 720 de organiza-

e comercializar a produção da região, de modo a garantir

ções e 918 de prefeituras. A coordenação do ODM é feita

renda familiar, aliando a preservação do meio ambiente.

pela secretaria geral da Presidência da República, com o apoio de diversas instituições.

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Para a instalação do projeto, a Asproc contou com um capital inicial de R$ 80 mil, obtidos por meio de financia-

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»» prêmio O Prêmio ODM Brasil é uma iniciativa pioneira no mundo e foi criado em 2004 com a finalidade de incentivar ações, programas e projetos que contribuem efetivamente para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). As 51 práticas finalista receberam a visita in loco de um comitê técnico, integrado por representantes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e da Escola Nacional de Administração Pública (ENAP). A avaliação foi baseada nos seguintes critérios: contribuição para o alcance dos ODM; caráter inovador; possibilidade de tornar-se referência para outras ações similares; perspectiva de continuidade ou replicabilidade; integração com políticas públicas; participação da comunidade; existência de parcerias; e manutenção da qualidade nos serviços prestados.

mento próprio pelos ribeirinhos junto ao Banco do Brasil. Metade deste recurso foi repassado pela associação dos moradores da RDS do Uacari. A iniciativa também contou com o apoio do CNS (Conselho Nacional das Populações Extrativistas).

»» escambo Adotando a modalidade de escambo, o comércio ribeirinho começou a ser praticado junto às comunidades, baseado na troca de produtos oriundos do extrativismo

O Prêmio é coordenado pela Secretaria Geral da Pre-

e da agricultura familiar, como borracha, castanha, açaí,

sidência da República, em parceria com o Programa

pupunha, farinha e macaxeira por gêneros alimentícios e

Nacional das Nações Unidas para o Desenvolvimento

de primeira necessidade .

(PNUD) e com o Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade. A coordenação técnica do Prêmio é de responsabilidade do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e da ENAP. A cerimônia de premiação dos 20 contemplados deve acontecer no final do mês de maio. (www.odmbrasil.org.br)

“A associação compra os produtos em Manaus e vende à comunidade por preços até 50% mais baratos em relação aos “regatões”, o que possibilitou o aumento do poder de ganho dos comunitários e melhorou o abastecimento dos gêneros alimentícios nas comunidades mais distantes. Isso porque os moradores não precisam mais gastar com combustíveis para irem até a sede dos municípios para fazerem suas compras em viagens que leva até dias de duração“, destaca o presidente da Asproc, Manoel da

»» Polo de comercialização

Cruz Siqueira, 36 anos. O presidente lembra que o comércio ribeirinho iniciou disponibilizando apenas 70 itens, entre gêneros alimentícios, material de limpeza, de uso pessoal, material de pesca, entre outros. “Com o passar do tempo, a demanda foi crescendo e hoje a lista já conta com 130. A cada três meses fazemos uma pesquisa para ver se não está faltando nada para a comunidade”, ressalta. A iniciativa deu tão certo, que quase três anos depois, a Asproc abriu 15 polos de comercialização, sendo um na sede do município de Carauari, que atendem, atualmen-

te, 435 famílias de 55 comunidades.

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Prêmio

Para realizar as transações comerciais ao longo do Rio Juruá, a Associação conta com três barcos, dois com capacidade para 18 toneladas e um com 40t. “A princípio, achávamos que atendia, mas hoje já não é suficiente”, ressalta o presidente. Para Siqueira, a associação ser premiada por um trabalho que está melhorando a vida dos ribeirinhos é muito gratificante. “A gente fica muito contente em saber que estamos contribuindo para mudar a realidade deste povo tão sofrido, melhorando o dia-a-dia dele, ao mesmo tempo em que estamos ajudando a preservar a nossa floresta”, comemora.

»» Apoio A Asproc fornece farinha para a merenda escolar das escolas pública do Estado, através do Programa de Regionalização da Merenda Escolar (Preme). O programa do Governo do Estado do Amazonas é operacionalizado pela Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS). Para 2012, o contrato firmado com o programa é de 48 toneladas, totalizando R$ 158.400,00. Os associados são contemplados também com a subvenção da borracha. Até o final do junho deste ano, o Governo do Estado deve pagar R$ 51 mil à associação em subsídio da borracha, por intermédio da ADS. ”Através destes programas, o Governo do Estado está oferecendo aos produtores a oportunidade de comercializar de forma justa toda sua produção“, acrescenta Siqueira. ■

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Artigo

Ano Internacional das Cooperativas

V

ivemos um novo momento na história do cooperativismo. As mudanças no ambiente econômico global, o esvaziamento das instituições antes consideradas inabaláveis, a perda de valores e princípios, a ace-

leração das demandas, provocada pelo consumismo, e a visível incapacidade dos modelos de gerar e manter a felicidade das pessoas têm levado a humanidade a procurar soluções mitigadoras dos efeitos de todas essas mudanças. Nesse ambiente, o cooperativismo brasileiro tem conquistado um espaço cada vez maior na economia nacional, consequência de um olhar voltado à profissionalização da gestão. É a nova face para um cooperativismo de nova geração. A decisão da Organização das Nações Unidas (ONU) de declarar 2012 como o Ano Internacional das Cooperativas confirma a contribuição efetiva do movimento cooperativista mundial para a redução da pobreza, a partir da geração de trabalho e renda. É um reconhecimento internacional do importante papel que tem o setor para a promoção do desenvolvimento sustentável. O cooperativismo realmente desperta nas pessoas o espírito empreendedor e

