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Paulo Henri Lopes dos Santos
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Direitos autorais, venda e distribuição cedidos pelo autor à Planeta Azul Editora www.planetazuleditora.com.br | e-mail: planetazul2014@yahoo.com.br Copyright © 2015 by Paulo Henri Lopes dos Santos Todos os direitos desta edição reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida por qualquer processo eletrônico ou mecânico, fotocopiada ou gravada sem autorização expressa do autor. ISBN: 978-85-8255-249-0
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Sumário
Apresentação 7 Capítulo I Capítulo II Capítulo III Capítulo IV Capítulo V Capítulo VI Capítulo VII Capítulo VIII Capítulo IX Capítulo X
O Natal e o Ano Novo (vida nova) 9 A separação do grupo 15 A prisão de um dos membros do grupo 19 A condução do prisioneiro 25 Tortura & Morte na Fortaleza 29 A vingança 33 A real aliança (uma nova oportunidade) 41 A Esperança 49 O resgate 59 O exílio 69
Anexos 89
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Apresentação
Dar continuidade a uma obra pode ser tão desafiador quanto escrever o primeiro livro, ou as primeiras linhas. Quando um livro é escrito por duas pessoas, no caso do primeiro livro, são duas cabeças, duas vontades, um incentivo a mais. Por isso, acho que foi muito desafiador mesmo escrever sozinho. Nessa nova história encontraremos um Daí mais calmo, porém com seu instinto detetive – cão farejador – muito mais aguçados. O leitor se defrontará com um Daí líder. Líder no sentido mais amplo, pois nesta continuação os leitores perceberão que um líder não é um líder por acaso, é preciso muito mais. Os capítulos apresentam uma sequência que, para quem leu o primeiro livro, e, é isso que eu recomendo, situações até então inimagináveis. As revelações são surpreendentes. A cidade do Rio de Janeiro continua sendo o pano de fundo. As cidades de Resende e Volta Redonda também são inseridas de maneira que a importância delas na história recente do nosso país não poderiam ser esquecidas. Tive a preocupação de explicar cada fato ocorrido na história, ficção ou realidade. O encaixe dos personagens, seus papeéis, a importância de cada um é facilmente entendida. As surpresas e revelações fazem deste novo livro um desafio para que seja escrito um terceiro, completando assim a Trilogia do Daí e sua trupe. Alguns fatos podem chocar. Outros podem nos fazer duvidar. Outros nos fazer chorar. Mas o importante é saber: ficção ou não, aconteceu em nosso país. LisarB II – um país às avessas • 7
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Os nomes de alguns novos personagens foi um jeito de homenagear pessoas muito importantes para mim. São amigos, que na minha visão – digo visão do autor – pude de certa maneira colocá-los ao meu lado na história, pois na vida sei que estamos ligados, para sempre. Enfim, espero que gostem da continuação. Desta vez, a responsabilidade é toda minha. Obrigado. O Autor
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Capítulo I. O Natal e o Ano Novo (vida nova)
Sabíamos que o final daquele ano e os próximos seriam muito difíceis, pois não tínhamos ideia de quanto tempo perduraria a Ditadura no país. Como só faltavam doze dias para o Natal, resolvemos, nós três, os sobreviventes, a ficarmos em total isolamento e silêncio. Quase não saíamos de casa. Eu só saía quando a situação de saúde da Estela requeria maior cuidado. Quando tinha que comprar algum remédio ou mantimentos para nós. Apesar de ser um lugar praticamente ermo, ainda assim, tínhamos alguns poucos vizinhos que, aliás, na hora em que precisamos de ajuda, nos ajudaram. As pessoas mais humildes são assim mesmo, ajudam por ajudar, sem se preocupar com algum problema. Na véspera do Natal chegamos a receber uma visita em casa. Era uma senhora, dona Matilde, que nos trouxe como presente de Natal um bolo de fubá. Depois que a dona Matilde saiu o Gus foi logo falando: – Não gostei da presença dela aqui. Parece ser uma pessoa muito curiosa. Viram como ela ficou olhando tudo? Por que ficou fazendo várias perguntas? Fui logo tratando de acalmar o Gus, pois sinceramente não vi maldade naquela mulher. Mas, como todo cuidado é pouco, resolvemos ficar mais espertos. Assim foi a passagem do Natal daquele ano, e logo depois já estaríamos no Ano Novo. Foi no dia trinta e um de dezembro que Gus falou:
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– Temos dois bons motivos para comemorarmos, eu e a Estela perguntamos quase que simultaneamente, quais eram? E Ele respondeu. – O primeiro porque é Ano Novo e o segundo é a melhora da Estela. Realmente a Estela havia melhorado. Em relação à condição de como ela deixou o local do incidente, não havia nem comparação, mas a situação ainda requeria cuidado. – O que você tem em mente, como quer comemorar a chegada do Ano Novo? Perguntei ao Gus. – Ora, nada de mais. Pensei em ir até a vila (lugar onde tinha um comércio bem insipiente). E comprar umas cervejas e outras coisas que possamos comer e beber hoje à noite. Eu concordei e Estela também. Toda decisão que tomávamos era dividida pelos três. Se alguém discordasse, abortávamos a ideia de imediato, e sem discussão. O Gus se preparou para ir até a vila e comprar as coisas que ele visse e que fosse de seu próprio gosto. Na saída, ele me falou: – Só não espere que eu lhe traga uma garrafa de Jack Daniels. Tenho certeza que esse seu uísque vai demorar muito a dar às caras por aqui. Naquele momento lembrei-me do sabor e prazer de sorver uma dose do meu uísque preferido. Não tive outra escolha a não ser concordar com ele. Eu e Estela ficamos em casa esperando por ele. Já se fazia algumas horas que Gus tinha ido à vila. Começamos a ficar preocupados, afinal não se tem tantas opções de compras por aqui. Ele havia saído por volta das 10h. e já se passava das 13:30h. e nem sinal dele. A distância de onde nós estávamos e a vila não passava de dez quilômetros e para alguém preparado como Gus, essa distância não era quase nada. Estela percebeu que eu estava ficando mais nervoso do que de costume. Começou a me pedir para ter calma. Fui me controlando aos poucos, pois não podia passar para ela o tamanho do meu nervosismo. Quando pensei em comentar com ela que queria ir atrás dele, ele surgiu com algumas compras, porém muito assustado. Perguntei: 10 • Paulo Henri Lopes dos Santos
