Alien Poison by Heidy Phillips

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Alien Poison by Heidy Phillips SkyGuardian livro 1 Capa: Joshua Calloway design

Ele é um pirata espacial temido pelos outros. Tudo o que suas mãos tocam se corrompe e contamina... Ele é Poison!(veneno)

Suas

manchas

e

olhos

verdes

fosforescentes sinalizam: Perigo. Não se aproximem! Ela foi jogada em uma prisão, mas ainda quer ajudar quem ela julga que está em uma situação pior do que a sua. Mal ela sabe que ele irá envenenar tudo de bom que ainda resta e acabar com toda sua esperança. Agora que ela sabe quem ele realmente é, para ela não tem mais volta, só resta a Ellen ajudar as outras humanas sequestradas a salvarem suas vidas!


Sumário CAPÍTULO 1 .................................................................. 4 CAPÍTULO 2 ................................................................ 15 CAPÍTULO 3 ................................................................ 32 CAPÍTULO 4 ................................................................ 41 CAPÍTULO 5 ................................................................ 51 CAPÍTULO 6 ................................................................ 67 CAPÍTULO 7 ................................................................ 75 CAPÍTULO 8 ................................................................ 85 CAPÍTULO 9 ................................................................ 91 CAPÍTULO 10 .............................................................. 99 EPÍLOGO................................................................... 101


CAPÍTULO 1 Poison O barulho da multidão conversando, gritos, música alta e o mau cheiro de esgoto e perfume barato misturados. por si já demonstrava que não estava em um planeta decente.

Luzes

piscavam

e

anúncios

holográficos

anunciavam sexo e jogatina. Colocou botas de cano alto, calças, luvas e um casaco longo com capuz. Dois blasters carregados na cintura e adagas afiadas embutidas nas botas e nas luvas. Andar desarmado neste planeta era pedir por problemas. Acostumado a andar seminu, o casaco grosso irritou suas costas e coçava muito. Como o objetivo era não chamar atenção, continuou com o casaco, mas ficou ainda mais irritado. Pisou em algo pastoso que estava no chão e xingou: - Odeio este planeta de merda! No meio da multidão, as pessoas continuavam a esbarrar nele enquanto passavam. Tão acostumado que estava com os outros abrindo passagem para ele que estranhou o contato físico indesejado e saiu empurrando os que ousavam pisar na sua frente.


Chegou no bar e pediu uma bebida que estava quente e tinha gosto de mijo. Certamente a clientela não estava lá pela qualidade do produto. Uma ronduviana com pouca roupa o abordou e acariciou o seu braço. - Olá, grandão! No segundo andar temos uma casa de prazer. Gostaria de subir comigo? Poison apenas abaixou o capuz e olhou ela nos olhos. Ela imediatamente jogou-se para trás, caindo de bunda no chão e arrastando-se para trás de uma mesa. - N-nós t-também temos bots sexuais... Poison riu, tomou mais um gole da sua bebida e respondeu: - Gostei de você, vou aceitar... A fêmea soltou um grito apavorado e saiu correndo. Em uma mesa reservada lá nos fundos do bar, seu contato acenou, chamando. Deixou a bebida no balcão, sabendo que nunca ia conseguir tomar aquele mijo mesmo, caminhou até a mesa. - O que você disse para a ronduviana que a assustou tanto?


- Falei que gostei dela, ela deve estar correndo até agora! Ele deu uma gargalhada, bebeu sua bebida e chegou mais perto de Poison que estava sentado à sua frente, olhou para os lados, certificando-se que não estavam sendo ouvidos: - A informação que tenho para você hoje vale o dobro dos créditos usuais. Me pague agora... - O dobro? Você está me extorquindo mais do que o normal. Já é o informante mais bem pago das galáxias! - E alguma vez não valeu a pena? Resmungando,

Poison

aproximou

o

pulso

no

dispositivo e fez a transferência. O valor transferido facilmente sustentaria uma família inteira por um ano. Mas ele tinha razão: sempre valia a pena. - Dois sujeitos apareceram aqui procurando um tradutor que estivesse programado com línguas humanas. - Isso nem é novidade, estão surgindo escravas humanas como ratos ultimamente. - Você não entendeu: essa fêmea ainda não tinha nenhum tradutor. O custo de um tradutor que entenda humanos era tão alto que eles não tinham dinheiro suficiente para adquirir, então tiveram que pedir um


adiantamento ao leiloeiro e prometeram trazer outra humana em um mês. Enquanto eles arrumavam o dinheiro, consegui levantar a ficha deles. - Quem eles são, piratas, pequenos traficantes? - Não! São guardas de fronteira do quadrante 9! Cidadãos cumpridores da lei, acima de qualquer suspeita. - E por que isso me interessaria? - Eu tenho que fazer todo o seu trabalho? Eles são guardas corruptos que patrulham as fronteiras! É por lá que

os

traficantes

de

escravas

humanas

estão

conseguindo passar! A humana que eles tinham a tiracolo era o pagamento para eles ficarem de olhos fechados e não denunciar! - Então, quem fizer uma tocaia no quadrante 9 poderá roubar o carregamento todo! - Desde que possua um pequeno exército

de

retaguarda. Traficantes de escravos não estão para brincadeira, andam armados até os dentes. - Isso pode ser facilmente arranjado. Poison saiu andando pela multidão, ziguezagueando para certificar-se que não estava sendo seguido. Passou por

diversos

bares,

hotéis

decadentes,

comércios


duvidosos e casas de prostituição. Foi até um terminal público de comunicação vazio. Inseriu um drive de criptografia e digitou a seguinte mensagem. “Descobri a porta de entrada para a mercadoria desejada. Prepare-se para uma grande transação. Quero abater duas naves com um tiro só. No dia exato te mandarei as coordenadas, traga todos os amigos. P.” Tendo absoluta certeza de que não fora seguido, sentindo muita coceira nas costas, arrancou o casaco ali mesmo, no meio da multidão. Imediatamente ouviu-se um murmúrio coletivo e todos os transeuntes abriram espaço, aterrorizados. Poison sorriu com o canto da boca, coçouse e declarou: - Bem melhor assim! Hora de agir!


Ellen

Acordei com uma dor terrível na nuca e muito frio. Meu corpo inteiro doía, como se eu estivesse sendo triturada, mas o pior de tudo era a dor excruciante na nuca, os nervos do pescoço pinçavam refletindo a dor na coluna vertebral. Minhas mãos e pés estavam muito gelados. Antes mesmo de conseguir abrir os olhos já identifiquei que algo muito terrível tinha acontecido comigo, mas eu não conseguia lembrar o que era. Um acidente de carro na neve? Eu não coloquei as correntes e o carro deslizou? Consegui, com muito esforço abrir os olhos e olhar ao meu redor. Estava deitada no chão metálico gelado e do meu lado havia vários corpos também ali jogados. Estou em um necrotério? Incapaz de me levantar e sair dali, mexendo apenas o pescoço e sentindo muita dor, observei o ambiente. Estava em uma penumbra, poucas luzes saíam de leds embutidos na parede e aos poucos comecei a perceber que os “corpos” ao meu lado, apesar de gelados, estavam ainda respirando e eram todas mulheres, mulheres jovens de vários tamanhos e tipos físicos. Pelo que pude observar elas também estavam com pouca roupa, algumas só de pijama, outras de calções e camiseta.


A porta atrás de mim deslizou e mais uma mulher foi jogada ao nosso lado, inconsciente, com a delicadeza de quem joga um saco de batatas no chão. Tentei virar meu rosto para trás e descobrir quem era responsável por isso, mas meu corpo amortecido ainda não estava obedecendo. Imediatamente pensei em sequestro e escravidão sexual. Todos os filmes que já assisti me surgiram em um flash. Para que eles queriam tantas mulheres jovens? Ao meu lado uma jovem negra com um lindo cabelo black também havia acordado, ela usava apenas um camisetão comprido e tinha as pernas nuas. Seu lábios estavam roxos e via seus olhos mexendo e o esforço que ela também fazia para mover-se, sem conseguir. Rolei de lado e como não consegui espaço acabei de frente com ela, nossos rostos quase se tocando. Seu olhar era de pânico. A porta abriu-se novamente e dessa vez consegui ver a parte inferior de nossos sequestradores. O ser não estava usando sapatos ou calças, uma pele rugosa como a de um crocodilo em um tom de marrom doentio e patas com unhas dos pés compridas que pareciam afiadas. O ser jogou outro corpo ao nosso lado, dessa vez nem dando-se ao trabalho de colocá-lo sob o chão, jogou em cima dos outros. Escutei uma voz rouca mais rosnando


que falando. De alguma maneira, meu cérebro registrou o significado: - Essa é a última vadia, podemos partir. Olhei para a moça à minha frente e articulei as palavras: - Você também ouviu? Ela, com os olhos ainda arregalados foi responder mas quando o som não saiu, ela sinalizou afirmativamente com a cabeça. Começamos sentir uma vibração no chão, silenciosa. Lágrimas escorreram dos meus olhos e ardiam. Se tudo aquilo que eu estava vendo não era imaginação da minha cabeça, nossa situação não era nada boa. O que poderíamos fazer? Mais à frente,

uma das mulheres levantou-se

bruscamente, tentou dar alguns passos e novamente caiu sentada no chão: - Quero sair daqui! Me tirem daqui! Socorro! As outras mulheres começaram a gritar também, mas não conseguiram levantar-se. Um dos homens-lagarto entrou e disse para os outros que vinham logo atrás: - Andem logo, seus preguiçosos! Vocês já sabem como fica difícil trancá-las depois que elas saem da sedação! Vou


levar a gritadora comigo. Separem mais uma para os fiscais na fronteira do quadrante 9. Ela será nossa propina. - Qual delas, chefe? - Qualquer

uma,

tanto

faz!

Eu,

totalmente

paralisada do pescoço para baixo, apenas enxergava suas botas. Ele deu um chute no meu ombro que me fez chorar de dor. – Pode ser essa que está mais perto da porta! Os homens-lagarto me arrastaram por alguns metros e me jogaram em uma jaula grande, longe das outras. Ainda não podia sentir minhas pernas e só fiquei lá jogada no chão, com frio e chorando no chão sem poder me mover. Muito tempo se passou, consegui sentar um pouco e mexer os pés. Não havia água ou comida ali. Logo à frente havia caixas e mais caixas empilhadas e o contorno do que parecia ser um portão de descarga. Eu podia observar por uma escotilha bem no alto que deixava filtrar alguma luminosidade. Alguns flashs de luminosidade maior me davam a impressão de estarmos nos movendo muito rápido. Após tanto tempo no escuro, acabei por dormir novamente e acordei com a abertura do portão de carga. Os homens-lagarto me retiraram da jaula e foram me empurrando para fora, onde havia muita luz. A luz cegava meus olhos e pude divisar que estava em um


pequeno espaçoporto onde um logotipo oficial aparecia com um símbolo. Os dois machos que apareceram estavam uniformizados e agiam com autoridade. Meu coração começou a bater disparado, pois de alguma forma, reconheci que aqueles dois pareciam autoridades

policiais.

Me

desvencilhei

dos

homens

lagartos e fui correndo até eles: - Por favor, por favor! Estou sendo raptada! Me ajudem! Tem ou... Eles nem se dignaram a olhar para mim. Um deles me agarrou pelo pescoço e me jogou contra uma parede fria, uma de suas pernas entre as minhas me impossibilitando de correr ou chutar. Olhei incrédula, procurando entender o motivo, se eles não tinham me entendido, ou se fiz algo errado. Aparentando apenas tédio, um deles me algemou e o outro continuou a reclamar com meus captores: -Pelo menos esta aqui tem um tradutor instalado! A última que vocês entregaram estava sem e perdemos boa parte do nosso lucro. Sabe como é difícil encontrar tradutores que entendam a língua humana? Esses animais nem ao menos falam a mesma língua, existem vários dialetos! Da próxima viagem iremos exigir duas fêmeas para compensar o nosso prejuízo. Avise Dalcor, aquele verme sujo!


Os homens-lagarto se entreolharam e assentiram, entrando rapidamente de volta Ă nave. Em estado de choque nĂŁo resisti a entrar em uma nave bem menor e ser jogada em uma nova cela.


CAPÍTULO 2 Poison

Depois de três longos dias, do fundo da minha jaula úmida e fria como uma boceta vitruviana, escutei a grande nave dos traficantes de escravos pousar. Três dias sem água e sem comida. O que aqueles guardas de merdas estavam pensando? Eu tenho meus direitos! Duvidava que eles tivessem o registrado como prisioneiro,

mesmo.

Esse

tipo

costuma

vender

os

criminosos apreendidos para caçadores de recompensa para obterem o resgate. A jaula em que estava não pertencia a estação aduaneira. Ele estava em uma nave particular,

provavelmente

a

de

um

dos

oficiais,

estacionada nos fundos da estação. Sem iluminação ou calefação, na nave menor a acústica o favorecia. As finas paredes de metal deixam os sons de fora entrarem. Pelo menos para minha audição privilegiada. Meus sentidos ficavam muito mais aguçados com a fome. O som de uma grande nave era inconfundível. Chegou a hora que tanto esperava.


