Revista Floresta Brasil Amazônia - 01

Page 1

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

|1


Centenário dos Sonhos

O centenário de Carauari destaca o amor de seu povo pela vida na floresta. O município tem um dos índices mais elevados de desenvolvimento da calha do rio Juruá, com a indústria de açaí, exploração de petróleo e gás e a tradicional produção de borracha dos seus seringais. A cidade chega aos 100 anos com energia para mais 1000 anos de prosperidade. 2 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

www.carauari.am.gov.br


Sumário )))))))))))))))))))))))) 108 RODEIO

EXPOAP movimentou 5 milhões de reais e atraiu 60 mil pessoas em Apuí

» ARTIGO

Superintendente da FAS, Virgílio Viana escreve sobre Código Florestal – Pág. 59

» PROGRAMAS

ADS estimula produtores para o desenvolvimento econômico regional – Pág. 62

» FEIRAS

Feiras de produtores rurais movimentam a economia de Manaus com preços baixos – Pág. 66

26

» FOMENTO

Afeam apoia empreendedores com liberação de linhas de créditos para o interior e capital – Pág. 69

PRODUÇÃO

» PREPARATIVOS

Indústria de bacalhau é exemplo de produção sustentável

Carauarienses participam em Manaus de jantar em comemoração aos 100 anos de seu município – Pág. 73

» CENTENÁRIO

Carauari comemora 100 anos de história – Pág. 76

» FRUTICULTURA

Agroindústria Açaí Tupã valoriza os produtores gerando emprego e renda – Pág. 80

» EMBAIXADOR

18 FIBRAS

Linha de produção de sacaria orgânica de malva e juta em Manapacuru

116

» MERENDA

Cavaleiros da vaquejada do Km 180 (Matupi) querem a separação de Manicoré

» OPORTUNIDADES

MATUPI

EXPOSIÇÃO II EXPOVICAM incentiva produtores para a melhoria genética do rebanho em concorrido leilão nacional

» AGENDA

Confira os eventos que se destacam no Amazonas – Pág. 06

» NOTAS

Fique por dentro – Pág. 07

» REGISTRO

Veja e saiba o que acontece – Pág. 08

» BORRACHA

Fábrica da Neotec, do Grupo Levorin, beneficia 2.000 famílias de seringueiros do AM – Pág. 10

Cardápio diversificado de produtos regionais em escolas públicas do Estado – Pág. 86 Sebrae Amazonas apoia iniciativas empreendedoras – Pág. 90

» ARTIGO

» ABASTECIMENTO

» AGROINDÚSTRIAS

» RISADINHA

» INVESTIMENTOS

» POLO NAVAL

» DESENVOLVIMENTO

» BOLSA FLORESTA

» ARTIGO

» AÇAÍ WOTÜRA

» GENÉTICA

» CIÊNCIA

» FORMAÇÃO RURAL

» RODEIO

» DESMATAMENTO

» ARTIGO

Presidente da CNS, Manoel Cunha escreve sobre o renascimento da borracha – Pág. 17

42

Miberwal Jucá pertence a uma família tradicional de Carauari, conta sua história – Pág. 82

Açaí da Amazônia impulsiona economia no interior do Estado – Pág. 22 Maués se destaca pelo desenvolvimento de sua cadeia produtiva – Pág. 32 Idam capacita e favorece a agricultura familiar – Pág. 38 Munir Lourenço relata a importância da atualização do Código Florestal – Pág. 47 Plantel da Amazônia - ovinos têm grandes campeões das raças Santa Inês e Dorper – Pág. 48 Faea e Senar incentivam a produção de alimentos com sustentabilidade – Pág. 52 SDS inicia cadastro dos municípios do Amazonas com áreas degradadas – Pág. 56

Conab tem reserva de alimentos para população do Amazonas – Pág. 94 Os produtos do agronegócio à diposição dos produtores rurais – Pág. 97 Organizando o futuro da indústria das águas no Distrito Industrial – Pág. 100 Referência global em conservação de floresta tropical – Pág. 104 Indústria de Benjamin Constant produz o melhor açaí do Alto Solimões – Pág. 112 Cientista Thomas Lovejoy, especialista em biodiversidade, visita RDS do rio Negro – Pág. 115 Companhia de Rodeio Pedro Arruda é referência do esporte rural no Norte do País – Pág. 120 Ritta Bernardino conta suas experiências com personalidades mundiais – Pág. 123

)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))


Diretor Executivo Epifânio Leão Jornalista Antonio Ximenes Responsável MTB: 23.984 DRT-SP Editora Assistente Ana Paula Sena Diretor de Criação Marcelo Duque Projeto Visual Direção e Jackson Torres Edição Visual

Epifânio Leão

Ana Paula Sena

Marcelo Duque

Diárcara Ribeiro

Lemmos Ribeiro

Jaíze Alencar

Ricardo Oliveira

Michell Mello

Euzivaldo Queiroz

JJ Soares

Wallace Souza

Danielson Costa

Publicitário

Jornalista

Designer

Repórteres Antonio Ximenes Ana Paula Sena Diárcara Ribeiro Lemmos Ribeiro Fotógrafos Euzivaldo Queiroz Ricardo Oliveira Michell Mello J.J Soares Antonio Ximenes Revisão Jaíze Alencar Peças Publicitárias Dannielsson Costa Produtor Wallace Souza

Jornalista

Jornalista

Jornalista

Concepção da Capa Marcelo Duque e Assinatura Visual Foto da Capa Ricardo Oliveira (seringueira) Impressão Gráfica Ampla Tiragem: 5000 exemplares Distribuição: Regional Periodicidade: Bimestral Fotógrafo

Fotógrafo

Fotógrafo

EDITORA

Av. Theomário Pinto da Costa, 1746 Yellow Mall Center, Sala 11 Chapada – Cep.: 69050-020 Manaus–Amazonas Fone: 92 3087-5370 wegamanaus@gmail.com

Fotógrafo

Produtor

Publicitário

)))))))))))))))))))))))))


))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))) EDITORIAL Após 100 anos o Estado do Amazonas reencontra a sua principal vocação extrativista, com o fortalecimento da cadeia produtiva da borracha. A instalação de usinas de benefi ciamento do látex e a inauguração da fábrica Neotec de pneus de motos e bicicletas, é a consolidação de um esforço do Governo e da iniciativa privada para viabilizar a fl oresta em pé, a partir da geração de riquezas e empregos nos seringais e no Polo Industrial de Manaus (PIM). Também a Malva e a Juta se destacam com os incentivos que recebem para o aumento da produção e a transformação dessas fi bras em produtos industriais. O melhoramento genético de ovinos, caprinos e bovinos representa um salto de qualidade para as atividades dos pecuaristas e fazendeiros do setor. A produção de alimentos está sendo benefi ciada com essa iniciativa. Também observamos que o trabalho desenvolvido nas unidades de conservação do Estado, é um dos mais efi cientes na área de serviços ambientais (crédito de carbono). A Revista Floresta Brasil – Amazônia apresenta nesta edição de lançamento parte do universo da cadeia produtiva da região mais rica do planeta em biodiversidade. Boa Leitura!

Antonio Ximenes Jornalista Responsável

)))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))


» AGENDA Foto: Divulgação

» VI EDIÇÃO DA FEIRA INTERNACIONAL DA AMAZÔNIA MANAUS (FIAM) Tema: “Amazônia e Você – O Encontro é Aqui”. A feira é considerada o maior evento multissetorial da região, e contará com diversas atividades destinadas a promover as potencialidades regionais, identificar oportunidades de negócios, atrair investimentos e gerar novos conhecimentos acerca da região. Data: 26 a 29 de outubro. Atrações: Pavilhão especial em comemoração ao Ano da Itália no Brasil. O público poderá conferir as últimas novidades em termos de produtos

Foto: Divulgação

» 38a FEIRA AGROPECUÁRIA DO ESTADO DO AMAZONAS – EXPOAGRO Data: 26/11 a 04/12/2011.

fabricados com alta tecnologia por empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM). Rodada de Negócios e Sexta Jornada de Seminários. Espaço

Local: Parque de Exposições Dr. Eurípe-

destinado à exposição e comercializa-

des Ferreira Lins (Parque da Expoagro).

ção de produtos de micro e pequenas empresas, associações e cooperativas.

» IV ENCONTRO DE NEGÓCIOS DA AQUICULTURA DA AMAZÔNIA Data: 25 a 29 de outubro. Atrações: Seminário da Aquicultura daAmazônia. Local: Novotel Manaus. Informações: abraqam@ig.com.br

6 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

Atividades nas áreas ambiental, social e cultural. E mais, Salão de Negócios Criativos. Local: Studio 5 Centro de Convenções, em Manaus (AM). Informações: www.suframa.gov.br/fiam


» NOTAS Foto: Divulgação Inst. Amb. Biosfera

» INAUGURAÇÃO Foi inaugurado no dia 17 de Setembro no município de Boca do Acre a sede do Sindicato Rural Patronal. Na ocasião, a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Faea/Senar) implantaram uma sala com cinco computadores para o programa "Inclusão Digital", lançaram também o "Cartão do Produtor", que permite descontos em redes de lojas cadastradas, durante a solenidade foram distribuídos 12 cartões a pecuaristas do município.

» HOMENAGEM

» INCLUSÃO DIGITAL

O senador da República Eduardo Braga

Disposto a fornecer o melhor de tecno-

(PMDB) foi um dos homenageados, dia

logia para os produtores rurais – associa-

19 de agosto no Rio de Janeiro. Recebeu

dos e filhos, o Sindisul de Apuí conta com

a homenagem do Prêmio de Destaque

uma moderna sala de inclusão digital,

Nacional em Desenvolvimento Sustentá-

que permitirá aos seus alunos fazerem

vel e Responsabilidade Social, oferecido

cursos à distância, para ampliar os co-

pelo Instituto Ambiental Biosfera.

nhecimentos agropecuários e afins. Zenira Fernandes Sena, responsável pelo

De acordo com os organizadores, a ho-

setor no Senar do Amazonas, disse que

menagem se deve a “destacada atuação

dos 14 sindicatos rurais do Estado, dez já

de Eduardo Braga como homem público

foram beneficiados com salas de inclu-

– notadamente como senador da Repú-

são digital. A previsão é de que até o fim

blica e anteriormente como governador

do ano todos sejam atendidos. “Estamos

do Estado do Amazonas” .

trabalhando para isso”, disse Zenira.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

|7


» REGISTRO DA FLORESTA Foto: Emanuella Rosário

» Autoridades brindam os 12 anos da Afeam

» ANIVERSÁRIO AFEAM

» SEDUC

Agência de Fomento do Estado do Ama-

A Secretaria de Estado de Educação

zonas (Afeam) completou 12 anos de ati-

(Seduc) em parceria com a Embaixada

vidade, no dia 2 e Setembro.

dos Estados Unidos, no Brasil, realizou

Durante a trajetória de sucesso já foi

duas importantes atividades, no mês de

realizado mais de 100 mil operações de

agosto.

crédito em todo o Estado, ajudando mi-

Uma delas foi a recepção à gestora San-

lhares de pessoas.

dra Boyles, participante do programa de

Na foto: Geraldo Bernardino, secretário

intercâmbio de gestão com os EUA.

executivo da aquicultura e pesca – AM;

A a outra, foi quando a SEDUC recebeu

Valderino Cavalcante, diretor presidente

uma comitiva de alunos norte-america-

da ADS; Pedro Falabella, presidente da

nos do programa ‘Jovens Embaixadores’.

Afeam; Josué Melo, vice-governador do

O secretário Gedeão Amorim foi anfi-

Amazonas e Geraldo Frota, empresário.

trião em ambas ocasiões.

8 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

» FESTA DA CASTANHA A 12ª edição da Festa da Castanha ocorreu entre os dias 1º e 4 de setembro, no município de Tefé, localizado a 525 Km de Manaus. Este ano, teve atrações regionais e nacionais . A Festa da Castanha é uma realização da Prefeitura de Tefé com apoio do Governo do Estado do Amazonas. O ramo da cadeia produtiva é um dos que mais crescem na região, juntamente com o pescado transformado em produto industrial, como o "Bacalhau da Amazônia"


» Robson Marmentini, pecuarista do ano, com sua família em rodeio no Apuí

» A empresária Lúcia Neves, da empresa Aruanda, e o campeão brasileiro Formiguinha

» RODEIO INTERNACIONAL DE ITACOATIARA 3º Rodeio Internacional de Itacoatiara ocorreu nos dias 5, 6 e 7 de agosto, no Centro de Convenções do município. Participaram da festa peões de outros » O prefeito de Apuí Marcos Fernandes, com o comandante Cleiton Sousa da CTA, a rainha do rodeio Adriana Paixão, e o prefeito de Nova Olinda do Norte, Adenilson Reis

países. O Rodeio contou com nomes consagrados do Brasil, como Reinaldo Silva conhecido como Formiguinha, várias vezes campeão brasileiro.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

|9


Borracha REPORTAGEM: Antonio Ximenes FOTOS: Antonio Ximenes e Euzivaldo Queiroz

FLORESTA É PRESERVADA COM A EXTRAÇÃO DA

[

]

A PRODUÇÃO DE PNEUS DE MOTOS E BICICLETAS PELA NEOTEC, DO GRUPO LEVORIN, NO AMAZONAS, FAZ RENASCER A CADEIA DO EXTRATIVISMO DO LÁTEX BENEFICIANDO 2.000 FAMÍLIAS

10 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


A fábrica da Neotec, do grupo Levorin, inaugura em outubro com uma produção mensal de um milhão de pneus de bicicletas e 100 mil de motocicletas. Em sua planta de 24 mil metros quadrados, localizada no quilômetro 22 da AM-010, 400 funcionários dão vida ao renascimento da borracha em escala industrial. As duas mil famílias que produzem, anualmente, 1000 toneladas de borracha nos seringais do Amazonas, agora têm para quem vender diretamente seu produto no Estado, feito que duas usinas de benefi ciamento da matéria prima, uma em Iranduba (Borracha da Floresta) e outra em Manicoré (de propriedade de Alarico Cidade) receberam recursos da Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam) e montaram modernas linhas de produção. "Eu vim do Acre para o Amazonas com a minha fábrica, porque recebi a garantia de vender toda a minha produção para a Neotec, o que me deu coragem para investir mais de R$ 6,5 milhões", disse Osmar Andrade (Mazinho) dono da usina localizada no outro lado do rio Negro.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 11


))) BORRACHA » RENASCIMENTO O governador Omar Aziz, que esteve em visita à fábrica, onde conheceu a estrutura local, na companhia da sócia-diretora Cintia Levorin, disse que o investimento "é extraordinário, porque signifi ca o renascimento do ciclo da borracha, depois de cem anos. Agora temos » A fábrica Neotec gera 450 empregos diretos

toda a cadeia, com as famílias produzindo na fl oresta, as usinas de benefi ciamento comprando a borracha e a fábrica Neotec produzindo os pneus para as motos e as bicicletas. Ficamos felizes, porque a indústria nasce com

O superintendente da Neotec, Auro Levorin, disse que a instalação da fábrica (um investimento de R$ 100 milhões) no Amazonas se deve a vários fatores, dentre eles a "qualidade da borracha extraída dos seringais naturais da região, do fi nanciamento recebido pelo Banco da Amazônia (Basa), a boa acolhida dos governos Eduardo Braga

450 empregos diretos e com a perspectiva de chegar a 1.500 trabalhadores. Também estamos colaborando com o repasse de subsídios de R$ 1,00 pelo quilo da borracha, para aumentar a base de seringalistas e avançarmos das duas mil famílias atuais, para algo próximo das dez mil famílias nos próximos anos. É uma vitória".

(2003/2010) e Omar Aziz (em curso), e a garantia de que as autoridades brasileiras estariam atentas aos pneus importandos da China, que não podem desestabilizar o mercado nacional, pelos baixos preços praticados pelos chineses".

» Governador Omar Aziz visita fábrica de borracha Neotec

12 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


» O mais antigo seringueiro do Amazonas, Joaquim Cunha, com o filho e neto recebendo placa de homenagem dada pelo governador

» PREÇO O preço mínimo da borracha é de R$ 3,5, com o subsídio estadual avança para R$ 4,50, mas como também há municípios que também fazem repasse de subsídios, como Carauari, por exemplo, este valor sobe para R$ 5,00. Mas não é difícil encontrar seringueiros comercializando o quilo da borracha a R$ 5,20. Como se percebe, o mercado está aquecido com a demanda local sendo maior que a oferta. Com este cenário, a tendência é da abertura de seringais que estavam adormecidos e a retomada em grande escala do extrativismo do látex, como disse o presidente do Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), Manoel Cunha, "a criação da infraestrutura de toda a cadeia produtiva da

» Sindicalista da área da borracha pagando subsídios para os seringueiros

borracha, fez com que velhos seringueiros, como meu pai: Joaquim Cunha, 77, que há 66 anos trabalha na "seringa", voltassem a acreditar que a borracha vai, fi nalmente, voltar com força total criando milhares de empregos e melhorando a qualidade de vida do povo da fl oresta, que é quem melhor protege a natureza com o suor do seu trabalho".

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 13


Borracha

» Senador Eduardo Braga, Superintendente da Neotec Auro Levorin e Valdelino Cavalcante, presidente da ADS em visita a fabrica

» DEFESA NO CONGRESSO

» INDEPENDÊNCIA

O senador Eduardo Braga, que em seu governo criou as

Aos 77 anos seu Joaquim Cunha é o mais antigo seringuei-

bases que levaram a instalação da fábrica da Neotec no

ro em atividade do Amazonas. Vivendo na comunidade de

Pólo Industrial de Manaus (PIM), disse que estará perma-

São Raimundo, na calha do rio Juruá, no município de Ca-

nentemente mobilizado no Congresso Nacional, para que

rauari, ele nunca desistiu da borracha."É o que eu sei fazer

os interesses do Amazonas, especialmente da cadeia da

de melhor. Cortar "seringa" está no meu sangue e passei

borracha, sejam protegidos das práticas predatórias do co-

isso para os meus fi lhos".

mérico internacional, como o dumping (prática predatória de preços) hoje feita pela China na área de pneus.

O Manoel, que nasceu e cresceu nos seringais, aprendeu cedinho que esta é uma vida muita dura, mas que nunca se

"Nós temos a responsabilidade de garantir o emprego de

deve desistir. "A gente vinha sofrendo há muitos anos com

milhares de amazonenses que vivem na fl oresta preser-

os preços da borracha lá em baixo, que não dava nem para

vando a natureza com sustentabilidade ambiental e eco-

comprar um quilo de açúcar, mas, agora, está mudando

nômica. O caboclo não derruba árvores porque quer, mas

e o seringueiro é quem está mandando na sua produção,

porque precisa dar o que comer aos seus fi lhos. Nós temos

estou contente por ver um sonho meu realizado: o da in-

que oferecer condições dignas ao trabalhador da fl oresta,

dependência dos seringueiros".

aí sim, ele vai manter a fl oresta em pé. É isso que estamos fazendo e a Neotec entendeu a importância do seu papel social, em um tempo de mudanças climáticas radicais".

14 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


» DESENVOLVIMENTO Quem vem desempenhando um papel determinante no arranjo produtivo da borracha, especialmente quanto às questões econômicas, sociais e de pagamento dos subsídios aos seringueiros, diretamente nos seringais, tem sido a Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS), institui-

Na ocasião, ela teve a oportunidade de falar da presença da Neotec no Estado. "Em meu discurso falei sobre o que representa para nós estar aqui na fl oresta produzindo pneus com a borracha do extrativismo. Também fi quei muito feliz com as crianças, com a alegria delas. Vamos trabalhar juntos para a construção de um futuro melhor".

ção presidida por Valdelino Cavalcante. Desde o primeiro momento, Cavalcante e sua equipe, têm se desdobrado para atender a demanda dos seringueiros e da Neotec, na direção de viabilizar a cadeia produtiva da borracha. "O governador Omar Aziz nos orientou a trabalhar focados nos resultados e na geração de emprego e renda com sustentabilidade, é o que temos feito como política do Governo do Estado, em prol do desenvolvimento do setor primário "casado" com a indústria de benefi ciamento".

» FUTURO Na condição de responsável pelas áreas de fi nanças e administração da Neotec no Amazonas, Cintia Levorin tem promovido uma política de relacionamento social sustentável. Ela foi ao rio Juruá, de hidroavião, na comunidade de Santo Antônio do Brito, onde presenciou o pagamento de subsídios para mais de cem seringueiros.

» Cintia Levorin com filhos de seringueiros na comunidade de Santo Antônio do Brito, localizada no Rio Juruá

» Presidente da ADS Valdelino Cavalcante durante palestra aos seringueiros


Borracha

» Governador Omar Aziz com o secretário de Produção Rural do Estado Eron Bezerra na Neotec

» Governador Omar Aziz com borracha prensada, ao lado do empresário Osmar Andrade

» BORRACHA DA FLORESTA A usina de benefi ciamento “Borracha da Floresta” tem

De acordo com o empresário Osmar Andrade, a empresa

capacidade para produzir 600 toneladas de Granulado

tem como objetivo fornecer matéria prima para a fábri-

Escuro Brasileiro (GEB) por mês. Para isso seus maquiná-

ca da Neotec, do grupo Levorin. “Quando vim instalar a

rios de ponta vieram da Malásia. A empresa gera 70 em-

fábrica no município de Iranduba, recebi a garantia que

pregos diretos, benefi ciando mais de 2.000 seringueiros

toda a nossa produção seria comprada pela Neotec. Uma

nesse primeiro momento. “A valorização do seringueiro,

mercadoria com garantia de qualidade como em outros

a utilização da borracha nativa, onde não é necessário

estados, mas que se diferencia por permitir que a fl oresta

desmatar a fl oresta, a geração de emprego e renda for-

continue em pé”, afi rma o empresário.

talecendo a economia de forma sustentável, é essencial”, destaca o empresário Osmar Andrade.

Já foram vendidas pela empresa 120 toneladas de borracha. De acordo com o empresário esta é uma fase de

A estrutura construída em Iranduba de 1.800 m² possui

teste, e que a usina tem capacidade de expansão, para

um laboratório próprio para analisar a qualidade da maté-

benefi ciar por mês toda a demanda que for necessária.

ria prima, um alto forno e uma linha de produção que re-

“Temos que destacar que a preservação ambiental, o re-

presentaram um investimento de R$ 6,4 milhões. A maior

conhecimento do trabalho do homem da fl oresta agre-

parte do fi nanciamento (cerca de R$ 4,5 milhões) foi da

gam valores extraordinários a Neotec, que trabalha com

Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam).

o selo do pneu verde amazônico”, disse Osmar Andrade.

Por: Diárcara Ribeiro

16 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


ARTIGO

O RENASCIMENTO DA BORRACHA A borracha, que já foi grande responsável pela geração de renda na fl oresta, começa a se erguer novamente depois de mais de 20 anos com queda do preço causado pelos grandes seringais de cultivo no Brasil e em outros países. Não podemos esquecer que a borracha foi responsável por parte da descoberta e desenvolvimento, trazendo as famílias do nordeste e centro oeste para explorar dos seringais nativos na Amazônia. Por ser um Estado de tradição na produção do extrativismo de matérias primas como: Borracha, Solva, Balata, Castanha do Brasil, Óleos Vegetais, Fibras, Pescas e outras. O que nos alegra neste novo cenário é “um certo" reconhecimento dos governantes de todas as esferas, da produção extrativista como meio para geração de renda das famílias na fl oresta e conservação ambiental deste país. A política de preço mínimo dos produtos da sociobildivercidade aprovada em 2008 pelo Governo Federal, operacionalizado pela CONAB, determinado o preço em R$ 3,50 por Kg de borracha. Na época um quilo variava entre R$ 1,20 a 1,50. Foi um fator fundamental para esta retomada. No Amazonas, foram necessários subsídios estaduais e municipais para o aumento do preço, doações de kits de sangria, assistência técnica diferenciada, capacitações de seringueiros, mercado logística de escoamento, instalações de empresas de benefi ciamento de borracha, fabricações de pneus no estado e mobilização dos extrativista para retomadas da extração de látex e produção de borracha nativa.