Em 2012, teremos a chance de apresentar para toda a sociedade, com o respal-

Márcio Lopes de Freitas

do da ONU e o apoio dos governos federais, os benefícios do nosso movimen-

Presidente do Sistema OCB

as inclui social e economicamente.

to. Vamos aproveitar a oportunidade para mostrar de que forma já contribuímos e podemos somar ainda mais para o desenvolvimento global, por meio da prática dos valores e princípios cooperativistas. A intenção é disseminar essa essência a um número ainda maior de pessoas, em todos os cantos do mundo, e mostrar que a nossa força está justamente na valorização do capital humano.

O grande diferencial do cooperativismo é ser formado por organizações de pessoas. Estamos falando de um

Nosso objetivo é fazer com que a população reconheça no seu dia a dia a pre-

movimento que valoriza e prioriza o

sença e a importância do segmento. Queremos mostrar que o alimento que

capital humano, e não o lucro. Ser co-

chega às suas casas e os serviços financeiros ou de transporte podem vir de

operativista é trabalhar em conjunto,

uma organização cooperativa. Da mesma maneira, o atendimento prestado

ciente de que unidos seremos mais

por um profissional de saúde, entre tantos outros setores nos quais atuamos.

fortes e conquistaremos mais. Esta-

Enfim, a ideia é mostrar como trabalhamos, sensibilizando-as e convidando-as

mos falando aqui de uma atividade so-

a fazer parte dessa filosofia e prática de vida.

cialmente responsável, que promove

Temos trabalhado fortemente para oferecer produtos e serviços com qualidade crescente, que se tornem referência no mercado interno e externo. E isso realmente tem ocorrido. Hoje, nossas cooperativas reúnem mais de 9 mi-

naturalmente o desenvolvimento sustentável, gerando crescimento para as comunidades onde está presente.

lhões de cooperados e geram mais de 290 mil empregos diretos. Juntas, elas têm uma movimentação econômico-financeira próxima de R$ 100 bilhões. Além disso, respondem por uma receita de aproximadamente US$ 6 bilhões em exportações, sendo 98% dos itens oriundos do meio rural.

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Modernização REPORTAGEM: Fábia Lázaro FOTOS: Divulgação/Comércio Ribeirinho

COVEMA MODERNIZA LINHA DE PRODUÇÃO

[

]

A cooperativa que produz uma média de 80 toneladas de amêndoas por ano, pretende chegar a um volume de 130t para a safra de 2012, com expectativa de atingir até 200t nas próximas colheitas

A Cooperativa Verde de Manicoré (Covema), instalada

chegar a um volume de 130t para a safra de 2012, com

em Manicoré, (a 333 km da capital), às margens do Rio

expectativa de atingir até 200t nas próximas colheitas.

Madeira, está modernizando sua linha de beneficiamen-

Isso corresponde ao resultado do processamento de

to de castanha, através da instalação de máquinas e equi-

60% da matéria-prima produzida no município, que gira

pamentos que permitirão a separação da casca da amên-

em torno de mil toneladas.

doa por meio mecânico.

A atividade, que anteriormente era feita manualmen-

Com o novo processo, a cooperativa que produz uma

te, será realizada com auxílio de uma máquina capaz de

média de 80 toneladas de amêndoas por ano, pretende

processar até 4 mil kg de produto acabado por dia, além

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da melhoria e ampliação da capacidade de pré-beneficiamento como secagem e classificação. Segundo o presidente da Covema, Sirdei Nogueira, 85% da produção será comercializada no mercado de São Paulo e Minas Gerais e o restante vai atender o Programa de Regionalização da Merenda Escolar (Preme), que fornece cardápio regionalizado às escolas do município e do estado. O novo processo irá assegurar 60 postos de trabalho temporários na usina durante o período de safra que vai dos meses de março a junho, além de reduzir o custo de produção em cerca de 40% em relação ao processo anterior. Com os investimentos, cada castanheiro espera ganhar R$ 10 a mais por lata de 10 kg comercializada do produto. Com isso, o cooperado irá aumentar sua margem de ganho, proporcionalmente, ao volume comercializado para cooperativa, que hoje é em média de R$ 25,00 por lata de 10 kg . O chefe do Departamento de Produtos Florestais Não-Madeireiros da Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS), Willis Vieira Meriguete, que acompanhou a instalação do maquinário, conta que a expectativa dos extrativistas é muito grande. “A castanha é um produto típico da região e que cada vez mais tem ganhado o mercado nacional e internacional e a comunidade está se modernizando para atender esta demanda”, disse. Para atingir o nível de produção registrado hoje, a Covema tem contado também com outros parceiros importantes como o BNDES que liberou um aporte financeiro de R$ 700 mil, por intermédio do Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável (PDRS) do Banco do Brasil. Os recursos estão sendo utilizados para capital de giro, investimentos e compra de equipamentos. Para o diretor de Negócios Florestais da ADS, Fernando Guimarães, “a cooperativa tem desempenhado importante papel por gerar emprego e renda de forma sustentável para as comunidades tradicionais e ribeirinhas do nosso estado”. A nova fase da Covema conta com a parceria do Governo do Estado, que tem apoiado financeiramente e tecnicamente a cooperativa, através da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS), a Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam) e o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam). ■