Arranquei a micha que estava escondida na bainha da minha tanga e abri a porta da jaula. Pulei os muros e subi na grande nave negra que estava estacionada ao lado. Uma nave grande desse porte tão longe das rotas comerciais só poderia estar transportando mercadorias ilícitas. Neste caso a mercadoria são fêmeas. Traficantes de escravos, a escória da galáxia! Mesmo entre a criminalidade eles são considerados como escória, pelos criminosos mais empedernidos. Muitos fugitivos sofreram nas mãos de um dono cruel, por dívidas ou por alguma infração menor antes de entrarem para a criminalidade. Traficantes lucram vendendo força bruta ou sexo. A raça humana não possui força muscular ou grande resistência física, portanto sua utilidade reside justamente nesta fraqueza. Fêmeas humanas não possuem defesas naturais, sem dentes afiados, garras, espinhos ou veneno; podem ser subjugadas por qualquer macho que as compre em um planeta leilão. Sendo uma raça sem tecnologia e, portanto, não reconhecida pela Confederação, vítimas perfeitas

para

o

enriquecimento

desses

traficantes.

Humanas são vendidas por verdadeiras fortunas em leilões para seres endinheirados e sem escrúpulos. A demanda por humanas aumentou muito quando se descobriu que


além da compatibilidade sexual essa raça tão primitiva se reproduz com facilidade com uma extensa variedade de outras raças. Gaia ou Terra como eles chamam, é como uma reserva natural de dna, esperando para ser explorada por aqueles que não se importam em infringir leis da Confederação. E raças fracas como a humana são o óleo que engraxa as engrenagem da máquina corrupta da civilização. Agradeceu aos céus por ser um Xhiar! Sua raça, apesar de rara, nunca seria usada por aqueles párias! Um bebê

recém-nascido

poderia

nocautear

quem

o

encostasse. O veneno da raça Xhiar assustava qualquer um que enxergasse suas manchas fosforescentes. Esticou o braço e admirou suas manchas verdes que se moviam sob a pele. Além de proteção, iluminação grátis! Ótimo para espantar os inimigos, mas ruim para fazer novas amizades. Sorriu com a piada interna. Hora de agir! A grande e feia nave abriu sua comporta e dois Krulls desceram empurrando uma fêmea. Ela gritou e lamentou pedindo ajuda. Distraídos pela chegada não viram quando passei e comecei a escalar. Arrancando alguns fios do painel externo invadi o sistema de comunicação e mandei duas mensagens. Instalei o rastreador, fechei o painel e me escalei até


alcançar uma escotilha para me esgueirar para dentro da nave. No momento em que encostei na escotilha um alarme soou. Fui descoberto! E por um erro de principiante. Por que não desliguei o sistema de alarmes primeiro? Para não colocar tudo a perder, deslizei novamente para o chão e fingi tentar escapar pelo outro lado. A última coisa que eu queria era que eles fizessem uma verificação total de sistemas e descobrissem o rastreador plantado. Os guardas correram buscar os bastãos de choque e me empurraram para dentro da jaula novamente. Nem tudo estava perdido, pois a nave decolou e seguiu viagem.


Ellen

Antes mesmo da nave em que as outras mulheres estavam decolar, do fundo da minha jaula pude perceber uma confusão. Vários flashs disparados e barulho de choque elétrico, gritaria e confusão. Um alienígena enorme estava apanhando dos dois oficiais, foi chutado e chocado com bastões de choque pelos guardas que esbravejavam entre si: - Este clunck dos infernos quase conseguiu se esgueirar pra dentro da nave de Dalcor! Mais um pouco e teríamos perdido nossa recompensa! - Seu pirata de merda! Sua sorte é que a recompensa é por você vivo, senão teria ajustado o blaster para matar! - Achou mesmo que ia escapar da gente, seu filho de uma piruviana? Vou te chocar tanto que você vai nem conseguir mijar em pé... Eles jogaram o alienígena que estava seminu na jaula ao lado. Ellen encolheu-se no extremo oposto enquanto observava aterrorizada que os choques elétricos que ele estava levando eram tão fortes que ele parecia brilhar. O cheiro de ozônio ficou no ar. Ele parecia morto ou desmaiado jogado de bruços no chão da jaula grudada à


sua. Estava tão escuro lá dentro, os olhos de Ellen ainda estavam tentando se adaptar à escuridão. Algum tempo depois apareceu um dos guardas com um cantil metálico e um pedaço de algo que jogou no chão da jaula. A atitude dele a observando fez os sentidos de Ellen ficarem alertas, não havia bondade ou compaixão nele, apenas curiosidade lasciva. Não podia ser um bom sinal ele ter descido até ela sozinho. Ellen olhou para os lados procurando ver se o outro guarda aparecia pela porta entreaberta. Encolheu-se um pouco mais contra as barras geladas da jaula. Ele abriu a porta da jaula e apontou para o escuro. - Antes de você beber, venha até o mictório. Não vou limpar sua sujeira, puta humana. Perto da jaula havia uma cabine do tamanho de um armário com uma espécie de buraco no chão. O cheiro era fétido, mas Ellen achou melhor aliviar-se. Baixou o calção e a calcinha, contando com a camiseta comprida para cobrir pelo menos em parte, sentiu o rosto esquentar de vergonha, mas a necessidade de aliviar-se não podia esperar. Agachou-se mirando o buraco e esperando que o xixi não escorresse por suas pernas. O jato de urina saiu quente e forte aliviando sua bexiga. O cheiro que subia não era suportável e não viu nenhum tipo de lavatório. Era


apenas um buraco no chão e mais nada. Não tocou em nada e as portas estavam escancaradas. O guarda não se incomodou em desviar o olhar enquanto Ellen fazia xixi. Ele parecia gostar do que via. Pois sua boca entortara em um sorriso estranho. - As humanas são as bocetas mais desejadas do universo. Só os muito ricos têm dinheiro para conseguir uma dessas em leilões! Eu mesmo podia usufruir um pouco desse canal apertado se não tivesse certeza que a patroa iria farejar o seu cheiro. Prefiro aproveitar o dinheiro para deixar a patroa bem feliz, morando como ricos em um planeta resort. Sem se aproximar muito dela, mas segurando o bastão de choque a direcionou novamente à jaula. Ellen olhou para ambos os lados pensando em fugir, mas quando pensou que a nave estava em movimento, lá fora apenas o espaço sideral, então desistiu. Seu coração batia tão forte que parecia querer saltar do peito. O guarda ficou a observando por mais alguns minutos, finalmente resolveu trancar a cela e ir embora. Tudo ficou mais escuro ainda quando a porta do corredor foi trancada. Aliviada, Ellen foi para o canto mais afastado da cela e agarrou a garrafa metálica, tateando o chão para encontrar. Abriu e cheirou, provou um pouco e era mesmo


água. Se tinha algo mais não conseguia identificar. Tomou o líquido em grandes goles, até se dar conta de que não sabia quando iria poder beber novamente e que o guarda a havia advertido a não sujar a jaula, se ela precisasse mijar novamente. Resolveu então descobrir o que era o alimento que estava jogado no chão da jaula. Parecia um pedaço de pão preto, mas o gosto não parecia em nada com o de um pão e era muito duro para seus dentes. Desistiu de roer o naco e tomou mais um gole de água, bochechando para tirar as migalhas dos dentes. “Isso tem gosto de casquinhas de lápis!”. Sentou-se novamente no chão metálico e gelado, um calafrio subiu por seu corpo. O outro prisioneiro ainda estava jogado no chão, inconsciente. Ellen achou que ele poderia estar morto, mas quando chegou mais perto sentiu que ele estava muito quente. E se ele estiver com febre? A situação dele parecia ser muito ruim. Ellen pensou que de todos os alienígenas que tinha visto até agora, este era o mais bonito. Sua pele era lisa e esverdeada, pequenas manchinhas fluorescentes mais claras apareciam e sumiam como as manchas de um jaguar. Seria ele um felino? O cabelo preto e grosso era cortado bem curto e as orelhas eram levemente pontudas. Mão e pés enormes e as unhas eram pretas e afiadas. Ele estava vestindo apenas uma tanga, e seu corpo apesar de


musculoso

lhe

dava

uma

constituição

não

de

fisioculturista, mas ágil como um nadador. Ellen tentou ver

sua

barriga

tanquinho

mas

seu

olhar

acaba

escorregando para a tanga que aparentava ser bem preenchida. Incomodada com o estado dele e como ele parecia febril, tentou colocar a água da garrafa na boca dele. Quando chegou bem perto, ele abriu os olhos e ordenou: - Não encoste! Você é louca? Ellen

caiu

imediatamente

para

trás,

quase

derrubando a garrafa com a água. Os olhos dele eram verdes ainda mais fluorescentes que as manchinhas que pintavam o corpo dele. Ele aparentava estar muito aborrecido, mas não tentou se levantar. - Eu só queria te dar um pouco de água! – respondeu ofendida com o tom dele. – Você está muito quente! Ele se afastou das barras e ordenou: - Coloque a garrafa próxima à barra. O tom era tão autoritário que Ellen pensou em negar, mas ao lembrar que ambos eram prisioneiros e ela não sabia o que seria dela no futuro, achou que era melhor tentar fazer aliados. Com a ponta dos dedos empurrou a garrafa o mais próximo que conseguiu da barra. Ele


esperou que ela se afastasse antes de vir e pegar. Ele esvaziou o conteúdo da garrafa de uma vez. Ellen não conseguia desviar os olhos dele, fascinada com as manchinhas fluorescentes verdes que ele tinha sob a pele. Elas estavam se movendo? Ele também não era nada ruim de se olhar, apesar do mau humor. - Você é uma humana, certo? - Sim! Fui levada do meu planeta por homenslagartos... você sabe para onde vão me levar? Ele deliberadamente ignorou a pergunta. - Os homens-lagarto são Krulls e o chefe deles, o Capitão da nave, Dalcor é um traficante de escravos, medíocre, pelo menos até descobrir esse esquema de traficar fêmeas de Gaia. Ele está ficando muito rico com os leilões. Vieram muitas fêmeas humanas com você? - Sim, mais de cem, calculo eu. Por que eu fui separada delas e trancada aqui? - Não é evidente? Você é o preço que os guardas da fronteira cobraram para fecharem os olhos para uma nave inteira de fêmeas humanas contrabandeadas. Mas não se iluda, você será tão leiloada quanto elas. O valor de uma única fêmea humana no mercado pode pagar muitos anos de salário de um desses corruptos guardas fronteiriços.


Enquanto falava o alienígena chegou mais perto das barras. Porém quando Ellen agarrou-se as barras ele recuou rapidamente. - Precisamos fugir daqui, então! – intrigada com o recuo dele, Ellen provocou – Calma, grandão! Não é como se eu pudesse te machucar... meu nome é Ellen. Ele riu e chegou um pouco mais perto, sem se aproximar demais, ficando longe o suficiente para ela não alcançar. - Me machucar, uma coisinha delicada como você? Se eu me afasto é por conta de sua ignorância. Você nem ao menos tem noção do perigo, é como um bebê que estende as mãos para a chama! Ellen continuou encarando o grande alienígena sem entender o que ele quis dizer. - Eu sou um Xhiar do planeta Caust. – ao ver que ela continuava sem expressão. – Sou venenoso. Um simples toque meu é capaz de derrubar um grande macho voltariano. Me chamo Poison. - Poison? Por que alguém ia se chamar de veneno? Sua mãe te nomeou assim? – Ellen se arrependeu do que sua boca deixou escapar na mesma hora. (N.T. poison em inglês é veneno).


O alienígena não pareceu se ofender com o comentário impensado de Ellen. Andou despreocupadamente pela jaula, esticando os músculos e exibindo-se, não parecia estar nem um pouco preocupado em andar quase nú, pensou Ellen, tentando disfarçar seu interesse. - Você é engraçada! Vai comer aquilo? – ele apontou para o “pão” que tinha gosto de tijolo e Ellen o catou do chão e jogo em sua direção. - Obrigado! Estou preso aqui há dias e eles não se dignaram a me alimentar. – Ele mastigou o tijolo como se fosse macio e Ellen se arrepiou ao pensar nos dentes fortes dele. - Você quase conseguiu fugir, não é mesmo? - Sim! E já estava quase entrando na nave do Dalcor por uma escotilha quando o alarme soou. Mas ainda assim não

foi

totalmente

perdido.