Manoel Cunha Presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas – CNS

Um dos maiores gargalos na revitalização da borracha é motivar as famílias voltarem a produzir, pelo o fato do sistema de exploração feito pelos patrões de época que não deixou boas lembranças fi nanceiras e nem de relações entre seringueiros e patrões. Hoje o cenário é outro, onde há transparência no preço do produto e no pagamento das subvenções, que são feitas direto aos seringueiros com o acompanhamento dos órgãos gestores da política e com o controle da sociedade civil. A compra da produção na maioria dos municípios é feita pelas próprias organizações dos seringueiros, (associações e cooperativas) eliminando a fi gura do atravessador que fi cava com a maior parte da produção no modelo passado. A produção de borracha é uma das atividades do extrativismo que mais gera renda para as famílias da fl oresta, tendo em vista toda esta política de apelo ambiental que são as subvenções. Esta é uma atividade que vive em harmonia com a biodiversidade e conservação da fl oresta. Afi nal, ela precisa da fl oresta em pé para continuar existindo.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 17


Fibras REPORTAGEM: Lemmos Ribeiro FOTOS: JJ Soares e Divulgação

MALVA E JUTA

FORTALECIDAS NO

MERCADO

[

O RETORNO DA TRADICIONAL CULTURA EXTRATIVISTA TEM APOIO DOS SETORES PÚBLICO E PRIVADO

]

A cultura da Juta e Malva é uma atividade produtiva e importante para a economia da Amazônia, condicionado pelo ciclo das águas que fertilizam a várzea onde são cultivadas, potencializam a comercialização das fibras no mercado nacional. O cultivo da juta exige um clima quente e úmido e um solo bem drenado, típico da região amazônica. A Malva é uma fibra de maior resistência, porém menos sedosa e brilhosa. Sua produção no Estado do Amazonas tem se caracterizado devido à alta capacidade de fixação em terras de várzeas, proporcionando desta forma um solo extremamente fértil para produção.

18 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


[

com o passar dos anos, as fábricas foram se expandindo,

‘‘Os produtores, desde sempre fizeram

buscando manter modernos padrões de funcionamento,

todo o processo manualmente,

para atender à crescente demanda do setor primário para

tornando-se fatigante devido às horas

embalagens de seus produtos, principalmente de grãos. Para a safra 2009/2010, a Secretaria de Produção Rural –

de trabalho mergulhado na água’’...

Sepror distribuiu 86.736 kg de sementes para 2.500 famí-

‘‘precisamos melhorar, para tirar o

lias beneficiadas na região, produzindo oito mil toneladas de fibras. Entre os produtores, destacam-se os do municí-

homem da água’’.

pio de Manacapuru/AM que detêm 60% da produção do

Zacarias da Silva Gondim

Estado. Cerca de 2.500 famílias de juticultores receberam

A planta atinge uma altura de até quatro metros e seu talo tem uma espessura de aproximadamente 20 milimetros. A fibra útil está entre o caule e a casca, a extração é feita por meio de cortes com terçado, depois é feito o processo de maceração onde as fibras ficam postas em feixes em baixo d`água para amolecer por até oito dias, ao ser macerada a planta libera uma fibra longa, áspera e de coloração amarelada.

subvenção econômica do Estado no valor de R$ 1,25 milhão, referente à safra 2009/2010. A cooperativa de juticultores, pescadores, produtores, e extrativistas do Amazonas – COOPEFIBRAS, localizada no município de Manacapuru/AM, trabalha há quatro anos com fibras de juta e malva especificamente na confecção de sacos de fibra para embalagens de café. Hoje a cooperativa tem uma produção de 15 mil sacos por dia com destino às cooperativas de café nos estados no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Segundo o gerente de produção Valdeci Ribeiro dos Santos, ‘‘hoje temos 450 funcionários

Com o crescimento da demanda por fibra, no Amazonas,

que trabalham nos três turnos e praticamente todos vi-

ocorreu indução por parte do Estado a distribuição de se-

vem da cadeia da juta e malva, isso é a vida deles’’ afirma.

mentes ao plantio de juta e malva, tornando seu cultivo sig-

Após duplicar o número de maquinários, a cooperativa

nificativo. Esse crescimento de demanda destina-se a fabri-

passou de 600 toneladas o estoque para 2.500 toneladas

cação de sacaria. Devido à carência desse produto no país,

para atender a demanda de mercado.

» Juticultores chegam a ficar dentro d`água por até 12 horas

» Processo de extração da fibra é feita manualmente

(((| 19

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE2011 2011 FLORESTA JULHO/AGOSTO DE


» Processo de seleção das fibras na Coopefibras, em Manacapuru

‘‘Os produtores, desde sempre fizeram todo o trabalho manualmente, um processo fadigante devido às horas de trabalho mergulhado na água’’, é o que afirma Zacarias da Silva Gondim, gerente da cadeira produtiva de juta e malva na agência de desenvolvimento sustentável do Amazonas – ADS ‘‘precisamos melhorar para tirar o homem da água’’, ressalta. Através de estudos, estão construindo uma máquina para agilizar o método, e só o homem do campo poderá aprovar ou não o projeto, com isso irá produzir mais, e com qualidade.

» SUBVENÇÃO Atualmente, o preço médio do quilo da fibra no mercado gira em torno de R$ 2,25. O Estado paga R$ 0,20 por quilo como subvenção econômica. Antes do estímulo do Governo, o preço do quilo da juta no mercado era de R$ 0,68. São parceiros no Programa de Incentivo à Produção de Juta e Malva, através do Pagamento de Subvenção Econômica, a Sepror, Idam, ADS, Sefaz, Afeam, Conab e cooperativa de produtores. Esta é uma cultura sustentável que começa a ter forte aceitação nacional com a sa-

10 ))) FLORESTA JULHO/AGOSTO DE 2011 20 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

cola orgânica.


» COOMAPEM, PRIMEIRA COOPERATIVA COM CERTIFICAÇÃO ORGÂNICA Com o objetivo de trabalhar pela melhoria das condições de vidas dos produtores de juta e malva e pequenos produtores rurais do município de Manacapuru, Careiro, Iranduba, Manaquirí, Caapiranga, Anamã, Beruri, Anori e Coari. A cooperativa mista agropecuária Manacapuru ltda. – Coomapem compõe hoje o quadro de duzentos e cin-

» A Coopefibras conta com maquinários vindos do estado de São Paulo, alguns utilizados na época da II Guerra Mundial

quenta e quatro associados. Eliana Medeiro do Carmo é a atual presidente e primeira mulher a assumir este cargo na história da Cooperativa. Pensando no meio ambiente em uma visão socioeconômica sustentável através de apoio e parceria como da ADS e Superintendência da Zona Franca de Manaus – Suframa. A Empresa Certificadora Ecocert testou a qualidade do produto e certificou A Coomapem, como a primeira Cooperativa de fibras de juta e malva a adquirir a certificação de Produto Orgânico em Fibras Naturais, livre de agrotóxico e outros males que poluem o meio-

» Após ser trançado as fibras tornam-se sacos de 15 kg distribuídos no sudeste do país

ambiente, com a garantia da qualidade orgânica dos produtos, válidos para o mercado.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 21


Agroindústrias REPORTAGEM: Diárcara Ribeiro FOTOS: Antonio Ximenes

EM ESCALA

INTERNACIONAL

[

AGROINDÚSTRIAS PROCESSADORAS DE AÇAÍ FORTALECEM A ECONOMIA NO INTERIOR DO ESTADO REVELANDO O SUCESSO DA RETOMADA DO EXTRATIVISMO

22 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

]


O açaí é conhecido mundialmente pelo valor enérgico. A comercialização da fruta gera empregos e oportunidades. O setor está em expansão, existe demanda para o consumo nacional e internacional. Em alguns municípios do Amazonas foram implantadas agroindústrias de beneficiamento, ajudando centenas de produtores rurais. Segundo o Tecnólogo em Alimentos da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS), Raimundo Nonato Ramos Frazão, responsável pelos projetos das agroindústrias e ‘pai’ do açaí em pó, desenvolvido por ele, através da Embrapa, as indústrias são essenciais para os municípios, movimentando a economia, ajudando os produtores rurais. A fruta já está inserida na merenda escolar do Estado, agora além da demanda nacional, surge à oportunidade

» Tecnólogo em alimentos acompanha todo o projeto de desenvolvimento das agroindústrias de açaí instaladas no interior do Estado

de expandir a produção para outros países, “Estamos conversando com os Estados Unidos, para fornecer o açaí e outras frutas da região como o Camu Camu, rico em vitamina C”, afirma. O objetivo segundo Raimundo Frazão, não é ficar esperando a próxima safra, as comunidades estão sendo incentivadas a plantar outras frutas, “Não queremos uma fábrica que trabalhe só seis meses, a intenção é não parar”, avalia Frazão. Com o avanço da agroindústria, outros municípios estão interessados no projeto, “Para não ter falhas é feito um diagnóstico avaliando a capacidade de produção. O município de Tefé e Manacapuru já tem projetos elaborados, esperamos que no ano que vem essas fábricas já estejam colhendo a próxima safra”, afirma Frazão. A construção das fábricas de acordo com o técnico gira em torno de R$ 1,8 milhões a R$ 2,5 milhões. Na Amazônia duas espécies de palmeira predominam: O açaí (Euterpe Oleracea) adaptado às condições de várzeas,

» Seis agroindúsrtias do Amazonas se destacam pela produção do açaí

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 23


Agroindústrias concentrando nos estados do Pará e Amapá, e a espécie (Euterpe Precatoria) em terra fi rme, onde mantém concentração no Amazonas e demais Estados. “O açaí do Amazonas só da uma planta, e o fruto, com sete anos. O açaí do Pará perfi la e com três anos já tem fruta. Já disponibilizamos algumas sementes da espécie Euterpe Oleracea para alguns produtores. Em Carauari já foi distribuídas cerca de 20 mil mudas. No município de Benjamin Constant 15 mil mudas já foram plantadas e hoje ocupa uma área de oito hectares”, avalia Frazão.

» MANACAPURU Maracujá, Goiaba, Camu Camu, Cupuaçu e Açaí. A empresa

AÇAÍ, BEBIDA ENERGÉTICA PARA TODAS IDADES

conta com 12 funcionários diretos, 60 famílias das comuni-

Gelado, natural ou misturado com algum produto.

dades: Boca do Jacaré, Lago do Manaquiri, rio Manacapu-

O interesse pela bebida é cada vez maior. O açaí

ru, Lago do Cururu, Calado, Caapiranga, Estradas e outros,

possui um alto valor nutricional por possuir em

fornecem sua produção à empresa.

sua composição lipídios, proteínas, carboidratos,

Agroindústria Cold Fruit foi criada em 1997. Trabalha com

“Estamos com três anos trabalhando com polpa de frutas,

fi bras, vitaminas e minerais.

com fi nanciamento pelo Banco da Amazônia, agora com

Segundo a Médica Nutróloga, Dra. Alessandra Bar-

incentivo pela ADS estamos entregando produtos pra me-

bosa, o sucesso desta fruta está no seu poder an-

renda escolar, como Maracujá e Açaí”, afi rma Jael Cates.

tioxidante, responsável pelo combate aos radicais

Com a capacidade de produção diária 10 toneladas, e 300 toneladas em época de safra. Segundo Joel Cates foi investido na empresa R$ 800 mil. “Já estamos trabalhando no limite da agroindústria, com câmara de estoque com 60 toneladas, dois tuneis de 3.500 kg, 12 horas cada e pasteurizador 1.000 kg/hora”, diz. Localizada na Rodovia AM-070, Km 68, entregou este ano 80 toneladas de açaí e oito toneladas de maracujá para o PREME (Programa de Regionalização da Merenda Escolar).

livres. “Isso se deve à presença de nutrientes como as antocianinas (substâncias também presentes no vinho que ajudam a combater o envelhecimento precoce e doenças cardio-circulatórias por exemplo), vitaminas A, B1, B2, C, D e E e minerais (cálcio, ferro, potássio, magnésio)”, confi rma. Apesar dos lipídios mais conhecido como gorduras, existentes no açaí serem predominantemente monoinsaturados e poliinsaturados (gorduras de boa qualidade, que ajudam a aumentar o HDL (colesterol bom) e diminuir o LDL ou colesterol ruim, a Dra. Alessandra recomenda cuidado em não exagerar, pois, 100 g da polpa da fruta tem aproxi-

» CONHEÇA AS AGROINDÚSTRIAS DE POLPA DE AÇAÍ A agroindústria Wotüra, inaugurada no município de Benjamin Constant e o Açaí Tupã no município de Carauari, você poderá conhecer nas próximas páginas.

24 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

madamente 350 Kcal.” Segundo ela é ideal comer antes da atividade física, caminhada ou qualquer atividade que demande energia.


aDS


Produção

REPORTAGEM: Ana Paula Sena FOTOS: Ricardo Oliveira e Divulgação assessoria

]

Foto: Ricardo Oliveira

[

HOMENS DA FLORESTA PASSAM A PRODUZIR DE MANEIRA SUSTENTÁVEL TORNANDO O AMAZONAS AUTOSUFICIENTE


Foto: Alex Pazzuelo – Agecom

» A fábrica de salga de pirarucu em Maraã tem capacidade de processar 5 toneladas de pescado por dia

O Amazonas é o maior estado do Brasil em extensão territorial, formado por 62 municípios, possui mais de 270 mil produtores rurais, dos quais 94% são de agricultura familiar e para garantir melhor qualidade do trabalho no campo, a Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), desenvolve cinco programas: aprimoramento do legislativo, infraestrutura, agroindústria, expansão da produção e apoio sóciocultural. De acordo com o Secretário de Estado da Produção Rural, Eron Bezerra, o objetivo é fazer com que as comunidades do interior possam produzir seus produtos de forma sustentável e elevar o padrão econômico dos homens e mulheres do campo. “Buscamos agregar valores aos produtos primários que são poucos valorizados e verticalizar a produção e expansão da produção, tornando o Amazonas autosufi ciente.

» BACALHAU DA AMAZÔNIA O projeto de construção de indústrias de bacalhau é um grande exemplo de sustentabilidade. As duas primeiras fábricas de Bacalhau da Amazônia (salga de peixe) da America Latina fazem parte do programa de Expansão da Agroindústria. No município de Maraã, localizado no baixo Japurá a fábrica foi inaugurada no dia 25 de julho. Em Maraã, a indústria tem capacidade de processar 5 toneladas por dia de pescado e a de Fonte Boa que será innaugurada em outubro terá capacidade de produzir 10 toneladas por dia. As unidades terão como principal produto o pirarucu extraído de manejo, além de absorver outros peixes como Curimatá, Aracu, peixes lisos e outras espécies que poderão ser comercializada salgadas ou congeladas.

De que adianta capacitar os interioranos e não ter onde

“Todo o peixe será reaproveitado, tanto no artesanato

eles usarem o conhecimento, com nossos projetos essa

com a utilização de escamas do peixe e na geração de sub-

situação se transforma”, disse Eron Bezerra.

produtos", disse Eron Bezerra.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 27


Produção

» O caminhão do peixe evita o desperdício e aumenta a renda dos pescadores

» PEIXE POPULAR

» Foram recuperadas pela SEPROR mais de 710 Km de estradas vicinais

te – 84 toneladas – são utilizadas no processo de colagem de eletro-eletrônicos e nas indústrias de caixaria do Polo In-

Para combater o desperdício de pescado em Manaus e

dustrial de Manaus (PIM), o restante – 12 mil toneladas – é

garantir renda aos pescadores e alimento barato e de qua-

empregado na indústria de alimentos.

lidade a população, com a extinção da figura do “atravessador”, o Programa Peixe Popular foi criado em 2007 e é sucesso na capital. “Além de beneficiar a população de Manaus, o programa

“O que me deixava mais indignado é que toda essa fécula utilizada no PIM é oriunda do Paraná. Com a inauguração da fábrica prevista até o fim do ano, mais de 12 mil toneladas serão produzidas no Amazonas, o Estado economizará

também ajuda os pescadores que encontram uma forma

R$ 96 milhões por ano, evitando importar fécula. Será a

de não jogar seu peixe fora. Começamos alugando os ca-

primeira indústria de caráter público, isso sim é sustenta-

minhões para vender os peixes, o projeto deu tão certo

bilidade”, garante Eron.

que hoje temos os próprios caminhões e é o pescador que

» ESTRADAS VICINAIS

faz o seu transporte”, disse. Os caminhões frigoríficos da Sepror levam aos moradores peixes como, jaraqui e curimatã no valor de R$ 1,00 o quilo, ou equivalente a cinco unidades do pescado.

» FECULARIA DO AMAZONAS

Primando pela melhoria no escoamento da produção, a Sepror, já recuperou mais de 710 quilômetros de vicinais e ramais. Só na região do entorno de Manaus foram mais de 200 Km recuperados. Segundo o secretário, foram recuperadas vicinais e ramais

A construção da primeira industria de fécula de mandioca

em 10 municípios, no entorno de Manaus 15 comunidades

(goma desidratada) do Amazonas é uma demonstração de

foram beneficiadas, entre elas a comunidade do Pau-Rosa

policultivo e sustentabilidade. Na fronteira dos municípios

com 75 Km, Nova Canaã com 26 Km, Unidos Venceremos

do Careiro Castanho e Manaquiri, a fábrica vai beneficiar

com 54 Km, S. Monteiro com 16 Km, Brasileirinho com 19

mais de 2,5 mil agricultores familiares que desenvolvem

Km, São Pedro com 16 Km e Santo Isidoro com 8 Km.

suas atividades em terra firme e várzea.

“A nossa meta para esse ano é de recuperar mais mil quilôme-

O secretário Eron Bezerra, relata que o Amazonas consome

tros de vicinais até novembro. Já compramos 30 rabetões,

cerca de 96 mil toneladas de fécula por ano, a maior par-

motores a diesel e barcos de porte médio”, relatou Eron.

28 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


» FEIRÃO SEPROR

“Nosso objetivo é expandir o Feirão para todas as zonas

Do produtor direto para o consumidor, o Feirão da Sepror

de qualidade e baixo custo para a população, incentivando

foi instituído em maio de 2009, no Parque de Exposição

também os produtores”, disse.

de Manaus, norte, sul, leste e oeste, garantindo produto

Agropecuária, assegurando produtos de melhor qualidade e melhor preço para produtores e consumidores. Atraíndo cerca de 10 mil pessoas a cada final de semana, o Feirão mobiliza 135 produtores em forma de rodízio, além de existir mais de 500 produtores na fila interessados em negociar sua produção no evento. Os 540 produtores que comercializam no Feirão são oriundos, em sua maioria, de Manaus, Iranduba, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva, Manacapuru, Careiro da Várzea, Careiro Castanho e Itacoatiara, que comercializam hortifrutigranjeiros, pescado, flores, óleos, artesanato e produtos indígenas. Para atender aos agricultores que não possuem meio de transporte próprio para escoamento de sua produção, a Sepror em parceria com a Superintendência da Zona Franca de Manaus – Suframa, disponibiliza um ônibus chamado “Formigão”, além de stands para a exposição e comerciali-

» Do produtor ao consumidor o Feirão assegura produtos de qualidade e preço baixo

zação dos produtos.

» O Feirão da Sepror mobiliza a cada fim de semana 135 produtores em forma de rodízio

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 29


» PERFIL ERON BEZERRA Eron Bezerra é engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), da qual é professor licenciado. Atualmente, doutorando em “Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia” e secretário de Produção Rural do Amazonas. Foi deputado estadual por cinco mandatos. É militante ativo há mais de 40 anos à frente dos movimentos popular, estudantil, sindical e ambiental. É fundador

» EXPOAGRO

do Partido Comunista do Brasil no Amazonas (PCdoB/ AM) e membro efetivo do Comitê Central Nacional do

A Feira de Exposição Agropecuária do Amazonas – Expo-

PCdoB.

agro, virou tradição em Manaus. Em 2011 vai para a sua

Casado com a senadora Vanessa Grazziotin e pai de

38 edição e recebe a cada ano cerca de 500 mil visitantes,

uma filha, Eron tem 58 anos. Nasceu em Boca do

gerando aproximadamente R$ 29,2 milhões em negócios

Acre, no sul do Amazonas.

e financiamentos junto aos agentes bancários (Agência de

A trajetória política teve início aos 14 anos, quando

a

Fomento do Estado do Amazonas – Afeam, Banco do Bra-

fundou o primeiro grêmio do município de Boca do

sil – BB e Banco da Amazônia – Basa).

Acre. A procura por espaço para divulgação de ideias

No evento, de 26/11 e 4/12, os visitantes podem conferir a presença de animais nos currais e argolas, comercialização de equipamentos agrícolas, produtos de agricultura familiar, além de mostra de artesanato de Manaus e municípios próximos da capital.

fez com que Eron criasse, aos 16 anos, o jornal escolar onde começa seu exercício de articulista. Atualmente é colaborador da revista Princípios e do portal Vermelho, editados em São Paulo. Já colaborou como articulista, com a maioria dos jornais de Manaus. É autor de centenas de artigos e palestras e do livro “Amazônia, esse mundo à parte”. Em 1977, fundou o Movimento de Defesa da Amazônia (MDA) e ajudou a criar a Associação Amazonense de Proteção Ambiental (Amapam). Seu primeiro mandato como deputado estadual veio em 1990, após 23 anos de militância ininterrupta.

A Expoagro recebe a cada ano 30» | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011 mais de 500 mil visitantes


A NEOTEC INDÚSTRIA E COMERCIO DE PNEUS LTDA está em fase de instalação em Manaus e fabricará Pneus para bicicletas e motocicletas. As instalações fabris da NEOTEC estão quase concluídas – as construções estão prontas e as máquinas já estão chegando para serem instaladas, devendo iniciar a produção em outubro de 2011. O empreendimento teve investimento de R$ 100 milhões, e está localizado em Manaus, na Rodovia AM-010, Km 22. O terreno tem 252.000 m2 e a área construída nesta primeira etapa é de 24.000 m2, devendo ser expandida no futuro para cerca de 50.000 m2.

A produção fabril será de 15.000 ton./ano e para esta eatpa a Neotec terá cerca de 400 colaboradores diretos, devendo chegar a sua 2ª fase com a estimativa de 700 colaboradores. A instalação da NEOTEC em Manaus é extremamente interessante pela proximidade com as empresas fabricantes de motocicletas e bicicletas integrando a cadeia produtiva, resultante do vertiginoso crescimento do setor de duas rodas instalado no Pólo Industrial de Manaus, local de direcionamento dos maiores fabricantes de bicicletas e motocicletas. Outro fator determinante da decisão de implantação da indústria de pneus em Manaus está ligado à existência da borracha natural, sendo uma matéria prima regional, produzida no Estado do Amazonas e regiões vizinhas é um componente indispensável no processo de produção de pneus de bicicletas e motocicletas. A produção de borracha natural, no Estado do Amazonas é de interesse nacional, incentivando o Polo Duas Rodas gerando mais competitividade para o setor, desenvolvimento sustentável e desenvolvimento da cadeia produtiva. Com a extração da borracha natural a Amazônia terá sua floresta preservada e os extratores terão sua renda garantida.

Pneus Neotec Rod. AM-010 (92) 3305-1152


Investimentos

REPORTAGEM: Ana Paula Sena FOTOS: Ana Paula Sena, Ricardo Oliveira e Divulgação

CADEIA PRODUTIVA DE

O município de Maués localizado a 267 Km em linha reta e 356 Km por via fluvial de Manaus, conta com 52.236 habitantes sendo o oitavo mais populoso do Estado do Amazonas. Reconhecida nacionalmente como a cidade

[

]

A TERRA DO GUARANÁ SE DESTACA PELO DESENVOLVIMENTO E INVESTIMENTOS NA ZONA RURAL DO MUNICÍPIO DE FORMA SUSTENTÁVEL

que possui uma das maiores expectativas de vida do país, Maués também possui uma das paisagens mais belas do Amazonas, e é conhecida como “A Cidade do Guaraná”. Tendo como prefeito Odivaldo Miguel de Oliveira Paiva, conhecido como “Belexo”, o município investe a cada ano em projetos de desenvolvimento agropecuário, dentre eles, avicultura, ovinocultura, piscicultura, guaraná, mandioca, cana de açúcar, fruticultura e hortaliças, além de melhorias na habitação de

Foto: Ricardo Oliveira

trabalhadores rurais.