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Informática

»» Evento reuniu professores, alunos e autoridades para entrega dos computadores

REPORTAGEM E FOTOS: Diárcara Ribeiro

professores de MAUÉS recebem notebooks

[

A era da tecnologia digital já chegou ao interior do Amazonas. Professores da rede pública de Maués receberam computadores do estado

]

Professores da rede municipal de educação do município

especial, desenvolvida especialmente para os educado-

de Maués (a 267 Km da capital Manaus), foram contempla-

res, como por exemplo, está disponível uma biblioteca

dos com o Programa de Tecnologias Educacionais do Ama-

com mil livros.

zonas (Proteam). Durante a solenidade que ocorreu na quadra esportiva da Pestalozzi, estavam presentes educadores e autoridades, que destacaram o papel do professor na era digital, além de como o computador será útil para melhorar o planejamento das aulas, como o desempenho e a participação dos estudantes.

Para o prefeito de Maués, Miguel Paiva (Belexo), essa entrega só vem a somar à politica desenvolvida na rede de educação. “Os computadores vão atender as escolas, auxiliando os professores com uma ferramenta que vai complementar o trabalho que o município já faz, ajudando nas aulas e proporcionando mais interatividade entre

De acordo com a prefeitura cerca de 700 notebooks fo-

os alunos”, destacou ainda que os professores estavam

ram entregues, as máquinas possuem uma configuração

ansiosos pela entrega.

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“Os computadores vão atender as escolas, auxiliando os professores com uma ferramenta que vai complementar o trabalho que o município já faz, ajudando nas aulas e proporcionando mais interatividade ” Miguel Paiva, prefeito de Maués

»» Prefeito Belexo durante a entrega dos notebooks aos professores

É o caso da professora Ângela Dinelly Salum de Almeida, 31, que há quatorze anos leciona. “Vai ser muito proveitoso para quem deseja inovar e prender a atenção dos estudantes durante as aulas”, disse. O diretor Francisco Cannde Goés coordena a Escola Municipal Turma da Mônica há quatro anos. São 320 alunos com idades entre 7 a 14 anos. “O computador para mim, hoje, é uma ferramenta das mais importantes. Se o professor souber utilizar os programas disponíveis, utilizando corretamente as ferramentas, ele pode proporcionar uma aula diferenciada, fazer ótimos planos”, afirmou Francisco Goés. De acordo com o secretário da Secretaria do Estado de Educação (Seduc), Gedeão Amorim, no total 42 mil com-

»» Secretário de Educação, Gedeão Amorim, foi aplaudido pela iniciativa

putadores serão entregues nos municípios do Estado. “O programa iniciou em 2009, e visa dar um impulso ao ensino. O ser humano é uma criatura de motivação. A alegria está em todo mundo. Isso vai repercutir nas salas de aula. São computadores configurados para beneficiar não somente o professor, mas ajudar também os alunos”, concluiu. A secretária municipal de governo, Andréa Santos, destacou a entrada dos professores do município na era digital. “Nós temos a preocupação de proporcionar um diferencial na vida dos professores. Isso começou com iniciativa do governo municipal na qualificação seja dos professores, ou seja dos indígenas. Para se ter uma ideia nós formamos uma primeira turma de 42 professores indígenas graduados, e toda educação na área indígena é bilíngue”, destacando os investimentos na educação. ■

»» Professora diz que vai melhorar a qualidade das aulas com o computador

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Produção

rEPortAgEm E Fotos: Marcello de Paulo

EsPAço do Produtor Em PArintins

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]

A INAUGURAçãO FEz PARTE DE UMA SéRIE DE EVENTOS qUE CONTOU COM PALESTRAS, ENTREGAS DE CARTõES DO PRODUTOR, E CERTIFICADOS PARA ALUNOS DOS CURSOS NEGóCIO CERTO RURAL E DE INCLUSãO DIGITAL

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V

inte produtores rurais parintinenses ganharam a oportunidade de comercializar seus produtos

»» Programa FAEA/SENAR em Campo no município de Parintins

diretamente para os consumidores no mais novo

espaço da produção rural na ilha tupinanbarana. Trata-se do ‘Espaço do Produtor’, inaugurado em 03 de março deste ano, uma iniciativa do Sistema FAEA/SENAR-AM, juntamente com o Sindicato Rural de Parintins e Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que contou com a presença de autoridades locais e regionais, além de dezenas de consumidores ávidos por encontrar

atividade rural, dando condições cada vez melhores para

no Espaço produtos de baixo custo e alta qualidade.

que os produtores rurais, pessoas que praticam ativida-

Onaldo Pontes, professor municipal, foi um dos primeiros consumidores a chegar ao Espaço, que segundo ele é uma grande oportunidade tanto para o produtor quanto para o consumidor do município. “Aqui a gente tem, agora, a

des exaustivas mas nobres, de produzir alimentos para a nossa população. Eles vivem hoje dias melhores, condições melhores de trabalho e renda, e quem ganha com isso é a população como um todo”, avalia o presidente.