Consegui

plantar

um

rastreador. É uma questão de minutos até eles virem me pegar. - Eles? - Você não ouviu os guardas, florzinha? Eu sou um pirata. Eu me deixei capturar para descobrir o esquema... Assim que meus comparsas chegarem, vou ser libertado. Você é uma coisinha muito doce mesmo, uma pena que o


Capitão Carun vai botar as mãos em você! De repente se você o agradar ele não irá te dividir com todo o bando. Pelo menos não se quiser te revender depois! Chocada com o cinismo de Poison, Ellen ficou furiosa! Dividiu sua água, seu pão-tijolo com um bandido que anunciava cinicamente que ela ia ser estuprada por um bando de piratas sujos? Ela foi até ele e quase o socou odiando sua risada cínica. Ele riu mais ainda ao desviar. - Calma, tigresa! Você não pode me tocar, lembra? - Você é vil! O veneno não é apenas o seu nome, você inteiro é corrompido. Agora entendo o nome que você recebeu! – Ellen estava furiosa demais para raciocinar. Talvez fosse mesmo melhor ser envenenada ao dar um soco naquela cara arrogante. Bonito, mas podre até a alma! - Calma, florzinha! Eu tenho como te salvar, mas você nunca aceitaria a minha proposta mesmo... - Não confiaria nem para mijar em você se você estivesse pegando fogo! - Uau! Não leve para o lado pessoal... Esse plano já estava arquitetado há muito tempo. Bem antes de eu te conhecer, coisinha doce... Quando você se acalmar eu te falo o que eu posso fazer para te ajudar.


Depois de meia hora andando pela jaula, furiosa, Ellen não aguentou e resolveu perguntar: - Como você pode me salvar de ser estuprada pelos seus colegas que estão vindo te resgatar? Vai dizer que eu sou sua namorada? Sua companheira? - Isso! Garota esperta... E essa é a boa notícia, ninguém vai te tocar se você for minha companheira. - E qual a má notícia? – Ellen estava achando fácil demais. – Eu vou ter que transar com você? Você vai exigir sexo em troca da sua proteção? - Ninguém vai acreditar que você é minha, se você não pode nem me tocar. Sou Poison, lembra? A única maneira de um Xhiar ter uma fêmea sem envenená-la é antes de qualquer contato físico entre nós, você beber minha semente... mas atenção, o processo é irreversível, você vira uma de nós também. Você fica imune a mim, mas venenosa para todos os outros, será minha pequena Poisoness! (N.T. Venenosa) - E como vou saber se você não está inventando essa história apenas para ganhar um boquete? Ele então deu um sorriso maior do que o Gato de Cheshire no livro Alice no País das Maravilhas. - Vai ter que confiar em mim... sua decisão!


Ellen estava tão frustrada que só queria se jogar no chão e gritar fazendo birra como uma garota mal-criada. Mas respirou fundo, contou até mil e considerou. Se ele estiver certo e eu o chupar, me salvo de um estupro coletivo, afinal todos eram unânimes em afirmar que a buceta humana era o artigo mais cobiçado do momento. Se ele estiver mentindo? Eu pagarei um boquete para um babaca... oh! Que dúvida cruel! Ellen lembrou de todos os boquetes que já fez na vida, e nem poderia dizer que ele seria o pior que já chupara. Já tivera sua cota de boys-lixo que faziam questão absoluta de receber e nunca queriam retribuir o favor. Todos os machos são babacas! Só muda o planeta! - Já tomei minha decisão. – Ellen tentou parecer o mais indiferente possível. – Vou aceitar sua oferta, com uma condição: isso é uma via de mão dupla. Ele levantou-se e agarrou-se nas barras, parecendo surpreso. - Isso é um ditado humano? - Quer dizer que o que eu vou dar, também quero receber. Não é óbvio? Ele não riu, ele gargalhou, tão alto que Ellen temeu que os guardas viessem verificar o barulho.


- Fêmea! Por quem me tomas? Os machos de seu planeta devem ser bem vis! Eu me comprometo a chupar essa sua bocetinha tão bem que te farei sentir sede! Vais gozar na minha boca todos os dias da sua vida! - Bem, quanto a isso, veremos... Ellen se ajoelhou junto as barras, com as mãos sobre os joelhos. Ele tirou a tanga e apresentou o seu membro já duro, vazando présêmen. Ele era muito bem-dotado e seu pau não diferia em formato dos paus humanos. Ainda bem, pensou Ellen, não sei se conseguiria chupar um pau com tentáculos! - Não tire as mãos dos joelhos. Não queremos que você desmaie no meio do ato, minha linda Poisoness! Ele pegou o seu pau e direcionou aos lábios de Ellen, esfregando o líquido que vazava em seus lábios. Ela sentiu que seus lábios formigavam levemente e começou a lamber levemente a coroa, deslizando apenas a ponta da língua por todo seu comprimento. Quando colocou toda a ponta dentro da boca e começou a sugar, Poison respirou fundo e disse com uma voz super-rouca. - Não prometo que posso durar muito... você é uma deusa!


Foi difícil para Ellen manter as mãos plantadas firmemente nos joelhos. Tentou colocar o máximo que conseguia dentro da boca e sugar como podia. -

Ai,

como

quero

acariciar

esses

seus

cabelos...prepare-se, você deve engolir tudo. Você é minha! Quanto o jato quente explodiu no fundo da garganta de Ellen, ela engoliu tudo o que pode, mas era tanto que escorreu pelos seus lábios e ela tentou passar a língua pelo conteúdo que formigava e era levemente picante. Sentiu seu coração bater acelerado e desmaiou.


CAPÍTULO 3 Poison

- Ellen! Por favor, acorde! – pegou a pequena humana inerte em seus braços. Tão linda, tão inocente, tão pura! Eu a contaminei...a pequena fêmea humana tem razão, tudo que eu toco torna-se vil... Ela, sem nem ao menos me conhecer, tentou me ajudar. E eu retribuí com cinismo e veneno. A esperança de possuir esta fêmea tão pequena mas tão generosa, confiante e corajosa por companheira aqueceu o seu coração e o fez por alguns momentos achar que tudo poderia ser diferente em sua vida. Que poderia encontrar felicidade, companheirismo e afeto. Que teria uma família como os seus pais tiveram, filhos para poder amar e cuidar. Lembrou-se de sua infância tão feliz junto a seus irmãos, e como se sentia feliz com a companhia deles e de seus amigos. Mas isso tudo foi antes. Antes de ter se tornado Poison, de conviver com os piores tipos do universo, de fazer coisas horríveis e de ver coisas ainda mais horríveis sendo feitas e não fazer absolutamente nada


para impedir. Desde que se tornara Poison nunca mais pudera voltar ao seu planeta e encarar a sua família. Não poderia... com um único olhar sua mãe saberia que tudo estava errado com ele. O fôlego voltou ao peito da pequena fêmea, que voltou a respirar. Aliviado, com ela já respirando em seus braços, Poison prometeu a si mesmo que se conseguissem escapar dessa aventura com vida, tudo iria mudar. Ele faria de tudo para merecer a linda companheira que confiara nele. Ela era dele, só dele, para proteger e amar. Não teve muito tempo para pensar a respeito, pois a porta foi escancarada e os piores tipos do universo começaram a entrar.


Ellen

Ellen acordou aquecida e confortável. Abriu os olhos e descobriu que ainda estava na jaula em meio à semiescuridão. Por alguns segundos considerou fechar os olhos e tentar dormir novamente para ver se acordava daquele pesadelo com aliens estranhos... - Ellen, acorde! Acorde e me diga que você está bem! - Poison! Como você está aqui... Ela olhou em volta, desorientada. Ele a segurava nos braços, a aquecendo, seus olhos verdes fosforescentes ainda mais brilhantes do que antes. Seu rosto bonito tão perto que a fez sentir um frio na boca do estômago. - Tenha mais fé em mim, fêmea! Não pensou realmente que aquelas grades poderiam me segurar, não é? - Seus...amigos, eles já chegaram? – talvez não fosse prudente chamá-los de piratas. - Pela movimentação, eu creio que sim. Seja uma boa menina e fique calada. Não faça contato visual com eles. Consegue ficar em pé? - Sim, já estou bem.


Alguns minutos depois, Ellen não pôde evitar de se esconder atrás de Poison, quando um grupo enorme de aliens feios e mal-encarados entrou no recinto. Estavam armados até os dentes. O mais repulsivo de todos era vermelho e encouraçado, seu mau cheiro empesteou o ambiente. Sua cabeça parecia conectada diretamente no corpo, sem pescoço, e várias antenas saíam da parte de trás. Tinha quatro braços, mas os braços superiores formavam garras como uma grande lagosta. Os braços inferiores eram estranhamente mais finos e se mexiam o tempo todo. Mãos de Lagosta foi até Poison e falou com uma voz desagradável: - E então, Poison? Cadê as fêmeas humanas que você nos prometeu e que vão nos deixar ricos? - Carun, seu bode velho! Quer que eu faça todo o serviço sozinho? Se você não demorasse tanto para me buscar já estaríamos curtindo a grana no Planeta Prazer X-Bet 8! - Se você tivesse me mandado o sinal do rastreador de uma vez, eu teria poupado o tempo de vir te buscar aqui. - E apodrecer na prisão? Não, muito obrigado...


- Não confia no seu ami... – nesse momento ele percebe Ellen se escondendo atrás de Poison. – O que temos aqui? Um lanchinho para a viagem? Essa é uma daquelas belezinhas humanas... que valem uma fortuna? – estendeu a garra para tocar nela. Poison fechou a cara e avisou. - Te aconselho a não tocar. Você sabe bem que não compartilho minhas putas... O alien Mão de Lagosta, Carun gemeu de desgosto. Os demais brutos que acompanhavam a conversa riram baixinho ao perceber o desespero do capitão. - Mas ela vale uma fortuna! Você estragou ela... a não ser que tenha um outro Xhiar rico o suficiente para comprar ela. - Deixa de ser mesquinho, Carun! Temos a nave de Dalcor carregada de fêmeas e você chorando miséria por apenas uma? Quanto antes partirmos quanto antes começamos a colheita! A turba de piratas comemorou com Poison, animados para o saque. Tremendo de medo e agarrada à cintura de Poison Ellen o seguiu. Nem um dos piratas se atreveu a encostar nela e Ellen sabia o porquê, seus braços


descobertos estavam iluminados por várias manchinhas verdes.

*** - Você me enganou! – Ellen gritou para Poison assim que ficaram a sós na cabine da nave pirata. – Por sua causa todas aquelas mulheres correm perigo! - Enganei? Não me lembro de ter prometido mais do que a sua segurança. Em perigo elas já estavam assim que foram levadas da Terra. O que acontecerá é apenas uma mudança de donos. O resto do plano continua o mesmo. Leilão e a vida como animalzinho de estimação sexual para alguns milionários. Mas você, não! Você já é minha! - Não sou uma puta! – Ellen estapeou-o na cara. Ele era muito maior e mais forte do que ele e ela imediatamente se arrependeu escondendo as mãos nas costas.

Mas

demonstre

permaneceu

medo,

Ellen

firme, pensou.

sem

recuar.

Apesar

de

Não estar

aterrorizada com o que ele podia fazer com ela, sabia que demonstrar medo só faria piorar a sua situação. Ele arqueou as sobrancelhas em um olhar perigoso e sorriu com o canto dos lábios indo até ela com um andar lento e sensual. Ela recuou até cair sentada sobre a cama.


Ele ajoelhou-se entre as pernas dela e a encarou fixamente. - Você? Você é sim, minha! Eu decidi que te queria antes mesmo de ver o seu rosto, só pelo seu cheiro e quando vi o fogo nesse seu olhar...sabia que não poderia viver sem ter uma prova desse seu gosto, da sua maciez. Mesmo agora, me odiando de todo o seu coração, eu posso sentir o cheiro da sua excitação, chamando por mim. - Mentira! Eu não... – Ellen começou a protestar quando se deu conta que suas coxas estavam lisas e seus seios apontavam para ele, implorando por atenção. Ele continuou sussurrando para ela, o que fazia todos os pelinhos de seu corpo se arrepiarem e seu coração bater muito alto. - Sim, você é minha... e veio até a mim de bom grado. Eu nunca poderia ter você sem a sua colaboração. Mas não se preocupe, não esqueci da minha promessa: vou te fazer sentir tanto prazer que você não terá forças para deixar a minha cama!

***


A cabine de Poison na nave pirata do Mão de Lagosta estava trancada. Ellen não conseguiria sair nem se tentasse. Em sua mente as palavras dele continuavam martelando: - Eu nunca poderia te ter sem a sua colaboração! Ellen sentiu-se mal, pois era verdade. Ela se agarrou a ele, por desespero ou estar atraída demais pela sua boa aparência. Como macho ele era tudo que mais atraía uma mulher. Alto, músculos fortes e bem definidos, ombros largos e uma cintura fina, coxas grossas e bem torneadas. Enquanto todos os outros piratas estavam usando roupas sujas e disformes, ele corria quase nú, usando apenas uma tanga, ficando bem pouco para a imaginação. Lambendo os lábios, lembrou do ocorrido na cela da estação da fronteira. Como seu gosto picante formigou por seus lábios e de como tivera seu pau na boca e bebera de sua semente. Poison cumprira sua promessa de prazer. Nunca em sua vida, Ellen sentira tanto prazer. Não havia um único recanto de seu corpo que ele não provara e acariciara. Seus gritos de prazer deixaram bem claro o quanto ele a agradara. Seu eixo grosso trabalhara incansavelmente entrando e saindo até que ambos gozassem até a exaustão.