» O setor de avicultura gera emprego para mais de 43 produtores rurais

» Produtores receberam capacitaçào para reproduçào de ovinos

» AVICULTURA Com um investimento de R$ 220.200,00 o projeto de avicultura contempla reformas e melhorias nas instalações da Secretária Municipal de Fomento, Produção e Abastecimento de Maués – Sepror, com a construção de um abatedouro de frango caipira. De acordo com o Secretário Municipal da Sepror, Luiz Antonio Nascimento, o abatedouro de frango caipira é o único do interior do Amazonas que deve atender em torno de 20 comunidades rurais gerando emprego para 43 produtores. “Nessa Unidade Didática de Produção – UDP, estamos

» UDP possui quatro tanques cavados para alevinagem de larvas de tambaqui

realizando, além da construção do abatedouro, reformas na chocadeira, aviários, matrizeiros e pinteiros, nosso objetivo é produzir pintos de um dia”, relatou Luiz Antonio.

» OVINOCULTURA

» PISCICULTURA A Unidade Didática e Produção – UDP, envolve quatro tanques cavados para realizar a alevinagem das larvas de tam-

Tendo como principal objetivo a melhoria genética do

baqui, que contempla a comunidade São Raimundo, onde

plantel (rebanho), existente por meio de proteína animal

se desenvolve o projeto de piscicultura em tanque rede,

e abastecimento interno e externo, a Sepror Maués está

onde as larvas ficam suspensas por bóias dentro do rio.

investindo R$ 196.500,00 no setor. “Tínhamos animais “pé duro” (sem raça definida). Agora

O Secretário Municipal de Sepror, Luiz Antonio, explica que a pós larva de tambaqui são oriundos do município de

estamos melhorando esse sangue, adquirimos 265 ani-

Balbina e passa por um período de seis a oito semanas nos

mais, sendo 250 matrizes e 15 reprodutores da raça Santa

tanques cavados.

Inês”, disse Luiz Antonio.

“Após esse período os alevinos são levados para a comu-

Os 60 produtores do setor foram capacitados por um médi-

nidade de São Raimundo no rio Maués-Mirim, onde já foi

co veterinário, além de receberem melhorias nas instalações

comprovado ser o maior potencial para desenvolvimento

dos apriscos (casado carneiro), curral e manejo do rebanho.

de piscicultura em tanque rede”

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 33


Investimentos Foto: Ricardo Oliveira

» A meta é implantar 80 mil mudas de guaraná em 2011

Foto: Ricardo Oliveira

» GUARANÁ O guaranazeiro (Paullinia cupana var. sorbilis) é uma planta tipicamente Amazônica e, é em Maués que se concentra o maior número de produtores de guaraná do Brasil, cerca de 3 mil, e também a maior produção física do Estado. A safra do Município é de cerca de 400 toneladas de sementes secas, em rama por ano. De acordo com o secretário Luiz Antonio, estão sendo investidos R$ 619.600,00 e a meta é fomentar ainda esse ano 80 mil mudas de guaraná, equivalente a implantação » O guaraná gera cerca de 6 mil empregos em Maués

34 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

de 200 hectares de área plantada, destas 40 mil mudas já foram implantadas.


» PROSAI MAUÉS A Prefeitura do município de Maués está iniciando as obras do Programa de Saneamento Integrado de Maués – Prosai-Maués, que segue a mesma linha do Prosamim, de Manaus. O programa teve o orçamento aprovado pela Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex) do Ministério do Planejamento, com publicação no Diário Oficial da União, no dia 30 de dezembro de 2010. O Prosai-Maués deve beneficiar aproximadamente 27 mil pessoas e receberá recursos na ordem de US$ 35 milhões, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). “Nós temos extrativistas em Maués e estamos trabalhando para transformá-los em produtores rurais, um caminho para o desenvolvimento sustentável e para o sucesso da agricultura”, concluiu Luiz Antonio. Segundo o prefeito Belexo, o objetivo do projeto é ampliar as obras da rede coletora do esgoto sanitário para a Estação de Tratamento de afluentes (ETE), melhorar o » Luiz Antonio Nascimento, Secretário Municipal de Fomento, Produção e Abastecimento

sistema de distribuição de água, construindo novos poços e reservatórios, e urbanizar e recuperar os igarapés da cidade. “Queremos completar o sistema de esgoto que hoje atende apenas 32% da população de Maués, com o

“Além das mudas os produtores receberam curso de ca-

Prosai deveremos alcançar 70%, além disso vamos levar

pacitação, manejo e fomento de fertilizantes para a ma-

água potável e construir poços artesianos em 13 comu-

nutenção da cultura. Atualmente 10 unidades realizam a

nidades indígenas”, afirma.

produção do guaraná, para isso construímos e equipamos

De acordo com o prefeito Belexo, com a implantação do

o chamado “Barracão do Guaraná”, afirmou Luiz Antonio

programa, a expectativa é que Maués torne-se o primei-

Nascimento.

ro município amazonense com 100% de saneamento.

Tradicionalmente o guaranazeiro após ser colhido é amontoado por um período de aproximadamente 72 horas, visando estabelecer-se um processo de fermentação, o que, segundo um paradigma que remonta há mais de um século, proporciona a liberação das sementes separando-as da casca, processo denominado de despolpamento. “Todo esse trabalho geram cerca de 6 mil empregos diretos e indiretos no município, todas as partes do guaraná são reaproveitadas e revestidas em comercialização com o pó, bastão, xarope e subprodutos”, ilustrou Luiz Antonio.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 35


Investimentos Foto: Ricardo Oliveira

» O setor beneficia 1.500 produres em 30 comunidades

» Mateus Scherer, administrador da Usina São João, em Maués

» MANDIOCA

» CANA DE AÇÚCAR

Com um investimento de R$ 370.044,00, no preparo da área,

Com a recuperação de três agroindústria a Sepror está

capacitação dos produtores, nas instalações e melhoramen-

investindo no setor de cana de açúcar de Maués R$

to da farinha, a Sepror Maués já construiu 30 casas de farinha

398.006,00, com aquisição de equipamentos e beneficia-

em 30 comunidades, beneficiando 1.500 produtores.

mento, foram também adquiridos batedores de açúcar e

Segundo o secretário Luiz Antonio, os produtores foram

grupo gerador.

fomentados para o preparo da área de plantio da mandio-

As três usinas localizadas na Comunidade Bom Jesus, Li-

ca, a meta é ter 2 mil hectares de área preparada até o fim

berdade e Santo Antonio, todas no Rio Apuquitaia, envol-

de outubro.

vem 70 produtores na mão de obra. “Estamos realizando o

“Realizamos 20 cursos de capacitação e manejo para esses produtores beneficiados, com destaque para a melhoria da farinha. Estamos fazendo investimento na construção

fomento de mudas e fertilizantes, preparo de 50 hectares de área semi mecanizadas, curso de manejo e beneficiamento da cultura”, garantiu Luiz Antonio.

das casa de farinha para ter uma farinha diferenciada, com

As técnicas utilizadas nas comunidades vieram da usina São

variedade de polpas, mais amarelada e bem torrada”, afir-

João, localizada em Maués. Uma fazenda com 30 hectares

mou Luiz Antonio.

de plantação de cana de açúcar instalada pelo empresário

José Atanilton de Oliveira, 42 mora na comunidade São

Celso Scherer há sete anos.

Pedro do Castanhal de baixo desde que nasceu e relata as

De acordo com o administrador da indústria e filho de pro-

melhorias realizadas no Polo estão ajudando a desenvol-

prietário, Mateus Scherer, da cana de açúcar pode ser feito

ver melhor o trabalho, e a comercializar os produtos feitos

caldo, rapadura, mel, açúcar mascavo e cachaça.

na comunidade.

“Nós fornecemos caldo de cana e rapadura para as escolas

“Antes trabalhávamos sem nenhuma expectativa, hoje pode-

120 escolas municipais de comunidades rurais e mais de 4

mos desenvolver nosso potencial aqui mesmo na comunida-

toneladas de rapaduras para Escolas Estaduais do Amazo-

de rural de Maués, somos valorizados”, afirmou José Atailton.

nas”, afirmou Mateus Scherer.

36 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


Foto: Ricardo Oliveira

» O PREFEITO MIGUEL PAIVA Em sua segunda administração como prefeito de Maués, Miguel Paiva – Belexo nasceu na comunidade Paraná do Urariá de Cima – Maués. Seu tra» 150 produtores trabalham com a banana que é um dos maiores investimentos de fruticultura em Maués

balho tem se destacado pela ótica da preservação, desenvolvimento sustentável e incentivo ao Povo da Floresta.

» FRUTICULTURA

“Investir no setor primário não é fácil, eu procurei

O maior investimento na área de fruticultura de Maués é

casa conhecer os moradores, sentir suas dificul-

conhecer todas as comunidades e ir de casa em

utilizado para a banana, R$ 434.354,00, 100 mil mudas da

dades e o que eles realmente precisavam”, disse

fruta com adubação de fertilizantes estão sendo planta-

o prefeito Belexo.

das, além de promover cursos de capacitação e manejo para os 150 produtores que trabalham com o produto em 20 comunidades.

O prefeito investiu no setor rural fazendo com que muitas pessoas que haviam saído das comunidades para tentar uma vida melhor na cidade

“Tivemos uma grande perda de área após a doença

voltassem. “As pessoas perceberam que estáva-

Sigatoka negra e a cheia de 2009 que dizimou essas áreas,

mos investindo no trabalhador rural, hoje todos

compramos três motores de polpa, um carro pick-up e uma

podem ter uma vida melhor no interior”, relatou.

moto para auxiliar nesses trabalhos”, relatou Luiz Antonio. À frente da Sepror de Maués há quatro anos, o secretário municipal Luiz Antonio, afirma que a maior dificuldade enfrentada é fazer com que esse publico entenda a importância desses investimentos no setor.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 37


Desenvolvimento REPORTAGEM: Lemmos Ribeiro FOTOS: Divulgação

AMAZONAS FORTALECE A

[

PROGRAMAS E PROJETOS QUE VISAM O CRESCIMENTO SOCIOECONÔMICO DAS COMUNIDADES RURAIS, POTENCIALIZANDO O CONSUMO

]

Contribuir com o desenvolvimento rural sustentável, for-

que não existia. Através da construção de prédios e es-

talecendo as atividades agropecuárias, o Instituto de De-

critórios, aquisição de veículos terrestre e fl uvial, com-

senvolvimento Rural Sustentável – Idam tem o foco vol-

putadores e material de informática, o Idam fomenta a

tado para a prestação de serviços de assistência técnica e

assistência técnica aos produtores rurais e suas famílias,

extensão rural, capacitando e favorecendo a agricultura

associações e cooperativas, visando o desenvolvimento

familiar.

socioeconômico das comunidades rurais através de ela-

Presente nos 62 municípios do Estado através das 66 unidades locais alcança com efi ciência todas as sub-regiões do Amazonas. Por meio de processos técnicos e edu-

boração, implantação, execução, acompanhamento e controle de planos, programas e projetos de assistência técnica, agropecuária, fl orestal e pesqueira.

cativos, asseguram cidadania e qualidade de vida de

Seu quadro é composto por engenheiros agrônomos,

seus benefi ciários. Para o diretor presidente do Idam

técnicos em agropecuária, médicos veterinários, enge-

no Amazonas Edimar Vizolli ‘‘sem a assistência técni-

nheiros fl orestais, engenheiros de pesca, zootecnistas,

ca e extensão rural, as políticas públicas não chegam

contadores, advogados, engenheiros mecânicos, nutri-

ao produtor rural, só através do extencionista isso é

cionistas, técnicos em contabilidade, técnicos em pla-

possível, afi rma. Sua estrutura tem crescido tanto na

nejamento, técnicos em enfermagem, administradores,

capacitação do extencionista como na infra-estrutura

pedagogos entre outros.


» LINHAS DE CRÉDITO O Idam também oferece linhas de créditos para o agricultor familiar, através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf em parceria com Banco do Brasil, Banco da Amazônia – Basa e Agencia de Fomento do Estado do Amazonas – Afeam que fi nanciam até 130 mil com 2% de juros ao ano. O produtor tem até 10 anos para pagar a compra e pode investir o dinheiro em tratores, carretas, e veículos agrícolas, para ajudar tanto no transporte dos produtos quanto para mecanizar e preparar o solo com menos sofrimento. Vizolli comenta que ao proporcionar equipamentos se ameniza o sofrimento

» Equipe do Idam é composta por técnicos e especialistas do setor agrícola

‘‘aí você vê o quanto é importante um maquinário. Melhora a qualidade de vida deles e dos seus produtos, antes era carregado na costa e hoje carregado na carreta’’. A extenção não trabalha só com investimento em dinheiro, mas com qualifi cação. Os técnicos reúnem os produtores, fazem palestras, intercambio de conhecimento garantindo assim, que organizado se tem mais produção e menos sofrimento.

» PLANOS E METAS PARA O FUTURO O grande desafi o é produzir de forma sustentável, introduzindo tecnologia para que o projeto cresça e assim, tenha mais crédito responsável, pois sem crédito rural não se faz agricultura e segundo Vizolli ‘‘não há sucesso sem acompanhamento’’ através do acompanhamento os produtos me-

» Assistência técnica na produção de hortaliças em Presidente Figueiredo

lhoram e a produção aumenta, não há desperdício, hoje o

» O distrito de Novo Remanso, em Itacoatiara, é o maior produtor de abacaxi do Estado do Amazonas.

» Casa de farinha higiênica – curso da melhoria da qualidade de farinha em Manicoré

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 39


» PERFIL Edimar Vizolli, filho de produtores rurais da agricultura familiar de Santa Catarina, está no Amazonas há » Criação de peixes em gaiola no município de Maués

mais de 30 anos, foi prefeito e vice-prefeito de Apuí, no interior do Amazonas onde também é produtor rural. Casado, pai de duas meninas, a primogênita com 23 anos faz faculdade de Engenharia de Petróleo e

produtor abastece o seu próprio município e o que sobra

gás, na Bolívia, e a caçula de 13 anos é estudante. Vi-

da demanda ele ainda vende para o Programa de Aquisição

zolli é formado em técnico em agropecuária.

de Alimento – PAA e feiras da Agência de Desenvolvimento

‘‘Eu sou filho de produtor rural, meus pais ainda mo-

Sustentável ADS.

ram na roça, lá nos produzimos leite, todos os meus

» FOCOS DEFINIDOS

irmãos vivem da agricultura familiar. Viver de agricultura familiar não quer dizer viver na pobreza’’.

O IDAM trabalha em duas vertentes, o primeiro é com a segurança alimentar e nutricional do município potenciali-

‘‘É isso que nós queremos com a agricultura familiar,

zando o que a comunidade consome para comercialização

ver os nossos produtores ganhando dinheiro, melho-

e o próprio consumo local, Vizolli ressalta que ‘‘através dis-

rando a qualidade da saúde e educação de sua família.

so estamos gerando ocupação e renda no município, agre-

Pra mim todo produtor rural é especial, principalmen-

gando famílias pra ganhar dinheiro e melhorar a qualidade

te o produtor do amazonas, pois ele enfrenta o que

da alimentação onde o próprio produtor está inserido’’. E

não existe em nenhum outro lugar. Onde uma época

o segundo é a matriz econômica de cada município (gera-

ele tem a água na porta da casa, e depois a água está

ção ocupadora de renda) potencializando o conhecimen-

a quilômetros. Ele também é especial porque produz

to e a estrutura para que cada vez mais possam produzir

alimento, e é o alimento que nos dá vida’’.

produtos de forma sustentável e que não agrida o meio ambiente, de forma mais orgânica, oferecendo o melhor à população de Manaus e gerando riqueza aquela região.

40 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011



Exposição REPORTAGEM: Diárcara Ribeiro FOTOS: Euzivaldo Queiroz e Diárcara Ribeiro

[

NOVOS PRODUTORES ENTRAM NO SETOR DA OVINOCAPRINOCULTURA DEPOIS DE VISITAR A EXPOSIÇÃO

]

“De Caprinos e Ovinos tudo se aproveita”, é o que diz os produtores rurais, que também afirmam que o setor é uma alternativa viável e que está mostrando força no Estado. Durante a II Exposição de Ovinos e Caprinos Sustentável do Amazonas (Expovicam), que aconteceu no Parque de Exposição Eurípides Lins, na Zona Norte de Manaus, foram expostos cerca de 1.000 animais, além de leilão, concurso, feirão, palestras, workshop, treinamento e atrações culturais. Durante os cinco dias de feira cerca de 50 mil pessoas visitaram o local, este ano o evento movimentou R$ 2 milhões em volume de negócios.

» Camilo Morato Neto, presidente da Acocam

» II Expovicam movimentou R$ 2 milhões em volume de negócios


» Foram expostos cerca de 1.000 animais durante a feira

[

O setor de ovinos e caprinos da região teve um crescimento representativo nos últimos cinco anos. Segundo o presidente da Associação de Criadores de Ovinos e Caprinos do Estado do Amazonas (Acocam), Camilo Morato Neto, atualmente o rebanho na região conta com 105 mil cabe-

“Temos genética, o que está faltando

ças. “Um evento como esse serve como vitrine da cadeia

é a organização dos produtores, mais

produtiva do setor, é uma forma de mostrar o que o Ama-

produção de carne para concorrermos

periências e uma ótima oportunidade de negócios”, avalia.

com o Uruguai”.

No ano passado, dos 900 animais expostos, cerca de

Suetônio Vilar Campos, vice-presidente da Arco

zonas está produzindo. Proporciona também trocas de ex-

90% foram comercializados. Atualmente a Associação conta com 70 produtores e estima-se que no Estado existem cerca de 800 criadores. Para o secretário de Produção Rural do Estado (Sepror), Eron Bezerra, a criação de ovinos e caprinos é uma atividade em plena expansão no Amazonas.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 43


» Criação de caprinos é uma atividade em plena expansão no Amazonas

» A exposição possibilita intercâmbio técnico e comercial

» A feira apresentou um cenário de evolução genética, que qualificou os negócios com bons preços

“Uma feira como esta possibilita intercâmbio técnico e co-

ressaltou que a Exposição foi um sucesso absoluto. “A

mercial. É uma atividade com baixíssimo impacto ambien-

ovinocaprinocultura no Estado está marcada pelo cresci-

tal, o que para nós do Amazonas, que temos como meta e

mento, tanto no rebanho como na qualidade genética dos

como objetivo produzir com sustentabilidade e com redu-

animais. A exposição representou eficiência garantida em

ção de desmatamento, essa é uma grande atividade. Por

100% dos negócios.

essa razão o Governo do Estado tem todo o interesse em incentivar esse tipo de atividade econômica”, avalia. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea), Muni Lourenço Silva Júnior,

44 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

Muitas pessoas entraram no setor e vão contar com o apoio dos órgãos e dos produtores que já criam os animais, eles vão receber assistência técnica”, disse Muni Lourenço.


» FAZENDA MJ O criador de ovinos e caprinos Aldrim Santos Silva trouxe para a exposição 50 animais das raças Santa Inês e Anglo-Nubiana. Os animais pertencem a um

» PALAVRA DO VICE-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS (ARCO)

rebanho de 250 cabeças na fazenda MJ, localizada no município de Autazes. Criador há três anos, possui animais puro sangue (PO) e animais comerciais. O produtor aproveitou o Leilão e adquiriu uma fêmea White Dorper por R$ 2.640,00.

» REBANHO S PEDRO O Rebanho S Pedro, localizado na Rodovia AM-010, Km 30 conta com 300 animais incluindo ovinos e caprinos das raças Santa Inês e Anglo-Nubiana. O proprietário Igor Pedro relata que iniciou a criação com apenas um casal, e depois de visitar a Feinco em 2010, maior feira de ovinos e caprinos do mundo, o produtor, que tem como atividade principal o comércio de construção civil, se interessou pelo ramo, investindo na estrutura e compra de mais animais. Vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), Suetônio Vilar

» ESTÂNCIA ZANINI Localizada na BR 174, Km 41, a Estância Zanini, possui um rebanho de 400 animais da raça Anglo-Nubiana, com uma área de 100 hectares, 80% dela de mata nativa. Para a exposição o criador Darcilo Zanini trouxe 115 animais, 30 foram comercializados durante a feira e 12 vendidos no Leilão. A produção do criador é voltada para queijo, leite e matrizes. A venda do animal mais caro é de seu rebanho, da raça Anglo-Nubiana, macho.

Campos, 71, é Engenheiro Agrônomo, e produtor rural em Taperoá, município no Estado da Paraíba, onde cria ovinos Santa Inês, cabras da raça Murciana, originária da Espanha. Foi um dos pioneiros no Nordeste. Há 54 anos no ramo, atualmente seu rebanho conta com 12 mil cabeças. Foi o pioneiro no Programa Cabra Leiteira. Pela segunda vez na cidade de Manaus, avalia que está feliz com o crescimento e a qualidade do rebanho. Há 9 anos na Arco, que tem como uma das

» FAZENDA REINO ENCANTADO Vindo de Boa Vista, capital de Roraima, para o Leilão de ovinos e caprinos, o criador Dorlei Paulino Henchen arrematou três animais das raças Santa Inês e White Dorper; foram cerca de R$ 10 mil investidos em animais Puro Sangue. “O Leilão foi muito bom, tinha animais de boa qualidade, iniciativas como esta incentiva os criadores”, avalia. A fazenda Reino Encantado, do criador Dorlei Henchen, possui um rebanho de 500

funções a racionalização dos padrões raciais para o registro formal dos animais, incluindo parâmetros com técnicas novas que regula o serviço cartorial do registro genealógico. Fala que o setor para o Estado está no caminho certo, com produtores conscientes, raças com qualidade, ressaltando que a Expovicam é o exemplo do que se está produzindo no Estado.

cabeças, conhecido como Rebanho Tuxaua, localizado na BR-401, Km 31.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 45


» A Acocam conta com 70 produtores e mais de 800 criadores no Estado

» LEILÃO

O animal mais caro foi comprado por R$ 12.480.00, lote 41. Foi vendido 50% do animal, chamado Jatobá Zanini,

Denominado I Leilão Expovicam Manaus, realizado pela

macho da raça Anglo-Nubiana. É considerado um dos me-

empresa Leilo Norte, o evento contou com criadores de di-

lhores Anglos do Brasil.

versos municípios do Estado do Amazonas e de outros estados. Foi movimentado em algumas horas R$ 150.040,00. Comercializados 38 lotes, no total de 46 animais das raças Dorper, White Dorper, Santa Inês e Anglo-nubiana.

Já o mais barato custou R$ 1. 440.00, da raça Santa Inês, fêmea do plantel Da Nona, na sua linha paterna leva Camará, Mumbua e JG, é a linhagem de Grandes Campeões, na linha materna afixo Cabra e Libral. Foi vendida 100%.

» UNIVERSIDADE A professora veterinária da Universidade Federal do Amazonas, Dra. Roseane Pinto Martins de Oliveira, esteve presente no evento e faz um panorama do setor no Estado. “Já se percebe uma maior organização dos criadores e uma preocupação com as políticas ambientais. A criação desses animais permite um maior número de negócios familiares em relação à criação de bovinos”, ressalta. A professora Dra. Roseane Pinto Martins de Oliveira, ainda destaca a importância da capacitação da mão de obra para o manejo correto dos animais. “Temos o rebanho de qualidade no Estado. Produtores conscientes e que enxergam no setor » Professora Dra. Roseane Oliveira destaca importância do manejo correto de animais

46 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

um crescimento a largos passos. Infelizmente ainda importamos de outros lugares boa parte da carne consumida aqui”.


A IMPORTÂNCIA DA ATUALIZAÇÃO DO CÓDIGO FLORESTAL O Código Florestal está sendo atualizado de forma responsável pelo Congresso Nacional e certamente representará mudanças que vão regularizar a produção agropecuária sem prejudicar o meio ambiente, pois ao contrário do que alguns afi rmam, as mudanças são benéfi cas ao país, sobre as quais citamos as principais: a soma das áreas de reserva legal às áreas de preservação permanente (APPs) para alcançar o índice legal de uso restrito na propriedade rural; a isenção da recomposição da reserva legal para as propriedades de até quatro módulos fi scais (agricultura familiar) a redução de 30 para 15 metros das margens de rios com até 10 metros de largura a serem recuperadas pelo pequeno agricultor; a consolidação das áreas abertas até julho de 2008, conforme a lei da época em que ocorreu a supressão; a possibilidade de Estados, União e Distrito Federal de legislar em conjunto para a regularização ambiental, por meio de Programas de Regularização Ambiental (PRAs) e compensação das áreas de reserva legal em outro Estado, desde que no mesmo bioma. Vale ressaltar que essas mudanças têm grande relevância para a Amazônia e o Amazonas, principalmente aquela que proporciona a regularização ambiental das atividades produtivas das várzeas, área fertilíssimas, onde estão localizados de boa fé, mais de cento e vinte mil pessoas, sendo 90% desses, pequenos produtores. A possibilidade de cômputo das áreas de preservação permanente (APPs) no percentual de reserva legal irá corrigir uma situação esdrúxula imposta pelo atual Código Florestal que é a de inexistência de área passível de produção em milhares de pro-

Muni Lourenço Silva Júnior

Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas

priedades rurais em nossa região.

