James Blat (Degustação)

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Mari Sales 1ª. Edição 2019


Copyright © Mari Sales Todos os direitos reservados. Criado no Brasil. Edição Digital: Criativa TI Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência. Todos os direitos reservados. São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios — tangível ou intangível — sem o consentimento escrito da autora. Criado no Brasil. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei n°. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.


Dedicatória

Para a poderosa Flaviane Botelho, que faz um lindo trabalho em apoio a Literatura Nacional. Espero que esse presente fique eternizado em seu coração como ficou no meu. James Blat me surpreendeu.


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Sinopse

O dono da JB Notícias estava no auge da sua carreira com a compra da MB News. Certo de que nada poderia atrapalhar o período de transição da união dessas duas empresas, James Blat não imaginou que uma mulher sincera ao extremo poderia cruzar seu caminho na festa de confraternização. Flaviane era uma colaboradora, se envolver emocionalmente não deveria estar em seus planos, por mais que ela houvesse anunciado estar cumprindo aviso prévio. O que deveria ser apenas um momento de desabafo se tornou em uma conexão intensa que marcou ambos. Flaviane escolheu fugir, encerrou o vínculo de uma vez com a MB News apenas para não cruzar com aquele homem que mexeu demais com sua cabeça e coração. Ele fingia não se importar com o que aconteceu, ela manteve distância do seu passado na antiga empresa. No momento que eles ignoraram o sentimento poderoso que os uniram, a vida tratou de criar um vínculo que nunca poderia ser quebrado. Uma frustração profissional, um filho inesperado e familiares com atitudes duvidosas fizeram com que James Blat e Flaviane fossem obrigados a se olharem, porém, reconhecer que aquela noite significou muito mais do que suas consequências poderia ser o início de uma grande batalha.



Capítulo 1 Flaviane

Tentava entender o motivo de ter vindo para a festa de confraternização da empresa que tinha feito meu desligamento há dois dias. Claro, ainda precisava cumprir o aviso prévio, aguentar o meu chefe mal-humorado e o diretor que parecia ter chupado limão todos os dias no café da manhã. Apesar do ambiente de trabalho hostil, eu tinha uma alta tolerância a críticas, por ser a própria senhora sinceridade. Para mim, a verdade tinha que ser dita, mesmo que fosse dolorida.


Mas a negatividade tinha limite. Ser verdadeira também incluía falar as coisas boas e meus superiores, com certeza, não sabiam disso. Não aguentava mais voltar para casa me sentindo pior que a lombriga da bosta do cavalo. Para enfeitar o bolo da crueldade, tive a infelicidade de ver Willis compartilhando informações confidenciais da empresa para outro meio de comunicação. Para quem vivia de imagem e notícia como a MB News, ceder manchetes, principalmente de notícias exclusivas antes delas serem publicadas, era entregar a audiência para o concorrente. Enquanto eu fazia meu papel de jornalista que dava o sangue para conseguir um furo, todo o meu potencial era desperdiçado por Willis e sabe-se mais quem. Márcio, o diretor? Não conhecia todo o alto escalão da MB News, ainda mais agora que ela tinha sido recém fundida com a JB Atualidades. O que iria virar? JMB News? Sentada em um banco fixo no balcão do bar onde acontecia a festa, tomei a quarta dose de tequila e comecei a ver tudo mais colorido do que no início. Mesmo que não fosse open bar, todas as minhas economias iriam para o meu porre do dia e a satisfação de ver meu “querido” chefe Willis me encarando com desdém. — Vai ter que me engolir pelo aviso prévio, querido — falei baixo assim que meu olhar encontrou o azedo e o diretor mal-humorado Márcio. Por pouco tempo ele me encarou, o que me deu satisfação, ele não estava contente comigo ali. Minha demissão tinha sido assinada, mas eu ainda fazia parte do quadro de funcionários, então, eu teria minha noite de glamour no bar mais badalado da


