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Claudia Hanauer
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Copyright © 2018 by Claudia Hanauer Todos os direitos desta edição reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida por qualquer processo eletrônico ou mecânico, fotocopiada ou gravada sem autorização expressa do autor.
Editoração eletrônica e Revisão: Planeta Azul Editora Capa: Zélia Guerra de Oliveira Costa ISBN: 978-85-54151-27-0
Planeta Azul Editora.
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Dedicatória Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, que me deu a oportunidade de realizar meu sonho quase 19 anos depois de ter concluído este livro, quando contava com apenas 16 anos. Aos meus pais Andre Willibaldo Hanauer e Maria Malda Knecht Hanauer, por formar a família maravilhosa que temos. Aos meus irmãos Clari José, Elói Luiz, Silvio Severino, Valdir Antônio, João Irineu, Miguel Paulo, Valdecir Claudio, Janete Maria e Janice Tereza, por sempre estarem ao meu lado. Ao meu marido Marcelo e ao meu filho Alison.
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Agradecimentos Agradeço aos meus professores, amigos e todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a formação de minha personalidade. E a todos que algum dia perderam um(a) grande amigo(a). |7|
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arte de uma vida cheia de planos e sonhos acabou em 1992, com a morte de Charles. Foi uma morte triste, que abalou a população de Recife-PE. Além da família, ninguém sofreu mais do que Gracy, uma jovem de 16 anos que nunca mais seria a mesma desde aquela desgraça. Gracy não entendia como Charles pudera fazer uma coisa como aquela. Aparentemente, um rapaz de 18 anos não teria motivos suficientes para acabar com a própria vida, se suicidando com apenas um tiro bem no meio de sua cabeça. Gracy e Charles, uma amizade que começou na infância, e que duraria muito tempo se o destino não tivesse interrompido. Ela o considerava como irmão e deixava esse sentimento transparecer todas às vezes em que estavam juntos. Foi uma amizade perfeita, e ninguém tinha o direito de privar Gracy dessas lembranças. Tudo começou em 30 de março de 1986. Gracy, uma garotinha de 10 anos, folheava uma revista, quando algo lhe chamou a atenção. Era uma seção de pessoas que queriam se corresponder com outras de qualquer cidade do Brasil. Mas uma delas, em especial, roubou a atenção de Gracy. Era uma garota de 13 anos chamada Amanda, que morava em Linhares-ES. Essa garota pro|9|
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curava novos amigos, de qualquer idade, para preencher o vazio que sentia. Gracy tinha tios que moravam em Linhares, na mesma localidade que Amanda, e telefonou para eles, dando o sobrenome de Amanda para verificarem se ela tinha telefone. Para alegria de Gracy, Amanda tinha, e depois de anotar o número numa caderneta, desligou o telefone, e pensou se era isso o que realmente queria. Teve a certeza que era, e discou número por número, mas, sem perceber, no lugar de um 6, discou um 5. Quem atendeu foi um garotinho, e Gracy calculou que tinha uns 9 anos, pela voz Gracy logo perguntou: — A Amanda está? — Aqui não tem ninguém com esse nome. — Qual é o número do seu telefone? Então, aquele garoto, que há 15 segundos Gracy nem sabia que existia, começou a falar número por número, e Gracy ficou surpresa quando, no último número que devia ser um 6, era um 5. Gracy pensou: “Minha intenção era encontrar um amigo, acho que encontrei.”
— Quer ser meu amigo? O menino ficou surpreso ao ouvir aquela inesperada proposta. Mas era muito inteligente, e sem pensar duas vezes respondeu: | 10 |
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— Claro. Quando a gente começa? — Agora mesmo. Conte-me sobre você. Então Gracy soube que seu nome era Charles e se enganara quanto à idade dele. Tinha 12 anos e não nove, como pensara no início. Depois de muito bate-papo, Gracy lembrou-se de Amanda, e não sabia mais se escrevia ou telefonava para ela. Diante de tais pensamentos, Gracy teve uma ideia. — Charles, me dá seu endereço? — Para quê? Você vai sair de Pernambuco só para me conhecer? — Não, bobo. Mas a gente pode mandar cartas um para o outro. — Tudo bem. Anota lá. E passou o endereço para ela dizendo: — Agora me dá o seu. — Não. Quando chegar a minha primeira carta, você pega o meu endereço. Certo? — Certo. E assim terminaram sua primeira conversa, sem desconfiar do quanto seriam ligados um ao outro. A primeira carta de Gracy chegou 15 dias após colocarem o telefone no gancho. Foi a primeira carta que Charles recebeu de alguém, como também fora a primeira que Gracy escrevera em toda a sua curta existência. Charles e Gracy ficaram se correspondendo por dois anos, e se conhecendo por fotos; e se falando algumas vezes por telefone. Tanto os pais de Gracy quanto os pais de Charles percebiam esse grande afeto que existia entre eles, e ficavam satisfeitos por essa experiência que os filhos compartilhavam juntos. O pai de Gracy era proprietário de um restaurante, e bem sucedido nos negócios; enquanto o pai de Charles trabalhava num banco de sua cidade. | 11 |
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Num sábado de sol, quando Gracy estava fazendo os deveres de casa, o telefone tocou. Era Charles, e ela ficou feliz ao ouvir a voz do amigo. — Gracy, tenho uma novidade para te contar. — O quê, Charles? — Meu pai foi transferido do banco onde trabalha para outro de Pernambuco, onde nossa família irá morar, no mesmo estado que você. — Nossa, que legal. Você sabe em qual cidade? Será que é perto da minha? — Não sei se é perto. Só sei que a cidade se chama Recife. É claro que Charles sabia que era a mesma cidade de Gracy, e ela sabia disso. — Puxa! Nem acredito. Finalmente depois de dois anos a gente vai se conhecer, pessoalmente. Era difícil de acreditar, os pais de Charles não acreditaram quando este lhes contaram, muito menos os de Gracy, mas era verdade, e todos estavam felizes, já eram como uma grande família, mesmo sem terem se visto uma única vez. Então, depois de trinta dias contados até as horas, chegou o dia da mudança, e Charles estava radiante! Estava triste em deixar sua cidade e seus amigos, mas, em compensação, iria ter outros, em outro lugar, uma nova vida. Combinaram que Gracy esperaria Charles e seus pais na rodoviária; e quando se viram, correram um para o outro de braços abertos. Havia tanta inocência e afeto naquele momento, que se alguém visse, pensariam que eram irmãos. Gracy achou Charles mais loiro do que nas fotos que ele lhe enviava. Depois de um rápido cumprimento entre os pais de Charles e o pai de Gracy, levaram as poucas malas que trouxeram para o carro de Tadeu, o pai de Gracy. O restante estava no caminhão de mudanças que já devia ter chegado na casa. | 12 |
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