É chegada a hora de se atualizar o

Importante destacar que no debate dessa questão estratégica para o Brasil, qual

Código Florestal, uma lei que data

seja o novo Código Florestal, alguns equívocos têm ocorrido na interpretação da

de 1965, período em que vivíamos

proposta de atualização, o primeiro deles se refere à cogitação de uma anistia a

sob um regime de exceção e

crimes ambientais, o que não está previsto no texto aprovado de forma maiúscula

éramos importadores de alimentos,

pela Câmara dos Deputados, isso porque anistia é o perdão sem condicionantes, sendo que na sistemática do novo Código Florestal somente haverá conversão de multas em serviços ambientais, caso o produtor autuado até 22 de julho de 2008 fi rme um Programa de Recuperação Ambiental com o órgão ambiental e cumpra

sendo que hoje vivemos em uma Nação que se revela cada dia mais uma potência mundial na produção

tal compromisso na integralidade, repondo assim o passivo ambiental anterior-

de alimentos, por isso, natural a

mente existente. Outra inverdade ardilosamente alardeada por alguns é que o

necessidade dessa atualização

novo Código Florestal propiciará o aumento do desmatamento, pois o texto apro-

legislativa diante da dinâmica do

vado na Câmara dos Deputados mantém todos os percentuais de reserva legal,

cotidiano e diríamos imprescindível

inclusive o de 80% na Amazônia e não permite retirada de vegetação em áreas de

porque o Código Florestal com

preservação permanente (APPs) para novas atividades.

vários de seus dispositivos em

Por tudo isso, estamos convencidos de que a provação do novo Código Florestal

descompasso com a realidade

representará uma conquista democrática para a sociedade e para o povo brasilei-

social, econômica e ambiental

ro, estabelecendo-se um contemporâneo marco legal pautado pelo equilíbrio e a

colocou na ilegalidade mais de 90%

conciliação entre a produção e a preservação.

dos produtores rurais brasileiros.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 47


Ovinocultura REPORTAGEM: Diárcara Ribeiro FOTOS: JJ Soares e Euzivaldo Queiroz

OVINOS DO AMAZONAS COM

[

]

AMAZÔNIA OVINOS POSSUI UM REBANHO COM ALTA TECNOLOGIA EM GENÉTICA, OS ANIMAIS SÃO CAMPEÕES EM FEIRAS NACIONAIS

» Ovinos da raça Dorper, na área de pastagem que é dividida em vários piquetes. Entre as vantagens do pasto rotacionado está o melhor aproveitamento da forragem produzida, devido à uniformidade

48 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


“Produzir aqui na região, algo diferente para o setor de alimentação. Pensamos em criar ovinos, depois da pesquisa de mercado, percebemos que o brasileiro importa mais de 60 por cento da carne consumida aqui no país. O mercado era promissor para a região”. Produtor Valdemar Vivian (Alemão)

» Empresário Demilço Valdemar Vivian (Alemão) e a esposa Afonsina Vivian, com animal premiado de alta linhagem genética

A ovinocultura, criação de ovinos e caprinos, é uma ativida-

zamento industrial para carne e os elites usamos para par-

de milenar presente em várias civilizações. Com o passar

ticipar em pista, e feiras”, afirma.

dos anos a tecnologia permitiu que os criadores pudessem melhorar a qualidade genética dos animais, consequentemente aumentando a produção. Para dar apoio aos criadores da região foi criada em 2005

Para obter um rebanho de qualidade, a Amazônia Ovinos realiza o melhoramento genético do rebanho. A fazenda possui animais Puro Sangue, certificados, alguns vindos de outros continentes como da África.

a Associação de Criadores de Ovinos e Caprinos do Estado do Amazonas (Acocam). De acordo com o presidente Camilo Morato Neto, os produtores estão investindo cada vez mais no melhoramento genético dos animais, e trabalhando para que a produção de carne aumente.

» AMAZÔNIA OVINOS Entre os produtores de ovinos e caprinos do Estado, se destaca a empresa Amazônia Ovinos, criada em 2008 sob o comando do empresário Demilço Valdemar Vivian, mais conhecido por Alemão.

que é algo diferente para o setor de alimentação, depois da pesquisa de mercado, percebemos que o brasileiro importa mais de 60% da carne consumida aqui no país. O mercado era promissor para a região”, comenta Alemão. A propriedade fica localizada na Rodovia AM-010, Km 44, com 330 hectares. O rebanho é formado pelas melhores linhagens ovinas. Atualmente com 940 matrizes para a produção de carne e 190 animais PO (puros de origem), das raças Dorper e Santa Inês. “Usamos os animais de cru-

INFORMAÇÃO

“Pensamos em criar ovinos. Produzir aqui na região, por-

940 190 R$17 330

matrizes para produção de carne

animais de referência Puro Sangue é a média do quilo da carne

hectares é a extensão da fazenda

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 49


» O empresário pousa com orgulho com ovinos que participaram do Concurso da II Expovicam

» AUMENTO DA CADEIA PRODUTIVA DE OVINOS NO INTERIOR Denominado “Programa de Expansão e Melhoria do Reba-

dar o animal, técnicos também acompanham o tra-

nho de Ovinos de Maués”, o projeto é uma parceria entre

balho”, afirma.

a Amazônia Ovinos, Governo do Estado e iniciativa privada.

Hoje cerca de 170 famílias fazem parte do projeto. Segun-

Juntos estão ajudando os pequenos produtores rurais na

do o secretário de Produção Rural de Maués, Luiz Antônio,

criação de ovinos.

inicialmente o rebanho girava em torno de 1.300 animais, o

As famílias recebem cerca de 10 matrizes e um re-

que já se percebe uma evolução. “No primeiro momento do

produtor, tendo prazo de 18 meses para mostrar

projeto foram doados às famílias, animais de raça não defi -

resultados. Segundo Demilço Vivian, “a ideia é fazer

nida, na fase seguinte melhoramos o rebanho com animais

com que essas produções abasteçam o mercado da

de Pura Origem, como a raça Santa Inês”, avalia. Hoje o re-

cidade, gerando renda para o produtor, mas não é só

banho gira em torno de 3.500 animais.

50 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


wega

O melhor da Amazônia Diretamente de Carauari para a sua mesa Açaí Tupã é mais sabor, energia e qualidade. A mais pura polpa de açaí pronta para consumir em sachês de 1kilo ou em garrafas de 1litro.

FLORESTA JULHO/AGOSTO DE 2011

((( 51


Mercado REPORTAGEM: Diárcara Ribeiro FOTOS: Divulgação Faea

AGRICULTURA E PECUÁRIA

EM PLENO CRESCIMENTO

[

AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO ESTÃO RECEBENDO APOIO TÉCNICO DA FAEA E DO SENAR, COM O OBJETIVO DE FORTALECER AS ATIVIDADES RURAIS

Amazonas possui 270 mil pessoas ligadas a atividades

]

categoria. “Estabelecer um protagonismo maior da nossa

econômicas no setor rural, 120 delas em áreas de várzea.

classe, junto à sociedade, e que as políticas públicas possam

Para desenvolver ainda mais esse mercado, os produtores

atender aos anseios e a demanda do segmento agropecuá-

podem contar com o apoio fundamental da Federação da

rio. Como também ampliar a rede sindical, com uma estru-

Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas – Faea e do

tura de informatização. Temos a expectativa de fomentar

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar/AM.

fortemente a educação para a área rural, utilizando o Senar,

"Na liderança da Federação, que conta com 3.500 associados, Munir Lourenço Silva Junior, 40, formado em Administração de Empresas e Direito. Ele também faz parte do sistema Faea/Senar desde 1994, e é vice-presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA. Já ocupou o cargo de Superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar/AM. Com a postura de um jovem comandante, quer ajudar os produtores em suas atividades. As diretrizes para o mandato do quadriênio 2011/2015, estão voltadas para aumentar e fortalecer a produção e a

52 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

em defesa dos produtores rurais", afirma o presidente.

» DESAFIOS Para conciliar o aumento da produção de alimentos e a preservação ambiental, o presidente da Faea, destaca alguns desafios. “É preciso expandir a agricultura e a pecuária no Estado, sem haver a agressão ao meio ambiente de forma sustentável”, avalia. Outro desafio é a regularização da terra. “É necessário uma aceleração urgente de programas tanto federal e estadual, para que esse problema seja definitivamente equacionado.” conclui Muni Lourenço.


» PROJETO DE SUCESSO NO BRASIL É IMPLANTADO NO ESTADO O projeto “Balde Cheio”, pretende aumentar a produtividade leiteira no Estado, funciona na intensificação tecnológica da produção de leite, dentro de padrões sanitários e de qualidade, que elevam a renda de uma propriedade de leite de R$ 450 por mês para R$ 5 mil. O Programa iniciou em setembro de 2010, durante o 10º Seminário de Desenvolvimento Agropecuário da Amazônia Ocidental.

ano, 14 pecuaristas já foram ao Maranhão conhecer In loco as propriedades, que tem o “Balde Cheio” implantado. “O projeto tem como gancho implementar a inseminação artificial, melhoramento genético, implementação da irrigação das pastagens, o pastejo rotacionado, para aumentar a renda da propriedade leiteira”, ressalta.

» INCLUSÃO DIGITAL PARA PRODUTORES Com as necessidades do dia a dia, algumas ferramentas são fundamentais, é o caso da Internet. Os produtores

No município de Autazes, que é um dos maiores produtores

rurais também vão usufruir dessa ferramenta de trabalho

de leite, a produção chega a 9,5 milhões de litros de leite ao

através do programa “Inclusão Digital”.

» Faea conta com 3.500 associados que desenvolvem atividades no setor rural

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 53


O programa ensina os produtores a edição de texto, planilhas eletrônicas e a Internet para abrir e-mails e navegar em sites especializados. Segundo o presidente Muni Lourenço essa é mais uma forma de integrar o homem do campo.

Parintins (a 390 Km de Manaus) foi o primeiro município

“Vamos ser a primeira Federação do Brasil a ter uma rede

benefi ciado pelo projeto, com 600 produtores rurais, que

de sindicatos com inclusão digital rural, com salas possibi-

funciona no Centro Digital, localizado na Sede do Sindica-

litando aos produtores acesso a Internet gratuitamente,

to Rural Patronal.

levando a inclusão digital até as comunidades rurais.”

CARTÃO DO PRODUTOR PERMITE DESCONTOS ESPECIAIS Lançado em 2010, o Cartão do Produtor desenvolvido pela Faea e Senar/AM, permite que o produtor o utilize em toda rede de estabelecimentos credenciados, sinalizados por adesivos ou banners, que contenha a logo do cartão. Mais de 80 estabelecimentos comerciais já aderiram ao sistema, na capital e no interior. “Fomos o segundo estado brasileiro a implantar. É uma grande rede de fi delização que está oferecendo preços especiais, para que os nossos associados possam disfrutar de vantagens. Para aderir ao cartão, o produtor deve estar em dia com a contribuição sindical e com o Imposto Territorial

» Produtores recebem orientações de técnicos, além de contole de pragas que atinge o setor

Rural (ITR) regularizado”, diz Muni Lourenço.

» SUPERINTENDENTE AÉCIO FLÁVIO FERREIRA DA SILVA FILHO

social, onde ele vai atender com capa-

O Superintende do Serviço Nacional de Aprendizagem Ru-

e consequentemente uma

ral – Senar/AM, Aécio Flávio Ferreira da Silva Filho, 35, for-

melhor renda. Temos pro-

mado em Administração, possui MBA em Empresas e Ne-

gramas especiais dentro

gócios, Mestrado em Portugal, em Gestão de Empresas.

da linha de empreende-

Aécio Filho destaca o papel do Senar/AM, em capacitar os produtores na região, ajudando a formar pessoas capacitadas no setor. “Hoje o Senar além de seu portifólio de cursos de formação profi ssional rural e promoção

54 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

citação técnica o produtor, ajuda a ter uma boa produtividade

dorismo”, avalia.


Wega

Maués tem energia, juventude e produção rural Capital do guaraná e dona das praias mais bonitas do Amazonas, a cidade de Maués é referência nacional em qualidade genética do fruto da juventude. Agora, além das belezas naturais e da energia do guaraná, a cidade se destaca pela força de sua cadeia produtiva no interior, através da política de valorização do homem da floresta com sustentabilidade.

www.maues.am.gov.br FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011 | 55


Desmatamento REPORTAGEM: Diárcara Ribeiro FOTOS: Oberti Pimentel/Revista Novo Ambiente

PRESERVAÇÃO DAS PROPRIEDADES RURAIS

[

O CADASTRO COMEÇA A SER IMPLANTADO NOS MUNICÍPIOS DO SUL DO AMAZONAS DEVIDO ÀS ÁREAS DEGRADADAS NA REGIÃO

» Secretários Estaduais da Amazônia em Cuiabá discutindo serviços ambientais durante Fórum

56 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

]


»» preservação O Amazonas está entre os nove Estados da Amazônia

claratório do proprietário ou possuidor dos imóveis rurais por meio de preenchimento de formulário e assinatura de Termo de Compromisso e Adesão junto ao órgão ambien-

legal mais preservado, são eles Acre, Amapá, Mato Grosso,

tal estadual, no caso: o Instituto de Proteção Ambiental do

Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão.

Amazonas (Ipaam).

A preocupação se volta para as áreas com maior pressão

»» segunda fase

do desmatamento, onde se localiza o sul do Estado do Amazonas e entorno de Manaus (Região Metropolitana).

A segunda fase confere a manutenção, recuperação e re-

Foi sancionada pelo Governo do Estado do Amazonas a

gularização de Área de Preservação Permanente, Reservas

Lei 3.635 em 6 de julho de 2011, a qual cria o Programa de

Legais e Áreas Degradadas. Consiste em apresentação da

Regularização Ambiental dos Imóveis Rurais do Estado do

planta de caracterização do imóvel e do Plano de Recupe-

Amazonas e estabelece o Cadastro Ambiental Rural (CAR),

ração de Área Degradada ou Proposta Simplificada de Re-

mais uma ferramenta de preservação.

cuperação para Propriedades da Agricultura Familiar. Na

Os beneficiados com o CAR são os produtores rurais, que segundo a Secretária de Estado do Meio Ambiente e De-

terceira fase o Licenciamento Ambiental das Propriedades Produtivas realizadas nos Imóveis.

senvolvimento Sustentável, Nádia Cristina d`Avila Ferreira,

Os municípios onde já está sendo implantado o Cadastro

"O Programa tem como objetivo promover a regulariza-

Ambiental Rural são Apuí, Lábrea, Boca do Acre e Manico-

ção ambiental das propriedades e posses rurais do Estado

ré. No total já foram 454 adesões. O proprietário ou pos-

do Amazonas estabelecendo o CAR como um instrumento

suidor do imóvel rural de tamanho acima de quatro módu-

de monitoramento, controle e planejamento da proprie-

los rurais terá o prazo de um ano para fazer a adesão ao

dade. O CAR não é um certificado federal e nem configura

Programa e aqueles de tamanho igual ou inferior a quatro

licenciamento ambiental. Não autoriza a realização de ati-

módulos rurais terão o prazo de dois anos.

vidades econômicas no imóvel rural, nem autoriza exploração florestal ou supressão vegetal", afirma. O programa possui três fases, as quais dão total segurança jurídica ao proprietário rural na Regularização Ambiental do Imóvel Rural. De acordo com a secretária Nádia Ferreira, são elas: Adesão ao Programa CAR, consiste em ato de-

»» No município de Apuí, durante assinatura do pacto pelo Desmatamento Ilegal Zero

»» Ação no Conjunto Cidadão, em Manaus, incentivando a arborização da cidade, durante a semana de meio ambiente

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 57


Desmatamento

» CONTRARIANDO AS ESTATÍSTICAS Este ano os municípios do interior do Estado, Humaitá, Canutama e Maués apresentaram maiores índices de incremento de desmatamento, de acordo com os dados divulgados pelo Inpe em junho deste ano. Já os municípios que apresentaram redução nas taxas de desmatamento são: Apuí, Lábrea, Manicoré, Novo Aripuanã, Pauini e Eirunepé.

» A BAIANA QUE ADOTOU O AMAZONAS Natural de Feira de Santana, na Bahia, Nádia Cristina d‘Avila é casada e mãe de dois filhos. Formou-se em Bacharel em Ciências Biológicas pela Fundação Técnico Educacional Souza Marques, no Rio de Janeiro. É secretária de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento

No mês junho de 2010 o sistema indicou 24,36 Km2 de

Sustentável. Veio para Manaus em 1985, onde cursou

desmatamento em todo o Amazonas, contra 41,68 Km2

Mestrado em Biologia de Água Doce e Pesca Interior no

no mesmo período em 2011, o que representa, segundo

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Fez

a secretária, um incremento de 90% quando comparado

pós-graduação em Gestão pela Qualidade Total, pelo Ins-

os períodos analisados. "É possível que as discussões do

tituto Euvaldo Lodi (CNI/Ufam).

código florestal estimularam o incremento das taxas de

Funcionária pública federal concursada, com atuação no

desmatamento. Outros fatores incluem a especulação

Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do

imobiliária, o aumento do preço das commodities e o alto

Amazonas (Ifam), desde 1989 vem atuando em ativida-

nível de degradação dos solos em outros estados, o que

des como diretora de Relações Empresariais e Comuni-

empurra o desmatamento para novas áreas, e isso inclui o

tárias; na articulação institucional com setores das esfe-

Amazonas", informa.

ras Federal, Estadual e Municipal; sindicatos patronais e de trabalhadores, e com empresas do PIM.

» CONFIRA A LISTA MUNICÍPIO Humaitá Canutama Maués Apui Lábrea Manicoré Novo Aripuanã Boca do Acre Pauini Eirunepé TOTAL VARIAÇÃO

ÁREA (KM2) JUN 2010 1,28 0,35 0,69 6,58 5,14 5,88 1,81 0 2,22 0,41 24,36

Exerce as presidências do Conselho Estadual do Meio ÁREA (KM2) JUN 2011 11,31 8,47 6,65 4,3 4,22 3,77 1,79 1,18 0 0 41,69 71,1%

Fonte: Inpe, junho/11

58 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

Ambiente do Amazonas (Cemaam); Conselho Estadual de Reserva da Biosfera da Amazônia Central (Cerbac); Conselho de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais do Estado do Amazonas (CDSPCT/AM); Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental do Estado do Amazonas (Ciea); e do Fórum Estadual de Mudanças Climáticas (Famc).


O CÓDIGO FLORESTAL E O INTERESSE NACIONAL A polêmica sobre o Código Florestal gerou um debate importante na sociedade brasileira: que futuro queremos para nossas fl orestas? Entretanto, o debate deixou como legado uma confusão conceitual. Não vou analisar aqui os detalhes do texto enviado ao Senado, mas sim uma das premissas usadas na sua elaboração. Trata-se da relação entre fl orestas e o interesse nacional. O calor do debate na Câmara forçou o desenvolvimento de uma tese equivocada. A defesa do meio ambiente foi tratada como se fosse uma agenda internacional, imposta por interesses comerciais camufl ados e trazida ao Brasil através de ONGs alienígenas. A realidade, entretanto é um pouco diferente do que a retórica política mais superfi cial sugere. Se por um lado existem instituições ambientalistas com atuação global, existem também grandes multinacionais do agronegócio como a Monsanto ou Cargil. Seria ingênuo supor que os interesses das multinacionais do agronegócio são equivalentes ao interesse nacional, a erradicação da fome, da miséria etc. Trata-se de um segmento econômico que movimenta mais de dezenas de bilhões de dólares por ano e os principais fornecedores de insumos são multinacionais (tratores, sementes, adubos, pesticidas etc). Esse argumento do "nós" contra "eles" foi importante para construir uma retórica política vitoriosa: foram 410 votos a favor e 63 votos contra a versão do Código proposta pelo relator. Um placar oposto ao que pensa a sociedade brasileira: numa pesquisa feita pelo Datafolha, cerca de 80% da população não aprova as

Virgílio Viana Superintendente Geral da Fundação Amazonas Sustentável – FAS

mudanças no Código Florestal. 85% consideram mais importante priorizar a pro-

A saída para o embate acerca do Código

teção de fl orestas e rios, ainda que isso penalizasse a agricultura. Apenas 15% con-

Florestal começa por rever as premissas

sideraram mais importante priorizar a produção agrícola, ainda que com efeitos

que embasam o raciocínio. O importante

ambientais negativos. Cabe ao Senado recuperar a sintonia com o sentimento da

é termos claro que a manutenção e recu-

população brasileira.

peração das fl orestas é do interesse na-

A retórica anti-ambiental usada no debate do Código Florestal é velha e ultrapassada. É necessário ler os recentes estudos sobre o valor econômico dos serviços ambientais. Uma fl oresta na nascente de um rio não é uma "área perdida" que atende aos interesses internacionais. Ao contrário: estas fl orestas prestam um serviço importante para abastecer de água mais de 70% das cidades brasileiras.

cional. O principal desafi o não é discutir a largura das matas ciliares ou o percentual de reserva legal. A principal resposta que esperamos do Código Florestal são os instrumentos econômicos capazes de fazer com que os produtores rurais, índios

Os brasileiros que estão rio abaixo também desfrutam das águas dos rios para irri-

e populações tradicionais sejam recom-

gar suas lavouras e funcionar suas fábricas. O mesmo ocorre com as fl orestas nas

pensados pelos serviços ambientais pro-

margens dos rios: elas são essenciais para regularizar sua vazão ao longo do ano.

vidos por suas fl orestas: estabilidade do

Isso é essencial para gerar energia hidroelétrica para mais de 70% dos brasileiros.

regime de chuvas, conservação da biodi-

As fl orestas da Amazônia são essenciais para manter o regime de chuvas em todo

versidade, sequestro e armazenamento

o Brasil. Manter essas fl orestas de pé não é, portanto, uma agenda internacional

de carbono etc. Os instrumentos econô-

como alguns poucos defendem.

micos representam o principal desafi o e o maior equivoco da atual proposta de Código Florestal. Esperamos que o Senado corrija esse equívoco.




Programas

» A liderança feminina na produção rural tem sido fundamental no Estado do Amazonas

REPORTAGEM: Ana Paula Sena e Lemmos Ribeiro FOTOS: Divulgação

PRODUÇÃO PRIMÁRIA É UM MERCADO LUCRATIVO

[

]

COM BASE NO DESENVOLVIMENTO, FORAM CRIADOS PELA ADS PROGRAMAS DE APOIO QUE INCENTIVAM O SETOR PRIMÁRIO NO AMAZONAS

Com a responsabilidade de comercialização, a Agência de

negócio rentável’’, é o que afirma o presidente da ADS, Val-

Desenvolvimento Sustentável – ADS por meio dos seus pro-

delino Cavalcante.

gramas beneficia pequenos, médios e grandes produtores rurais, pescadores, aquicultores, indústrias de processamento de pescado, hortifrutigranjeiros, moveleiros e agroindústrias buscando desenvolvimento econômico social.

O resultado disso é o aumento da produção viabilizada pela ADS, que com a sustentabilidade ambiental melhora as condições de vida de homens e mulheres do interior do Estado do Amazonas. Agregando valores que, por sua vez, resultam

‘‘Tirar o produtor de uma atividade de subsistência para ser

na geração de emprego e renda, além de promover a inclu-

um produtor rural, e ter sua produção primária como um

são social e a economia da população rural.

62 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


» Presidente da ADS, Valdelino Cavalcante, em visita com o governador Omar Aziz, na usina de beneficiamento Borracha da Floresta em Iranduba

Com base neste desenvolvimento, foram criados programas de apoio que incentivam o setor primário, respeitando a peculiaridade de cada região e gerando um reflexo de resul-

» PROGRAMA DE REGIONALIZAÇÃO DA MERENDA ESCOLAR – PREME

tados expressivos na qualidade de produtos e produtores.