cidade. Três artistas musicais fariam a trilha sonora do local, mas como meu foco jornalístico era a política, eu iria apenas observar tudo. O som sertanejo começou a soar, todos que estavam afastados do palco agora se aproximavam dele para prestigiar a dupla. Por mais que a música fosse boa, meu humor estava péssimo e o álcool estava subindo cada vez mais rápido para a cabeça. Agora sim eu estava sem filtro nenhum. — Uma dose de uísque para mim, por favor. — Um homem elegante, com um blazer cinza, camisa branca sem gravata e calça escura se aproximou de mim e fez o pedido para o garçom que estava vindo entregar mais uma dose. Apesar da música alta, onde estávamos era possível falar com mais tranquilidade. — Olá você — cumprimentei erguendo minha dose, olhando-o da cabeça aos pés pela segunda vez e virando a minha dose de tequila em um gole só. O homem se surpreendeu com minha atitude e confiante, bati o pequeno copo no balcão e sorri. — Você é muito bonito e sorridente para ser da equipe da MB. Com certeza é da JB. — Não estou sorrindo — respondeu sério e tive uma crise de riso bêbada por isso. Será que não tinha entendido onde eu queria chegar? Sua dose chegou, controlei minha histeria e segurei no seu braço para não o deixar me abandonar. Faria dele minha vítima para conversas sem nexo. Em alguns dias não trabalharia mais na empresa, que mal poderia causar?


— Para você perceber o quanto de alegria está faltando em ambas as empresas. — Estendi a mão e ele a segurou em um cumprimento firme. — Uau, que pegada. — Olhei para sua mão e depois para seu rosto, que agora esboçava irritação. — Sou inofensiva, moço. Prazer, Flaviane, mas pode me chamar de Flaví. Entonação maior no i, por favor. — Você está bêbada. — Não é difícil constatar. Estava precisando relaxar. — Virei para olhar a multidão, vi meu chefe me encarando com surpresa e acenei com ousadia. — Esse é meu chefe azedo. — Não gosta de Willis? — questionou interessado e se sentou no banco ao meu lado, o que me fez sorrir. — Acho que o correto a dizer é, ele não gosta de mim. — Chamei o garçom levantando a mão e o homem ao meu lado a abaixou com a dele em cima da minha. Uau, além da pegada forte, era galante. — Ainda não estou bêbada o suficiente. — Nem precisa. Agora me conte sobre seu chefe, Flaviane. — Hum... — Inclinei na sua direção, admirada como meu nome soava em seus lábios e voltei a ficar ereta por quase ter caído em seu colo. — Nossa, eu estou mal mesmo. Chega de tequila para mim, vou me embebedar um pouco mais te vendo tomar uísque. Seu copo foi erguido para mim em um brinde e tomou apenas um gole. Fiz uma careta de deboche, virei para o balcão e admirei as bebidas nas prateleiras enfileiradas a minha frente.


— A consciência pesou ao falar do seu chefe? Você sabe, é antiético — o homem que ainda não se apresentou provocou. — Não mais do que ele faz. — Dei de ombros e senti o peso da razão querendo tomar conta do impulso. Olhei para a multidão e lá estava o azedo me encarando com mais raiva que o normal. Céus, faria tudo para que ele tivesse que me engolir de alguma forma. — O que disse? — questionou se aproximando de mim, virei para ele e coloquei minha mão em concha na boca, como se fosse falar um segredo. — Parece que Willis não está gostando da minha conversa com você e olha, nem sei quem você é. — James. — O nome era familiar, mas nada conseguiria ultrapassar a neblina bêbada que me dominava. — Agora já sabe quem sou, pode falar. Ele está te assediando? — Com certeza se fosse você, eu não iria me incomodar. — Coloquei a mão na boca escondendo meu riso e neguei com a cabeça quando seu olhar pareceu brilhar com algo diferente. — Caramba, não soou legal. Por favor, esqueça o que eu disse, assédio não é bom nem vindo de um homem elegante e bem controlado como parece. — Você está bêbada — constatou bebendo tudo do seu copo e pedindo outra dose. — E você também ficará se continuar no meu ritmo. — Ergui meu braço e ele novamente o colocou para baixo. — Já sentiu o peso da sua mão? — Com