E depois de tudo, ele a arrastara até o banheiro e a limpara levando-a de volta para a cama e dormindo abraçados. Ellen estava tendo muitos sentimentos contraditórios a respeito de Poison. Ele era carinhoso e atencioso com ela, cuidando do seu bem-estar, mas era um criminoso. A intenção de Poison e dos outros era interceptar os traficantes e roubar deles as outras mulheres. Não para as libertar e sim para vendê-las da mesma forma e pior ainda, os piratas falavam abertamente em estuprá-las antes! Pelo menos os asquerosos Krulls não fizeram aquilo, enquanto ela estava na nave. Quem sabe o que as outras mulheres estavam passando agora? Alimentada e limpa, Ellen sentiu-se muito mal por estar em segurança e quentinha nos braços de Poison, enquanto

as

outras

talvez

estejam

passando

por

momentos terríveis. Como ajudar? Ellen pensou antes de cair em um sono exausto e sem sonhos.


CAPÍTULO 4

- Vou sair agora e quero que você vista esse traje, mas em hipótese nenhuma saia, até que eu venha te buscar, entendeu? – Poison segurou seu rosto para certificar-se de que tinha sido bem claro. Ellen acenou concordando. Ele havia apenas vestido a tanga que mal cobria seu membro, mas jogou um traje para Ellen vestir. A roupa parecia um daqueles trajes que os surfistas usam, de corpo todo, parecia emborrachado, mas era confortável de usar como uma malha. Olhando-se no espelho, Elle percebeu que o traje apegava-se ao corpo, deixando-a

com

uma

bunda

enorme.

Nada

para

imaginação, mas era bonito e muito flexível inclusive dando suporte para que os grandes seios de Ellen não ficassem balançando. Se um dia escapasse dali e voltasse para a Terra, com certeza se acostumaria a dormir todos os dias de sutiã, só para nunca mais correr o risco de ser abduzida apenas com um pijama curto. - Este traje oferece apenas alguma proteção contra garras e pode segurar até um tiro de taser, desde que não seja à queima-roupa. É apenas precaução. Consegui também luvas e botas para o seu tamanho e um


comunicador. Você vai me aguardar até eu dizer que é seguro sair daqui. Preciso ir agora, a nave de Dalcor está próxima. Se você for boazinha até deixo você falar com suas amiguinhas antes do leilão. – Ele provocou beijando sua testa e dando um tapinha no seu bumbum. Cansada, resolveu não retribuir a provocação. Ao mesmo tempo que Ellen odiava a situação em que se encontrava, era fácil perceber que poderia ser muito pior. Não tinha dúvidas que antes de serem leiloadas as outras mulheres seriam estupradas pela tripulação do Mão de Lagosta. E chamar as autoridades, mesmo que ela soubesse como, não era uma opção, lembrando-se dos guardas corruptos da fronteira. Colocou o comunicador na orelha, assim como viu Poison fazer. Com um toque ele abriu em um canal exclusivo entre os dois. - Lembre-se, apenas para emergências. Estarei muito ocupado, saqueando a nave de Dalcor. - Ok, já entendi. – respondeu um tanto irritada. Ao olhar para o rosto tão bonito e preocupado dele, que tentava se certificar de que ela ficaria bem, sentiu remorsos. - Poison?


- Sim, minha vida? - Se cuide... Ele sorriu e jogou um beijo ao sair. Frustrada pela ambiguidade de seus sentimentos, Ellen jogou-se de bruços na cama. Queria fugir, queria gritar, queria fazer qualquer coisa para dissipar sua frustração. Pegou o ponto de comunicação e jogou com toda a força na parede. Depois de se acalmar, bastante tempo depois, procurou pelo dispositivo no chão. Ao colocar no ouvido percebeu que este estava transmitindo a voz do capitão da nave escravista, Dalcor! - Estamos em menor número, capitão! Eles já estão nos dominando. - Seus vagabundos! Não pago vocês para deixarem eles nos ferrar! Se eles passarem por vocês matem toda a mercadoria. Repito, não deixem que eles levem nenhuma viva! Quando Ellen descobriu que as outras mulheres seriam mortas, ficou desesperada! Tentou avisar Poison do que descobriu, mas não sabia como operar o dispositivo. Então pegou uma espécie de capacete que encontrou por ali e que parecia fazer parte de um traje espacial, um blaster, e uma faquinha de cozinha que foram as únicas


armas que encontrou e saiu correndo, disposta a fazer o que pudesse para salvar aquelas mulheres. A nave pirata estava vazia, mas quando chegou na nave dos traficantes de escravos, havia vários homens-lagartos pelo chão, mortos. Um corredor em curva apareceu. Direita ou esquerda? Tentou se lembrar do caminho e ao ver movimentação no da esquerda resolveu arriscar. Vou pela direita! O corredor ia em declive, como ela lembrava que as jaulas ficavam nos pisos inferiores achou que estava indo pelo caminho certo. Cautelosamente foi descendo pelos corredores cada vez mais escuros e silenciosos. Segurando o blaster firmemente na mão, foi surpreendida por um homem-lagarto que pulou em cima dela e tomou um tiro de blaster nos intestinos. Ao ser atacado, o lagarto fez voar seu capacete pelo chão metálico do corredor com um soco. Antes de poder recuperá-lo escutou passos em sua direção e resolveu entrar na primeira porta. Ao virar-se descobriu as jaulas onde as mulheres esperavam assustadas. Elas estavam todas agarradas umas às outras no fundo da jaula. Quem a reconheceu primeiro foi a mulher que estava à sua frente quando acordaram no chão. - Ei, você! O que está acontecendo? Onde você estava? - Não posso explicar! Vou abrir as jaulas.


Pegou o blaster e disparou na trava da primeira jaula, que fumegou e derreteu e foi assim tentando abrir todas as jaulas até a última quando o blaster parou de funcionar. Com todas as mulheres saíram para fora das jaulas elas se voltaram para Ellen para saber o que fazer. - A nave está sendo está sendo invadida por piratas e o líder dos homens-lagarto mandou matar todas vocês! Precisamos sair daqui agora! - Eles vieram nos salvar? - Não! Eles são a escória! Mas se vocês ficarem aqui vão morrer como ovelhas em um matadouro... A mulher que acordara antes e gritara empurrou as outras e veio à frente interpelar Ellen: - Como sabemos se devemos confiar em você? – Ela estava bastante machucada, o olho roxo e contusões pelo corpo. – Todas nós estamos miseráveis e você aparece aqui, com armas, vestida com a roupa da mulher gato, o cabelo parecendo que acabou de sair do cabelereiro e diz que devemos a seguir. Onde você esteve todos esses dias? - É uma longa história e nós não podemos ficar aqui. Precisamos fugir!


Neste momento um homem-lagarto entra e vem direto com as garras em direção a Ellen. O blaster não funciona e Ellen o joga na direção dele. Lembrou da pequena faca, mas antes que pudesse puxá-la de dentro da luva, sua luva caiu com a faca junto e Ellen encostou no peito do homem-lagarto que desmaiou antes de cravar suas garras. As outras mulheres assistiram à cena, assustadas. A mulher zangada, foi a primeira a falar: - Você agora tem super-poderes? Você é alien agora? Ellen abaixou-se e pegou a luva, recolocando-a. - Não, mas aparentemente fazer sexo com um deles me causou isso. – Ellen admitiu ruborizando. Quando as outras mulheres vieram até ela, deu um passo atrás. – Enquanto eu não sei bem como isso funciona é melhor vocês não me encostarem... Neste exato momento, um pelotão de soldados com armadura preta e armamento pesado invadiu a sala, fortemente armados. Como uma manada todas as mulheres correram para o fundo da sala e Ellen ficou ali parada em frente ao homem-lagarto jogado no chão. O líder do pelotão ao verificar que todos estavam desarmados, retirou o capacete e comunicou-se com sabese lá quem estava dando suporte a eles.


- Aqui é Alfa Um. Encontramos as fêmeas humanas, repito, encontramos as fêmeas humanas! Ellen ficou boquiaberta. Era Poison! Ele estava ali, lindo em uma armadura toda preta, em frente a ela, a encarando. - Você, fêmea! Existe alguma de vocês que está ferida, que precisa de atendimento médico? - Eu... – sem entender o que estava acontecendo, Ellen não conseguiu responder. A gritadora e mais uma outra adiantaram-se e já foram sendo levadas pela equipe. Ele continuou encarando Ellen, que só conseguiu balbuciar: - Os seus olhos...estão azuis agora? Neste exato momento entra correndo Poison que estava seminu,

suas manchas

verdes

fluorescentes

brilhando mais fortes do que nunca. Ele diretamente ao líder, que sinaliza aos outros da tropa para não atirar. - Ela sumiu! Acabei de voltar da nave... ele parou de falar quando viu que Ellen estava ali no meio da sala, encarando os dois que eram totalmente idênticos se não fosse a cor dos olhos. Poison tinha os olhos verdes e o líder do pelotão tinha os olhos azuis. O mesmo cabelo, o queixo forte e o sorriso. - Vocês são gêmeos?


- Trigêmeos, na verdade. Mas nossa maninha está muito ocupada neste momento para vir conhecer a nova... – retrucou o líder. Poison agarrou o seu braço e a foi puxando pelo corredor sem esperar o resto da resposta. No corredor, ela foi reclamar por estar sendo arrastada daquele jeito quando ele a empurrou em uma parede e a beijou apaixonadamente. -

Nunca

mais

faça

isso!

Envelheci

dez

anos

imaginando você morta pelo chão. Você sabia que Dalcor ordenou que todas fêmeas humanas fossem mortas? Se os SkyGuardians não tivessem chegado a tempo, vocês todas estariam mortas! - SkyGuardians? O pelotão de armadura? Você está coberto de sangue? - Sim, a luta entre traficantes e piratas foi brutal. Quase não sobra ninguém para prendermos. - Você não é um pirata, então? – Alívio tomou conta de Ellen pois seus sentimentos eram contraditórios a respeito de Poison. Como ela podia se apaixonar por alguém que passava a vida roubando, matando e inflingindo dor às outras pessoas? Saber que ele estava o tempo todo do lado da lei a acalmou.


- Sim e não, Ellen. É complicado, ninguém passa tantos anos disfarçado entre a pior escória do planeta sem cometer os atos mais vis que você possa imaginar. Por isso, após desmantelar todo o esquema de tráfico de fêmeas humanas e de quebra ainda acabar com uma das piores quadrilhas de piratas espaciais, de agora em diante será apenas trabalho burocrático para mim, obrigado! - Que bom. Eu... Poison a agarrou no colo e a levou de volta até a nave pirata. Ellen pode ver muitos homens lagarto e também piratas algemados pelos corredores. Quando chegaram na cabine que estavam antes ele a jogou na cama. Deu meia volta e a largou lá, trancada! Só voltou depois de muitas horas, desta vez limpo e vestido

com

uma

calça

preta.

Ellen,

que

estava

aguardando sentada na cama abriu a boca para falar e ele já a interrompeu: - Estamos indo para a Estação SkyGuardian. Você me desapontou, mocinha! - Eu?! - Sim, confiei que você iria ficar na cabine e você saiu, durante o pior da batalha! Ellen tentou interromper, explicar.


- Não se preocupe com nada, Ellen. Vou terminar de resolver os meus problemas aqui na Estação e enquanto isso vou te deixar com o pior guardião que você possa imaginar! Você não conseguirá escapar, nem mesmo respirar fora da linha! Não posso nem imaginar te perder novamente. Até seus pensamentos vão ser monitorados, mocinha. Você nem pisca enquanto eu não estiver de volta para te cuidar!


CAPÍTULO 5

Já dentro da Estação Espacial Falcon One, após tomar um banho e vestir o uniforme completo dos SkyGuardians. Poison trouxe uma muda de roupas novas para Ellen. - Não sei se quero me desfazer do meu uniforme de mulher-gato. Eu definitivamente me senti fodona usando esse macacão colante preto! – brincou. - Fêmea, você quer definitivamente me matar! Esse traje mostrava todas as suas curvas e só não era melhor do que os trapinhos que você vestia antes! - Desculpe não me vestir adequadamente para ser abduzida da minha própria cama na Terra! As roupas que ele trouxe eram claramente femininas e muito elegantes. Pelo perfume que a roupa emanava, Ellen sentiu uma pontada no coração imaginando quem era a dona destas roupas e como ele as conseguira. Pela primeira vez ela via Poison com tanta roupa, acostumada a vê-lo correndo seminu. O uniforme preto conseguia o deixar ainda mais sexy, pois emanava autoridade. Até os


cabelos ele cortou, ressaltando o seu sorriso muito branco e dentes pontudos. Poison a conduziu até o refeitório da estação, onde uma linda fêmea Xhiar de longos cabelos negros e olhos violeta a aguardava. - Olá! Sou Nayah e é um prazer finalmente conhecêla! - Esta é Ellen. Você fica encarregada de protegê-la, irmãzinha. Se necessário pode usar força letal para defendê-la! - Ela é sua irmã? Antes dele poder responder o outro irmão passou à sua frente. - Não acredito que o meu irmãozinho Nollo aqui, não vai confiar em mim para guardá-la dos perigos! – Ele tomou sua mão e começou a beijar, claramente provocando o irmão. - Este é Nyall, você já o encontrou antes. - Poison puxou

sua mão, fingindo estar enciumado. Nyall então

era o irmão dos olhos azuis, comandante da tropa SkyGuardian que salvou as mulheres. Os três irmãos eram altos e fortes, sendo que Nayah tinha as formas mais


femininas, muito elegante e cabelos longos, enquanto Nyall e Poison os tinham cortado bem curto ao estilo militar. - Porque ele iria usar o número 2 se tem a disposição de si a número 1? – retrucou Nayah empurrando Nyall de brincadeira, que levantou os braços, desistindo. - É verdade! – admitiu ele. – Nossa maninha fazia de nossas vidas um inferno. Nunca entendi por que ela optou em se médica e não guerreira. Meu lugar como líder da tropa estaria ameaçado... - Simples, seus bobões! Salvar vidas é muito mais interessante

que

tirá-las.