Substituição de gêneros alimentícios importados por

» PROGRAMA DE SUBVENÇÃO ECONÔMICA DA BORRACHA

produtos regionais, contribuindo para a interiorização do desenvolvimento e o resgate de hábitos alimentares saudáveis. Atualmente, o cardápio da merenda escolar das

O Governo do Estado, além de intensificar o investimento

escolas estaduais do Amazonas é composto por aproxima-

para desenvolver a atividade, aumentou o valor pago no

damente 80 itens, dos quais 46 são itens regionais, adqui-

subsídio para os seringueiros, o que possibilitou o cresci-

ridos diretamente de produtores amazonenses.

mento e o resgate da cultura da borracha. O valor do subsí-

» PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS – PAA

dio é de R$ 0,70 adicional ao valor praticado ao quilo da borracha que varia entre R$ 1,20 a R$ 1,50. Para a safra 2011,

Em parceria com a Superintendência Regional da Compa-

Cavalcante fala sobre o aumento de R$ 0,70 para R$ 1,00.

nhia Nacional de Abastecimento – CONAB. É a compra

‘‘Não estamos apenas comprando e vendendo borracha,

direta da agricultura familiar, compra antecipada especial

mas sim praticando uma política pública e o desenvolvimen-

da agricultura familiar, com doação simultânea e Compra

to econômico, onde se tem a garantia da sustentabilidade

antecipada especial da agricultura familiar. A Conab tam-

social como destaque’’.

bém operacionaliza o valor de subvenção a nível federal.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 63


Programas Foto: Ricardo Oliveira

» CASTANHA DO BRASIL O Amazonas é o maior produtor de castanha-do-Brasil. Com

Foto:JJ Soares

» INCENTIVO À PRODUÇÃO DA FIBRA DE JUTA E MALVA

o Programa de Boas Práticas de Manejo da Castanha, criado

Os produtores ligados à produção de fibras de juta e malva

no Governo do Estado e disseminado nos municípios, os pe-

recebem do Estado todo o apoio capaz de alavancar essa ati-

quenos produtores estão conseguindo manter suas safras li-

vidade, que figura dentre as mais importantes do meio rural,

vres da contaminação que vinha atingindo as safras da casta-

levando-se em conta os aspectos econômicos, sociais e, ain-

nha no Brasil inteiro, prejudicando a exportação do produto.

da, um fator não menos importante para a nossa região que

» ÓLEOS VEGETAIS

é o equilíbrio ambiental.

A partir do Governo do Estado, os óleos vegetais passaram

» FEIRAS INSTITUCIONAIS

a ser fonte de trabalho sustentável e geradores de renda.

Com a política de garantia de um preço justo ao produtor

» APOIO AO DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DA PESCA E AQUICULTURA

rural e qualidade na venda de produtos hortifrutigranjeiros, a ADS contribui para o desenvolvimento econômico do Estado do Amazonas. Quebrando a cadeia de intermediação,

Agência desenvolve esforços para o escoamento e a comer-

entre o atravessador e o consumidor final, fazendo com ele

cialização do produto denominado Tambaqui Curumim. A

venda a um preço justo e o consumidor pague um preço

partir de ensaios realizados, foram definidos produtos que

acessível.

atendem à demanda de segmentos de mercado, direcionada às refeições industrial e comercial, podendo ainda ser canalizado para os restaurantes populares e mercados institucionais, como a merenda escolar.

64 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

"Queremos gerar potencialidade nos produtos extrativos do Estado, nas riquezas naturais e, na prática, transformar esses produtos oferecendo oportunidades, empregos e renda para homens e mulheres do interior do Amazonas’’.



Feiras REPORTAGEM: Lemmos Ribeiro FOTOS: Divulgação

[

AS FEIRAS ELIMINARAM A FIGURA DO ATRAVESSADOR GERANDO MAIS RENDA PARA OS PRODUTORES. ELAS BENEFICIAM O CONSUMIDOR FINAL COM PREÇOS BAIXOS

Uma nova maneira de comercialização de produtos hortifrutigranjeiros está atraindo novos consumidores em Manaus. Através das feiras da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS) os produtos chegam diretamente aos compradores sem a necessidade do atravessador para tal, gerando assim, uma nova alternativa para os produtores rurais do Amazonas.

66 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

]


As feiras iniciaram em 2008, por meio de uma parceria da ADS com o Centro de Instrução de Guerra da Selva (Cigs) e Governo do Estado do Amazonas, com o objetivo principal de dispensar a figura do intermediário, que é fator responsável pelo preço elevado dos produtos nas feiras e supermercados, com isso, barateando os custos e levando a mercadoria dos produtores rurais direto para o comprador. A feira acontece no Cigs, quinzenalmente e tem mais de 80 produtores entre artesãos, associações, cooperativas e agricultores. A feira foi um sucesso tão grande, que outras instituições

» Os produtos mais vendidos em todas as feiras são os hortifrutigranjeiros

começaram a se interessar pelo projeto, e através de parcerias com a ADS, hoje acontecem outras duas feiras: a do Comando Geral da Polícia Militar, no bairro Petrópolis, e em paralelo, a feira no estacionamento do frigorífico Vitello, na Cidade Nova. Segundo a produtora de laranjas Zivanilda Marinho, 52, da comunidade Costa do Laranjal em Manacapuru, ‘‘O preço é mais barato porque o produto é trazido direto do sítio, assim, sinto o meu trabalho mais valorizado. Mesmo saindo pela madrugada da comunidade, pegar balsa e chegar à feira logo cedo, vale a pena todo o sacrifício, consigo vender tudo o que trago’’, afirmou. O Feirão atrai aproximadamente 28 mil pessoas a cada mês e mobiliza 210 produtores cadastrados em forma de rodízio. Os produtos comercializados são: cheiro verde, pimentão, pimenta de cheiro, alface, chicória, tomate, repolho, couve, rúcula, cebolinha, coentro, jambú, mandioca, beterraba, abobora, mangarataia, abacaxi, laranja, limão, maracujá, mamão, melancia, frutas regionais

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 67


Feiras » REALIZAÇÃO DE OFICINA DURANTE AS FEIRAS Os visitantes das feiras de produtos regionais podem participar, gratuitamente, da oficina de extração de espinha de peixe. A cada feira, 30 pessoas passam pela oficina promovida pela ADS. A industriária Maria do Carmo, 39, disse que ‘‘além de comprar produtos com baixo custo", teve a oportunidade de aprender na oficina técnicas que serão repassadas aos seus familiares. A técnica de extração de espinha pode ser aplicada em 99% das espécies, como o matrinchã, tambaqui, curimatã e a sardinha. da época. A feira também disponibiliza espaço para venda de mel, balas, castanha do Amazonas, biscoitos, artesanatos em geral e cosméticos. De acordo com o Gerente de comercialização e eventos da ADS Pedro Biondo: "entre todos os produtos consumidos, os campeões de vendas são as hortaliças em geral. Todos os produtos são vendidos por um preço bem abaixo do mercado municipal e os supermercados da capital’’. A consumidora Rosimere Oliveira, 37, conta que "o que é vendido no supermercado é muito caro, principalmente as frutas e verduras. Prefiro esperar o dia das feiras para abastecer minha geladeira, do que comprar nos supermercados com o preço elevado’’, conclui.

» Feira de produtos regionais no estacionamento do Frigorífico Vitello, na Cidade Nova

As associações, cooperativas, comunidades e pessoas individuais que trabalham com agricultura familiar que participam das feiras vêm dos municípios que estão no entorno de Manaus, segundo Biondo não existe barreira para o produtor rural e sim produção para atender a demanda. “A ADS apoia os produtores, fornecendo a infra-estrutura e disponibilizando pesquisa para que os preços dos produtos atendam o mercado consumidor”, disse. Quanto aos projetos de expansão a ADS planeja outras feiras em outras localizações e ressalta a importância das parcerias para que elas possam ser executadas.

» A oficina de técnica de extração de espinha de peixe é oferecida gratuitamente

68 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


Fomento REPORTAGEM: Diárcara Ribeiro FOTOS: Divulgação Afeam

LINHAS DE CRÉDITOS REALIZANDO SONHOS

[

EMPREENDEDORES DO INTERIOR E DA CAPITAL DO ESTADO PODEM CONTAR COM APOIO FINANCEIRO DA AFEAM

]

» As linhas de créditos oferecidas pela Afeam abrangem o comércio, serviço, indústria e produção agrícola

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 69


[

Fomento

“Devido a singularidade do Estado, a Afeam mais importante é a que mantém as ocupações no interior, que geram empregos, enfim, que faz com que o caboclo continue lá, produzindo resultados locais”. Presidente da Afeam, Pedro Falabella

É na Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam) que o micro empresário encontra alternativas para manter

» A meta de 15 mil operações de crédito para 2011 é um desafio para a agencia

ou investir no próprio negócio. Os financiamentos que a agência possui, vêm contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico na capital e no interior do Amazonas, onde mantém maior expressividade.

“Devido à singularidade do Estado, a Afeam mais importante é a que mantém as ocupações no interior que gera

De acordo com o presidente da Afeam, Pedro Falabella, a

emprego, em fim, que faz com que o caboclo continue lá,

Agência tem por objetivo como instituição financeira de

trazendo resultado social”, argumenta Pedro Falabella.

desenvolvimento, gerar emprego e renda, fazendo o social. Os bancos vão ser avaliados pelo lucro, mas uma agência de fomento vai ser julgada pelos empregos gerados e os custos diferenciados. “Temos que ajudar as pessoas que realmente precisam, e, que, muitas vezes, estão no limite das suas ga-

Todos os municípios que compõem o Amazonas são atendidos pela Afeam, através de ações itinerantes e pelo escritório em Manacapuru, brevemente também será inaugurado um posto no município de Parintins.

rantias”, ressalta.

» EMPREGO E RENDA

No ano de 2010 foram realizadas 16,348 mil operações de

Valorizar a cultura do homem amazônico, realizando uma

crédito, em um valor total de 154,4 milhões de reais empre-

retomada à origem de sucesso, no que diz respeito ao ex-

gados. O que representou 48.528 ocupações.

trativismo do século passado, com a extração do açaí, da

Em 2011 a meta é superar 15 mil operações de crédito. Segundo Pedro Falabella, ouve uma diminuição na procura, principalmente, no setor primário, o que provavelmente está ligado à facilidade de crédito, à falta de planejamento e, consequentemente, a inadimplência. As linhas de crédito oferecidas pela agência abrangem o comércio, serviços, indústria e a produção agrícola, por meio de repasses e recursos próprios. Para o presidente Pedro Falabella, a população se surpreende quando percebe que a Afeam está, além disso, presente em muitos setores, incluindo o PIM e a rede hoteleira.

70 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

borracha, da castanha e a plantação de juta; garantindo a geração e ocupação do ribeirinho, são projetos que já estão gerando lucros. Pedro Falabella diz que o destaque está nas cooperativas e associações. “Ninguém acreditava nessas instituições, elas eram sinônimo de fracasso, porque ninguém às acompanhava. Hoje, até por necessidade dos produtores se organizarem, estão funcionando. Como observamos nas áreas de extração de borracha, açaí, castanha, entre outras. Um exemplo de organização e rentabilidade financeira".


» Todos os municípios do Amazonas são atendidos pela Afeam

» RESGATE DA JUTICULTURA NO AMAZONAS A trajetória da juta no Amazonas se mistura com a tradição da família Guerreiro. As primeiras sementes vieram na década de 30 quando os japoneses chegaram ao baixo Amazonas, trazendo as sementes originárias da Ásia. A Juta (Corchorus capsularis) é uma fibra têxtil vegetal, chegando a alcançar uma altura de 3 a 4 metros e o seu talo tem uma expessura de aproximadamente 20 mm, crescendo em climas úmidos e tropicais, excelente para a região

Dada a importância da produção de juta para o Estado, foi criado o Instituto de Fomento a Produção de Fibras Vegetais da Amazônia – Ifibram. A empresa Brasiljuta, encerrou suas atividades em 1991, devido à marcante presença das sacarias produzidas com polipropileno e ráfia, seus custos de produção são inferiores aos da juta. A empresa de Mário Guerreiro, juntamente com seu filho Mario Nascimento Guerreiro, titular do Grupo MG, fez parceria com o Estado do Amazonas, através da Afeam, o que

amazônica. Essa era mais uma atividade extrativista que nascia.

amazonense passa ter a juta e a malva na pauta de produtos regionais com elevada importância, isso se deve pelo fechamento de muitos seringais. Nascia assim em 1954 a Brasiljuta, inaugurada pelo presidente Getulio Vargas. Quem estava à frente do empreendimento era o empresário Mário Expedito Neves Guerreiro, a empresa chegou a ter o título de maior indústria de fiação e tecelagem de juta das Américas, tornando-se então referência mundial.

15,5 10,9 5,1 915 762

milhões de reais em juta e malva

CADEIA PRODUTIVA

No período dos anos 50 até o início dos anos 90 a economia

milhões de reais em borracha

milhões de reais em açaí mil reais em castanha mil reais em feijão

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 71


Fomento possibilitou o surgimento, em 2008, da Brasjuta, Companhia Brasileira de Fiação e Tercelagem. “Fizemos a primeira parceria com uma Agência de Fomento e um grupo de empresários no Brasil, depois de uma autorização do Banco Central. A fábrica está organizada". De acordo com Falabella, a produção da juta deve chegar esse ano a 12.000 toneladas em fi bras e deverá atingir no ano de 2014, 20.000 toneladas.

» AÇÕES ITINERANTES Para atingir todos os municípios do interior a Afeam realiza ações itinerantes de crédito, injetando recursos na economia do Estado. Esse ano está prevista sete etapas. A primeira etapa já ocorreu na Calha do Juruá, que corresponde os municípios de Guajará, Ipixuna, Envira, Eirunepé, Itamarati, Carauari e Juruá. A segunda etapa aconteceu na Calha do Purús e Parintins no período de 9 a 27 de maio. A Terceira etapa na Calha do Alto Solimões. As próximas etapas irão ocorrer durante o segundo semestre de 2011, que é a quarta etapa na região do Médio Solimões, Japurá e Alto Rio Negro. Quinta

» PERFIL

etapa na região do Madeira e Solimões. Sexta etapa das

O presidente Pedro Falabella, 69, está à frente

ações itinerantes na região do Médio Solimões.

da Afeam há mais de oito anos. Graduado em

O fechamento com a sétima etapa será no mês de outubro na região do Médio e Baixo Amazonas. O calendário das ações é feito pelos técnicos da Agência com o apoio de seus parceiros técnicos.

Economia pela Universidade Federal do Amazonas (1982), em Tecnologia de Processamento de Dados pela Universidade Federal do Pará, (1976). Acumula em seu currículo uma extensa carreira pública, onde foi representante dos prefeitos do Amazonas no Conselho Deliberativo do Instituto de Cooperação Técnica Intermunicipal, 1977/1979. Presidente da Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas – Codeagro, 11/198012/1981. Prefeito do município de Urucará por várias vezes, superintendente regional do Banco da Amazônia – Basa, entre outros cargos no Estado.

72 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


Festa REPORTAGEM: Ana Paula Sena, Diárcara Ribeiro e Lemmos Ribeiro FOTOS: Ricardo Oliveira

JANTAR COMEMORA 100 ANOS DE CARAUARI EM MANAUS » Alfredo Marques da Silveira com a família nos tempos áureos da borracha

tando a história da cidade e da vida de seu avo. Em 1911 ,

à frente do movimento o seu avô colaborou na criação do Município de Xibauá, hoje Carauari, a qual deu origem à lei estadual nº 683, de 27 de setembro de 1911. “Minhas recordações da cidade são da época de infância, da vida

» Zé Pinheiro Alves, 75, ex-prefeito é um tradicional político do município

tranquila, de minha família, das histórias e dos momentos vividos pelo meu avô, que ajudou a fundar Carauari”, fala com saudosismo que a casa sempre estava cheia.

Mais de 100 pessoas participaram do jantar em comemo-

Lembranças de como era Carauari durante a infância foi

ração ao centenário do Município de Carauari no dia 27 de

relembrado pela senhora Maria Mirtes do Nascimento

agosto. O evento aconteceu no restaurante “O Lenhador”,

Jucá, que salientou votos de sucesso e prosperidade para

localizado na Avenida do Turismo em Manaus. Represen-

Carauari.

tantes da cidade, conterrâneos e pessoas que vivenciaram a transformação social e econômica do local, brindaram a data.

Os versos do hino do município foram compostos por George Ferreira Jucá e Armando de Paula, com Melodia de Ivanilde Maria Correa Pereira e que foi interpretado antes

A senhora Maria Alsimar Marques da Silveira Mello, neta

do jantar ser servido. Uma outra música do centenário,

do seringueiro e político de destaque Alfredo Marques da

também foi apresentada. “A composição é inédita

Silveira, trouxe para o jantar “uma relíquia”, documento

intitulada Carauari Manjar dos Céus, fala da história da

com as folhas bem amareladas e gastas pelo tempo. Con-

cidade”, diz George Jucá.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 73


Festa O empresário Francisco das Chagas Rocha, mais conhecido como Chico do Onofre, esteve presente no jantar e destacou o desenvolvimento da cidade. “Temos emprego na cidade, o meu desejo é segurança, saúde e educação para a população”, ressaltou. De acordo com o vice-presidente do Comitê Organizador do Centenário, Helcio Souza, neto de seringalista e fi lho do secretário de Administração, Hélio Souza. “Preparamos o jantar para as pessoas sentirem o gostinho do que vai ser o centenário. Está sendo preparada uma festa muito bonita para comemorar o aniversário da cidade. Desejo anos mais prósperos para o município”, afi rmou. Aos 90 anos e com a alma de criança, Dava Bastos se emociona ao relembra r da infância em Carauari. Hoje com quatro fi lhos, todos carauarienses, ela se orgulha em relatar que mesmo sem recursos conseguiu criar e dar um futuro aos seus frutos. ‘’Me orgulho de tudo o que fi z, foi uma vida de aprendizados que carrego até hoje’’.

Zezinho Corrêa “Com muito orgulho que digo que nasci nessa terra, meu avô era dono do seringal imperatriz, vim de lá com poucos meses, o calor humano e a simpatia é a marca do povo de Carauari, de uma cultura muito boa. Evolução do interior, gente que sonha em crescer e que está vencendo com inteligência, isso é signifi cativo demais. Meus pais de Carauari, meus avós nordestinos, donos de seringais. É um sonho que já tem maturidade com todo esse avanço e progresso”.

74 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


Miberwal Ferreira Jucá “Tenho muito orgulho de ser carauariense, de ter nascido em Carauari, e ter o privilégio de dizer que pude ajudar o meu povo como vice-prefeito, amo minhas origens e tenho orgulho dela”. Waldiza Ferreira Jucá ‘‘Como é bom relembrar tudo que vivi em Carauari, as brincadeiras de roda, as cantigas e os momentos de jogatina na calçada sem ver o tempo passar. O centenário representa uma esperança de desenvolvimento para o povo". Ex-prefeito José Alfredo “O centenário representa uma lembrança dos nossos antepassados, de tudo o que eles fi zeram para a construção do município. Eu sou de uma família tradicional, meu avô foi fundador de Carauari e prefeito por três vezes, e, interventor por uma vez; meu pai foi prefeito por dois mandatos e faleceu no terceiro, eu também fui o prefeito mais jovem de Carauari e, na época, o mais jovem do Brasil, com 26 anos (1969-1973)", disse José Alfredo. Rosa Mendonça de Brito

Escritora da Academia Amazonense de Letras (AAL). “Filha não da cidade, mas do município porque nasci no Paraná da Saudade. No Seringal Moradanova. Cheguei na cidade em 1952, aos 6 anos de idade. Cheguei em uma ‘‘canoa de tolda’’ com meus pais Nila e João Brito e meus irmãos Berenice, Moysés, Roque e Júlio (falecido) - Israel e Selic nasceram depois na cidade.

» Maria Alsimar Marques da Silveira e Waldiza Ferreira Jucá

Cidade pequena com poucas ruas. Parte dela fi cava na terra fi rme e a outra na parte baixa. Na parte alta tinha uma praça e três ruas: a da frente (cujo nome não me recordo), a Floriano Peixoto e a Dom Pedro; na parte baixa, apenas uma rua, o porto onde os navios atracavam e a barreira onde, na época das piracemas, se pescava muitos peixes, até com as mãos, eles pulavam e muitos caiam na terra. Era fantástico ver as águas agitadas com os grandes cardumes subindo o rio!” Marilene Correia

Escritora da Academia Amazonense de Letras (AAL). Quem também se destaca na vida cultural amazonense é a ex-reitora da UEA e, igualmente imortal, da AAL, a professora doutora Marilene Correia, que também é fi lha de Carauari e prestigia a memória dos fi lhos ilustres e anônimos do Juruá.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 75


Centenário REPORTAGEM: Antonio Ximenes FOTOS: Antonio Ximenes e Divulgação

76 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


» Prefeito Chico Costa (de camisa clara, boné e relógio) na companhia de trabalhadores, que atuam no programa "Luz para todos" na zona rural de Carauari

No dia 27 de setembro Carauari completa 100 anos. A

festividades, mas também da retomada da economia local,

cidade, localizada às margens do rio Juruá, chega ao

que gera emprego e renda em larga escala (nos últimos

centenário com uma indústria de pasteurização de açaí,

dois anos foram gerados mais de 2,5 mil empregos diretos

prospecção avançada de petróleo e gás e um novo repo-

nas áreas de gás e petróleo); e mais de dez mil na cadeia

sicionamento na cultura da borracha, com a retomada da

produtiva de alimentos, está o prefeito Chico Costa, que

economia extrativista, depois da instalação de uma mega

exerce o seu segundo mandato administrativo.

fábrica de produção de pneus para motos e bicicletas, no Pólo Industrial de Manaus, a Neotec do Grupo Levorin.

"Me sinto um privilegiado por ser o prefeito no momento da comemoração do centenário da cidade. Organizamos

Com 25.774 habitantes, uma área de 25.767,709 Km2 e de-

uma série de atividades para a grande festa, mas a nossa

tentora de cobiçados recursos minerais, produtos agroex-

maior preocupação é oferecer as condições necessárias

trativistas, serviços ambientais (crédito de carbono) com

para a sociedade ter um desenvolvimento sustentável,

destaque na economia amazonense, a cidade se organi-

econômico, social, humano e ambiental para os próximos

zou para fazer a maior festa de sua história. À frente das

cem anos", disse.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 77


Centenário

» Vice-prefeita de Carauari, Suzy Barros, participa da distribuição de subsídios da borracha em comunidade de seringueiros no rio Juruá

» COMISSÃO

» MANAUS

Com o objetivo de transformar o centenário em algo ines-

Miberwal, por sua vez, disse que ter sido escolhido como

quecível, Chico Costa constituiu uma comissão executiva

o coordenador da comissão do centenário na capital é o

para organizar a festa. Coube à vice-prefeita, Suzy Barros,

reconhecimento de seu trabalho por Carauari. Atuando

a responsabilidade de coordenar os trabalhos para o su-

em organizações governamentais e instituições filantró-

cesso da data histórica. Em Manaus, o prefeito destacou

picas, Miberwal, que já foi vice-prefeito de Carauari, tem

Miberwal Jucá, como coordenador geral do comitê do

se destacado como um dos principais representantes do

centenário na capital. "Me sinto honrada com esta missão

município do Juruá em Manaus."Sempre trabalhei pelo

e sei que com a ajuda de todos os participantes da comis-

engrandecimento da minha terra e, agora, com o centená-

são e da sociedade em geral conseguiremos realizar uma

rio, meu envolvimento será ainda maior".

festa inesquecível", disse Suzy Barros.