meus dedos, tomei a sua mão e conferi a palma, os dedos a textura. — Isso é uma mão masculina. — Graças à Deus, eu sou homem. — Mais uma dose veio para ele, que tomou em um gole só como eu fiz. Bati palmas e o fiz sorrir. — E tem um bom sorriso. Estamos cinco a dois, vamos, me deixe tomar mais uma dose, James. — Você ainda não me contou sobre seu chefe. — E nem vou falar, porque só estar perto de você já o irrita o suficiente. Para mim, isso basta. Não tenho mais nada a lutar nessa empresa. — Olhei para Willis e agora, Márcio, que estava do seu lado, também me encarava com reprovação. Desviei o olhar e me senti uma merda. — Foda-se os dois, não sou obrigada. — Se não vai aproveitar a festa ou trabalhar, você veio para cá apenas para beber? — James pediu mais uma dose de uísque e apoiei minha cabeça na mão enquanto meu braço se equilibrava pelo cotovelo no balcão. — Passei tanta raiva nessa vida, estava na hora de dar o troco. É apenas uma vingança da paz. Eles não suportam minha presença, nesse momento são obrigados a me ter por perto. — Dei de ombros e James saiu do banco, me fazendo suspirar de tristeza. Ele iria embora, era uma vez um momento de tranquilidade divertida. — Venha comigo.


— O quê? — Olhei para sua mão segurando meu braço e sua aproximação. Apesar de saber da sua beleza e o quanto me atraía, apenas agora senti aquele formigamento no meu baixo ventre. — Pode confiar em mim, iremos para o andar de cima, na área VIP e você poderá aproveitar melhor a festa. Fixei o olhar na nossa conexão, depois subi para encontrar seus olhos e umedeci meus lábios com a língua, por conta dos pensamentos impertinentes que se formavam. Eu não conseguiria controlar minha boca. Por Deus, que não saísse nenhuma ofensa, nem mesmo para mim. — Aproveitar, na atual situação que estou, é tirar a roupa e dançar nua. Por favor, só me deixe de lado e não me leve a sério, posso ser seu pior pesadelo. Controlou o sorriso, até porque, eu já tinha saído do banco e ergui a cabeça para o encarar. O homem era alto, eu deveria ter colocado meu salto alto e não a sapatilha confortável. — Meus pais me ensinaram a tratar com respeito as mulheres, mesmo elas não estando em seu perfeito juízo. E se seu chefe te abordasse? — Ah, pode ter certeza, James, me oferecer a eles seria a última coisa que eu falaria. — Passei a mão na lapela do seu blazer e sorri. — Vou me arrepender amargamente do que estou falando para você, ainda mais se cruzar contigo no corredor da empresa, mas... — Não completei, olhei para seus olhos intenso e preferi omiti que estava cumprindo aviso prévio.


Tão cavalheiro como era, capaz de não acabarmos na cama. Eram apenas alguns dias, eu ficaria sob o radar desse James. Seu perfil era de jornalista de celebridades, nossos caminhos nunca se cruzariam. Estendeu o braço, envolvi o meu no dele e o segui me achando poderosa e elegante. Tudo bem que esse glamour estava maquiado pela bebida e tão necessitada de conforto que eu estava, iria na sessão VIP e deixaria tudo o que estava guardado sair de mim, sem reservas.


Capítulo 2 James Blat

Fui vencido pela curiosidade. Imprudente e antiprofissional, levei Flaviane para a área VIP com a intenção de conseguir mais informações sobre os funcionários da MB News, principalmente Willis, meu amigo de infância. Não estava desconfiando ou em dúvida sobre o profissionalismo do gerente geral dos jornalistas da empresa que comprei, era apenas... zelo em excesso.