oportunidade de comprar diretamente dos nossos irmãos

Para Rubens Pires, coordenador nacional do Programa

produtores, ajudando também no crescimento da renda

Sindicato Forte, do Sistema Nacional de Aprendizagem

deles, já que neste espaço não existe a presença do atra-

Rural, presente no evento, “o Espaço do Produtor é re-

vessador”, afirmou.

sultado de esforços concentrados em três vertentes: a da

Produtor de farinha, banana, macacheira, entre outros produtos, o agricultor Josinaldo da Silva, 39, da comunidade rural de São Sebastião do Quebra, em Parintins, aponta o diferencial do Espaço. “Aqui não é como as outras feiras, que tem atravessadores vendendo e tirando o espaço dos produtores que realmente dependem desta comercialização para sobreviver. Estamos muito felizes

Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA) e SENAR, que juntos promovem o fortalecimento real dos sindicatos em todo o Brasil; a da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (FAEA), que não mede esforços para promover este fortalecimento a nível regional; e a do Sindicato Rural local, que acreditou na proposta e concretizou este importante projeto”.

com esta iniciativa do Sindicato e da FAEA, que vem em

Entre as autoridades presentes, estavam o deputado es-

hora certa para que nós, produtores, possamos ganhar

tadual Tony Medeiros; o prefeito em Exercício de Parin-

uma pouco mais com o suor do nosso rosto”, afirmou.

tins, Juscelino Manso; o gerente do IDAM em Parintins,

Segundo o presidente da FAEA, Muni Lourenço, “é esse o papel fundamental da Federação: desenvolver iniciativas, projetos e ações que possam viabilizar e apoiar a

»» Secretário de Estado das Oportunidades de Tocantins, Omar Hennemann, realizou uma palestra motivacional

Nilsomar Barbosa; o secretário municipal de Produção e Abastecimento, Lucivaldo Pereira; o superintendente do SENAR-AM, Aécio Silva Filho e o secretário de Estado das Oportunidades de Tocantins, Omar Hennemann.

»» Presidente da FAEA, Muni Lourenço, durante a inauguração

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Produção

» » FAEA/SENAR Em Campo »» Os consumidores visitantes terão a oportunidade de comprar produtos mais baratos

A inauguração do Espaço do Produtor fez parte de uma série de eventos que contou também com diversas palestras, entregas de Cartões do Produtor, entregas de certificados a alunos dos cursos Negócio Certo Rural e de Inclusão Digital, e com a participação de várias autoridades, como o deputado estadual Tony Medeiros, marcando o início do Programa “FAEA/SENAR Em Campo” no interior do Amazonas. “Este é um grande passo para a intensificação da aproximação entre a Federação de Agricultura e Pecuária do Amazonas e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-AM) com o nosso produtor rural amazonense, que, muitas vezes, isolado pela grande distância territorial do nosso Estado, tem tido dificultades no acesso às informações prestadas nestes seminários, que visam, acima de tudo, a capacitação rural e a inclusão destas famílias a maioria das informações do setor agropecuário brasileiro”, destacou Muni Lourenço, presidente da FAEA. O evento recebeu também o Gerente de Agronegócios e o Analista Técnico Rural da Superintendência do Banco do Brasil no Amazonas, Gilberto Maia e Caio Alencar, respectivamente que, apresentaram o Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que apoia, com crédito, projetos que promovam a redução de emissão dos gases de efeito estufa na agropecuária; o representante da Embrapa da Amazônia Ocidental, Jasiel Nunes, que abordou a recuperação de pastagem degradada pelo sistema integração Lavoura Pecuária Floresta no Estado do Amazonas; o secretário de estado das oportunidades de Tocantins e representante da Senadora Kátia Abreu, Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Omar Hennemann, que ministrou uma magnífica palestra motivacional, marcando o fim dos trabalhos naquele sábado. ■

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Artigo Auxílio às vítimas da cheia no Amazonas

O

fenômeno da cheia e vazante dos rios na nossa região é um dos principais indicadores que o caboclo tem para identificar as mudanças das estações. Todo ano eles acontecem e os ribeirinhos se pre-

param para conviver com a mudança na paisagem. De tempos em tempos, eles são mais rigorosos e este ano a cheia entrou para a história. A situação é alarmante. O nível do Rio Negro atingiu a cota de 29,87 metros acima do nível do mar, no último dia, segundos dados confirmados pelo serviço Geológico do Brasil (CPRM). O que representa uma marca recorde. De acordo com a Defesa Civil do Estado, mais de 50 municípios estão sofrendo os impactos da cheia, este ano e em pelo menos alguns municípios a situação é de impacto extremo, pois eles estão localizados em áreas de várzea, propícias às inundações. Atualmente 50 municípios do Amazonas estão em situação de emergência e mais de 77 mil famílias foram afetadas pela cheia, o que corresponde a um universo de 385 mil pessoas. Por isso, é fundamental a ajuda que o governo federal prestou às vítimas da enchente que assola alguns estados da Região Norte.