Qualquer

um

com

dois

neurônios sabe como atirar com um blaster como vocês dois. - Poison me disse... – começou Ellen. - Poison?! – Os dois irmãos em uníssono gritaram, divertidos. O outro apenas coçou a cabeça, embaraçado com a atitude dos irmãos em frente à sua mulher. - O nome dele é Nollo! Nooh-llooh... – ainda em uníssono os dois irmãos. Ellen percebeu que esta devia ser uma provocação que os dois faziam com frequência desde criança para o irmão. - Nollo é o nome do meu bisavô que era gordo! Não combina comigo. – ele fez uma careta.


- Deixe a mamãe escutar isso do avô favorito dela, ela vai arrancar suas orelhas fora! Poison, que piada... – retrucou Nayah. - Falando em veneno (poison)... – Nyall voltou-se para Ellen com um olhar zombador e deu uma piscadinha maliciosa, cutucando Nayah. – Nós sabemos o que vocês dois andaram aprontando, seus venenosos! Ao lembrar do boquete que Ellen deu em Poison, ou melhor, em Nollo, ela ficou totalmente vermelha e começou a gaguejar. Mais aí lembrou que vestia suas calcinhas de menina grande (N.T.: significa empoderada ou adulta) e enfrentou o olhar zombador dos novos cunhados que a encaravam rindo em expectativa. - Sim, eu paguei um boquete sim. Mas é uma via de mão dupla que estamos pegando... - Isso é um ditado da Terra? – perguntou Nayah intrigada. Quem respondeu foi Poison: - Isso significa que o que ela deu, ela também espera receber. – respondeu orgulhoso. - Bastardo sortudo! – Explodiu Nyall batendo a mão na mesa e chamando a atenção das outras pessoas que conversavam alegremente no refeitório lotado. Ele sentouse e esperou que todos parassem de prestar atenção à cena


e continuou. – Você certamente tem uma irmã ou uma amiga para me apresentar, não é cunhadinha? Nayah a puxou para longe de Nyall e a levou para o bufê de alimentos. Vários seres se serviam em grandes pratos quadrados. Muitas frutas diferentes, e molhos fervendo. Pilhas e pilhas de comida, o que fez o estômago de Ellen reclamar, pois estava com fome. - Não ligue pra eles, irmãzinha... – e gritou para o irmão – Já te falei várias vezes: vá caçar as suas próprias bucetas! Até o Nollozinho aqui conseguiu! Até agora ainda não sei como, mas conseguiu... Rindo de sua própria piada, ela voltou-se para Ellen que estava com as bochechas vermelhas: - Desculpe pela família maluca que você se meteu. Juro que mamãe tentou colocar algum juízo nestes dois, mas ela disse que os dois puxaram o papai, as cabeças são duras demais. Já deu para perceber que a inteligência só ficou só com as mulheres da família. Enquanto

empilhava

comida

no

prato,

Nayah

continuava conversando. Quando ela encontrava alguma comida que achava que Ellen ia gostar, ela já colocava no prato dela sem nem mesmo perguntar se ela queria comer tudo aquilo. Ellen estava começando a ficar preocupada


com a montanha de comida que se avolumava em seu prato, pois aparentemente sua cunhada era muito boa de garfo. Poison e Nyall também pararam um pouco de implicar um com o outro e começaram a encher seus pratos. Discretamente ela sussurrou para Poison: - Você vai ter que me ajudar a comer tudo isso. Não consigo comer um terço... - Não se preocupe. Já faz tanto tempo que eu não como, que comeria três pratos deste! Enquanto devorava grandes quantidades de comida, Nayah falava sem parar. Ellen, de boca cheia, apenas balançava a cabeça e assentia concordando. -

É

muito

raro

algum

de

nós,

Xhiars,

nos

relacionarmos com outras espécies. - Por causa do veneno? - Sim, não ajuda nada você não poder tocar na pessoa em quem você está interessado, as pessoas simplesmente desistem quando descobrem que não vão poder voltar atrás.


- Você é médica do SkyGuardians, não é? Como funciona, sabe...a questão do veneno, na hora de tratar os pacientes? - Como você já deve ter notado, uso sempre mangas compridas e luvas, então a probabilidade de minha pele encostar em um paciente é muito baixa, mas se por acaso acontecer...ei! Anestesia grátis! - Você é muito engraçada, Nayah! Nayah baixou o tom de voz e chegou mais perto: - Agora que você é uma de nós, eu posso te contar um segredo! O medo que os outros têm de nos encostar é muito maior do que o que realmente acontece...claro que em uma luta, um adversário desmaiado é um adversário morto. Mas o “veneno” excretado pela nossa pele é apenas um paralisante forte, não ficando nenhum efeito residual depois

de

algumas

horas.

Nossos

antepassados

costumavam caçar, passando as flechas e lanças em sua saliva. Caso realmente fosse mesmo veneno os animais mortos não poderiam ser comidos, não é mesmo? - Você tem razão, creio que existe algo assim parecido em nosso planeta. Uma tribo nativa costuma caçar e pescar paralisando as vítimas com o suco de uma raiz.


- É realmente uma pena que nenhuma das mulheres possam voltar para seu planeta... - Como assim? Elas não foram resgatadas? - Ele não te contou nada, não foi? - Para falar a verdade o pouco tempo em que ficamos sozinhos juntos o que menos fizemos foi conversar um com o outro. As mulheres ainda serão vendidas? - Céus! Não! Mas de acordo com as regras da Confederação Interplanetária uma vez que uma espécie é retirada de seu habitat natural e apresentada a raças mais evoluídas, ela não pode retornar. Atrapalharia a evolução natural do seu planeta, causaria pânico, etc, etc. - Nunca mais poderemos voltar, não é? - Não se preocupe. Todas receberão cidadania de refugiados e terão a chance de se estabelecer novamente. E você terá a nós, que somos sua família agora. - Você não entende... muitas delas, eu não sei, devem ter família, amigos, talvez até filhos. Nunca poder voltar é horrível! Nayah apertou sua mão e respondeu, compreensiva:


- Eu entendo, mas ainda é muito melhor do que ser leiloada e virar escrava sexual de um desses pervertidos. Não tem saída simples. Você também deixou uma família? - Não, na verdade sou filha única. Não deixei ninguém muito próximo. Minha mãe faleceu há dois anos e meu pai eu nunca conheci. - Oh, lamento. Agora você ganhou uma nova família, e já vou te avisando que mamãe é uma figura! Mesmo de longe ela parece saber tudo da vida da gente. Sei lá, já procurei espias nas minhas coisas e não encontrei. Ela fala que é intuição materna, acredita? - Então, o que vai acontecer comigo e as outras humanas de agora em diante? - Os humanos são de um planeta não reconhecido pela Confederação, portanto não tem cidadania plena. Vocês precisam receber o status de cidadãos para trabalhar e viver por aqui, o que deve ser rápido, visto que vocês foram vítimas dos traficantes. Caso os traficantes sejam condenados e fique provado que vocês deixaram o planeta contra sua vontade... - Caso? Existe a possibilidade deles se safarem dessa? - Espero que não, e Nyall sempre toma muito cuidado para reunir o máximo de provas com a SkyGuardian, mas


é incrível o que suborno e má fé desses caras podem fazer. Portanto, assim que os traficantes sejam condenados, a Confederação estabelece uma ajuda de custo para as vítimas se estabelecerem fora do seu planeta de origem. Facilita muito que as fêmeas humanas sejam muito requisitadas, na verdade os solteiros irão disputá-las aos tapas. - E as que não quiserem se casar? - O de sempre, arrumar um serviço de merda e seguir a vida... Nollo é mesmo muito sortudo! Não acredito como ele conseguiu convencer você a... - De novo essa história do boquete?! Nunca vão esquecer disso? - Nunca!! É tão bom quanto chatear meu irmãozinho por causa do nome...Noooh – llooooh! Apesar das brincadeiras maliciosas, Ellen sentiu-se aceita pelos irmãos de Poison. Embora parecessem estar brigando o tempo todo e implicando, ela sentia o grande amor fraterno que existia entre eles e sabia que eles dariam a vida para cuidar uns dos outros. ***


Já na cabine de Poison, o olhar que ele lhe dava era de fome... muita fome! Deitada na cama, aguardando ele sair do banho enrolado na toalha, Ellen admirou os músculos elegantes que eram ainda mais valorizados pelas manchinhas fluorescentes que moviam-se lentamente sob a pele. Ela poderia ficar horas admirando o seu homem, se não fosse pelo olhar faminto dele. - Eu já te falei que no meu planeta existe um animal com essas manchas? - É mesmo? E com certeza é um predador muito perigoso... – ele veio aproximando-se dela lentamente. - Sim, um caçador muito eficiente. Mas como você sabe? - Óbvio, na natureza, cores brilhantes e vivas como as nossas gritam: Perigo, não se aproximem! - Eu ia dizer que você se parece com um jaguar, ou guepardo mas, depois disso acho que está mais para um sapinho da região amazônica! (N.T.: na verdade são rãs) - Esses sapos, são muito perigosos? Ellen riu, imaginando a decepção dele quando descobrisse que ele são minúsculos. - Muito, muito venenosos!


- Então venha até mim, minha Poisoness! Eu acabei de me lembrar de algo chamado na Terra de via de mão dupla! Ellen ia esclarecer que o que ele pensava ser um codinome para sexo oral na verdade era uma norma de trânsito, mas se esqueceu totalmente. Ele se aproximou da cama com um sorriso malvado nos lábios, Ellen que já esperava nua por debaixo dos lençóis

agarrou-se

ainda

mais

em

sua

cobertura,

simulando um medo que combinava bem com frio que sentia na barriga. Poison tinha um jeito bad boy que a deixava totalmente sem fôlego. Sus olhos verdes destacavam-se na penumbra do quarto, fazendo com que o clima entre os dois parecesse ainda mais sensual. Com a graça de uma pantera ele atacou e puxou o lençol que a cobria. - Minha! Ellen sentiu um arrepio de prazer percorrer seu corpo em antecipação. Os mamilos endureceram a ponto de ficarem doloridos e sentiu-se molhada por ele. Suas mãos que cobriam seus seios, escondendo-os do olhar devorador da fera, tocaram o rosto masculino barbeado e o seu cabelo agora estava bem mais curto do que quando o conhecera.


Pensou consigo mesma que gostava mais dele antes, indisciplinado, mas que ele era muito, muito atraente e perigoso. Sorriu para ele e provocou: - Sua? - Sim, fêmea! Eu te reivindiquei e você agora é somente minha! Minha Poisoness! - Poisoness... – repetiu sonhadora, enquanto ele a subjugava com beijos espalhados pelo seu corpo. - Vai demorar a me acostumar com o veneno. Tenho de me lembrar que não poderei tocar ninguém. Agora sou venenosa. - Deixe que os outros a temam, Poisoness! É emocionante sair pela multidão e ver como eles irão abrir os caminhos para você passar. Somente eu terei o privilégio de tocar essa sua pele macia, de beijar essa sua boca e te provar todos os dias.

***

Ainda

de

madrugada

Poison

levantou-se

bruscamente, antes de baterem na porta. Era Nyall que vestia sua armadura completa.


- Desculpe o horário, irmãzinha. – Nyall desculpou-se para Ellen que se espreguiçava na cama. – Minhas fontes revelaram

que

os

defensores

do

traficante

Carun

convocaram os guardas da fronteira para testemunharem contra você, irmãozinho. - Sob que pretexto? – perguntou Poison, sério. - Isso ainda precisa ser confirmado, mas o mais provável é que eles vão dizer que você sequestrou a humana e que ela precisa ser “protegida” de você! - Mas isso é uma mentira! – Ellen explodiu. - Sim, e nós provaríamos isso no Tribunal. Porém eles ganhariam tempo para intimidar testemunhas, subornar ou

chantagear

pessoas.

Existem

grandes

fortunas

interessadas em abafar o caso. - Eles não vão botar as mãos sujas em minha companheira! - Calma, maninho! Nyall aqui, esqueceu? –ele tranquilizou o irmão. - Prevendo que eles iam tentar algo, eu convenientemente “esqueci” de registrar Ellen na entrada da Estação SkyGuardian. Se ela nunca deu entrada, ninguém saberá que ela saiu e nem para onde. Já liberei nossa irmã de férias. Oficialmente, ela e a namorada


irão passar uma temporada junto com a família no Planeta Caust. - Namorada? – perguntou Ellen. - Ah, sim. Nossa irmãzinha gosta de fêmeas, você sabia? O que aliás é a única coisa em que nós três concordamos, pois para trigêmeos somos um bocado diferentes, não acha? - Confio em Nayah com a minha vida, Ellen. Nosso planeta

recebe

poucos

forasteiros.

