Uma Mãe Fora do Normal de uma Síndrome de Down

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Direitos autorais, venda e distribuição cedidos pelo autor à Planeta Azul Editora www.planetazuleditora.com.br | e-mail: planetazul2014@yahoo.com.br Copyright © 2015 by R. F. Visalli Todos os direitos desta edição reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida por qualquer processo eletrônico ou mecânico, fotocopiada ou gravada sem autorização expressa do autor. ISBN: 978-85-8255-214-8

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Este livro ĂŠ dedicado a Adriano, Agata, Amanda e a todas as mĂŁes que tem filhos com necessidades especiais.

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empre incentivei as pessoas a correrem atrás de seus sonhos, hoje começo correr atrás do meu. Escrever este livro é um desafio para mim, por não ter terminado minha faculdade de fonoaudiologia, faltando um ano pra conclusão do curso; com isso, minha formação escolar ficou incompleta. Isso não me impediu de realizar o meu sonho de vir a público expor minhas experiências e opiniões que acredito; não vai agradar a muitos, mas espero que seja de muita valia para quem necessitar. Com uma vontade inexplicável de ajudar as pessoas que estão passando ou já passou pelas mesmas coisas que nós passamos. Resolvi ajudar, por aqui, com minhas experiências, minhas dúvidas, frustrações e vitórias, tudo que está escrito neste livro, foi vivido por mim e espero que possa lhe ajudar de alguma forma. Hoje conheci Otávio. Um lindo bebê de quatro meses, portador de Síndrome de Down. A mãe, em processo de luto, ainda não o aceita... Querendo dar seu bebê para adoção. Como posso ajudá-la? Perguntei pra mim mesma. 7

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Conheci meu marido no interior de São Paulo e fiz tudo como a sociedade gosta, namorei, noivei e casei, conforme os termos antigos. Um tempo depois, meu marido foi trabalhar em São Paulo, um ano e meio de casada, engravidei da primeira filha, Agata, e pouquinho tempo depois engravidei da segunda. Minhas duas gravidezes foram tranquilas, o único problema era o peso, comia muito e engordava demais, meu obstetra me falou assim: “Rita pra não vomitar, fique sempre de estomago cheio”. Então sempre estava comendo. O único problema era o que eu comia, ele falava em bolachas de água e sal, umas torradinhas e sucos naturais. Eu só comia coxinhas, bolinhos de queijo, cachorro-quente, pizza, refrigerantes etc. (risos). Toda vez que ia ao médico, levava bronca por causa do peso. As secretárias até mentiam o peso pra eu não levar mais broncas. Na segunda gravidez tudo estava caminhando muito bem até algo inusitado acontecer. Quando estava de seis meses de gestação em uma madrugada, acordei de repente, sentei na cama. Tive uma sensação estranha, uma premunição, não sei explicar. Senti que tinha algo errado com o meu bebê, algo diferente, sentia a presença de um anjo, uma coisa muito forte, dava a impressão de que alguém estava ali, uma energia invadia meu peito para me dizer alguma coisa, que não dá pra explicar, era uma sensação muito forte naquela hora. Nunca senti nada igual aquilo. Uma paz delicada. Estava extasiada com a sensação não entendia o que estava acontecendo, na força da emoção, acordei meu marido. Ele acordou meio assustado, perguntando o que havia acontecido, eu disse: 8

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— Tem algo errado com esse bebê. Ele respondeu: — Não tem nada, amor, tá tudo bem, isso é coisa de mulher grávida! Meio a contragosto, acabei concordando com ele, deitei novamente, mas demorei a dormir, aquilo não saía da minha cabeça, ao mesmo tempo em que sentia algo forte, sentia um medo inexplicável, por não saber com que estava lidando. Com muito custo adormeci novamente. Na manhã seguinte, acordei e as lembranças da madrugada não tinham ido embora, na hora, não sabia se tinha sido um sonho ou realidade, elas estavam mais vivas que nunca na minha memória, me perguntava o tempo todo o que aconteceu ou estava acontecendo, mas os meses foram se passando e nunca mais esqueci aquela noite. Em 1º de Outubro de 1998, às 12:09h., nasceu Amanda, minha linda e pequena Amanda. Na gravidez, descobri que o significado de Amanda, “Digna de ser amada”. Pronto, o nome seria Amanda. Como já faziam 24h. sem comer, não estava passando bem na hora do parto, assim que Amanda nasceu, trouxeram ela bem rapidinho perto de mim, dei um beijo na testa dela e disse: — Seja bem vinda filha. E apaguei. O médico me deu um sedativo pra eu dormir. Acordei meia hora depois. Amanda já estava no berçário e eu me recuperando da anestesia na enfermaria, não me levaram para o quarto enquanto não acordava. Nunca tinha tomado remédio pra dormir, acordei meio sem saber onde estava, mas logo tudo voltou ao normal, meu raciocínio estava em perfeita ordem. (Risos) E me levaram para o quarto, onde estavam todos a minha espera. 9

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Estava feliz da vida, correu tudo bem durante o parto, mais uma vida, que delícia. Ser mãe é uma das coisas mais perfeita de Deus, um ser crescer dentro de você é muito gratificante. É uma dádiva maravilhosa que Deus deu pra nós mulheres. Como eu sabia que era uma menina, o enxoval estava em ordem, todos os macacãozinhos rosas bordados, toalhas bordadas, tudo lindos. Meus sogros vieram do interior para ver a chegada da neta e minha mãe cuidava da Agata em casa, minha filha mais velha. Logo depois do parto meus sogros voltaram ao interior. Tudo caminhava tranquilamente. Quando meu marido entrou no quarto, observei um ar de preocupação no semblante dele, estava com a cabeça baixa, não me olhava nos olhos, achei estranho, mas no meu entender, estava cansado correndo pra lá e pra cá. Ele não conseguia me encarar. Nem me deu um beijo quando entrou no quarto. E isso me chamou muito atenção. Mas só fui entender mais tarde... Por volta das 16h., uma enfermeira entra no quarto com a Amanda nos braços. Ela veio em minha direção, insistia para eu pegar a Amanda, eu pedia pra ela me ajudar a levantar, porque queria tomar um banho, pois estava com a camisola do parto e estava com sangue, não queria pegar meu bebê daquele jeito. Mas a enfermeira insistia demais, cheguei a pensar: “Que enfermeira chata”, mas ela queria que eu olhasse o rosto do bebê, então peguei a Amanda por alguns segundo, para satisfazer a vontade da enfermeira, mal olhei pra ela, queria mesmo ir tomar banho, estava me incomodando demais aquele sangue todo. 10

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