O interesse sexual estava abafado, mas existia e queria sair por conta da ousadia da mulher. Colada em mim, o toque de mãos que trocamos no bar causou um rebuliço estranho no meu estômago. O álcool que tomei não era suficiente para me deixar embriagado e fazer perder o juízo, a questão era, o quanto poderia dar um passo errado me envolvendo com uma subordinada? Assim que chegamos na área reservada, ela se soltou de mim, foi para a grade e admirou o show da posição privilegiada. Pedi uma água para ela e outra dose de uísque para mim, a coragem líquida iria me ajudar a conversar e falar mais do que gostava. Por ser dono da JB Notícias, uma empresa que compartilhava a vida de todos e sobre o mundo, aprendi a me resguardar. Desde a minha imagem até a vida que levava, conseguia me manter por baixo dos panos ao ser o sócio oculto enquanto João Paulo Figueiredo fazia a frente, era a cara do império e amigo do meu pai. Era claro que a funcionária de Willis não tinha noção de quem eu era, mas pela forma que me vestia e a trouxe para cá, provavelmente entendia que tinha muito dinheiro e fazia parte do alto escalão da empresa. — Vem aqui! — Flaviane gritou me chamando. Esperei o garçom me servir e depois aproximei da afoita mulher que pretendia me mostrar algo. Lá estava Willis, encarando-nos confuso e precisei sorrir, porque isso era algo que o irritava profundamente. Ele nunca sabia o que pretendia fazer e não contava, apenas apresentava o resultado para ser publicado, seja uma matéria ou um projeto jornalístico.


Não revelar minhas intenções estava enraizado demais nas minhas atitudes. Depois que meus pais se separaram, quando estava prestes a entrar na faculdade de administração, eu me fechei, não soube lidar com a situação, ainda mais quando ambos me usavam para desabafar sobre as insatisfações conjugais. Descobri que o silêncio era a melhor opção e acabei trazendo essa característica para a vida profissional. Claro que refletiu nas minhas relações pessoais, amizades e mulheres. Até tentava me relacionar por mais de uma semana com elas, mas as cobranças, querer saber sobre mim e minha família, me fazia recuar e encerrar o que mal tinha começado. Por outro lado, para o sexo sem compromisso, eu tinha doutorado. — Você ainda não me disse o motivo de querer provocar seu chefe — falei sério, entreguei-lhe a água e ela revirou os olhos enquanto ficava de costas para a grade. — É a minha vez de estar por cima. — Piscou o olho e tomou um gole da garrafa que lhe entreguei. — Prefiro a tequila. — Você precisa se hidratar. — Ela tirou minha bebida da mão e junto com a dela, colocou em cima da mesa próximo a um sofá. Voltou apressada, colocou uma mão no meu ombro e outra apertou meus dedos, me fazendo retesar. Ela queria dançar?


— Vamos, James, remexe um pouco comigo. — Tentou me conduzir e aproximou sua boca do meu ouvido. — Aproveite que estou fácil, em outro momento, eu chutaria suas bolas com minha sinceridade sem filtro. Respirei fundo antes de seguir seu ritmo aos poucos e quando ganhei confiança, conduzi a dança no automático. Quando ela me provocava ou mesmo dizia palavras que a depreciava, algo dentro de mim se retorcia. Não sabia explicar o motivo, o pensamento machista conduzia para “aproveite o momento”, mas existia uma determinação em querer fazer o certo, que seria levá-la para casa em segurança. No caso, precisaria conseguir algumas informações antes, para saciar minha curiosidade. A dupla que tocava para o público estava fazendo vários covers e não parei de dançar enquanto ela não mostrou cansaço. Empurrava-a para frente, trazia para mim e a embalava para continuar dançando sertanejo enquanto meus olhos fixavam no dela. Nem parecia embriagada, estava pouco a pouco me sentindo atraído por ela e esquecendo o principal objetivo. Apesar dela não querer falar, estava fácil arrancar se eu tivesse paciência, diferente de mim, que nada sairia da minha boca se eu não quisesse. Final de Semana, de João Bosco e Vinícius começou a tocar, ela mordeu o lábio e se aproximou de mim o suficiente para fazer a mesma coisa que a letra da música dizia: “Só depois daquele beijo despertou o meu desejo Fiquei todo arrepiado com o seu beijo roubado Se fazendo de difícil, quer ficar sem compromisso