Você

ficará

em

segurança lá, até acontecer o julgamento. - Você não pode vir junto, Poison? - Não se ele quiser que os traficantes sejam condenados. – respondeu Nyall. Uma batida na porta e os três se viraram. Naya entrou carregando duas mochilas, pronta para a viagem. - Vamos, temos que sair antes que nos vejam. Estou animada, fazem mais de 10 solares que não vou para casa! Irmãzinha, se vista... e não se preocupe pois compraremos roupas novas para você ao chegarmos lá! Nayah jogou para Ellen uma capa elegante com capuz, que ela vestiu por cima do macacão “mulher gato” e


colocou as botas que Poison havia arrumado para ela na nave pirata. Bocejou mais uma vez: - Sério, a última vez que consegui dormir uma noite completa foi enquanto eu estava no meu apartamentinho lá na Terra. Vocês não dormem nunca? - Não! – responderam os três em um uníssono. - Na verdade isso foi uma das razões pela qual nossa mãe nunca quis engravidar novamente. Ela diz que a saúde mental dela não aguentaria. – Explicou Nayah a puxando pela porta.


CAPÍTULO 6

Pegaram uma nave de transporte de passageiros até a Estação no Planeta Commos 2. A viagem foi tranquila, mas Ellen admirou-se como a sua cunhada permanecia vigilante. Com certeza ela estava preparada para qualquer eventualidade. Não pode deixar de sentir admiração pela desenvoltura e segurança que sua nova irmã emanava. Ellen gostaria de ser tão autoconfiante como os três irmãos gêmeos. Estar com um deles sempre a deixava segura e protegida. Era a convicção de que era amada e mesmo tendo se passado tão pouco tempo desde que os conhecera e sentia que também retribuía esse amor. Era se conhecesse por sua vida toda esses três, a agitação borbulhante, as brincadeiras cáusticas mas sempre amorosas. Pertencer a uma família. A estação era um grande centro comercial agitado e Ellen pode comprar tudo o que precisava por lá. Seres de todos os tipos circulavam pelas ruas superlotadas de Commos. Nayah a advertiu a não tirar o capuz, pois humanas sempre chamavam atenção pois não haviam muitas de sua espécie pela galáxia.


Nayah e Ellen estavam de luvas e mangas compridas, então Ellen estranhou quando a cunhada começou a comprar muitos vestidos delicados e decotados. E trajes de banho que fariam uma stripper corar! Aparentemente o preço era inversamente proporcional à quantia de tecido usado, quanto menos tecido, mais caro! Ellen também comprou trajes de banho, vestidos e sapatos mas resolveu comprar o que se sentiria bem usando na Terra. Não curtia essa linha mais sexy antes e não ia começar agora que estaria morando com a sogra. - Caust é o único planeta onde posso expor minhas manchinhas sem causar medo! Quero vestir o mínimo de roupa legalmente possível enquanto estiver por lá! Os perfumes que encontrou em Commos eram divinos, assim como as loções e cremes. Ellen não resistiu e as duas compraram quase mais do que poderiam carregar

sozinhas.

Nayah

alugou

uma

estação

de

armazenamento pois ainda precisariam de uma nave para chegar até em casa. Enquanto Ellen tomava banho e dormia em uma pensão, ela sumiu e apareceu dizendo que havia comprado a nave perfeita para voltarem para casa. - Você precisa ver a belezinha que encontrei! Uma raridade, depois de reformada vai valer uma fortuna! Você vai me ajudar a encontrar o nome perfeito para ela.


- Ela? - Ah, sim. A XK49827 é com certeza ela. E então? O que acha? Ellen olhou em volta procurando a nave especial que sua cunhada acabara de adquirir. No espaçoporto havia naves gigantescas, outras médias e pequenas, com linhas elegantes e escuras e ao lado de uma lixeira havia o que parecia ser, bem...mais lixo espacial. - Essa é sua nave? – Ellen ficou tão decepcionada, mas tentou deixar o tom de voz o mais neutro possível. – É bem pequena, não? - Não se preocupe, o espaço interno é ótimo! E o motor está como novo, quase não foi usada nos últimos anos! Único dono, um Trasg que chegou a lutar na última guerra Sêneca! Ele praticamente me deu de graça, paguei metade do que estava disposta a pagar. Ellen pensou que provavelmente era pelo motivo de oferecer risco de vida, se é que conseguiria alçar vôo. - Então, que nome você daria para uma princesa robusta, mas guerreira? - Eu acho que... Princesa Fiona. Isso, combina totalmente com “ela” a nave. O que acha?


- Princesa Fiona... combina perfeitamente, irmãzinha! Nayah estava tão radiante que tascou um beijo na testa de Ellen. Os trigêmeos tinham essa mesma energia. Se um dia tivesse filhos com Poison, eles também seriam hiperativos? - Já tenho o meu projeto de férias! Reformar a Princesa Fiona. Que cores você acha que combinariam para a lataria dela? Eu gostaria de restaurar a cor original mas não estou conseguindo identificar... -

É

a

ferrugem

e

as

cracas

que

certamente

atrapalham, mas você entende de motores, funilaria e essas coisas de mecânica? - Sim! Enquanto o sonho de mamãe era que eu ficasse de vestidinhos e frufrus tomando chá, eu só queria ficar com meus irmãos na oficina do meu pai. Sempre fui moleca. Ouvir isso deixou Ellen apenas um pouco mais tranquila. Fazer uma viagem interplanetária em algo que mais parecia lixo espacial não era o conceito dela de uma viagem

segura.

Tudo

na

nave

era

estranho

e

malconservado. Fios enrolados por toda parte, manchas de graxa e até mesmo a poltrona onde estava sentada estava em mau estado.


Ellen ficou orando para todos os santos que conhecia pedindo uma viagem segura. Foi somente depois de muito tempo em viagem que consegui cochilar um pouco. Desde que saíra da Terra não sabia mais o que era dormir despreocupada. O planeta Caust era lindo, e o céu era azulesverdeado no exato tom que Ellen conhecia como cerceta. (N.T. pesquisei a cor e aqui no Brasil conheço como azul Tiffany) Até as árvores e grama tinham um tom de verde diferente da Terra como se um filtro azul tivesse sido aplicado deixando tudo mais misterioso e exótico. A paisagem era exuberante. Vegetação para todo o lado. Os pais dos trigêmeos estavam esperando ansiosos do lado de fora do barracão que Naya aterrissou. O pai tinha o cabelo grisalho e a mãe era um pouquinho mais baixinha e gordinha do que a filha, seu cabelo preto muito bem penteado em um coque severo. Os dois tinham um grande sorriso no rosto. - Que bom que vocês chegaram! Sou Suri e este é meu marido Noah. Fizeram boa viagem? - Olá, sou Ellen. Sim, correu tudo muito bem. Após as apresentações, Nayah puxou o pai para a oficina para apresentar a sua nova aquisição, a Princesa


Fiona, e Ellen entrou com a sogra para conhecer a casa. Nos primeiros cinco minutos ela entendeu que mais ouviria do que falaria e conseguiu ficar mais à vontade. Aparentemente Nayah herdou o dom da fala de sua mãe, pois esta conversava sem parar. Ellen não se incomodava com isso, na sua vida inteira foi mais calada e introspectiva. Suri a ajudou a trazer suas coisas para o quarto de Poison, ou melhor, Nollo. Também já foi desfazendo as malas e colocando as roupas no guardaroupas. - As roupas acabei de comprar em Commos. Quando acordei na nave dos traficantes eu estava apenas com um pijama curto. – explicou Elle. - Oh, pobrezinha! Deve ter sido horrível se raptada de casa. - Sim, foi. Mas poderia ter sido muito pior se eu não tivesse conhecido P... Nollo. Ele realmente me protegeu e me salvou de um destino terrível. - Querida, você está a salvo aqui conosco, agora. Assim que esses traficantes sejam condenados ele virá para casa e poderemos fazer uma grande cerimônia de casamento!


- Eu espero que sim. Nollo não volta para casa há muito tempo? -

Desde

que

começou

a

trabalhar

infiltrado.

Aparentemente bandidos não podem ter família! – Suri soou um pouco ofendida, como se fosse uma desculpa que ele dera para não voltar para casa. – Faz quinze solares pelo menos! - É bastante tempo, mesmo. - Com a repercussão que esse último caso teve, provavelmente ele não poderá mais trabalhar infiltrado. Os meus filhos apareceram em todas as notícias, sabia? Você não tem ideia de como era embaraçoso ter dois filhos tão bem sucedidos e não poder contar a ninguém o que o terceiro fazia...Mas ele certamente se redimiu agora! Ele encontrou uma companheira e agora eu ganhei uma nova filha! - Obrigada! Cert... - Agora que um deles tem uma companheira, quem sabe os outros dois se animem também – interrompeu ela – e encham essa casa de netos! - Não contem comigo! – gritou Nayah da cozinha. Durante a refeição divina, Nayah e Suri conversavam sem parar. O pai e Ellen só concordavam e respondiam o


que lhes era perguntado. Certo momento ele deu uma piscadinha amistosa e segurou a mão de Ellen. - Estamos muito felizes em ter você aqui conosco. Ellen sentiu-se tão bem-vinda a essa família que não conseguiu segurar, seus lábios tremeram e seus olhos encheram de lágrimas. Estava há tanto tempo sozinha no mundo que não percebera o quanto ter uma família fazia falta. Se Poison e Nyall estivessem ali também seria como o Dia de Ação de Graças. As duas mulheres ao verem a reação de Ellen, levantaram-se da mesa e vieram para um grande abraço coletivo.


CAPÍTULO 7

No outro dia cedo, Ellen foi acordada por sua cunhada vestindo um biquíni indecente e abrindo todas as cortinas e janelas do seu quarto. Logo atrás de Nayah veio a sua sogra, horrorizada pelos trajes da filha. - Acorde, Ellen! Está um dia de sol lindo! Venha tomar sol comigo à beira da piscina, assim que você terminar o café. - Você não pode vestir isso lá fora, minha filha! E se os vizinhos te virem? Parece mais indecente do que tomar sol pelada... - Calma, mamãe! Não temos vizinhos pertos e se chegar visitas eu coloco uma roupa por cima. Quero destacar bem minhas manchinhas! Roxo vai ser o novo tom do verão... Ellen colocou um traje de banho muito mais comportado e foi olhar-se no espelho, verificar suas novas manchas. Era muito estranho pensar que sexo com um alienígena pudesse ter esse efeito. Foi quando olhou para seu rosto e descobriu que seus olhos também estavam


verdes! Seus olhos castanhos comuns haviam se ido e agora ostentava o mesmo verde vívido fosforescente de seu companheiro. Desde que o conhecera sua vida tinha sido uma loucura tão grande que esta tinha sido a primeira vez que se olhara em um espelho. Lembrou das loucuras que tinham feito na cama e mesmo fora dela e a saudade ficou ainda maior. Vestiu um vestido simples por cima do traje de banho e foi tomar café da manhã com sua nova sogra e sogro. Quando foi até a piscina encontrar sua cunhada comentou do espelho: - Você acredita, Nayah, que eu não tinha ideia que meus olhos estavam verdes? Quer dizer, eu sabia das manchas, sim, mas não tinha ideia que os olhos também mudavam. - É isso aí, não existe isso de transar escondido com um Xhiar! - É mesmo a versão alienígena do ‘kiss and tell’! (N.T.: beijar/transar e contar para todos) - Quem você está chamando de alienígena, humana? – brincou a cunhada bebendo de um copo enorme cheio de gelo e uma bebida de aparência deliciosa. Ellen podia jurar que sentia o cheiro de álcool dali da distância que ela


estava, rencostada em uma espreguiçadeira. O organismo deles era mesmo muito mais resistente que os dos humanos, pensou. - Uma curiosidade: isso acontece para todos? Ou é só uma coisa masculina? - Bem, depende. Se você já é Xhiar, a mudança de cores só ocorre depois de um bom tempo de convivência, as cores misturam. Minha mãe tinha manchas e olhos roxos como os meus e depois de casar com meu pai que tinha olhos azuis, o tom mudou. Mas se você conseguir convencer alguém de outra raça a fazer sexo oral em você, a mudança será imediata, creio eu. - Meu Deus, acabo de me tocar que meu sogros também sabem que eu chupei Poison antes mesmo de poder dar um beijinho nele! Isso é tão pervertido... - Em teoria você poderia ter beijado ele antes, mas não ia aproveitar nada assim desmaiada. Nollo safadinho, juro que não sei como ele te convenceu...você parece uma garota tão recatada! - Ei, vai com calma! Não sou tanto assim, tive minha cota de arrependimentos e bad boys. E você, me conta sobre suas namoradas...