Vanessa Grazziotin Senadora (PCdoB -AM)

Aqui no Amazonas, são várias ações que nos ajudam a contornar os transtornos causados por esse fenômeno natural. Entre elas, o envio de kit de medicamentos pelo Ministério da Saúde aos municípios que se encontram em estado mais crítico, e no dia 30 de março, eu mesma presenciei, em Manaus, a assinatura de um convênio para repasse de verbas – na ordem de R$ 82 milhões – firmado entre o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, e o governador do Amazonas, Omar Aziz. Antes de assinar o convênio, o ministro chegou a sobrevoar algumas áreas dos municípios do Careiro da Várzea e Manaquiri, na companhia do governador, para observar e ratificar a gravidade da situação.

te e Desenvolvimento Sustentável (SDS) e vai beneficiar 10.560 famílias de 15 municípios. O Estado é o primeiro fora do semiárido nordestino a ser incluído no programa federal. Em fevereiro deste ano, eu e alguns outros senadores que representam

Dos recursos anunciados, uma parte, mais precisamente R$ 8 milhões, serão

os interesses dos cidadãos que mo-

destinados para a emissão do Cartão Amazonas Social que vai conceder aos

ram na nossa região fizemos pro-

moradores que residem nas áreas mais afetadas pela cheia, uma ajuda no va-

nunciamentos no senado para trazer

lor de R$ 400,00.

o tema à casa e, assim, sensibilizar

Outro repasse, no valor de R$ 30 milhões, será destinado às obras de infraestrutura que vão garantir a contenção das encostas nos municípios afetados pela erosão, e outra parte do montante, R$ 40 milhões do governo federal somados a mais R$ 4 milhões do governo estadual, vão para o projeto “Água para todos” que visa atender as famílias destes municípios. No Amazonas, o programa será executado por meio da Secretaria Estadual de Meio Ambien-

as autoridades para esta questão e fomos prontamente atendidos. Isso prova que nosso estado tem voz ativa em Brasília e que desta vez o governo não está alheio às necessidades da nossa gente.

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Melhorias

REPORTAGEM: Thayana Martins FOTOS: Divulgação

APUÍ recebe investimentos

[

O FORTALECIMENTO DA CADEIA LEITEIRA DO MUNICÍPIO FOI UM DOS PRINCIPAIS TÓPICOS, TRATADOS ENTRE O GOVERNADOR OMAR AZIZ E O PREFEITO MARCOS FERNANDES, EM REUNIÃO NO PALÁCIO DA COMPENSA

]

A produção leiteira de Apuí (a 453 km de Manaus) ganhará incentivos para a execução de suas atividades no que se refere ao setor primário e a pavimentação de estradas, tão importantes para a região sul do Estado. O governa-

»» Prefeito, Marcos Fernandes, com o governador Omar Aziz e o vice José Melo

dor Omar Aziz garantiu ao prefeito do município, Marcos Fernandes, que serão entregues 20 novos tanques resfriadores de leite. Segundo o prefeito em 2009, eram 700 litros de leite diariamente, hoje atinge 8 mil litros, uma evolução significativa. Atualmente o município conta com apenas quatro tanques resfriadores. “Agora, com 24, a tendência é abranger 100% do município, aumentando a demanda e produção de leite”, disse Fernandes destacando, ainda que, para completar o ciclo de produção, o município terá depósitos para 24 mil litros de leite. Outro setor que se destaca em Apuí é a piscicultura, no local existe uma estação de alevinos e produtores que investem fortemente nessa cultura. Mesmo sendo uma região plana que sofre com alagações, causando proble-

apesar disso, Apuí enfrenta barreiras ambientais para ex-

mas de água parada na região, pela dificuldade na drena-

ploração, de acordo com o prefeito, os órgãos ambien-

gem. Com isso, dentre as solicitações, Marcos Fernandes

tais estão seguindo um curso, já houve audiência pública

incluiu uma escavadeira hidráulica para ajudar em drena-

e cada lado segue um processo. Apuí irá ceder uma área

gens, tanques e bueiros.

municipal dez vezes maior para compensar o impacto

»» APROVEITAMENTO dO Calcário

ambiental. “O ponto de equilíbrio está em eles observa-

O calcário é ideal para a produção rural, pois ele combate

que a terra da Amazônia é crua, então, o agricultor, o

a acidez do solo e acima de 47% de pureza ele já se torna

pecuarista, desmata e utiliza esse recém desmato como

viável, e o calcário de Apuí incorpora 90% de pureza. Mas

proteína, com o passar dos anos ela vai se degradando.

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rem que o calcário vai, sim, frear o desmatamento por-

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O calcário recompõe essa degradação, evita acidez e faz com que a pessoa não precise ir buscar terra nova”, avaliou o prefeito.