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– O que foi? – O que aconteceu? – Demorou tanto, por quê? – Parece que viu um fantasma. – Pior! Lembram-se daquela mulher que esteve aqui no Natal? – A dona Matilde? O que tem ela? – Eu há vi lá na vila conversando com um sujeito muito estranho. – E como ele era? – Do jeito que você sabe muito bem como os homens do governo são. Não dá para me enganar. Aquele sujeito trabalha para os milicos. – Você percebeu se ele estava sozinho? Se ela comentou alguma coisa sobre a nossa presença aqui? – Não deu para perceber se ela comentou alguma coisa. Porém, o sujeito estava sozinho. – Como você pode ter tanta certeza? – Não tinha nenhum carro oficial na vila. Só vi um carro Gordini, que, por sinal, é um carro pequeno para andar com três ou quatro meganhas (gíria policial da época). A sorte foi que ela não me reconheceu, pois quando ela esteve aqui, não me senti a vontade com a presença dela e logo sai de perto. Vocês se lembram? – Sim! Respondemos, os dois. Então, a Estela falou: – Está na hora de sairmos daqui. Eles estão muito perto. É certo que da próxima vez que ele voltar, ele não estará sozinho. Os militares e o DOPS devem estar agindo em conjunto. Os agentes devem estar fazendo uma busca individual e cobrindo uma área grande e se desconfiarem de alguma coisa, eles se comunicam com a central (DOPS) ou (QG) no caso dos militares. Estela tinha razão. Enquanto isso, no QG. – Sim senhor, General Lyra! Mandou me chamar? – Sim! Quero saber como está a investigação e a procura daqueles marginais? – Colocamos nossos melhores homens... – Não é isso que quero saber! Exclamou violentamente o General. LisarB II – um país às avessas • 11
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– Dê-me notíciais. Quero notíciais! – Sr., ontem tive notícia de um dos caçadores que fora deslocado para cobrir a área da baixada fluminense e me parece que ele descobriu alguma coisa. – Te parece? Quem é você pra pensar? Quem manda e pensa aqui sou eu. Estamos entendidos? – Sim, Senhor! – Peça o deslocamento de alguns militares para a área e mande que aguardem instruções, e me ligue agora com o Secretário de Segurança, pois agiremos em conjunto com o DOPS. – Mas, Senhor! – Não tem nem mais e nem menos! Faça o que eu digo e jamais faça o que eu faço. – Alô, General Lyra. O Secretário de Segurança Dr. Tavares está na linha. Vou passar a ligação. – Alô, como vai, Tavares, tudo bem? E a família, tudo certo? – Tudo, meu superior. Era assim que o Secretário Tavares, homem forte que comandava a unidade regional do DOPS, se dirigia ao General Lyra. – Não precisa me tratar assim, afinal somos amigos ou não? – Com certeza, General! – Exclamou o Secretário. – Tavares, estou precisando de um favor. – O Sr. não pede, manda. O que posso fazer? – Você se lembra daquele episódio ocorrido no Méier, no dia 5 de dezembro, não se lembra? – Sim, é claro! – Pois é! Parece que localizamos o esconderijo deles na Baixada Fluminense. Quero que você organize um grupo com os mais experientes agentes do DOPS que estão à sua disposição para agir em conjunto conosco. Tavares, lembre-se! – De que, Senhor? – Eles não são amadores. Precisamos agir como profissionais e, não preciso nem pedir, mas vale a pena lembrar. – Já sei! – Exclamou o Secretário. Sigilo total. – Exatamente! – Concordou o General. – Mandarei meu ordenança marcar hora e local com você e seus agentes. 12 • Paulo Henri Lopes dos Santos
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– Boa sorte! – Obrigado. Logicamente o Secretário não iria participar da missão diretamente. Ele teve que destacar um dos melhores homens de que dispunha. O delegado Athayde – o delegado mais casca grossa que já esteve a serviço do DOPS. O delegado Athayde era o homem de confiança do Secretário, que era protegido do General Lyra. Parecia ser uma questão de tempo para acabar com Daí e seus amigos. Após tudo combinado entre os militares e os agentes do DOPS, ficou acertado que o dia para a missão seria no dia 01 de janeiro de 1969. Ninguém poderia imaginar uma data melhor, pois contavam com uma distração do grupo. No dia marcado houve cerco ao local. Os dois grupos se colocaram em posição estratégica e, ficou acertado que o delegado Athayde iria à frente com seu grupo. Porém, ao se aproximarem do local ficaram surpresos, pois o local já estava vazio. Daí, Estela e Gus já haviam deixado o local algumas horas antes. – O que você está me falando? – Athayde, o General vai ficar muito puto da vida. – Mas, Doutor! O local já estava vazio quando nós chegamos. – Conseguiram seguir alguma pista? – Não, senhor! Parece que o local nunca fora habitado. – Você tem certeza que era o local? – Sim! Foi uma mulher, a dona Matilde, que mora por perto que nos mostrou onde era casa que eles estavam escondidos. – Ok! Se manda daí. O General me avisou que eles não são amadores.
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