- Confesso que enquanto adolescente fazíamos uma verdadeira disputa entre os três para ver quem beijava mais! Os dois sempre morriam de raiva de eu me sair melhor em tudo: nas lutas, nas notas e com as meninas. Mas eles dois facilitavam demais, Nyall era muito arrogante e Nollo muito afobado. Ops, desculpe falar mal do seu companheiro! Ellen riu, deliciada de saber as loucuras da juventude dos três. Nayah não se incomodava de falar sobre os três e suas aventuras. - Tudo bem, todos tivemos uma fase estranha na juventude. Eu, com certeza. Minha mãe tinha uma saúde muito frágil e eu me preocupava com ela, minhas notas sempre foram apenas medianas. Namorar de verdade só comecei depois que ela faleceu. - O que você trabalhava na Terra? - Nada muito importante, eu era auxiliar em um consultório odontológico. - Não entendi... - Eu trabalhava com um médico de dentes. - No seu planeta existem médicos que só tratam de dentes? – espantou-se ela.


- Sim, e se um dia eu puder te levar na Terra vou te apresentar o causador de tantos problemas dentais: o açúcar. - É uma droga? - Sim, e o pior de tudo: é liberada. Até criancinhas podem usar. Aliás, se um dia eu te levar no meu planeta, vou te apresentar a santíssima trindade: café, doces e chocolates! (N.T.: açúcar /doces nesse contexto) - Não sei se fico tentada ou com medo... - E se você for muito, muito corajosa, posso te apresentar o chiclete. Um alimento que não é para ser engolido, apenas para ser mastigado por horas e horas e fazer muitas bolas. - Isso é horrível, parece mais como uma tortura para mim. Quem é você? Eu quero minha irmãzinha boazinha de volta... Ficaram por horas se bronzeando na beira da piscina e falando sobre as diferenças entre a Terra e o Universo conhecido. À tarde, se arrumaram e foram até a cidade para comprar os itens necessários a Nayah para começar a restauração da Princesa Fiona. Suri também entregou para Nayah uma lista enorme de compras. Estavam saindo


de uma loja quando encontraram uma fêmea Xhiar deslumbrante, toda vestida de um tecido vaporoso e cintilante e que tinha olhos e manchas douradas. Tudo nela beirava perfeição. Desde o longo cabelo negro em ondas, os grandes cílios e boca perfeitamente maquiados, as muitas joias e unhas muito compridas também pintadas de dourado combinando com os olhos dela. - Nayah, quanto tempo! - Ah, Chiara! Sim, tudo bem com você? – apesar da beleza deslumbrante à sua frente, Nayah não parecia impressionada. Ellen fechou a boca ao perceber que estava fazendo cara de espanto. - Muito bem, muito bem mesmo, agora que finalmente estou de volta à Caust. Você deve saber que fiquei viúva recentemente, não é mesmo? – Ela sorriu exibindo os dentes perfeitamente pontudos. - Não. Na verdade, Ellen e eu chegamos ontem. Ellen, esta é uma colega de infância, Chiara. - Olá, Chiara. Prazer em conhecê-la. – Chiara desviou os olhos de Nayah por uns instantes para ouvir o cumprimento de Ellen, mas não respondeu. - Vi seus irmãos nas notícias recentemente. Eles vão retornar a Caust em breve?


- Sim, possivelmente logo após o julgamento. – Naya não parecia nem um pouco interessada em continuar a conversa. Foi entregando as sacolas para Ellen e se dirigindo ao transporte. - Nollo gostará de saber que estou disponível, agora. Você sabe como ele sempre teve uma queda por mim. – Sua expressão era de arrogância presunçosa. Ellen arregalou os olhos. - Não, não vai! – respondeu Ellen indignada. - Oh! Agora que percebi... sua namorada, ou bichinho de estimação é uma humana! Que bonitinho... – Chiara falou com uma falsa alegria olhando para Ellen sob os cílios enormes e uma cara de desprezo não disfarçado. Nayah puxou a cunhada para dentro do transporte, antes que Ellen arrancasse aquelas mariposas que ela usava como cílios postiços. Tão irritada, demorou vários minutos para se recuperar. Nayah tocou em seu braço, tentando tranquilizá-la. - Você não devia ter deixado ela te provocar! Olhos verdes, lembra? É obvio que ela disse aquilo só para te chatear. - Que ódio daquela... vadia!


O resto da semana passou muito rápido. Enquanto Nayah e o pai se enfiavam na oficina restaurando a nave Princesa Fiona, Suri e Ellen se davam cada vez melhor. Suri era animada e tinha toda a disposição do mundo para ensinar Ellen a cozinhar. A maior parte dos pratos eram assados e muito fáceis de preparar e Ellen conseguiu aprender sem esforço. Naquela noite, alguns amigos de Suri e Noah viriam para jantar. Ellen trabalhou o dia todo junto com a sogra para que tudo fosse perfeito. - Obrigada pela ajuda, Ellen. Eu não conseguiria dar conta de tudo se não fosse você. Agora vá se arrumar que eu faço questão de exibir para meus amigos a minha linda nora. Ellen escolheu para a ocasião um lindo vestido vermelho, decotado e que deixava em evidência todas as suas manchinhas. Com os shampoos e loções comprados em Commos sua pele exibia um lindo tom suave e seu cabelo caía em ondas. Sentiu o ímpeto de pedir a Nayah que fizesse uma chamada para Poison, pois desde que ela viajou não tinha tido mais notícias. Sabia que era para sua proteção e que tão logo o julgamento terminasse os dois se reencontrariam novamente.


Seu rosto aqueceu a lembrar do sorriso de canto da boca que ele lhe dava. Do calor de seu corpo quando lhe abraçava e sentiu que de alguma forma era a mulher mais feliz do mundo em ter encontrado esse alienígena tão feroz mas ao mesmo tempo tão protetor. Mesmo quando Ellen pensava que ele era um mau-caráter e um fora da lei ele a protegeu para que nada de mau lhe sobreviesse. Seus olhos verdes brilhavam no espelho ao pensar em seu companheiro. Companheiro... essa palavra parece tão mais carinhosa e compromissada do que namorado. Será que Poison gostaria de oficializar o compromisso dos dois assim que voltasse a Caust, como a mãe dele afirmava? Como seria ter filhos com ele e criá-los com essa família tão

amorosa? Parecia um sonho

realizado.

Lembrou das outras mulheres que nesse momento aguardavam o julgamento na Estação SkyGuard. E se elas deixaram para trás suas famílias? Não parecia justo impedir elas de voltarem para seus lares. E se elas não se adaptassem a nova vida, ou pior ainda, voltassem a ser vítimas de abusadores sexuais. Não era justo que as mulheres humanas estivessem sendo exploradas. A fragilidade das fêmeas humanas despertava os instintos mais baixos dos abusadores. Não tinham garras, dentes afiados, eram pequenas e delicadas


diante das outras raças muito maiores e mais agressivas. Ellen sabia que ter escolhido ficar com Poison tinha sido uma decisão acertada. Tinha seus inconvenientes? Sim, era muito difícil para ela lidar com os olhares receosos dos alienígenas que temiam seu veneno. Andar sempre de luvas e mangas compridas quando estivessem fora do planeta Caust. Por isso, se um dia tivessem filhos, eles seriam criados ali. Onde poderiam correr livres sem nenhum tipo de medo de que encostassem em algo.


CAPÍTULO 8

Tudo corria muito bem no jantar, quando chegaram os últimos convidados de Suri e Noah, seus vizinhos de longa data, acompanhados de sua filha Chiara. Suri fez as apresentações e Chiara mencionou que já tinha se encontrado com Naya e Ellen na cidade. - Que bom, Chiara! Se você ainda estiver na cidade faremos a cerimônia de casamento de Nollo e Ellen assim que o julgamento terminar e ele puder retornar ao nosso planeta. Seus pais e você estão convidados desde já! Queremos fazer a cerimônia aqui mesmo, como manda a tradição. Vai ser emocionante! Chiara, mal disfarçando o desprezo na voz falsamente condescendente retrucou: - É mesmo? Não seria mais adequado esperar o noivo retornar para tomar ele mesmo as providências? Se demorar muito ele até pode mudar de ideia! A mãe de Chiara protestou diante de tamanha grosseria disfarçada. - Chiara! Que coisa desagradável de se dizer!


- Calma mãezinha! Eu e Ellen já somos amigas e ela sabe que gosto de provocar um pouco... Ellen quase não conseguiu disfarçar o seu ódio por tamanha petulância, mas sorriu lindamente e abraçou a sogra. - Não se preocupem, não levei a mal a brincadeira. Afinal eu sei como a felicidade de quem está apaixonada pode incomodar os que estão... sozinhos. Durante o jantar, Chiara continuou a provocar Ellen com olhares, que ela fazia questão de não desviar, sorrindo cada vez mais e deixando claro que não caía nas provocações. Quando o jantar terminou, todos os convidados foram até uma sacada que dava para o jardim que Suri cultivava com muito carinho. A noite estava tão agradável e as flores perfumavam o ambiente. Ellen desceu até o jardim para sentir melhor o perfume de uma flor branca em forma de cálice. Escutou Chiara e Naya conversando sobre ela. - Você sabe muito bem que ele apenas sentiu pena dela, assim como ele vivia recolhendo animaizinhos machucados na rua quando criança. Assim que ele souber que finalmente estou interessada nele ele irá rapidinho desistir dessa loucura de casamento. O que ele sente por


ela é pena, pois ela é uma humana patética que está se agarrando a ele como uma parasita! Ao escutar as palavras tão maldosas de Chiara, Ellen não conseguiu segurar o choro e saiu correndo de perto. Com os olhos nublados pelas lágrimas não percebeu que duas figuras estavam escondidas nas sombras, esperando a melhor oportunidade para agarrá-la. Nayah foi a que notou primeiro que Ellen estava desaparecida. Procuraram por todos os cômodos da casa, pelo jardim e não encontraram. Noah vasculhou em volta da propriedade com uma lanterna e encontraram um dos brincos de Ellen caído no lugar onde a pegaram. Imediatamente Nayah identificou que as pegadas que havia na poeira eram de botas de modelo militar e que nenhum dos convidados ali estava usando botas. Enquanto os pais de Chiara consolavam Suri que chorava nervosa, Nayah resolveu ligar para o irmão contando o ocorrido. No comunicador na sala, Nyall fez algumas perguntas para se certificar e desabafou. - Isto não faz sentido! Ninguém, absolutamente ninguém tem o endereço de nossos pais. Mesmo que eles


soubessem que vocês estavam escondidas em nosso planeta de origem, forasteiros fazendo perguntas sobre uma humana despertaria a atenção. Eu saberia se tivessem aparecido forasteiros na cidade, meus contatos teriam me informado. Neste momento, Chiara muito pálida, confessou: - Na tarde que eu encontrei vocês saindo da loja apareceram dois oficiais estrangeiros me dizendo que tinham uma convocação do julgamento para a humana e me perguntaram onde ela estava hospedada. Eles falaram que Nollo estava sendo acusado de estar ter sequestrado ela e que precisavam que ela fosse ao julgamento para provar que estava bem. - E você acreditou, Chiara? Se eles estivessem mesmo com uma convocação, seria óbvio que eles já teriam o endereço! – reclamou Nayah, revoltada. - Na hora eu até desconfiei, mas eles falaram que Nollo não estava colaborando com as investigações para proteger ela e vocês sabem como o Nollo é superprotetor, claro que ele iria se prejudicar... mas sério, eu juro que nunca imaginei que iriam sequestrar a humana! - A humana se chama Ellen e é minha filha agora! Retire-se Chiara, pelo menos até aprender que a vida não


gira em torno do seu umbigo! – Replicou Suri. – Você está desconvidada! E agora? Como saber quem levou Ellen? - Chiara, você disse que foram dois oficiais? Veja se reconhece estes dois... – Poison entrou na conversa e mostrou uma imagem dos guardas da fronteira. - Sim, foram esses dois mesmo! Eles não são oficiais? - São oficiais, mas não do Tribunal. São os dois guardas corruptos da fronteira 9. Eles não querem que Ellen testemunhe contra eles. Se eu sair agora ainda posso chegar antes que eles na estação de fiscalização. Nyall vai comigo, fique tranquila irmãzinha, nós vamos encontrá-la. E... Chiara? Ela que estava quieta ao ouvir o seu nome animou-se e respondeu com uma voz falsamente doce: - Sim, Nollo? O que mais posso fazer para te ajudar? - Você e eu? - Sim, Nollo... – Chiara ficou toda melosa e chegou mais perto da tela, inclinando-se para mostrar ainda mais o decote. - Nós dois... nunca vai acontecer. Eu só dei em cima de você para me vingar de Nayah por ter beijado a Miara


que era quem eu estava realmente interessado naquela época. Chiara deu um grito, brava e bateu o pé no chão por despeito. Nayah olhou para ela e acenou. - Já vai tarde, Chiara!