»» Novidades nos Rodeios O rodeio é considerado a vitrine de Apuí, levando novos investidores e movimentando o comércio da região. É considerado um dos melhores rodeios do interior do Amazonas, e está preparando uma grande festa para este ano. Uma das novidades de acordo com Marcos Fernandes, é que agora o rodeio sairá da máquina pública. “Eu nunca fui a favor e eu queria que o povo adminis-

»» Estradas Foi liberado através da Secretária de Produção Rural (Sepror), 110 mil litros de combustível para a recuperação emergencial de pouco mais de 200 km de estrada. O investimento irá contribuir com os polos produtores.

trasse o que é do povo”. Ele disse que essa decisão se justifica em Apuí ter 24 anos e o rodeio 25, significa que quem deve administrar agora é o Sindisul,com o apoio da prefeitura

»» Projeto Bom de Bola As redes municipais de ensino de Apuí ministram as aulas de educação física de maneira diferenciada, com mestres

Apuí não é pavimentada, o que ocasiona uma série

de capoeira que ensinam os alunos a prática do jogo e

elevada de transtornos aos que dependem da ro-

os mantém interessados nas aulas. “Esse convênio é sim-

dovia. Segundo Marcos Fernades,o município ficou

ples, mas é muito importante. Porque a gente precisa

isolado por mais de um mês, sofrendo com quedas

manter essas crianças longe das ruas, longe das drogas,

de barreiras em trechos fora do normal. Em visita

precisamos mantê-las ocupadas, seja com capoeira, seja

à Brasília o diretor geral do DNIT, General Jorge

com esportes, seja na escolinha de futebol”, afirmou o

Ernesto Pinto Fraxe, disponibilizou em caráter de

prefeito. A Secretaria de Esporte do Estado, irá fomentar

urgência, que a empresa CMM faça a recuperação

com o convênio de R$ 61 mil reais, na compra de cami-

imediata em alguns trechos da estrada, com buei-

sas, bolas, redes, entre outros materiais necessários para

ros e pontes.

a graduação desses alunos. ■

INVESTIMENTOS

A Transamazônica, onde nas margens se localiza

100% 110 1 110 20 61 1

pavimentação das vias públicas

mil litros de diesel

escavadeira hidráulica mil reais para apoio à piscicultura

tanques resfriadores de leite mil reais para o projeto bom de bola

ambulância

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Artigo

nO CENTRO DA SELVA

N

o ano de 1995 estive em Manaus por ocasião das apresentações de Don Juan, de Otávio Frias Filho, dirigido por Gerald Thomas e com a Cia de Ópera Seca no teatro Amazonas. Senti o impacto da geografia

quando a porta do avião se abriu. Um bafo absurdamente quente comprimiu meu corpo e senti como se o calor me esmagasse num interminável abraço. A claridade era impressionante no céu despido de nuvens. Os primeiros minutos foram perturbadores, pois era difícil respirar. Toda a companhia parecia se desmanchar em suor que escorria abundante por nossos corpos destreinados para aquele verão brutal. Aos poucos fomos suportando melhor o rigor do clima quente e úmido. Depois do almoço, no Centro, passeamos por algumas ruas próximas ao teatro por onde uma leve brisa aliviava a modorra da tarde. Durante um intervalo aproveitamos para circular por aquele monumento majestoso da época gloriosa da borracha. Que maravilha testemunhar de perto o requinte daquela arquitetura! Trabalhamos até o fim da tarde e na noite seguinte estreamos com a casa cheia como de costume. No domingo, em nosso último dia em Belém, eu e o grupo liderado por Fernanda Torres e Ney Latorraca fomos para o passeio mais aguardado. No cais

Nora Prado

do porto embarcamos numa espécie de chalana que nos levaria ao coração da

Atriz e escritora

selva. Eu levava minha Yashica a tiracolo na maior expectativa. O barco abria caminho por entre as artérias verdejantes enquanto ascendia naturalmente a minha curiosidade. O barqueiro experiente nos levava com destreza pelas águas no labirinto de igarapés. Eu registrava a alegria do grupo para a posteridade. Tudo exalava encanto: as folhagens exuberantes, os matizes de verde e as copas das árvores com seus troncos tão próximos ao casco do barco criavam uma intimidade imediata entre nós e a vegetação. A água fresca e escura do rio permitia que invadíssemos seu mistério caudaloso. Como Adão e Eva, fomos tragados pela volúpia líquida que se derramava sem limites. Um silêncio cada vez mais cúmplice nos entregava à luxúria da floresta. De vez em quando o canto dos pássaros e cigarras quebrava a onipresença da água e da mata. Davam a medida da fauna oculta por dentro do manancial verde. Deixei a câmera de lado para admirar a beleza da paisagem sem nenhum filtro. Uma sensação de plenitude se estabelecia e o tempo era um presente em permanente desdobramento. O barqueiro desligou o motor e o silêncio da natureza se impôs imediatamente. A temperatura da água era agradável. Tudo era manso e lânguido como no amor. O rio infinito se entrosava de tal forma aos caules e ramos das árvores que eu não poderia distinguir um do outro. Trespassada por esse equilíbrio natural eu também me sentia pétala viva daquele momento mágico. Um estado de absoluta contemplação reinava entre nós como se uma dose lisérgica nos embalasse a todos naquele acalanto sublime de mãe d’água.

em delicadas abstrações. Chegamos ao fim ou começo do mundo? Não sei, mas no centro da selva, certamente. Consciente de seu papel de guia o barqueiro ligou o motor e fomos chamados de volta. Dizendo adeus, lá do fundo, eu me despedi serena da grandeza selvagem. Fruindo os doces momentos finais como quem se separa de um amante inesquecível. A gratidão estampada em cada rosto mostrava a intensidade da viagem. Renovada de energia me senti mais viva depois desta experiência. Naquela noite fizemos o espetáculo com os olhos mais brilhantes e o sangue mais vermelho de tanto verde.