78 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


» Prefeito Chico Costa aumentou em mais de dez vezes a produção rural do município, que está festejando seu centenário

» Trabalhadores da área de petróleo e gás, se preparam para embarcar em direção aos poços petrolíferos do município, localizados na floresta

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 79


Fruticultura

[

A POLPA DA AMAZÔNIA MOSTRA SUA FORÇA REPORTAGEM: Diárcara Ribeiro FOTOS: Antonio Ximenes

[

]

A POLPA DA AMAZÔNIA É ALTAMENTE NUTRITIVA E ESTÁ SENDO COMERCIALIZADA NOS MERCADOS NACIONAL E INTERNACIONAL

Coletar o açaí da floresta e entregar na mão do atravessa-

dos produtores, geração de emprego e renda para a nossa

dor deixou de ser uma realidade para as famílias da Calha

região”, destaca o diretor geral Samir Bastos Chagas.

do Juruá, com a Inauguração da Agroindústria Açaí Tupã. Localizada no município de Carauari, Km 3 da estrada Celino de Menezes, a empresa gera trinta e dois empregos diretos, beneficiando cerca de 500 famílias, que, agora, têm lugar certo para entregar o produto. “É a valorização

80 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

Com a capacidade de produção diária de oito toneladas de açaí pasteurizado, a empresa já entregou para o Programa de Regionalização da Merenda Escolar – Preme, 42 toneladas do produto. O investimento para a construção da


» A fruta selecionada é lavada e passa por vários processos de higienização » Crianças filhas de produtores rurais de Carauari

empresa, “A fábrica tem um sistema de choque térmico, que permite um produto final com qualidade e sem a perda dos valores nutricionais da fruta”, ressalta. O Açaí Tupã já está consolidando a marca entre a população, resultado disso é a participação na II Exposição de » Luana e Samir fazem parte da nova geração de empresários do setor

Ovinos e Caprinos Sustentável do Amazonas (Expovicam), “Estivemos presente e a avaliação foi muito positiva”, Luana Jucá relata ainda que a inauguração da loja em Manaus vai ser um espaço aconchegante para toda a família.

fábrica foi orçada em R$ 1,7 milhão, a qual conta com dois

O projeto da Agroindústria foi financiado com recursos do

túneis de congelamento com capacidade de 12 toneladas

Governo do Estado por meio da Agência de Fomento do Es-

e uma câmara com capacidade para 80 toneladas.

tado do Amazonas – Afeam e conta com o apoio técnico do

Visando as necessidades de mercado, a empresa está tra-

IDAM e da Agência de Desenvolvimento Sustentável – ADS.

balhando com outras frutas. De acordo com Samir Bastos Chagas, este ano já foi processado 10 toneladas de Buriti, mas há projetos para outras frutas como a manga e cupuaçu. “Já estamos efetuando o plantio de abacaxi e maracujá, para o ano que vem”, afirma. O Açaí Tupã está entre os produtos alimentares que contêm o selo do Ministério da Agricultura, a empresa está trabalhando para abastecer não só o mercado interno, há estudos para enviar o produto para os Estados Unidos da América (EUA). A diretora comercial Luana do Nascimento Jucá, falou da

» ONDE ENCONTRAR O Açaí Tupã já pode ser encontrado em Manaus na feira do Cigs e na feira do Comando Geral da Policia Militar, bairro Petrópolis. Mas, para os apaixonados pelo fruto, Samir Bastos Chagas revela novidades. “Até o final de outubro vamos inaugurar uma loja para os amantes do açaí. Com um conceito novo, especialmente, para atender os clientes, como açaí com morango e manga, entre outras misturas.

importância da Agroindústria para a região de Carauari, e do processo com alta tecnologia desenvolvido na

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 81


))) Embaixador REPORTAGEM: Diárcara Ribeiro FOTOS: Ricardo Oliveira e Antonio Ximenes

EMBAIXADOR DE

CARAUARI

[

]

O ADMINISTRADOR MIBERWAL JUCÁ TEM SE DESTACADO COMO UM DOS PRINCIPAIS DEFENSORES DA CULTURA DE CARAUARI, AO LONGO DA SUA VIDA POLÍTICA E ADMINISTRATIVA NA CAPITAL DO ESTADO

Goleiro desde menino é apaixonado por futebol, carrega

O olhar brilha, e com palavras mansas recorda da época

nas veias o sangue político. O avô Raimundo Esteves

de infância, dos banhos em igarapés e de amizades que

Ferreira mais conhecido como Sr. Mundico foi seringueiro

perduram até hoje. “Jogar pelada na rua com os amigos,

e seringalista, falecendo aos 104 anos, lúcido. O pai vice-

brincar com pião, brincadeiras com garrafão, porta ban-

prefeito da cidade. Ele veio de uma família tradicional .

deira, onde todos se conheciam. Saudades dos meus ami-

Estamos falando de Miberwal Ferreira Jucá, 60, segundo

gos, Rômulo, Nerton, Cazuza, Gadelha, entre outros que

fi lho de Dona Waldiza Jucá e Miber Jucá, que tiveram oito

mantenho contato ate hoje”, lembra com ternura.

fi lhos. Natural do município de Carauari, distante 788 Km da capital, localizado à margem esquerda do rio Juruá.

82 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO JULHO/AGOSTO DE 2011 DE 2011


Foi na Escola Municipal São José, que Miberwal Jucá se

no interior do estado para o fornecimento das carteiras

alfabetizou. “Lembro-me que ficava nos primeiros luga-

escolares, oriundas de madeira de manejo. São Coopera-

res na turma, disputava com a Rosa Brito que hoje está

tivas e Associações de Moveleiros, muitos do interior do

na Academia Amazonense de Letras. Ganhava sempre

Estado, mais uma forma de ajudar na economia”, afirma

presentes das professoras, recordo com carinho da Íris,

Miberwal Jucá.

Dalva e Daria, que marcaram minha vida.”

De acordo com Miberwal, somente no município de Ca-

Com 12 anos, muda para a capital com toda a família em

rauari existem 7 movelarias, e já foram mais de 20 mil car-

busca de novas oportunidades, os pais queriam dar mais

teiras entregues.

estudo para os filhos. Começou a trabalhar com 14 anos em um banco privado. “Porque um dia jogando futebol na Av. Visconde de Porto Alegre, a bola caiu em uma casa onde fui pegar na marra. Como castigo, minha mãe arrumou um trabalho no banco para mim. Trabalhei como

No Estado, quatorze municípios fornecem carteiras, são eles: Carauari, Manacapuru, Eirunepé, Manicoré, Apuí, Manaus, Parintins Humaitá, Lábrea, Boa Vista do Ramos, Tefé, Borba, Rio Preto da Eva e Itacoatiara.

bancário, como gerente administrativo e fui seguindo

Este ano o programa ajudou 2.500 produtores, em um

carreira no banco. Por esse motivo meu interesse pela

total de recursos aplicados de R$ 3.900.000,00. Foram ad-

administração”, rindo ressalta que até hoje jogo umas

quiridas 40.781 carteiras escolares, 1.000 Kits professores

peladinhas no campo do Biró.

e 6.960 Kits escolares para os alunos.

» RETORNO A CARAUARI

» FAMÍLIA

O retorno a cidade natal foi 18 anos depois. Junto com

Na mesa de trabalho estão as fotos da família. Miberwal

o professor Vladimir Bastos, realizaram um movimento

Ferreira Jucá é casado com Mirtes Jucá, juntos tem três

esportivo. As olimpíadas duravam 1 semana e envolvia a

filhas, Diane Jucá, Luana Jucá e Geórgia Jucá. Os netos

todos. “Fizemos um movimento esportivo chamado de

se chamam Bárbara, Davi e João Miber em homenagem

Olimpíadas de Carauari, eram praticados todos os espor-

ao bisavô.

tes, incluindo jogos regionais como o arco e flecha. As olimpíadas duraram 10 anos seguidos”, diz. Realizou o desejo de ser politico na cidade onde nasceu. “Fui vice-prefeito, no período de 1989 à 1992. Pude fazer um trabalho que me fez uma pessoa bem quista pelas pessoas, me orgulho disso”, afirma.

» PROGRAMAS DA AGÊNCIA Com o curso técnico em Contabilidade e Curso Superior em Administração, possui vasta experiência na área pública. É Diretor de Administração e Finanças da Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS). Participa da Agência desde sua constituição. Suas diretrizes como diretor, estão voltadas, para os objetivos da Agência, em ajudar através dos projetos implantados no interior do Estado fortalecendo o setor primário, e consequentemente ajudando os trabalhadores. Entre os projetos que conta com o apoio da ADS está o Programa de Regionalização de Móveis Escolares – PRO-

» Miberwal Ferreira Jucá e esposa Mirtes

MOVE. “No PROMOVE temos 18 empresas credenciadas

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 83


))) Embaixador

» Waldiza Ferreira Jucá, 84, mãe de Miberwal

» CONHEÇA OS PROGRAMAS DA AGÊNCIA

» MENSAGEM PARA OS 100 ANOS DE CARAUARI “Tenho muito orgulho de ser carauariense, de ter nascido

Programa de Regionalização da Merenda Escolar –

em Carauari, e poder em um determinado período de

Preme

minha vida ter ajudado diretamente o povo como vice-

Programa de Aquisição de Alimentos – PAA

prefeito. Ter revivido com eles a nossa infância, contando

Programa de Fortalecimento da Cadeia Produtiva da

os casos.

Borracha

Hoje sinto alegria de estar em Manaus ocupando a Direto-

Programa de Regionalização de Móveis Escolares –

ria de uma empresa pública do Estado, com a parceria dos

Promove

outros diretores ter carreado alguns programas que estão

Programa de Boas Práticas de Manejo de Castanha

sendo muito importantes para o desenvolvimento do mu-

Óleos Vegetais – Biocosméticos

nicípio.

Incentivo à Produção de Fibras de Juta e Malva

Tenho uma satisfação muito grande de ser carauariense

Apoio ao Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da

e ter possibilitado aos meus conterrâneos, de participar

Pesca e aquicultura

de dois grandes projetos que é o Preme e o Promove, de-

Programa de Abastecimento com Gêneros Alimentí-

senvolvidos pelo Governo do Estado. Incentivar através da

cios Regionais

Afeam e da ADS a retomada da borracha, tão importante para a economia. Tem também a agroindústria de açaí, que é mais uma ajuda aos trabalhadores. Desejo a cidade mais cem anos de vida, de progresso, de esperança. Que os próximos governantes foquem no desenvolvimento, na qualidade de vida do povo de Carauari e busque parcerias com o Governo do Estado, para que tudo isso seja possível de realizar”, diz Miberwal Jucá.

84 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011



Alimentação

REPORTAGEM: Lemmos Ribeiro FOTOS: Divulgação

[

UM CARDÁPIO VARIADO DE PRODUTOS REGIONAIS SERVIDO NAS ESCOLAS DA REDE PÚBLICA DO ESTADO

86 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

]


Picadinho de peixe, farinha de tapioca, banana pacovã, açaí e macaxeira, esses são alguns dos 46 itens da merenda escolar das escolas estaduais do Amazonas.

de mercado e emprego. Para fomento do projeto a Secretaria de Estado de Educação – Seduc formalizou parcerias com a Secretaria de

A substituição de gêneros alimentícios importados por

Produção Rural – Sepror e Agência de Desenvolvimento

produtos regionais é o conceito que rege o programa.

Sustentável – ADS. No Programa de Regionalização da Me-

O projeto experimental iniciou em 2004 no estado

renda Escolar o investimento do Governo é de aproxima-

do Amazonas com oito produtos regionais e quatro

damente, R$ 16 milhões anuais.

municípios fornecedores, hoje conta com 7.150 produtores fornecedores beneficiando cerca de 530 mil alunos da rede pública. Além de mudar o hábito alimentício de crianças e adolescentes, o programa gera renda aos pequenos produtores do interior do Amazonas, contribui para a interiorização e produz benefícios financeiros direto. Proporcionando qualidade de vida, resgate da auto-estima, êxodo urbano e ocupação para as famílias dos produtores com garantia

Produzidos por fornecedores da agricultura familiar, produtores individuais, cooperativas, associações e agroindústrias devidamente credenciados, cada fornecedor abastece segundo a sua capacidade de produção. Os estudantes têm acesso diariamente a um cardápio variado composto por aproximadamente 80 itens, dos quais 46 são regionais, produzidos por fornecedores oriundos de diversos municípios.

» O cardápio é supervisionado por nutricionistas, suprindo a necessidade de crianças e adolescentes

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 87


Alimentação escolar

» Preparo da merenda em escola da rede pública de ensino

Dentre os 46 itens que compõem o cardápio regional, estão: abacaxi, abóbora, açaí, banana in natura, banana pacovã, batata cará, batata doce, castanha do Brasil, charque, cheiro verde, couve, doce de frutas, farinha amarela, farinha branca, farinha de tapioca, feijão de metro, feijão de praia, geleia, laranja, macaxeira, mamão, melancia, ovos, pimenta regional, picadinho de carne, picadinho de peixe, pimentão, polpa de frutas, queijo coalho, tangeri-

O cardápio é supervisionado por nutricionistas, que desenvolvem pratos que possam suprir as necessidades físicas de cada faixa etária. A cada semana são repassados às escolas, produtos diferentes que garantem uma alimentação de qualidade. Podendo ser destacados: o picadinho de peixe, o açaí, a farinha de tapioca e frutas diversas.

88 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

INFORMAÇÃO

na, tomate, dentro outros.

7.050 530 R$16 46

produtores fornecem alimentos

mil alunos são beneficiados milhões são investidos por ano

itens são oferecidos na merenda escolar


» PROGRAMA DE REGIONALIZAÇÃO DE MÓVEIS ESCOLARES – PROMOVE

Lei nº 3.435 de 10 de dezembro de 2009, o Programa de Regionalização dos Móveis Escolares – Promove tem ajudado os artesãos do Estado, comprando móveis escolares como carteiras e Kits. Essa ajuda vem para fortalecer os moveleiros que antes não tinham uma linha de produção em grande escala. As madeiras são extraídas de manejos florestais, técnica que reduz impacto e conservam a mata para uso econômico no futuro. Quatorze municípios fornecem carteiras, são eles: Carauari, Manacapuru, Eirunepé, Manicoré, Apuí, Manaus, Parintins Humaitá, Lábrea, Boa Vista do Ramos, Tefé, Borba, Rio Preto da Eva e Itacoatiara. Este ano o programa ajudou 2.500 produtores, em um total de recursos aplicados de R$ 3,9 milhões. Foram adquiridas 40.781 carteiras escolares, 1.000 Kits professores e 6.960 Kits escolares para os alunos.

» UNIDOS PARA CONFECÇÃO DE MÓVEIS Associação de Moveleiros e Extratores de Madeira de Carauari – Amec conta com 60 associados. O presidente Joel Ferreira da Silva conta que o programa é um incentivo para a cidade. “É muito bom porque gerou uma estabilidade aos trabalhadores”, afirma ressaltando que o município faz parte do Promove desde sua criação. Em 210 a produção fornecida para o Estado foi de 10.000 mil carteiras, este ano a produção é de 6.500. Das nove movelarias associadas do município 4 fornecem as carteiras.

» MOVELARIA DE MANACAPURU A Movelaria São José foi um sonho realizado por José Tenório de Oliveira. Atualmente 20 artesãos trabalham no local fabricando carteira e kits escolar (mesa e cadeira). Esse ano serão entregues ao Estado 5.000 kits e para a prefeitura do município de Manacapuru 1.000 carteiras. O empreendimento fica localizado no Km 01 da estrada de Novo Airão. O proprietário conta com orgulho que depois de entrar para o Programa de Regionalização dos Móveis Escolares – Promove, sentiu segurança em investir nos equipamentos e na compra do terreno, cerca de R$ 70 mil foram empregados, “Para mim é uma grande satisfação, trabalho na atividade desde 1991 e não tinha oportunidade de trabalhar com linha de produção. Com o programa pude impulsionar meu próprio negócio”, diz Tenório. O valor unitário pago por carteira pelo Promove é de R$ 65,00, o kit escolar para o aluno custa R$ 145,00 e o Kit professor custa R$ 240,00. Para o proprietário José Tenório essa iniciativa do Governo do Estado veio para ajudar pessoas como ele, que já trabalha na profissão, só que não tinha oportunidade.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 89


Sebrae

DE OLHO NO FUTURO DO EMPREENDEDOR REPORTAGEM: Diárcara Ribeiro FOTOS: Divulgação

[

SEBRAE CONTA COM DIVERSOS PARCEIROS PARA REALIZAR ATIVIDADES DE FORMAÇÃO NA ÁREA RURAL DO ESTADO

Sessenta e dois municípios e um leque de oportunidades.

]

De acordo com o Superintendente Nelson Rocha, “Cabe

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Em-

ao Sebrae falar de gestão e empreendedorismo; aos

presas – Sebrae/AM, trabalha para que o homem da flo-

parceiros, a assistência técnica e o operacional”. Diante

resta seja um empreendedor. São onze projetos voltados

dos 11 projetos está o da Ovinocaprinocultura em Ma-

para o setor primário que conta com cerca de 2000 tra-

naus, que tem com parceira a Associação de Criadores de

balhadores, incluindo produtores e pecuaristas. O valor

Ovinos e Caprinos do Estado do Amazonas (Acocam). Na

para fomentar as ações desses projetos está orçado em

região de Autazes se encontra o Projeto de Desenvolvi-

R$ 2.700.000,00.

mento do Setor Lácteo, na produção de leite e derivados.

Para atender todas as cidades, o Sebrae realiza ações

A piscicultura (cultivo de peixes) não fica de fora, ajudan-

pontuais, conta com parcerias, entre elas a da Agência de

do a fortalecer no Alto Solimões, alternativas de produ-

Fomento do Estado do Amazonas (Afeam) nas ações Iti-

ção de alimentos de baixo impacto ambiental. O Sebrae

nerantes de crédito. O Call Center 0800 570 0800 é uma

também é parceiro no projeto Cultura do Açaí em Coda-

ferramenta aliada ao permitir que de qualquer lugar do

jás e Anori que utiliza tecnologias por meio do Programa

estado a pessoa possa conhecer mais sobre o Sebrae.

de Alimento Seguro. Está presente também no fortalecimento da Horticultura Orgânica da Região Metropolitana

90 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


de Manaus, que proporciona a produção de hortaliças e fruticultura orgânicas para consumo. Para o Superintendente Nelson Luiz Gomes Vieira da Rocha, as condições básicas de crescimento e desenvolvimento está no conhecimento e no crédito para a viabilização do plano de negócio construído com o aprendizado. “Entendo que crédito sem planejamento e acompanhamento é tão ruim quanto sua inexistência. O conhecimento permite uma visão real da necessidade de recursos para realização de um investimento”, declara.

» COPA DO MUNDO Momento Pré Copa do Mundo de Futebol 2014. A cabeça de quem deseja montar o próprio negócio se perde entre as opções que o mercado oferece. Surgem então os desafios que o empresário necessita enfrentar. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas – Sebrae/AM tem um programa focado em 2014. Entre eles está o Pro-

Regularizar significa muitas vezes um desafio, pelo mo-

grama Agente Local de Inovação (ALI) e Negócio e

tivo que muitos empresários sentem receio quanto à

Negócio. O programa vai ao encontro do empre-

formalização, “Outro problema que constatamos é que

endedor e realiza consultoria em série de modo a

muitos empreendedores iniciam um negócio sem pla-

mostrar como aquela empresa pode crescer mais e

nejamento, e aí ocorrem os deslizes. Estamos utilizando

estar mais preparada. Fique de olho, mais informa-

todos os mecanismos possíveis para estar perto deles.

ções no Portal: www.sebrae.com.br/uf/amazonas.

Queremos que o empresário abra sua empresa para o SEBRAE, pois temos muito com que contribuir”, salienta sobre os gargalos encontrados.

» Curso de formação de lideranças do Sebrae

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 91


Sebrae

» PERFIL

foi uma homenagem indireta ao Sebrae, pois foi nesta instituição que comecei minha carreira como dirigente e tenho

Superintendente desde 2008, Nelson Luiz Gomes Vieira

muito orgulho de fazer parte dela”, disse.

é casado com Eline Maria Gomes Vieira da Rocha e pai de

Em 2009 destaca que iniciou uma nova gestão, mexendo

duas filhas. É manauara e conhece bem os desafios da re-

na casa como contratação de pessoas, capacitando os já

gião. Formado Bacharel em Contabilidade, Pós-graduado

existentes, ampliação e interiorização dos serviços e pro-

em Auditoria Contábil pela Universidade Federal do Ama-

dutos oferecidos. Além de conseguir levar o Sebrae para

zonas, Pós-Graduado em Políticas Públicas pela Universida-

a Zona Leste de Manaus com a inauguração de um novo

de de Campinas. Também foi comerciante e atuou como

prédio. Em 2010 devido ao esforço em dez messes, 11 mil

analista de projetos na Superintendência da Zona Franca

pequenos empreendedores saíram da informalidade, “Fo-

de Manaus – Suframa. Está no Sebrae/AM desde 1997, foi

camos na lei Geral da Micro e Pequena Empresa, fizemos

gerente de contabilidade, diretor administrativo-financei-

convenio com Associação Amazonense dos Municípios

ro até chegar à superintendência.

com objetivo de regulamentação e implantação da Lei

Em 2009 recebeu da Assembleia Legislativa do Estado do

em todo o Estado. Para este ano foi investido na melhoria

Amazonas a Medalha da Ordem do Mérito Legislativo, con-

dos pontos de atendimento do Sebrae no interior como a

cedida para pessoas como políticos, magistrados e chefes

ampliação da central de relacionamento por meio do 0800

de Estado. “Foi um dos momentos mais importantes da mi-

570 0800. Aprofundamos parcerias e já conseguimos regu-

nha carreira. Senti-me realizado e ciente de que aquele mo-

lamentar a Lei Geral em 34 municípios, atingindo mais de

mento coroava uma vida de trabalho. Foi como um prêmio

97% da densidade empresarial do Estado “, faz o balanço

por ter mantido firme os valores éticos e profissionais que

de sua gestão.

aprendi com meus pais e familiares. A Medalha, também,

92 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


Wega

A FORÇA DO SUL DO AMAZONAS

Com pouco mais de vinte anos, Apuí se destaca entre os demais municípios do Estado pelo seu grande potencial agropecuário superando a marca de 150 mil cabeças de gado. Outro destaque da região é o cultivo do café e a produção de leite que impulsionam a economia locaL gerando emprego e renda. São essas ações que tornam Apuí uma referência do setor primário amazonense.

FLORESTA JULHO/AGOSTO DE 2011 | 93 http://portalapui.com.br


Abastecimento REPORTAGEM E FOTOS: Lemmos Ribeiro

[

DIAS MELHORES AO HOMEM DO CAMPO

]

PROGRAMAS E AÇÕES QUE REGEM O FUNCIONAMENTO DA COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO – CONAB


» Cestas básicas para distribuir à população carente

Com a missão de garantir a regularidade na comercializa-

importância do programa e diz que ‘‘o objetivo das vendas

ção e no abastecimento de alimentos e a garantia de ren-

em balcão é viabilizar o acesso dos compradores de pe-

da ao produtor rural, a Companhia Nacional de Abasteci-

queno porte aos estoques públicos, fazendo que sua cria-

mento – Conab se fortalece a cada dia no compromisso de

ção cresça e consequentemente melhore a qualidade dos

melhorar a qualidade de vida do criador rural.

alimentos dos seus animais, e da sua produção de renda.

Seus projetos no apoio à produção agrícola e o desenvolvi-

» PROGRAMA DE DISTRIBUIÇÃO DE CESTAS DE ALIMENTOS

mento regional estão fundamentados em quatro eixos básicos de atuação gerando renda e evitando o desperdício, colaborando para a redução do êxodo rural, mantendo o homem no campo, fazendo com que ele permaneça junto a sua família, sua história e os aspectos culturais que constroem sua vida e identidade.

» PROVB – PROGRAMA DE VENDAS EM BALCÃO O pequeno criador rural de aves, suínos, pescado, capri-

Em parceria com o MDS, a Conab faz à distribuição de cestas através da Fundação Nacional de Saúde – Funasa às comunidades indígenas do Estado do Amazonas e através da Fundação Palmares doações às comunidades quilombolas e acampados do estado de Roraima. Além de benefi ciar pescadores artesanais, movimentos atingidos por barragens como também catadores de materiais recicláveis.

nos, ovinos, etc através desse programa lhe é permitido

Dentro desse programa existem as cestas de alimentos

o acesso aos estoques públicos da Conab, onde a venda é

com o termo de cooperação com o Ministério da

feita por um preço bem acessível. A companhia comercia-

Integração Nacional e Secretaria Nacional da Defesa Civil.

liza milho em grãos oriundo do Mato Grosso que é o prin-

A Conab recebe autorização desses órgãos para entregar

cipal estado produtor. O milho que é vendido é utilizado

para as prefeituras que passam por estado de emergência

na ração, sendo de revenda proibida, pois o preço que a

e calamidade enchente/seca.