Com essa cara deslavada, finge estar apaixonada” Surpreendeu-me quando seus lábios tocaram os meus com inocência. Ela não tinha intenção de aprofundar, mas eu fiz, ainda mais quando ela parou de dançar para abraçar meu pescoço e se entregar. “Amor, me dá um beijo, Vem matar essa vontade, vem dormir na minha cama Eu posso te fazer feliz por toda a vida E mais um final de semana” Minhas mãos apertaram sua cintura, foram para seus quadris e depois para as costas enquanto o pouco do uísque que tomei se misturava com a tequila nítida na sua língua. Ela estava ávida, mostrou ousadia quando se esfregou em mim fingindo acompanhar a música, mas a verdade eu sabia, ela me queria. Ainda bem que meu juízo ainda estava no controle, consegui interromper nosso ato íntimo sentindo a decepção de me afastar dela. Como era possível sentir atração por alguém que conheci em apenas alguns minutos, não mais que uma hora? Com um sorriso satisfeito, deu passos para trás, foi até onde estava as nossas bebidas e tomou meu copo ao invés da água. — Se é para colocar o pé na jaca, que seja em grande estilo. — Ela se sentou no sofá e bateu ao seu lado me convidando, mas neguei com a cabeça e dei passos até a grade, na esperança que ninguém tivesse visto a merda antiética que tinha feito.


Não havia ninguém olhando para cima e ao nosso redor só existia os garçons, que precisariam ser devidamente recompensados no final, para não valorizar a situação além do necessário. Enquanto ela não parecia incomodada com minha frieza, fui até o bar pegar minha dose de uísque e tomei em um gole só quando voltei para próximo dela, que dançava sentada. Optei pela cadeira próxima ao seu sofá para estar e surpreendendo como sempre, se levantou e se sentou no meu colo. Porra, como lidar com essa mulher imprudente? — Estou me sentindo o homem da relação aqui, James. Como preciso agir para te fazer feliz por toda a vida e mais um final de semana? — usou a música que a impulsionou para me beijar e senti minha masculinidade cutucada. Não precisava provar nada a ninguém, principalmente para ela, mas as ações foram mais fortes do que a razão. Apertei seu quadril, próximo a bunda e percebi seu vestido, que ia até debaixo do joelho, se levantar e revelar suas coxas. Inspirei profundamente, seu corpo se mostrou receptivo e até empinou os seios em minha direção. — Por que está se oferecendo, Flaviane? — perguntei com receio de ofender. Minha curiosidade havia mudado do profissional para o pessoal. — Gostei de você, James, apesar da sua falta de atitude, comprovei que sua pegada é boa. — Envolveu seus braços no meu pescoço e me encarou ficando séria. — Estou cansada de não ser o suficiente, de fazer o meu melhor e ser humilhada e de lutar para fazer o certo e as pessoas ao meu redor buscar a corrupção. Lido com notícias de economia e política, estou exausta de ler mentiras e fingir pudor. Se você não me quiser, entenderei, nem eu planejava ter