CAPÍTULO 9 Poison

Poison pousou a sua nave escondida e junto com Nyall correu para a estação da fronteira 9. Como não havia movimentação naquelas paradas, ele tinha certeza de que os guardas corruptos iam esconder Ellen, lá. Tão certos que eles estariam de não serem pegos. Os dois trouxeram Ellen desmaiada da nave e entraram na estação aduaneira. Jogaram Ellen em uma cadeira e enquanto um deles segurava o blaster na cabeça dela, o outro dava instruções: - Se você quiser viver, vai ligar agora para o seu namorado venenoso e avisar ele que se não confessar que ele foi quem sequestrou você e limpar os nossos nomes no processo, ele irá receber você de volta, pedacinho por pedacinho... E o primeiro pedaço que vou mandar para seu namorado vai ser essas suas estranhas orelhinhas redondas de humana. Aliás, acho que vou enviar agora mesmo, pois ele irá reconhecer na hora! - Sim, não vai ser uma reles puta humana que vai nos enviar para a cadeia!


- Foi tão fácil encontrar você! Aquela sua amiga gostosa estava louca para contar aonde você estava. Disse até que a gente estava fazendo um favor ao levar você embora pois você estava atrapalhando a vida de um tal de Nollo. Acho que esse é o nome real do seu namoradinho. Quem sabe ela vai visitar ele na cadeia, preso após ele sequestrar você e ainda se livrar do corpo para não deixar provas, ele vai ficar por lá muitos anos! - A SkyGuardian nunca vai acreditar nisso! - A SkyGuardian talvez não, mas muitos poderosos têm interesse em abafar este caso e se safarem disso. Depois que um deles algemou Ellen na cadeira, o outro foi buscar o comunicador e abaixou o blaster que estivera o tempo todo apontado para a cabeça dela. Neste momento Nyall que estivera em cima do telhado o tempo todo mirando para a cabeça do guarda com o blaster atirou, acertando-o no braço. Poison pulou nesse momento e imobilizou o segundo guarda, com um soco nocauteador no queixo. - Não tenho ideia se ele desmaiou da potência do meu soco ou pelo veneno que entrou na corrente sanguínea dele! De qualquer maneira, ele irá ficar apagado por horas. Você está bem, Ellen?


- Sim, graças a Deus que vocês vieram me salvar. Mas como vocês souberam que deveriam me procurar? - Nayah encontrou pegadas de botas e um brinco seu no chão do jardim, E Chiara confessou que deu o endereço a dois forasteiros. Você está segura agora, meu amor! Nyall veio até eles e ajudou Poison a colocar os dois guardas na jaula, enquanto aguardavam reforços. Poison a segurou em seus braços, beijando-a toda a viagem de volta. Ficou sussurrando no seu ouvido o quanto ia fazer para matar a saudade dela assim que chegassem na Estação SkyGuardian. Ellen não conseguiu conter suas risadinhas quando ele fazia as sugestões mais malucas possíveis. Nyall que pilotava a nave na poltrona ao lado, reclamou: - Ei! Arrumem um quarto vocês dois!


***

Nayah, Nyall e Poison aguardavam Ellen na saída do fórum da Confederação. O julgamento foi um sucesso e com o testemunho de Ellen, os dois guardas corruptos também foram condenados, por prevaricação, incentivo à escravidão, sequestro e tentativa de chantagear um agente público. Na Estação SkyGuardian todos aguardavam para comemorar a condenação. As mulheres aguardavam ansiosas pois muitas só esperavam o julgamento para terem sua cidadania confirmada. Muitas já tinham encontrado seus companheiros na tropa de Nyall mesmo que era formada por solteiros em sua maioria. Ellen teve a oportunidade de conversar com as mulheres e saber mais sobre suas famílias, cidade de origem

e

profissões.

Ela

ficou

encarregada

desse

levantamento e para auxiliar as humanas que ainda necessitassem se recolocar na sociedade. Ter uma função era importante para Ellen, que sempre trabalhara e fora independente. Não ia conseguir ficar sentada na cabine deles esperando-o voltar todos os dias após o trabalho. Ellen gostava de sair, conversar com as pessoas, socializar.


Ellen logo se tornou amiga de todas, inclusive da gritadora desconfiada que ela descobriu se chamar Celia e daquela moça que estivera caída à sua frente, do cabelo black lindo, chamava-se Rhonda. Rhonda era uma estudante de Artes Plásticas na Terra, já Celia trabalhava em um escritório de contabilidade. Durante a comemoração, Ellen notou que Rhonda e Nayah trocavam olhares e fez questão de apresentar formalmente as duas. Celia e mais uma dezena de mulheres queriam mesmo é correr atrás de Nyall, que estava particularmente gostando daquele assédio por parte das humanas. Após o jantar, Poison pediu a atenção de todos e ajoelhou-se em frente a Ellen, pegando a sua mão. - Durante esse tempo que fiquei aqui na Estação SkyGuardian aguardando o julgamento, tive bastante tempo para pesquisar os costumes humanos e com ajuda de Rhonda e Celia, eu gostaria de fazer uma pergunta: - Ellen aceita se casar comigo na tradição da Terra? Ele abriu uma caixinha onde estava um anel com uma pedra verde enorme, no tom exato do seus olhos. Ellen não segurou as lágrimas e respondeu:


- Sim, sim! É claro que sim! – Ele então colocou o anel em seu dedo e a beijou apaixonadamente. O que foi comemorado por todos os presentes. Enquanto recebiam as felicitações dos soldados da tropa SkyGuardian e suas namoradas humanas. Poison declarou que a cerimônia seria realizada dali três dias. Nayah gritou: - Três dias? Para organizar tudo?! Ellen preocupou-se com Suri e Noah, que haviam planejado uma cerimônia tradicional no planeta deles. Mas Poison declarou: - Eles vão ter a cerimônia tradicional Xhiar lá em nosso planeta. Aqui na Estação SkyGuardian, vamos nos casar conforme o costume humano! Todas as mulheres ajudaram a preparar o casamento. Com a ajuda do que parecia ser uma impressora para Ellen, elas conseguiram fazer os vestidos, a decoração, convites e até mesmo um véu! Era muito divertido. Enquanto Ellen estava se arrumando, Nyall entrou: - Olá, irmãzinha! Ainda está em tempo de escolher o irmão certo. – Ele deu uma piscadinha linda, que fez todas


suas damas de honra darem risadinhas, principalmente Celia. - Oi, Nyall! Está tudo certo com os preparativos? - Sim, vim aqui porque me contaram sobre a tradição humana de algo roubado, algo emprestado e sei lá mais o que que uma noiva deve usar. Então, para que você sempre lembre de mim, trouxe algo azul, como os meus olhos. Ele abriu uma caixinha prateada e dentro tinha um pequeno grampo de cabelo, cravejado de lindas pedras azuis. - É perfeito! – Ellen não se conteve e deu um gritinho de felicidade com um presente tão carinhoso. - Já que você provou que não tem juízo ao escolher o irmão errado, pelo menos mereço um beijinho? - Merece dois! – Nyall ofereceu os lábios, mas Ellen habilmente desviou e beijou-lhe as bochechas. Ele riu, encantado com sua esperteza, cumprimentou as mulheres e saiu. Celia soltou um suspiro e deixou-se cair em uma das poltronas.


- O Comandante da SkyGuardian é tão lindo! Se eu conseguir pegar o buquê, você vai ser minha cunhada... As outras mulheres imediatamente protestaram e disseram que também iam lutar pelo buquê da noiva. Muitos oficiais solteiros na SkyGuardian se ofereceram para gentilmente acompanhar as humanas no casamento. Ellen esperava que muitos novos casais se formassem após

esse

encontro,

afinal

todos

os

oficiais

eram

agradáveis aos olhos. Altos e fortes, todos muito educados e disciplinados.


CAPÍTULO 10

- Ellen da Terra, eu te prometo ser fiel, te proteger e te amar todos os dias da minha vida. Prometo que farei você se orgulhar por ter me escolhido e que me dedicarei a te fazer feliz e aos nossos futuros filhos. Você trouxe luz à minha vida e eu sou muito grato ao Universo por isso. - Poison... – Ellen começou e neste momento Nyall e Nayah interromperam gritando. - É Noooh-loooh! – O noivo fez uma falsa cara de bravo e todos os convidados riram dos irmãos que estavam radiantes de felicidade. - Poison...Nollo, eu te aceito como companheiro e te prometo ser fiel, na saúde e na doença, na pobreza e na riqueza, te amando e respeitando todos os dias da minha vida. Desde o primeiro momento em que te vi eu senti que mudaria tudo na minha vida. Te amo. - Eu, com a autoridade por mim recebida, os declaro marido e mulher – declarou o juiz de paz. – Pode beijar a noiva.


Os convidados então jogaram uma chuva de pétalas sobre os noivos. Não era exatamente para este momento em que estava programado, mas Ellen achou lindo assim. Durante a festa, Rhonda e Nayah, ambas damas de honra de Ellen ficaram trocando olhares. Nayah estava vestindo um vestido lilás que destacava lindamente o violeta

profundo

dos

seus

olhos.

Em

determinado

momento da festa as duas sumiram e quando retornaram, depois de muito tempo. Ellen exclamou: - Rhonda, seus olhos! - O quê? – Rhonda perguntou, confusa. Nyall e Poison se entreolharam e falaram juntos: - Nós sabemos os que vocês duas fizeram! – e soltaram uma gargalhada. Nayah abraçou a sua namorada e acariciou o seu rosto, protetoramente. - Não ligue para esses dois patetas! Ellen abraçou Rhonda e sussurrou: - Eu adorei, amiga! Vocês juntas formam um lindo casal! Prepare-se para as brincadeiras, mas também para muito amor. Bem-vinda à família!


EPÍLOGO

Rhonda segura nos braços uma linda menina de olhos violeta e cabelos negros cheio de cachinhos. Ellen chega segurando mais dois garotos no colo, um pendurado em cada lado da cintura. Ela coloca os meninos na cama e os acalma até pegarem no sono. Depois vai até Rhonda, pega a menininha e a coloca na cama, acaricia o rosto da filha e também a coloca para dormir. O quarto é pintado de cerceta (N.T.: Azul Tiffany) assim como o céu lá fora. Muitos ursinhos e brinquedos espalhados pelo chão. As janelas estão estão abertas e o sol brilha lá fora. Tudo é paz e tranquilidade. Já na sala, Ellen pergunta para a cunhada: - Você tem certeza de que quer isso? Nunca mais dormi uma noite inteira de sono depois que os trigêmeos nasceram. E eu que pensei que era exagero da minha sogra. A tendência na família é que venham de três em três. Como se um não fosse trabalho mais que suficiente! - Sim, Nayah e eu pensamos bem e conversamos o suficiente sobre este assunto. Vamos ficar grávidas! Quer


dizer, eu vou gestar o bebê ou bebês, se tudo der certo em alguns meses teremos novidades. - E como funciona essa tecnologia? O dna de Naya e o seu vão ser combinados? Engenharia genética? - Sim, como um casal normal, a fertilização do óvulo será in vitro e se a gravidez “pegar” e o óvulo fecundado for implantado no meu útero, dentro de nove meses teremos um bebezinho que pertencerá à nós duas. Não é incrível? - Sim! Já estou até imaginando os lindos bebezinhos! Não ligue para o que eu disse, dormir é superestimado! E sempre teremos o titio Nyall para ficar com os bebês para o papai e a mamãe namorarem um pouquinho... - Mesmo que ele se apavore e peça ajuda dos avós! Isso sempre rende boas risadas. Neste momento chegam os três irmãos, discutindo entusiasmados. Poison se adianta, pega Ellen no colo rodopia com ela e a beija apaixonadamente. - Tenho uma surpresa incrível para você no barracão. Nayah beija a esposa e também se junta à conversa: - Você nunca iria acreditar! Encontrei aquele Trasg que me vendeu a Princesa Fiona e o mais incrível: ele tinha uma outra nave clássica para vender!


- Não acredito? E você comprou? - Não pude... o maninho aqui fez uma oferta maior. – lamentou fazendo uma careta de inveja. Poison veio trazendo a esposa até onde havia uma enorme pilha de lixo espacial enferrujado. - Querida, como foi você quem nomeou a Princesa Fiona, lhe dou a honra de escolher o nome da nossa nova aquisição. Que nome você irá dar a esse herói valente e de grande coração? Ellen coçou a cabeça fingindo deliberar consigo mesma, enquanto Rhonda ria deliciada com a reação da cunhada e o entusiasmo dos trigêmeos que nem piscavam esperando a resposta. - Sim, Ellen! Você é ótima para nomear naves! Adoro os nomes humanos que você arruma. – incentivou Nyall. - Pelo aspecto desse clássico, só tem um nome que combina: Shrek! -

Shrek!

os

três

repetiram

em

uníssono,

entusiasmadíssimos com o projeto. Bateram nas costas uns dos outros e se empurraram um pouco. - Viram, eu falei para vocês que ela sabe dar os melhores nomes...


Rhonda e Ellen se entreolharam e gargalharam com a felicidade que os trigêmeos aceitaram o nome da nave. Rhonda felicitou a cunhada. - Você realmente soube escolher um nome que combina totalmente com... aquilo! - Você está rindo? Espere só a Nayah comprar mais alguma nave daquele Trasg trapaceiro, por que vai se chamar Burro Falante!

FIM


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