Conab pratica é de caráter social.

Os itens que compõem a cesta de alimentos: leite em pó,

O programa tem benefi ciado vários municípios e tem ven-

óleo, fubá, arroz, macarrão, sardinha, rosquinha de coco,

dido 300 toneladas por mês de milho em grãos. O Supe-

açúcar, com o peso aproximado de 22 kg cada.

rintendente da Conab no Amazonas Thomaz Silva fala da

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 95


Abastecimento legalizados e que tenham produção excedente, ou seja,

» POLÍTICA DE PREÇO MÍNIMO DA SOCIOBIODIVERSIDADE – PGPM BIO

aquilo que o mercado consumidor não conseguiu com-

Este projeto define preços mínimos para produtos

sestimular e ver esse produtor ser estragado o produtor

do extrativismo. No Amazonas, são contemplados a

negocia com a Conab, o valor a ser negociado podendo ser

castanha-do-Brasil, borracha, piaçava e açaí. O pagamento

até o limite de quatro mil e quinhentos por ano.

da subvenção ao extrativista ocorre quando ele negocia a produção por valor inferior ao preço mínimo fixado pelo Governo Federal. Desde 2009, a Conab vem pagando

prar, e onde há possibilidade de desperdício e pra não de-

Foi operacionalizado em 2010, 7 milhões e duzentos mil reais com expectativa para 2011 atingir 10 milhões de reais.

subvenção aos seringueiros. Nesse caso, os seringueiros

Thomaz ressalta que o programa PAA ‘‘quer evitar des-

venderam a produção de borracha por preço inferior a

perdícios, impedindo que produtor receba pouco pela sua

R$ 3,50 o kg (preço mínimo). A castanha-do-Brasil tem o

produção, e através do programa, a Conab quer que esse

preço mínimo fixado em R$ 1,05 o kg; o açaí em R$ 0,83

alimento chegue às famílias em risco de insegurança ali-

o kg e a piaçava em R$ 1,07 o kg. Estão sendo levantados

mentar nutricional, como também escolas, unidades prisio-

estudos para ampliar o preço mínimo da borracha para R$

nais, hospitais, Fazenda Esperança etc’’, através da parceria

4,50 o kg, e também incluir o cacau extrativo na PGPM BIO.

com o programa Mesa Brasil/Sesc que no ano passado re-

» PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS – PAA

cebeu mil e quatrocentas toneladas de alimentos regionais

É um programa de aquisição de alimentos da agricultura familiar, do pescador artesanal, e do extrativista. Nasceu dentro do programa "Fome Zero", sendo operacionalizado pelos recursos do MDS e MDA. Quanto a sua estrutura, existem três grupos de apoio na sua comercialização, porém o mais utilizado no Amazonas é a compra da agricultura familiar com doação simultânea, formalizado por convênios e parcerias com associação, cooperativas, colônia de pescadores, exclusivamente com grupos formais e

» Superintendente da CONAB no Amazonas, Thomaz Antônio Perez da Silva

96 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

repassados a mais de 100 instituições cadastradas. O Amazônida está sempre em constante busca pela qualidade de vida, e com povo do interior não é diferente. A Conab através dos seus projetos de incentivo ao produtor, exclusivamente do interior do Amazonas consegue levar oportunidades de trabalho e renda, e principalmente de valorização do homem do campo, complementando a alimentação de milhares de pessoas através de suas ações, visando assegurar o atendimento das necessidades básicas da sociedade, preservando e estimulando os mecanismos de mercado.


Fornecimento

REPORTAGEM E FOTOS: Diárcara Ribeiro

RISADINHA ABASTECE O

MERCADO DO AGRONEGÓCIO

[

]

TRADICIONAL LOJA DA TORQUATO TAPAJÓS É CONSIDERADA UMA DAS MAIS COMPLETAS NO FORNECIMENTO DE INSUMOS AGRÍCOLAS NO AMAZONAS

Em uma área de 2.400 m² construída, que o Comercial

oito anos de idade, Augusto Salla mudou-se para o Estado

Risadinha Ltda. atende seus 7.800 clientes cadastrados,

do Amazonas ainda jovem, e encontrou na terra uma opor-

além dos que são atendidos no varejo. Reconhecida no

tunidade para crescer.

meio agropecuário por fornecer produtos de qualidade, a empresa está consolidada no mercado há 20 anos. Caminho de muito trabalho, como relata o empresário Augusto Salla, 46, pai de Maria Eduarda Salla, Yasmim Salla e Mariana Salla. Augusto Salla nasceu na cidade de Tenente Portela, no Rio Grande do Sul, veio de uma familia grande, no total de 10 irmãos, todos criados na fazenda. Trabalhando desde os

Salla diz com muito orgulho que se considera manauara de coração. “Vim em busca de oportunidade de négocios, meu pai nos criou na roça, sem oportunidade de estudo, ele ensinou a trabalhar e deu a educação.” Trabalhando sozinho montou uma loja no bairro da Alvorada. “Comecei com gêneros alimentícios em atacado, arroz, feijão trazidos de Rondônia”, lembra Augusto.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 97


[

» Estoque de produtos para pronta entrega

“Vim em busca de oportunidade de

négocios, meu pai nos criou na roça, sem oportunidade de estudo, ele ensinou a trabalhar e deu a educação.”

No ano de 1994 a loja muda de endereço e de perfil, Augusto Salla lembra que começou com 8 produtos. Atualmente a loja conta com 4.500 itens, atendendo às necessidades de cinco setores, a agricultura, piscicultura, avicultura, agropecuaria e na linha Pet. Produtores de todo o Estado

encontram na loja toda a mercadoria que necessitam.

» Empresário Augusto Salla e parte da sua equipe

» DIFERENCIAL O mercado está em constante mudança, e os clientes cada vez mais exigentes. Devido a essa demanda, o Comercial Risadinha oferece como diferencial uma equipe técnica composta por quatro profissionais. “A equipe atende o

funcionários passam por treinamentos todas as segundasfeiras. “Realizamos os treinamentos para qualificar cada vez mais os funcionários, quando o cliente entra na loja, encontra uma equipe preparada.”

produtor indo na fazenda, no sítio, onde o cliente estiver”,

Para o empresário a dificuldade está na qualificação pro-

conclui Augusto Salla.

fissional. “A grande dificuldade no mercado é a mão de

O objetivo é manter o comprometimento com os clientes e fornecer um atendimento diferenciado, para isso os 95

98 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

obra, até pela tradição de não se ter lojas de produtos agropecuários, a dificuldade maior está em encontrar balconistas que sabem mexer com esse tipo de produto.


[

“Realizamos os treinamentos para qualificar cada vez mais os funcionários, quando o cliente entra na loja, encontra uma equipe preparada.”

» Empreendedor Augusto Salla

Hoje temos a linha de ração e agrotóxico, quando o clien-

O pasto rotacionado é muito utilizado para proporcionar

te entra na loja nós temos que resolver o problema, uma

um melhor aproveitamento da forragem produzida, pois o

doença no animal, na produção, no plantio, temos que ter

pastejo terá maior uniformidade. Melhora também a cicla-

uma equipe treinada”, diz.

gem de nutrientes, devido a melhor distribuição de fezes e

» ESTRUTURA

urina na pastagem. O sitio possui 90 cabeças da raça Santa

A loja foi reformulada para dar mais conforto aos clientes, com amplas prateleiras e área de circulação. “Esse modelo é diferente de outras lojas do mesmo ramo, em que os produtos ficam atrás do balcão. Com esses modelos de exposição dos produtos, o cliente conhece toda a loja, além dos produtos.”

Inês, um animal dócil e fácil de criar. Augusto Salla observa que ainda existem barreiras. “A grande questão da ovinocultura em nosso Estado é a questão da genética, tem que haver um melhoramento. É preciso realizar benfeitorias, como foi feito com a bovinocultura no passado,” avalia.

» LUGAR DE DESCANÇO E INVESTIMENTO

Os planos para a empresa é focar ainda mais no mercado.

O sitio da familia é de 79 hectares, serve para o lazer como

e na área da piscicultura. “A expectativa é trabalhar com

também para a criação de ovinos. Trabalho acompanhado

tecnologia, principalmente na agricultura e linhas novas

de perto pelos técnicos e por Augusto Salla. “É feito um

de produtos,” conclui.

trabalho com animais, tentando desenvolver aqui na região um trabalho de sustentabilidade, utilizando o pasto rotacionado com a terra. O plantio de árvores no meio da pastagem gera sombra para o animal. Trabalhamos tam-

A empresa já se prepara para realizar projetos de irrigação

O empresário já recebeu vários certificados em participações na área rural. Entre eles uma medalha de Mérito Agrícula do Estado do Amazonas em 2007.

bém a parte ambiental”, ressalta.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 99


Consolidação

CONSTRUÇÃO DO POLO NAVAL ATENDE DEMANDA REPORTAGEM E FOTOS: Diárcara Ribeiro

O POLO VAI IMPULSIONAR O SETOR E ATRAIR MAIS INVESTIDORES PARA O ESTADO AMPLIANDO A GERAÇÃO DE EMPREGOS DIRETOS E INDIRETOS

Para atender a crescente demanda impulsionada pelo Polo Industrial de Manaus (PIM) está sendo estruturado um Polo Naval no Estado. Barcos de madeira e canoas cruzando o rio, cena comum na paisagem da região, terão a companhia de embarcações de grande porte. O Polo será concentrado em uma área de dois mil hectares, em um terreno a margem esquerda do rio Amazonas, de acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Naval de Manaus – Sindnaval.

100 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

» Operários constroem mega balsa no estaleiro do Bibi, na orla do rio Negro


De janeiro a maio deste ano, atestam os indicadores de

De acordo com o presidente do Sindicato da Indústria da

desempenho divulgados pela Superintendência da Zona

Construção Naval de Manaus – Sindnaval, Matheus de Oli-

Franca de Manaus (Suframa), que o faturamento do seg-

veira Araújo, a perspectiva com o setor unificado posa ge-

mento foi de US$ 31,5 milhões, o que corresponde a um

rar cerca de 30 mil empregos diretos. “A ideia é que haja

crescimento de 47,92% em relação ao mesmo período do

uma construção naval higienizada, adequada e otimizada”,

ano passado.

revela Araújo.

Em 2010, a indústria naval no Estado faturou US$ 76,972 milhões. Hoje, a produção se restringe a atender o mercado regional com balsas, empurradores, embarcações de ferro, alumínio e os chamados barcos de linha, em madeira. A coordenadora-geral de Estudos Econômicos e Empresariais da Suframa, Ana Maria Souza, esclarece que as audiências públicas reforçam a importância do Polo Naval para o Amazonas e que é necessário escolher bem a área onde as indústrias serão instaladas. “Vários grupos empresariais nacionais e estrangeiros, percebendo o momento em ascensão e as potencialidades do polo naval, estão buscando contato com empresas regionais para prospectar investimentos nesse segmento da Zona Franca de Manaus”, disse Ana Maria Souza.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 101


Consolidação » GARGALOS O Sindnaval atesta que existem 62 estaleiros de pequeno, médio e grande porte em Manaus, mas apenas 30 formalizados no sindicato. No Estado, estima-se que exista cerca de 150 estaleiros. Um dos gargalos do Pólo Naval é a qualifi cação da mão de obra. “Enfrentamos difi culdades com o setor fundiário, qualifi cação profi ssional, fi nanciamento e a formalização do setor”, pontua Matheus Araújo. Para superar esses entraves, o Sindnaval vai articular a capacitação técnica dos trabalhadores. Uma das iniciativas nesse sentido foi uma parceria entre a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e outros órgãos como o Senai para a implantação do Centro de Tecnologia da Construção Naval da Amazônia – Cetinavam. “Esse Instituto vai ser o formalizador e o formador da mão de obra para todo o setor naval”, garante Araújo.

» TRADIÇÃO DO ESTALEIRO BIBI O Estaleiro Bibi é um dos mais tradicionais do Amazonas. A empresa é familiar e o ofício foi passado de pai para fi lho. O proprietário, Alcimar da Silva Mota, mais conhecido como Bibi, conta com a ajuda da família para gerenciar a empresa. A esposa Danielle da Silva França é a responsável pela parte administrativa. Dos 11 fi lhos, quatro estão trabalhando no estaleiro. Criado em 1985, atualmente conta com 140 funcionários. Está localizado na Estrada do Paredão, no quilômetro 5 da Colônia Oliveira Machado, zona leste da capital, e possui uma área de 20 mil metros quadrados. O estaleiro, segundo o proprietário, está preparado para atender e desenvolver projetos nos mais altos índices de exigência. “Trabalhamos com a construção de balsas, lanchas, empurradores para navegação na Amazônia e também com aluguel”, salienta Alcimar. O Estaleiro Bibi conta com muck, pá carregadeira, ponte rolante e máquinas de solda de alta precisão entre a aparelhagem, um investimento fundamental para atender exigências de segurança das embarcações. Possui experiência em obras como o Porto Terminal de Caracaraí, em Roraima, empurradores e balsas para a hidrelétrica de Jiral, em Rondônia, além de reparos barcos e portos de Belém. » Presidente do Sindnaval, Matheus Araújo

102 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 103


Sustentabilidade

]

[

REPORTAGEM: Lemmos Ribeiro FOTOS: Lemmos Ribeiro e Divulgação

A FUNDAÇÃO AMAZONAS SUSTENTÁVEL, EM PARCERIA COM O GOVERNO DO ESTADO, TEM O MAIS ELABORADO PROJETO DE CONSERVAÇÃO EM FLORESTA TROPICAL

Criado em 2007 através de uma parceria entre o Governo do

em atividades sustentáveis dentro de unidades de conser-

Estado do Amazonas e o Banco Bradesco, a Fundação Ama-

vação do Amazonas. Implementado pela FAS, o Programa

zônia Sustentável – FAS tem como objetivo reduzir o desma-

Bolsa Floresta é o maior programa de pagamentos por ser-

tamento e promover a conservação ambiental, melhorando a

viços ambientais do mundo, através de parcerias com o Go-

qualidade de vida nas comunidades tradicionais.

verno do Estado do Amazonas, Banco Bradesco e Coca-Cola,

Suas ações estão voltadas para conservação da biodiversidade; erradicação da pobreza; apoio à organização social; melhoria dos indicadores sociais e geração de renda baseada

104 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

o programa está presente em 15 Unidades de Conservação estaduais no Amazonas, cobrindo uma área de 10 milhões de hectares, e beneficiando mais de 32 mil pessoas.


[

‘‘Acredita-se que a educação dessas populações ajuda a melhorar a qualidade do próprio Bolsa Floresta, pois há um planejamento participativo, e as pessoas que moram nas comunidades é quem decidem onde querem investir o dinheiro do programa’’.

Em três anos, a FAS se consolida institucionalmente com grandes resultados, em 2010 alcançou a segunda colocação

» Aplicação da matriz de prioridade dos investimentos dos componentes Renda e Social

» BOLSA FLORESTA ASSOCIAÇÃO (BFA)

do ranking brasileiro de organizações socioambientais do

Destinado às associações dos moradores das Unidades de

terceiro setor.

Conservação. Equivale a 10% da soma de todas as Bolsas

O programa está fundamentado em quatro componentes: Bolsa Floresta Renda (incentivo à produção sustentável), Social (investimentos em saúde, educação, transporte e comunicação), Associação (fortalecimento da associação e controle social do programa) e Familiar (envolvimento das famílias na redução do desmatamento).

» BOLSA FLORESTA RENDA (BFR)

Floresta Familiares. Sua função é fortalecer a organização e o controle social. Este é um dos programas mais importantes da história da Amazônia, pois, fortalece as organizações de base comunitária. O BFA promove a gestão participativa por meio do fortalecimento da organização comunitária, empoderamento das comunidades e o controle social do Programa Bolsa Floresta. Além disso, contribui para o exercício da liderança associativa nas unidades.

Baseado no investimento de R$ 140 mil ao ano por unidade de conservação. Ele é destinado ao apoio à produção sustentável: peixe, óleos vegetais, frutas, mel, castanha entre outros. A meta é promover arranjos produtivos e certificação de produtos que aumentem o valor recebido pelo produtor. São elegíveis todas as atividades que não produzam desmatamento e que estejam legalizadas e que valorizam a floresta em pé.

» BOLSA FLORESTA SOCIAL (BFS) Este componente é destinado à melhoria da educação, mil ao ano por unidade de conservação. As ações são desenvolvidas em parceria com os órgãos governamentais responsáveis e instituições colaboradoras, para a construção da cidadania dos guardiões da floresta.

INFORMAÇÃO

saúde, comunicação e transporte, são investidos R$ 140

15 10 32

unidades de conservação estaduais

milhões de hectares é área de cobertura mil pessoas beneficiadas

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 105


Sustentabilidade

» Complexo de educação na RDS do rio Negro, na comunidade do Tumbira

» BOLSA FLORESTA FAMILIAR (BFF) Na prática, diz respeito ao pagamento de uma recompensa mensal de R$ 50 por mês pago às mães de famílias residentes dentro de unidades de conservação que estejam dispos-

marcenaria, plano de manejo, escola, pousada etc. gerando mais renda e oportunidades, a outra mudança é a cultural onde há uma quebra de paradigma o qual eles achavam que só poderiam ganhar dinheiro com a floresta derrubada.

tas a assumir um compromisso pela conservação ambiental

Atualmente estão em funcionamento quatro núcleos, o

e desenvolvimento sustentável. É um importante mecanis-

primeiro inaugurado foi o Boa Frente, que ganhou o nome

mo para envolver a população nas atividades de combate ao

de Professor Samuel Benchimol, na Reserva de Desenvolvi-

desmatamento. O BFF é um complemento de renda pago a

mento Sustentável – RDS do Juma, em seguida os RDS do

título de recompensa pela conservação da floresta.

Uatumã, RDS do Rio Negro e RDS do Mamirauá. ‘‘Parcerias

Os Núcleos de Conservação e Sustentabilidade foi pensado como um componente estratégico no processo de implementação do Bolsa Floresta, os núcleos têm a missão de educar e gerar conhecimento para a melhoria da qualidade de vida dos povos das comunidades promovendo a conservação ambiental e o uso sustentável dos recursos naturais. Segundo a coordenadora institucional dos núcleos da FAS, Raquel Luna ‘‘os núcleos são centros educacionais construídos no meio da floresta, dentro das comunidades’’, afirma. Através dos núcleos pode-se ver uma mudança em toda comunidade, mudanças concretas, através de construções de

106 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

financeiras são necessárias, mas não é tudo’’, afirma Luna, e ressalta que as parcerias técnicas são essenciais, no suporte técnico contamos com parcerias do Serviço Brasileiro e Apoio a Micro e Pequenas Empresas – Sebrae, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SenaC, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Senai e principalmente a Secretaria de Estado e Educação – Seduc que promove cursos de marcenaria, informática, planos de manejo, técnicas agrícolas, técnicas agro-florestais, empreendedorismo feminino pra fortalecer as lideranças femininas na floresta etc. Unindo educação tradicional com educação adequada à sua subsistência.


» Embarcação utilizada no transporte de comunitários na floresta de Maués

» PROJETOS DE EXPANSÃO O grande objetivo do Bolsa Floresta é que o fazer com que o núcleo ande por si só, emancipando as pessoas que vivem em cada comunidade. ‘‘Educação é um projeto para longo prazo, mas só o fato do aluno não ter que sair da sua casa

O projeto promoveu também o debate sobre cultura, instrumentação em ferramentas de comunicação para visibilizar as riquezas tradicionais e culturais, por meio de diversas linguagens artísticas como: audiovisual, artes plásticas, escrita etc.

para ir a cidade continuar o estudo já é um grande impacto.

A gestora da escola Thomaz E. Lovejoy, no município de

Mantendo eles aqui, fortalecendo essa cultura, mostrando

Iranduba, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do

oportunidade, fortalecendo a questão que se pode fazer

Rio Negro e do Núcleo de Conservação e Sustentabilidade

uma vida muito boa sem sair da floresta’’, afirma Luna. Hoje

Agnello Uchoa Bittencourt, pela FAS, Isolena Garrido

a FAS tem plano de expansão no número de famílias dentro

disse que ‘‘esses dias foram cheio de surpresas, mesmo

das 15 unidades de conservação que já trabalhamos. Vislum-

com a dificuldade de comunicação oral, houve troca de

bra-se atingir 8.000 famílias em 2013.

conhecimento, mais valorização cultural, oportunidade de

» INTERCÂMBIO DE CULTURAS

crescimento e valorização e respeito mútuo’’.

Em julho de 2011, a comunidade Tumbira, localizada na RDS do Rio Negro, recebeu voluntários do projeto International People’s Project (IPP) oriundas de países como Bélgica, Filipinas, Guatemala, México, Estados Unidos, Holanda etc. Na ocasião os alunos da RDS do Rio Negro trabalharam valorizando as suas práticas de trabalho, tra-

Durante os 21dias, aconteceram atividades de integração e valorização da cultura da floresta, executado com os estudantes conceitos iniciais de comunicação, registro digital, como também elaboração de materiais para divulgar suas pesquisas em fotos, vídeos, livros, artes plásticas, poesias, teatro, dança.

dições e lendas, relações estabelecidas com a floresta etc.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 107


Rodeio

REPORTAGEM E FOTOS: Antonio Ximenes

FESTA DOS PRODUTORES RURAIS E DOS PEÕES DE

A XXIV Exposição Agropecuária de Apuí foi um sucesso. Durante quatro dias (de 1 a 4 de setembro) aproximadamente sessenta mil pessoas passaram pelo parque de exposição local. Rodeio, tiro de laço, vaquejada, motojada, prova do tambor, prova do couro, prova de baliza, concurso leiteiro, entre outras atrações, transformaram a cidade localizada na rodovia Transamazônica, na principal atração sertaneja do Amazonas no período. Visitantes de Manaus, Novo Aripuanã, Manicoré, Humaitá, Lábrea, Boca do Acre Porto Velho (RO), Ariquemes (RO), Jacaréacanga (PA), Itaituba (PA), Ji-Paraná (RO) estiveram na cidade para prestigiar a festa. O show de Bruno & Marrone, no dia 2, levou mais de 20 mil pessoas ao parque de exposições e foi a principal atração artística.

108 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


» Peões cumprem ritual de oração antes do início do rodeio

“É uma grande alegria estar aqui com vocês, no meio da floresta amazônica. Sinto muito que o meu irmão, o Marrone, que está com síndrome de pânico, não pode vir, mas espero que vocês gostem do nosso espetáculo, porque estamos dando o melhor de nós”, disse Bruno, sendo aplaudido pelo público, que viu no seu gesto humildade e respeito aos presentes.

» O produtor Raimundo Bueno, com o prefeito de Apuí, Marcos Fernandes, e o prefeito de Nova Olinda do Norte, Adenilson Reis, recebem o tradicional banho de leite

» NEGÓCIOS Com um movimento de negócios de cerca de R$ 5 milhões, entre o que girou no parque de exposições e os serviços na cidade (hotelaria, alimentação e comércio em geral), Apuí, que tem uma população basicamente constituída por descendentes de imigrantes do Sul do Brasil (RS, SC, PR) provou, porque é uma economia que mais cresce

» BOMBRIL

no setor da produção rural no Amazonas.

Entusiasmado com a receptividade popular do evento, o

Seu rebanho bovino é o segundo do Estado, com mais de

prefeito Antonio Marcos Maciel Fernandes (Marquinhos

180 mil cabeças, sua bacia leiteira saiu de um rendimento

da Macil, como é conhecido) se desdobrou para atender

médio de pouco mais de 700 quilos diários, em 2009, para

a demanda de visitantes, dentre eles o prefeito de Nova

algo próximo a 7,5 mil quilos em 2011. A previsão é de que

Olinda do Norte, Adenilson Lima Reis, o deputado esta-

em 2012 a produção diária de leite chegue a dez mil quilos

dual Marcelo Ramos e mais de cem produtores rurais do

diários. O transporte do leite dos pequenos produtores no

entorno e de outros Estados.

interior é garantido pela prefeitura.

Disposto a marcar presença com bom humor, Marquinhos

A força do setor leiteiro ficou evidente no 8ª Concurso

montou no touro Bombril, no último dia de rodeio, na are-

Leiteiro, onde uma vaca de origem holandesa, de proprie-

na principal. Sua apresentação foi aplaudida por mais de

dade de Márcio Bueno, a Fafa, teve uma performance de

dez mil pessoas.