No ventre aquático da floresta um sentimento de tranquilidade emanava em meu coração. O silêncio meditativo proclamado pelos yogues e gurus existia. Naquele instante eu tive a certeza. A luz dourada da tarde se refletia na água

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Registro


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Job: 14583-007 -- Empresa: Neogama -- Arquivo: 14583-007-AFD-BRA-An Fundacao Amazonas 205x275_pag001.pdf

Registro: 47656 -- Data: 15:44:28 20/09/2011

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Artigo

A Amazônia e a Rio+20

C

resce o número de manifestações dentro e fora do país sobre a importância de o Brasil se posicionar como liderança internacional no campo da sustentabilidade. A Rio+20 é uma oportunidade de ouro que não po-

demos perder. A comunidade internacional precisa do Brasil, e o país deve aproveitar o momento para consolidar sua liderança nesse tema. Temos duas opções. Ou ficamos reféns da agenda negativa (destaques para Belo Monte e Código Florestal); ou damos o tom da agenda positiva, com iniciativas inteligentes e ousadas. Não se trata de improvisar algo apenas para figurar bem num encontro de líderes internacionais. Temos a oportunidade de dar passos coerentes com o interesse doméstico, mas que sejam de forte simbolismo internacional. O óbvio é priorizar a Amazônia. A Amazônia é o principal ativo estratégico brasileiro desse século, marcado pela rup-

“A Rio+20 é uma oportunidade de ouro que não podemos perder. A comunidade internacional precisa do Brasil e o país deve aproveitar o momento para consolidar sua liderança nesse tema”

tura de limites ecológicos que sustentam a vida no Planeta. A Amazônia é provedora de serviços ambientais cada vez mais escassos – manutenção de estoques de carbono, conservação da biodiversidade e regulação do ciclo hidrológico; entre outros. A boa notícia é que a ciência já consegue valorar economicamente esses serviços. Uma visão contemporânea e inteligente de interesse nacional nos leva à óbvia conclusão de que reduzir o desmatamento é bom para o Brasil – e também para o planeta. É também já compreendido por boa parte da sociedade brasileira o que antes era percebido como uma utopia: a floresta pode e deve valer mais em pé do que derrubada. Enfrentar o desmatamento vai muito além da fiscalização ambiental e das demais medidas de comando e controle. A equação é econômica. Ninguém desmata por burrice, ignorância ou irracionalidade. Portanto, a pergunta central é: como criar o ambiente econômico capaz de criar uma lógica que conduza os diferentes atores sociais e agentes econômicos para o uso inteligente de nossas florestas? Proponho aqui três medidas básicas. Primeira: incentivar a economia dos produtos florestais obtidos de forma manejada, em sintonia com os princípios da sustentabilidade. Segundo dados do Imazon, a madeira da Amazônia é consumida principalmente pelo mercado doméstico brasileiro (mais de 80%) e é obtida predominantemente (36%) de forma predatória – ainda que às vezes com um verniz de legalidade. Precisamos fazer com que a madeira de manejo seja economicamente mais rentável do que a madeira predatória que usamos para construir telhados, portas, janelas e mobiliário das casas e apartamentos brasileiros. A proposta é simples: uma drástica redução de todos os impostos federais. O mesmo deveria ser feito para os produtos florestais não madeireiros (castanha, borracha, açaí, óleos de andiroba, copaíba etc). Só a cadeia produtiva do açaí, no Amapá, movimenta mais de R$ 500 milhões ao ano e tem enorme potencial de expansão!

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Os incentivos tributários para os produtos florestais deveriam ser bem maiores do que os concedidos ao setor automotivo ou à linha branca de eletrodomésticos. Afinal de contas, a atividade florestal produtiva gera benefícios (externalidades) socioambientais que esses outros segmentos não produzem ainda. A segunda proposta é incentivar a economia dos serviços ambientais, especialmente o carbono florestal. O Brasil apoia de forma tímida e às vezes relutante o mecanismo de REDD+ (redução do desmatamento e degradação florestal, mais conservação, manejo e enriquecimento dos estoques de carbono). A falta de regulamentação estimula a picaretagem, afasta os sérios e joga na vala comum bons e maus projetos, como é o caso dos projetos dos índios Suruí e Cinta Larga, respectivamente. O Brasil daria um passo importante se concluísse sua estratégia nacional de REDD+ (o país está na lanterninha internacional nesse tema) e se regulamentasse o funcionamento do Sistema Nacional de REDD+ (existem dois projetos

Virgilio Viana

de lei no Congresso que tratam dessa matéria, que poderiam ser votados com

Superintendente Geral da Fundação

rapidez). Essa regulamentação deveria combinar mecanismos de financia-

Amazonas Sustentável - FAS

mento público com mecanismos de compensação de emissões via mercado. Deveria incluir salvaguardas socioambientais para resguardar os direitos das

minuir a importância do multilatera-

populações tradicionais e indígenas. Se o Brasil avançasse de forma decidida

lismo, mas sim de estimulá-lo com

na regulamentação do Sistema Nacional de REDD+, daria um importante sinal

iniciativas nacionais sérias e ousadas,

para a agenda positiva internacional, tanto para a Rio+20 como para a COP-19

capazes de catalisar ações em outros

de Doha, Qatar, que acontecerá no final de 2012.