um caso com um colega de trabalho. Estou há mais de quatro anos na MB, dando o meu melhor e sendo respeitosa com quem não deveria, está na hora de fazer algo para retribuir o carinho que me dão. — Não me passou despercebido o tom irônico na palavra carinho. — Você está bêbada e não vou me aproveitar da situação. — Se te dá segurança, peça mais doses de uísque ou vamos para outro lugar, onde poderemos ficar bêbados juntos e não precisar dizer quem está se aproveitando da situação. Não vou aparecer na sua sala e exigir um relacionamento, é apenas hoje, James. Nem sei que setor você trabalha, sou boa em fingir que não conheço as pessoas. — Ela riu e escondeu o rosto no meu pescoço, me fazendo arrepiar, o que acertou em cheio meu membro. — Mentira, eu serei super sincera, sou uma merda em esconder meus sentimentos. Mas não se preocupe, você não cruzará comigo, vivo dentro de uma sala e só saio para tomar meu chá. — Você é maluca, Flaviane — confessei com o olhar surpreso. O que será que aconteceu com ela para agir de forma tão imprudente? — Não faremos mais do que está acontecendo aqui. — Isso é o que iremos ver, James. O que eu quero, mesmo bêbada, consigo — desafiou-me saindo do meu colo, indo até a grade e dançando de forma sensual enquanto outras músicas tocavam. A música migrou para o pop/rock dançante das boates. Precisei de mais duas doses de uísque para assisti-la provocadora dançando, erguendo o vestido e se insinuando.


Quando parecia duro demais dentro da calça, me levantei determinado e esquecendo qualquer bom senso ou ética. Ela conseguiu o que queria, nós iríamos foder, aqui ou na sua casa, eu precisava sentir o que minha mente estava elaborando. Por que tinha bebido mais essas doses? Ela veio dançando em minha direção e no meio do caminho nos encontramos ao som de Don’t Call Me Angel, por Adriana Grande, Milley Cyrus e Lana Del Rey. Ela mexia a boca cantando a música e me provocando com a letra. “Não sou de nenhum céu Sim, você me ouviu bem (sim, você me ouviu) Mesmo que você saiba que nós voamos (mesmo que saiba que nós) Não me chame de anjo Não me chame de anjo quando eu sou uma bagunça Não me chame de anjo quando eu tirar a roupa Você sabe que eu não gosto disso, garoto” — Eu sou um homem, Flaviane. — Que bom. Novamente foi ela quem deu o passo para nos beijar, dessa vez, cheio de desejo e impulso sexual. Minha mão foi para a barra do seu vestido enquanto suas mãos exploraram dentro do meu blazer, meu peitoral e descendo até minha calça.


Precisei parar o que estávamos fazendo, olhei em seus olhos e decidi. Nós iríamos para outro lugar terminar o que começamos.


Capítulo 3 Flaviane

— Onde nós vamos? — perguntei quando James pegou na minha mão e nos conduziu para fora da área VIP. — Um lugar mais reservado — falou baixo quando chegamos ao térreo e sem que eu pudesse olhar para as pessoas que estavam nela, me levou para a saída.


— Podemos ir à sua casa — ofereci abusada. Ele parecia ter muito mais condição financeira, ou seja, no outro dia alguém, que não fosse eu, limparia a bagunça. — Prefiro que seja um motel. — Apressou os passos quando chegamos na calçada em direção ao estacionamento. — E ter que conversar pós foda até me levar em casa? Ou pior, me deixar para pagar o táxi? — Ele me olhou de lado e não disse nada. Eu não tinha intenção de fazer a caminhada da vergonha depois de uma noite de prazer, seja ela boa ou ruim. James parou em frente a um carro de luxo e abriu a porta para mim. Deveria ter percebido que sua condição financeira estava muito além do que imaginava, mas a névoa da luxúria misturada com a embriagues me tornou ousada, além do normal. — Que seja a minha casa. Tenho meia garrafa de tequila para encerrarmos a noite. — Iremos para sua casa, mas não tomaremos mais álcool — decretou ligando o carro e minha mão foi para sua coxa, próximo da virilha. — Ah, você precisa estar no mesmo nível que eu, bonitão. Minha casa, minhas regras. — Senti seu pau por cima da calça e o vi retesar assustado. — Você precisa de um pouco mais de atitude, porque sua pegada é perfeita. — Porra — resmungou colocando a mão em cima da minha e esfregando contra a sua calça. Sorri com diversão e tesão, já que pouco a pouco