26 litros/dia, sagrando-se a vencedora do concurso. “Isso

“É uma brincadeira, porque o touro é manso, mas foi a maneira que encontrei para agradecer a todos que vieram nos prestigiar, aqui em Apuí”, disse Marquinhos.

mostra que estamos no bom caminho. No próximo ano vamos melhorar este desempenho”, disse o vaqueiro Raimundo Bueno, que, aos 69 anos, se mantém firme na ordenha dos animais da fazenda.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 109


» Campeão do rodeio Elton Rodrigues com a esposa Fernanda Camila, grávida de 8 meses

» Empresária, Andréia Pedro Bom, realiza atividades com alevinos de tambaqui

» ACIDENTE

» INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

Com 42 peões de montaria de touro, o rodeio foi a grande

Atento ao desenvolvimento do município no setor primá-

atração para o público que durante os três dias de espetá-

rio, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar está

culo lotou a arena. Para evitar o risco de morte, a prefeitura

incrementando os conhecimentos dos produtores rurais

estacionou uma ambulância com UTI, ao lado da arena, com

locais, através de cursos, como o de Inseminação Artificial,

o objetivo de atender imediatamente os peões acidentados.

que aconteceu de 29 de agosto a 2 de setembro. Treze

O peão Ismael Pereira da Silva,19 (conhecido com Pinguim)

produtores foram beneficiados com aulas teóricas e prá-

foi atingido violentamente no rosto pela cabeceada de um

ticas.

touro e quase perdeu o olho esquerdo, mas o pronto atendimento da equipe médica evitou o pior. “Tive medo de perder a vista, mas fui atendido na hora, o que me salvou”, disse Pinguim.

» CAMPEÃO O vencedor do rodeio foi o peão Elton Rodrigues, 18, com

O médico veterinário Emilio Afonso Filho foi o professor. Segundo ele, o nível dos alunos está melhorando, porque este é o segundo curso de inseminação dado na região pelo Senar. “Agora, eles estão querendo um curso de Morfologia, o que mostra a preocupação deles de avançar na área de genética”.

295 pontos. Feliz com a vitória, Elton agradeceu a todos

A produtora rural Jandira Bandeira Marmentini, que par-

presentes, especialmente seus pais (Gecinéia Rodrigues

ticipou do curso, disse que o Senar tem um papel muito

da Silva e Raimundo Nonato Lima da Silva) e a esposa Fer-

importante para melhorar geneticamente o rebanho de

nanda Camila, 19, que estava grávida de oito meses. “No

Apuí. “Com conhecimentos podemos chegar a um está-

ano passado, em um treino na fazenda sofri traumatismo

gio mais elaborado do nosso rebanho, especialmente

craniano, porque o touro pisou na minha cabeça. Depois

o de corte, que é a nossa maior vocação”. Jandira, que é

de 28 dias no hospital, outros tantos na UTI e muita aflição

esposa de Robson Marmentini, ex-presidente do Sindisul

consegui encontrar forças para voltar ao rodeio. Esta vitó-

local, disse “que a presença da tecnologia no campo está

ria é uma benção na minha vida e uma forma de homena-

diretamente relacionada ao conhecimento científico do

gear os que me querem bem”.

produtor”.

110 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


» GESTOR

» CALCÁRIO

O secretário de Produção Rural do município, Paulo Sér-

O presidente do Sindisul de Apuí, Carlos Roberto Koch,

gio Boza, disse que o rebanho de Apuí está crescendo em

entende que para haver uma melhora na produção rural

quantidade, mas também em qualidade genética. Serjão,

da região é fundamental a correção do solo com calcário.

como é conhecido, foi o coordenador geral da XXIV Expo-

Esta matéria prima é encontrada com abundância no mu-

sição e mostrou competência na gestão da maior festa

nicípio, mas as reservas estão localizadas em uma área de

agropecuária do sul do Amazonas. “Trabalhamos em equi-

preservação ambiental no distrito de Sucunduri.

pe e contamos com a colaboração dos produtores rurais e da comunidade em geral. Valeu o esforço”.

» PISCICULTURA Mas nem só da cultura bovina vive Apuí, a região começa a se destacar na piscicultura, como mostra a empresária e fazendeira Andréia Pedro Bom. Ela começou em 2009 com dez mil alevinos de tambaqui, na ocasião, por deficiência de

Desta forma, as autoridades federais e estaduais do meio ambiente, têm apresentado resistência para autorizarem a exploração deste mineral, que tem a capacidade de corrigir a acidez do solo local. “Nós estamos lutando para conseguir dez mil assinaturas para mostrar às autoridades a necessidade que temos de ter este mineral na correção do nosso solo, que é muito ácido”.

assistência técnica, não conseguiu o retorno desejado, mas percebeu que se tratava de um bom negócio e teve a coragem de ampliar a área dos seus tanques, saindo de 0,60 hectares para os atuais quatro hectares de lâmina dágua. “Eu percebi que a população consome peixe e que a demanda é boa. Para melhorar o meu desempenho fui buscar conhecimento na área de manejo e entendi como proceder, tanto, que em 2010 já consegui uma pequena margem de lucro no meu negócio. Agora, com mais segurança, decidi ampliar a piscicultura, porque acredito que ela dá um bom retorno empresarial, quando bem conduzida”.

» Rainha do rodeio (de chapéu vermelho), acompanhada de princesas, toca o tradicional berrante sertanejo

» O cantor Bruno animou mais de 20 mil pessoas no Parque de Exposições de Apuí

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 111


Açaí da fronteira

AGROINDÚSTRIA EM BENJAMIN CONSTANT REPORTAGEM: Diárcara Ribeiro FOTOS: Antonio Ximenes

[

EMPRESA AJUDA FORTALECER OS HORIZONTES ECONÔMICOS DO ALTO SOLIMÕES NA TRÍPLICE FRONTEIRA

]

A fábrica Wotüra, inaugurada este ano no município de

O investimento na unidade foi superior a R$ 1,8 milhões,

Benjamim Constant a 1.116 quilômetros de Manaus, no

com fi nanciamento por parte da Agência de Fomento do

Alto Solimões, está gerando vinte empregos diretos, aju-

Estado do Amazonas (Afeam). De acordo com o associado

dando cerca de 200 famílias que equivale aproximada-

Orciney Alencar de Oliveira, 41, a empresa está trabalhan-

mente a 1.400 pessoas, que moram em doze comunida-

do com outras frutas. “Realizamos um teste com Buriti,

des próximas.

vamos trabalhar também com Camu Camu, cupuaçu, e foi

A empresa está adequada às normas sanitárias exigidas

plantado vinte e cinco hectares de maracujá”, afi rma.

pelo Ministério da Agricultura. Sua capacidade de arma-

O açaí Wotüra também irá atender o mercado internacio-

zenamento é de 120 toneladas de açaí, com produção de

nal como os Estados Unidos e Colômbia. A meta da famí-

oito toneladas por dia.

lia Oliveira é acolher também o mercado regional, forne-


cendo para o Programa de Regionalização da Merenda Escolar (Preme). “Os americanos possuem uma máquina de secagem do caroço do cupuaçu, vamos trabalhar em parceria para se aproveitar tudo que a fruta oferece”, comentou Orciney Oliveira. Inaugurada no dia 10 de junho, com tecnologia de pasteurização, a fábrica de açaí em Benjamin Constant, possui em sua estrutura duas câmaras com capacidade para armazenar 50 toneladas e dois túneis com capacidade de armazenamento para oito toneladas. As agroindústrias de processamento no Estado do Amazonas surgem focadas na produção de açaí, mas para não ter uma fábrica de produção sazonal, outras frutas regionais também são processadas. A demanda crescente do produto fora do país é outra oportunidade que está sendo aproveitada pelos empresários locais.

» Etapas do processo de industrialização do açaí

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 113


Açaí da fronteira

»» O empresário Orciney Alencar de Oliveira fala sobre a construção da fábrica na inauguração em Benjamin Constant no Alto Solimões

»» Cidade O município de Benjamim Constant possui 33.411 habitantes, com uma área territorial de 8.793,422 Km, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas. Localiza-se na microrregião do Alto Solimões, mesorregião do Sudoeste Amazonense, distante 1.118 Km de Manaus


THOMAS LOVEJOY VISITA COMUNIDADE DO TUMBIRA REPORTAGEM: Lemmos Ribeiro FOTOS: Michell Mello

[

BIÓLOGO AMERICANO MINISTROU AULAS SOBRE MEIO AMBIENTE PARA PROFESSORES DAS COMUNIDADES DA RDS DO RIO NEGRO

]

O Núcleo de Conservação e Sustentabilidade José Agnello

produção local e na inovação alinhada com os saberes

Bittencourt, localizado na Reserva de Desenvolvimento

tradicionais.

Sustentável – RDS recebeu no dia 27 de agosto o biólogo Thomas Lovejoy, que, durante a visita ministrou aulas sobre meio ambiente para os professores da comunidade do Tumbira e áreas adjacentes.

A comunidade do Tumbira conta com 28 famílias que são cadastradas e recebem o apoio do Programa Bolsa Floresta. Executado pela FAS programa é um dos maiores expoentes de geração de renda sustentável no Amazonas, que

O biólogo ressaltou que “para trabalhar questões am-

fomenta sustentabilidade em 15 Unidades de Conserva-

bientais nas escolas, os professores devem contextualizar

ção (UCs), abrangendo um total de 35 mil pessoas.

como o meio ambiente está interligado na vida das popu-

» (PERFIL)

lações tradicionais, trabalhando com a educação secular, práticas de preservação e sustentabilidade”. O superintendente da Fundação Amazônia Sustentável – FAS, Virgílio Viana, ratifi cou que o trabalho dos Núcleos de Conservação é educar e motivar conhecimento para a melhoria da qualidade de vida das comunidades promovendo a conservação ambiental e o uso sustentável dos recursos naturais.

Thomas Lovejoy é PhD em Biologia pela Universidade de Yale (EUA), onde desenvolve seus trabalhos sobre o Brasil desde 1965. Atualmente é conselheiro-chefe de biodiversidade do Banco Mundial, conselheiro-sênior da Fundação das Nações Unidas e presidente do Centro Heinz de Ciência,

Os Núcleos são centros de excelência educacional e ofe-

Economia e Meio Ambiente, em Wa-

rece, em parceria com a Secretaria Estadual de Educação

shington (EUA). Recebeu em

– Seduc, uma proposta de ensino com aplicabilidade na

2001 o Prêmio Tyler Prize, um dos mais prestigiosos no campo científi co americano.

» Cientista reunido com professores e superintendente da FAS, Virgílio Viana, na RDS do Rio Negro


Pecuária REPORTAGEM E FOTOS: Antonio Ximenes

SANTO ANTÔNIO DO

QUER SEPARAÇÃO DE MANICORÉ

[

COM 110 MIL CABEÇAS BOVINAS, O QUARTO REBANHO DO ESTADO, O DISTRITO TEM FORÇA ECONÔMICA PARA SER INDEPENDENTE

]

No quilômetro 180 da BR Transamazônica encontra-se o

“Nós temos força econômica, articulação política e capa-

quarto rebanho bovino do Amazonas. São 110 mil cabeças

cidade administrativa suficientes para seguir o nosso pró-

de animais da raça Nelore, que, cada vez mais, apresenta

prio caminho. O que não podemos e não queremos é con-

avanços genéticos. Mas nem só de gado de corte vive a

tinuar na dependência da administração de Manicoré, que

região, que luta para se amancipar geograficamente e po-

não atende às nossas necessidades”, disse o pecuarista e

liticamente do município de Manicoré.

presidente da Associação dos Produtores Rurais e Pecuaristas do Matupi (Aspromat), Nardelio Delmiro Gomes. Encravado no quilômetro 180 da BR Transamazônica, Matupi apresenta um desempenho crescente de seu rebanho, que tem se destacado pelos fortes investimentos de pioneiros que chegam ao distrito, que é constituído, basicamente, por pessoas provenientes do Sul do Brasil (RS, SC, PR), mas produtores


» Na arena, autoridades junto com peões que participaram do curso em monta de touro

de Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, também

“Vim aqui para conhecer melhor a realidade e confirmei

têm comprado terras na região.

que estão faltando obras de infraestrutura, apoio ao de-

Sem investimentos diretos de grande escala, o distrito sofre com ruas sem asfalto, ausência de saneamento básico e parcos recursos nas áreas de saúde e educação não fosse o trabalho do Idam na assistência técnica aos produtores rurais, se poderia dizer que o estado de abandono administrativo está configurado. Por esse motivo que deputados como Sinésio Campos (PT), Tony Medeiros (PSL) e Adjuto Afonso (PP) estão propensos a apoiar a separação.

senvolvimento econômico do distrito, agências bancárias, postos de saúde, escolas, estradas vicinais e, principalmente, asfalto no perímetro urbano”, disse o deputado Sinésio Campos que esteve na 4ª Exposição Agropecuária do Matupi (Expomat) de 8 a 10 de julho último.

» Peões preparando-se para a vaquejada


Pecuária

» Tião Procópio ladeado de Valdelino Cavalcante, Nardélio, Edimar Vizolli e Miberwal Jucá

Quem também tem trabalhado para elevar a qualidade de vida e formação profissional dos trabalhadores rurais locais é o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Com determinação empreendedora, a instituição levou o mais importante juiz de rodeio do país, o consagrado peão Procópio Ferreira (Tião Procópio), que, durante três dias, passou seus conhecimentos profissionais a 25 peões que participaram do rodeio de Matupi. “Fico feliz em ver que no meio da floresta, aqui em Matupi, há peões com coragem, determinação e garra para se consagrarem nas arenas do Brasil, desde que evoluam nos fundamentos do rodeio, que vim trazer para eles com muita boa vontade”, disse Tião Procópio.

» VIDA DE ATLETA Entre os ensinamentos de Tião Procópio está o de que o peão de rodeio é um atleta e, que, como tal, deve manter mente e corpo em perfeita sintonia, para isso não se deve fumar e nem beber; fazer musculação é fundamental, conhecer as técnicas de montaria em touro também; e ter uma capacidade mental que supere o medo e a ansiedade, antes » Manoel Nascimento dos Santos, juiz de rodeio, com seu mestre Tião Procópio

de entrar na arena. Outro aspecto importante para o peão de rodeio é o da administraçao da carreira, que deve ser feita com profissiona-

118 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


» TIÃO PROCÓPIO

» Peões que participaram do curso em monta de touro ministrao por Tião Procópio

lismo, porque assim como o jogador de futebol, a vida de peão profissional é curta e depende de se estar sempre em excelentes condições físicas e mentais. O peão Marcos Silva, 24, disse que aprendeu muito com Tião Procópio.”Eu entendi que cada um tem o seu estilo, mas que os fundamentos são os mesmos para todos, como manter as pernas firmes, o braço de equilíbrio em sintonia com o restante do corpo e acompanhar os movimentos do touro no reflexo e mentalmente”. O estreante em rodeio de médio porte, o peão Tiago Dias Cabral, 19, também se sentiu valorizado profissionalmente com os ensinamentos de Tião Procópio no Matupi. “Eu quero viver nesta vida de rodeio e viajar pelo Brasil. Agora, com o que aprendi me sinto mais seguro e vou colocar tudo em prática nos rodeios e nos treinos na fazenda. Mas o mais importante que aprendi foi que tenho que cuidar da minha carreira como um negócio e ter vida de atleta”.

» VENCEDORES No rodeio de Matupi os vencedores foram André Luiz Chaves Pimentel (Bulgão), com 315 pontos (ganhou uma moto de 125 cilindradas); o segundo lugar coube a Jilcélio Souza (Casote), com 291 pontos; e Jedeam Martins (Ligeirinho), com 156 pontos.

» DOMA

Responsável direto pela propagação do rodeio em touros no Brasil, Tião Procópio trouxe a modalidade dos EUA para o Brasil no início da década de 80, competiu nos rodeios em diversos estados americanos, participando inclusive do mais antigo e tradicional campeonato de rodeio do Mundo: PRCA (Professional Rodeo Cowboys Association). Tião Procópio foi campeão do Rodeio de Barretos em 1980. Montou em touros por dez anos. Foi um dos primeiros a formar uma boiada e exerceu a função de tropeiro por uma década. Atua como juiz nos melhores rodeios e circuitos do país e do mundo. É tri-campeão do prêmio Arena de Ouro como melhor juiz. Atualmente possui um centro de formação para peões em Paulo de Faria (SP), onde ensina todo seu conhecimento de juiz e peão para os futuros campeões.

Ainda sob a promoção do Senar, 35 peões participaram do curso sobre doma racional de equinos, o professor foi Francisco Almir Bezerra.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 119


Referência REPORTAGEM E FOTOS: Lemmos Ribeiro

AMAZONAS TEM

[

A COMPANHIA DE RODEIO PEDRO ARRUDA É CONSIDERADA PELOS ESPECIALISTAS COMO UMA DAS MELHORES DA REGIÃO NORTE

]

Com a cultura do rodeio em alta no Amazonas, o empresá-

Preocupado com a realização de grandes eventos do se-

rio e pecuarista Pedro Arruda, 48, motivou-se a alçar voos

tor, Arruda foi buscar consultoria com Tião Procópio, foi

mais altos em sua vida profissional. De tanto observar

então que nasceu em 2008, a Cia de Rodeio Pedro Arruda,

que os rodeios no Estado eram realizados por empresas

com uma estrutura completa comprada em São José do

de fora, ele decidiu criar a sua própria estrutura. As três

Rio Preto/SP.

ultimas versões dos rodeios da Expoagro de Manaus foram organizadas pela Companhia de Rodeio Pedro Arruda, agora, ela se prepara para montar, novamente, o mais importante rodeio do Amazonas, a partir de novembro, quando acontece o mega evento rural.

O empresário, que é apaixonado pelas atividades rurais, tem cinco fazendas com aproximadamente 10 mil cabeças de gado fixas e em parcerias com ribeirinhos do município do Careiro da Várzea, o que totaliza 6.500 hectares de terras e 30 fun-

» Pedro Arruda em frente a fazenda sede, no quilômetro 20 da BR-319


cionários. A Pedro Arruda Agropecuária compra, vende e engorda gado para o abastecimento de carne para Manaus, São Gabriel da Cachoeira e outros municípios.

» EM FAMÍLIA

O esporte rural tem crescido e deixou de ser apenas um evento do interior e se transformando em um grande espetáculo, ganhando adeptos e admiradores. A Cia de Rodeio Pedro Arruda, desde 2008 produziu 25 rodeios nos municípios do Careiro Castanho, Itacoatiara, Manaus e Autazes. A Cia tem seis carretas para o transporte de equipamentos e tem condições de oferecer toda a infraestrutura para um rodeio de grandes proporções com arquibancadas, camarotes, palco de luz, som, locutores, fogos, médicos, segurança, seguro para peões e uma tropa de rodeio de elite. Na fazenda é que acontece toda a preparação e treinamento da tropa, pois, os animais de rodeio têm o seu estilo, segundo Pedro Arruda: ‘‘não tem como criar um animal de rodeio, se ele não tem tendência para ser um’’, afirma. A fazenda possui área de testes onde o animal é levado várias vezes na semana para ver se ele tem ou não tendência para saltar na arena.

Com apenas 20 anos e um espírito empreendedor, o primogênito William Alexandre Arruda, filho do

Arruda ressalta que o animal deve possuir três caracterís-

empresário Pedro Arruda está se preparando para

ticas primordiais para entrar para tropa ‘‘ele precisa pular

assumir os negócios da família. Desde criança o

rodando, não pode ser bravo e não pode ser sangue puro’’

jovem recebe os ensinamentos do pai. Devido ao

a partir do momento que é verificado essa característica

envolvimento com os animais, hoje cursa medicina

no animal ele passa a receber uma alimentação, suple-

veterinária e pretende investir seu conhecimento

mentação e mineral diferenciados, sempre acompanhado

na saúde do rebanho.

por médicos veterinários. Atualmente, a Cia possui uma tropa de 40 animais e outros 30 estão em testes.

» NEGÓCIOS DE FAMÍLIA A paixão pelo gado e a vida do campo se estendeu para o filho. O primogênito William Alexandre Arruda, 20, está seguindo os exemplos do pai. O filho herdou o mesmo

William também é apaixonado pelos rodeios o que para ele é um divertimento, ‘‘ Eu amo o rodeio, tenho como um hobby, mas sem deixar o trabalho de lado’’, afirma. O pai se orgulha em ver o filho seguindo os mesmos passos e garante que o patrimônio da família será entregue em boas mãos.

amor pela profissão. O pai afirma que ‘‘ele ama o esporte

Além de fazendeiro e pecuarista, Pedro Arruda

do rodeio, isso é a vida dele, é ele quem cuida da boiada,

possui em Manaus uma distribuidora de bebidas

conversa e treina com peões. Atualmente, William Arruda

em geral e estivas, conhecida na cidade como

cursa medicina veterinária e pretende seguir e levar os ne-

Beverly Hils Distribuidora. Para o proprietário ‘‘o

gócios da família pra frente, seguindo os ensinamentos do

stress de segunda a sexta se vai, com a alegria da

pai. Pedro Arruda é casado, pai de três filhos. William, 20

fazenda, e a vida tranquila do campo no fim de se-

Kaily, 18 e Kamile, 16.

mana’’.

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 121


AS PERSONALIDADES QUE PASSARAM PELO ARIAÚ E O POVO DA FLORESTA Ao longo de minha vida sempre soube ouvir quem reconhecidamente tem mais sabedoria do que eu. Foi assim com Jacques Cousteau, quando ele me disse que a Amazônia seria redescoberta pela humanidade e que o turismo ambiental, mais do que um negócio, seria uma forma de preservar o planeta. Acreditei nas palavras daquele estudioso dos oceanos e dos rios e investi na criação do Ariaú. O mesmo fi z quando ouvi do ex-chanceler da Alemanha Helmut kohl, que com seu estilo muito franco e objetivo foi logo dizendo "que a fl oresta e os ribeirinhos tinham mais para ensinar aos europeus do que eles mesmos pudessem imaginar". Kohl, que com um apetite voraz foi capaz de comer dois pudins inteiros de uma só vez, tinha além do desejo de conhecer a nossa culinária, uma curiosidade genuína sobre a sociedade e a natureza local. O ex-presidente norte americano Jimmy Carter foi outro que ouvi com muita atenção.Ele me disse "que a paz no mundo passava pela preservação da fl oresta". Eu sabia que aquele homem criado no interior dos Estados Unidos tinha sensibidade sufi ciente para entender que os caboclos somente querem viver em paz junto aos rios e a fl oresta. Que não é preciso muito para ser feliz neste mundo, onde a natureza é soberana.

Ritta Bernadino

Bill Gates foi outro que, junto com sua mulher Melinda, compreendeu que aqui, a

Empresário proprietário do Hotel Ariaú Towers

harmonia entre os homens, as árvores, os animais, os peixes depende do respeito do espaço de cada um. Que não adianta querer impor uma cultura nova, onde há milênios predomina a tradição dos costumes ambientais e humano. Quem também me surpreendeu pela inteligência, sensibilidade ambiental e conhecimento da fl oresta foi o ex-presidente americano Bill Clinton, que com seu carisma e simpatia me disse que a Amazônia é a mais importante fronteira do conhecimento científi co a ser descoberta pela humanidade. Poderia continuar citando inúmeras histórias de personalidades mundiais que estiveram no Ariaú, mas vou me ater as observações dos mais humildes pescadores (índios e ribeirinhos), que vivem ao longo do rio Ariaú. Essas pessoas não alteram os seus hábitos. Elas sabem que o melhor dos conselhos a ser dado sobre a fl oresta é o de saber observá-la e não interferir em seu ecossistema. São eles, os caboclos, que, com simplicidade franciscana, têm muito a ensinar às personalidades do planeta. Aqui, quem domina o cenário verde, é a sabedoria do povo da fl oresta.

122 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


Wega

CAPACITAÇÃO DO PRODUTOR RURAL

O SENAR contribui para a profissionalização, integração e sustentabilidade dos produtores rurais amazonenses. A instituição desenvolve ações de formação e atividades de promoção social voltadas para o homem do campo, contribuindo com sua especialização científica e melhoria da qualidade de vida, para o pleno exercício da cidadania.

w w w . s e n a r. o r g . b r

AMAZONAS

FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011

| 123


124 | FLORESTA SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.