países. Isso pode funcionar como um

A terceira proposta é criar um amplo programa de educação sobre a Amazônia, dividido em dois focos. O primeiro foco é para os habitantes da Amazônia, que devem aprender sobre a ecologia e o valor da floresta em pé, e como fazer para transformar essa riqueza em melhoria de renda. Usar a floresta de forma inteligente é a melhor forma de erradicar a pobreza e promover o desenvolvimento sustentável para os amazônidas. É um absurdo esse conteúdo estar ausente do ensino fundamental e médio da região, quando deveria ser o tema central! O segundo foco é a educação para o restante da população brasileira, que deve conhecer a geografia e a ecologia da região amazônica. O Brasil precisa entender que dependemos da Amazônia para obter parte significativa das chuvas que alimentam nossas hidrelétricas, agropecuária e abastecimento urbano de água. Se existisse um bom entendimento disso, o debate do Código Florestal poderia gerar menos controvérsias e mais consensos.

fator dinamizador das negociações internacionais sobre sustentabilidade. Ao dar passos firmes nesse campo, poderemos tornar realidade o sonho de ver os serviços ambientais da Amazônia se transformarem em fonte de riqueza para a região e para o Brasil. Avançar de forma decidida com essa agenda amazônica não é difícil. O Brasil possui massa crítica, conhecimento e informação suficiente sobre esses temas. Basta ter visão estratégica e vontade política.

Diante da alta morosidade e baixa objetividade das negociações internacionais no âmbito da ONU, aumenta a importância das políticas nacionais. Não se trata de di-

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Guerra Artigo na Selva

MEU BARCO

M

inha paixão pela navegação e pelo Rio Negro foi provocada por um problema mecânico e o porre do comandante de um barco. Depois daquele passeio, coloquei na cabeça que, um dia, ia ter nem que

fosse um pequeno bote para frequentar as suas lindas praias. Já morava em Manaus havia cerca de dez anos e nunca havia prestado atenção à beleza do Rio Negro. Cheguei a Manaus em 1982. Fui convidado para um passeio no barco do médico pediatra Afrânio Soares, um dos mais conceituados do Amazonas. Era um lindo barco de madeira, de uns 22 metros, com motor Scania de 315 hp, com timão niquelado e hidráulico. Margareth, minha mulher, e o meu filho Yan – na época com pouco mais de dois anos de idade – estavam no barco. Ancoramos na Praia da Lua e nos divertimos. O “caboclo-comandante” parece ter se “divertido” mais do que todos a bordo.

C

Bebeu demais e provocou um certo nervosismo no patrão. Conseguiu desatra-

M

car e deixar a praia. Já ao largo, não conseguia pilotar. O barco não obedecia a

Y

ordem do timoneiro. O nervosismo a bordo aumentou, já que o comandante não conseguiu identificar o problema. Não sei como, pedi calma a todos e autorização para verificar o funcionamen-

Sérgio Bártholo

CM

MY

Jornalista

CY

to do sistema hidráulico do leme, que estava funcionando perfeitamente.

[

Então, pedi para descer ao porão. Sou pequeno e, me arrastando, alcancei o mecanismo que move o leme. Verifiquei que uma polca havia se desprendido. Coloquei no lugar, apertei e... ganhei de presente, do “Doutor Afrânio Soares”, o direito de pilotar o “barcão” até o porto de Manaus (Rodway). Pronto, foi o suficiente para me apaixonar.

CMY

]

Mas a melhor parte de navegar é o convívio com os amigos. A bordo de um barco navegando em águas calmas ou durante as tormentas, é quase imperativo o

Anos depois, comprei um motor de popa Suzuki de 40 hp. Alugava bote na

desabrochar de bons sentimentos

Praia Dourada, colocava o motor e ia acampar com a família pelas praias. De-

de quem está a bordo: solidarie-

pois comprei um bote, que troquei com um pequeno barco regional de dez

dade, desapego, camaradagem,

metros, o “Zen”. Uma manhã, no porto do bairro Aparecida, um empresário

gentileza. Um ajuda o outro. Não

me propôs trocar o “Zen” por um barco um pouco maior. Não tinha dinheiro

é demais lembrar: “ficamos todos

e ofereci um carro na volta. Fiquei com o “Zenzão”, que eu tenho até hoje e

no mesmo barco”. E aí vem aque-

com o qual já enfrentei uma viagem a Parintins. E já lá se vão mais de dez anos

la máxima que pouca gente lem-

navegando por essas águas...

bra: no final das contas, estamos

Para mim, navegar é realmente algo “zen”, em todos os sentidos... Pelo menos no que entendo de ficar “zen”: uma paradinha para ter consciência da ação para o bem-estar, atenção plena, a convivência com as forças da natureza, estas coisas... Já “convivi” com ataques de milhares de mosquitos no início da

K

sempre, todos os dias, no mesmo barco, que é o nosso planeta, a Terra. A gente se esquece de que “ninguém é feliz sozinho”.

noite na Praia do Açutuba, com pelo menos dois fortes temporais. Sobrevivi com os passageiros. São experiências maravilhosas que servem mesmo como ensinamento para a vida cotidiana, para o trabalho, para compreender melhor as pessoas.

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