o sentia endurecer. — Vai falar o endereço da sua casa ou terei que parar no meio da rua para te comer? — Só queria te animar um pouco, está todo duro. — Dei uma risadinha por conta do duplo sentido, tirei minha mão dele e liguei o som enquanto lhe indicava o caminho. Morava em um bairro afastado. A casa alugada no meio da quadra era simples e confortável, conquistada com meu trabalho desde o estágio mal remunerado na época da faculdade. Não me dava bem com os vizinhos e por ficar apenas o final de semana nela, para mim, não importava quem estava ao redor. GUY, por Lady Gaga começou a tocar e claro, não poderia me segurar. Cantei e dancei, fazendo insinuações para o homem que dirigia e forçava a postura séria. Ele parecia uma fortaleza com grades e cerca elétrica, para atravessar seus muros seria necessário um canhão. Não estávamos nesse nível de relacionamento. Era coisa de momento, a química e muito álcool envolvido. Apesar de ter relutado, saí do carro quando parou em frente de casa e abri o portão para que guardasse na garagem. Não confiava nos vizinhos, ou seja, o bairro inteiro fazia parte da minha desconfiança. Logo que fechei o portão, aproximei-me dele e fiquei na ponta dos pés para lhe dar um beijo na boca, que foi muito bem recebido com suas mãos na minha cintura, apertando com posse e desejo. Inclinei a cabeça para aprofundar, conquistar um pouco mais do seu sabor e foi sua vez de ser ousado, apertando minha bunda e pressionando nossos quadris.


— Quer começar por aqui? — questionou com rouquidão e ri baixo, puxando-o para a porta de entrada. — Não, vou te embebedar primeiro. Abri com tranquilidade e joguei meus pertences em cima da mesa enquanto ele tirava seu blazer com cuidado. Fui para a cozinha, peguei a garrafa de tequila pela metade, dois copos pequenos e voltei para sala, onde ele parecia observar tudo com muita atenção. — Sua família? — perguntou apontando para uma foto onde meus pais, minha irmã e eu estávamos, tendo de fundo a casa onde cresci, a chácara que eles pareciam nenhum pouco dispostos a deixar. Diferente deles, eu e Cristiane queríamos ganhar o mundo, o mato não fazia parte da nossa ambição. — Sim, para você ver o quanto precisei caminhar para chegar até aqui. — Servi-nos uma dose e fiz uma careta. — Nossa, falando dessa forma até pareço ingrata. Amo minha família, só não concordo muito com o jeito antiquado que me criaram. — Quando saiu da casa dos seus pais? — Ele tomou a dose em um gole e antes que pudesse tomar a minha, ele a roubou e também a ingeriu. — Hei, dessa forma você ficará mais bêbado que eu. — Empurrei-o para sentar-se no sofá, deixei os copos no raque da televisão e tirei meu vestido sem nenhuma vergonha, levando apenas a garrafa enquanto me acomodava no seu colo escarranchada. Ah, esse brilho no olhar de James já estava virando uma constante quando eu tomava a iniciativa.


— Aproveite, bonitão, é apenas por essa noite. — Certo. Você falou que não iria invadir minha sala e exigir um relacionamento. — Rebolei no seu colo e o senti ficar duro novamente. — Você tem uma boa memória. — Tomei um gole da tequila e ele a tirou da minha boca, ingeriu alguns goles e a colocou longe de nós, no chão. — Tome cuidado, porque a bagunça, quem limpa no final, sou eu. Sua língua encontrou o vão dos meus seios cobertos por um sutiã básico e me arrepiei. Pelo visto, ele era homem da ação, ainda mais quando o provocado. Dando beijos medidos, provocou meu colo enquanto eu me esfregava em seu quadril. Cada momento que passava, sentia seu pênis ficar ereto e esfregar a parte certa da minha anatomia, meu clitóris. Minha lingerie não combinava e não era sensual. A última coisa que pensava era ter companhia para a noite, ainda mais por estar há mais de seis meses sem nem mesmo beijar alguém. Sempre cansada e maltratada emocionalmente, a última coisa que eu precisava era de alguém ajudando a colocar um prego no meu caixão.


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